11

Click here to load reader

27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

A TELENOVELA DISCUTIDA NA ESCOLA NA PERSPECTIVA DA EDUCOMUNICAÇÃO

Elisangela Rodrigues da Costa Disciplina: Educomunicação Prof. Ismar Soares

Pesquisadora: Cláudia de Almeida Mogadouro, 2009.Tese: Formação audivisual do docente.Orientador: Ismar Soares.

Page 2: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

O PERCURSO DA PESQUISA DE CAMPODe acordo com Mogadouro, o artigo tem a função de explicitar os caminhos (opções multimetodológicas) assumidos no percurso de um ano letivo e de como a Educomunicação não tem fórmulas prontas, uma vez que tem como fundamento a participação e o diálogo de toda a comunidade (escolar, nesse caso) envolvida.

O trabalho relata o percurso de uma pesquisa de campo realizada em uma escola pública, de Ensino Médio, em São Paulo. Local no qual foram realizados debates sobre a telenovela Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos exibida em horário nobre na Rede Globo de Televisão no ano de 2003.

Page 3: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

OS PORQUÊS DA PESQUISA

• Investigação sobre as experiências socioculturais vividas através dos meios de comunicação, sem preconceitos ou reducionismos e, sim, como mediação de cultura.

• Objetivos:

- Investigar a ressignificação e construção de sentidos com a experiência sociocultural da assistência à telenovela do horário nobre.

• - Compreender as formas de identificação e seus modos de ver a ficção televisiva.

• - Entender como a escola lida com debates de temas sociais gerais veiculados pela mídia e quais as possibilidades de incorporá-los no processo pedagógico.

• Estratégia:

• Criação de um grupo de discussão, uma pesquisa qualitativa sob a perspectiva da Educomunicação e da Teoria das Mediações, que não desconsidera o poder de manipulação da televisão, mas não « endeusa » ou « sataniza » os meios de comunicação. Pesquisa essa entre os jovens estudantes para analisar a recepção e qualificar o debate que já ocorre de forma espontânea.

Page 4: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

PRIMEIRA ETAPA DA PESQUISA: DADOS QUANTITATIVOS

• A escola escolhida foi a Escola Estadual Basílio Machado (EEBM), Vila Mariana, São Paulo. Na época, com 700 alunos entre o 2o e 3o anos do Ensino Médio, no período matutino, matriculados.

• As reuniões semanais de planejamento também eram dedicadas ao acompanhamento da aplicação da pesquisa.

• A incorporação do projeto no planejamento pedagógico foi positiva, mas o impasse, de acordo com a pesquisadora, era envolver os 700 alunos em grupos de discussões.

• A solução foi uma pesquisa quantitativa: aplicar um questionário exploratório para todos os alunos, que permitisse colher dados sobre a assistência a telenovelas em geral: a frequência, as mais assistidas e os motivos pelos quais não assistem. Depois haveria uma redução progressiva do público pesquisado, ao longo do ano, com vistas a formação do grupo de discussão.

• Após a apresentação do projeto nas 18 salas de aula, sempre na companhia dos professores de Língua Portuguesa, foi aplicado o primeiro questionário em meados de abril /2003.

• Alguns professores questionaram os motivos pela não escolha da novela Malhação, por ser dirigida ao público adolescente.

Page 5: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

PRIMEIRO QUESTIONÁRIO: RESULTADOS O primeiro questionário apresentou todas as novelas que estavam sendo exibidas naquela semana, em todas as emissoras da TV aberta, para que os alunos respondessem, em escala, a frequência com que a assistiam.

Os jovens vêem telenovela?

SEXO SIM ÀS VEZES NÃO TOTAL

FEMININO 55 38 7 59

MASCULINO 27 52 21 41

TOTAL 43% 44% 13% 100%

Page 6: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

OBSERVAÇÕES

• Nota-se uma diferença significativa entre o público masculino e feminino nas respostas.

• Os dados obtidos com a aplicação do primeiro questionário, confirmaram a impressão obtida por ocasião do primeiro contato em sala de aula.

• Os meninos fizeram muitas brincadeiras, dizendo que novela era coisa de mulher.

• A maior concentração da resposta dos garotos foi às vezes.

• Entre os que afirmaram assistir às telenovelas (87%), os dados apresentados correspondem ao universo dos que responderam que sim ou às vezes.

Page 7: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

MULHERES APAIXONADAS X MALHAÇÃO O confronto entre a assistência de Malhação e Mulheres Apaixonadas era um dos dados que

mais despertavam interesse, nessa primeira fase. O resultado da tabulação comprovou a elevada audiência de ambas, com ligeira preferência pela primeira.

Você assiste Mulheres Apaixonadas?

Você assiste Malhação?

SEXO%

sempre Freq. às vezes raramente nunca Total

FEMININO 55 38 7 59 7 63

MASCULINO 27 52 21 41 31 37

TOTAL 43% 29% 12% 10% 6% 100

SEXO%

sempre Freq. às vezes raramente nunca Total

FEMININO 42 26 17 7 8 63

MASCULINO 27 24 30 15 4 37

TOTAL 36% 25% 23% 10% 6% 100

Page 8: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

SEGUNDA ETAPA: OS TEMAS DE MAIOR INTERESSE

No início de junho (2003), um total de 200 alunos optaram por continuar a participar da pesquisa. Então, responderam a um novo questionário com perguntas fechadas, com opções de respostas em escala, sobre núcleos, temas, personagens, consumo de revistas e outros programas. Havia uma pergunta aberta, sugerindo a indicação de cenas marcantes.

A tabulação refletiu essa pulverização de assuntos e pouca atenção à trama anunciada como central. Se por um lado, a novela favoreceu a pesquisa por outro a temática variou muito. Em junho, a pesquisa apurou interesse pelas discussões sobre o ciúme descontrolado de uma personagem e a virgindade da garota pobre que namorava um rapaz rico. Em agosto, o tema da violência urbana havia tomado conta da trama.

Alguns temas se mantiveram em alta nos vários meses da pesquisa, como o caso do ciúme doentio, a vilã que destratava os avós, a questão da virgindade, a violência doméstica. As situações relativas ao ambiente escolar não despertaram a atenção dos jovens, provavelmente porque a escola apresentada na novela era vista fora da realidade. (cópia avulsa)

Page 9: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

OS GRUPOS DE DISCUSSÕES

• Em setembro tiveram início as discussões em grupo sobre a novela, após o horário de aula, de segunda à quinta-feira. Das 11h40 às 13hs. Essa atividade durou cinco semanas, eram exibidas algumas cenas da novela (apontada anteriormente por eles) que desencadeavam o debate. Esses debates eram anotados pela pesquisadora de forma que, depois de se falar das personagens ou das cenas, os alunos falassem sobre sua família e o modo como a novela era vista.

• No início de outubro (2003) foram propostos dois grande debates com todos os alunos ao final da aula. Nem todos demonstraram interesses em participar.

• De acordo com a pesquisadora, a técnica de grupo de discussão se caracteriza por pouca interferência do mediador. Deve-se deixar a conversa fluir da forma mais solta possível, e o mediador deve administrar as divergências. Por esse motivo, não deve ter duração muito curta, para que haja aprofundamento da discussão, pois é comum haver dispersão, mudança de rumos etc.

Page 10: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

TERCEIRA ETAPA : CONVERSAS EM SALA DE AULA No inicio de agosto (2003), os professores de Língua Portuguesa solicitaram auxilio à

pesquisadora, com textos sobre a novela, na aplicação de uma atividade pedagógica. Com debates em grupos e produção de textos.

A sugestão partiu da análise do resultado do primeiro questionário, especialmente da opinião dos alunos que afirmaram não assistir a telenovela por entender se tratar de instrumento de alienação.

Os textos de apoio, sobre os temas polêmicos apresentados na novela, foram extraídos da imprensa e de revistas especializadas. Cada grupo de alunos escolhia um dos temas sugeridos e debatiam durante a aula. Na aula seguinte, ainda em grupo, produziam um texto que revelasse as contradições do debate.

Entre os temas propostos: a homossexualidade de Clara e Rafaela, a violência doméstica da professora Helena, a virgindade de Edwiges e o triâgulo amoroso com o rico e a filha da empregada, a rebelde Dóris e o tratamento aos avós, a terapia da AMA de Heloísa, o câncer de mama de Hilda etc...

Page 11: 27042010 grupo 04 tr23 elis+óngela r. da costa

CONSIDERAÇÕES FINAISAs conversas com os professores revelaram profundo interesse em ter uma formação educomunicativa e o quanto a ficção permitiria a discussão de questões emocionais profundas que perpassam o ecossistema escolar, mas que são permanentemente ignoradas, como a sexualidade,os problemas familiares, sociais, as perspectivas profissionais e a ausência delas.

(...) ao não dialogar ou fazê-lo de forma insuficiente com o discurso da publicidade, da telenovela, do rádiojornal, enfim, dos fenômenos ligados à indústria da cultura e às novas tecnologias, a escola comete dois equívocos básicos. De um lado, coloca sob um tapete transparente aquilo que parece temer ou não entender, contribuindo, de certa forma, para ampliar as defasagens do discurso pedagógico diante dos seus concorrentes informais; de outro lado, impede que sejam discutidos, no privilegiado espaço da sala de aula, os procedimentos constitutivos, as implicações sociais, os impactos públicos gerados pelas formas contemporâneas de se produzir e fazer circular a comunicação. (Citelli, 2000:158)