Cap II a Finitude e a Temporalidade

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  • 8/4/2019 Cap II a Finitude e a Temporalidade

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    Unidade 3

    Horizontes e desafios daFilosofia

    Captulo 2

    Finitude eTemporalidade

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    ndice

    A finitude e temporalidade

    Kierkegaard: uma perspectiva religiosa sobre o sentidoda existncia

    Albert Camus: sentido da vida a revolta contra aabsurda condio humana

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    Finitude eTemporalidade

    A perspectiva religiosa (deKierkegaard) sobre o sentidoda vida

    A revolta (de Camus) contra a

    absurda condio humana

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    Finitude eTemporalidade

    1. O sentido da vida dependede descobrirmos a

    finalidade ltima da vida. Nesta perspectiva, osentido da vida depende de encontrar um objectivoglobal que o centro em torno do qual giram todasas nossas aces e experincias particulares. Essafinalidade das finalidades poderia ser o prazer ou a

    felicidade.

    O sentido da vida

    2. O sentido da vida depende de termos sempre objectivos pararealizar. Nesta perspectiva, a vida perderia sentido se, aoatingirmos determinado objectivo, nos faltasse algo mais para

    alcanar e realizar.

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    Finitude eTemporalidade

    3. O sentido da vida depende de realizarmos (oude tentarmos realizar) objectivos valiosos.Nesta perspectiva, o sentido da vida dependede nos envolvermos em actividadesobjectivamente valiosas. A luta contra apobreza no mundo, a dedicao a causasjustas, a criao de obras de arte queengrandecem e embelezam o mundo humano,etc. so exemplos de objectivos valiosos (queno so meramente pessoais ou subjectivos).

    4. O sentido da vida humana depende da existncia de Deus ede uma vida para alm da morte. Nesta perspectiva,essencialmente religiosa, esta vida um meio para um fimque consiste numa vida ulterior, em unio com Deus no

    paraso.

    Magritte, A condio Humana

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    Finitude eTemporalidade

    A Perspectiva Religiosa sobre o Sentido daExistncia: Kierkegaard

    A resposta de Kierkegaard questo do sentido da vida clara: a vida humana s tem sentido se for orientadapelo cumprimento da palavra e da vontade de Deus.

    A entrega exclusiva a objectivos terrenos, temporais epassageiros , para o filsofo dinamarqus, desperdcio

    da existncia.

    Kierkegaard

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/89/Kierkegaard.jpg
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    Kierkegaard expe uma interpretao da existnciahumana que salienta as seguintes ideias fundamentais:

    a) A existncia humana s verdadeira e autntica se forrelao com Deus. Sem essa relao, o homem desperdia asua vida e condena-se ao desespero absoluto;

    b) Essa relao (a que Kierkegaard dar o nome de f) s terautenticidade se for absoluta, isto , se Deus estiver sempre

    em primeiro lugar, tornando-se tudo o resto secundrio.Sendo esta a forma de existncia autntica a vivncia religiosagenuinamente crist , Kierkegaard refere-se tambm s formasde vida esttica (centrada no prazer) e tica (centrada no dever).

    Kierkegaard

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    Finitude eTemporalidade

    s formas de existncia:

    esttica;

    tica; e religiosa

    d Kierkegaard o nome de estdios nocaminho da vida.

    Estes estdios designam determinadasconcepes acerca do mundo e da vida,traduzem opes fundamentaisquanto aomodo como cada homem decide viver asua vida.

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    Estdio Esttico

    O homem esttico orienta a sua vidapelo princpio do prazer, isto , pela

    procura do prazer, do que agradvel aos sentidos.

    O modelo do homem esttico osedutor, o Don Juan, mas, embora o

    prazer da conquista e do gozo sexualseja o mais intenso e o maisprocurado, a vida esttica podetambm consistir na entrega a finstemporaiscomo o poder e o dinheiro.

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    Finitude eTemporalidade

    Vive para o momento imediato, para o instante quepassa e, identificando a repetio com oaborrecimento, rejeitam voltar a fazer a mesmacoisa.

    O homem esttico dominado pela imaginao epela fantasia: sonha com estados de alma semprenovos, desejando que cada experincia agradvelseja uma absoluta novidade.

    Esta obsesso pela novidade, implica uma mudana constante e anegaode qualquer compromisso ou fidelidade, seja a umamulher seja a valores morais e religiosos seja a um ideal social epoltico.

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    Este amor novidade tem o seureverso: a satisfao do prazer emdeterminado caso sempre seguidapela insatisfao.

    A dinmica infinita do desejo, oquerer que seja sempre maisintenso, transforma cada desejosatisfeito em melancolia e aspirao

    a nova experincia satisfatria.Mltiplas experincias, dispersonaprocura do prazer e permanenteinsatisfao com o prazer atingido.

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    Finitude eTemporalidade

    Procura incessante do prazer, imediato, como fim da aco esensorial. Viva o instante!

    Hedonismo - homem comandado pelo desejo, nomeadamentepelo desejo ertico.

    Procura da multiplicidade ou da diversidade tendo em vista aintensidade (Don Juan).

    Infidelidade.

    Visa a seduo mltipla. Comandado por um imperativo categrico: Goza!

    Viver na exterioridade superficial.

    um homem solteiro.

    Quadro

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    O Estdio tico

    O homem tico orientado pelo princpio dodever. Ao contrrio do homem esttico, no

    pretende estar alm do bem e do mal.No quer ser excepo, deseja sentir-seintegrado na sociedade em que vive, respeitaras normas e os padres comuns: reconhececomo sua a moral comum porque o mais

    importante para ele sentir-se ligado aosoutros homens.

    O homem tico constri a sua identidadeidentificando-se com as normas ou princpioscom os quais a maioria dos homens se

    identifica.

    Kierkegaard

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    A uma vida caracterizada pela descontinuidade einstabilidade prefere uma vida consistente,marcada pelo compromissoempenhado nasescolhas realizadas.

    A vida para o homem tico , no uma sucessodesconexa de instantes, mas algo que a partirdo presente se projecta no futuro, sob a formade conjunto organizado e planificado.

    O estdio tico implica a renncia s atracespassageiras, aos caprichos do impulso sensual,aos interesses egostas e aos devaneios dafantasia.

    Viver de forma tica no fcil e, por vezes,exige enormes sacrifcios.

    Finitude eTemporalidade

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    Finitude eTemporalidade

    - Primado do dever, interior; dever de realizar o seu eu ideal moral como princpioregulador da conduta. A felicidade advm da obedincia generosa ao dever.

    - O homem casado (heri da vida conjugal).

    - Tempo estabilizado.

    - Honestidade, justia so padres. Formula sempre uma interdio que surge como lei.

    - Esfora-se para ser o homem geral, mas sem perde o seu carcter de homem nico.

    - Luta contra o prazer imediato a exterioridade.

    A sua vocao viver do seu trabalho.

    - Casos h em que completamente impossvel encontrar uma regra tica de conduta,caso de Abrao.

    - impossvel permanecer na tica pois esta no d lugar excepo religiosa.

    - A crtica ao homem tico pe o homem em condies de dar o salto para

    o religioso.

    Quadro

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    Finitude eTemporalidade

    O Estdio Religioso

    O homem religioso aquele que colocaDeus acima de tudo, considerando arelao com Deus como a relao

    fundamental da sua vida.

    A vivncia religiosa, no seu significadogenuno, implica a subordinao detodos os fins temporais e finitos finalidade suprema: cumprirabsolutamente a vontade divina, serum seguidor de Cristo.

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    Finitude eTemporalidade

    Para Kierkegaard, o problema fundamental da vidahumana o da salvao eterna ser redimido como

    pecador e o drama fundamental da condio humana ,precisamente este: o nosso destino joga-se na confianaque depositamos no Desconhecido.

    Quem opta por Deus, desvalorizando as coisas destemundo e colocando em segundo plano, quandonecessrio, os laos familiares e as relaes humanas emgeral, o autntico crente.

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    Finitude eTemporalidade

    Aqueles que no respondem ao apelo doInfinito, que procuram no plano do finitosubstitutos seguros e confortveis para arelao com Deus ou o Infinito, desperdiama sua existncia, fogem verdadefundamental:

    a existncia humana no tem sentidocabal e pleno neste mundo,

    no pode reduzir-se estrita ligao ao finito.

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    Finitude eTemporalidade

    Apela subjectividade profunda, devoo, ao Deus interior. O Crente

    A f comanda toda a existncia conferindo-lhe o seu sentido e a sua finalidade.

    Est para alm do racional, ultrapassa a razo e vai mesmo contra ela.

    A f tudo julga. Esta a categoria fundamental do estdio religioso e implica umaobedincia incondicional a Deus, .

    Relao pessoal com Deus. O homem perante Deus sempre e essencialmente umculpado.

    A f salva de todo o pecado. O religioso a esfera em que o indivduo se torna livre.

    Crer mergulhar em Deus.

    O pecado imprime a sua marca na totalidade do gnero humano e est na vontade.

    A conscincia do pecado est ligada intimamente angstia e ao sofrimento.

    Quadro

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    Albert Camus1913 1960

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    Albert Camus

    Albert Camus considerado mais um escritor do quefilsofo embora nas suas obras esteja bem presente uma

    marca filosfica.

    As suas obras mais importantes so:

    O Mito de SsifoO Homem Revoltado

    O Estrangeiro

    A Peste

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    Absurdo

    Nas suas obras, Camus explora o sentimento do absurdoexperienciado pelo homem.

    Absurdo, do latim Surdus, surdo, exprime o sentimentode incompatibilidade entre os desejos e as aspiraes dohomem e a realidade.

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    Absurdo

    Existe um desejo humano de aspirar a valores absolutos.Mas estes valores so impossveis de se tornarem

    absolutos.Vivemos num mundo onde a injustia impera e osofrimento dos inocentes uma constante.

    Existe assim um fosso intransponvelentre a nossa

    conscinciaeo prprio mundo.

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    Absurdo

    Existe realmente um fosso intransponvelentre a nossaconscinciaeo prprio mundo.

    Mas, ento devemo resignar-nos ou procurar acabar omais depressa possvel com a nossa condio miservel?

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    AbsurdoComo agir, que atitude tomar face ao absurdo?

    no podemos fugir atravs do suicdio nem ter f numavida no reino de Deus Camus no acredita nestaresposta.

    devemos aceitar ento o absurdo!

    mas devemos entend-lo como estmulo para nos

    revoltarmos incessantemente para diminuir as injustiase o sofrimento.

    S nessa luta se afirma a vontade de viver e no

    capitula perante a morte inevitvel.

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    A Revolta

    No livro O Mito de Ssifo somos convidados a afrontar atomada de conscincia do absurdo e as consequncias detal consciencializao.

    A revolta uma das consequncias.

    Encarar o absurdo como um incessante desafio e nunca

    resignar-se.

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    A Liberdade

    A liberdade pode dizer-se que ela mesma a tomada deconscincia pelo meio da qual se institui uma lucidez narelao homemmundo.

    Eugne Delacroix,

    A Liberdade

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    A Paixo

    A paixo pode ter como sinnimo a palavra viver.

    Na verdade, esta paixo de viver no isenta de

    valores e muito menos mecanizada que faz com que o

    homem se debata todos os dias com o absurdo talcomo Ssifo que rolava a pedra todos os dias at ao alto

    da montanha.

    SsifoFranz von Stuck