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67 Anexação ao perímetro urbano de áreas rurais próximas a Viracopos visa abrir espaço a indústrias Maria Teresa Costa DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] Cerca de 3,5 milhões de me- tros quadrados de áreas ru- rais serão integradas ao perí- metro urbano na região do Aeroporto Internacional de Vi- racopos, em Campinas, e a va- lorização que haverá nessas terras com a alteração de uso terá que ser ressarcida ao mu- nicípio. Essas áreas estão em parte da Fazenda Palmeira en- tre o perímetro urbano e a Ro- dovia Lix da Cunha, estão às margens da Rodovia Santos Dumont e próximas ao Jar- dim São Domingos. Elas es- tão entre as principais mu- danças que serão introduzi- das na região pelo plano local de gestão da Macrozona 7 (MZ-7), mas provocaram des- contentamento em Friburgo, que permanecerá rural. O plano foi apresentado ontem em audiência pública no Salão Vermelho da Prefei- tura. A anexação dessas áreas visa garantir terras para indús- trias, comércios e serviços e também para moradia, e se- rão inseridas mediante à ade- são dos proprietários à Opera- ção Urbana Consorciada Vira- copos (OUCV). Essa operação é um instrumento de planeja- mento que cria uma alternati- va de financiamento para a organização do transporte co- letivo, ampliação dos espaços públicos, implantação de pro- gramas habitacionais ou mes- mo a melhoria da infraestru- tura e do sistema viário. De acordo com o projeto, 1 milhão de metros quadra- dos que estão fora da curva de ruído do aeroporto e próxi- mo ao Jardim São Domingos passarão a ter uso e ocupa- ção de Zona Especial de Inte- resse Social (Zeis) de Indu- ção, para receber as famílias residentes em áreas inadequa- das ou para desadensar nú- cleos que serão regulariza- dos. Outros 2,5 milhões da Fa- zenda Palmeira e das mar- gens da Rodovia Santos Du- mont passarão de rural a Zo- na 18, VC 02. Essa categoria de zoneamento é destinada somente aos usos comercial, de serviço e institucional de caráter local. Os estabeleci- mentos que possuírem escri- tórios estarão sujeitos à análi- se prévia da Prefeitura, após prévio parecer favorável do Departamento de Aviação Ci- vil (DAC), e o projeto tem que prever tratamento acústico. O uso comercial, de serviço e institucional de maior impac- to somente poderá ser permi- tido após estudos específicos da Prefeitura, atendidas as restrições da legislação aero- náutica. É proibido o uso ha- bitacional nesta zona. A MZ-7 é constituída por áreas destinadas ao uso rural e urbano, sendo 67% corres- pondentes à zona rural e 33% à zona urbana. A porção ru- ral, que abrange a maior par- te da macrozona, é formada predominantemente por chá- caras e sítios. Essa macrozo- na destaca-se como polo aglu- tinador da cultura germânica e suíça, em razão da perma- nência de descendentes de fa- mílias imigrantes que se insta- laram no local no século 19. É possível verificar ainda a exis- tência de propriedades parti- culares de recreio e lazer na área rural dessa macrozona. P roprietários de terras de Friburgo, bairro rural ao lado do Aeroporto Internacional de Viracopos, criticaram ontem a equipe da Secretaria de Planejamento, que manteve o bairro como rural no projeto da Macrozona 7. Eles querem que parte do bairro, no trecho entre a estrada municipal 182, a divisa com Monte Mor e o gasoduto, seja transformada em área urbana destinada à indústria e logística. “Essas áreas atualmente não têm produção agrícola e ficará cada vez mais difícil viver ali com a expansão do aeroporto. O número de aviões que passará por ali vai tornar o lugar difícil de viver”, disse o representante dos proprietários, Odair Schaffer. São 12 propriedades utilizadas como chácaras pelos descendentes dos alemães que fundaram o bairro. “Se mudar para urbana, poderemos vender as terras, caso contrário, a desvalorização será imensa e ninguém terá condições de viver ali”, disse. O secretário de Planejamento, Alair Godoy, disse que a reivindicação será estudada pela equipe. O bairro, inicialmente, seria desapropriado, por estar dentro da curva de ruído do aeroportos, mas depois de muita negociação a comunidade conseguiu tirar a igreja e a escola da desapropriação, junto com seu entorno. (MTC/AAN) Reservas são oficializadas no Campo Grande e Ouro Verde; áreas que não forem doadas poderão ser desapropriadas Sugestões de pautas, críticas e elogios: [email protected] ou pelos telefones 3772-8116 e 3772-8162 Atendimento ao assinante: 3736-3200 ou pelo e-mail [email protected] Editores: Adriana Villar, Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo e Ricardo Alécio Chefe de reportagem: Guilherme Busch Plano urbaniza 3,5 milhões de m 2 Friburgo fica na área rural e protesta A Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande e os parques naturais municipais do Campo Grande e Jatobá fo- ram criados ontem, com a sanção do projeto de lei do plano local de gestão da Ma- crozona 5. As áreas dos dois parques, que somam 236,7 hectares e serão de proteção integral, poderão ser desapro- priadas, caso a Prefeitura não consiga a doação das terras. Pela legislação, áreas de prote- ção integral precisam ser pú- blicas. Com as novas unida- des, Campinas passará a ter mais 1,2 mil hectares especial- mente protegidos. Além des- sas unidades, estão sendo cria- dos 18 parques lineares ao lon- go dos córregos da região do Campo Grande e Ouro Verde. Hoje Campinas tem 6,5 mil hectares protegidos — a APA de Sousas e Joaquim Egídio, a Mata de Santa Genebra e Flo- resta Serra d’Água. Isso irá per- mitir que, além da preserva- ção dos recursos naturais, a ci- dade possa disputar os repas- ses de verbas de compensa- ções ambientais arbitradas pe- la Câmara de Compensação Ambiental (CCA) e recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente. As unidades de conservação existentes são de uso sustentável, o que impe- de o repasse de verbas. A APA Campo Grande, com 959 hectares, é uma re- gião de muitas nascentes — são cerca de 50 — onde as áreas de preservação perma- nente estão livres, com mui- tas áreas de matas preserva- das. Ali prevalece uma vegeta- ção de transição de Mata Atlântica para Cerrado. O prin- cipal atributo dessa área, infor- mou a Prefeitura, será impe- dir a conurbação urbana da- quela região com as cidades de Hortolândia e Monte Mor. Ela será a segunda APA de Campinas e cerca de 25% de sua área é formada por áreas de proteção permanentes (APP) e 17% de remanescen- tes nativos. Há 13% da área, cerca de 130 hectares, que pre- cisam ser reflorestados. Assim como Sousas e Joa- quim Egídio, a APA Campo Grande será de uso sustentá- vel, permitindo a agricultura, atividades agropastoril, ecotu- rismo, presença de pousadas, restaurantes, atividades de la- zer. Ela irá permanecer como área rural, o que significa que loteamentos não serão autori- zados. A função de uma APA é proteger a diversidade bioló- gica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sus- tentabilidade do uso dos re- cursos naturais. Com a sanção publicada no Diário Oficial do Munici- pio ontem, a Macrozona 5 te- rá 2,5 milhões de metros qua- drados de áreas rurais trans- formadas em urbanas, o que vai custar caro aos proprietá- rios das áreas que tiveram o zoneamento alterado, que te- rão que pagar uma contra- partida de 70% da valoriza- ção das terras — correspon- dente a diferença entre o pre- ço da terra rural e a urbana — para ser investido na pró- pria região. O pedágio da va- lorização será exigido na aprovação de empreendi- mentos, e poderá ser pago em espécie ou em obras de interesse da região. Se o em- preendimento exigir estudos especiais, o empreendedor precisará pagar mais uma contrapartida, de 5% sobre o valor geral de venda (VGV). (MTC/AAN) Criação de APA e de dois parques é sancionada Cedoc/RAC Elcio Alves/AAN Leandro Ferreira/AAN Da Macrozona 7 são de áreas rurais Cidades MACROZONA 7 ||| USO DO SOLO Moto passa por estrada no Friburgo, mantido na zona rural: moradores dizem que não há mais agricultura local e cobram urbanização Público acompanha apresentação da Macrozona 7 no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas Área de mata no Campo Grande, região que ganhou uma APA POR CENTO Proposta foi apresentada ontem em audiência pública A4 CORREIO POPULAR Campinas, terça-feira, 25 de setembro de 2012

Anexo 5

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Anexação ao perímetro urbano de áreas rurais próximas a Viracopos visa abrir espaço a indústrias

Maria Teresa CostaDA AGÊNCIA ANHANGUERA

[email protected]

Cerca de 3,5 milhões de me-tros quadrados de áreas ru-rais serão integradas ao perí-metro urbano na região doAeroporto Internacional de Vi-racopos, em Campinas, e a va-lorização que haverá nessasterras com a alteração de usoterá que ser ressarcida ao mu-nicípio. Essas áreas estão emparte da Fazenda Palmeira en-tre o perímetro urbano e a Ro-dovia Lix da Cunha, estão àsmargens da Rodovia SantosDumont e próximas ao Jar-dim São Domingos. Elas es-tão entre as principais mu-danças que serão introduzi-das na região pelo plano localde gestão da Macrozona 7(MZ-7), mas provocaram des-contentamento em Friburgo,que permanecerá rural.

O plano foi apresentadoontem em audiência públicano Salão Vermelho da Prefei-tura. A anexação dessas áreasvisa garantir terras para indús-trias, comércios e serviços etambém para moradia, e se-rão inseridas mediante à ade-são dos proprietários à Opera-ção Urbana Consorciada Vira-copos (OUCV). Essa operaçãoé um instrumento de planeja-mento que cria uma alternati-va de financiamento para aorganização do transporte co-letivo, ampliação dos espaçospúblicos, implantação de pro-gramas habitacionais ou mes-mo a melhoria da infraestru-tura e do sistema viário.

De acordo com o projeto,1 milhão de metros quadra-dos que estão fora da curvade ruído do aeroporto e próxi-

mo ao Jardim São Domingospassarão a ter uso e ocupa-ção de Zona Especial de Inte-resse Social (Zeis) de Indu-ção, para receber as famíliasresidentes em áreas inadequa-

das ou para desadensar nú-cleos que serão regulariza-dos. Outros 2,5 milhões da Fa-zenda Palmeira e das mar-gens da Rodovia Santos Du-mont passarão de rural a Zo-

na 18, VC 02. Essa categoriade zoneamento é destinadasomente aos usos comercial,de serviço e institucional decaráter local. Os estabeleci-mentos que possuírem escri-

tórios estarão sujeitos à análi-se prévia da Prefeitura, apósprévio parecer favorável doDepartamento de Aviação Ci-vil (DAC), e o projeto tem queprever tratamento acústico. Ouso comercial, de serviço einstitucional de maior impac-to somente poderá ser permi-tido após estudos específicosda Prefeitura, atendidas asrestrições da legislação aero-náutica. É proibido o uso ha-bitacional nesta zona.

A MZ-7 é constituída poráreas destinadas ao uso rurale urbano, sendo 67% corres-pondentes à zona rural e 33%à zona urbana. A porção ru-ral, que abrange a maior par-te da macrozona, é formadapredominantemente por chá-caras e sítios. Essa macrozo-na destaca-se como polo aglu-tinador da cultura germânicae suíça, em razão da perma-nência de descendentes de fa-mílias imigrantes que se insta-laram no local no século 19. Épossível verificar ainda a exis-tência de propriedades parti-culares de recreio e lazer naárea rural dessa macrozona.

Proprietários deterras de Friburgo,bairro rural ao lado

do AeroportoInternacional deViracopos, criticaramontem a equipe daSecretaria dePlanejamento, quemanteve o bairro comorural no projeto daMacrozona 7. Elesquerem que parte dobairro, no trecho entre aestrada municipal 182, adivisa com Monte Mor e ogasoduto, sejatransformada em áreaurbana destinada àindústria e logística.“Essas áreas atualmentenão têm produçãoagrícola e ficará cada vezmais difícil viver ali coma expansão do aeroporto.O número de aviões quepassará por ali vai tornaro lugar difícil de viver”,disse o representante dosproprietários, OdairSchaffer. São 12propriedades utilizadascomo chácaras pelosdescendentes dosalemães que fundaram obairro. “Se mudar paraurbana, poderemosvender as terras, casocontrário, adesvalorização seráimensa e ninguém terácondições de viver ali”,disse. O secretário dePlanejamento, AlairGodoy, disse que areivindicação seráestudada pela equipe.O bairro, inicialmente,seria desapropriado, porestar dentro da curva deruído do aeroportos, masdepois de muitanegociação a comunidadeconseguiu tirar a igreja ea escola dadesapropriação, juntocom seu entorno.(MTC/AAN)

Reservas são oficializadas no Campo Grande e Ouro Verde; áreas que não forem doadas poderão ser desapropriadas

Sugestões de pautas, críticas e elogios:[email protected] oupelos telefones 3772-8116 e 3772-8162

Atendimento ao assinante:3736-3200 ou peloe-mail [email protected]

Editores: Adriana Villar, Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo e Ricardo Alécio Chefe de reportagem: Guilherme Busch

Plano urbaniza 3,5 milhões de m2

Friburgo ficana área rurale protesta

A Área de Proteção Ambiental(APA) do Campo Grande e osparques naturais municipaisdo Campo Grande e Jatobá fo-ram criados ontem, com asanção do projeto de lei doplano local de gestão da Ma-crozona 5. As áreas dos doisparques, que somam 236,7hectares e serão de proteçãointegral, poderão ser desapro-priadas, caso a Prefeitura nãoconsiga a doação das terras.Pela legislação, áreas de prote-ção integral precisam ser pú-blicas. Com as novas unida-des, Campinas passará a termais 1,2 mil hectares especial-mente protegidos. Além des-sas unidades, estão sendo cria-dos 18 parques lineares ao lon-go dos córregos da região doCampo Grande e Ouro Verde.

Hoje Campinas tem 6,5 milhectares protegidos — a APAde Sousas e Joaquim Egídio, aMata de Santa Genebra e Flo-resta Serra d’Água. Isso irá per-mitir que, além da preserva-ção dos recursos naturais, a ci-dade possa disputar os repas-ses de verbas de compensa-ções ambientais arbitradas pe-la Câmara de CompensaçãoAmbiental (CCA) e recursosdo Fundo Nacional de MeioAmbiente. As unidades deconservação existentes são deuso sustentável, o que impe-de o repasse de verbas.

A APA Campo Grande,

com 959 hectares, é uma re-gião de muitas nascentes —são cerca de 50 — onde asáreas de preservação perma-nente estão livres, com mui-tas áreas de matas preserva-das. Ali prevalece uma vegeta-ção de transição de MataAtlântica para Cerrado. O prin-cipal atributo dessa área, infor-mou a Prefeitura, será impe-dir a conurbação urbana da-quela região com as cidades

de Hortolândia e Monte Mor.Ela será a segunda APA deCampinas e cerca de 25% desua área é formada por áreasde proteção permanentes(APP) e 17% de remanescen-tes nativos. Há 13% da área,cerca de 130 hectares, que pre-cisam ser reflorestados.

Assim como Sousas e Joa-quim Egídio, a APA CampoGrande será de uso sustentá-vel, permitindo a agricultura,

atividades agropastoril, ecotu-rismo, presença de pousadas,restaurantes, atividades de la-zer. Ela irá permanecer comoárea rural, o que significa queloteamentos não serão autori-zados. A função de uma APAé proteger a diversidade bioló-gica, disciplinar o processo deocupação e assegurar a sus-tentabilidade do uso dos re-cursos naturais.

Com a sanção publicada

no Diário Oficial do Munici-pio ontem, a Macrozona 5 te-rá 2,5 milhões de metros qua-drados de áreas rurais trans-formadas em urbanas, o quevai custar caro aos proprietá-rios das áreas que tiveram ozoneamento alterado, que te-rão que pagar uma contra-partida de 70% da valoriza-ção das terras — correspon-dente a diferença entre o pre-ço da terra rural e a urbana

— para ser investido na pró-pria região. O pedágio da va-lorização será exigido naaprovação de empreendi-mentos, e poderá ser pagoem espécie ou em obras deinteresse da região. Se o em-preendimento exigir estudosespeciais, o empreendedorprecisará pagar mais umacontrapartida, de 5% sobre ovalor geral de venda (VGV).(MTC/AAN)

Criação de APA e de dois parques é sancionada

Cedoc/RAC

Elcio Alves/AAN

Leandro Ferreira/AAN

Da Macrozona 7 sãode áreas rurais

CidadesMACROZONA 7 ||| USO DO SOLO

Moto passa por estrada no Friburgo, mantido na zona rural: moradores dizem que não há mais agricultura local e cobram urbanização

Público acompanha apresentação da Macrozona 7 no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas

Área de mata no Campo Grande, região que ganhou uma APA

POR CENTO

Proposta foiapresentada ontemem audiência pública

A4 CORREIO POPULARCampinas, terça-feira, 25 de setembro de 2012