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AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE BELO JARDIM
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA
BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS - PE E A
DEGRADAÇÃO DO SOLO - O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO
HENÁGIO JOSÉ DA SILVA
BELO JARDIM – PE
2011
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1
AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE BELO JARDIM
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – FABEJA
HENÁGIO JOSÉ DA SILVA
BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS – PE E
A DEGRADAÇÃO DO SOLO – O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO
Monografia apresentada ao Departamento de Geografia da FABEJA, como parte do programa de
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.
ORIENTADOR: PROF. Dr. NATALÍCIO RODRIGUES DE MELO
BELO JARDIM – PE
2011
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2
Silva, Henágio José da
Brejo de Altitude do Município do Brejo da Madre de Deus – PE e a Degradação do
Solo - o caso da comunidade do Amaro. Belo Jardim, o Autor, 2011.
108 folhas: il., fig., gráf., mapas, quadros, fotos.
Monografia de trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Geografia
– Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim- FABEJA – PE, 2011.
―Orientador: Prof. Dr. Natalício Rodrigues de Melo, FABEJA‖.
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3
AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DO BELO JARDIM
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – FABEJA
HENÁGIO JOSÉ DA SILVA
Título: “BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS
- PE E A DEGRADAÇÃO DO SOLO – O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO”
BANCA EXAMINADORA
TITULARES:
Orientador:___________________________________________________
Prof. Dr. Natalício Rodrigues de Melo FABEJA
1º Examinador:__________________________________________________
Prof. Ms. Lindhiane Costa de Farias
FABEJA
2º Examinador:__________________________________________________
Prof. Arnaldo Dantas
FABEJA
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4
Primeiro ao Sr. Jesus Cristo por proporcionar
minha vida, aos meus pais: José Joaquim da Silva e
Maria de Fátima da Silva que apesar de tanta dificuldade
conseguiram cumprir seus papéis enquanto pais
ensinando os valores éticos e morais.
Aos meus irmãos Elizângela Maria da Silva, Ângelo
José da Silva, Alberto José da Silva, Philippe José
Joaquim da Silva e a minha sobrinha Maria Paula.
A minha querida noiva Janaina Marinho da Silva
que esteve presente ao meu lado durante todo processo
de estudo e pesquisa.
.
Dedico
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5
AGRADECIMENTOS
Á Jesus Cristo (01- 33 – a. d) por me proporcionar a vida;
Á presidente da AEB - Carmem Peixoto; Á diretora da FABEJA - Luzia Squinka; Ao coordenador do curso de Geografia – Prof. Dr. Natalício de Melo
Rodrigues; Aos chefes do departamento de Geografia – Ricardo e Arnaldo Dantas; Aos professores – Lindhiane, Mario Benner e Luzia Chaves;
Aos meus familiares:
Meu pai José Joaquim da Silva
Minha Mãe Maria ade Fátima da Silva
Minha irmã Elizângela Maria da Silva e meus irmãos Ângelo José da
Silva, José Alberto da Silva, Philippe José Joaquim da Silva.
Aos meus colegas de Trabalho no INSTITUTO AGRONÔMICO DE
PERNAMBUCO, Anamaria Jordão, Suzana Cordeiro e ao Engenheiro Agrônomo
Francisco Maurício de Araújo que sempre me motivou para o estudo e contribuiu
para minhas pesquisas orientando e informando os processos principalmente sobre
a Degradação do Solo.
Ao conselho ligado a agricultura do município CONDESB – Conselho de
Desenvolvimento Sustentável de Brejo da Madre de Deus, na pessoa de Elizabeth
Szilassy que disponibilizou mapas e registros Pluviométricos. Também ao
INSTITUTO AGRÔMICO DE PERNAMBUCO – IPA de Brejo da Madre de Deus que
disponibilizou informações fundamentais para execução do presente trabalho.
Ao agricultor Maurício, que dispôs de seu tempo para se deslocar até as
áreas de pesquisa no Amaro, tento um vasto conhecimento no objeto de pesquisa,
conhecendo os espaços do brejo de Altitude, aos agricultores que contribuíram para
pesquisa, abrindo os espaços e o tempo para ceder as informações necessárias.
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6
RESUMO
Os Brejos de Altitude são disjunções de floresta atlântica proporcionada pelos
acidentes orográficos de tais áreas com elevações superiores a 600 m altitude em
relação ao nível do mar que possuem características atípicas das áreas em seu
contorno, essas áreas apresentam condições pluviométricas distinta a sua
adjacência, com índices que passam dos 1.000 m anuais e condições de
temperatura amena pela sua elevação e pela presença de uma vegetação arbórea
verde durante todo o ano, solos profundos pelo grande grau de intemperismo
químico. Esses espaços apresentam boa capacidade hídrica com várias nascentes
que dão origem a riachos e rios muitas vezes perenes que dão suporte a agricultura
local e ao abastecimento hídrico da cidade. No passado essas áreas apresentavam
enorme significância para seu entorno pela produção agrícola de vegetais e frutas,
pois forneciam essas mercadorias nos dias de feiras. Hoje esses espaços estão
fortemente degradados, sua vegetação original praticamente não existe mais, dando
espaço aos cultivos de hortaliças temporárias e frutas permanentes como Bananeira
e mais recentemente a introdução da pecuária bovina com utilização de pasto de
pisoteio. Essas práticas vêm causando a degradação e perda do solo principalmente
pela erosão dos mesmos, o que naturalmente ocorrem e ocorreram durante milhões
de anos, mas com as ações antrópicas esses espaços vêm sendo fortemente
degradados o que vem causando a diminuição da produtividade das hortaliças e
frutas.
Palavras chave: Brejo de Altitude, solo, degradação, agricultura, erosão.
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7
ABSTRACT
The upland forests are disjunctions of accidents provided by the Atlantic forest
terrain in such areas with elevations above 600 m altitude above sea level which are
atypical features in its border areas. These areas have different rainfall conditions
than its surrounding areas with amounts of more than 1,000 m and annual
temperature conditions amenable for its elevation and the presence of green
vegetation all year long, deep soils by chemical weathering to a large degree. These
spaces have a good water capacity with several water springs that give rise to
streams and rivers, often perennial, that support local agriculture and water supply to
urban areas. In the past these areas had an important significance to the region
supplying vegetable and fruit production to the weekly markets. Today these areas
are heavily degraded, the original vegetation no longer exists, giving rise to
temporary crops of vegetables and fruits like Banana and more recently the
introduction of cattle grazing. These practices are causing erosion with soil
degradation and loss, which naturally occur and have occurred over millions of years,
but with human actions these areas have been greatly degraded causing a reduction
in vegetable and fruit productivity.
Palavras-chave: upland forests, soil, degraded, agriculture, erosion.
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8
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
LISTAS DE FIGURAS
Figurajf
Figura 01 Parte de uma mapa da região Nordeste, com vegetação da Mata
Atlântica.........................................................................................
24
Figura 02 Esquema representativo das chuvas orográficas nos brejos de
altitude............................................................................................
25
Figura 03 Distribuição altitudinal da vegetação remanescente, Mata
Atlântica..........................................................................................
25
Figura 04 Ambiente do Bioma Mata Atlântica, com sinais de degradação.... 40
Figura 05 Estágio avançado de degradação do solo–Voçoroca.................... 40
Figura 06 Esquema do processo humano nas causas de erosão................. 44
Figura 07 Manejo inadequado ao solo – queimada....................................... 52
Figura 08 Esquema de práticas que degradam o solo.................................. 53
Figura 09 Polígono que compreende os limites do município de Brejo da
Madre de Deus..............................................................................
56
Figura 10 Figura representativa do município de Brejo da Madre de Deus... 56
Figura 11 Aspectos geomorfológicos da área de ocorrência de Brejo de
Altitude............................................................................................
65
Figura 12 Barragem Oitis na comunidade dos Oitis, 2010............................. 66
Figura 13 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da
Madre de Deus do ano 1984 a 1990..............................................
68
Figura 14 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da
Madre de Deus do ano 1991 a 2000..............................................
68
Figura 15 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da
Madre de Deus do ano 2001 a 2010..............................................
69
Figura 16 Valores pluviométricos anual da sede e das áreas rurais do
município de Brejo da Madre de Deus do ano 2010......................
70
Figura 17 Distrito de Cavalo Ruço Região Brejeira, 2011.............................. 74
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9
Figura 18 Figura representativa do município de Brejo da Madre de Deus... 75
Figura 19 Figura representativa da região do brejo de altitude do município
de Brejo da Madre de Deus............................................................
75
Figura 20 Reserva Particular do Patrimônio Natural do Bitury - Região
Brejeira............................................................................................
76
Figura 21 Nascente d’água – Região Brejeira, 2010...................................... 77
Figura 22 Barragem de Santana II – Região Brejeira, 2010........................... 78
Figura 23 Serra da Prata – Região Brejeira, 2011.......................................... 78
Figura 24 Serra do Ponto – Região Brejeira, 2011......................................... 78
Figura 25 Cachoeira de São Francisco, Região Brejeira, 2011...................... 79
Figura 26 Perfil do solo Livramento– Região Brejeira, 2011.......................... 80
Figura 27 Perfil do solo Amaro – Região Brejeira, 2011................................. 80
Figura 28 Cultivo de hortaliças no Amaro – Região Brejeira, 2011................ 81
Figura 29 Cultivo de banana no Amaro – Região Brejeira, 2011................... 81
Figura 30 Preparo de solo no cultivo de morango, Região Brejeira, 2011.... 82
Figura 31 Cultivo de morango, Região Brejeira, 2011.................................... 82
Figura 32 Pasto para bovino no Amaro, Região Brejeira, 2011..................... 82
Figura 33 Pasto para bovino no Cajueiro, Região Brejeira, 2011.................. 82
Figura 34 Foto de área de pasto com sinais iniciais de erosão por sulco..... 83
Figura 35 Foto de erosão em estágio de sulcamento..................................... 83
Figura 36 Olaria de tijolos manual, Escorrego, Região Brejeira, 2011........... 84
Figura 37 Figura representativa da região de brejo de altitude do município
de Brejo da Madre de Deus............................................................
85
Figura 38 Foto de uma paisagem comum na comunidade do Amaro, com
exploração de pasto para bovinos..................................................
86
Figura 39 Gráfico da utilização de queimada na comunidade do Amaro....... 89
Figura 40 Gráfico dos motivos da queimada na comunidade do Amaro........ 89
Figura 41 Gráfico do uso de herbicida pelos agricultores do Amaro.............. 90
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10
Figura 42 Gráfico de desmatamento em áreas de serra no Amaro................ 91
Figura 43 Gráfico de utilização da técnica de curva de nível no Amaro......... 92
Figura 44 Gráfico do tipo de aração na comunidade do Amaro..................... 93
Figura 45 Gráfico do tipo de irrigação utilizada pelos agricultores do Amaro. 94
Figura 46 Gráfico do uso das terras em áreas de declividade....................... 95
Figura 47 Trabalho agrícola nas áreas de alto declive................................... 96
Figura 48 Pecuária em área de alto declive................................................... 97
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11
LISTA DE MAPAS
fvbfgbfth Descrição
Mapa 01 Principais brejos de altitude do Nordeste, 1971............................ 26
Mapa 02 Mapa de Solos de Pernambuco.................................................... 38
Mapa 03 Mapa Geológico de Brejo da Madre de Deus............................... 59
Mapa 04 Mapa pedológico do município de Brejo da Madre de Deus....... 60
Mapa 05 Mapa Geomorfológico da área de Brejo da Madre de Deus....... 61
Mapa 06 Mapa da distribuição fitofisiográficado Brejo da Madre de Deus. 63
Mapa 07 Mapa de valores hipsométricos do Brejo da Madre de Deus....... 64
LISTA DE QUADROS
Nºvfbgfb
Quadro 01 Localização dos Brejos de Altitude.................................................... 26
Quadro 02 Principais brejos de altitude de PE e PB........................................... 27
Quadro 03 Tipos de vegetação e vegetação remanescente da Mata Atlântica.. 30
Quadro 04 Tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do Nordeste.............................................................................................
31
Quadro 05 Efeito do erosão em diferentes tipo de cobertura do solo................. 50
Quadro 06 Produção Agrícola do município de Brejo da Madre de Deus........... 72
Quadro 07 Rebanho pecuário do município de Brejo da Madre de Deus........... 72
Quadro 08 Quantitativo de propriedades por áreas do município de Brejo da Madre de Deus...................................................................................
73
Quadro 09 Perfil de uso de solo no sitio Amaro – impactos ambientais.............. 88
Quadro 10 Perfil de uso de solo no sitio Amaro – técnicas agrárias................... 93
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12
LISTA DE SIGLAS
APP - Área de Preservação Permanente
BDE –Base de Dados do Estado
COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento
CONDESB – Conselho de Desenvolvimento Sustentável
CPRM - Serviço Geológico do Brasil
DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DAEE-IPT- Departamento de Águas e Energia Elétrica – Instituto de Pesquisas
Tecnológicas
EBAPE–Empresa de Abastecimento de Pernambuco
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETENE –Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste
EW - Ondas de Este
FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
FMI – Fundo Monetário Internacional
FPA - Correntes Perturbadas do Sul
GLSOD– Global Assessment of Soil Degradation
IAC – Instituto Agronômico de Campinas
IBAMA–Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE–Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IVDN - Índice de Vegetação por Diferença Normalizada
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPA –Instituto Agronômico de Pernambuco
MMA - Ministério do Meio Ambiente
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PSF - Posto de Saúde da Família
RBGF-Revista Brasileira de Geografia Física
RPPN - Reserva Particular de Patrimônio Natural
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13
SIBC - Sistema Brasileiro de Classificação de Solo
SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
ZAPE - Zoneamento Agroecológico de Pernambuco
ZCIT- Zona de Convergência Intertropical
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14
SUMÁRIO
1 Introdução............................................................................................ 17
2 Revisão de Literatura........................................................................... 18
2.1 Paisagens de exceção, brejos e sua tipologia..................................... 18
2.1.1 Brejo de Fundo úmido e ou Vale......................................................... 19
2.1.2 Brejo de Altitude ou exposição............................................................ 20
2.2 A Teoria dos refúgios e redutos como modelo teórico para
explicação da origem dos brejos.........................................................
22
2.3 Características da vegetação dos brejos............................................. 23
2.4 Localização dos brejos de altitude....................................................... 26
2.5 Importância socioeconômica dos brejos de altitude............................ 28
2.6 Degradação dos brejos de altitude...................................................... 29
3 Conceito e tipologia do solo................................................................. 32
3.1 Tipos de Solos..................................................................................... 32
4 Conceito de degradação do solo e sua aplicação............................... 39
4.1 O Problema da degradação do solo no mundo................................... 40
4.2 Causas de degradação do dolo........................................................... 43
4.2.1 Erosão antrópica................................................................................. 43
4.2.2 Erosão geológica................................................................................. 44
4.3 Fatores que contribuem para a erosão................................................ 45
4.3.1 O ciclo superficial da água e sua relação com o solo.......................... 46
4.3.2 O ciclo sub-superficial da água no solo............................................... 47
4.3.3 A influência da morfologia no solo.......................................................
47
4.3.4 Os diferentes tipos de solo e sua relação com os processos
erosivos................................................................................................
48
4.3.5 A importância da cobertura vegetal para a proteção do solo..............
49
4.3.5.1 A retirada da cobertura vegetal e consequências no solo...................
51
4.3.5.2 As consequências da queimada para o solo....................................... 51
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15
4.3.5.3 Uso inadequado do solo...................................................................... 53
5 Aspectos jurídicos ambiental............................................................... 54
6 Caracterização Geográfica do Município de Brejo da Madre de
Deus....................................................................................................
56
6.1 Aspectos Socioeconômicosdo Município de Brejo da Madre de
Deus.....................................................................................................
57
6.2 Características Geológica do Município de Brejo da Madre de
Deus.................................................................................
58
6.3 Características Pedológica do Município de Brejo da Madre de
Deus.....................................................................................................
60
6.4 Características Geomorfológica do Município de Brejo da Madre de
Deus.....................................................................................................
61
6.5 Características da cobertura vegetal e Altimetria................................ 62
6.6 Recurso hídricos do município de Brejo da Madre de Deus............... 64
6.6.1 Águas subterrâneas............................................................................. 65
6.7 Características Climáticas do município de Brejo da Madre de
Deus.....................................................................................................
66
6.8 Características Agropecuária e Fundiária do município de Brejo da
Madre de Deus....................................................................................
70
7 Características do brejo de altitude do Município do Brejo Madre de
Deus....................................................................................................
74
7.1 Características naturais do brejo de altitude da Madre de Deus........ 76
7.2 Características Pedológicas do Brejo de Altitude da Madre de
Deus....................................................................................................
80
7.3 Características Agropecuárias do Brejo de Altitude de Brejo da
Madre de Deus....................................................................................
80
7.4 Desgaste e uso inadequado do solo no Brejo de Altitude da Madre
de Deus...............................................................................................
83
8 O caso da Comunidade Amaro........................................................... 85
9 Material e Método 87
10 Resultados........................................................................................... 88
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[Digite um
16
10.1
10.2
10.3
10.4
10.5
10.6
10.7
10.8
10.9
Utilização da Técnica da Queimada....................................................
Uso do Herbicida.................................................................................
Desmatamento em Área de Serra.......................................................
Desmatamento em APP......................................................................
Prática da Curva de Nível....................................................................
Aração de Terra no Amaro..................................................................
Forma de Irrigação..............................................................................
Trabalho Agrícola nas Áreas Agrícolas...............................................
Pecuária na Área de Declive...............................................................
89
90
91
92
93
94
95
96
97
11 Conclusão............................................................................................ 98
Referências Bibliográficas................................................................... 99
Apêndice.............................................................................................. 107
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17
1 INTRODUÇÃO
A degradação dos solos pode ser considerada um dos maiores problemas
ambientais dos dias atuais, isso porque ela afeta não só as terras agrícolas, mas
também as áreas de vegetação natural, e o Brasil não está livre desse desastre,
inúmeras fontes de literatura e estudos de casos têm destacado uma grande área do
nosso território como sendo de solo bastante degradado(Andrade, 1999).
No Brasil, intimamente ligada à agricultura, resultam da combinação entre o
clima implacável, um rápido desenvolvimento econômico e solos extremamente
frágeis. São inúmeros os fatores causadores da degradação dos solos, podendo ser
fatores causadores diretos ou simplesmente fatores facilitadores para que ocorra a
degradação, também chamado de fatores aceleradores.
Em outro caso, a ação de atores naturais sobre o solo causando a erosão é
um fator direto, enquanto que um fator facilitador a essa ação pode ser antrópico. Os
de ordem antrópicas designados de facilitadores são em geral os ligados aos
desmatamentos, pastoreio, uso excessivo de vegetação, cortes em taludes,
remoção de cobertura vegetal. Esses podem ser de ordem ou uso direto, a saber:
uso de máquinas, condução de gado, encurtamento de pousio, entrada excessiva de
água, uso excessivo de produtos químicos ou estrumes, deposição de resíduos,
entre outros problemas de ordem ambiental. Quanto ao de ordem natural, destacam-
se a chuvas torrenciais, ventos e alagamentos, entre outros (Andrade, 1999).
Vale salientar que essa área abrejada é de suma importância, não só pela
potencialidade agrária, mais também por ser considerada área de biodiversidade
extremamente alta. Recentemente foi criada uma RPPN no local. Embora os
remanescentes florestais estejam bastante fragmentados, a sua importância
biológica é incontestável: a bioflora é rica e possui elementos vulneráveis, ratificando
a necessidade de se priorizar a sua conservação e uso sustentável dos recursos
naturais existentes.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Paisagens de exceção, brejos e sua tipologia
As paisagens de exceção constituem fatos isolados, de diferentes aspectos
físicos e ecológicos inseridos no corpo geral das paisagens habituais. Mais que isso
são referências para o homem desde a pré-história. Enfatiza-se que as paisagens de
exceção serviram de referência para os nossos antepassados, e por isso devem ser
bem conservados e protegidos. Tendo uma localização, quase sempre, muito
distanciada entre si, os sítios de paisagens bizarras em um país de tamanho gigante
raramente podem ser conhecidos ou estudados em sua totalidade (AB’SABER, p.
149, 2003).
Na linguagem simbólica utilizada nas ciências biogeográficas sucedem-se
termos para designar “ilhas” de vegetação aparentemente anômalas, identificadas
nos corredores de grandes domínios morfoclimáticos e fitogeográficos (AB’SABER,
p. 145, 2003). O mais singelo desses termos é certamente a expressão relicto,
aplicada para designar qualquer espécie vegetal encontrada em uma localidade
específica e circundada por vários trechos de outro ecossistema.
Um outro termo usado para designar manchas de ecossistemas típicos de
outras províncias, porém, encravado no interior de um domínio de natureza
totalmente diferente , é utilizada a expressão “enclave” fitogeográfico. Conforme Ab’
Saber ao explicar a razão de serem esses “enclaves‖ ecossistêmicos foi necessário
toda trajetória de pesquisa que tornou possível a Teoria dos redutos e refúgios. Na
realidade, os “enclaves” de ecossistemas em espaço de médio porte refletem a
dinâmica das mudanças climáticas e paleoecológicas do período quaternário
(AB’SABER, p. 145, 2003).
Lins, 1989 conceitua como brejo “Subespaços úmidos que apresentam
formas diversificadas de uso que as diferenciam das dominantes, no interior das
quais se encontram situados”. Como sub - unidades regionais, que são, essas
manchas úmidas reclamam uma caracterização geográfica sistemática ( ANDRADE,
1963).
19
Os espaços subúmidos se destacam dos espaços semiáridos, dominantes na
região, por suas condições agroecológicas excepcionais refletidas nos tipos e
desempenho dos sistemas agrícolas em que sobressaem as lavouras e o manejo de
baixo e ou médio nível tecnológico. Existem diferentes tipologias de brejos: Brejo de
Várzea, Brejo de Fundo úmido e ou Vale e por fim Brejo de Altitude ou Exposição,
que apresentam princípios fitoecológicos similares, mas com características próprias
(LINS, 1989).
Muitos desses espaços de exceção estão concentrados na faixa de rebordo
do Planalto da Borborema. Eles ocupam posições inferiores do relevo e alternam
com os Brejos de Altitude e estão caracterizados por condições climáticas com as
mais elevadas cotas pluviométricas e pouca ou quase nenhuma deficiência hídrica,
por exemplo o Brejo do Mimoso. Nesses ambientes a hidrografia é permanente e
vegetação natural hidrófila, nesses campos de várzea, seus solos são
moderadamente ou poucos desenvolvidos, profundos, argilosos, imperfeitamente
drenados, ácidos, comumente saturados com água, durante boa parte do ano,
sujeito a inundações com baixa fertilidade, denominados entre eles o hidromórficos e
os aluviais distróficos (LINS, p 99, 1989).
Essa acuidade, permitiu desenvolvimento de uma série de estudos, que
perpassa por diversos autores brasileiros que deram grande contribuição para
explicação e origem, desenvolvimento e tipologia dos brejos, entre os quais
destacam-se: Ab’Saber (USP), Raquel de Caldas - UFPE, Vasconcelos Sobrinho
(UFPE), Gilberto Osório de Andrade (UFPE), só para citar alguns e a relevância
desse tipo de pesquisa.
2.1.1 Brejo de Fundo úmido e ou Vale
São tipos agroecológicos de espaços ocorrentes entre algumas áreas
serranas agrestinas, como a Serra do Mimoso e outras serras, constituídos por
relevo pouco movimentado ou plano, com altimetria entre 500 a 700 metros, clima
sub-úmido, com pluviosidade em torno de 700 a 900 mm anuais, com pouca ou
moderada deficiência de água, hidrografia permanente e ou semipermanente e ou
20
temporária, vegetação natural de floresta caducifólia / caatinga hipoxerófila,
atualmente devastada em sua quase totalidade, e solos pouco desenvolvido,
moderadamente profundo, textura média, boa disponibilidade de água, ácido a
pouco ácido e com baixa a média fertilidade, onde dominam os aluviais distróficos e
eutróficos (LINS, p 99, 1989).
Ampla diversificação das formas de uso é constatada nessas áreas, onde os
sistemas agrícolas envolvem culturas permanentes, como as de frutas diversas, de
banana, de citros, de coco, e de pinha, assim como culturas temporárias, que
incluem as hortaliças, de flores, de mandioca e de milho, além de pastagem de
capineiras. Deficiência temporária de água e em alguns casos, a deficiência de
fertilidade são seus principais entraves ao uso agrícola e em face disso esses
espaços são dotados de regular e ou restrita aptidão para o uso com culturas. Os
problemas acima referidos são superados através das práticas como a irrigação e as
adubações orgânica e inorgânica.
2.1.2 Brejo de Altitude ou exposição
Os brejos de altitude constituem zonas fisiográficas de maior importância para
o suporte econômico das áreas semiáridas do Nordeste (SOBRINHO,1970).
Segundo Paulo Kageyama (2004) ―os brejos de altitude nordestinos são
enclaves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região
semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática
bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco
conhecimento sobre sua vegetação e ecologia‖.
A predominância do extrativismo de madeira e de lenha como principal fonte
de energia, tanto para as indústrias de gesso como para a população, coloca em
risco esse bioma ainda tão pouco conhecido. Por outro lado, este bioma é rico em
conhecimento popular tradicional, tanto sobre plantas medicinais fitoterápicas como
sobre a cultura alimentar, e pode apontar alternativas para a conservação e o uso
sustentável de sua biodiversidade.
21
Lima (1960) o brejo de Altitude constitui em Pernambuco disjunções de
floresta tropical perenifólia, dentro da zona Caatinga, e por sua condições
geoambientais localizam-se, via de regra, nos níveis superiores das serras, quer
graníticas, quer cretácea, acima de cotas nunca inferiores aos 500 metros, e
progressivamente maiores, no sentido geral SE-NW, até os 1.100 metros. Por sua
vez, o Geógrafo Gilberto Osório de Andrade define como brejo de altitude
“Subunidade regionais, que jamais ultrapassam 1020 m sobre o nível do mar e
geralmente tem menos de 600 m de relevo local(...) Há que levar em conta
solidariamente os suprimentos hídricos atmosférico que nelas acarretam
precipitação responsáveis pelas manchas úmidas. Ora esses suprimentos são de
origem remota. O ar límpido, de baixa umidade relativa, dos sertões que as
circundam não lhe proporcionam valores higroscópicos susceptíveis de
condensação a tão modesta altitude. Trata-se então de verdadeiros complexos
circunstanciais solidária, cuja resultante se exprime em termos de exposição.
Exposição ao fluxo de massas advectivas de ar úmido, ou à dilatação de massas
conectivas nevoentas. Em suma, de posição geográfica em relação as regiões de
origem dessas massas e de postura em função da direção geral em que elas
anualmente se propagam‖ Sobrinho, 1970 apud (Duque, p 23, 1964);Duque( 1964)
afirma que Brejo de Altitude ―são as montanhas com altitudes acima de 600 metros
com pluviosidade e umidade mais regulares, com ou sem fontes d’água, solo
profundo de argila ou sílica, com revestimento de floresta ou de capoeiras de
aspecto mais higrófilas que as Caatinga.‖ ( ETENE, 1964 p111).
Lins (1989) afirma que brejo de altitude são espaços relevo com gradientes,
suaves a fortes com altitudes superiores a 600 metros acima do nível do mar,
raramente ultrapassando 1000 metros, clima úmido e ou sub-úmido, com cotas
pluviométricas entre 900 e 1.300 mm anuais e pouca deficiência hídrica, hidrografia
permanente e ou semipermanente. Sua vegetação natural primitiva de floresta
subcaducifólia e ou subperenifólia em sua maioria erradicada, foi substituída por
formações secundárias e seus solos são muitos desenvolvidos, muito profundos,
argiloso, com alto teor de água disponível, pouco ácido a ácido, com média a baixa
fertilidade, onde dominam os podzólicos vermelho – amarelos eutrófico e distrófico
com ou sem A proeminente e os latossolos vermelho – amarelo húmicos e os
amarelos, ambos distróficos.
22
Lavouras permanentes como as de banana, das frutas, de café, de citros
secundadas por lavouras temporárias como as de hortaliças, de flores, de mandioca,
de milho e de feijão, dominam nos agrossistemas e comumente são conduzidos em
manejo de baixo e ou médio nível tecnológico.
As principais limitações das condições agrícolas ao uso com a agricultura são
a suscetibilidade, a erosão, a obstáculos e à mecanização, devido a natureza do
solo e ao gradiente do relevo, a deficiência de água durante os meses secos e a
deficiência de fertilidade, em alguns solos. Por essa razão, num manejo de médio
nível tecnológico e na dependência da classe do solo e de sua fase, assim como do
gradiente do terreno são espaços que apresentam um potencial agroclimático de
bom a restrito para uso agrícola (LINS, p 97, 1989).
Assim Vasconcelos Sobrinho define o brejo de altitude como ―(...) um acidente
orográfico que por sua elevação acentuada, incidência de correntes atmosféricas
úmidas e natureza do solo, condiciona uma vegetação predominantemente mais
higrófila que as áreas circunvizinhas em meio as que se encontram situados‖.
2.2 A Teoria dos redutos como modelo teórico para explicação da
origem dos brejos
Em uma visualização dinâmica e interdisciplinária dos fatos paleoclimáticos e
paleocológicos, pode-se sintetizar os acontecimentos do seguinte modo: no período
de Wurm IV – wiscosim superior, durante a última glaciação pleistocênica, quando
se formaram fantásticas geleiras nos pólos Sul e Norte e em cordilheiras e altas
montanhas, o nível do mar desceu até 100 metros menos do que é seu nível atual.
As temperaturas médias em todo planeta baixaram de 3º a 4ºC, rebaixando o nível
de calor das terras baixas intertropicais e tornando bem mais frio o ambiente das
regiões subtropicais e temperada e muito fria a temperatura das montanhas a
altiplanos existentes à altura dos trópicos (Itatiaia, por exemplo, entre nós)
(AB’SABER, p. 52, 2003).
O grande acontecimento, porém, foram os deslocamento das correntes
marítimas frias ao longo da face leste dos continentes, sujeitos, até então, apenas
aos efeitos de correntes quentes, propiciadoras de umidade. As correntes frias
23
projetando-se para o norte até a altura da Bahia, no caso brasileiro – contribuíram
para barrar a entrada de umidade atlântica, devido a uma atomização das massas
de ar úmido. Estando o mar em nível mais baixo, as correntes frias
(Malvinas/Falklands) ficavam mais distantes da costa antiga, contribuindo
indiretamente diretamente para expansão dos climas semiáridos ao longo do litoral
recuado e na retroterra de algumas regiões situadas em depressões de escarpa e
serranias, ou em forte transição da faixa sub-litorânia na direção dos sertões da
época (AB’SABER, p. 53, 2003).
Foram processos que se fizeram atuar, progressivamente, por alguns
milhares de anos, provavelmente 23.000 anos A.P até 12.700 anos A.P. (Antes do
Presente). Nesse intervalo de tempo os ―corredores‖ da semiaridez em processo,
feneceram as coberturas florestais anteriores, processou-se uma generalizada
dessoalagem dos horizontes superficiais dos solos preexistentes e um extraordinário
avanço das caatingas por muitos setores dos planaltos e terras baixas interiores do
Brasil. Concomitantemente com a progressão da semiaridez, houve recuo e
fragmentação dos espaços anteriormente florestados permanecendo matas
biodiversas apenas na ―ilhas‖ de umidade testada de algumas escarpas voltadas
para os ventos úmidos de exceção, tendo as florestas anteriores ao avanço da
semiaridez permanecido em redutos, sub a forma de ecossistema minoritário ao seu
entorno (AB’SABER, p. 53, 2003).
2.3 Características da vegetação dos Brejos
A floresta Atlântica brasileira é uma das 25 prioridades mundiais para a
conservação. Calcula-se que essa floresta abrigue 20.000 espécies de plantas
vasculares, sendo 8.000 endêmicas (MYERS ET AL. 2000). Além do alto grau de
endemismo observado em alguns grupos vegetais (veja Mori et al. 1981, Peixoto &
Gentry 1990, Thomas et al. 1998), a floresta Atlântica apresenta elevada riqueza e
diversidade de espécies (Begon et al. 1996) que, em alguns locais, são superiores
às observadas em trechos de floresta Amazônica (Silva & Leitão Filho 1982; Brown
& Brown 1992).
24
Com base na distribuição dos tipos de vegetação, estima-se que a floresta
Atlântica nordestina cobria uma área contínua de floresta com 76.938 km², ou
6,4%da extensão da floresta Atlântica brasileira, distribuídas em cinco tipos
vegetacionais: 1. Áreas de tensão ecológica 43,8%; 2.floresta estacional
semidecidual 22,9%;3.floresta ombrófila aberta 20,5%; 4.floresta ombrófila densa
7,9%; e5.formações pioneiras 6,1%.Nessa tipologia existem ainda as florestas de
terras baixas (< 100 m de altitude), submontanas (100-600 m) e montanas(> 600 m)
(IBGE 1985).
Figura 01: Observa-se parte de um mapa da região Nordeste, especificamente os estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Piaui e Ceará. As manchas em tom cinza representa as áreas de florestas presente em algumas áreas, a mancha que bordeia o litoral do oceano Atlântico e onde se localiza a original da floresta Atlântica nordestina, e o seu domínio ambiental durante o período Pleistoceno. Fonte: IBGE, 1985.
Parte da floresta Atlântica nordestina é composta pelos brejos de altitude:
“ilhas” de floresta úmida estabelecidas na região semiárida, sendo cercadas por uma
vegetação de caatinga (ANDRADE & LIMA, 1982). Os brejos são ―áreas de
exceção” dentro do domínio do nordeste semiárido (LINS, 1989). A existência
dessas ilhas de floresta em uma região onde a precipitação média anual varia entre
240 - 900 mm (IBGE 1985; Lima, 1989) está associada à ocorrência de planaltos e
chapadas entre 500 - 1.100 m altitude (e.g., Borborema, Chapada do Araripe,
Chapada de Ibiapaba), onde as chuvas orográficas garantem níveis de precipitação
superiores a 1.200 mm/ano (ANDRADE & LIMA, 1960; 1961) (Figuras 2 e 3).
25
Figura 02: Perfil esquemático representando a formação de chuvas orográficas e sua influencia na manutenção das condições agroambientais dos brejos de altitude no Planalto da Borborema, região Nordeste do Brasil. As nuvens se formam inicialmente no oceano, nesse local de origem há uma grande incidência de energia solar, essa quando combinadas com condições marítimas de abundancia de águas, propiciam elevação de água por processo de evaporação, consequentemente iniciam-se aumento de umidade nas nuvens, formando as do tipo cúmulos nimbos, as diferenças de temperatura atua que através dos ventos quentes e úmidos fazem-na deslocar-se do ponto de origem oceânica para o continente, o efeito continentalidade combinados com o efeito altitude, propicia a condensação, saturação, e por fim a precipitação nas áreas elevadas do relevo formando as chuvas. Fonte: Adaptado de Mayo & Fevereiro,1982.
Figura 03. As cores e sua variação representada na figura simulam as variações das cotas altimétricas presente no Planalto da Borborema em relação ao nível do mar. A linha em cor azul os limites da territorialidade do Estado de Pernambuco. As cotas altimétricas estão representadas por cor e nível de altitude. As cotas de 1.000 metros em cor branca distribuídas em locais específicos, nesse caso exemplificam as colinas do morro do Magano no município de Garanhuns, são hoje os antigos testemunhos de pediplanosdo período geológico denominado pleistocênico, cognominados hoje de Pd3 e realçadas pelos pediplanos mais recente e de cotas mais baixas. As cotas que variam entre 800-500 são superfícies pediplanas exaltadas no pleistoceno denominadas de Pd2 e predominam em partes do sertão e principalmente no agreste; e por fim o Pd1 que vai de 40 metros até 500; as demais cotas são partes dos sedimentos denominados Barreira e acumulação e sedimentação litorânea ou praias. Fonte: SOS Mata Atlântica, 1993.
C a a t i n g a F l o r e s t a A t l â n t i c a C a a t i n g a F l o r e s t a A t l â n t i c a _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 3 0 0 5 0 0 1 . 1 0 0 7 0 0 1 . 1 0 0 2 . 1 0 0 m m / a n o
Planalto da Borborema
Ventos úmidos
Oceano Atlântico
26
2.4 Localização dos Brejos de Altitude
De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1971), existem 43 brejos na floresta
Atlântica nordestina, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba e Pernambuco (Figura 4), cobrindo uma área de pelo menos 18.589 km2
(quadro 01). Somente Pernambuco e Paraíba possuem 31 brejos, distribuídos em 28
municípios do agreste e sertão (quadro 02). Assim, pelo menos 1/4 da área de
distribuição original da floresta Atlântica nordestina é representada pelos brejos de
altitude (Figura03).
Estados N° de Brejos Área Floresta em Km² %
Ceará 11 6.596,5 35,48
Rio Grande do Norte 5 1.147,5 6,18
Paraíba 8 6.760 36,37
Pernambuco 23 4.850 21,97
Total 47 18.589 100 Quadro 01: Localização dos Brejos de Altitude nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Na primeira coluna identificam-se as unidades estaduais da federação que contém áreas de Brejo de Altitude, na segunda coluna apresenta a quantidade (em número) de brejo de altitude, na terceira coluna está demonstrado área ocupada pela vegetação original de Mata Atlântica nos Brejos de Altitude, na última coluna o percentual dos estados em relação a área florestada dos Brejos de Altitude e por fim a última linha da tabela consta o total das colunas citadas. Fonte: Sobrinho,1971.
Mapa 01. Mapa parcial da Região Nordeste. Ao Norte, observa-se parte dos Estados do Ceará e Piaui onde praticamente não há brejos. Ao centro do mapa, os Estados da Paraíba e Pernambuco onde se concentra a maior parte dos brejos nordestinos. Em tom cinza a representação territorial dos municípios, e em tom verde as manchas que representam os brejos e sua distribuição espacial. Os Principais brejos de altitude se situam nos estados da Paraíba e Pernambuco. Fonte: Vasconcelos Sobrinho, 1971.
27
Localização dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba
Brejos Estado Município Localização
Bananeiras Paraíba Bananeiras 6° 45’, 35° 37’
Areia
Paraíba Areia 6° 57’, 35° 40’
Alagoa Nova
Paraíba Alagoa Nova 7° 04’, 35° 45’
Araruna
Paraíba Araruna 6° 33’, 35° 44’
Umbuzeiro
Paraíba Umbuzeiro 7° 40’, 35° 38’
Teixeira
Paraíba Teixeira 7° 13’, 37° 15’
Princesa Paraíba Princesa Isabel 7° 44’, 37° 59’
Bonito
Paraíba Bonito 8° 28’, 35° 43’
Triunfo
Pernambuco Triunfo 7° 49’, 38° 6’
Tacaratu
Pernambuco Tacaratu 9° 05’, 38° 7’
Mimoso
Pernambuco Arcoverde 8° 25’, 37° 2’
Varas
Pernambuco Arcoverde 8° 25’, 37° 2’
Taquaritinga
Pernambuco Taquaritinga 7° 54’, 36° 1’
Brejo dos Cavalos
Pernambuco Caruaru 8° 16’, 35° 58’
Gravatá
Pernambuco Gravatá 8° 12’, 35° 32’
Bezerros
Pernambuco Bezerros 8° 19’, 36° 25’
São Miguel
Pernambuco São Miguel 7° 20’, 38° 39’
Camocim de São Felix
Pernambuco Camocim de São
Félix
8° 21’, 35° 45’
Agrestina
Pernambuco Agrestina 8° 27’, 35° 56’
Catimbau
Pernambuco Buíque 8° 37’, 37° 8’
São José
Pernambuco Moxotó 8° 43’, 37° 31’
Serra Negra
Pernambuco Bezerros 8° 13’, 35° 46’
Serra Negra
Pernambuco Floresta 8° 36’, 38° 34’
28
Serra do Olho d’Água
Pernambuco Belo Jardim 8° 19’, 36° 25’
Serra do Vento
Pernambuco Belo Jardim 8° 19’, 36° 25’
Serra do Genipapo
Pernambuco Sanharó 8° 21’, 36° 32’
Serra de Ororubá
Pernambuco Pesqueira 8° 19’, 36° 46’
Poções
Pernambuco Poção 8º11’, 36º42’
Serra do Comunati
Pernambuco Águas Belas 9° 5’, 37° 7’
Serra do Arapuã
Pernambuco Floresta 8° 36’, 38° 34’
Serra do Araripe
Pernambuco Exu 7° 30’, 39° 43’
Quadro 02. Na tabela consta a relação dos principais brejos de altitude de ocorrência nos estados de Pernambuco e Paraíba, onde é apresentado o nome do brejo na primeira coluna, na segunda os estados pertencentes, no terceiro a cidade em que o brejo está inserido e por último da coordenadas (latitude e longitude). Destacando-se a ausência do brejo de altitude da cidade de Brejo da Madre de Deus, que provavelmente está inserido no brejo de Serra dos Ventos no município de Belo Jardim, que faz fronteira com o brejo de altitude do município de Brejo da Madre de Deus. Fonte: Sobrinho, 1970.
2.5 Importância Socioeconômica dos Brejos de Altitude
As condições privilegiadas dos brejos de altitude têm atraído pecuaristas e
agricultores, que, através da criação de gado e do desenvolvimento de lavouras
permanentes, como as de banana, café e citros, secundadas por lavouras
temporárias, como as de hortaliças, mandioca, milho e feijão, constituem a base da
estrutura socioeconômica desse setor da floresta Atlântica (LINS, 1989). Segundo
Lins (1989), a população dos brejos é distribuída de forma desproporcional entre
proprietários, arrendatários, parceiros e ocupantes, sendo, em sua maioria,
constituída por analfabetos ou semianalfabetos que manejam a terra por meio de
técnicas tradicionais, reduzindo a produtividade. Segundo esta autora, boa parte da
população é subnutrida, enfrenta desemprego sazonal (durante as entressafras) e
tem difícil acesso aos principais serviços básicos.
Os espaços de Brejos de altitude teve no passado próximo uma enorme
importância para economias locais, Gilberto Osório quando estudando os brejos
29
elucidou essa condição quando afirmou: “(...) se feira terminou, quando desmancha
as barracas e os toldos, vê-se os feirantes com os seus burros, e caixas, e balaios,
rumando estrada a fora de regresso aos celeiros escondidos, são os Brejos”
(OSÓRIO,1964). Ao sopé das serras de Brejo, desenvolveram-se muitas povoações
ou situaram-se mesmo dentro de suas áreas, quando suficientemente amplas. Deste
modo, os brejos constituem, de fato pólos de desenvolvimento, foram eles os
criadores da civilização agrícola da caatinga.
Segundo Manoel Correia de Andrade (1968) os brejos como centro de
desenvolvimento econômico apresentam duas paisagens naturais que deram origem
naturalmente, as formas de povoamento, de exploração do solo e de paisagens
culturais. Assim, nos planaltos existiam em geral grandes propriedades dedicada a
pecuária extensiva de bovinos, caprinos e ovinos e à cultura do algodão.
Nas serras a paisagem é bem diversa, o povoamento é mais recente, pois os
primeiros povoadores do sertão pouco numeroso, e preocupados com a pecuária, só
as procuravam nas épocas de seca e as vezes para fazer pequenos roçados de
lavoura de subsistência. Nela se refugiavam também, nos dois primeiros séculos, os
indígenas, que só perderam o domínio das mesmas após a demorada Guerra dos
Bárbaros. Especializam-se sobre tudo na cultura do café e da cana-de-açúcar para
produção da rapadura e aguardente: nos últimos anos, porém, impossibilitados de
competir com os produtos oriundos de áreas melhor localizadas, vem evoluindo para
a policultura, desenvolvendo o cultivo de milho, do arroz e do feijão ao lado dos
produtos tradicionais. (CORREIA, 1968, p.113-5).
2.6 Degradação dos Brejos de Altitude
Os brejos poderiam ser considerados como unidades superiores de recursos
naturais renováveis; megassistemas, se aceitos como complexos harmônicos
resultantes de unidades menores que mutualmente se condicionem: solo, clima,
água do solo, vegetação e fauna. E, como tal, são duplamente vulneráveis: em cada
um dos seus componentes e no seu todo (SOBRINHO, p84 e 85. 1970).
30
Segundo Sobrinho (1970) um fato que é constatado pelos estudiosos o
extremo grau de degradação que apresentam os brejos: uns poucos, embora
apareçam férteis, já não possuem as condições primitivas de produtividade que
ofereciam aos primeiros ocupantes. E, então, somente se poderá esperar uma
progressiva decadência em sua produtividade; em sua capacidade como centros de
abastecimento das áreas que lhe são dependentes: eles próprios cada vez mais
densamente povoados, diminuindo suas áreas de cultivo.
Hoje tem em vista as potencialidades grande parte da floresta nordestina,
incluindo os brejos, tem sido convertida em terras agricultáveis (Viana et al. 1997);
as reservas naturais são pequenas e mal manejadas (Dias et al. 1990, Lima &
Capobianco 1997) e a caça de subsistência é praticada de forma generalizada
(ALMEIDA ET AL. 1995). De acordo com Ranta et a, (1998), grande parte do que
restou desta floresta é composta por arquipélagos de fragmentos florestais, a
maioria deles com menos de 10 hectares de área. Mesmo em áreas protegidas, a
ausência de grandes vertebrados frugívoros é a regra (TABARELLI, 1998).
Tipos de Vegetação Área de vegetação original (Km²)
Vegetação remanescente (Km²)
% do total
Formação pioneiras 4.739,06 (6,1% ) 707,33 14,9
Áreas de tensão ecológica
33.684,03 (43,8 %) 1.465,56 4,35
Fl. Estacional semidecidual
17.677,5 (22,9) 1.942,7 10,9
Fl. ombrófila Densa 6.122,01 (7,9%) 277,9 4,5
Fl ombrófila aberta 14.715,86 (20,5%) 1.499,62 10,19
Total 76.938,46 5.983,1 7,6 Quadro 03: Na tabela acima apresentam-se os tipos de vegetação e vegetação remanescente na floresta Atlântica nordestina. Na primeira coluna encontram-se os tipos de vegetação da floresta Atlântica, onde se percebe cinco sub-tipos de vegetação Atlântica; já na segunda coluna se enfatiza a quantidade total em Km² de cada sub-tipo de vegetação Atlântica e suas áreas em percentagem; na terceira coluna encontra-se a quantidade dos remanescentes em Km² dos sub-tipos da vegetação Atlântica e na quarta coluna o percentual dos remanescentes dos sub-tipos de floresta Atlântica; por fim na última linha o total do quantitativo de cada coluna. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985).
De forma mais sistemática, os brejos têm sido convertidos em lavouras de
café, banana e culturas de subsistência, como milho, feijão e mandioca, desde o
século XIX (Lins 1989). Tais atividades têm representado perda e fragmentação de
31
habitats, extração seletiva de plantas (e.g., madeiras, bromélias, plantas medicinais)
e eliminação de grandes vertebrados pela caça (VASCONCELOS SOBRINHO 1971,
SILVA & TABARELLI 2000). Sobrinho (1971) relata a existência de extensas
florestas dominadas por cedro (Cedrelafissilis Vell Meliaceae) que sucumbiram
devido à exploração madeireira na década de sessenta. Na verdade, a grande
maioria das principais cidades situadas na região do semiárido nordestino está
situada nas áreas de brejo, que ainda constituem celeiros agrícolas (LINS, 1989). O
―refúgio das plantas‖ também tem sido um refúgio para as populações humanas
pobres do semiárido nordestino.
Atualmente, restam 2.626,68 km² da vegetação original dos brejos (Tabela 4),
a qual já representou, pelo menos, 18.500 km² de florestas semideciduais e
ombrófilas abertas. Estes 2.626,68 km² de vegetação incluem também mosaicos
com vegetação de cerrado e de caatinga (e.g., Chapada do Araripe, Ibiapaba), não
discriminados no mapa de remanescentes (SOS MATA ATLÂNTICA, 1993). O valor
da vegetação remanescente torna os brejos o setor mais ameaçado da floresta
Atlântica brasileira, embora não seja possível estabelecer o quanto este valor
representa em termos da área ocupada pela vegetação original, para a qual não há
estimativas. Um outro setor ameaçado é a floresta Atlântica nordestina costeira (que
se estende de Alagoas ao Rio Grande do Norte), que possui 3.197,62km² de
floresta, mangues e restingas (5,6% da área de distribuição original, SOS Mata
Atlântica 1993).
Tipos de vegetação
remanescente
Área de vegetação
remanescente (km²)
% Vegetação
Áreas de tensão ecológica 872,86 33,2
Fl. estacional semidecidual 1.057,94 40,3
Fl ombrófila aberta 695,88 26,5
Total 2.626,68 100
Quado 04. Nessa tabela encontramos os sub-tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco). Na primeira coluna temos os sub-tipos de remanescentes vegetação nos brejo de altitude; na segunda coluna a área em Km² remanescente dos sub-tipos de vegetação dos brejos de altitude; na terceira e última coluna o percentual de cada vegetação remanescentes e por fim na última linha o total em Km e Percentagem das vegetações remanescentes nos Brejos de Altitude. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985).
32
3 Conceito e tipologia do solo
Segundo organização governamental e cientistas do estudo relacionado ao
solo, segue abaixo algumas definições sobre o mesmo. Coleção de corpos naturais
constituídos por parte sólida, líquida e gasosa, tridimensionais, dinâmicos, formados
por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a maior parte do manto superficial
das extensões continentais (EMBRAPA, 2006). O solo é o resultante da interação de
cinco fatores ambientais: material de origem, clima, relevo, organismos e tempo
(JENNY, 1941). A pedologia é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada
na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880. Os solos correspondem a camada viva
que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração
das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos,
biológicos e químicos. Para ISO 11074-1 de 1/08/1996 a definição diz que o solo é a
camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais, matéria
orgânica, água, ar e organismos vivos. Numa perspectiva mais funcional é de
salientar também que o solo é o meio natural mais importante para o crescimento
das plantas. Nota-se que todas definições apresentam em comum o solo como um
organismo dotado de diversidades química, física e biológica e que são o suporte
para a formação vegetal e vida no planeta, apesar de ser diferenciado no ponto de
vista agronômico e geológico.
3.1 Tipos de Solos
A classificação pedológica nacional vigente consiste numa evolução do antigo
sistema americano, formulado por Baldwin et al. (1938), modificada por Thorp &
Smith (1949). As importantes mudanças que incidiram na trajetória da classificação
de solos no sentido de sua nacionalização ora efetivada através das quatro
aproximações elaboradas de 1980 a 1997 e da publicação do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (EMBRAPA, 1998; 1999).
33
A classificação de um solo é obtida a partir dos dados morfológicos, físicos,
químicos e mineralógicos do perfil que o representa. Aspectos ambientais do local
do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas,
características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas.
A classificação de um solo começa no momento da descrição morfológica do
perfil e na coleta de material no campo, que devem ser conduzidas conforme
critérios estabelecidos nos manuais (LEMOS & SANTOS, 1996; SANTOS et al.,
2005; IBGE, 2005), observando-se o máximo de zelo, paciência e critério na
descrição do perfil e da paisagem que ele ocupa no ecossistema.
Dentre os tipos de solos existentes e classificados pelo sistema brasileiro de
classificação de solo, encontramos: argissollos, cambissollos, chernossolos,
espodossolos, gleissolos, latossolos, luvissolos, neossolos, nitossolos,
organossolos, planossolos, plintossolos, vertissolos.
Argissolos: Grande parte dos solos desta classe apresenta um evidente
incremento no teor de argila do horizonte superficial para o horizonte B, com ou sem
decréscimo, para baixo no perfil. A transição entre os horizontes A e Bt é
usualmente clara, abrupta ou gradual.
São de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de
cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunados ou acinzentadas. A
textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no
horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este (EMPRAPA,
SETEMBRO 2009).
Cambissolos: Compreendem solos constituídos por material mineral, com
horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que
em qualquer dos casos não satisfaçam os requisitos estabelecidos para serem
enquadrados nas classes Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos ou Gleissolos.
Têm seqüência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. Devido à
heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições
climáticas, as características destes solos variam muito de um local para outro.
Assim, a classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados, de
rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-76 amarelada até vermelho escuro.
34
Chernossolos:- São solos normalmente pouco coloridos (escuros ou com
tonalidades pouco cromadas e de matizes pouco avermelhados), bem a
imperfeitamente drenados, tendo seqüências de horizontes A-Bt-C ou A-Bi-C, com
ou sem horizonte cálcico, e A-C ou A-R, desde que apresentando caráter
carbonático ou horizonte cálcico.
São solos moderadamente ácidos a fortemente alcalinos, com argila de
atividade alta, com capacidade de troca de cátions por vezes superior a 100
cmolc/kg de argila, saturação por bases alta, geralmente, superior a 70%, e com
predomínio de cálcio ou cálcio e magnésio, entre os cátions trocáveis.
Embora sejam formados sob condições climáticas bastante variáveis e a partir
de diferentes materiais de origem.
Espodossolos: A cor do horizonte A varia de cinzenta até preta e a do
horizonte E desde cinzenta ou acinzentada-clara até praticamente branca. A cor do
horizonte espódico varia desde cinzenta, de tonalidade escura ou preta, até
avermelhada ou amarelada.
A textura do solum é predominantemente arenosa, sendo menos comumente
textura média e raramente argilosa (tendente para média ou siltosa) no horizonte B.
A drenagem é muito variável, havendo estreita relação entre profundidade, grau de
desenvolvimento, endurecimento ou cimentação do B e a drenagem do solo.
São solos, em geral, muito pobres em fertilidade, moderada a fortemente
ácidos, normalmente com saturação por bases baixa, podendo ocorrer altos teores
de alumínio extraível. Podem apresentar fragipã, duripã ou ―ortstein‖ 80 .
Gleissolos: Os solos desta classe encontram-se permanente ou
periodicamente saturados por água, salvo se artificialmente drenados. A água
permanece estagnada internamente, ou a saturação é por fluxo lateral no solo. Em
qualquer circunstância, a água do solo pode se elevar por ascensão capilar,
atingindo a superfície.
São solos mal ou muito mal drenados, em condições naturais, tendo o
horizonte superficial cores desde cinzentas até pretas, espessura normalmente entre
10 e 50cm e teores médios a altos de carbono orgânico. São solos que
ocasionalmente podem ter textura arenosa (areia ou areia franca) somente nos
horizontes superficiais, desde que seguidos de horizonte glei de textura franco
arenosa ou mais fina.
35
Latossolos: São solos em avançado estágio de intemperização, muito
evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Os
solos são virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos
resistentes ao intemperismo.
Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores
pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados,
transicionais para condições com um certo grau de gleização, são normalmente
muito profundos, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases,
distróficos ou alumínicos.
São típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas
subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão,
pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave
ondulado, embora possam ocorrer em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo
montanhoso. São originados a partir das mais diversas espécies de rochas e
sedimentos, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.
Luvissolos: Estes solos variam de bem a imperfeitamente drenados, sendo
normalmente pouco profundos (60 a 120cm). Podem ou não apresentar
pedregosidade na parte superficial e o caráter solódico ou sódico, na parte
subsuperficial.
O horizonte Bt é de coloração avermelhada, amarelada e menos
freqüentemente, brunada ou acinzentada. A estrutura é usualmente em blocos,
moderada ou fortemente desenvolvida, ou prismática, composta de blocos angulares
e subangulares. São moderadamente ácidos a ligeiramente alcalinos, com teores de
alumínio extraível baixos ou nulos.
Neossolos: Compreende solos constituídos por material mineral, ou por
material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em
relação ao material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos
pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de
origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição química, ou dos
demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a
evolução dos solos.
Nitossolos: Compreende solos constituídos por material mineral, com
horizonte B nítico, textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila maiores que
36
350g/kg de solo a partir do horizonte A), estrutura em blocos subangulares ou
angulares, ou prismática, de grau moderado ou forte, com cerosidade expressiva
nas superfícies dos agregados ou caráter retrátil.
Esta classe exclui solos com incremento no teor de argila requerido para a
maior parte do horizonte B textural. São, em geral, moderadamente ácidos a ácidos,
com argila de atividade baixa ou com caráter alítico, com composição caulinítico -
oxídica.
Organossolos: Compreende solos pouco evoluídos, com predominância de
características devidas ao material orgânico, de coloração preta, cinzenta muito
escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vegetais, em graus
variáveis de decomposição, em condições de drenagem restrita (ambientes mal a
muito mal drenados), ou em ambientes úmidos de altitudes elevadas, saturados com
água por apenas poucos dias durante o período chuvoso.
Ocorrem normalmente em áreas baixas de várzeas, depressões e locais de
surgentes, sob vegetação hidrófila ou higrófila, quer do tipo campestre ou florestal.
Ocorrem também em áreas que estão saturadas com água por poucos dias (menos
de 30 dias consecutivos) no período das chuvas, situadas em regiões de altitudes
elevadas e úmidas durante todo o ano, neste caso estando normalmente assentes
diretamente sobre rochas não fraturadas.
Planossolos: Os solos desta classe ocorrem preferencialmente em áreas de
relevo plano ou suave ondulado, onde as condições ambientais e do próprio solo
favorecem vigência periódica anual de excesso de água, mesmo que de curta
duração, especialmente em regiões sujeitas à estiagem prolongada, e até mesmo
sob condições de clima semiárido.
Nas baixadas, várzeas e depressões, sob condições de clima úmido, estes
solos são verdadeiramente solos hidromórficos. Embora, em zonas semiáridas e,
mesmo em áreas onde o solo está sujeito apenas a um excesso d’água por curto
período, principalmente sob condições de relevo suave ondulado, não chegam a ser
propriamente solos hidromórficos. Entretanto, é difícil distinguir, sem observações
continuadas e em períodos de seca e chuvosos, se as cores pálidas do solo
resultam ou não da expressão de processos atuais de redução.
37
Plintossolos: Compreende solos minerais, formados sob condições de
restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de
umidade, de maneira geral imperfeitamente ou mal drenados.
Alguns solos desta classe, embora tenham sua gênese associada a
condições de excesso de umidade ou restrição temporária à percolação d’água,
ocorrem nos tempos atuais em condições de boa drenagem, podendo apresentar
cores avermelhadas na maior parte do perfil.
São típicos de zonas quentes e úmidas, mormente com estação seca bem
definida ou que, pelo menos, apresentem um período com decréscimo acentuado
das chuvas. Ocorrem também na zona equatorial perúmida e mais esporadicamente
em zona semiárida.
Vertissolos: Variam de pouco profundos a profundos, embora ocorram
também solos rasos. Em termos de drenagem, variam de imperfeitamente a mal
drenados. Quanto à cor, podem ser escuros, acinzentados, amarelados ou
avermelhados. Fisicamente, quando úmidos, têm permeabilidade muito lenta. A
textura é normalmente argilosa ou muito argilosa, embora possa ser média (com um
mínimo de 300g de argila por kg de solo) nos horizontes superficiais; quanto à
consistência, varia de muito duro a extremamente duro quando seco, sendo firme a
extremamente firme quando úmido, e muito plástico e muito pegajoso quando
molhado.
São solos desenvolvidos normalmente em ambientes de bacias sedimentares
ou a partir de sedimentos com predomínio de materiais de textura fina e com altos
teores de cálcio e magnésio.
38
Mapa 03: Mapa de solos do Estado de Pernambuco. Vê-se os tipos de solos representados por manchas de cores diferenciadas, em cor laranja observa-se os solos Podzólicos comum na Zona da Mata, no Agreste e pequenos focos no Sertão do Estado. Na cor amarela vê-se o solo Latossolo comum na Zona da Mata e presente na parte mais Oeste do Sertão, em cor vermelha tem-se os solos Litólicos presente na parte em o Estado se divide com a Paraíba, em cor branca vê-se os Regossolos bem presente no agreste do Estado, em tom de marrom nota-se os solos Bruno Não Cálcico presente no Sertão do Estado, em cor azul observa-se o solo de Areia Quartzosa e por fim os solos Planossolos representado epela cor cinza e presente na Zona da Mata e Agreste. Fonte: SUDENE. Uso atual e potencial dos solos do Nordeste, 1985. ORG: Maria Jaci Câmara de Albuquerque DES./ ED. GRAF. : Fernando J. C. C. Lins.
39
4 Conceito de degradação do solo e sua aplicação
“A degradação do solo pode ser entendida com a deterioração das suas
propriedades edáficas e tem como uma das principais causas à erosão” (EMBRAPA,
2008). Por sua vez o IBAMA (1990) define degradação de uma área que ocorre
quando a vegetação nativa e a fauna foram destruídas, removidas ou expulsas; a
camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e o regime
de vazão do sistema hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre
quando há perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é
inviabilizado o desenvolvimento socioeconômico‖.
Muitas dessas degradações encontram-se possivelmente nas atividades
agrícolas, industriais e construção civil têm ocasionado o surgimento de áreas
degradadas que destoam claramente de suas características de solo, hídricas,
relevo e biodiversidade original. Um dos problemas mais sérios observados e
sentidos em muitos municípios, tanto no meio rural como urbano, é causado pela
erosão conhecida como ―voçoroca‖, que provoca grandes perdas de solo, causa
problemas sociais, econômicos e ambientais e, ainda, coloca em risco a vida e o
patrimônio da população (EMBRAPA, 2008).
Fundamentados em observações do campo agronômico, diferenciam
processos e fatores de degradação do solo. Os primeiros correspondem às ações e
interações químicas, físicas e biológicas que afetam a capacidade de autodepuração
do solo e a sua produtividade (LAL et al. 1989). Os fatores compreendem os agentes
e catalisadores naturais ou induzidos pelo homem, que colocam em movimento os
processos e causam alterações nas propriedades do solo e nos seus atributos de
sustentação da vida. Entre os processos de degradação induzidos pelo homem
citam a compactação, a erosão acelerada, desertificação, salinização, lixiviação e
acidificação.
Menciona ainda que entre os fatores, a agricultura, indústria e urbanização.
Citam que as alterações produzidas pelos processos geram, entre outros aspectos,
efeitos negativos sobre a qualidade ambiental, estabelecendo, então, a relação com
o conceito de solo enquanto espaço geográfico (―land‖) e, assim, o sentido amplo de
degradação do solo (―land degradation‖). Ainda no campo agronômico, a
degradação de terras agrícolas deve enfocar além dos processos de degradação
40
citados acima, também os aspectos econômicos, uma vez que a perda de
produtividade pode estar relacionada com a degradação do solo.
Segundo POWER & MYERS, citado por DIAS & GRIFFITH (1998), define a
qualidade de um solo como a sua capacidade de manter o crescimento vegetal, o
que inclui fatores como agregação, conteúdo de matéria. Abaixo imagens de solos
em fases de degradação.
Figura 04 e 05: Na figura da esquerda encontra-se um ambiente característico de brejo de altitude com topografia ondulosa e vegetação original completamente ausente o que acelera os processos de degradação incipientes. A direita vê-se uma área com acelerado processo de degradação do solo, com estágio conhecido como ―voçoroca‖, causado pela retirada da vegetação natural, consequentemente a aceleração do escorrimento superficial acarretado pela dificuldade de infiltração da água por falta de vegetação para diminuir os impactos das gotas de água ao chegar no solo. Fonte: Fotos Dr. Cláudio Lucas Capeche, 2011.
4.1 O Problema da Degradação do Solo no Mundo
Segundo o Banco Mundial, os solos agrícolas do mundo vêm se degradando
a uma taxa de 0,1% ao ano, dados que corroboram com os estabelecidos pela FAO,
que apontam a perda de cinco milhões de hectares de terras aráveis por ano devido
a más práticas agrícolas, secas e pressão populacional, além de inúmeras ações
antrópicas de exploração inadequada dos recursos naturais englobando o
compartimento solo.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), através do
GLSOD (Global Assessment of Soil Degradation – Projeto de Avaliação Mundial da
41
Degradação do Solo), registrou que 15% dos solos do planeta (aproximadamente 20
bilhões de ha) uma área do tamanho dos Estados Unidos e Canadá junto, estão
classificados como degradados devido às atividades humanas. Do total desta área
degradada, 5% encontram-se na América do Norte, 12% na Oceania, 14% na
América do Sul, 17% na África, 18% na Ásia, 21% na América Central e 13% na
Europa. Se considerarmos as áreas inabitadas do mundo, o percentual de solos
degradados no planeta sobe de 15% para 24% (OLDEMAN, 1994).
O maior problema que reside nestas constatações é que a maioria destes
solos degradados ou em processo de degradação está nos países menos
desenvolvidos. Estima-se que 39% da população da Ásia (1,3 bilhão de pessoas)
vivam em áreas com tendências para desertificação, na África, 65% dos solos
agrícolas estão degradados e na América Latina e Caribe, o mau uso de produtos
químicos e erosão degradaram 300 milhões de ha.
Na Europa, dados de 2002 publicados pela Comissão Europeia, estabelecem
que 52 milhões de ha (16% da área agrícola total), estão afetados por algum
processo de degradação (salinização, erosão, desertificação, ou excesso de
urbanização). Essa degradação ameaça a fertilidade das terras e a qualidade das
águas. O solo perde a sua funcionalidade e o equilíbrio ecológico em geral.
O problema é potencializado quando se leva em conta que a resiliência
natural de determinadas propriedades solo é muito lenta. Estima-se sob um clima
úmido, que são necessários cerca de 500 anos para que se formem uma camada de
solo de 2,5 cm de espessura. Ainda, segundo o projeto da avaliação mundial da
degradação de solo do PNUD (OLDEMAN, 1994), cinco são os principais fatores de
degradação dos solos listados a seguir (com os seus percentuais de participações
nas áreas mundiais degradadas):
1) Desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura,
florestas comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%);
2) Superpastejo da vegetação (34,5%);
3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como
o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa
qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas
conservacionistas de solo (28,1%);
42
4) Exploração intensiva da vegetação para fins domésticos, como
combustíveis, cercas, etc., expondo o solo à ação dos agentes erosivos (6,8%); e
5) Atividades industriais ou bioindustriais que causam poluição do solo (1,2%).
No continente Sul Americano, segundo o GLSOD, tem-se 244 milhões de ha de solo
degradado, sendo o desmatamento responsável por 41%, o superpastejo por 27,9%,
as atividades agrícolas por 26,2%, a exploração intensa da vegetação por 4,9%. Os
dados relativos de solos degradados na América do Sul em decorrência das
atividades industriais são ínfimos por dois motivos: falta de levantamento sistemático
e global no continente de sites contaminados e/ou degradados pelos processos
industriais e a baixíssima industrialização dos países do continente quando
comparado aos países desenvolvidos e industrializados. No Brasil não existe até o
momento nenhum estudo conclusivo quanto a quantidade e distribuição dos solos
degradados em escala nacional.
É importante ressaltar, que independente da ausência de avaliações exatas a
respeito da extensão de áreas degradadas no Brasil, todas as estimativas apontam
o desmatamento e as atividades agropecuárias como os principais fatores de
degradação dos nossos solos. O impacto causado por obras de engenharia
(estradas, ferrovias, barragens, etc.), por atividades de mineração a céu aberto e por
algumas atividades indústrias, certamente sensibiliza a população de modo geral,
que tende a atribuir a esses fatores a responsabilidade maior pela degradação dos
solos. Essa impressão é plenamente justificável, uma vez que, são atividades
altamente impactantes, pois devem-se lembrar que a degradação não pode ser
avaliada apenas pela extensão, mas também por sua intensidade.
No caso de impactos causados por atividades mineradoras podem resultar
em uma área de influência muito maior que a área de lavra, proporcionando, por
exemplo, a degradação de recursos hídricos, que vão refletir em toda a bacia, como
é o caso clássico de minerações de carvão a céu aberto, onde a oxidação de
sulfetos metálicos que acompanham o minério promove a ocorrência de drenagem
ácida e a solubilização de metais pesados, podendo trazer consequências danosas
para uma área de influência muito além da área de lavra. No entanto, ao avaliar a
extensão de degradação causada por estas atividades, verifica-se que ela é mínima,
principalmente comparando-a ao desmatamento e ao superpastejo nos solos
nacionais.
43
Aliado a essa crescente quantidade de terras agrícolas que estão em
processo degradativo, que leva a perdas de produtividade dos sistemas de produção
agrícola e a decretação por parte dos organismos internacionais como FAO e FMI,
do início da ―Era de alimentos caros‖ em virtude de vários fatores, entre eles:
estoques mundiais baixos, alto preço do petróleo (que encarece os insumos e
incentiva à produção de etanol à base de milho) e demanda crescente
(principalmente da China que aumentou o seu consumo anual de cereais de 450
milhões de toneladas em 2001 para 513 milhões de toneladas em 2007 (Stefano &
Salgado, 2008) e que representa hoje o maior importador de algodão e soja do
mundo), além de uma previsão da população mundial para 8,3 bilhões de pessoas
em 2030, é de se esperar que as políticas nacionais e internacionais de uso e
manejo dos solos sejam direcionadas no caminho da sustentabilidade deste
importante ecossistema chamado solo.
4.2 Causas de Degradação do Solo
É o processo de desgaste e consequente modificação da superfície das terras
(rochas e solos), sendo influenciada por: água, vento, cobertura vegetal, topografia e
tipo de solo. As erosões podem ser classificadas em geológica e antrópica:
4.2.1 Erosão Antrópica: refere-se àquela oriunda da interferência do homem sobre
o ambiente, intensificando a ação da água da chuva e/ou vento sobre o solo
44
Figura 06: Observa-se primeiramente na parte superior da figura um modelo esquemático que ilustra o processo erosivo do tipo antrópica. Em primeiro momento observa-se uma situação original em que a mata nativa mantém os processos dos ciclos naturais da água, carbono, nitrogênio, enxofre, e do fósforo, onde os mesmos encontram-se em harmonia; em outro momento o segundo, observa-se a retirada da cobertura vegetal; e por fim no terceiro momento o solo exposto em consequência da ação erosiva das chuvas, ventos e atividades de aeração agrárias inadequada. Na parte inferior da figura e a esquerda uma ilustração que enfatiza uma voçoroca em uma encosta de morro bastante desmatada; e a direita uma voçoroca em uma peneplanície, ao fundo pode ser visto uma encosta com a cobertura vegetal intacta e sem erosão. Fonte: G. Sparoveck, 2011.
4.2.2 Erosão geológica: refere-se àquela oriunda da atividade geológica (água, vento e
gelo) sobre a superfície terrestre, correspondendo a um processo natural, sem a
interferência do homem. As erosões do tipo geológica podem ser divididas em vários
tipos, dependendo das condições locais:
Erosão hídrica - corresponde à ação da água sobre a superfície do solo,
promovendo três processos fundamentais: desagregação, transporte e deposição
das partículas do solo.
Desagregação das partículas do solo - a desagregação ocorre devido ao
impacto das gotas de chuva sobre a superfície do solo sem cobertura vegetal
(viva ou morta), provocando o selamento superficial dos primeiros centímetros
do solo, a redução da infiltração da água e o escorrimento superficial.
Transporte das partículas – o transporte das partículas ocorre devido ao
escoamento superficial da água que não infiltrou no solo. Dependendo da
intensidade de escorrimento o arraste do solo pode ocorrer superficialmente
45
no terreno (erosão laminar - a erosão laminar ocorre de maneira lenta e é de
difícil mensuração, porém sempre se espalha sobre extensas áreas,
chegando a recobrir cerca de dois terços ou mais das encostas, em uma
bacia de drenagem, durante um pico de evento chuvoso (HORTON, 1945). É
considerada por muitos autores como o principal responsável pela maior
produção de sedimento em uma bacia hidrográfica (Marques, 1950; Marques
et al., 1961; Morgan, 1986; Stocking, 1987; Selby, 1993; Thomas, 1994), em
canais pouco a medianamente profundos, abertos pela força da enxurrada
(erosão em sulcos - de acordo com a classificação do DAEE-IPT (1990), os
sulcos constituem feições alongadas e rasas (inferiores a 50 cm)), ou através
de grandes sulcos, os quais concentram grande quantidade de água (erosão
em voçorocas – ainda acordo com a classificação do DAEE-IPT (1990) as
boçorocas tem dimensões superiores e atingem o lençol de água subterrânea,
havendo portanto processo de erosão subterrânea (piping) ).
Deposição das partículas – a deposição das partículas é o processo final da
erosão e consiste no armazenamento do solo erodido em rios, lagos,
represas, açudes, terraços.
Erosão eólica - consiste na ação do vento causando a desagregação de
rochas, bem como dos agregados do solo, e, ainda, no transporte e deposição do
material desagregado.
4.3 Fatores que contribuem para a erosão
Segundo Sengik, (2005) a erosão é causada por forças ativas, como as
características da chuva, a declividade e comprimento do declive do terreno e a
capacidade que tem o solo de absorver água, e por forças passivas, como a
resistência que exerce o solo à ação erosiva da água e a densidade da cobertura
vegetal.
46
4.3.1O ciclo superficial da água e sua relação com o solo
Segundo Sengik (2005) a chuva é um dos fatores climáticos de maior
importância na erosão dos solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem
da intensidade, duração e frequência da chuva. A intensidade é o fator pluviométrico
mais importante na erosão, embora a intensidade seja o fator mais importante,
assim, quanto maior a intensidade de chuva, maior a perda de solo por erosão.
Dados obtidos (CASTRO, 1999) revelou que, para uma mesma chuva total de
21mm, uma intensidade de 7,9mm produziu uma perda de terras cem vezes maior
que uma de 1mm.
A erosividade é a habilidade da chuva em causar erosão (HUDSON, 1961).
Esta relaciona-se com o total de chuva, a sua intensidade, o momento e a energia
cinética. Em climas tropicais, por exemplo, também são considerados importantes a
variação sazonal e a ocorrência de eventos anômalos (THOOMAS, 1994).
A frequência das chuvas é um fator que influi nas perdas de terras pela
erosão. Se os intervalos entre elas são curtos, o teor de umidade do solo é alto, e
assim as enxurradas são mais volumosas, mesmo com chuvas de menor
intensidade.
As gotas de chuva que golpeiam o solo são um agente que contribui para o
processo erosivo pelo menos por três formas: a) Desprendem partículas de solo no
local que sofre o impacto; b) Transportam por salpicamento, as partículas
desprendidas; c) Imprimem energia em forma de turbulência, à água superficial.
47
4.3.2 O ciclo sub-superficial da água no solo
A Infiltração é o movimento da água para dentro da superfície do solo. Quanto
maior sua velocidade, menor a intensidade de enxurrada na superfície e,
consequentemente, reduz-se a erosão. O movimento de água através do solo é
realizado pelas forças de gravidade e de capilaridade; esse movimento através dos
grandes poros, em solo saturado, é fundamentalmente pela gravidade, enquanto em
um solo não saturado é principalmente pela capilaridade.
Durante uma chuva, a velocidade máxima de infiltração ocorre no começo,
e usualmente decresce muito rapidamente, de acordo com alterações na estrutura
da superfície do solo. Se a chuva continua, a velocidade de infiltração gradualmente
aproxima de um valor mínimo, determinado pela velocidade com que a água pode
entrar na camada superficial e pela velocidade com que ela pode penetrar através
do perfil do solo (SENGIK, 2005).
4.3.3 A influência da morfologia no solo
A topografia do terreno pela declividade e pelo comprimento dos
lançantes, exercem acentuada influência sobre a erosão. O tamanho e a quantidade
do material em suspensão arrastado pela água dependem da velocidade cm que ela
escorre, e essa velocidade é uma resultante do comprimento do lançante e do grau
de declive do terreno (SENGIK, 2005).
Do grau de declive dependem diretamente o volume e a velocidade das
enxurradas que sobre ele escorrem. Aires (1999) apresenta alguns princípios de
hidráulica que, teoricamente, podem explicar as relações entre a velocidade da água
e o seu poder erosivo: (a) a velocidade da água varia com a raiz quadrada da
distância vertical que ela percorre, e a sua energia cinética, de acordo com o
quadrado da velocidade; a energia cinética é a capacidade erosiva. Assim, se o
declive do terreno aumenta quatro vezes, a velocidade de escorrimento da água
aumenta duas vezes e a capacidade erosiva quadruplica; (b) a quantidade de
48
material que pode ser arrastado varia com a quinta potência da velocidade de
escorrimento; (c) o tamanho das partículas arrastadas varia com a sexta potência da
velocidade de escorrimento.
O comprimento de rampa não é menos importante que o declive, pois à
medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas vão-se
avolumando proporcionalmente como, também, a sua velocidade de escoamento vai
aumentando progressivamente. Em princípio, quanto maior o comprimento de
rampa, mais enxurrada se acumula, e a maior energia resultante se traduz por uma
erosão maior.
4.3.4 Os diferentes tipos de solo e sua relação com os processos
erosivos
A erosão não é a mesma em todos os solos. As propriedades físicas,
principalmente estrutura, textura, permeabilidade e densidade, assim como as
características químicas e biológicas do solo exercem diferentes influências na
erosão. Suas condições físicas e químicas, ao conferir maior ou menor resistência à
ação das águas, tipificam o comportamento de cada solo exposto a condições
semelhantes de topografia, chuva e cobertura vegetal (SENGIK, 2005).
A textura, ou seja, o tamanho das partículas é um dos fatores que influem
na maior ou menor quantidade de solo arrastado pela erosão. Assim, por exemplo, o
solo arenoso, com espaços porosos grandes, durante uma chuva de pouca
intensidade, pode absorver toda água, não havendo, portanto, nenhum dano;
entretanto, como possui baixa proporção de partículas argilosas que atuam como
uma ligação de partículas grandes, pequena quantidade de enxurrada que escorre
na sua superfície pode arrastar grande quantidade de solo. Já no solo argiloso, com
espaços porosos bem menores, a penetração da água é reduzida, escorrendo mais
na superfície; entretanto, a força de coesão das partículas é maior, o que faz
aumentar a resistência à erosão (SENGIK, 2005).
A estrutura, ou seja, o modo como se arranjam às partículas de solo,
também é de grande importância na quantidade de solo arrastado na erosão. A
49
matéria orgânica retém de duas a três vezes o seu peso em água, aumentando
assim a infiltração, do que resulta uma diminuição nas perdas por erosão. A
profundidade do solo e as características do subsolo contribuem para a capacidade
de armazenamento da água no solo que esse mesmo solo com um subsolo mais
compacto e pouco permeável (SENGIK, 2005).
4.3.5 A importância da cobertura vegetal para a proteção do solo
A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão. O
efeito da vegetação pode ser assim enumerado: (a) proteção direta contra o impacto
das gotas de chuva; (b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes
que atinja o solo; (c) decomposição das raízes das plantas que, formando
canalículos no solo, aumentam a infiltração da água; (d) melhoramento da estrutura
do solo pela adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de
retenção da água; (e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo
aumento do atrito na superfície.
A cobertura vegetal é o fator de maior relevância na proteção dos solos,
pois afeta a sua erosão de várias maneiras, a saber: através dos efeitos espaciais
da cobertura vegetal, dos efeitos de energia cinética da chuva e do papel da
vegetação na estabilidade dos agregados de solos (GUERRA, 1994). A cobertura
vegetal reduz as taxas de erosão do solo através de: proteção ao impacto da chuva,
diminuição da água disponível ao escoamento superficial, decréscimo da velocidade
de escoamento superficial e aumento da capacidade de infiltração de água no solo
(COOKE & DOORNKAMP, 1990). Quando cai em um terreno coberto com densa
vegetação, a gota de chuva se divide em inúmeras gotículas, diminuindo também,
sua força de impacto. Em terreno descoberto, ela faz desprender e salpicar as
partículas de solo, que são facilmente transportadas pela água. A vegetação, ao
decompor-se, aumenta o conteúdo de matéria orgânica e de húmus do solo,
melhorando-lhe a porosidade e a capacidade de retenção de água (SENGIK, 2005).
50
Tipo de uso
Perdas de solo Runoff
t/ha/ano % da chuva
Mata 0,001 1,1
Pastagem 1,0 1,6
Cafezal 1,4 1,6
Algodoal 36,0 8,2
Quadro 05: Tabela de diferentes formas de uso de solo com diferentes quantidades de perda de solo e de água. A coluna da esquerda elucida o tipo de vegetação em analise, a coluna central o total de perdas de solo por t/ha e por fim a coluna da direita a perda de água provenientes das precipitações pluviométrica em porcentagem. Os dados foram obtidos em pesquisa de solo em Campinas Estado de São Paulo. Fonte: Lal (1990).
Na tabela acima percebe-se a perda de solo numa área natural, sem ação
antrópica, que apresenta uma quantidade mínima de perda de solo com 0,001 t/ha,
apenas, e uma perda mínima de água de 1,1% provenientes das precipitações.
Diferentemente de uma área em que em que a ação humana está presente, no caso
do uso agrícola do cultivo de algodoeiro, que chega a 36,0 t/ha o que representa
uma enorme perda de solo e de água com 8,2% de perda de precipitações, que
provavelmente se perde por escorrimento superficial e evaporação, dessa forma
causando a perda do solo por erosão.
A vegetação também tem papel importante no processo da erosão eólica,
reduzindo a velocidade do vento na superfície do solo e absorvendo a maior parte
da força exercida por ele. Aprisionando as partículas de solo, a vegetação previne a
formação de nuvens de areia e impede que tais partículas sejam carregadas pelo
vento. A vegetação é mais eficiente, porém, se os restos culturais estão bem fixados
no solo, é benéfica na redução da erosão eólica.
51
4.3.5.1 A retirada da cobertura vegetal e as consequências para o
solo
As florestas e matas naturais encontram-se praticamente em equilíbrio, cheias
de vida, tanto nos seus solos, como nos rios e lagos. Isto pode ser comprovado pela
grande quantidade e variedade de espécies vegetais e animais, também chamado
de biodiversidade. A derrubada das florestas visando o uso com a atividade
agropecuária e/ou a exploração para a retirada de madeiras, tem sido o principal
agente destruidor da vegetação. Essas práticas deixam o solo exposto a ação da
chuva e do vento, além de destruir a matéria orgânica, principal responsável pela
fertilidade e vida do solo (CAPECHE, CLAUDIO LUCAS, 2005).
4.3.5.2 As consequência da queimada para a camada superficial do
solo
O fogo é uma técnica do Neolítico, amplamente utilizada na agricultura
brasileira, apesar dos inconvenientes agronômicos, ecológicos e de saúde pública.
As queimadas ocorrem em todo território nacional, desde formas de agricultura
primitivas, como as praticadas por indígenas e caboclos, até os sistemas de
produção altamente intensificados, como a cana de açúcar e o algodão. Elas são
utilizadas em limpeza de áreas, colheita da cana de açúcar, renovação de
pastagens, queima de resíduos, para eliminar pragas e doenças, como técnica de
caça etc. Existem muitos tipos de queimadas, movidas por interesses distintos, em
sistemas de produção e geografias diferentes. (EMBRAPA – Monitoramento por
Satélite, 2011).
Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), durante
o período de junho a novembro, grande parte do país é acometido por queimadas,
que se estendem praticamente por todas as regiões, com maior ou menor
intensidade. O fogo é normalmente empregado para fins diversos na agropecuária,
na renovação de áreas de pastagem, na remoção de material acumulado, no
preparo do corte manual em plantações de cana-de-açúcar etc. Trata-se de uma
52
alternativa geralmente eficiente, rápida e de custo relativamente baixo quando
comparada a outras técnicas que podem ser utilizadas para o mesmo fim. Os
Estados que, tradicionalmente, apresentam maior número de focos de calor são
Mato Grosso e Pará.
A queimada descobre a superfície do solo transformando em cinzas e vapor
no ar a vegetação existente, elimina a matéria orgânica do solo, eleva a temperatura
do solo, Volatiliza N e S, destrói os micro-organismos do solo, assim possibilitando o
agravamento do desgaste do solo e potencializando os processos iniciais da erosão.
Figura 07: Observa-se uma área em que o processo de limpeza de terreno baseado em prática do tipo queimada. Esse tipo manejo tradicional tem sido ainda praticado, principalmente ente os agricultores sem conhecimento adequado sobre o uso do solo. Essa prática inadequada destrói a camada superficial ou o solo orgânico, proporcionando sua exposição ao sol e chuva, aumentando a eficiência dos processos erosivos. Localidade sítio Oitis, Brejo da Madre de Deus-PE. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
53
4.3.5.3 Uso inadequado do Solo
O modo como a terra é manejada, ou seja, se está ou não recoberta de
vegetação, bem como o sistema de cultivo, são também fatores importantes para
condicionar uma maior ou menor mobilidade dos solos.
Os tipos de uso e ocupação do solo são considerados pela maioria dos
autores como responsáveis pelo desencadeamento e/ou a aceleração dos
processos erosivos nas encostas. As práticas agrícolas e de manejo de solo
inadequados provocam a intensificação dos processos erosivos, pela exposição,
remobilização e desagregação dos solos, e a alteração do escoamento superficial. A
urbanização impõe modificações sérias no sistema de drenagem superficial e
subsuperficial, que aceleram os processos erosivos nas encostas e nos vales
fluviais, através de desmatamentos, aterros, impermeabilização dos solos,
canalizações que subestimam o potencial hidráulico das drenagens, e construção de
estradas e de reservatórios.
Figura 08: Modelo elucidando as consequências das práticas inadequada do uso do solo: 1- Terreno desmatado em área de encostas com grande aclives favorecendo a erosão do solo por gravitação; tornando; 2- Terreno cultivado em encostas tende a perder os nutrientes do solo pelas enxurradas e escoamento de matéria orgânica para área mais baixa; 3- Assoreamento de rios por excessiva carga de sedimentos oriundos das encostas desmatadas; 4- Erosão com voçoroca carreadas para área de terras cultivadas; 5- Ocupação urbana no topo do morro propiciando desmoronamento e aumento de escoamento superficial por pavimentação e expansão urbana; 6. Lavouras cultivadas em área aclives sem uso de curva de nível com bastante possibilidade de ampliar a erosão; 7- Cultivo de pastagem para alimentação de gado; 8- Inundações provocadas pela excessiva carga de sedimentos oriundos das encostas, por processos naturais e por processos antrópicos oriundos de áreas desmatadas. Fonte: Souza Cruz, 2011.
54
5 Aspectos jurídicos ambiental
Sobre a conservação dos recursos naturais em especial a vegetação e o solo,
a nova lei do código florestal atribui:
Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de
vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com
as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e
3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
2001)
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos
recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei,
as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto
em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989)
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de
largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a
50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a
200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
55
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803
de 18.7.1989)
5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água",
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta)
metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a
100% na linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do
relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
(Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação.
Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim
declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação
natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras;
b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
56
6 Caracterização do Município de Brejo da Madre de Deus
O município do Brejo da Madre de Deus localiza-se na Mesorregião do Agreste
Pernambucano, especificamente na Microrregião do Vale do Ipojuca, faz fronteiras
ao Norte com o município de Santa Cruz do Capibaribe, ao Sul com Belo Jardim, ao
Oeste com Caruaru, e ao Leste com Jataúba. A área é delimitada pelo paralelo de S
- 08º08'45", e o meridiano de W - 36º22'16". O acesso ao município mais utilizado é
o rodoviário, através das BR – 232, BR – 104 e PE – 145 que possui uma distância
da capital Recife de aproximadamente 204 Km.
A sede municipal encontra-se a 627 m de altitude e próximo está localizado o
teto máximo do estado de Pernambuco, com 1.195 m de altitude, localmente
conhecido como Serra do Ponto (Alecrim, Elísio, 2003)
Figura 09 e 10: Observa-se um polígono que compreende os limites do município de Brejo da Madre de Deus. As cores representam as cotas altimétricas do município. O tom verde as cotas que variam entre 650m à 1.18 m no ponto mais culminante do município e nesse local que se situam as área abrejadas e mais úmidas do município. As demais cores representam as cotas que variam entre 400 a 550, trata-se de uma área mais seca e predomina o clima tipo quente e seco. A linha vermelha que corta o município da direita para esquerda (leste – oeste) é a PE-145, já os traços azuis representa os cursos d’água que se orientam no sentido sul-norte. Fonte: Beth/CONDESB, 2008.
57
6.1 Aspectos Socioeconômicos do Município de Brejo da Madre de Deus
O município foi criado em 20/06/1893, pela Lei Estadual nº 52, sendo formado
pelos distritos: Sede e Fazenda Nova e pelos povoados: Barra do Farias,
Caldeirões, Logradouro, Mandaçaia, São Domingos e Fazenda Velha. De acordo
com o censo 2010 do IBGE, a população residente total é de 45.192 habitantes
sendo 35.135 (77,7%) na zona urbana e 10 057 (22,3%) na zona rural. Os
habitantes do sexo masculino totalizam 22 150 (49,01) %, enquanto que do feminino
totalizam 23 042 (50,99) sua densidade demográfica é de 59,3 hab/Km², perfazendo
uma superfície de aproximadamente 762 Km², equivalente a 0.79 % do Estado de
Pernambuco (IBGE, 2006)..A rede de saúde se compõe de 02 Hospitais, 81 Leitos,
22 Ambulatórios, e 48 Agentes Comunitários de Saúde Pública. A taxa de
mortalidade infantil, segundo dados da DATASUS é de 86,95 para cada mil crianças.
Na área de educação, o município possui 58 estabelecimentos de ensino
fundamental com 9759 alunos matriculados, e 05 estabelecimentos de ensino médio
com 585 alunos matriculados. A rede de ensino totaliza 175 salas de aula, sendo 28
da rede estadual, 118 da municipal e 29 particulares. Dos 9 654 domicílios
particulares permanentes, 6133 (63,5)% são abastecidos pela rede geral de água,
717 (7,4)% são atendidos por poços ou fontes naturais e 2804 (29,0)% por outras
formas de abastecimento. A coleta de lixo urbano atende 4212 (43,6)% dos
domicílios.
Os gastos sociais per capita são R$ 26,00 em educação e cultura, R$ 01,00
em habitação e urbanismo, R$ 09,00 em saúde e saneamento e R$ 12,00 em
assistência e previdência social (2000). Os setores de atividade econômica formais
são: Indústria de transformação, gerando 85 empregos em 08 estabelecimentos,
Comércio com 56 em 33, Serviços com 55 em 08, Administração pública com 690
em 03, Construção civil com 1 em 1, e Agropecuária, extrativismo vegetal, caça e
pesca com 23 em 07.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDH-M é de 0,579. Este
índice situa o município em 151o no ranking estadual e em 4998º no nacional.
58
O Índice de Exclusão Social, que é construído por 07 (sete) indicadores
(pobreza, emprego formal, desigualdade, alfabetização, anos de estudo,
concentração de jovens e violência) é de 0,301, ocupando a 166º colocação no
ranking estadual e a 5.246º no ranking nacional.
6.2 Características Geológica do Município de Brejo da Madre de
Deus
Geologicamente, o corpo granítico do Batólito Brejo da Madre de Deus é parte
integrante do Batólito Caruaru-Arcoverde, o maior corpo da associação cálcio-
alcalina de alto potássio da Província Borborema, ocupando a porção centro-leste do
mesmo e situado entre os municípios de Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus
(Melo, 2002). A extensão lateral leste do batólito corresponde ao complexo ígneo
cálcioalcalino de alto potássio Fazenda Nova/Serra da Japecanga (Neves e
Vouchez, 1995). As rochas encaixantes do batólito Brejo da Madre de Deus são, ao
sul, biotita xistos granatíferos, paragnaisses e ortognaisses graníticos a
granodioríticos, e, a norte, ortognaisses graníticos a dioríticos e migmatitos.
A trama magmática, segundo Melo (op. cit.), possui, na porção central, foliação
com direção aproximadamente NE-SW e mergulho variando de moderados a fortes
para SE ou NW. No restante do batólito, predominam direções EW-NS e mergulhos
fracos. Ainda na porção central observam-se zonas de cisalhamento mesoscópicas
(Z. C. Fazenda Nova) exibindo critérios cinemáticos sinistrais originada em estágio
submagmático, mostrando uma evolução na deformação de fluxo viscoso a
deformação no estado sólido.
59
MAPA GEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS
Mapa 03: Mapa Geológico do Município de Brejo da Madre de Deus. Vê-se em tom Vermelho escuro que está presente na região brejeira do município a unidade litoestratigráfica Np3 – 2cm – Suíte calcialcalina de médio a alto potássio Itaporanga (cm): granito e granodioritoporfirítrico associado a diorito 588 Ma U-Pb. Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2008.
60
6.3 Características Pedológica do Município de Brejo da Madre de
Deus
Tomando-se como base a classificação utilizada pelo levantamento de baixa
e média intensidade de solos do Estado de Pernambuco produzido pela EMBRAPA
– Solos (2002), a área de estudo apresenta um mosaico se solos.
Mapa 04: Mapa pedológico do município de Brejo da Madre de Deus. No mapa encontram-se cinco tipos de solos: em tom verde claro está presente o solo Planossolo que está bem presente na região do extremo Norte e centro-leste; em tom de marrom escuro observa-se-se o solo Brunos não cálcicos presente em menor proporção no município; de cor marrom claro e salteados em pequenas manchas por boa parte do município está os solos Litólicos; de cor amarelo claro observa-se, em menor quantidade no município o solo denominado Regossolos e por fim em to, de cinza escuro, em maior proporção e presente em toda região brejeira está presente o solo Podzólico Vermelho Amarelo que na nova classificação de solos é o Argissolos. Fonte: Zoneamento Agroecológicode Pernambuco - ZAPE (Silva, et. al., 2001) Direitos reservados: Embrapa Solos, UEP Recife.
A área apresenta Patamares Compridos e Baixas Vertentes, onde o relevo é
suave ondulado, com Planossolos mal drenados, fertilidade natural média e
problemas com acúmulo de sais; Topos e Altas Vertentes com solos Brunos não
Cálcicos, rasos e fertilidade natural alta; Topos e Altas Vertentes do relevo ondulado
com solos Podzólicos drenados, com fertilidade natural média e as Elevações
Residuais com solos Litólicos rasos, pedregosos e fertilidade natural média
(BRASIL, 2005).
61
6.4 Características Geomorfológica do Município de Brejo da Madre
de Deus
Geomorfologicamente, a área do município de Brejo da Madre de Deus
apresenta-se como um mosaico de morfofeições, largamente associado a
superfícies aplainadas e pouco dissecadas. As formas inter-montanas são
decorrentes das diversas fases de denudação pós-cretácea da Borborema. Os
pedimentos se elevam em pequenos patamares sem que haja uma ruptura brusca
de gradiente condicionada por uma trama de falhas, ocasionando o confinamento de
pequenos depósitos em alvéolos restritos ao ambiente fluvial.
Mapa 05: Mapa Geomorfológico da área de Brejo da Madre de Deus. Em tom marrom escura vêm-se as unidades de cimeira de 700 á 900 metros de altitude localizado no centro-leste; em tom marrom claro observa-se as encosta de degradação distribuído em três partes do município bordeando essas áreas vê-se as encostas de agregação; em tom de cinza escuro está representado os maciços residuais e em tom mais claro os Inselberg espalhados no município; nos tons verde escuro à claro vê-se as unidades pedimentares, do tom mais claro com 250 metros ao tom mais escuro com 650
metros de altitude. Fonte: Rhaissa Francisca Tavares de Melo, Danielle Gomes da Silva e Antônio
Carlos de Barros Corrêa.
A uniformidade topográfica da superfície dos pedimentos só é interrompida
pelos relevos residuais em forma de inselbergs e alinhamentos de serras, com
altitudes variando de 500 a mais de 900 m, testemunhos das antigas superfícies
cenozóicas. Os relevos residuais apresentam-se orientados segundo as direções
62
preferenciais da estrutura regional, NE-SW, formando vales profundos e encaixados,
com controles estruturais indicando movimentação tectônica possivelmente neo-
cenozóica associada à reativação de antigas estruturas com descida do nível de
base a sudoeste e subida a noroeste, ocasionando perda de nascentes fluviais e
captura de drenagem (mapa 05).
63
6.5 Características da cobertura vegetal e Altimetria
O município de Brejo da Madre de deus possui naturalmente dois tipos
vegetacionais em dois diferentes tipos climáticos, a vegetação da região semiárida
que é a Caatinga que está compreendida na maior parte do município e na região
brejeira encontra-se a vegetação de Mata Atlântica compreendida em menor área do
município. Também encontra-se na interface dos dois tipos vegetacionais uma
vegetação de transição entre esses dois biomas.
Mapa 06: Mapa de densidade vegetacional do município de Brejo da Madre de Deus, distribuição fitofisiográfica a partir da classificação da imagem com valores do índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN). Observa-se a representação da densidade da vegetação ajustada ao solo, vê-se na área avermelhada porções não vegetadas ocupadas por rios, barragens, áreas completamente desmatadas e centros urbanos; nas áreas de tom bege vê-se uma vegetação esparsa que apresentam locais desmatados em recuperação, focos produtivos agrícola e pecuário; já nas áreas de tom verde claro-escuro observa-se áreas pouco antropizadas com vegetação semi-densa à densa. Percebe-se que na área central do município encontra-se uma vegetação densa, mesmo sendo na região semiárida e de vegetação caatinga, já localização sudoeste vê-se pequenas porções de vegetação densa de mata atlântica na região brejeira, motivo dessas pequenas porções de vegetação densa é causada pela alta retirada da vegetação para prática agrícola, pecuária e estacas madeiras para construção civil. Fonte: RBGF- Revista Brasileira de Geografia Física Recife-PE Vol.1 n.02 Set/Dez 2008,15-29, Silva, M. D.; Galvíncio, J. D.& Pimentel, R. M. M. . Pernambuco, em julho/2007.
64
O relevo do município de Brejo da Madre de Deus é atípico de outros
municípios da região semiárida do Nordeste. Na região do brejo de altitude o relevo
é altamente ondulado e declivoso, com serras de cotas altimétricas acima de 1000
metros acima do nível do mar. A medida que segue para região semiárida encontra-
se bastantes áreas pediplaniziadas e pedimentadas.
Mapa 07: Na orientação sudoeste encontram-se as maiores cotas altimétricas que em direção ao
norte seguindo uma diagonal a altimetria vai decrescendo até chegar as menores cotas Município do Brejo da Madre de Deus. Em tom de cinza encontra-se os pontos de maior altimetria que chega aos 1099 metros nas áreas de tom vermelho observa-se cotas até 899 metros ambos presentes na região brejeira. Já nas cores de tom verde vêm-se as áreas de menor altimetria encontrados na região semiárida norte do município com cotas iniciais de 299 metros de altitude. Fonte: RBGF- Revista Brasileira de Geografia Física Recife-PE Vol.1 n.02 Set/Dez 2008,15-29, Silva, M. D.; Galvíncio, J. D.& Pimentel, R. M. M.Pernambuco, em julho/2007.
65
Figura 11. Aspectos geomorfológicos da área de ocorrência de Brejo de Altitude. Na indicação da seta em vermelho temos uma representação de como ocorre o relevo do município com brejo de latitude, vê-se um culme de maior altimetria de cor verde com pigmentos acinzentados e nas bases áreas de tom marrom são as localidades de menor altitude. Fonte: SOS Mata Atlântica, 1993.
6.6 Recursos hídricos do Município de Brejo da Madre de Deus
O município de Brejo da Madre de Deus encontra-se inserido nos domínios da
Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe. Seus principais tributários são: o Rio
Capibaribe e os riachos: Boi Manso, Doce ou Mulungu, das Barracas, da Jurema,
Açudinho, dos Poços, Tabocas, Quixabeira, Fundo, do Brejo da Madre de Deus,
Mandacaru do Norte, Jacaré, da Cachoeira, Mandacaru do Sul, da Onça, Santana,
Santo, Betume e Veado Podre. Os principais corpos de acumulação são os açudes:
Machado (1.228.340 m³) e Oitís (3.020.159 m³). Todos os cursos d’água no
município tem regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o
dendrítico (CPRM - Serviço Geológico do Brasil).
66
Figura 12: Em primeiro plano vê-se o espelho d’água da represa - barragem na comunidade denominada Sítio Oitis, ao fundo escarpas cristalinas do grande conjunto geológico-geomorfológico denominado Planalto da Borborema. O espelho da água assenta-se sob uma massa de solo com embasamento cristalino impermeável. Grande parte dessa água represadas é para o uso de irrigação e lazer para população local, municipal e de outros municípios. Latitude S- 08º05’371‖; W- Longitude 36º22’464‖ e altitude 563 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
6.6.1 Águas Subterrâneas
O município de Brejo da Madre de Deus está totalmente inserido no Domínio
Hidrogeológico Fissural. O Domínio Fissural é composto de rochas do embasamento
cristalino que englobam o subdomínio rochas metamórficas constituído do Complexo
Belém do São Francisco, Complexo Vertentes, Complexo São Caetano, Suite Serra
de Taquaritinga e do Complexo Salgadinho e o sub-domínio rochas ígneas da
Suitecalcialcalina Itaporanga, Suite peraluminosa Xingó, Suites hosonítica Salgueiro-
Terra Nova, Granitóides e da Suite Máfica (CPRM - Serviço Geológico do Brasil).
67
6.7 Características Climáticas do município de Brejo da Madre de
Deus
Segundo os pesquisadores Rhaissa Francisca Tavares de Melo, Danielle
Gomes da Silva e Prof. Dr. Antonio Carlos de Barros Corrêa as condições climáticas,
em linhas gerais, não diferem das existentes no semiárido nordestino, onde as
condições de extrema semiaridez transitam gradualmente para condições de maior
umidade em função de posições topograficamente mais elevadas dentro da região.
Tomando-se como ponto inicial à precipitação, a média anual no distrito de Fazenda
Nova, a 509 m de altitude, situa-se em torno de 557,5 mm, com período seco de 7 a
8 meses de duração e os valores máximos de precipitação concentrando-se no
trimestre março, abril e julho, totalizando 50% da precipitação anual. A sede
municipal de Brejo da Madre de Deus registra 844 mm, concentrados nos meses de
março a julho, com cerca de 75% do total de precipitação anual.
O clima é do tipo Tropical Semiárido com chuvas de verão; o período
chuvoso tem início em novembro e término em abril, com precipitação média anual
de 431,8 mm e; a temperatura média anual é equivalente a 22°C (BRASIL, 2005).
A ocorrência de concentração de precipitação acima de 100 mm em Brejo da
Madre de Deus e Fazenda Nova nos meses de março/abril denota a influência da
zona de convergência intertropical (ZCIT), que apresenta sua maior expansão
nesses meses no hemisfério sul (cerca de 4ºS em média), como também pelas
ondas de este (EW) e as correntes perturbadas de sul (FPA).
Quanto à temperatura média anual, Fazenda Nova apresenta o valor de
22,7ºC,com médias máximas em novembro e dezembro de 31,7ºC e mínima em
agosto e setembro, de 17,9ºC. Entretanto, em Brejo da Madre de Deus a
temperatura média anual é de 22,2ºC, com médias máximas mais elevadas entre
dezembro e janeiro de 23,5ºC, e mínimas entre julho, agosto e setembro, 16,5ºC.
Essas temperaturas mais amenas são devidas principalmente à orografia.
A seguir gráficos pluviométricos do município de Brejo da Madre de Deus, de
sua sede do ano de 1984 a 2010 e de suas localidades rurais.
68
Figura 13: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.600 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações, nota-se uma variação das precipitações anuais, sendo assim uma localidade de muita irregularidade de chuvas. Tendo a maior precipitação no ano de 1985 atingindo 1.392 mm/ano e menor índice no ano de 1990 atingindo apenas 651 mm/dia. Fonte: EMATER; EBAPE e IPA (2011).
Figura 14: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.400 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações. Verifica-se a irregularidade pluviométrica, tendo seu maior índice no ano de 1997 atingindo 1.175,8 mm e com menor índice ocorrendo no ano de 1993 apresentando apenas 367,5 mm. Fonte: EMATER, EBAPE, IPA – Brejo da Madre de Deus, 2011.
968
1392
1124,7
830,4 941,5
1046,8
651
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1 2 3 4 5 6 7
Precipitação (mm)
Índecis Pluviométricos Anuais do Brejo da Madre de Deus do ano 1984 a 1990
1gvrtfbtgggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggg 1985 1986 1987 1988 1989
760,1
1139,8
367,5
895
998,6
853
1175,8
504
807
1158
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1.000,00
1.200,00
1.400,00
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Série1
Índices Pluviométricos Anuais do Município de Brejo da Madre de Deus mm Precipitaçao
1984 1990
69
Figura 15: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.400 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações. Vê-se uma certa regularidade pluviométrica a partir do ano de 2004 e os seis anos subsequentes, tendo com maior índice o ano de 2010 atingindo 1.326,8 mm e com menor índice o ano de 2003 alcançando os 691 mm. Fonte: EMATER, EBAPE, IPA – Brejo da Madre de Deus, 2011.
Os índices pluviométricos do município de Brejo da Madre são coletados no
escritório local do Instituto Agronômico de Pernambuco– IPA, localizando no centro
da cidade, ao lado da igreja Nossa Srª. do Bom Conselho, com os o par de
coordenadas latitude S – 08º 08’ 58‖ e longitude W - 36º 22’ 13‖olocal está a 636
metros de altitude do nível do mar. Nos índices nota-se que existe uma
irregularidade nos quantitativos precipitados do ano de 1984 ao ano 2010, tendo
com menor índice o ano de 1993 atingindo 367,5 mm e com o maior índice
ocorrendo no ano de 1985 atingindo 1.392 mm, tendo uma diferença entre o maior e
o maior índice de 1.024,5 mm, o quê representa uma extrema irregularidade.
Observando os três gráfico pluviométricos acima, vê-se que nos últimos sete anos
existem uma maior regularidade. Nos últimos 27 anos em que se mediu os índices
pluviométricos na sede da cidade têm-se uma média de 976,0 mm/anual, o que
representa uma média relativamente superior ao das médias das cidades do
semiárido nordestino, característica essa que diferencia o município em estudo do
seu entorno, sendo o mesmo localizado em um brejo de altitude, fator esse que
proporciona esses índices pluviométricos.
911,2
1048,8
691
1278,3
1149
805,1
1059,5
1167
1303,5 1326,8
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Série1Precipitação mm mm Índices Pluviométricos Anuais do Município de Brejo da Madre
de Deus
70
Figura 16: Índices pluviométricos anual da sede e das áreas rurais do município de Brejo da Madre de Deus do ano 2010. O gráfico apresenta em sua coluna da esquerda os índices pluviométricos referencias de 0 a 1.800 mm, no centro, observam-se na parte superior os quantitativos pluviométricos em mm e na parte inferior as localidades onde existem pluviômetros e por fim na coluna da direita a legenda, sendo representada por cores que indicam cada região do município. Fonte: IPA e CONDESB – Brejo da Madre de Deus, 2010.
Nota-se que no gráfico acima existem colunas com quatro cores diferentes.
As colunas vermelhas representam a região brejeira (Xéu, Ladeira Preta, Cavalo
Ruço e Amaro) com índices pluviométricos mais expressivos chegando a atingir na
comunidade de Ladeira Preta 1.644 mm/ano, as colunas de cor azul representam a
região semiárida do município (Brejinho, Paridas, São Paulo, São Domingo,
Queimadas e Baraúnas) tendo os índices de chuvas de menor expressividade, com
índice na comunidade de queimadas atingindo apenas 395 mm/ano, a coluna de cor
amarela representa uma comunidade localizada na área de interface entre a região
brejeira e a semiárida, tendo seu índice de chuva alcançando 1.128 mm/ano e por
fim a coluna de cor preta representa a sede do município que atingiu 1.314,8
mm/ano. No gráfico verifica-se a diferença pluviométrica de diferentes regiões do
município em especial o quantitativo pluviométrico que atinge a região do brejo de
altitude.
1.636,5 1.644,0
1.360,5
1.396,5
1.314,8
1.128,0
866,0
716,5 753,0
510,6 519,5
395,0 481,0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800 Legenda:
Região do Brejo de
Altitude
Sede Municipal Área de transição Região Semiárida
Índices Pluviométricos do município de Brejo da Madre de Deus - PE
mm
1.326,88
71
6.8 Características Agropecuária e Fundiária do município de Brejo
da Madre de Deus
A Agropecuária contribui com 9,754% (Fonte – IBGE – Censo 2007) do
Produto Interno Bruto do Município. Exploram tradicionalmente as culturas de milho
e feijão, especialmente nos Distritos de Mandaçaia, Fazenda Nova e praticamente
em todo setor centro norte do município.
A área na região Brejeira, antes densamente coberta por fruteiras, café e
mandioca, encontra-se hoje bastante descoberta, sendo transformadas em
pequenas áreas de cultivo de hortaliças ( coentro, alface, cebolinha, chuchu, etc), a
prática de agricultura orgânica vem sendo uma atividade implantada em pequenas
áreas e como principal atividade agrícola o cultivo de banana da variedade Prata e
Prata Pacovã que possui prática de manejo tradicional com baixo nível tecnológico,
a atividade que vem tendo destaque é a produção de morango cujo área se estima
aproximadamente 4 hectares com bom nível tecnológico na irrigação, adubação,
preparo do solo e outras práticas de cultivo. Na região também vêm surgindo a
atividade pecuária com a criação de gado bovino para corte, nas áreas com alto
declive o que vem causando degradação física do solo.
Áreas ribeirinhas ao Rio de Tabocas pertencentes aos Distritos de Barra do
Farias e Mandaçaia apresentam predominância do criatório bovino, especialmente
leiteiro. Há no Município uma tradição de mais de 40 anos no que concerne à
disseminação da prática de agricultura irrigada, exercendo influência nessa área
sobre os Municípios de Belo Jardim e Jataúba, com predomínio das culturas de
repolho, tomate, cenoura e beterraba, já tradicionais no município de origem e nos
demais. Face às secas cíclicas ocorridas com maior frequência na região, essas
culturas, que constituíam a base econômica do município, chegou-se a explorar a
cenoura em três plantios anuais, perfazendo uma área física de cerca de 300
ha/ano, ocorreu um sensível declínio chegando-se a estimar (ano de 2010) a área
de cenoura, em 50 ha.
72
Produção Agrícola Municipal no ano de 2009
CULTURAS Área colhida
(ha)
Quantidade
produzida
(t)
Rendimento
médio
(kg/ha)
Valor (R$1,00)
Tomate 65 2.600 40.000 1.690.000,00
Feijão
(em grão)
900 92 102 110.000,00
Milho
(em grão)
800 192 240 86.000,00
Banana 350 210 600 18.000,00
Mandioca 10 60 6.000 8.000,00
Castanha de
Caju
30 6 200 5.000,00
Café
(beneficiado)
20 6 300 16.000,00
Mandioca 30 180 6.000 31.000,00
Manga 6 6 1.000 3.000,00
Batata Doce 10 50 5.000 30.000,00
Quadro 06: Produção Agrícola do município de Brejo da Madre de Deus do ano de 2009. Na primeira coluna vê-se a descriminação das culturas agrícolas de destaque do município, na segunda coluna relaciona-se o total de área colhida em hectares, na terceira coluna verifica-se a quantidade produzida em Kg, na quarta coluna observa-se o rendimento médio em Kg/ha e por fim vê-se na última coluna o quantitativo em reais (R$) por cada cultura. Na tabela verifica-se que a cultura que ocupou mais áreas foi o feijão atingindo 900 ha e o milho atingindo 800 ha, mas essas culturas apresenta uma baixa produtividade pela técnica rudimentar de cultivo. Já a atividade que gerou mais resultados econômicos foi o cultivo de tomate atingindo R$ 1.690.000,00 reais, sendo essa atividade desenvolvida por agricultores empresariais e de outros municípios em sua maioria. E a cultura mais expressiva na região brejeira foi a cultura da banana atingindo 350 hectares. Fonte: IBGE, Censo 2009.
Efetivo dos rebanhos no ano de 2009 REBANHOS Efetivo
Bovinos 9.300
Suínos 2.320
Caprinos 4.400
Ovinos 4.800
Asininos 350
Muares 380
Equinos 400
Galos, frangas, frangos e pintos 30.500
Galinhas 2.300
Vacas Ordenhadas 1.600 Quadro 07: Rebanho pecuário do município de Brejo da Madre de Deus em 2009. A coluna da esquerda descrimina as espécies animais e da direita o quantitativo do efetivo animal. Nota-se que o rebanho de animais que apresenta maior efetivo é de aves (Galos, frangas, frangos e pintos) com 30.500 animais que são produzidos por diversas famílias de agricultores familiares, já o rebanho bovino totaliza 9.300 animais entre macho e fêmeas. Fonte: IBGE, Censo 2009.
73
Com relação a situação fundiária do município a quantidade de propriedades
existentes no município chega a 1.620 (IBGE, 2006) propriedades registradas,
concentrando essa quantidade nas pequenas propriedades. Em 1995 a maior
concentração no número de propriedades estava nas áreas de menos de 10
hectares com quase 80%.
Estabelecimentos, por grupos, de área total
Total Menos de10
Há
10 a menos
de 100
100 a menos de
1000
1000 a menos de
10.000
Mais de 10.000
1.780 1.263 455 61 1 0
Quadro 08: Quantitativo de propriedades (por áreas) do município de Brejo da Madre de Deus. Na primeira coluna nota-se o total de propriedades registradas, na segunda coluna o total de propriedades com menos 10 hectares, na terceira coluna o total de propriedades com áreas entre 10 à 100 hectares, na quarta coluna o total de propriedades entre 1.000 á 10.000 hectares por fim a coluna com total de propriedades que ultrapassa 10.000 hectares. Nota-se que o maior quantitativo de propriedades está em áreas com menos 10 ha totalizando 1.263 propriedades o quê significa que o município tem sua maioria das propriedades de pequenas áreas pertencentes a agricultores familiares e que apresentam menos de quatro módulos fiscais (cada módulo fiscal são 20 ha na região) as mesmas se enquadrando dentro das características do PRONAF – Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar. Já com relação a latifúndios existem 62 propriedades e apenas uma com mais de 1.000 ha. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário / BDE – Base de Dados do Estado (Período de referência: 1995).
74
7 Características do brejo de altitude do Município de Brejo da
Madre de Deus
Nessas porções úmidas que ocupam a parte sul do município com
aproximadamente 70 km², localiza-se o objeto de estudo, denominado Região
Brejeira, na qual, constitui uma área de exceção, com cotas altimétricas variando de
700 m à 1.100, (1195 alguns autores) m de altitude. Por conta da altitude e
consequente umidade, prevalece uma flora com características fisiográfica de
enclaves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região
semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática
bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco
conhecimento sobre sua vegetação e ecologia (Lins, 1979).
A região possui apenas um distrito, Cavalo Ruço a 4 Km da Sede, onde existe
infraestrutura de calçamento, posto de saúde, escola. Segundo as informações da
técnica em enfermagem do Posto de Saúde da Família – PSF, na região do brejo de
altitude existem 892 famílias, totalizando uma população de 3.568 habitantes.
Figura 17: Vê-se um logradouro rural pavimentado localizado no distrito de Cavalo Ruço na região brejeira. Nota-se a pavimentação com calçamento, sistema de eletrificação, telefone público, posto de saúde familiar – PSF, essa comunidade funciona como sede da região brejeira tendo alguns serviços básico, também verifica-se a presença na margem esquerda do cultivo de banana que é a principal atividade agrícola da região. Latitude S – 0810’28‖ ;Longitude W – 36º23’02‖ as cotas altimétrica nesse local atinge781 m de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
75
Os demais povoados são sítios sem infraestrutura básica, alguns tendo apenas
grupo escolar. São as localidades que compõe a região brejeira: Conceição, São
Francisco, Genipapo, Preguiça, Xéu, Almas, Rosário, Piedade, Ladeira Preta, Santa
Rosa, Bitury, Cajueiro, Bituriznho, Cavalo Ruço, Livramento, Pacote, Cafundó, Boa
Vista, Pedra Grande, Amaro, Chã do Amaro, Teixeira, Navalha de Cima, Boi, Lages,
São Gonçalo, Arara de Dentro e Navalha de Baixo. O escritório local do Instituto
Agronômico de Pernambuco – IPA, estima uma quantidade de propriedade nessa
região, em torno das 200 unidades produtivas, um pouco mais que 10% do total
municipal.
Figura 18 e 19: Figuras representativas do município de Brejo da Madre de Deus e da região brejeira. A esquerda, destaque para o município Brejo da Madre de Deus, a direita mapa do município com a área da região brejeira em verde. Vê-se o tom de verde claro ao mais escuro que a medida que escurece a cor a altitude se eleva, nota-se que existe uma área pontilhada em verde que representa a área de preservação da Mata Atlântica através de uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN, na parte superior em roxo nota-se parte da sede municipal, tanto nas áreas esquerda, direita e central verifica-se em cor azul as nascentes que dão vida aos rios que cortam o município. Fonte: Beth/CONDESB, 2010.
76
7.1 Características naturais do brejo de altitude da Madre de Deus
A vegetação natural da região brejeira é a mata Atlântica subcaducifólia, que
praticamente não existe mais, sendo substituída pelas atividades agrícolas e
pecuárias ou pelo simples desmatamento para uso da madeira. Hoje existe uma
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, essa área ocupa uma área de
173 Ha na localidade do Biturí, sendo essa a única reserva de preservação na
região brejeira.
Fgura 20: Vê-se uma paisagem da vegetação da região brejeira. Ao fundo uma Reserva Particular do Patrimônio Natural– RPPN do Bituri com mata atlântica verde e densa, sendo a vegetação original dessa região do brejo de altitude, localizada no sítio Bituri com coordenadas: Latitude S- 08º11’556‖; Longitude W- 36º23’457‖ e altitude de 990 metros. Fonte: Henágio José da Silva
Os recursos hídricos na região brejeira são bastante presente e abundante,
existem várias nascentes perenes bem distribuídas em toda região brejeira que são
utilizadas para consumo humano e abastecem os rios do município Laranjeira,
Tabocas e Açudinho.
77
Figura 20: Foto de uma nascente na região brejeira. No centro uma nascente d’água na localidade Sítio Ponteiro. A nascente é uma área de preservação permanente – APP, que por lei deveria está florestada em sua margem. Mas, nota-se que existe uma grande degradação do espaço pela retirada da vegetação e substituição pela pastagem, também percebe-se que existe um pisoteio proveniente da pecuária bovina e uma coloração da água anormal com características mistura com barro. Fonte: Beth / CONDESB, 2010.
Na localidade de Santana existem duas barragem que abastecem o
município, ambas administrada pela COMPESA, o rio mais expressivos da região é
o Laranjeira que nasce na localidade de Cavalo Russo e passa por dentro da cidade.
Todos recursos hídricos do município tem suas origem na região brejeira o a torna
uma área especial e que deve ser bem preservada. Praticamente todas as
nascentes, rios, riachos estão desprotegidas, pois suas matas ciliares já foram
removidas, um projeto recentemente executado pelo Conselho de Desenvolvimento
Sustentável – CONDESB e financiado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA,
para reposição das matas ciliares desses olhos d’águas.
78
Figura 21: Vê-se a barragem de Santana II, na localidade de Santana, barragem sob administração da COMPESA que proporciona o abastecimento da cidade do Brejo da Madre de Deus - PE. Nota-se que a barragem está em uma área estratégica, sendo posicionada em um vale, assim aproveitando a drenagem que o vale propõe. Também vê-se em toda margem da barragem o nível de degradação tendo quase toda vegetação original retirada e uma área de queimada, área que deveria ser de preservação permanente – APP. A barragem localiza-se entre o par de coordenadas: Latitude S -08º10’517‖, Longitude w- 36º22’192‖, atingindo uma altitude de 791. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
A área é fortemente ondulada o que impossibilita a prática da agricultura e
muito menos da pecuária. A região possui várias serras com cotas altimétricas que
ultrapassam os 1000 metros, como a Serra da Prata com seus 1050 metros, a Serra
do Ponto com 1195 metros e a Serra do Estrago com 895 metros de altitude.
Figura 22 e 23: Paisagens naturais comuns na região brejeira com serras. Na imagem 22 ao fundo vê-se a Serra da Prata, nota-se a forte ondulação da região e nível de perda de vegetação para implantação de pastagem para exploração da pecuária bovina. Na imagem 23 observa-se em segundo plano a Serra do Ponto maciço cristalino do período pré-cambriano, na vista esquerda da serra corredor d’água descendo serra a baixo. Ambas localidades com respectivas coordenadas: Latitude S- 08º09’094‖,W- Longitude: 36º21’550‖e altitude de 1020 metros; Latitude S-08º09’606‖ e Longitude W- 36º23’527‖ com altitude de 1195 metros. sendo o ponto mais alto do Estado de Pernambuco(IBGE). Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
79
Pela elevação da área existem vários corredores d’água e uma delas é a
cachoeira que é um ponto de lazer para localidade, para a população municipal e
para os turistas, com corrente d’água perene denominada São Francisco.
Figura 25: Vê-se a cachoeira de São Francisco, na localidade que possui mesmo nome, cachoeira que é afluente do rio Tabocas e fonte de Lazer para população da localidade e espaço muito visitado por turistas de cidades vizinhas. Nota-se pouca vegetação nas bordas da cachoeira, retirada para uso da madeira uma vez que para a prática agrícola é inviável pelo grande afloramento rochoso-granítico. Latitude S- 08º10’040‖, Longitude W- 36º21’193‖ e com altitude de 720 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
80
7.2 Características Pedológicas do Brejo de Altitude da Madre de
Deus
Segundo a Classificação de solo da EMBRAPA o solo da Região Brejeira é o
Podzólico Vermelho – Amarelo, ver mapa pedológico do município, com a nova
classificação do Sistema Brasileiro de Classificação de Solo–SIBCs da EMBRAPA
passa a ser Argissolo Vermelho - amarelo.
Figura 26 e 27: Vê-se nas duas imagens o perfil do solo Argissolo, Na foto 26 a esquerda, nota-se um corte no solo, possibilita a identificação de diversos horizontes, de cima para baixo, o horizonte O denominado orgânico, devido a alta decomposição de massa biológica; o horizonte A na representado pela vermelha. Na imagem 27 a direita vê-se de cima para baixo o horizonte ―O‖ denominado orgânico com poucos centímetros, o horizonte A com aproximadamente 25 cm de cor marrom e o horizonte B 180 cm de cor vermelho. Localização: Sítio Livramento Latitude S - 08°10'25‖, Longitude W - 36°23'11‖ – 844 Metros de altitude; Sítio Amaro Latitude S 08°10'16‖ e Longitude W - 36°23'32‖ – 951 Metros de altitude, respectivamente. Fonte: Henágio José da Silva, 2011
7.3 Características Agropecuárias do Brejo de Altitude de Brejo da
Madre de Deus
Historicamente as primeiras atividades agrícolas na região brejeira foram: o
cultivo de cana de açúcar, seguido do cultivo de café sombreado que teve sua
grande importância. No presente as principais atividades agrícolas são a produção
de olerícolas em geral (alface, couve, chuchu, cenoura, beterraba, coentro,
cebolinha) em pequenas áreas que são cultivadas nos melhores locais, pé de serra
e várzeas.
81
Figura 28: Vêm-se canteiros com cultivo de hortaliças numa área de várzea, na localidade do Amaro. Atividade desenvolvida por alguns agricultores da região sempre em pequenas áreas que são colhidas e comercializadas na feira da sede e em outras cidades. Latitude S - 08°09'43‖ ; e Longitude W - 36°24'01‖ – 901 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
O cultivo da banana é a principal atividade, existindo em quase todas
unidades produtivas, o manejo é tradicional com práticas arcaicas, sem pouca
inovação tecnológica no cultivo, sendo os bananais antigos com baixa produtividade.
Figura 29: Vê-se o cultivo de banana com tratos culturais precários, na Localidade do Amaro. Atividades que ocupam a maior área dentre as culturas cultivadas: Latitude S - 08°10'09‖ e Longitude W - 36°23'42 – 941metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva.
Uma atividade que vem surgindo na região por apresentar condições
edafoclimáticas favoráveis ao cultivo é a produção do morango, que possui bom
padrão tecnológico com uso de irrigação localizada, preparo do solo com base na
análise do mesmo, com mulching para proteção dos frutos e interrupção do
nascimento de ervas daninhas e uma adubação adequada.
82
HX HJUE HDE HJE
Figura 30 e 31: Vê-se nas duas imagens a atividade no processo do cultivo de morango, na foto 30 preparo do solo (adubação orgânica, levantamento de canteiros) para cultivo do morango e na imagem 31 a cultura do morango implantada com utilização de mulching (plástico branco utilizado para evitar o contato do fruto do morangueiro com o solo, evitar a infestação de ervas daninhas e manter a umidade do solo) e limpeza da cultura, retirando folhas velhas e afetadas por pragas. Localidade do Amaro, Latitude S- 08°09'50‖ e Longitude W- 36°23'56 – 909 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
Também a produção de hortaliças de forma orgânica se destaca na região
atualmente três produtores cultivam nesse sistema as mais diversas variedades de
hortaliças e frutas.
Uma atividade relativamente recente na região é a pecuária bovina de corte,
que vem tomando grande espaço nesse cenário de brejo de altitude, em sistemas
semiextensivo de criação, com áreas desmatadas nas serras para implantação de
capim para pastejo dos animais, sendo atualmente uma das atividades que mais
ocupam os solos da região.
Figura 32 e 33: A esquerda uma serra na localidade do Amaro, observa-se que a área foi bastante degradada por desmatamento e revertido em pasto para pecuária bovina de corte, tornando o solo exposto a aceleração do intemperismo - erosão.É possível observar blocos rochosos ―matacões‖ em processo de deslizamento devido a declividade da encosta. A direita uma outra área degradada com processo erosivo inicial para o desenvolvimento de voçorocas, em primeiro plano é possível observar um sulcamento do solo em seu estágio inicial. Localidade do Sitio do Amaro: Latitude S- 08°09'50‖ e Longitude W- 36°23'56‖, nesse local as cotas altimétricas atingem em média 900 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
83
7.4 Desgaste e uso inadequado do solo no Brejo de Altitude da Madre de Deus
A região do brejo de Altitude por ter muito presente em seu espaço uma
topografia fortemente ondulada, com serras, e poucas áreas de várzea nos fundo
dos vales, a prática agrícola se torna economicamente e ecologicamente inviável,
pois as atividades em encostas dificulta a mão de obra, uso de máquinas e se
desgasta com maior facilidade causando a diminuição da produtividade de qualquer
atividade agrícola implantada nesses locais. Apesar dessas condições topográficas
o homem insiste em utilizar esses espaços para produção agropecuária.
A maioria dos agricultores tem em suas propriedades diversos estágios de
degradação do solo causado pelo uno inadequado desse recurso natural. O cultivo
de ladeira a baixo nas encostas das serras, o desmatamento descontrolado nos
topos dos morros e nas proximidades dos espelhos d’águas que são Áreas de
Proteção Permanente – APP’s, causam o desgaste do solo. A atividade pecuária de
criação de bovino de corte que vem causando grande pressão aos espaços úmidos
do brejo de altitude, com a retirada da vegetação que nem mais é a original para
inversão com capim para pastejo animal, na maioria das vezes em áreas impróprias
para essa atividade, que são implantadas nas encostas das serras, causando
primeiro a descoberta do solo no período do desmatamento, em seguida o pisoteio
bovino acarretando a compactação do solo o que facilita o escorrimento das águas
da chuva provocando erosões por sulco com posterior voçoroca.
Figura 34 e 35: Vê-se na foto da esquerda uma área de pastejo com sinais iniciais da evolução da erosão em estágio de sulcamento, na outra foto processo erosivo consolidado em pleno estágio de sulco, iniciando o processo final ―voçoroca‖. Nas respetcivas localidades: Cajueiro e Santana, ambas na região brejeira. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
84
Também o uso da argila para produção de tijolos manuais vem causando
impactos no solo, uma vez que não se faz nenhum estudo para uma retirada
controlada desse recurso. Causando a degradação do solo por desprotegê-lo
retirando a vegetação e cortando as barreiras expondo as camadas inferiores do
solo.
Figura 36: Observa-se empilhamento de tijolos e telhas de barros fabricados por uma olaria de fabrico manual, em outro momento os tijolos são queimados para dar mais dureza e consistência e uso nas construções. Esse processo e bastante impactante, uma vez que sua fabricação exige desmatamento para retirada do barro, e em outro momento o uso da madeira para queima do tijolo. Essa atividade sem uma política adequada de manejo vem impactando as condições naturais do brejo pela diminuição da cobertura vegetal. Localidade Sitio do Escorrego. Latitude S –08º09’252‖, Longitude W – 36º22’157‖ e cota altimétrica de 650 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.
85
8 O caso do Comunidade Amaro
A comunidade do Amaro está situada na Região Brejeira do Município
distante de sede 9 Km no sentido sudoeste. Entre as Coordenadas Latitude S –
08º10’12‖ e Longitude W – 36º23’ 38‖ em 935 metros de altitude no seu ponto inicial
tendo como base a sede do município e as coordenadas Latitude S – 08º08’53‖ e
Longitude W – 36º24’ 21‖ em 919 metros de altitude. Segundo o IPA – LOCAL a
comunidade possui 42 famílias com aproximadamente 200 pessoas morando na
localidade, tendo 60% dos homens e 40% das mulheres.
Figura 37: Região Brejeira do município de Brejo da Madre de Deus. Vê-se em tom verde claro a escuro a área de brejo de altitude com suas respectivas comunidades. Na área em destaque, com uma seta e um círculo tracejado, na parte de cima da figura observa-se a área do Amaro (objeto de estudo). Fonte: Beth / CONDESBE
Com relação aos serviços básicos na comunidade destaca-se que existe um
agente de saúde que faz monitoramento na comunidade, um grupo escolar com
ensino fundamental até a 4ª série, não existem saneamento nem sistema de
abastecimento de água, as famílias se abastecem de água através das nascentes
locais e o sistema de esgotamento é particular com fossas sépticas, existe sistema
86
de eletrificação trifásica em toda comunidade atendendo aos domicílios e a
produção agrícola. Como saneamento básico encontramos algumas casas com
fossa séptica (IPA, 2010 - PAM - Plano de Ação Municipal).
A comunidade apresenta um grande potencial hídrico com nascentes e um rio
perene, o Rio Amaro. Apesar de não haver reservatórios de grande porte, há
abundância de água. A vegetação de mata atlântica é explorada insustentavelmente
com praticamente todo formação primária já retirada, a topografia bastante
acidentada, mas com áreas próximas aos afloramentos rochosos, propícias para o
cultivo, as várzeas. A atividade agrícola explorada no Amaro é bastante diversificada
entre frutas, legumes, raízes, entre elas se destacam: banana, morango, manga,
abacate, laranja, chuchu, cenoura, repolho, batata doce, cebola, cebolinha, coentro,
macaxeira, inhame, beterraba, etc. Há dois produtores de hortaliças orgânica
associado a organização Terra Fértil – associação dos produtores orgânico do
município, mas o destaque principal na produção agrícola é o cultivo de banana
ainda em sistema com pouca tecnologia e plantios antigos e a produção do morango
com tecnologia moderna, irrigação, adubação e tratos culturais. Com relação a
atividade pecuária hoje se destaca a criação de bovinos num sistema semiextensivo
que hoje ocupa uma grande área da localidade. O desgaste do solo vem sendo um
grande problema na comunidade, principalmente pela ocupação das terras com alto
declive pela prática agrícola e principalmente pela pecuária nas áreas de pastejo.
Figura 38: Vê-se uma paisagem comum na comunidade do Amaro. Na parte superior a rocha cristalina do período pré-cambriano conhecida como Serra do Ponto, em sua base produção de hortaliças e em sua encosta pasto para criação bovina em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
87
9 MATERIAL E MÉTODO
Essa pesquisa foi realizada em duas fases distintas, uma primeira relacionada
coleta de materiais abrangendo pesquisa bibliográfica, nessa visa coletar material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente
com material disponibilizado na Internet, relacionado ao tema a ser pesquisado, para
apropriação teórica do conteúdo e composição do mesmo.
Em outro momento, a pesquisa foi realizada no estudo de caso da
comunidade do Amaro, região brejeira do município, visitou-se todas as
propriedades da comunidade, totalizando 21 propriedades, onde foi entrevistado um
dos membros da família. Utilizou-se uma ficha de pesquisa com 14 questionamentos
diretamente ligados as formas de uso da terra pelos agricultores. A pesquisa de
campo foi fundamental para testar a hipótese, buscando as possibilidades de
identificar no município de Brejo da Madre de Deus a causa relacionada a
degradação do solo por impactos ambientais , a saber, queimadas, desmatamento,
uso de herbicida e técnicas de produção, irrigação, curva de nível e aração,
condições que foram detectadas em campo, porém com perfil bastante particular
discutido e exposto nos resultados.
Quanto as dificuldades encontradas na pesquisa, foi encontrar um método
para organização dos dados de campo e sua posterior interpretação.
88
10 RESULTADOS
Ao analisar os dados de campo que elucidou o perfil de uso de solo no sitio
Amaro, foi possível estabelecer duas categorias de analises, uma primeira
relacionada ao uso de solo e seus consequentes impactos ambientais (Quadro 9) e
as técnicas ou práticas agrárias(Quadro 10).
PERFIL DE USO DE SOLO NO SITIO AMARO –IMPACTOS AMBIENTAIS
Área Hectare
N° de Proprie dades
Queimadas Herbicida Desmata mento
Pecuária em declive
Agricultura em declive
0,5 a 10 12 3 6 7 7 9 11 a 20 5 3 3 1 5 4
21 a 30 3 0 2 1 2 3 + de 31 1 0 0 0 1 1
Total/% 21/100 6/29 11/52 9/43 15/71 17/81
Quadro 09: Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
Quanto aos impactos ambientais, por exemplo o que se percebeu em campo,
encontram-se as práticas agrícolas e pecuária, como são os casos das queimadas.
A prática da queimada, presente na terceira coluna do (quadro 09), A
queimada é uma técnica bastante utilizada para o preparo do solo antecedente ao
plantio. Essa técnica causa alterações químicas e biológica no solo, expõem os
solos as intempéries do tempo, facilitando os processos erosivos, atingem 29% das
propriedades, sendo mais comum nas de área com menos de 20h.
89
10.1 Utilização da técnica da queimada para preparo do solo
Figura 39: Vê-se o gráfico da utilização da técnica da queimada pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
A intenção dos agricultores na utilização da técnica da queimada,
compreende na diminuição da mão-de-obra, sendo na localidade muito escassa e a
agilidade no processo que antecede o plantio, sendo uma técnica barata e eficaz
para o que se deseja. Alguns poucos agricultores ainda pensam que a queimada
traz benefício para prática agrícola, boa parte dos agricultores tem a consciência dos
prejuízos que provocam a queimada, mas mesmo assim utilizam essa técnica.
Figura 40: Vê-se o gráfico dos motivos do uso da queimada no Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
29%
71%
Utilizam a técnica da Queimada
SIM
NÃO
0
1
2
3
4
5
6
7
Varorece oplantio
Diminui amão de obra
Agiliza oplantio
Sabe que éprejudicial
2
7 7 7
Motivos da Queimada
90
10.2 Uso de herbicida para combate do mato
Quanto ao uso de herbicida verifica-se que 52% dos agricultores utilizam esse
insumo para a prática agrícola, sendo mais comum nas propriedades entre 11 a 30
hectares. O uso do herbicida é uma prática que vem crescendo nas atividades
agrícolas, muitas vezes substituindo a queimada. Na comunidade do Amaro esse
uso, é uma prática de um pouco mais que a metade dos agricultores proprietários,
um fator que diminui essa prática na comunidade é as culturas plantadas bananeira
e pastagem que não necessitam o uso do herbicida.
Figura 41: Gráfico do uso de Herbicida pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
48%
52%
Uso do Herbicida
SIM
NÃO
91
10.3 Desmatamento em áreas de serra
Dos 21 agricultores proprietários pesquisados 9 fazem desmatamento nas
áreas impróprias para prática agropecuária o que equivale a 43% do total de
agricultores e 12 não utilizam novas áreas com o desmatamento, sendo mais
comum nas propriedades menores de 10 hectares em que são relativamente
pequenas e os agricultores anseiam explorar todo espaço. Apesar de poucos
realizarem desmatamento na comunidade é importante enfatizar o nível de
desmatamento que existem na localidade, praticamente todas as áreas já não mais
possuem vegetação original, por esses motivos há poucos desmatamentos, tendo
em vista que as propriedades já estão desmatadas.
Figura 42: Gráfico do desmatamento em áreas de serras na comunidade do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
9
12
SIM
NÃO
Desmatamento em Áreas de Serra
92
10.4 Desmatamento para Cultivo As Áreas de: Topo De Morro, Encosta, Margem de Rio, Cacimba, Etc. Os agricultores que desmatam as áreas impróprias para o uso na
agropecuária na comunidade do Amaro, segundo os mesmos admitem desmatar
porque querem utilizar toda a área da propriedade, outro motivo citado foi porque os
agricultores só tem aquelas áreas para a prática agropecuária, principalmente por
serem essas propriedades de dimensões relativamente pequenas, outros citam
serem as melhores áreas e outros acham que não faz mal o uso de terras situadas
em áreas de preservação permanente.
Figura 43: Gráfico dos motivos em que os agricultores desmatam áreas de preservação permanente. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
0
2
4
6
8
10
12
14
Não Faz Mal Só tem essaárea
Queraproveitar
todo terreno
São asmelhores áreas
3
8
13
5
Desmatamento em Áreas de Serras
93
Quanto a segunda categoria relacionam-se as práticas ou técnicas agrárias,
como é o caso da irrigação, aração de solo, e curva de nível (Quadro 10).
PERFIL DE USO DE SOLO NO SITIO AMARO – TÉCNICAS DE PRODUÇÃO
Area Hectare
N° de Propriedade
Curva de nível
Aração Irrigação Pecuária em declive
Agricultura em declive
0,5 a 10 12 1 9 6 7 9
11 a 20 5 0 4 3 5 4 21 a 30 3 0 2 2 3 4
+ de 30 1 0 1 0 1 1
Total/% 21/100 1/8 16/76 11/52 15/71 17/81 Quadro 10: Perfil de uso de solo no sitio amaro – técnicas de produção.
Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
10.5 Prática da curva de nível
A curva de nível é uma técnica antiga de conservação do solo, usada
para possibilitar a redução dos processos erosivos, todas as áreas com declive
devem ser usado curva de nível que pode ser realizada com uso de máquinas de
precisão como teodolito ou por aparelhos adaptados e de simples confecção e uso
como o pé-de-galinha. Nota-se que mais de 95% dos agricultores da comunidade do
Amaro não utilizam essa técnica. Por as áreas serem de constante declive, todos os
agricultores deveriam utilizar a técnica da curva de nível para manter a integridade
física do solo.
Figura 44: Gráfico sobre a utilização da técnica de curva de nível pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
1
20
SIM
NÃO
Uso da Curva de Nível
94
10.6 Aração do solo e qual tipo
Nota-se que a forma de aração é adota por 76% dos agricultores do sítio
Amaro, sendo mais comum nas propriedades de dimensão entre 0,5 e 20 hectares.
A forma mais praticada pelos agricultores do Amaro é a utilização de tração animal,
motivo principal pela forte declividade das áreas o que dificulta a aração por trator.
Na verdade só deveriam ser aradas as áreas de várzeas, pois a aração em área de
declive facilita o processo de erosão. Percebe-se ainda o uso de força humana para
revolver o solo com a utilização de enxada. Por fim existem agricultores que não
usam aração, motivo esse porque os solos já estão ocupados por bananeiras e
pasto para bovino.
Figura 45: Vê-se o gráfico das formas de aração de terra na comunidade do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011
0
5
10
15
20
Trator Tração Animal Enxada Não Faz
0
16
6 4
Aração de Terra no Amaro
95
10.7 Forma de Irrigação utilizada pelos agricultores
Nota-se que a irrigação é adotada por 52% dos agricultores do sítio Amaro e
que mais comum nas propriedades de dimensão entre 0,5 a 20 hectares. A forma de
irrigação mais utilizada é a de aspersão, esse tipo de irrigação causa muito dano ao
solo, pois os jatos d’água lançados pelo aspersores são grossos causando impacto
e desagregação das partículas do solo facilitando os processos erosivos. Na
comunidade inicia-se o uso de irrigação localizada por microaspersão que lançam
jatos d’água pequenos e finos causando pouco dano ao solo, pois não desagregam
as partículas do solo.
Figura 46: Gráfico da forma de irrigação adotada pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
10
7
0
5
0 2 4 6 8 10 12
Aspersão
Microaspersão
Mangueira
Não usa
Utilização de irrigação no Amaro
96
10.8 Trabalho agrícola nas áreas de alto declive
A região por ser de constante declividade os agricultores utilizam bastante
essas áreas, mais de 80% dos agricultores utilizam esses espaços de declive para a
prática agrícola. Para o cultivo agrícola essas áreas são de extrema fragilidade, pois
os processos erosivos em declive acentuado são acelerados pela força da
gravidade, também essas áreas deveriam ser de preservação mantendo a
vegetação original que quase não existem mais. Nota-se que o uso das áreas de
declive para a agricultura é com em praticamente todas as dimensões de
propriedades, não tendo uma faixa de tamanho de propriedade que seja mais
representativo para esse uso.
Figura 47: Observa-se o gráfico das atividades dos agricultores realizadas em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
17
4
Sim
Não
Utilização das terras em áreas de declive acentuado
97
10.9 Pecuária em área de alto declive
A utilização de áreas de alto declive para a atividade pecuária vem se
tornando uma prática comum na comunidade do Amaro, tendo 71% dos agricultores
envolvidos nessa atividade em áreas impróprias, sendo mais comum nas
propriedades de dimensão entre 11 a 30 hectares por serem relativamente grande
nessa região.
Sobre os motivos em que os agricultores implantam as áreas de pastejo para
os bovinos, 15 criadores utilizam dessas áreas por que querem aproveitar todo
terreno, dessa forma utilizam áreas impróprias para essa prática, 10 criadores
disseram que usam as áreas declive acentuado por que as terras são pequenas e
só possuem aquelas áreas, 10 agricultores enfatizaram que as áreas de declive são
as melhores áreas do terreno para a criação de bovinos e 3 criadores falaram que
utilizar áreas de declive não causa nenhum problema para o solo.
Figura 48: Observa-se o gráfico dos motivos em que os agricultores realizam pastos em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.
3
10
15
6
Acha que não faz mal
So tem essa área
Quer aproveitar todoterreno
São as Melhores áreas
Porque faz Pasto em Área de Declive
98
11 CONCLUSÃO
Diante da análise em decorrência dos dados obtidos chega-se ao resultado
que no Brejo de Altitude do Município de Brejo da Madre de Deus, particularmente
no estudo de caso da comunidade do Amaro que:
O uso de técnicas arcaicas de preparo do solo com a queimada e o uso de
herbicida como técnica moderna para combate das ervas daninha estão
proporcionando o desgaste do solo diminuindo a vida microbiana e matéria
orgânica como também favorecendo a retirada da cobertura do solo expondo-
o as intempéries do clima;
Os solos estão sendo usados de forma imprópria, incompatível no que diz
respeito as normas de conservação de solo e preservação ambiental através
da retirada da cobertura vegetal original das áreas de declive acentuado;
O uso de técnicas de produção agrícola como irrigação que está sendo
utilizada em áreas de declive acentuado e com sistema de irrigação em sua
maioria dos casos com aspersão que causa o desagregação das partículas
do solo e aração do solo que mesmo sendo a tração animal facilita os
processos erosivos;
A falta de utilização de técnicas de conservação de solo como a curva de
nível que possibilita a diminuição do desgaste do solo por erosão;
As culturas implantadas em áreas de alta declividade estão possibilitando a
eficiência do processo erosivo, causando o enfraquecimento do solo e a
perda da produtividade;
A atividade pecuária bovina está ocupando espaços indevidos para essa
prática que apresenta condições edafoclimáticas desfavoráveis para a
mesma.
99
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107
APÊNDICE
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Ficha de Pesquisa - Utilização de técnicas para uso do solo na Agricultura
Nome:
Localidade:
Georeferenciamento:
S - W-
Área da Propriedade:
Há quantos anos trabalha no local:
1 - Práticas de cultivo:
a) Faz aração do solo: ( ) Trator ( ) Tração animal ( ) Enxada ( )não faz
b) Trabalha nas áreas de alto declive: ( ) sim ( ) não
c) Usa irrigação: ( )aspersão ( ) microaspersão ( ) mangueira ( ) não usa
d) Faz curva de nível: ( ) sim ( )não
e) Faz queimada para preparo do solo ( ) sim ( )não
f ) Usa herbicida para combate do mato ( )sim ( )não
g) Faz desmatamento: em áreas de serra ( ) sim ( )não
Conhece as técnicas de conservação do solo: ( )sim ( ) não Quais:
Conhece as leis do código ambiental ( ) sim ( ) não
Porque desmata para cultivo, as áreas de topo de morro, encosta, margem de rio, cacimba, etc. ( ) Acha que não faz mal ( ) Só tem essa área ( ) quer aproveitar todo terreno ( ) são as melhores áreas
Recebe alguma orientação de técnicos do governo ou de outras instituições sobre conservação de solo: ( ) sim ( ) não De qual?
Já buscou informações sobre conservação de solo nos órgãos de assistência técnica ( ) SIM ( ) NÃO QUAL?
Quais as principais culturas trabalhadas? 1- 2- 3-
Tem atividade Pecuária: ( ) Bovino ( ) Caprinovinocultura ( ) Nenhuma
Por que faz pasto em área de alto declive: ( ) Acha que não faz mal ( ) Só tem essa área ( ) quer aproveitar todo terreno ( ) são as melhores áreas
Percebeu a redução da produtividade de seus produtos: ( ) sim ( ) não
Porque queima: ( )É melhor para as plantas ( ) Diminui a mão de obra ( ) Agilizar o plantio ( ) Sabe que prejudica o solo, mas faz
Percebe seu solo se desgastando ( ) sim ( ) não De quê norma:
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