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1 As famílias num mundo com COVID-19 Guia de apoio psicossocial às famílias

As famílias num mundo com COVID-19 - Lourinhã · telemóveis e na tendência para ficarem fechados no seu espaço entregues a esse mundo. ... praticar interajuda. O que está a

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As famílias num mundo com COVID-19

Guia de apoio psicossocial às famílias

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Índice

As famílias num mundo com COVID-19 ..........................................................................................3

➊ Os mais pequenos num mundo com COVID -19 .......................................................................5

Algumas sugestões .....................................................................................................................6

➋ Os adolescente num mundo com COVID19 ..............................................................................8

Algumas sugestões .....................................................................................................................9

➌ Os adultos num mundo com COVID-19 .................................................................................. 11

Algumas sugestões .................................................................................................................. 12

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As famílias num mundo com COVID-19

Encontramo-nos numa fase difícil para todos, em que todos nós temos que nos

adaptar a uma realidade que não estávamos de todo à espera!

Apresentamos este guia, na certeza de que juntos conseguiremos ultrapassar esta

crise da melhor forma, com pequenos e grandes gestos, unindo esforços, apelando

ao sentido de missão, de dever, de cidadania e profissionalismo de cada um.

Encontrará neste guia um conjunto de sugestões que o ajudarão na organização

diária, na qualidade da relação familiar e na gestão das emoções face a este

período de insegurança.

Claro é, que muito mais haverá para fazer e por dizer, mas comecemos pelo

princípio, com calma, tal como a situação assim o exige…

Esta situação de crise representa um momento de grande exigência para todos nós…

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Orientarmo-nos no sentido de a viver da melhor maneira possível é fundamental.

Por isso…

Compreenda

Adapta-se

Oranize-se

Diversifique Cuide-se

Estabelecça objetivos

diários

Alimente as

amizades

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➊ Os mais pequenos num mundo com COVID -19

O mundo mudou de forma repentina para todos.

Ser criança num mundo frenético, onde desde muito cedo havia horários a cumprir,

se era entregue aos cuidados dos outros, em que o conforto nas horas de choro

vinha dos braços de uma auxiliar educativa ou de uma educadora, em que se estava

2 a 3 horas por dia em família, tempo esse gasto em rotinas de alimentação, higiene,

numa história, num beijinho de boa noite e pouco mais, acabou para a maioria das

crianças, pelo menos por enquanto.

E agora como é num mundo com COVID-19?

Este mundo parou. A maioria das crianças regressou ao lar, estão mais tempo com

os pais, o que naturalmente é bom. Contudo, esta realidade exige uma adaptação

por parte de todos.

Como gerir o tempo, que atividades fazer com as crianças, como encaixar este puzzle

de conseguir fazer as atividades domésticas, o teletrabalho, manter o equilíbrio

pessoal e familiar, é um desafio que se coloca naturalmente.

Com a intenção de contribuir para um melhor bem-estar das famílias, apresentam-

se algumas sugestões que poderão ajudar nesta fase.

Uma coisa parece certa, encarar esta alteração como uma oportunidade de passar

mais tempo com as crianças, de ser a pessoa que conforta, que alimenta, que ensina

e que brinca, ajudará pais e filhos a serem pessoas mais completas e felizes.

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Algumas sugestões

As crianças mais pequenas devem manter as suas rotinas, especialmente aquelas que frequentam creche ou jardim-de-infância. Convém nesta altura haver uma articulação com a educadora para tentar, na medida do possível, dar continuidade a algumas das rotinas a que a criança está habituada, quer ao nível da alimentação e higiene, mas também ao nível das atividades lúdico-didáticas. As rotinas são essenciais para que a criança se sinta segura.

Continuar a envolver as crianças em atividades que promovam o seu desenvolvimento, tais como, ouvir histórias, atividades de expressão plástica e de construções por exemplo. Apanhar ar e brincar no quintal ou na varanda sempre que possível é importante pois, o organismo precisa de apanhar sol e de estar em contacto com a natureza.

A internet e a televisão podem também ser usados neste momento, embora as crianças até aos 6 anos não devam estar mais do que 60 minutos expostas a smartphone, computador ou TV. Existem aplicações lúdico-didáticas e filmes com mensagens interessantes adaptadas a estas idades que podem ser uma ajuda. É fundamental que haja uma preocupação com o tipo de conteúdos a que a criança está exposta.

A criança deve dormir a quantidade de horas recomendadas para a sua idade, tentando cumprir com um horário de deitar mais ou menos rígido.

Evite discursos fatalistas e pense que esta situação é temporária. Pais tranquilos ajudam a que as crianças se sintam também mais tranquilas.

A forma como o adulto atravessa este momento condiciona naturalmente a forma como a criança sente o que se está a passar. Não esquecer que as crianças “apanham” tudo o que ouvem. Se as conversas em redor da criança forem de muita preocupação e de ansiedade é muito provável que a criança interiorize essas preocupações e medos.

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A família deve estar atenta a alterações no comportamento da criança, tais como birras mais persistentes, voltar a fazer xixi na cama, pedir mais colo, acordar durante a noite, entre outros comportamentos que surjam e que não eram habituais antes desta crise.

Se possível estabeleça um horário de tempo exclusivo dedicado à criança, em que todos participem de forma descontraída.

Mantenha contacto via telefone ou com recurso às redes sociais, caso possível através de vídeo chamada, com as pessoas que fazem habitualmente parte da vida da criança (avós, tios, primos, amiguinhos).

A equipa do Aluno ao Centro - Lourinhã desenvolveu um guia onde poderá encontrar algumas sugestões atividades que o ajudarão a passar tempo de qualidade com a criança. Aceda aqui ao guia de atividades para pais e filhos.

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➋ Os adolescente num mundo com COVID19

Ser adolescente não é fácil. Ter um adolescente num mundo com COVID-19 será

certamente, na maioria dos casos, uma tarefa difícil de gerir.

Assiste-se a uma preocupação crescente por parte dos pais, relacionada com o

tempo que os adolescentes passam no mundo virtual, dos computadores e

telemóveis e na tendência para ficarem fechados no seu espaço entregues a esse

mundo.

E agora, que não se pode sair de casa e que mais do que nunca esse mundo virtual

parece ser um escape para passar o tempo?

O que fazer? Como gerir as relações entre os pais e os adolescentes? Como ocupar

o tempo de forma proveitosa?

Deixamos-lhe algumas orientações que facilitarão nesta missão.

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Algumas sugestões

Porque de manhã é que se começa o dia, tirar o pijama, cuidar da higiene e vestir uma roupa confortável deverá ser o ponto de partida para entrar na rotina do dia.

Atualmente o tempo que os adolescentes passam nas tecnologias é uma grande preocupação para os pais. Contudo a tecnologia até certo ponto pode ser uma aleada nesta fase em que vivemos, podendo ser utilizada como:

o Forma de socializar, através das redes sociais e preferencialmente falar em viva voz, com os amigos que conhece pessoalmente.

o Ver filmes e documentários interessantes, que servem muitas vezes para reforçar temas abordados na escola, ajudar a promover valores éticos e morais, conhecer histórias de vida de pessoas que marcaram o rumo da humanidade, entre outros assuntos que sejam uma mais-valia para o adolescente. Deixamos-lhe algumas sugestões de filmes com interesse:

Um Sonho Possível

Uma Mente Brilhante

A Queda: As Últimas Horas de Hitler

O gladiador

Jobs

2001: uma odisseia no espaço

Fazer uma lista com as tarefas domésticas a realizar pelo adolescente. Para evitar conflito, convém conversar antecipadamente sobre essa distribuição de tarefas para que o adolescente vá interiorizando o que deve fazer

Os pais conhecem os filhos como ninguém. Nesta fase é normal existir tendência para confrontar os pais e contrariar as suas orientações. Seja perspicaz e tente procurar as melhores alturas para abordar assuntos mais sensíveis.

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Tente contrariar essa tendência para o confronto. Tenha uma postura de oposição pela positiva, controle o tom de voz e a sua postura. Evite entrar numa espiral de confronto. Sirva de modelo no sentido de mostrar que existem outras formas de resolver as situações.

Leve o adolescente a investigar sobre profissões e talentos que tenha. Deixamos-lhe a sugestão de uma plataforma digital com informações na área do mundo das profissões: plataforma de exploração vocacional

Deve haver uma preocupação em distribuir as atividades diárias, de forma a

que o adolescente vá alternando também o tipo de atividades que faz,

evitando estar horas a fio no computador.

Manter a atividade física também é importante. Elaborar um plano de

exercícios para fazer diariamente, consoante os recursos que tem em casa

para o fazer.

Entre no mundo do adolescente, manifeste curiosidade sobre os seus

interesses, aprenda com ele também. Esta postura ajuda a fortalecer a

relação.

De forma calma e oportuna o adulto deve passar a mensagem que:

o Este não é um tempo de férias, é um tempo especial, em que se deve praticar interajuda. O que está a acontecer é uma mudança inesperada e repentina na vida de todos e por isso todos se devem esforçar para que este período corra da melhor maneira possível.

o Ao ficar em casa estamos a contribuir para uma grande causa. Se cada um fizer a sua parte, tudo isto será ultrapassado mais rapidamente

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➌ Os adultos num mundo com COVID-19

E os adultos, os pais, como ficam no meio de tanta exigência?

Esta nova realidade requer para a maioria, uma capacidade gigantesca de adaptação.

Mais tempo a partilhar o mesmo espaço com todos, a exigência da lida doméstica,

fazer atividades com os filhos e atender às suas necessidades, corresponder às

exigências do teletrabalho, gerir a relação conjugal, gerir a incógnita daquilo que aí

vem no que respeita à economia e à sociedade, manter-se saudável e zelar pela saúde

dos que são próximos, são preocupações presentes na maioria dos adultos, perante

este novo mundo.

Face a tudo isto manter uma postura otimista e de confiança não é fácil, mas é

possível.

Saber detetar emoções, planear, organizar, focar-se no essencial são fortes aleados

na batalha contra esta crise.

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Algumas sugestões

Faça uma planificação semanal ou diária conjugando, as atividades laborais, domésticas e de trabalho ou atividades que tenciona fazer com os seus filhos.

Planeie em conjunto com os seus filhos para que eles se preparem e antecipem as atividades, quer domésticas, quer de aprendizagem ou entretenimento, que irão fazer.

Tente encaixar as atividades do seu trabalho que requerem maior concentração nas alturas em que as crianças, precisem menos da sua presença. O período da cesta dos mais pequenos por exemplo, poderá ser aproveitado nesse sentido. Em relação às crianças mais velhas atribua-lhes atividades mais morosas e que consigam fazer de forma mais ou menos autónoma.

As moldagens, os desenhos para pintar, as construções, os puzzles são atividades enriquecedoras e que a maior parte das crianças fazem com satisfação e ocupam o tempo com qualidade.

Explore APPs lúdico-didáticas e escolha aquelas que melhor se adaptam a fase de desenvolvimento da criança.

Pode optar por fazer atividades de maior esforço intelectual, logo pela manhã ou à noite, quando tudo estiver mais tranquilo, respeitando também o seu próprio ritmo biológico.

É natural que por vezes, sinta mais ansiedade e insegurança. Esses sentimentos são normais do ser humano em fases como esta. Tente combater esse estado de espírito pensando que esta situação é transitória; que ao estar em casa está a dar o seu contributo para que a situação melhor e que está a proteger-se a si e à sua família. Pense que desta forma irá recuperar a normalidade mais rapidamente.

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Aprenda a conhecer as suas emoções e a antecipar o seu estado de espírito. Combata a tendência para entrar numa espiral de sentimentos negativos. Não os deixe avançar. Crie uma espécie de STOP de Pensamentos negativos e desvie a sua atenção para coisas positivas. Faça nesses momentos algo que seja do seu interesse, por exemplo.

Fale com pessoas da sua confiança.

Não se massacre a ver as notícias constantemente. Se sente que isso não lhe faz bem, procure conteúdos de que goste (desporto, culinária. Bricolage…). Tente desligar-se dessa informação.

Tenha uma opinião crítica em relação ao que vê na internet. Nem tudo é verdadeiro!

Lembre-se das crises que já passou e da forma como as conseguiu ultrapassar. Aprende-se muito com essas experiências de vida!

Se possível, tenha um espaço onde possa estar, nem que seja por breves minutos, entregue a si próprio. Descanse!

Valorize o que tem e foque a sua atenção no momento, não sofra por antecipação não crie cenários. Muitas vezes preocupamo-nos com algo que nunca vai acontecer. Esta crise é um espelho disso mesmo!

Não se refugie em medicação, droga ou álcool. Acredite em si e sairá mais forte desta crise.

Fique em casa, siga as indicações para se proteger a si e aos outros.

Sugestão:

https://www.oespaco.pt/ - um espaço de conversa, de diálogo e de escuta, de partilha e troca de ideias com a colaboração de vários especialistas de diferentes áreas.

Abril de 2020