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i FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA Cálculo da volatilidade implícita sem o uso de modelos de apreçamento de opções. ANA LUÍSA DE SOUZA VILLAS BOAS GOMES ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ VALENTIM Rio de Janeiro, 24 de maio de 2013.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA

Cálculo da volatilidade implícita sem o uso de

modelos de apreçamento de opções.

ANA LUÍSA DE SOUZA VILLAS BOAS GOMES

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ VALENTIM

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2013.

ii

CÁLCULO DA VOLATILIDADE IMPLÍCITA SEM O USO DE MODELOS DE

APREÇAMENTO DE OPÇÕES

ANA LUÍSA DE SOUZA VILLAS BOAS GOMES

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em Economia

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Finanças

ORIENTADOR: JOSÉ VALENTIM

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2013.

iii

CÁLCULO DA VOLATILIDADE IMPLÍCITA SEM O USO DE MODELOS DE

APREÇAMENTO DE OPÇÕES

ANA LUÍSA DE SOUZA VILLAS BOAS GOMES

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em Economia

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Finanças

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor JOSÉ VALENTIM (Orientador)

Instituição: IBMEC RJ

_____________________________________________________

Professor OSMANI GUILLEN

Instituição: IBMEC RJ

_____________________________________________________

Professor GUSTAVO ARAÚJO

Instituição: PUC RJ

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2013.

iv

G633

Gomes, Ana Luísa de Souza Villas Boas.

Cálculo da Volatilidade implícita sem o uso de modelos de

apreçamento de opções / Ana Luísa de Souza Villas Boas

Gomes. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2013.

xi, 21 f. : il.

Dissertação de Mestrado profissionalizante em

Economia do IBMEC.

Orientador: José Valentim.

1. Opção. 2.Volatilidade Implícita. I. Título.

CDD 330

v

Dedicatória

Dedico este trabalho para minha mãe e meu noivo. Sem eles

eu não seria quem sou.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me deram suporte emocional, material, financeiro e espiritual nestes

longos meses de estudo e trabalho.

A minha mãe, pelo tempo e dinheiro investidos em mim. Ao meu pai, pelo orgulho de ter uma

filha mestre. Ao meu padrasto por ter me buscado a noite nas aulas. Ao meu noivo pelo

constante incentivo em terminar esta tese. E ao meu orientador, por ter acreditado em mim.

vii

RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar se a volatilidade implícita calculada para opções, sem

o uso de um modelo de apreçamento, pode se um bom estimador da volatilidade futura. O

período de análise começa em janeiro de 2006 e vai até setembro de 2012. Os dados são preços

de compra e de exercício de opções de Petrobras, sem sobreposição. Os resultados apontam que

a volatilidade realizada não pode ser explicada pela volatilidade implícita.

Palavras Chave: opção, volatilidade implícita

viii

ABSTRACT

This study aims to analyze if the implied volatility calculated for options, without using a

pricing model, can be a good estimator of future volatility. The period begins in January 2006

and runs until September 2012. The data are calls and strikes of stock options of Petrobras,

without overlapping. The calculated regressions showed no favorable results, soon realized

volatility cannot be explained by the implied volatility.

Key Words: options, implied volatility

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados estatísticos da primeira regressão .................................................................. 14

Tabela 2: Testes estatísticos da primeira regressão .................................................................. 14

Tabela 3: Dados estatísticos da segunda regressão .................................................................. 15

Tabela 4: Testes estatísticos da segunda regressão .................................................................. 15

Tabela 5: Dados estatísticos da terceira regressão.................................................................... 16

Tabela 6: Testes estatísticos da terceira regressão.................................................................... 16

Tabela 3: Dados estatísticos da quarta regressão...................................................................... 16

Tabela 4: Testes estatísticos da quarta regressão...................................................................... 16

x

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Prêmio Normalizado Opções At-The-Money ........................................................... 7

Gráfico 2: Volatilidade Realizada ............................................................................................ 13

Gráfico 3: Volatilidade Anualizada .......................................................................................... 18

xi

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Equações Black-Scholes .......................................................................................... 9

Equação 2: Volatilidade Realizada ............................................................................................. 9

Equação 3: Volatilidade Implícita (Model-Free) ..................................................................... 12

Equação 4: Primeira regressão ................................................................................................. 14

Equação 5: Segunda regressão ................................................................................................. 15

Equação 6: Terceira regressão .................................................................................................. 15

Equação 5: Quarta regressão .................................................................................................... 16

xii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 BASE DE DADOS ............................................................................................................. 6

3 ABORDAGEM MODEL-FREE ........................................................................................ 8

4 RESULTADOS ................................................................................................................ 14

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 20

1

1 INTRODUÇÃO

Preços de opções refletem as expectativas dos participantes do mercado sobre os movimentos

futuros de seu respectivo ativo objeto, somado a um prêmio de risco. Com isso, a volatilidade

implícita dos preços de opções é considerada como um estimador mais eficiente de volatilidade

futura do que a volatilidade histórica do ativo objeto. O motivo deve-se ao pensamento de que

se as opções são instrumentos eficientes e o modelo de precificação de opção (usado para

calcular a volatilidade implícita) é correto, a volatilidade implícita deveria capturar todas as

informações contidas nas outras variáveis que explicam a volatilidade futura.

Esta estimação da volatilidade futura é importante para os financistas, pois desta forma eles

podem tomar decisões sobre qual atitude tomar sobre as posições alocadas nas ações atreladas

a estas opções, particularmente, decidir qual a melhor hora de comprar e de vender. Este seria

um diferencial entre os agentes de mercado, e traria uma performance positiva sobre suas

carteiras.

Estudos recentes mostram que a volatilidade implícita é um estimador viesado e não eficiente

da volatilidade futura e contém pouca ou nenhuma informação adicional em relação à

volatilidade histórica. Por exemplo, Canina e Figlewski (1993) estudaram os preços de

fechamento diários de opção de compra (call) do índice S&P 100 de 15 de março de 1983 a 28

de março de 1987 e concluíram que a volatilidade implícita não é um bom estimador em relação

2

às volatilidades realizadas do ativo objeto. Através de regressões, eles verificaram que a

volatilidade implícita praticamente não tem correlação com a volatilidade futura e parece não

incorporar as informações contidas na volatilidade histórica.

De forma diferente, estudos como os de Day e Lewis (1992), Lamoureux e Lastrapes (1993),

Jorion (1995) e Fleming (1998) reportaram evidências suportando a hipótese que a volatilidade

implícita tem poder de previsão da volatilidade futura. Como Canina e Figlewski (1993), Day

e Lewis (1992) também analisaram opções do S&P 100, porém por um período maior de tempo,

de 1983 a 1989. Eles observaram que a volatilidade implícita tem informações significantes

para dados semanais. Porém, as informações contidas na volatilidade implícita não são

necessariamente melhores do que as dos modelos de séries temporais padrões como

GARCH/EGARCH. Lamoureux e Lastrapes (1993) chegaram a uma conclusão similar

examinando a volatilidade implícita de opções de dez ações no período entre 19 de abril de

1982 e 31 de março de 1984. Usando preços de opções, Jorion (1995) observou que a

volatilidade implícita é melhor do que os modelos de média móvel e GARCH, como estimador

de volatilidade futura, apesar de que a volatilidade implícita pareça ser um estimador viesado

de volatilidade.

Estudos mais recentes sobre as informações contidas na volatilidade implícita tentam corrigir

os problemas metodológicos e de dados não utilizados nos estudos anteriores. Estes novos

estudos consideram séries de tempo mais longas e possíveis impactos da crise de outubro de

1987. Por exemplo, Christensen e Prabhala (1998) observaram que a volatilidade implícita de

opções de S&P 100 é um estimador não viesado da volatilidade futura e assume toda

informação contida na volatilidade histórica. Diferente de estudos anteriores, eles usaram um

período de tempo muito maior (de novembro de 1983 a maio de 1995) para incorporar possíveis

3

mudanças de regime em torno da crise de outubro de 1987, e uma amostra mensal não

sobreposta para assegurar a validade de testes estatísticos.

Variáveis instrumentais também são usadas para corrigir eventuais problemas de erros com

variáveis no modelo de volatilidade implícita de Black-Scholes. Ederinton e Guan (2000)

verificaram a volatilidade implícita de opções de futuros de índice S&P 500 e observaram que

aparentemente o viés e a ineficiência da volatilidade implícita de estudos anteriores eram devido

a erros de mensuração. Após corrigirem estes erros, eles observaram que a volatilidade implícita

de opções de futuros do S&P 500 é um eficiente estimador da volatilidade futura.

Para dados brasileiros, temos o trabalho de Gabe e Portugal (2004) que usaram dados

sobrepostos de opções de Telemar no período de 02 de outubro de 2000 a 15 de outubro de

2002. Eles observaram que a volatilidade estimada por modelos GARCH e EGARCH é um

estimador eficiente, não viesado e melhor do que a volatilidade implícita. Ao contrário, Tabak

e Chang (2006) mostram que a volatilidade implícita de opções cambiais é um melhor previsor

da volatilidade futura do que a obtida por GARCH.

Guedes e Vicente (2010) observaram a relação entre a volatilidade implícita e a realizada

analisando os mercados de ações e de opções de compra de Petrobras no período de janeiro de

2006 até dezembro de 2008. Através da análise de regressões com dados mensais e sem

sobreposição de opções in-the-money, at-the-money e out-of-the-money, observaram que a

volatilidade implícita das opções out-of-the-money contém mais informações sobre a

volatilidade futura do que a volatilidade histórica. Já as volatilidades implícitas in-the-money e

at-the-money apresentaram fraco poder explanatório da volatilidade futura. Nestes casos, ou o

premio de risco é alto ou o mercado apresenta ineficiência. Além disso, não foram encontradas

evidencias de que a volatilidade histórica possua correlação com a volatilidade futura.

4

Em suma, observamos que praticamente todos os estudos sobre as informações contidas na

volatilidade implícita focam no modelo de Black-Scholes de volatilidade. Os resultados são

potencialmente contaminados com erros de mensuração devido ao modelo mal especificado.

Desta forma, surgiu uma maneira livre de modelos de precificação para extrair a volatilidade

implícita de série de opções chamada de “model-free”. Britten-Jones e Neuberger (2000)

derivam a volatilidade implícita model-free, a partir da soma dos quadrados dos retornos

esperada sobre a medida neutra ao risco. Ao derivar esta nova volatilidade implícita, nenhuma

suposição é feita sobre o processo estocástico subjacente, exceto que o preço e volatilidade do

ativo não contêm saltos. A variação neutra ao risco do ativo subjacente é totalmente

especificada pelos preços de mercado de opções que estendem o horizonte correspondente.

Após Britten-Jones e Neuberger (2000), esta variância neutra ao risco será referida como a

variância implícita model-free e sua raiz quadrada à volatilidade implícita model-free.

Jiang e Tian (2003) implementaram um estimador de volatilidade implícita no model-free e

investigaram as informações contidas no índice de opções S&P 500. Seus resultados sugerem

que a volatilidade implícita model-free é um previsor eficiente para a volatilidade realizada

futura e assume todas as informações contidas no modelo de volatilidade implícita de Black-

Scholes e de volatilidades realizadas passadas. Também observaram que a volatilidade implícita

model-free é um estimador não viesado para volatilidade futura realizada. Estes resultados são

mostrados como robustos em relação a métodos alternativos de estimação e séries de

volatilidade sobre diferentes horizontes.

Decidimos, então, utilizar dados do mercado brasileiro para testar a volatilidade implícita

model-free. A série de dados são os preços de opções de compra de Petrobras (pn), entre o

período de 16 de janeiro de 2006 até 17 de setembro de 2012.

5

Interpolamos a base de dados para obter uma série maior de preços e strikes. A partir destes

dados, programamos fórmula para extrair a volatilidade de cada ponto. Com a série de

volatilidade implícita gerada, rodamos regressões para verificar se a volatilidade implícita da

série de opções explica a série de volatilidade realizada da ação.

Para a amostra estudada, a volatilidade implícita não explicou a volatilidade realizada, e

portanto, não é um bom estimador para a volatilidade futura das ações de Petrobras.

É importante observarmos que, embora exista uma estimativa de ponto único para a volatilidade

implícita model-free para um dado vencimento, a volatilidade implícita Black-Scholes pode ser

calculada para opções com preços de exercício (strike prices) diferentes. É advertido verificar

a relação entre a volatilidade implícita model-free e a volatilidade implícita Black-Scholes em

níveis diferentes de moneyness e vencimentos, embora uma estimativa de ponto único da

volatilidade implícita Black-Scholes de curto prazo e com liquidez imediata seja geralmente

usada na literatura empírica para representar o sorriso da volatilidade (volatility smile).

Na próxima seção, mostramos a base de dados utilizada e como geramos a série de volatilidade

implícita. Na terceira seção, discorremos sobre o modelo model-free. Em seguida, na quarta

seção, discorremos os resultado, e finalmente, na quinta seção, a conclusão.

6

2 BASE DE DADOS

Utilizamos os preços de fechamento das opções de compra da Petrobras (PETR4) entre o

período de Janeiro de 2006 até Setembro 2012. Os dados foram retirados do site da BM&F

Bovespa.

Fizemos uma série contínua, sem sobreposição, iniciando em 16/01/2006 e terminando em

17/09/2012. O primeiro ponto da série possui data de inicio em 16/01/2006 e data de

vencimento em 20/02/2006. O próximo ponto tem início na exata data em que o ponto anterior

terminou (20/02/2006), e assim até o último ponto com vencimento em 17/09/2012. Sendo

sempre uma série, em um dia, por mês. O número de meses observados foi 81.

A amostra contém 1.260 observações, com média de 15 opções por data e prazo médio de 30

dias. O menor prazo é de 21 dias e o maior de 40 dias. O preço médio encontrado foi R$ 2,74

com desvio padrão de R$ 3,91, sendo o máximo R$ 24,35 e o mínimo R$ 0,01. A média de

negociações dos papéis foi de 1.459 ao dia.

Com intuito de analisar o comportamento dos prêmios das opções, definimos uma opção como

sendo at-the-money para cada data. O critério foi escolher a opção que tivesse o preço de

exercício mais próximo do preço a vista da ação. Dividimos, então, o prêmio da opção pelo

preço a vista, para normalizar a série. O resultado pode ser visto no gráfico um.

7

Gráfico 1: Prêmio Normalizado Opções At-The-Money

O gráfico mostra alta volatilidade no prêmio das opções. Com média de 0,05 e desvio padrão

de 0,02 não encontramos tendência no comportamento dos prêmios. O ponto máximo não

coincide com o máximo das volatilidades implícita e realizada, apresentadas mais adiante no

gráfico três.

R$ 0,00

R$ 0,02

R$ 0,04

R$ 0,06

R$ 0,08

R$ 0,10

R$ 0,12

R$ 0,14

16

/01

/20

06

16

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/20

06

16

/09

/20

06

16

/01

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07

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/20

07

16

/01

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08

16

/05

/20

08

16

/09

/20

08

16

/01

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09

16

/05

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09

16

/09

/20

09

16

/01

/20

10

16

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/20

10

16

/09

/20

10

16

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/20

11

16

/05

/20

11

16

/09

/20

11

16

/01

/20

12

16

/05

/20

12

16

/09

/20

12

8

3 ABORDAGEM MODEL-FREE

A volatilidade de uma ação corresponde ao desvio-padrão de uma série de retornos desta ação,

i.e., representa a medida de incerteza sobre os retornos proporcionados pela ação. A volatilidade

futura de uma ação não é um dado disponível no mercado, e não existem métodos precisos para

calculá-la. Desta forma, os agentes de mercado utilizam das ferramentas disponíveis para tentar

chegar a uma previsão, como por exemplo, modelos estatísticos e regressões.

A importância de quantificar esta variável é de saber como o preço da ação vai se comportar no

futuro, determinar sua trajetória e então saber o momento de agir. Uma maneira de chegar a

uma proxy da volatilidade de uma determinada ação é observar o comportamento das opções

que a possuem como ativo objeto. O prêmio de uma opção é função direta da volatilidade do

ativo objeto. Como o prêmio é observável, podemos então utilizar a volatilidade da opção como

uma proxy da volatilidade da ação. Para isto, é necessário fazer uso de algum modelo de

apreçamento de opções.

Podemos apontar o modelo de volatilidade implícita de Black-Scholes (BS) como o mais

utilizado entre os agentes de mercado. O modelo BS tem como premissa que o preço da ação é

um passeio aleatório, que assume distribuição probabilística de uma log-normal.

Adicionalmente, o modelo também tem pressupostos que a volatilidade do ativo objeto e a taxa

de juros são constantes até o vencimento da opção e que o ativo objeto não paga dividendos

durante a vida da opção. Este modelo de apreçamento de opções consiste em equações que

visam obter o preço justo das opções europeias no dinheiro via argumentos de não-arbitragem.

𝑐𝑡 = 𝑆𝑡𝑁(𝑑1) − 𝐾𝑒−𝑟𝑓,𝜏𝑁(𝑑2)

9

𝑑1 =ln (

𝑆𝑡

𝐾) + (𝑟𝑓 +12 𝜎2) 𝜏

𝜎√𝜏

𝑑2 = 𝑑1 − 𝜎√𝜏

Equação 1: Equações Black-Scholes

Onde:

ct → valor teórico de uma opção de compra

St → preço do ativo-objeto

K → preço de exercício

τ = T-1 → tempo até o vencimento

σ → volatilidade implícita

rf → taxa livre de risco

N → função cumulativa normal padrão

A única variável não observada das fórmulas é justamente a volatilidade (sigma). Esta pode ser

mensurada a partir dos dados históricos dos preços da ação, ou seja, a partir da volatilidade

realizada.

𝑉𝑅𝑓 = √1

𝜏∑(𝑟𝑡+𝑖 − �̅�𝑖𝑇)2

𝑛

𝑖=1

Equação 2: Volatilidade Realizada

Onde:

n → número de dias entre t e T

rt+i → retorno diário no dia t + i

�̅�𝑖𝑇 → média dos retornos diários entre t e T

10

Outra forma de mensurar a volatilidade é partir da volatilidade implícita. Como não é possível

inverter a equação de BS onde temos o sigma, de forma que possa ser expresso em função das

outras variáveis, utilizamos do processo de procura interativa. A partir de um preço da opção,

vamos testando qual seria o valor de sigma para igualar a equação.

Como descrito por Hull (1997):

“as volatilidades implícitas podem ser utilizadas para monitorar a

opinião do mercado acerca da volatilidade de uma ação em

particular. Os analistas sempre calculam as volatilidades

implícitas para as opções ativamente negociadas, usando-as para

calcular o preço de uma opção, sobre a mesma ação, menos

negociada.”

A volatilidade implícita model-free é, conceitualmente, bem diferente da volatilidade implícita

de Black-Scholes. Esta última é obtida de uma única opção, apoiando a volatilidade do preço

de opção através da fórmula de Black-Scholes, enquanto que a primeira é independente de

qualquer modelo de preço de opção (model-free) e obtida, diretamente, dos preços de todas as

opções com vencimento em datas futuras relevantes. A abordagem model-free não possui

arcabouços teóricos, nem problemas de especificação. É simples, abrange toda a informação

contida nas variáveis e não possui sobreposição.

Jiang e Tian (2003) explicam da seguinte forma:

“Suponhamos que uma série inteira de opções de compra com

preços de exercício (K) e vencimentos (T) contínuos sejam

11

operados sob um ativo subjacente. O preço corrente da opção é

indicado por C(T, K), enquanto o preço corrente e futuro do ativo-

objeto são, respectivamente, S0 e St. O preço do ativo subjacente

segue uma difusão com volatilidade (determinística ou estocástica)

variável no tempo. Para simplificar, supõe-se, mais além, (e

atenuado, subsequentemente) que o ativo-objeto não realize

nenhum pagamento intermediário, tais como dividendos ou

rendimentos, e que a taxa de juros livre de risco seja zero. Com

base nessa configuração bem generalizada, Britten-Jones e

Neuberger (2000) demonstram que a soma esperada dos retornos

ao quadrado neutra ao risco entre duas datas arbitrárias (T1 e T2)

é totalmente especificada pela série de preços de opções expirando

nas duas datas:

𝐸0𝑄 [∫ (

𝑑𝑆𝑡

𝑆𝑡)

2𝑇2

𝑇1

] = 2 ∫𝐶(𝑇2, 𝐾) − 𝐶(𝑇1, 𝐾)

𝐾2 𝑑𝐾

0

onde a expectativa é tomada sob a medida de probabilidade neutra

ao risco. Essa relação significa que a variância do retorno dos

ativos (ou volatilidade quadrada), ante a medida neutra ao risco,

pode ser obtida da série de preços de opção observada em um

único ponto no tempo. Por ser baseada nos preços de opção

observados e derivados sem qualquer pressuposto específico sobre

o processo estocástico subjacente, esse cálculo é entendido como

model-free.”

12

A partir de uma base dados, é extraída a volatilidade implícita das opções, sem assumir

hipóteses. Todos os dados são utilizados na análise, evitando o problema de sobreposição. Os

cálculos não partem de uma premissa, de um modelo. A volatilidade é encontrada através da

integral dos dados, desta forma nenhum dado é desperdiçado.

Como só temos alguns preços e strikes (dados limitados), precisamos usar um modelo de

interpolação para aumentar o número de observações na amostra. Para contornar este problema,

utilizamos o método de Spline para criar uma série contínua de preços e strikes. Ou seja,

construímos superfícies de volatilidade para cada dado da amostra.

𝑣𝑜𝑙 = 2 ∫𝑠𝑝𝑙𝑖𝑛𝑒(𝐾, 𝑐, 𝑘) − 𝑀𝐴𝑋[𝑆0 − 𝑘, 0]

𝑘2 𝑑𝐾

0

Equação 3: Volatilidade Implícita (Model-Free)

Onde:

K → strike observado

c → preço da call

S0 → preço da ação no dia

k → strike calculado

Após a criação desta série contínua de preços e strikes, anualizamos as volatilidades para que

as mesmas pudessem ser comparadas com as volatilidades realizadas no mesmo período.

As volatilidades realizadas foram extraídas do preço de fechamento da ação de cada dia durante

o mês em questão. Desta forma, representa a volatilidade que a ação teve ao longo do mês.

Conforme o gráfico um, podemos observar que no período entre julho de 2007 e janeiro de

2009 a volatilidade oscilou muito, passando dos 250% e atingindo seu ponto máximo.

13

Gráfico 2: Volatilidade Realizada (% aa)

Esta oscilação ocorreu no período da crise do sub prime norte-americano, quando todos os

mercados ficaram instáveis. Já no meio de 2009 a volatilidade passou a apresentar dados mais

estáveis, abaixo de 50% ao ano.

0%

50%

100%

150%

200%

250%

300%

16

/01

/20

06

16

/07

/20

06

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/01

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16

/07

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07

16

/01

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16

/07

/20

08

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16

/07

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09

16

/01

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10

16

/07

/20

10

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/01

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16

/07

/20

11

16

/01

/20

12

16

/07

/20

12

14

4 RESULTADOS

Testamos a hipótese de previsibilidade apresentada na seção anterior rodando regressão por

Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), sendo a volatilidade implícita das opções como

variável independente e a volatilidade realizada como variável dependente. O modelo verifica

se a volatilidade implícita das opções explica a volatilidade realizada da ação.

O primeiro teste realizado foi o modelo mais simples de regressão: y = c + ax. Este modelo foi

o que apresentou o melhor resultado.

𝑣𝑜𝑙 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = 0,2576655 + 0,9992254 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎

Equação 4: Primeira regressão

Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística t P-valor

Constante 0,2576655 0,1085638 2,3734003 0,0200546

Vol implícita 0,9992254 0,1981427 5,0429582 0,00000285

Tabela 1: Dados estatísticos da primeira regressão

Testes estatísticos

R² 0,2435227

R² ajustado 0,2339470

Desvio padrão da regressão 0,4814266

Soma do resíduo ao quadrado 18,3099588

Tabela 2: Testes estatísticos da primeira regressão

15

Com 95% de confiança, os regressores podem ser considerados significativos. Porém, o R² não

foi bom, pois o modelo explica apena 25% da série analisada. Ao realizar o correlograma dos

resíduos, o resultado também não foi favorável, pois apresentou auto-correlação. Isto quer dizer

que há informação no resíduo que não são explicadas pelo modelo.

Os demais testes apresentaram os mesmos resultados: coeficientes não significativos e

correlograma dos resíduos contendo auto-correlação.

𝑣𝑜𝑙 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = 0,068729 + 1,670712 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎 − 0,437092 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎²

Equação 5: Segunda regressão

Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística t P-valor

Constante 0,068729 0,223976 0,306859 0,759800

Vol implícita 1,670712 0,723836 2,308137 0,023600

Vol implícita² - 0,437092 0,453155 - 0,964554 0,337700

Tabela 3: Dados estatísticos da segunda regressão

Testes estatísticos

R² 0,252439

R² ajustado 0,233271

Desvio padrão da regressão 0,481639

Soma do resíduo ao quadrado 18,09414

Tabela 4: Testes estatísticos da segunda regressão

𝑣𝑜𝑙 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = 1,008697 − 2,995513 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎 + 5,83574 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎² −

2,345455 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎³

Equação 6: Terceira regressão

16

Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística t P-valor

Constante 1,008697 0,449833 2,242379 0,0278

Vol implícita -2,995513 2,07721 -1,442085 0,1533

Vol implícita² 5,83574 2,664239 2,190397 0,0315

Vol implícita³ -2,345455 0,982492 -2,38725 0,0194

Tabela 5: Dados estatísticos da terceira regressão

Testes estatísticos

R² 0,303955

R² ajustado 0,276837

Desvio padrão da regressão 0,467755

Soma do resíduo ao quadrado 16,84723

Tabela 6: Testes estatísticos da terceira regressão

𝑣𝑜𝑙 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = 0,212114 + 0,895331 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎 + 0,205418 𝑣𝑜𝑙 𝑖𝑚𝑝𝑙í𝑐𝑖𝑡𝑎(𝑡−1)

Equação 7: Quarta regressão

Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística t P-valor

Constante 0,212114 0,119572 1,773937 0,08

Vol implícita 0,895331 0,253982 3,52517 0,0007

Vol implícitat-1 0,205418 0,250815 0,819002 0,4153

Tabela 7: Dados estatísticos da quarta regressão

Testes estatísticos

R² 0,253615

R² ajustado 0,234228

Desvio padrão da regressão 0,484259

Soma do resíduo ao quadrado 18,05705

Tabela 8: Testes estatísticos da quarta regressão

Os resultados encontrados não foram positivos nas três ultimas regressões. Podemos concluir

então que a volatilidade implícita calculada para as opções de compra de Petrobras não

explicaram a volatilidade realizada da ação.

17

Testamos estas quatro regressões para verificar se era possível diversificar os modelos,

mantendo um alto nível de significância. Nossa intenção não era encontrar um modelo que

explicasse perfeitamente o comportamento da volatilidade realizada através do uso da

volatilidade implícita. Queríamos testar se era possível deduzir um modelo simples, sem o uso

de ferramentas complexas, e muitos argumentos na regressão.

Algumas explicações para que nosso modelo não tenha tido sucesso são: os preços das opções

não estão nivelados com os preços justos, a amostra é não grande o suficiente, os preços são

viesados e o mercado é ineficiente.

O mercado brasileiro é razoavelmente novo, e devido ao cenário macroeconômico, pode não

conter amostras não viesadas e eficientes. Outro ponto a ser observado, é que não testamos

modelos intertemporais, porém este não era o foco do estudo.

O gráfico três ilustra o resultado obtido.

18

Gráfico 3: Volatilidade Anualizada

Como podemos observar no gráfico três, a volatilidade implícita não acompanha perfeitamente

a volatilidade realizada. Até a crise do sub prime americano, havia uma diferença entre a

volatilidade realizada e a volatilidade implícita. Em 19/10/2007, a volatilidade realizada da ação

atingiu seu máximo (275%), enquanto que a volatilidade implícita não acompanhou o

movimento, ficando em torno de 87%. A diferença entre as duas volatilidade apresentou a maior

disparidade neste período. Após 15/09/2008 as séries passaram a apresentar um comportamento

mais sobreposto.

A correlação das séries ficou em 0,49, indicando que as séries possuem uma correlação fraca.

A média da volatilidade implícita foi de 48% e o desvio padrão 27%. Para a volatilidade

realizada, os valores foram maiores, 73% e 55% respectivamente. Estas estatísticas estão de

acordo com o esperado, pois a ação não possui vencimento, enquanto que a opção possui.

0%

50%

100%

150%

200%

250%

300%

16

/01

/20

06

16

/07

/20

06

16

/01

/20

07

16

/07

/20

07

16

/01

/20

08

16

/07

/20

08

16

/01

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09

16

/07

/20

09

16

/01

/20

10

16

/07

/20

10

16

/01

/20

11

16

/07

/20

11

16

/01

/20

12

16

/07

/20

12

vol implícita vol realizada

19

5 CONCLUSÃO

Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento da volatilidade implícita das opções

de compra de Petrobras e verificar se ela pode ser um bom estimador para a volatilidade futura.

Nossa conclusão foi de que para a amostra estudada, a volatilidade implícita não explica a

volatilidade realizada, e portanto, não é um bom estimador para a volatilidade futura das ações

de Petrobras.

20

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