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PROJECTO FEUP ADITIVOS OXIGENADOS PARA GASOLINAS VERDES

Aditivos Oxigenados Para Gasolinas Verdesprojfeup/cd_2010_11/files/QUI602_relatorio.pdfÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Representação simplificada da destilação fraccionada do petróleo

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I

PROJECTO

FEUP

ADITIVOS OXIGENADOS PARA GASOLINAS

VERDES

II

Coordenadora

Professora Doutora Lúcia Santos

Supervisor

Professor Doutor José Miguel Loureiro

Monitora

Vânia Oliveira

Porto, 21 de Outubro de 2010

Relatório realizado no âmbito da Unidade Curricular Projecto FEUP

Equipa QUI602:

Amadeu Gomes Rocha

Ana Teresa Abreu Carneiro

Joana Filipa dos Santos Rocha

Joana Rodrigues Russo

Madalena Maria de Couto Cameira Coelho e de Sousa

Marta Sofia Santos Figueiredo

Paula Rute Chibante Teixeira

III

RESUMO

Este relatório foi realizado no âmbito da Unidade Curricular Projecto

FEUP e tem como objectivo dar a conhecer à comunidade FEUP os aditivos

utilizados na substituição do chumbo nas gasolinas.

Neste relatório abordamos os diferentes tipos de aditivos e as suas

diferentes utilizações.

Foi também realizada uma pesquisa relativa à utilização do TAME (terc-

amil metil éter) em Portugal e no estrangeiro.

A gasolina sem chumbo é produzida sem a adição de anti-detonantes e

possui um número de octano ligeiramente mais baixo do que a gasolina com

chumbo, e tem como vantagem o facto de não poluir a atmosfera. Como um

elevado índice de octano é fundamental para um bom desempenho dos

motores, à gasolina sem chumbo são adicionados compostos oxigenados de

maneira a aumentar o número de octano.

Verificou-se, então, que os aditivos oxigenados assumem um papel

fundamental na produção de combustíveis pois, para além de contribuírem

para um ambiente melhor, aumentam a desempenho dos motores. De entre os

aditivos utilizados, o TAME é dos mais importantes.

IV

PALAVRAS-CHAVE

Aditivos oxigenados

Gasolina

Chumbo

TAME

MTBE

Octano

V

AGRADECIMENTOS

Para a realização deste Projecto foram vários os intervenientes que

colaboraram directa e indirectamente, os quais merecem o nosso

reconhecimento e gratidão.

À nossa monitora, Vânia Oliveira, à nossa coordenadora, Professora

Doutora Lúcia Santos e ao nosso supervisor, Professor Doutor José Miguel

Loureiro, pela dedicação, disponibilidade e empenho com que nos

direccionaram e acompanharam neste Projecto, assim como pelas sugestões e

comentários e, também, a todos os oradores das palestras da semana Projecto

FEUP.

À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, pelos recursos e

salas fornecidos para a elaboração deste projecto.

VI

LISTA DE SIGLAS/ ACRÓNIMOS

AGIP - Azienda Generale Italiana Petroli

CFC – clorofulorocarboneto

EU – European Union (União Europeia)

EUA – Estados Unidos da América

FEUP- Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

GR- gasolinas reformuladas

g/l – Grama por litro

IO – Índice de Octano

MTBE – metil terc-butil éter

S.A – Sociedade Anónima

TAEE – terc-amil etil éter

TAME- terc-amil metil éter

TEC – tetraetil chumbo

UE – União Europeia

% m/m – percentagem da massa de um soluto sobre a massa da solução

% v/v – percentagem de volume de um soluto sobre o volume da solução

VII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Composição aproximada de uma gasolina típica (percentagens

volumétricas). ..................................................................................................... 4

VIII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Representação simplificada da destilação fraccionada do petróleo ... 2

Figura 2 – Tetra-etil-chumbo .............................................................................. 3

Figura 3 – Esquema de um cilindro de um motor de explosão........................... 5

Figura 4 – Esquema de um motor a “4 tempos” ................................................. 5

Figura 5 – Representação esquemática de um conversor catalítico de

automóvel ........................................................................................................... 8

Figura 6 – Teor de MTBE e de TAME das gasolinas produzidas nas refinarias

de Sines entre os meses de Julho de 2001 e de Julho de 2002(Oliveira 2004,

fonte: refinaria de Sine da Petrogal, SA) .......................................................... 12

Figura 7: Tec-amil metil éter–Sigma-Aldrich..................................................... 12

Figura 8: Representação esquemática simplificada do processo ..................... 13

Figura 9 – Produção de gasolinas em Portugal nos anos de 1998 a 2001

(Oleveira, 2004 -fonte: Direcção-Geral de Energia) ......................................... 14

Figura 10 – Importação anual de MTBE e TAME nos anos de 1999 a 2002

(Oliveira, 2004 - fonte: Galp Energia, SGPS, SA) ............................................ 15

IX

ÍNDICE

Introdução .......................................................................................................... 1

Destilação Fraccionada ...................................................................................... 2

Gasolina ............................................................................................................. 3

Componentes da Gasolina ................................................................................. 4

Importância da Gasolina no Motor ..................................................................... 5

Gasolina com Chumbo ....................................................................................... 7

Catalisadores ..................................................................................................... 7

Gasolina sem Chumbo ....................................................................................... 8

Gasolina sem Chumbo em Portugal ................................................................. 10

Produção e Utilização do TAME ....................................................................... 12

Conclusão ........................................................................................................ 16

Bibliografia........................................................................................................ 17

1

INTRODUÇÃO

Durante a Primeira Guerra Mundial, descobriu-se que era possível

aumentar o número de octano da gasolina, adicionando tetraetil chumbo (TEC).

As gasolinas de menor qualidade e menos dispendiosas poderiam ser usadas

acrescentando este composto químico. A adição de chumbo à gasolina teve

algumas desvantagens: este composto envenena os catalisadores que servem

para transformar os produtos tóxicos derivados das gasolinas (que saem pelo

sistema de exaustão dos automóveis) em produtos menos tóxicos libertados

para a atmosfera; o chumbo promove também a criação de uma camada de

chumbo sobre a terra, prejudicial à vida de muitos seres vivos.

Para tentar amenizar os efeitos negativos do chumbo no planeta e na

saúde dos seres vivos, foi proibida a sua presença nas gasolinas, substituindo-

o por compostos oxigenados. O uso destes compostos, na busca de melhor

qualidade de gasolinas, é uma das alternativas usadas actualmente em todo o

mundo, diante de várias mudanças nas directrizes ambientais. Inicialmente, o

principal objectivo na especificação de gasolinas era de proporcionar o bom

desempenho e durabilidade do motor. Actualmente, após a introdução de

limites para emissão de compostos específicos, tais como monóxido de

carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de azoto (NOx), visou-se a

redução de emissões veiculares. Como consequência, o preço dos

combustíveis aumentou, uma vez que as refinarias não tinham possibilidade de

aumentar o número de octano das gasolinas mais baratas.

Para remediar a situação, foram acrescentados vários suplementos que

tinham como objectivo remover o chumbo, aumentar a octanagem das

gasolinas e diminuir a sua volatilidade. Os principais, abordados no presente

relatório, são o TAME e o MTBE. Foi, também, feita uma referência à sua

produção e utilização, tanto em Portugal como no estrangeiro.

2

DESTILAÇÃO FRACCIONADA DO PETRÓLEO

Os diferentes componentes do Petróleo (hidrocarbonetos) têm pesos

moleculares diferentes e moléculas com diferentes configurações e, como tal,

pontos de ebulição distintos.

O Petróleo é aquecido na base da coluna de destilação, originando

vapor que vai passando através dos pratos da coluna de fraccionamento,

contactando com o líquido que desce na coluna. Os pratos aumentam o tempo

de contacto entre as duas fases e permitem que ocorra a transferência de

massa. Os compostos mais voláteis vão passar, preferencialmente, para a fase

de vapor e, os menos voláteis permanecem na fase líquida.

Figura 1 – Representação simplificada da destilação fraccionada do Petróleo.

Como se pode verificar na Figura 1, no topo da coluna - Destilado -

recolhem-se os hidrocarbonetos mais leves (gás de petróleo liquefeito (GPL),

metano, propano e butano, essencialmente), a temperaturas inferiores a 20ºC.

Na base da coluna – Resíduo - recolhem-se os hidrocarbonetos muito pesados

3

(alcatrão com mais de 70 átomos de carbono), a temperaturas superiores a 600

ºC.

Normalmente, recolhem-se ao longo da coluna de destilação produtos

intermédios, desde a Nafta, a Gasolina, o Gasóleo, até ao Fuelóleo, por ordem

crescente de pontos de ebulição. (FCTUC,

http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&

id=224&Itemid=415#5. Consultado em 10 de outubro de 2010)

GASOLINA

A invenção e o desenvolvimento do automóvel como meio privilegiado

de transporte pessoal teve como consequência inevitável o desenvolvimento

em paralelo dos combustíveis.

A história do petróleo inicia-se no século XIX, aquando da invenção da

primeira perfuradora de rochas em 1849. Dois anos mais tarde é criada a

primeira companhia petrolífera, a Pennsylvania Rock Oil, e ainda na década de

50 é descoberto o método de destilação do petróleo em gasolina e noutros

derivados. É ainda realizada a primeira perfuração de petróleo em níveis

comerciais (Henriques, 2003).

No início da indústria do petróleo, o querosene era o produto de

excelência das refinarias, enquanto a gasolina era considerada um subproduto

indesejado, que por vezes era queimado ou simplesmente despejado em

terrenos ou rios. Era chamada gasolina por vaporizar facilmente (Oliveira,

2004).

Figura 2 - tetra-etil-chumbo.

4

COMPONENTES DA GASOLINA

A gasolina que abastece os motores de explosão é normalmente o

resultado da mistura de várias fracções da refinação do petróleo, em particular

de fracções provenientes de matérias primas (petróleos) diferentes, com vista a

obter o combustível com o índice de octano desejado (FCTUC,

http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&

id=224&IteIte=415#5 . Consultado em 10 de Outubro de 2010).

Uma gasolina típica pode ter a seguinte composição:

Tabela 1: Composição aproximada de uma gasolina típica (percentagens volumétricas).

n-hexano a n-nonano 12 %

isómeros de alcanos e n-butano 11 %

Ciclohexano e derivados 5 %

buteno a hexeno 25 %

1-noneno 12 %

tolueno 1 %

xileno(s) 22 %

aromáticos de peso molecular mais alto 11 %

5

IMPORTÂNCIA DA GASOLINA NO MOTOR

Figura 3 – Esquema de um cilindro de um motor de explosão.

O motor de explosão e motor de combustão interna (a gasóleo) são

bastante usados em automóveis, autocarros, camiões.

Nos motores a gasolina, o início do movimento dá-se pela queima do

combustível nas câmaras de combustão (Figura 3). Essas câmaras contêm um

cilindro, duas válvulas (uma de admissão e outra de escape) e uma vela de

ignição. O pistão que se move no interior do cilindro está ligado à biela que se

articula com a cambota. A cambota ao girar faz com que o movimento chegue

às rodas através do sistema de transmissão do carro.

Figura 4 – Esquema do motor a "quatro tempos".

6

A figura 4 mostra um esquema do motor de explosão (a gasolina), assim

denominado porque o seu funcionamento se faz em quatro etapas:

Primeiro tempo (admissão): A válvula de admissão abre-se e uma

mistura de combustível e ar é injectada no cilindro através da válvula de

admissão enquanto a cambota, que gira, empurra o pistão para baixo.

Segundo tempo (compressão): A válvula de admissão fecha-se; a

mistura é comprimida à medida que o pistão se eleva e, antes que este

chegue à parte superior, a vela solta uma faísca.

Terceiro tempo (explosão): A mistura explode por acção da faísca;

os gases quentes que se expandem, formados na explosão, produzem

uma força que faz com que o pistão desça novamente, fazendo mover a

cambota.

Quarto tempo (escape): A válvula de escape abre-se e os gases são

expulsos pelo pistão que sobe.

Para melhorar o rendimento dos motores, estes funcionam com vários

cilindros. Num motor de quatro cilindros, quando um dos cilindros está em

admissão, outro está em compressão, o terceiro está na fase de explosão e o

quarto na de exaustão.

Actualmente os motores são auto lubrificados pois as gasolinas verdes

assim o exigem. Os aditivos oxigenados não conferem ao combustível a

capacidade de lubrificação, o que não acontecia nas gasolinas com chumbo.

O combustível é classificado segundo o seu IO, que traduz a medida

para determinar o poder anti-detonante das gasolinas nos motores, isto é,

permite medir a capacidade de um combustível resistir sem explodir até que se

dê a ignição nas velas. Utilizam-se como carburantes de comparação o iso-

octano (2,2,4-trimetilpentano C8H18) e o n-heptano (C7H16), aos quais

arbitrariamente se atribui um índice de octano de 100 e 0, respectivamente. O

carburante cujo índice de octano se deseja determinar é comparado com uma

mistura de iso-octano e n-heptano em proporção conhecida. Se ambos os

carburantes possuírem o mesmo poder anti-detonante, o IO do carburante

testado é igual à percentagem de iso-octano da mistura padrão. Este índice

permite detectar deficiências, por exemplo, quando o motor de explosão emite

7

um ruído metálico e sonoro que tem a sua origem na combustão irregular do

carburante. Este fenómeno produz além de uma perda de potência do motor,

danos nos êmbolos, bielas e cilindros. A predisposição de um motor para este

fenómeno depende, em grande parte, da qualidade do carburante utilizado.

GASOLINA COM CHUMBO

O chumbo começou a ser adicionado à gasolina em 1922 por razões

aeronáuticas (Pantaroto, 2007) . De forma a aumentar a capacidade de

combustão da gasolina dos motores dos aviões, para que estes conseguissem

levantar voo em menos tempo, aumentou-se o índice de octano. Para tal,

procedeu-se à adição de chumbo (tetra-etil-chumbo) à gasolina (Jorge, 2006).

Uma vez que o chumbo conferia à gasolina uma maior potência e maior

economia de combustível, passou a utilizar-se na indústria automóvel

(Pantaroto, 2007).

CATALISADORES

Os catalisadores utilizam reagentes químicos que não são consumidos

nas reacções, ou então que são regenerados no final destas, tornando-as mais

rápidas e eficientes.

Assim, toneladas de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de

azoto são transformadas em dióxido de carbono e azoto (livre). O dióxido de

carbono, apesar de contribuir, a longo prazo, para o aumento do efeito estufa, é

um gás muito menos agressivo do que os outros que o originaram.

Há alguns anos atrás, uma das maiores preocupações das empresas

que produziam automóveis era desenvolver novas tecnologias para diminuir os

níveis de produção e emissão de monóxido de carbono.

Mesmo depois da tecnologia dos conversores catalíticos ser

desenvolvida, eles só começaram a ser instalados nos automóveis após o

aumento das exigências legais. O conversor catalítico, esquematizado na figura

8

5 é constituído por um núcleo metálico ou cerâmico, repleto de catalisadores

químicos, que se liga às tubulações de escape do automóvel.

Figura 5 – Representação esquemática de um conversor catalítico de automóvel.

GASOLINA SEM CHUMBO

Até à década de setenta do século XX, as refinarias foram alterando

constantemente a composição da gasolina para responder aos sucessivos

avanços tecnológicos verificados nos processos de refinação do petróleo e nos

motores automóveis. Contudo, as alterações mais recentes devem-se a

questões ambientais.

A introdução de conversores catalíticos nos sistemas de exaustão dos

automóveis, que servem para reduzir as emissões de hidrocarbonetos,

monóxido de carbono e óxidos de azoto, tornou essencial o aparecimento de

um novo tipo de gasolina - a gasolina sem chumbo - uma vez que os

compostos de chumbo presentes na gasolina até então envenenavam o

catalisador.

Um novo desafio foi colocado às refinarias: eliminar o chumbo da

gasolina e, ao mesmo tempo, responder à crescente procura de gasolina com

maior índice de octano como consequência do desenvolvimento de motores

automóveis cada vez mais eficientes. Assim começou a procura de agentes

que substituíssem o chumbo na gasolina.

9

Os compostos, conhecidos como aditivos oxigenados, têm excelentes

propriedades anti-detonantes, pelo que são óptimos substitutos no

cumprimento do índice de octano desejável para a gasolina. Como contêm

oxigénio, a adição destes compostos à gasolina favorece a sua combustão com

consequente diminuição das emissões de monóxido de carbono e de

hidrocarbonetos.

A introdução dos novos aditivos levou a um grande número de

benefícios. Embora a desvantagem da produção de radicais, auxiliares na

queima da gasolina não tenha sido eliminada, é amplamente compensada pela

ausência de um metal pesado na estrutura do aditivo, que só contém, além do

carbono e hidrogénio, oxigénio. A presença do oxigénio é benéfica, pois, como

a queima da gasolina requer oxigénio, a presença de uma molécula de O₂ no

aditivo ajuda a manter o nível do elemento durante a combustão, aprimorando-

a.

Do ponto de vista do rendimento, como a presença de oxigénio na

gasolina não contribui para a sua energia, o seu conteúdo energético diminui.

No entanto, como o aumento do teor de oxigénio pode levar a uma combustão

mais completa, o rendimento pode não ficar comprometido. Para tal, é

importante encontrar um compromisso entre o conteúdo energético, o índice de

octano e a redução de emissões. Tanto nos Estados Unidos como na União

Europeia foi fixado o limite máximo legal de 2.7% (m/m) para o teor de oxigénio

na gasolina.

Os éteres e os álcoois são utilizados em diferentes percentagens na

gasolina. Os álcoois com maior importância são o metanol, o etanol, o

isopropanol e o t-butanol. Quanto aos ésteres o MTBE, o ETBE, o TAME e o

TAEE são os mais relevantes.

O Metil terc-butil-éter (MTBE), foi um dos aditivos que passou a ser mais

utilizado em todo o mundo, já que é solúvel na gasolina e se decompõe durante

a explosão no motor, formando vários tipos de radicais - o mesmo número de

radicais etilo produzidos pela queima do Tetraetil Chumbo. O MTBE é formado

pela reacção de isobuteno, proveniente da corrente gasosa de hidrocarbonetos

C4, com metanol.

10

A gasolina sem chumbo possui aditivos que visam também melhorar o

desempenho do motor e a performance do combustível, como por exemplo:

Compostos anti-detonantes: melhorar o índice de octano.

Modificadores da combustão: minimizar a ignição superficial, a pré-

ignição e as falhas nas velas.

Antioxidantes: para minimizar a oxidação e a formação de gasolina

viscosa e para melhorar as características de manipulação e

armazenamento.

Desactivantes de metal: para desactivar traços de cobre e outros iões

metálicos que são poderosos catalisadores de oxidação.

Inibidores de corrosão ou ferrugem: minimizar a corrosão e a ferrugem

no sistema de combustível.

Anticongelante: para evitar a formação de gelo na borboleta do

acelerador.

Detergente: para reduzir os depósitos no sistema de injecção e no motor

de forma a melhorar a explosão.

GASOLINA SEM CHUMBO EM PORTUGAL

Até Portugal ter aderido à UE, as especificações regulamentadas por lei

para a gasolina eram escassas. Por exemplo, em 1972 as especificações para

as gasolinas de então, denominadas de normal e super, fazem apenas

referência ao aspecto, às temperaturas máximas atingidas na destilação por

percentagem de evaporado, à pressão de vapor Reid, aos teores máximos em

enxofre (0.10% (m/m)) e em chumbo (0.635 g/l) e ao valor mínimo para o índice

de octano (85 para a gasolina normal e 98 para a super). Em 1984 são fixados

novos valores para o teor em chumbo, que passa para 0.4 g/l (máximo), e para

o índice de octano mínimo da gasolina normal, que é aumentado para 90. Só

em 1989, e já como membro da UE, é que a legislação portuguesa faz

referência à gasolina sem chumbo e aos compostos oxigenados, como

consequência de directivas comunitárias relativas à aproximação das

legislações dos Estados-membros respeitantes ao teor de chumbo na gasolina.

As gasolinas com chumbo normal e super continuam a ter um máximo naquele

11

composto de 0.4 g/l e para a gasolina sem chumbo o limite é fixado em 0.013

g/l, sendo o seu índice de octano (IO) mínimo de 95. Passa também a fazer

parte das especificações das gasolinas o seu teor máximo em benzeno (5.0%

(v/v)). Quanto aos compostos oxigenados, são autorizados vários álcoois e

éteres e fixados os seus limites.

O facto de haver um mínimo de oxigénio de 2% (em peso) a cumprir nas

gasolinas reformuladas (GR, combustíveis alterados com o propósito de uma

menor emissão de gases poluentes) faz com que o seu teor em compostos

oxigenados seja, regra geral, superior ao do das gasolinas produzidas para o

mercado interno, para as quais não é imposto nenhum mínimo para o teor em

oxigénio mas apenas um máximo de 2.7 % (m/m), limite que é igualmente

imposto às GR.

As percentagens em massa com que habitualmente os compostos

oxigenados são incorporados em cada tipo de gasolina estão representadas no

gráfico da Figura 6 em que se compara o teor em MTBE (assinalado a cheio) e

em TAME - terc-amil metil éter (assinalado a ponteado) - das gasolinas sem

chumbo 95, sem chumbo 98 e GR produzidas na refinaria de Sines nos meses

de Julho de 2001 a Julho de 2002. No que diz respeito às GR, não são

conhecidos os valores relativos aos meses de Agosto, Setembro, Novembro e

Dezembro de 2001 e de Janeiro, Fevereiro e Julho de 2002.

12

Figura 6 - Teor de MTBE e de TAME das gasolinas produzidas na refinarias de Sines entre os

meses Julho de 2001 e Julho de 2002 (Oliveira.2004 - fonte: refinaria de Sines da Petrogal, S.A.).

PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DO TAME

O TAME, terc-amil metil éter é um composto utilizado como aditivo nas

gasolinas sem chumbo (Figura 7). A sua descoberta e implementação na

indústria automóvel e de refinação teve o objectivo de ocupar o lugar do

chumbo evitando-se os seus malefícios para a saúde pública e melhorando a

performance dos combustíveis. O TAME veio, então, com os restantes aditivos

oxigenados, eliminar o chumbo (já proibido por lei), aumentar a octanagem e

diminuir a volatilidade dos combustíveis.

Figura 7: Tec-amil metil éter–Sigma-Aldrich.

13

Este produto é obtido cataliticamente na fase líquida pela reacção entre

o metanol e os isomilenios 2-metil-1-buteno e 2-metil-2-buteno, envolvendo na

sua síntese três reacções reversíveis simultâneas. (Oliveira, 2004).

Figura 8: Representação esquemática simplificada do processo.

Em Portugal, existem duas refinarias pertencentes à Petrogal, SA, uma

no Porto e outra em Sines, capazes de produzir 86% do total de produtos

derivados do petróleo consumidos anualmente. Esta empresa para além de

produzir para o mercado interno gasolina sem chumbo 98, 95 e super

aditivada, também exporta para os EUA um combustível chamado gasolinas

reformadas.

Com a proibição da venda de gasolinas com chumbo em Portugal, a

partir de 1 de Julho de 1999, verificou-se a alteração da produção de gasolinas

antes e após essa data, como se pode ver no gráfico da figura 9.

A partir de 2000 é notável a inversão no tipo de gasolina sem chumbo

mais produzida, e em 2001 a produção de gasolina sem chumbo 95 foi maior

que a sem chumbo 98.

14

Figura 9 : Produção de gasolinas em Portugal nos anos de 1998 a 2001 (Oleveira, 2004 -fonte:

Direcção-Geral de Energia).

Os compostos oxigenados não são produzidos internamente na

Petrogal, estes são importados e depois adicionados (TAME e MTBE). Em

Sines a produtora de MTBE era a antiga NESTE Enginieering Oy, cujas

instalações foram adquiridas pela REPSOL, e no que diz respeito ao TAME,

este é importado principalmente da Holanda. A figura 10 demonstra as

importações anuais de compostos oxigenados entre 1999 e 2002 a fracção

respectiva ao TAME é bastante diminuta mas tende a crescer. “Apesar de, em

termos de preços, os dois aditivos terem cotações semelhantes, o TAME tem

especial interesse pelo facto da sua oferta no mercado internacional ser inferior

à do MTBE” (Oliveira, 2004).

15

Figura 10 : Importação anual de MTBE e TAME nos anos de 1999 a 2002 (Oliveira, 2004 - fonte:

Galp Energia, SGPS, SA).

Em Portugal, bem como noutros países, o TAME é utilizado

especialmente no Verão por possuir um valor baixo de pressão de vapor Reid,

o que possibilita a sua incorporação nas gasolinas reformuladas de exportação.

Os aditivos oxigenados, no qual se engloba o TAME, têm um valor

mínimo de teor de oxigénio. A utilização de TAME como aditivo oxigenado é

bastante inferior ao de MTBE e as gasolinas reformuladas exportadas são mais

ricas em oxigenados do que as produzidas para o mercado nacional.

No que diz respeito à gasolina sem chumbo 95, o seu teor em

compostos oxigenados é muito inferior ao das outras gasolinas, podendo até

acontecer que não lhe seja adicionado nenhum composto oxigenado caso a

composição da gasolina base seja suficiente para cumprir as suas

especificações (Oliveira 2004).

Na Europa, em 2000, 37 empresas dedicavam-se à produção de aditivos

oxigenados, das quais se dedicavam especialmente à produção do TAME,

duas em Itália (AGIP e SARAS), uma na Finlândia (Fortum) e outra no Reino

Unido (Lindsay Oil).

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CONCLUSÃO

O aumento da poluição atmosférica, em parte originada pelas gasolinas

com chumbo, tornou necessária a remodelação dos constituintes da gasolina,

com o objectivo de a tornar ecologicamente menos prejudicial.

Os aditivos oxigenados têm excelentes propriedades anti-detonantes,

pelo que são uma das soluções dadas pelas refinarias à crescente procura de

gasolina com maior índice de octano. A existência destes nas gasolinas

permitiu melhorar o funcionamento do motor e performance do combustível.

Uma vez que favorecem a combustão da gasolina, com consequente

diminuição das emissões de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos,

fundamental a nivel ecológico. Contudo a substituição do chumbo pelos

aditivos oxigenados reduziu a lubrificação do motor assim como retirou à

gasolina o seu poder de detonação, fundamental na fase de explosão do

mesmo.

Todavia, uma vez que o oxigénio possibilita uma combustão mais

completa, o rendimento pode não ser alterado. Para isso, basta ter em atenção

o compromisso entre o conteúdo energético, o índice de octano e a redução de

emissões.

Entre os diferentes tipos de aditivos oxigenados existentes, o TAME foi o

mais profundamente abordado neste trabalho uma vez que é dos mais

utilizados devido às características que este confere ao combustível. Desta

forma a sua produção está a aumentar gradativamente a nível internacional.

17

BIBLIOGRAFIA

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