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VIII Congresso Brasileiro de Administração e Contabilidade - AdCont 2017
19 a 21 de outubro de 2017 - Rio de Janeiro, RJ
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As Obras de Josué de Castro à Luz das Teorias Pós-Coloniais
Rosana Oliveira da Silva – Mestranda em Administração
PPGA Unigranrio
rooliveira35@outlook.com
Robson Gomes André – Mestrando em Administração
PPGA Unigranrio
robsongandre44@gmail.com
Sergio Eduardo de Pinho Velho Wanderley – Doutor em Administração
PPGA Unigranrio
sergio.wanderley@unigranrio.edu.br
Resumo
Josué de Castro foi considerado alguém a frente do seu tempo, e ficou conhecido por travar
uma luta constante no combate à fome, o que o fez ser associado a um tema como nenhum autor
foi outrora. Mas, não é possível limitá-lo ao tema, pois suas várias formações e conhecimentos
permitiram que ele fosse além de uma só temática. Para ele, a fome tinha um motivo histórico,
o processo catastrófico de desenvolvimento. Neste aspecto, o autor denuncia que muitos dos
problemas do subdesenvolvimento, consequentemente, da fome, giram em torno dos problemas
do colonialismo. Essa visão pode aproximar o autor dos discursos dos teóricos pós-coloniais,
que acreditam que o colonialismo deixou sequelas que persistem em razão da colonialidade de
poder. Este artigo parte do princípio que as obras de Josué de Castro merecem destaque na área
de administração, pela relevância de suas ideias e pelas possíveis conexões com as teorias
organizacionais. Neste sentido, este artigo é uma pesquisa exploratória que através de uma
pesquisa bibliográfica teve como objetivo identificar nas obras de Josué de Castro, Geografia
da Fome (1946), O Livro Negro da Fome (1957) e A Estratégia do Desenvolvimento (1971),
elementos que vão ao encontro das teorias pós-coloniais, desta forma trazer o autor para o
campo de administração, especificamente para os estudos organizacionais. A análise utilizada
para manipulação dos dados foi a análise discurso. Os resultados encontrados demonstram
aproximação com as teorias pós-coloniais, portanto, há elementos que sugerem que Josué de
Castro vai ao encontro dessas teorias.
Palavras-chaves: Josué de Castro; Teorias Organizacionais; Pós-Colonialismo;
Descolonialidade.
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1 Introdução
O Médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político e escritor Josué de
Castro era um visionário, ou um “clarividente” como profere Milton Santos no documentário
Josué de Castro – Cidadão do Mundo de 1994 (YOUTUBE, 2012). Isto porque muito antes de
ocupar o cenário mundial, ele falava de possíveis problemas relacionados, por exemplo, ao
meio-ambiente e ao aumento da população urbana oriunda do campo (SARAIVA et al., 2003;
BIZZO, 2008; CASTRO, 2012; MELO, 2012), tudo que foi presenciado posteriormente e
intensificado na atualidade. A maior preocupação de Josué de Castro era a fome e isso se refletia
em muitas das suas obras, como na primeira, Geografia da Fome, que foi traduzida em vinte
cinco idiomas (BARRETOS, 2008), o que prova tamanho sucesso de seu escrito.
Ele é ligado ao tema fome como nenhum outro autor é ligado a nenhum outro tema, e o
combate à fome foi uma bandeira defendida por ele (MELO, 2010). Para ele, a fome tinha um
motivo histórico, o processo catastrófico de desenvolvimento, onde poucos ficaram com muito
e muitos ficaram com pouco (CASTRO, 1966; CASTRO, 1971; CASTRO, 1984). Dessa forma,
o desenvolvimento é pensado de uma maneira que países subdesenvolvidos fiquem cada vez
mais pobres para que outros possam conseguir ficar cada vez mais ricos. Neste aspecto,
demonstra que a fome tem razões políticas e econômicas, e que não pode ser justificada pelo
crescimento da população. A fome para ele “é causa e não efeito da superpopulação”
(CASTRO, 1966, p. 27). Assim, o autor denuncia que muitos problemas do
subdesenvolvimento, consequentemente, da fome, giram em torno dos problemas da
colonização. Essa visão pode aproximar o autor dos discursos dos teóricos pós-coloniais, uma
vez que esses autores destacam que o colonialismo deixou sequelas, que persistem em razão da
colonialidade de poder (BALLESTRINI, 2013; QUIJANO, 2000; MIGNOLO, 2003).
Josué de Castro interpreta o Brasil com os seus olhos e traz a verdadeira realidade do
país: o país da fome, assim como tantas outras realidades: as desigualdades, o descaso com os
operários, o êxodo rural (CASTRO, 2012; MELO, 2012). Portanto, apesar do destaque para o
tema fome, não é possível limitá-lo a ele, pois suas várias formações e conhecimento permitiram
que ele fosse além de uma só temática, e percorresse um caminho interdisciplinar
(MENDONÇA, 2010), que também merece atenção dentro do campo de administração. Outras
pesquisas já trilharam esse caminho de aproximar o autor à área de administração, mesmo que
esse propósito não estivesse explícito, como os textos produzidos no livro O Brasil em
Evidência: A Utopia do Desenvolvimento, produto do evento organizado pela Escola Brasileira
de Administração Pública e de Empresas, que tinha como objetivo “repensar o Brasil a partir
dos cientistas do século passado, suas interrogações e propostas” (CASTRO, 2012, p. 20).
Castro (2012) lembra das referências do autor no que tange a globalização, temas relacionados
ao trabalho e a desigualdade social, assuntos esses que podem ser tratados no campo de
administração. Melo (2012) também traz vários elementos sobre sua atuação no campo do
trabalho. Os artigos de Rigo e Oliveira (2007), Leitão et al. (2011) e Souza e Silva Filho (2014),
também caminharam neste sentido, ao estudar desenvolvimento local levando em consideração
Josué de Castro. Saraiva et al. (2003) lembrou sua contribuição para o tema desenvolvimento
sustentável. Por outro lado, Mendonça (2010) destaca a contribuição interdisciplinar do autor,
deixando claro que ele pode ter muito a fornecer para várias áreas. Assim, este artigo também
considera que Josué de Castro pode ter muito a oferecer para o campo de administração,
sobretudo à luz das teorias pós-coloniais. O debate sobre o pós-colonialismo se encontra dentro
dos estudos organizacionais.
Embora o debate sobre subalternidade e pós-colonialismo seja relativamente novo nos
estudos organizacionais, dentro e fora do Brasil, a revisão da literatura na área mostra
que, mesmo fora do contexto da démarche pós-colonial, muitos trabalhos produzidos
sobre administração e organizações no Brasil levaram em conta as mesmas
preocupações dos autores pós-coloniais. (ROSA e ALCADIPANI, 2013, p. 186)
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Muitos outros trabalhos foram feitos sobre Josué de Castro (e.g. MELO FILHO, 2003;
CARNEIRO 2006; BARRETO, 2008; BIZZO, 2008; CARDOSO, 2008; MELO 2010;
SERÁFICO, 2012; SANTOS, 2015), mas não foi possível encontrar nenhum que buscasse
aproximá-lo dos teóricos pós-coloniais. Entretanto, suas ideias podem ser utilizadas como
forma de contribuição para esses teóricos. É importante ressaltar que não foi encontrado
nenhuma referência ao autor nos artigos que tratam sobre essas teorias, e que pontuam os
autores que contribuíram com a mesma (e.g. QUIJANO, 2000; IBARRA-COLADO, 2006;
BALLESTRINI, 2013; MIGNOLO, 2003, 2007 e 2010). Neste sentido, este artigo é uma
pesquisa exploratória que através de uma pesquisa bibliográfica tem como objetivo identificar
nas obras de Josué de Castro elementos que vão ao encontro das teorias pós-coloniais, dessa
forma trilhar o caminho de aproximar o autor com a área de administração, especificamente nos
estudos organizacionais. Como fonte de dados serão utilizadas as obras Geografia da Fome
(1946), O Livro Negro da Fome (1957) e A Estratégia do Desenvolvimento (1971) e outros
trabalhos sobre o autor que possam ajudar na análise desses dados. Estas obras foram escolhidas
porque uma leitura inicial apontou para uma possível aproximação com os teóricos pós-
coloniais. O fato de terem sido escritas em décadas diferentes também foi considerado, pois
caso a aproximação exista pode sinalizar que não é algo isolado em um único escrito, mas algo
que pode ter sido perseguido de certa forma pelo autor. A análise utilizada para tratamento dos
dados será a análise de discurso, que segundo Orlandi (2009) pode analisar o que foi dito e
aquilo que não foi dito, sobretudo não desconsiderando o contexto de sua origem.
O artigo foi dividido em cinco seções, incluindo a introdução e as considerações finais.
Na segunda seção, consta o referencial teórico composto por informações sobre o autor (uma
breve biografia, ideias, denúncias e contribuições) e as teorias pós-coloniais e o questionamento
ao colonialismo continuado, para ajudar na compreensão do fenômeno estudado. Na terceira
seção, foram descritos os procedimentos metodológicos, explicando como foi realizada a
pesquisa. Na quarta seção, encontra-se a análise e discussão dos resultados alcançados, após
analisadas as obras do autor.
2 Referencial Teórico
2.1 Uma Breve Biografia de Josué de Castro
Josué Apolônio de Castro, ou só Josué de Castro, já que o autor não gostava de utilizar
o seu segundo nome (MELO, 2010), nasceu em 05 de setembro de 1908, em Recife e cresceu
bem próximo aos mangues que existiam em sua cidade, Mocambos, que era ocupada por
retirantes e caranguejos (Projeto Memória, 2004; Portal Câmara, 2007). Josué de Castro, a partir
de agora só Josué, formou-se em medicina pela Universidade do Brasil em 1929, que hoje se
chama Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Portal Projeto Memória, 2004). Ele
trabalhou como médico numa clínica em Recife e em uma grande fábrica. Foi na fábrica que se
deu conta que a fome não era um problema só da região de Recife ou do Brasil, era um problema
mundial, portanto, o seu conhecimento de medicina não seria o suficiente para tratar do
fenômeno da fome (Portal Projeto Memória, 2004; MELO, 2012). Isto porque ele mencionou
aos responsáveis da fábrica que o motivo dos operários serem lentos nas atividades era a fome,
e sua análise lhe rendeu a demissão (MELO, 2012).
Todavia, a partir daquele momento buscou contribuir para a causa de uma forma mais
eloquente, e suas obras e experiências, sobretudo na política, possibilitaram que levasse o tema
para o cenário mundial. Josué fez livre-docência em Fisiologia na Faculdade de Medicina do
Recife, em 1932, após ter sido aprovado em concurso, e na mesma época foi contratado para a
chefia do Serviço de Saúde da Polícia Militar (Portal Câmara, 2007; Portal UFPE, 2008). Foi
casado e teve ao longo de sua vida, três filhos (Portal Projeto Memória, 2004). Josué também
recebeu várias honrarias, e entre elas o Prêmio Internacional da Paz e o Prêmio Roosevelt
(CASTRO, 2012). Apesar de ter indicações para o Prêmio Nobel da Paz, não chegou a receber
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tal prêmio (CASTRO, 2012). A Figura 1 apresenta de uma maneira cronológica, parte da vida
de Josué.
Figura 1. Cronologia de Parte da Vida de Josué
Ano Atividade
1933 Promoveu o primeiro inquérito sobre a vida operária.
1938 Estagiou em Roma, e ministrou cursos em Roma, Nápoles e Gênova.
1940 Foi responsável por coordenar o primeiro curso de especialização em nutrição da Universidade
do Brasil (atualmente UFRJ).
1942 Foi eleito Presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição e criou o Serviço de Alimentação da
Previdência Social (SAPS). Permaneceu no cargo até 1944.
1946 e 1951 Publicou os livros Geografia da Fome e Geopolítica da Fome, obras traduzidas em 25 idiomas.
1952 Foi eleito Presidente do Conselho Executivo da FAO – Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação. Permaneceu no cargo até 1956 por ter sido reeleito no cargo. Desde
1947 era membro do Comitê Consultivo Permanente.
1955-1963 Exerceu o mandato de Deputado Federal por Pernambuco, pelo PTB (2 mandatos).
1957 Foi Presidente da Associação Mundial contra a Fome (ASCOM).
1962 Foi designado Embaixador-chefe da delegação do Brasil junto à ONU em Genebra, por esta
razão renunciou ao cargo de deputado federal.
1964 O golpe militar retirou seus direitos políticos e exilou-se em Paris.
1965-1973 Fundou e dirigiu o Centro Internacional para o Desenvolvimento (a partir de 1965), foi
designado professor estrangeiro associado ao Centro Universitário Experimental de Vincennes
(Universidade de Paris VIII) (a partir de 1968). Presidiu a Associação Médica Internacional
para o Estudo das Condições de Vida e Saúde (a partir de 1970).
1973 Faleceu em Paris em 24 de setembro, antes de receber o passaporte para voltar ao Brasil. Foi
enterrado no cemitério São João Batista do Rio de Janeiro.
Fonte: Castro (2012); Barretos (2008); Portal Projeto Memória (2004); Portal Intérpretes do Brasil.
A obra do autor mais conhecida é Geografia da Fome, cuja primeira edição foi publicada
em 1946. Tal obra lhe rendeu o prêmio José Veríssimo da Academia Brasileira de Letras, e é
uma das obras que será analisada nesta pesquisa. Além dessa obra, o autor escreveu mais vinte
nove obras, muitas delas relacionadas ao contexto social do pais (Portal Intérpretes do Brasil).
2.2 Ideais, Denúncias e Contribuições de Josué
O livro Geografia da Fome traz a realidade da fome no Brasil, um assunto de certa forma
tabu à época, haja vista ser uma realidade desconhecida (CASTRO, 1984). O autor trouxe nesse
livro o mapa da fome, dividindo o país em cinco partes, com identificação de cada problema
que a região possuía (carência de proteína, de cálcio, de vitaminas, dentre outras identificações),
mas não se restringiu a apontar os problemas, também apontou soluções (CASTRO, 1984).
Josué se sensibilizou com o tema fome durante sua infância, uma vez que morava perto dos
mangues e tinha a possibilidade de ver a realidade de miséria de uma maneira bem próxima
(MELO, 2012). No entanto, no livro Geopolítica da Fome, publicado em 1951, o autor denuncia
o problema da fome no cenário mundial (CARNEIRO, 2006). Tais estudos abriram portas para
que ele participasse de órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU),
em 1955, como foi apresentado na Figura 1.
Josué não restringia-se a falar sobre a fome, por isso, pode-se dizer que várias foram as
ideias, denúncias e contribuições do autor. Portanto, na Figura 2 elas foram elencadas, após
terem sido consultadas através de trabalhos de autores que se dedicaram a falar sobre Josué.
Figura 2. Ideias, Denúncias e Contribuições de Josué
1. Defendeu o ensino e a pesquisa como elementos de institucionalização científica.
2. Entendeu que o problema da fome era fruto das ações dos homens.
3. Contribuiu para a institucionalização científica e política da nutrição no país.
4. Atentou que a forma de se pensar o desenvolvimento a partir dos países ricos ocidentais, não era a forma
correta.
5. Destacou que a fome é culpa das estruturas políticas e econômicas historicamente constituídas.
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6. Defendeu a igualdade econômica e social.
7. Buscou traçar diretrizes para o desenvolvimento econômico do Brasil.
8. Constatou que haveria mudança radical quanto à fixação de populações de áreas rurais para urbanas.
9. Colocou o debate sobre a fome no cenário mundial.
10. Contribuiu para projetos como o Fome Zero, Bolsa Família e Restaurantes Populares, uma vez que seus
estudos foram utilizados.
11. Levantou a questão dos operários: o que era considerado preguiça era simplesmente “fome”.
12. Foi precursor na defesa do salário mínimo, o que foi tornado realidade.
13. Trouxe um olhar para o ser humano, destacando a necessidade de se desenvolver o homem.
14. Ajudou a formular a política da merenda escolar.
15. Sinalizou para a necessidade da reforma agrária e combate ao latifúndio.
16. Abordou sobre o problema da destruição do meio ambiente.
17. Ressaltou que o êxodo rural aumenta a favelização, a violência e a miséria nos centros urbanos.
18. Sinalizou que a paz não será possível com um mundo dividido entre a abundância e a miséria, o luxo e a
pobreza, o desperdício e a fome.
19. Defendeu que os preconceitos de classe, raça e nacionalidades fossem derrubados.
20. Denunciou o imperialismo norte-americano.
21. Identificou a inexistência do povo como entidade política. Fonte: Desenvolvido pelos autores a partir de Castro (2012); Melo (2012); Saraiva et al. (2003); Bizzo (2008).
Algumas denúncias do autor, como por exemplo, o imperalismo norte-americano, a
forma de se pensar o desenvolvimento a partir dos países ricos ocidentais e que a fome é culpa
das estruturas políticas e econômicas historicamente constituídas e consequência do modelo de
desenvolvimento escolhido, sugerem sua aproximação com as teorias pós-coloniais.
2.3 As Teorias Pós-Coloniais e o Questionamento ao Colonialismo Continuado
A teoria pós-colonial ou o pós-colonialismo, atualmente, caracteriza-se pelos esforços
que são dispendidos na tentativa de romper com uma lógica colonial que é baseada no que é
construído e vindo da Europa e dos Estados Unidos (ROSA e ALCADIPANI, 2013). Segundo
esses autores, o projeto desses teóricos foi desenvolvido em 1980, utilizando-se como base os
trabalhos de autores palestinos e indianos, que também tinham os mesmos anseios dos autores
brasileiros: “refletir sobre a herança do colonialismo nas sociedades periféricas”, objetivo
principal da teoria pós-colonial, e “deslocar o locus de enunciação do centro para as margens
do discurso, modificando a origem do olhar”, outro objetivo (ROSA e ALCADIPANI, 2013, p.
188).
Todavia, três autores são colocados como precursores sobre o tema colonialismo, Franz
Fanon, Aimé Césaire e Albert Memmi, que trataram mais ou menos na mesma época sobre o
tema (BALLESTRIN, 2013; ROSA e ALCADIPANI, 2013). Os dois primeiros eram negros e
o terceiro de origem judaica, o que dava mais sentido aos seus discursos, tendo em vista fazerem
parte de grupos historicamente castigados e oprimidos, ‘os colonizados sem voz’
(BALLESTRIN, 2013). Os trabalhos desses autores eram feitos com base em denúncias das
ações dos colonizadores, que ainda persistiam na tentativa de impor suas visões, pensamentos
e lógicas à determinadas regiões. Assim, tratavam sobre a libertação e emancipação dos
colonizados para que pudessem ter suas verdadeiras identidades (negros e mestiços), e a
emancipação dos países colonizados (e para isto usar a violência seria o caminho – nesse
aspecto Fanon baseia-se na guerra da Argélia) (BALLESTRINI, 2013; ROSA e ALCADIPANI,
2013). Os três autores, Fanon, Aimé Césaire e Albert Memmi, realizaram esses trabalhos a
partir da metade do século XX, antes do movimento de 1980, e segundo Ballestrin, os livros
publicados por eles são considerados seminais: “Retrato do Colonizado Precedido de Retrato
do Colonizador (1947) de Memmi, Discurso sobre o colonialismo (1950) de Césaire e Os
Condenados da Terra (1961) de Fanon” (2013, p. 91).
No entanto, para Rosa e Alcadipani (2013), juntamente com Fanon, Guerreiro Ramos
também deve ser reconhecido, pois ambos na mesma época trabalharam no sentido de propor a
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descolonização, com críticas voltadas às questões raciais e nacionais, e tinham como desafio
pensar em uma forma do colonizado conseguir ter voz e poder questionar o discurso colonial,
com a finalidade de prevalecer suas análises. Para os autores, esse ‘esforço’ de trazer o
colonizado para o discurso, é a origem da teoria pós-colonial, a partir daí outros autores que
viviam em locais à margem, também fora dos discursos, seguiram este caminho, pois se deram
conta que também eram colonizados, como o palestino Edward Said e os indianos Homi Bhabha
e Gayatri Spivak. Foram esses autores que ganharam projeção na década de 1980, dando
enfoque ao “discurso colonial” e ao “sujeito colonial” (ROSA e ALCADIPANI, 2013, p. 191).
Contudo, segundo Ballestrin (2013), esse grupo denominado “Grupo de Estudos Subalternos”
foi formado desde 1970, tendo o indiano Ranajit Guha como líder, mas reconhece que sua
projeção fora da Índia ocorreu somente na década de 1980. A autora argumenta que Spivak
trouxe alguns questionamentos com relação aos estudos, por não darem a voz para os
‘subalternos’, bem como o fato de intelectuais falarem por eles.
Ballestrin ressalta que a expressão pós-colonialismo pode ser entendida de duas formas,
ou dividida em dois momentos. Uma relacionada ao tempo posterior aos processos de
descolonização do terceiro mundo, ocorridos a partir da metade do século XX, que tem conexão
com o interesse de “independência, libertação e emancipação” das localidades, as quais as
sociedades ainda eram colonizadas de várias formas, o que pode ser denominado como um novo
colonialismo, ou neocolonialismo (continente asiático e africano) (2013, p. 90). A outra faz
referência a “um conjunto de contribuições teóricas oriundas principalmente dos estudos
literários e culturais, que a partir dos anos 1980 ganharam evidências em algumas universidades
dos Estados Unidos e da Inglaterra” (2013, p. 90).
Outro grupo, que tem como foco o questionamento que também permeiam o
colonialismo continuado, foi criado nos Estados Unidos, na década de 1990, o Grupo Latino-
Americano dos Estudos Subalternos, cujo primeiros textos remontam a Anibal Quijano,
Colonialidad y modernidad-racionalidad (1989/1992) (BALLESTRIN, 2013). O grupo se
baseou no outro grupo dos subalternos, e foi nesse momento que a América Latina entrou dentro
do contexto pós-colonial, contudo, sem representantes brasileiros (BALLESTRIN 2013). Um
dos representantes do grupo foi Walter Mignolo, que criticava o fato de utilizarem textos
reproduzidos pelo outro grupo para análise, uma vez que a América Latina viveu uma realidade
diferente de colonização daquelas tratadas nesses textos (BALLESTRIN, 2013). Segundo a
autora, essas e outras divergências, como por exemplo, a utilização de estudos dos Estados
Unidos, fizeram com que o grupo se destituísse em 1998, e posteriormente formaram o Grupo
Modernidade/Colonialidade, sendo Mignolo um de seus fundadores. Porém, a ausência de
brasileiros se manteve.
Para Mignolo (2003 e 2007), de certa forma, tanto a colonialidade ou a descolonialidade
- ou decolonialidade como é usado na obra de Ballestrin (2013) em alguns momentos e como
pode ser entendida a tradução do termo descolonialidade vindo do espanhol - são frutos da
modernidade, e não existe modernidade sem colonialidade. O autor ratifica que o giro
decolonial epistêmico é fruto da matriz colonial de poder criada por Anibal Quijano (1989) no
artigo que foi considerado o pioneiro do projeto modernidade/colonialidade, e demonstra que
mesmo tendo o colonialismo findado, a colonialidade ainda persiste na economia e na política.
Ballestrin (2013), destacando as considerações de Mignolo (2010) no que tange a colonialidade
de poder, aborda que ela pode ser dividida em três dimensões: a do poder, do saber e do ser. A
colonialidade do poder e do saber foram trazidas por Anibal Quijano, como mencionado
anteriormente, e a do ser por Mignolo inicialmente, mas segundo Ballestrini (2013) a
colonialidade do ser não foi muito aceita pelo grupo. No entanto, é possível ver referências
dessa colonialidade, além do trabalho de Mignolo, como nos trabalhos de Maldonado-Torres
(2007) e Restrepo e Rojas (2010).
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Em uma publicação mais atual Quijano define a colonialidade do saber como “uma
específica racionalidade ou perspectiva de conhecimento que se torna mundialmente
hegemônica colonizando e sobrepondo-se a todas as demais, prévias ou diferentes, e a seus
respectivos saberes concretos” (2005, p. 126), ou seja, toda e qualquer forma de dominação do
conhecimento, de forma que outros conhecimentos sejam deixados de lado. O apontamento de
Rosa e Alcadipani (2013) no que se refere a Guerreiro Ramos não ter obtido uma projeção
nesses estudos como ocorreu com Fanon, por não ter publicado suas obras em inglês, sugere a
existências da colonialidade do saber, onde somente ganha projeção aquilo que é escrito em
naquele idioma. Autores como Ibarra-Colado (2006), Misoczky (2006) e Vieira e Carvalho
(2003) criticam a hegemonia do conhecimento e a dominação do que é reproduzido na Europa
e nos Estados Unidos para academia, onde acadêmicos preferem utilizar aquilo que já é aceito
no meio, do que buscar novas formas de conhecimentos, sob pena de não ser abraçado pela
academia. Tais atitudes vão totalmente de encontro do que pregam os teóricos que questionam
a colonialidade. Ibarra-Colado (2006, p. 477) traduz sua posição:
Como estudiosos latino-americanos, devemos abandonar esta tradição de falsificação
dos saberes Anglo-Eurocêntricos, independentemente da perspectiva, e reconhecer a
nossa posição fora da exterioridade da modernidade para pensar a alteridade a partir
das margens. A partir daqui, pode ser possível reconhecer o lado escuro de nossos
atuais modos de organização, não mais como formas defeituosas nas sociedades
"imaturas", mas como a expressão concreta do exercício da colonialidade do poder.
A colocação do autor remete também a colonialidade do poder referida inicialmente por
Quijano. Analisando o artigo de Quijano (2005) é possível perceber que a colonialidade do
poder tem vários tentáculos e sugerem várias análises, sobre o ponto de vista do trabalho, da
raça, do capitalismo, uma estrutura complexa (MIGNOLO, 2003). Entretanto, anteriormente
Quijano (2000, p. 342) apresenta a seguinte definição:
A colonialidade é um do padrão constitutiva e específico de elementos de potência
capitalistas globais. Baseia-se a imposição de uma classificação racial/étnica em
comparação com a população do mundo como pedra Anguar e padrão de poder e opera
em cada um dos planos, esferas e dimensões, materiais e subjetiva, da existência social
todos os dias e escala social. Origina-se e se mundializa a partir da América.
A colonialidade do ser (gênero e sexualidade) (MIGNOLO, 2003; MALDONADO-
TORRES, 2007; MIGNOLO, 2010) pode ser definida como uma realidade do mundo moderno
colonial, que faz com que se inferiorize pessoas, portanto, uma forma de se destituir a existência
humana (RESTREPO e ROJAS, 2010). Também pode ser definida como “a experiência vivida
da colonização e seu impacto sobre a linguagem” (MALDONADO-TORRES, 2007, p. 127).
Ou seja, é aquela onde os efeitos da colonização são sentidos diretamente nos colonizados.
3 Procedimentos Metodológicos
Segundo Vergara (2004) a pesquisa pode ser definida quanto aos meios e quanto aos
fins, ou seja, a forma que a pesquisa será realizada e para qual finalidade. Por esse viés, a
pesquisa quanto aos fins é definida como exploratória, por não ter sido encontrada nenhuma
pesquisa que tivesse feito alguma relação do autor, ou de suas obras, com as teorias pós-
coloniais. Quanto aos meios pode ser descrita como uma pesquisa bibliográfica, que segundo
Vergara: “é um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,
revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material disponível ao público em geral” (2004, p.
48). Neste contexto, para atender ao objetivo de identificar nas obras de Josué elementos que
vão ao encontro das teorias pós-coloniais, serão analisadas as obras de Josué, qual sejam,
Geografia da Fome (1946), O Livro Negro da Fome (1957) e A Estratégia do Desenvolvimento
(1971) como fontes primárias para a pesquisa. Para analisar os livros Geografia da Fome e O
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Livro Negro da Fome, não serão utilizadas as primeiras edições destes livros, cujos anos de
publicações foram destacados em alguns momentos, serão feitas as análises na décima edição
publicada em 1984, no caso do Geografia da Fome, e na segunda edição publicada em 1966,
no caso da obra O Livro Negro da Fome, por serem edições de mais fácil acesso.
Os dados serão tratados por meio da análise de discurso (ORLANDI, 2009). Gill (2003,
p. 244) menciona que existem várias análises de discurso que são utilizadas para o estudo de
textos, pois cada autor pode se apoiar em “diferentes tradições teóricas”, como a corrente
francesa e a inglesa (RODRIGUES e DELLAGNELO, 2013). Gill (2003) também destaca que
cada disciplina pode dar o tratamento diferenciado para a análise de discurso. Contudo, para
Gill “o que estas perspectivas partilham é uma rejeição da noção realista de que a linguagem e
simplesmente um meio neutro de refletir, ou descrever o mundo, e uma convicção da
importância central do discurso na construção da vida social” (2003, p. 244). Assim, nesta
perspectiva parte-se do princípio que as obras de Josué tinham muitos propósitos que merecem
ser analisados. As ideias e denúncias do autor já mencionadas, deixa claro que ele utilizava sua
literatura como meio de expressar sua não conformidade com a realidade que vivenciava, bem
como uma busca de mudar este contexto. Portanto, a neutralidade não parece ser um caminho
percorrido pelo autor.
Rodrigues e Dellagnelo (2013, p. 627) levantam que a análise de discurso “além de
revelar as relações de poder subjacentes ao processo de construção da realidade, ao desnudar
as concepções convencionalmente instauradas pela ideologia vigente, ocupa-se diretamente da
crítica e da denúncia e, em alguns casos, das formas de emancipação”. Josué foi autor de várias
ideias e denúncias, por isso a análise de discurso demonstra ser apropriada para desvelar o que
pode estar por detrás dos discursos proferidos, o dito e o não dito (ORLANDI, 2009). Rodrigues
e Dellagnelo (2013) colocam a importância de se adotar a análise de discurso dentro da Ciência
de Administração, sobretudo porque muitos dos conhecimentos da área não têm como contexto
a realidade do país, pois foram produzidos muitas vezes nos Estados Unidos. Sendo assim,
como este artigo se propõe a trazer o autor para área de administração, e os teóricos pós-
coloniais não destacam brasileiros como produtores de conhecimento para a área, a escolha
parece fazer ainda mais sentido.
As categorias surgiram do referencial teórico, tendo em vista que o objetivo era procurar
aproximação do autor com os teóricos pós-coloniais, mas após a leitura das obras as categorias
sofreram ajustes para que retratassem mais fielmente os achados da pesquisa.
4 Análise e Discussão dos Resultados
4.1 Ao Encontro das Teorias Pós-Coloniais
As obras de Josué revelam trechos que demonstram aproximação com as teorias pós-
coloniais. Em vários momentos o autor questionava a dominação, o neocolonialismo, ou seja,
o novo colonialismo que apesar de não ser o colonialismo propriamente dito, quando o Brasil
era colônia, representa uma nova forma, que foi o fator determinante do subdesenvolvimento
de uma grande parte do mundo, formando as colônias políticas e econômicas. As denúncias
quanto ao subdesenvolvimento, que segundo ele, é fruto de raízes plantadas pela colonização
da América Latina em geral, também estão presentes. No Brasil isso pode ocorrer de forma
particular, em razão de ter sido uma colônia por muito tempo, inclusive sendo sede para os seus
colonizadores. Para o autor “certos países beneficiaram de circunstâncias históricas para se
desenvolverem e enriquecerem, enquanto outros sofreram coações que os impediram de atingir
o limiar do desenvolvimento econômico social” (Castro, 1971, p. 7).
Pontuava ainda sua preocupação com a “sociedade tecnológica”, que estava a “vias de
dominar o mundo”, mas que não era conduzida de forma a se pensar em todos os homens (1971,
p. 8). Aliás, o homem era o centro de suas preocupações, e para o autor o único desenvolvimento
possível é o “desenvolvimento do homem” (1971, p. 21). Assim, entende que o
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desenvolvimento é o “mito do século XX”, bem como a “liberdade” foi o século XVIII (1971,
p. 19).
Josué tinha a crítica muito presente em suas obras, e ao analisá-las é possível identificar
o questionamento quanto à maneira de se pensar a economia a partir dos países ricos do
ocidente, fazendo surgir também uma espécie de dominação de pensamento, bem como ressalta
que ao assumir algo traduzido de “fora”, desconsidera-se a cultura e o habitante da sua própria
região. Ideias essas que são elementos que sugerem que o autor vai ao encontro com o que
postulam os teóricos pós-coloniais. Segundo Fairclough (2001) o discurso é uma maneira que
as pessoas utilizam para construir a realidade. Assim, é possível perceber que as obras de Josué
têm o claro objetivo de descrever a realidade da época, sua posição a respeito, e sua real
intenção, ‘a emancipação’. Portanto, as obras apontam para uma tentativa de mobilizar gestores
públicos e a sociedade como um todo. Gill (2013) aborda que uma maneira de iniciar a análise
é criar categorias para a codificação, de acordo com aquilo que se tem o interesse em examinar,
após serem feitas leituras minuciosas dos textos. Posto isto, abaixo encontram-se o esforço de
categorizar os trechos encontrados nas obras.
4.1.1 Colonialidade Econômica e Política e a Tentativa de Emancipação
Nas obras analisadas é possível identificar várias denúncias no que tange a forma como
o desenvolvimento foi pensado, planejado e constituído, onde poucos tiveram privilégios em
detrimento de muitos, bem como demonstram que o começo de tudo foi a colonização, mas
sugerem que esse controle ainda permanece.
Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões naturais – pela
força das coisas – mas por razões históricas: pela força das circunstâncias.
Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmente o colonialismo político e
econômico que manteve estas regiões à margem do processo da economia mundial
em evolução rápida. (A Estratégia do Desenvolvimento, 1971, p. 14)
O segredo do desenvolvimento repousa, antes de mais, na transformação das
estruturas caducas destas sociedades, fabricadas pelos dominadores coloniais e que,
na sua marginalidade, se apresentam sob a forma que o sociólogo norte-americano
Lewis chamou – as culturas do pauperismo – nas quais quase não se encontram
factores de animação e dinamização, mas ao contrário todo um poderoso sistema de
forças de blocagem do desenvolvimento e de manutenção do seu status quo: forças de
blocagem de natureza econômica e de natureza cultural. (A Estratégia do
Desenvolvimento, 1971, p. 15)
Os povos que foram duramente muito tempo dominados politicamente pelas potências
estrangeiras desconfiam sempre de certos tipos de auxílio nos quais antevêem
intenções ocultas de dominação. O Ocidente deve dar muitas provas de que modificou
a sua mentalidade colonial para que a sua cooperação seja aceite sem reserva pelas
massas famintas do Terceiro Mundo. (A Estratégia do Desenvolvimento, 1971, p. 17)
Essa obra foi uma das últimas obras do autor, e foi publicada no momento em que ele
se encontrava exilado em Paris. Certamente, todo o contexto político do Brasil à época
influenciou seu discurso, já que ainda sentia impactos da ditadura militar, estando inclusive
impedido de entrar no país, apesar de suas notáveis contribuições. Mas, é de fato revelador,
porque sinaliza que o Terceiro Mundo pode ter sido algo criado, no sentido de ter sempre alguns
considerados “à margem”, para que outros estivessem em posições favoráveis. O autor sinaliza
em vários momentos para a colonização que os países considerados do Terceiro Mundo
passaram, quando eram colônias, mas demonstra que a colonização ainda persiste, e a expressão
“colonialismo”, pode ser uma maneira de reforçar isto. Porém, caso não percebesse dessa
forma, possivelmente, não estaria fazendo tais denúncias. Também demonstra que os
“dominadores” utilizam estratégias para manter a dominação, e uma dessas estratégias são os
auxílios que são oferecidos para os países mais pobres. Outro destaque é quanto as “forças na
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economia e na cultura” para se manter o status quo, como uma espécie de “blocagem”, ou seja,
algo que barre qualquer tentativa a respeito.
Em face da fraqueza do poder político central, os interesses colonialistas manipularam
no sentido de que o progresso econômico se limitasse a ampliar os lucros de um
pequeno número de proprietários agrícolas, associados em sua aventura colonial, sem
atingir entretanto o conjunto da população. (Geografia da Fome, 10ª edição, 1984, p.
282)
Conforme acentuou muito bem o economista Gunnar Myrdal, as grandes potências
sempre utilizaram nos países subdesenvolvidos para seus fins de exploração colonial
“os próprios grupos oligárquicos, interessados eles próprios na manutenção do status
quo político e social” e portanto infensos ao verdadeiro desenvolvimento
emancipador. (Geografia da Fome, 10ª edição, 1984, p. 282)
O colonialismo promoveu pelo mundo uma certa forma de progressos, mas sempre a
serviço dos seus lucros exclusivos, ou quando muito associado a um pequeno número
de nacionais privilegiados que se desinteressavam pelo futuro da nacionalidade, pelas
aspirações políticas, sociais e culturais da maioria. Daí o desenvolvimento anômalo,
setorial, limitado a certos setores mais rendosos, de maior atrativo para o capital
especulativo, deixando no abandono outros setores básicos, indispensáveis ao
verdadeiro progresso social. (Geografia da Fome, 10ª edição, 1984, p. 283)
A fome, no Brasil, é conseqüência, antes de tudo, do seu passado histórico, com os
seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros
naturais. Luta, em certos casos, provocada e por culpa portanto da agressividade do
meio, que iniciou abertamente as hostilidades, mas quase sempre por inabilidade do
elemento colonizador, indiferente a tudo que não significasse vantagem direta e
imediata para os seus planos de aventura mercantil. (Geografia da Fome, 10ª edição,
1984, p. 293)
Na obra Geografia da Fome, cuja primeira edição foi em 1946, o autor teve como mote
o tema fome, mas buscou raízes históricas para explicá-la, por isso usa em vários momentos a
colonização. Contudo, mais uma vez acentua para a continuidade dessa colonização, onde
“grandes potências” usam os “países subdesenvolvidos” com a finalidade de exploração, e que
eles têm o interesse em manter o status quo, para que se beneficiem sempre. A primeira edição
desse livro foi publicada justamente no fim da segunda guerra mundial que ocorreu em 1945
(DONADELI, 2013). Portanto, o autor possivelmente foi muito influenciado por esse momento
histórico, que revelou sobretudo quem eram os mais fortes, e que era necessário manter uma
cooperação “no plano econômico, social e cultural” sob pena existir uma nova guerra
(DONADELI, 2013, p. 78), o que pode ter sido mais uma estratégia para a manutenção do
status quo.
O objetivo principal deste nosso ensaio fora o de demonstrar que fome e
subdesenvolvimento são uma coisa só, não havendo outro caminho para lutar contra
a fome, senão o da emancipação econômica e da elevação dos níveis de produtividade
das massas de famintos, que constituem cerca de dois terços da população mundial.
(O Livro Negro da Fome, 1966, p. 1)
Entretanto, nessa obra de 1966 mais uma vez o autor reforça a necessidade de
emancipação econômica, demonstrando que o país estava colonizado economicamente, apesar
da colonização já ter acabado a muito tempo. Rodrigues e Dellagnelo (2013, p. 627) discorrem
que uma das características mais marcantes da análise de discurso é “revelar as relações de
poder” e que “ocupa-se diretamente da crítica e da denúncia e, em alguns casos, das formas de
emancipação”. Neste contexto, as obras de Josué demonstram uma crítica ao desenvolvimento
e ao colonialismo político e econômico continuado, e por isso em vários momentos apontam
que somente com a emancipação é possível tentar mudar o quadro de subdesenvolvimento.
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Ao analisar outros documentos, foi encontrado um texto feito pelo autor chamado
Subdesenvolvimento: Causa Primeira da Poluição, de 1972, que depois foi inserido no livro
Fome: Um Tema Proibido – Últimos Escritos de Josué, organizado pela sua filha Anna Maria
de Castro em 2003, que fala pontualmente em um dos trechos sobre o novo colonialismo,
inclusive fazendo uso do termo “neocolonial”.
O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência
ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um
subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica
colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta.
(1972, p. 137)
Alguns trechos citados também têm uma aproximação com os teóricos críticos, pois eles
falam da manutenção do status quo e da dificuldade de emancipação (e.g. DRAGO, 1992;
VIEIRA e CALDAS, 2006; PAULA, 2015). No que tange à teoria crítica, Paula (2015) também
defende a mesma tese de Rosa e Alcadipani (2013): “a perspectiva crítica nos estudos
organizacionais vem se destacando no contexto internacional e consolidando o ensino e a
prática da administração como um fenômeno político e cultural” (2008, p. 187). No entanto,
essa relação dos discursos pós-coloniais e decolonial com a teoria crítica não é algo
desconectado. Estudos de Mignolo (2007) e Rosa e Alcadipani (2013) apontaram nesse sentido.
O apontamento de Ballestrin (2013, p. 90) ao dizer que descolonização é um termo também
ligado à “independência, libertação e emancipação das sociedades exploradas pelo
imperialismo e neocolonialismo”, questões relacionados com a teoria crítica, justifica tal
relação.
4.1.2 Colonialidade do Saber e a Dominação
A colonialidade do saber pode ser definida como uma forma de colonialidade que se
estende ao conhecimento e a subjetividade sobre os outros, na tentativa de manter o domínio.
Assim, o trecho abaixo fala especificamente dessa forma de dominação.
O maior de todos estes erros foi o de se conceber em toda a parte um processo de
desenvolvimento semelhante ao desenvolvimento dos países ricos do Ocidente. Uma
espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do desenvolvimento a apoiar as suas
ideias e a estabelecer os seus sistemas de pensamento sobre as concepções da
economia clássica que ignorava quase totalmente a realidade sócio-econômica das
regiões de economia de dependência. (A Estratégia do Desenvolvimento, 1971, p. 12-
13)
Rosa e Alcadipani (2013) falam da tentativa que os teóricos-coloniais fazem de romper
com a forma que é usada de se ‘explicar o outro a partir de si mesmo’, ou seja, superar o
‘etnocentrismo norte-americano e europeu’. Portanto, percebe-se que o mesmo etnocentrismo
foi reproduzido pelo autor, pois ele discorre que o desenvolvimento foi pensado a partir dos
países ricos ocidentais, e que eles conduzem no sentido de que todos reproduzam os seus
pensamentos.
4.1.3 Colonialidade do Ser e a Desconsideração do Outro
O trecho reproduzido abaixo sugere uma tentativa de se destituir a existência humana e
de desconsiderá-lo totalmente dentro de um contexto, o que pode fazer com que o homem sinta
na pele os efeitos dessa colonização.
Mas, sobretudo esqueciam-se completamente do habitante destas regiões, de cultura
tradicional, tão distante e tão diferente do homem produzido pela civilização
ocidental. (A Estratégia do Desenvolvimento, 1971, p. 13)
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Nesse trecho o autor deixa claro que o homem é um ser ‘inventado’, a partir da cultura
e do olhar de outro, os da ‘civilização ocidental’. Dessa forma, o autor denuncia que o homem
que é criado não representa o homem que de fato existe em regiões como o Brasil.
5 Considerações Finais
Josué, o homem de várias formações e conhecimentos, cabe também ser lembrado
dentro da área de administração, mais precisamente dentro de estudos organizacionais, e vários
trechos dos seus livros sugerem elementos que vão ao encontro das teorias pós-coloniais. Rosa
e Alcadipani (2013) destacam que o pensamento pós-colonial já é considerado dentro dos
estudos organizacionais, e o referencial teórico apresentado comprova tal tese. Josué refere-se
ao colonialismo e a forma de dominação ainda presente, sobretudo nos países
subdesenvolvidos, de forma crítica, demonstrando uma necessidade de se descolonizar. A esse
respeito destaca o Ocidente como dominador do discurso de desenvolvimento, e que ele o
reproduz aos demais como forma de manter o status quo, e assim desconsidera a cultura e o
homem da América Latina, e precisamente do Brasil. O colonialismo para o autor perpassa pela
economia e pela política e reflete no social (CASTRO, 1966, 1971 e 1984), e persistia até os
momentos de suas análises. Ao analisar as obras do autor é possível perceber a necessidade de
se pensar no Brasil a partir do Brasil, de se olhar para a economia a partir dos problemas que
são encontrados nessa região, e finalmente de considerar o homem e a cultura que existe nesses
locais. É justamente essas formas de colonização e a necessidade de descolonização que são
abordadas nos discursos dos teóricos pós-colonialistas.
Certamente as obras do autor tem muito a oferecer e seu caminho interdisciplinar
permite que ele não fique restrito a área de saúde pública, nutrição, geografia, ou áreas afins.
Outros estudos já percorreram o caminho de trazer o autor para o campo de administração, por
mais que este objetivo não estivesse explícito, conforme mencionado. Assim, outras pesquisas
poderiam ser feitas visando aproximá-lo da área da administração, para que essa área aproveite
o conhecimento de um intérprete do Brasil para entender sobre as suas mazelas. Essas tentativas
estariam indo ao encontro do que dizem os teóricos que questionam o colonialismo, ou a
colonialidade - que segundo Grosfoguel (2008) é o termo mais apropriado para a dominação
continuada após o período da colonização - “o conhecimento deve ser original no que se refere
às suas origens e não é o resultado da tradução, imitação ou falsificação” (IBARRA-COLADO,
2006, p. 466).
Para Josué a desigualdade social pode fazer com que a paz no mundo seja algo distante.
A fome e a desigualdade, segundo ele, sempre existiram, mas a partir do momento que a
tecnologia se expandiu as pessoas passaram a ter consciência disso e por isso a revolta, o
inconformismo e a insatisfação aumentaram (CASTRO, 1966 e 1971). Milton Santos falou
sobre Josué ser um clarividente, e suas colocações quanto ao colonialismo, a preocupação
ambiental, as ideias sobre o êxodo rural (aumentaria a favelização), os discursos sobre a
necessidade de diminuir a desigualdade social sob pena de não se alcançar a tão sonhada paz
no mundo (CASTRO, 2012; SERÁFICO, 2012; CASTRO, 1966; CASTRO, 1971),
demonstram que Milton Santos estava certo, e que infelizmente tudo parece ter ganho
proporções astronômicas, de certo, não como Josué esperava, ou melhor, gostaria.
Wanderley (2015) aborda que devem ser considerados os conhecimentos produzidos
pela Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e pelo Instituto Superior de Estudos
Brasileiros (ISEB) na área de administração. Josué não fez parte da CEPAL, nem tão pouco do
ISEB, mas defendia a ideia principal desses grupos, o desenvolvimento econômico e social do
país. Por isso, assim como foi defendido a adoção desses conhecimentos para a administração,
este artigo defende considerar Josué, pois seus escritos podem ser utilizados como um caminho
para explicar muito dos problemas da atualidade que são tratados na área, tendo em vista serem
deverás atuais.
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