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    CAPTULO 6

    SUMRIO

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    PLURALIDADE DAS EXISTNCIAS

    6.1 INTRODUO Reviso histrica6.1.1 Reencarnao e metempsicose6.1.2 Reencarnao e ressurreio6.1.3 Reencarnao na Bblia e nos Evange-

    lhos6.1.4 Reencarnao e evoluo anmica6.1.5 Reencarnao e a evoluo do homem

    6.1.6 Evidncias da reencarnao

    6.2 OBJECTIVO DA ENCARNAO6.2.1 Justia da reencarnao

    6.3 DA VOLTA DO ESPRITO, EXTINTA A

    VIDA CORPORAL, VIDA MATERIAL

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    6 PLURALIDADE DAS EXIS-TNCIAS

    6.1 INTRODUO Reviso histrica

    A doutrina das vidas su-cessivas, ou reencarnao, tam-

    bm chamada palingenesia, deduas palavras gregas palin, denovo, gnesis, nascimento. O queh de mais notvel que, desde os

    alvores da civilizao, ela foiformulada, na ndia, com uma

    preciso que o estado intelectualdessa poca longnqua no fazia

    pressagiar.Com efeito, desde a mais

    remota antiguidade, os povos dasia e da Grcia acreditaram na imortalidade da alma e, mais ainda, muitos procuravamsaber se essa alma fora criada no momento do nascimento ou se existia antes.

    A ndia, muito provavelmente, o bero intelectual da humanidade. interes-sante que se encontrem no livro dos vedas, Bhagavad Gita,passagens como as que seseguem, de acordo com o livro de Gabriel Delanne, A Reencarnao:

    Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, tambm a almadeixa o corpo usado para revestir novos corpos. () Os mundos voltaro a Brama,

    Arjuna, mas aquele que me atingiu no deve mais renascer.Encontra-se no Mazdesmo, religio da Prsia, uma concepo muito elevada, a

    da redeno final concedida a todas as criaturas, depois de haverem, entretanto, experi-mentado as provas expiatrias que devem conduzir a alma humana sua felicidade fi-nal.

    Na Grciavai encontrar-se a doutrina das vidas sucessivas nos poemas rficos;era a crena de Pitgoras, de Scrates, de Plato, de Apolnio e de Empdocles. Com o

    nome de metempsicose, falam dela muitas vezes nas suas obras em termos velados,porque, em grande parte, estavam ligados pelo juramento inicitico; contudo, ela afir-mada com clareza no ltimo livro de A Repblica, em Fedra, em Timeue emFdon, de Plato.

    Platoadopta a ideia pitagrica da palingenesia. Ele fundou-a em duas razesprincipais, expostas em Fdon. A primeira que, na natureza, a morte sucede vida,e, sendo assim, lgico admitir que a vida sucede morte, porque nada pode nascer donada e se os seres que vemos morrer no devessem voltar Terra tudo acabaria por seabsorver na morte. Em segundo lugar, o grande filsofo baseia-se na reminiscncia,

    porque, segundo ele, aprender recordar.A escola neoplatnica de Alexandriaensina a reencarnao, precisando, ainda,

    as condies, para a alma, dessa evoluo progressiva.

    42 - Templo de Diana, Atenas, Grcia

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    Para Plotino,a alma comete faltas, condenada a expi-las, recebendo puniesem infernos tenebrosos; depois, obrigada a passar a outro corpo, para recomear assuas provas.

    Porfriono cr na metempsicose, mesmo como punio das almas perversas e,segundo ele, a reencarnao s se opera no gnero humano.

    Segundo Jmblico, a justia de Deus no a justia dos homens. O homem de-fine a justia sob o ponto de vista da sua vida actual e do seu estado presente. Deus de-fine-a relativamente s nossas existncias sucessivas e universalidade das nossas vi-das.

    Entre os romanos, que receberam a maior parte dos seus conhecimentos daGrcia, Virglioexprime claramente a ideia da palingenesia. Diz tambm Ovdeoque asua alma, quando for pura, ir habitar os astros que povoam o firmamento, o que esten-de a palingenesia at aos outros mundos semeados no espao.

    Os gaulesespraticavam a religio dos druidas, acreditavam na unidade de Deuse nas vidas sucessivas.

    Durante todo o perodo da Idade Mdia, a doutrina palingensica ficou velada,

    porque era severamente proscrita pela Igreja, ento toda-poderosa. Foi preciso chegaraos tempos modernos, e liberdade de pensar e discutir publicamente, para que a ver-dade das vidas sucessivas pudesse renascer grande luz da publicidade.

    Descartes, Leibnize Kanttiveram uma certa intuio destes factos (caracteresdissemelhantes dos gmeos e terem os meninos-prodgio talentos que os pais no possu-am); Descartes, sobretudo, na sua teoria das ideias inatas refere-se a ela.

    Basearam-se na crena das vidas sucessivas: o Bramanismo, o Budismo, oDruidismo, o Islamismo. O Cristianismo no abriu excepo regra. Traos destadoutrina encontram-se em O Evangelho. Orgenes, Clemente de Alexandria e amaior parte dos cristos dos primeiros sculos admitiam-na.

    Ainda que em tempos remotos grandes pensadores cristos tenham aceite a dou-trina das vidas sucessivas, como Orgenes, Agostinho, Francisco de Assis, Jernimo,entre inmeros outros pensadores religiosos e leigos, antigos e modernos, muitos man-tm-se na obstinada negativa de quem concluiu sem estudar, como o que no viu e nogostou.

    Segundo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres (The Case forReencarnation, de Leslie D. Weatherhead, Londres, 1958), o conceito das vidas sucessi-vas foi rejeitado pela Igreja Catlica no Conclio de Constantinopla, em 553, por vota-o, na qual a reencarnao perdeu por trs a dois. O que realmente aconteceu foi queum snodo local condenou os ensinamentos de Orgenes acerca da preexistncia da al-ma, em 553, na cidade de Constantinopla, cr-se que por imposio poltica do impera-

    dor Justiniano, a cuja esposa desagradava a ideia de poder reencarnar como escrava, semaltratasse os escravos, como ento se ensinava.

    A RETER

    1 A reencarnao tambm chamada palingenesia, de duas palavras gregas palin, denovo, e genesis, nascimento.

    2 Foi formulada nos alvores da civilizao, na ndia. Os povos da sia e da Grciaacreditavam na reencarnao.

    3 Encontram-se citaes sobre reencarnao em vrios livros sagrados: no Bhagavad

    Gita,livro sagrado dos vedas; no Mazdesmo, religio da Prsia, na Glia, a religi-

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    o dos druidas; o Bramanismo, o Budismo, o Islamismo, o Cristianismo, todos sebaseiam na crena das vidas sucessivas.

    4 Vrios homens clebres a apresentaram e estudaram, entre eles: Plato, Plotino, Por-frio, Jmblico, Virglio, Ovdeo, Descartes, Leibniz, Kant, Orgenes, Clemente deAlexandria, etc.

    6.1.1 REENCARNAO E METEMPSICOSE

    "Poderia encarnar numanimal o esprito que animou ocorpo de um homem?". AllanKardec submete aos espritos aquesto, inscrevendo-a sob o n.612 em O Livro dos Espritos,

    para averiguar a veracidade ouno de certas afirmaes popula-res que informavam poderem asalmas retornar Terra num cor-

    po de animal para pagamento deinfraces cometidas contra aLei Dinina.

    Esclarecem os espritos:"Isso seria retrogradar e o esprito no retrograda. O rio no remonta sua

    nascente".E o Codificador comenta:

    "Seria verdadeira a metempsicose, se indicasse a progresso da alma, passandode um estado inferior a outro superior, onde adquirisse desenvolvimentos que lhe trans-

    formassem a natureza. , porm, falsa no sentido de transmigrao directa da alma doanimal para o homem e reciprocamente, o que implicaria a ideia de um retrocesso."

    A reencarnao, como os espritos a ensinam, baseia-se, ao contrrio, na marchaascendente da natureza e na progresso do homem, dentro da sua prpria espcie, o queem nada lhe diminui a dignidade. O que o rebaixa o mau uso que faz das faculdadesque Deus lhe outorgou para que progrida.

    Emmanuel explica como nasceu entre os egpcios a doutrina da metempsicose:O grande povo dos faras guardava a reminiscncia do seu doloroso degredo na

    face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doa semelhante humilhao que, na lem-

    brana do pretrito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um ho-mem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinao punitiva dos deuses.A metempsicose era o fruto da sua amarga impresso, a respeito do exlio penoso quelhe fora infligido no ambiente terrestre.

    Pitgoras foi o primeiro que introduziu na Grcia a doutrina dos renascimentosda alma, doutrina que havia conhecido nas suas viagens ao Egipto e Prsia. Ele tinhaduas doutrinas: uma reservada aos iniciados, que frequentavam os mistrios, e outradestinada ao povo; esta ltima deu origem ao erro da metempsicose. Para os iniciados, aascenso era gradual e progressiva, sem regresso s formas inferiores, enquanto ao

    povo, pouco evoludo, se ensinava que as almas ruins deviam renascer em corpos deanimais.

    O vulgo no quer ver hoje na metempsicose mais do que a passagem da almahumana para o corpo de seres inferiores. Na ndia, no Egipto e na Grcia ela era consi-

    43 - Um homem no pode encarnar num animal

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    derada, de um modo mais geral, como transmigrao das almas para outros corpos hu-manos. Tendemos a crer que a descida da alma animalidade num corpo inferior noera, como a ideia do inferno, no Catolicismo, mais do que um espantalho, destinado, no

    pensamento dos antigos, a apavorar os maus. Qualquer retrocesso desta espcie seriacontrrio justia, verdade; alm de que o desenvolvimento do organismo, ou perisp-

    rito, vedando ao ser humano a possibilidade de continuar a adaptar-se s condies davida animal, torn-la-ia, alis, impossvel.

    A RETER

    1 O esprito no pode encarnar no corpo de um animal, como entende a metempsico-se, no sentido da transmigrao directa da alma do animal para o homem e recipro-camente.

    2 A reencarnao funda-se na marcha ascendente da natureza e na progresso do ho-mem, dentro da sua prpria espcie

    3 Emmanuel explica que a doutrina da metempsicose surgiu com os egpcios, comoreminiscncia do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno.

    4 Pitgoras foi quem primeiro a introduziu na Grcia. Ele tinha duas doutrinas: a re-servada aos iniciados, que frequentavam os mistrios, e outra destinada ao povo,que deu nascimento ao erro da metempsicose

    6.1.2 REENCARNAO E RESSURREIO

    A reencarnao fazia partedos dogmas dos judeus, sob o nomede ressurreio. S os saduceus,cuja crena era a de que tudo acabacom a morte, no acreditavam nis-so. As ideias dos judeus sobre esse

    ponto, como sobre muitos outros,no eram claramente definidas, por-que tinham apenas vagas e incom-

    pletas noes acerca da alma e dasua ligao com o corpo. Eles acre-

    ditavam que um homem que viverapoderia reviver, sem saberem exac-tamente de que maneira o facto po-deria dar-se. Designavam pelo ter-mo ressurreio o que o Espiritis-

    mo, mais judiciosamente, chama reencarnao. Com efeito, a ressurreio d ideia devoltar vida o corpo que j est morto, o que a Cincia demonstra ser materialmenteimpossvel, sobretudo quando os elementos desse corpo j se acham desde h muitotempo dispersos e absorvidos. A reencarnao a volta da alma ou esprito vida cor-

    prea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comumcom o antigo. A palavra ressurreio podia, assim, aplicar-se a Lzaro, mas no a Elias,

    nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crena deles, Joo Baptista era Elias, o

    44 - A reencarnao a volta da alma vida corprea

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    corpo de Joo no podia ser o de Elias, pois Joo fora visto criana e seus pais eramconhecidos. Joo, pois, podia ser Elias reencarnado, porm, no ressuscitado.

    A RETER

    1 A reencarnao fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreio.2 A ressurreio d a ideia de voltar vida o corpo que j est morto, o que a Cincia

    demonstra ser materialmente impossvel.3 A reencarnao a volta da alma, ou esprito, vida corprea, mas noutro corpo,

    especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo.

    6.1.3 A REENCARNAO NA BBLIA E NOS EVANGE-LHOS

    Entre os hebreus, a ideia das vidas ante-riores era geralmente admitida. A crena nosrenascimentos da alma encontra-se indicada eminmeras passagens da Bblia, de forma maisou menos velada no Antigo Testamento, po-rm, claramente no Novo Testamento.Em Isaas, captulo XXVI, v. 19, encontramos:

    Aqueles do vosso povo a quem a mortefoi dada vivero de novo; aqueles que estavammortos em meio a mim ressuscitaro. Despertai

    do vosso sono e entoai louvores a Deus, vs quehabitais o p.

    tambm muito explcita esta passagemde Isaas:

    Aqueles do vosso povo a quem a mortefoi dada vivero de novo.

    Se o profeta houvera querido falar da vi-da espiritual, se houvera pretendido dizer queaqueles que tinham sido executados no estavammortos em esprito, teria dito ainda vivem, e no vivero de novo. No sentido espi-ritual, seria um contra-senso, pois implicaria uma interrupo na vida da alma. No sen-tido da regenerao moral, seria a negao das penas eternas, pois estabelece, em prin-cpio, que todos os que esto mortos vivero.

    E Job, no captulo XIV, vv. 10 a 14, na verso da Igreja Grega, assim escreve:Quando o homem est morto, vive sempre; acabando os dias da minha existn-

    cia terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo.A verso da Igreja Grega mais explcita, se que isso possvel. Acaban-

    do os dias da minha existncia terrena, esperarei, porquanto a ela voltarei,ou vol-tarei existncia terrestre. Isto to claro como se algum dissesse: Saio de minhacasa, mas a ela tornarei.

    Em vrias passagens dos evangelhos aparece claramente a ideia da reencarnao,

    referida pelos evangelistas, demonstrando que era ponto de uma das crenas fundamen-tais dos judeus.

    45 - A Bblia Sagrada

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    1."Jesus, tendo vindo s cercanias de Cesareia de Filipe, interrogou assim seusdiscpulos: Que dizem os homens em relao ao Filho do Homem? Quem dizem queeu sou? Eles lhe respondem: Dizem uns que s Joo Baptista; outros, que Elias; ou-tros, que Jeremias, ou algum dos profetas. Perguntou-lhes Jesus: E vs, quem dizeis

    que eu sou? Simo Pedro, tomando a palavra, respondeu: Tu s o Cristo, o Filho doDeus vivo. (S. Mateus, Cap. XVI, vv. 13 a 17; S. Marcos, Cap. VIII, vv. 27 a 30).2. Nesse interim, Herodes, o Tetrarca, ouvira falar de tudo o que fazia Jesus e

    seu esprito se achava em suspenso - porque uns diziam que Joo Baptista ressuscitaradentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos profetasressuscitara. Disse ento Herodes: Mandei cortar a cabea a Joo Baptista; quem ento esse de quem ouo dizer to grandes coisas? E ardia por v-lo. (S. Marcos, Cap.VI, vv. 14 a 16; S. Lucas, Cap. IX, vv. 7 a 9).

    3. Aps a transfigurao, os seus discpulos ento o interrogaram desta forma: Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? Jesus lhes respon-

    deu: verdade que Elias h-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro

    que Elias j veio e eles no o conheceram e o trataram como lhes aprouve. assim quefaro sofrer o Filho do Homem. Ento seus discpulos compreenderam que fora de Jo-o Baptista que ele falara. (S. Mateus, Cap. XVII, vv. 10 a 13; S. Marcos, Cap. IX,vv. 11 a 13).

    A ideia de que Joo Baptista era Elias e de que os profetas podiam reviver naTerra est em muitas passagens dos evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas(n. 1, 2 e 3). Se fosse errnea essa crena, Jesus no houvera deixado de a combater,como combateu tantas outras.

    O Evangelho de S. Jooapresenta afirmao ainda mais categrica de Jesuscom referncia doutrina das vidas sucessivas:

    Ora, entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos ju-deus, que veio noite ter com Jesus e lhe disse:

    Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um dou-tor, porquanto ningum poderia fazer os milagres que fazes se Deus no estivesse comele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade, digo-te: Ningum pode ver o reinode Deus se no nascer de novo. Disse-lhe Nicodemos: Como pode nascer um homem

    j velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua me, para nascer segunda vez? Retor-quiu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem no renasce da guae do Esprito, no pode entrar no reino de Deus. O que nascido da carne carne e oque nascido do Esprito Esprito. No te admires de que eu te haja dito ser precisoque nasas de novo. Respondeu-lhe Nicodemos: Como pode isso fazer-se? - Jesus lhe

    observou: Pois qu! s mestre em Israel e ignoras estas coisas?". (S. Joo, Cap. III,vv. 1 a 12).Esta ltima observao de Jesus mostra bem que se surpreendeu que um mestre

    em Israel no conhecesse a reencarnao, porque era ensinada como doutrina secretaaos intelectuais da poca.

    Uma das provas que se pode apresentar a de que existiam ensinos ocultos aocomum dos homens, que foram compilados nas diferentes obras que constituem a Caba-la.

    No ensino secreto, reservado aos iniciados, proclamava-se a imortalidade da al-ma, as vidas sucessivas e a pluralidade dos mundos habitados.

    No h dvida de que, sob o nome de ressurreio, o princpio da reencarnao

    era ponto de uma das crenas fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetasconfirmaram de modo formal; donde se conclui que negar a reencarnao negar as

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    palavras de Jesus. Um dia, porm, as suas palavras, quando forem meditadas sem ideiaspreconcebidas, reconhecer-se-o autorizadas quanto a esse ponto, como em relao amuitos outros.

    A essa autoridade, do ponto de vista religioso, se adita, do ponto de vista filos-fico, a das provas que resultam da observao dos factos. Quando se trata de remontar

    dos efeitos s causas, a reencarnao surge como necessidade absoluta, como condioinerente humanidade; numa palavra: como lei da natureza.Sem o princpio da preexistncia da alma e da pluralidade das existncias so

    ininteligveis, na sua maioria, as mximas do Evangelho, razo por que tm dadolugar a to contraditrias interpretaes. Somente esse princpio lhes restituir o sentidoverdadeiro.

    A RETER

    1 A ideia das vidas anteriores era geralmente admitida entre os hebreus.2 A Bblia, no Antigo e Novo Testamento apresenta inmeras citaes que indi-

    cam a doutrina das vidas sucessivas.3 A observao de Jesus a Nicodemos demonstra que a reencarnao era ensinada aos

    intelectuais da poca.4 Existiam ensinos secretos, reservados aos iniciados, que foram compilados nas dife-

    rentes obras dos hebreus que constituem a Cabala.5 Sem a reencarnao so ininteligveis, na sua maioria, as mximas do Evangelho.

    S admitindo-a essas mximas faro sentido.

    6.1.4 REENCARNAO E A EVOLUO ANMICATomando-se a humanidade no grau mais n-

    fimo da escala espiritual, perguntar-se- se a oponto inicial da alma humana.

    Na opinio de alguns filsofos espiritualis-tas, o princpio inteligente, distinto do princpio ma-terial, individualiza-se e elabora-se, passando pelosdiversos graus da animalidade. a que a alma seensaia para a vida e desenvolve, pelo exerccio, as

    suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, porassim dizer, o perodo de incubao. Chegada aograu de desenvolvimento que esse estado comporta,ela recebe as faculdades especiais que constituem aalma humana. Haveria, assim, filiao espiritual doanimal para o homem, como h filiao corporal.

    Este sistema, fundado na grande lei de uni-dade que preside criao, corresponde, foroso convir, justia e bondade do Criador; d umasada, uma finalidade, um destino aos animais, quedeixam ento de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que

    lhes est reservado, uma compensao para os seus sofrimentos. O que constitui o ho-mem espiritual no a sua origem; so os atributos especiais com que ele se apresenta

    46 - O princpio inteligente individualiza-se passando pelosdiversos graus da animalidade

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    dotado ao entrar na humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distin-to, como o fruto saboroso distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver pas-sado pela fieira da animalidade, o homem no deixaria de ser homem; j no seria ani-mal, como o fruto no a raiz, como o sbio no o feto informe que o ps no mundo.

    O sentimento da justia absoluta diz-nos tambm que o animal, tanto quanto o

    homem, no deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contnua ligatodas as criaes; o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano.A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal est apenas

    em estado embrionrio; no homem adquire o conhecimento e no pode retrogradar. Po-rm, em todos os graus ela prepara e d forma ao seu invlucro. As formas sucessivasque reveste so a expresso do seu valor prprio. A situao que ocupa na escala dosseres est em relao directa com o seu estado de adiantamento.

    A finalidade da alma o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes.Para consegui-lo, obrigada a encarnar grande nmero de vezes na Terra, a fim de ci-mentar as suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a senhorear e gover-nar a matria. mediante uma evoluo ininterrupta, a partir das formas de vida mais

    rudimentares, at condio humana, que o princpio pensante conquista, lentamente, asua individualidade. Chegado a esse estgio, cumpre-lhe fazer eclodir a sua espirituali-dade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, afim de elevar-se, na srie das transformaes, para destinos sempre mais altos.

    No dia em que a alma, libertando-se das formas animais, chegar ao estado hu-mano, conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o de-ver, nem por isso atingir o seu fim ou terminar a sua evoluo. Longe de acabar, co-mear a sua obra real; novas tarefas a chamaro. As lutas do passado nada so ao ladodas que o futuro lhe reserva. Os seus renascimentos em corpos carnais suceder-se-o.

    A RETER

    1 O princpio inteligente, distinto do princpio material, individualiza-se e elabora-se,passando pelos diversos graus da animalidade, onde se ensaia para a vida e desen-volve as suas primeiras faculdades. Chegada ao grau de desenvolvimento que esseestado comporta, recebe as faculdades que constituem a alma humana.

    2 O que constitui o homem espiritual no a sua origem; so os atributos especiaisque conquistou ao entrar na humanidade.

    3 Uma cadeia ascendente e contnua liga todas as criaes; o mineral ao vegetal, ovegetal ao animal, e este ao homem.

    4 A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal est apenas emestado embrionrio; no homem adquire conhecimento.5 A finalidade da alma o desenvolvimento de todas as suas faculdades. At conse-

    gui-lo, encarna grande nmero de vezes.

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    6.1.5 REENCARNAO E A EVOLUO DO HOMEM

    Quando o esprito tem de encarnarnum corpo humano em vias de formao,

    um lao fludico, que no mais do queuma expanso do seu perisprito, liga-o aogerme que o atrai com uma fora irresis-tvel desde o momento da concepo. medida que o germe se desenvolve, o laoencurta-se. Sob a influncia do princpiovito-material do germe, o perisprito, que

    possui certas propriedades da matria,une-se, molcula a molcula, ao corpo emformao, da poder dizer-se que o espri-to, por intermdio do seu perisprito, se

    enraza, de certa maneira, nesse germe,como uma planta na terra. Quando o ger-me chega ao seu pleno desenvolvimento, a unio completa; nasce, ento, o ser

    para a vida exterior. medida que o esprito se purifi-

    ca, o corpo que o reveste aproxima-seigualmente da natureza espiritual. Torna-se-lhe menos densa a matria, deixa derastejar penosamente pela superfcie do solo, tem menos necessidades fsicas, deixandode ser necessrio que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O espri-

    to acha-se mais livre e tem, das coisas longnquas, percepes que desconhecemos. Vcom os olhos do corpo o que s pelo pensamento entrevemos.

    Da purificao do esprito decorre o aperfeioamento moral dos seres encarna-dos. As paixes animais enfraquecem-se e o egosmo cede lugar ao sentimento de fra-ternidade. Assim, nos mundos superiores ao nosso, desconhecem-se as guerras, care-cendo de objecto os dios e as discrdias, porque ningum pensa em causar dano ao seusemelhante. A intuio que os seus habitantes tm do futuro, a segurana que uma cons-cincia isenta de remorsos lhes d, faz com que a morte nenhuma apreenso lhes cause.Encaram-na de frente, sem temor, como simples transformao.

    A durao da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporo com o graude superioridade fsica e moral de cada um, o que perfeitamente racional. O corpo,

    quanto menos material, menos sujeito s vicissitudes que o desorganizam. Quanto maispuro o esprito, menos paixes a min-lo. essa, ainda, uma graa da Providncia, quedesse modo abrevia os sofrimentos.

    A RETER

    1 medida que o esprito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se igualmenteda natureza espiritual, sentindo a matria menos densa.

    2 Da purificao do esprito decorre o aperfeioamento moral dos seres encarnados.

    3 Quanto menos material o corpo, menos sujeito s vicissitudes que o desorganizam.4 Quanto mais puro o esprito, menos paixes a min-lo.

    47 - Um lao fludico liga-se ao corpo emforma o

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    6.1.6 EVIDNCIAS DA REENCARNAO

    Podemos enumerar quatro tipos de evidncias da reencarnao:1 Os meninos-prodgio;2 As crianas que se lembram de vidas anteriores;3 As comunicaes medinicas;4 As terapias mdicas e psicolgicas que usam regresso de memria.

    Destas quatro evidncias, as ltimas trs so evidncias cientficas.Quanto aos

    meninos-prodgio,poderemos interrogar-nos: De onde vmtantos conhecimen-

    tos? Como compreen-der, por exemplo, queuma criana de seteanos de idade estejalicenciada em Fsica,uma outra de onze

    anos licenciada emMatemtica, outras de dois ou trs anos de idade que falem seis lnguas diferentes, semnunca terem aprendido? No havendo explicao nesta existncia fsica, de duas uma:ou Deus privilegia uns seres em detrimento de outros; ou, ento, todos tiveram as mes-

    mas oportunidades, comeando simples e ignorantes, e foram palmilhando o seu roteiroevolutivo, uns esforando-se mais que outros, e da a dissemelhana evolutiva presenteno nosso planeta. Assim sendo, os meninos-prodgio seriam pessoas com muitos conhe-cimentos trazidos de vidas anteriores e que nesta existncia carnal tm a capacidade deter acesso a essa informao que trazem do passado.

    As crianas que se lembram de vidas anteriores tm proporcionado investigaesespantosas aos cientistas de todo o mundo. Refira-se, por exemplo, os estudos rigoro-samente cientficos levados a cabo pelo Prof. Dr. Ian Stevenson, nos EUA, que estudoumais de dois mil casos de crianas que se lembravam de vidas anteriores usados no seulivro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnao. O Dr. Hemendras Nath Banerjee, nandia, durante vinte e cinco anos compilou mais de mil e cem casos em todo o mundo,

    tratados no seu livro Vida Pretrita e Futura(Edies Nrdica, Rio de Janeiro, Bra-sil, 2. Edio, 1987). O Eng. Hernni Guimares Andrade, no Brasil, compilou vrioscasos de reencarnao no seu livro Reencarnao no Brasil, (Edies O Clarim, Bra-sil, 1986). De realar que a grande maioria destes investigadores no esprita. Investi-garam casos onde a hiptese da reencarnao de pessoas recentemente falecidas a ni-ca plausvel e com base cientfica, de entre as restantes hipteses de explicao.

    Atravs das comunicaes medinicas, houve espritos que informaram que iri-am reencarnar num determinado local, numa determinada famlia e, s vezes, dandosinais ou caractersticas que a posteriorieram reconhecidos. Houve casos desses catalo-gados aquando das experincias de Allan Kardec (ver coleco da Revista Esprita,de Allan Kardec) e com o mdium Francisco Cndido Xavier, em que pelo menos umdos casos est estudado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofsicas, do Brasil,

    pelo Eng. Hernni Guimares Andrade e sua equipa.

    48 - Qual a origem dos conhecimentos dos meninos-prodgio?

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    As terapias mdicas que usam re-gresso de memria, com fins teraputicos,tm sido a mais recente evidncia cientficada reencarnao. Veja-se as pesquisas daDr. Edith Fiore, nos EUA, no seu livro J

    Vivemos Antes (Edies Europa-Amrica,Portugal, 1978); do Dr. Brian Weiss, nosEUA, no seu livro Muitas Vidas, Muitos

    Mestres; da Dr. Maria Jlia Prieto Peres,psiquiatra, no Brasil; do Dr. Morris Nether-ton, nos EUA; da Dr. Helen Wambach noseu livro Recordando Vidas Passadas(Edies Pensamento, So Paulo, Brasil,1995), onde pessoas em estado de hipnose

    profunda, ou ento em estados alterados deconscincia, regridem a situaes, a espa-

    os temporais que identificam como sendode outras existncias carnais, bem comonos planos entre vidas (no mundo espiritu-al), dando, muitas vezes, pormenores exac-tos que, depois de pesquisados, so con-firmados pelos cientistas, como, por exemplo, locais, nomes, datas, entre outros, tudoisto relativamente a pocas muito remotas (veja-se as experincias da Dr. Edith Fioreno seu livro acima referido).

    Quando a reencarnao (que defendida por cerca de dois teros da populaomundial, de acordo com estatsticas) for bem assimilada, a xenofobia deixar de existir,

    j que saberemos que poderemos reencarnar naquele pas ou povo que agora rejeitamosou odiamos. O racismo deixar de ter suporte, pois entenderemos que os espritos notm cor e que poderemos reencarnar na raa que agora repudiamos. A superioridadesexual deixar de existir, pois saberemos que tanto poderemos reencarnar como homemou mulher, de acordo com as nossas necessidades evolutivas. A prpria ecologia ser

    privilegiada, pois o homem sabe que amanh, quando voltar a este planeta, encontr-lo- como o deixou, recebendo, assim, o fruto dos desmandos de agora ou, ento, da sua

    preservao.A compreenso da reencarnao ser a pedra-de-toque para que a sociedade se

    torne mais justa, mais fraterna e mais feliz.

    A RETER

    1 H quatro tipos de evidncias da reencarnao: meninos-prodgio, crianas que selembram de vidas anteriores, comunicaes medinicas, terapias mdicas e psico-lgicas que usam regresso de memria. As ltimas trs so evidncias cientficas.

    2 So muitos os autores e investigadores destes tipos de evidncias. Muitos tm obraspublicadas sobre o assunto.

    3 A reencarnao defendida por cerca de dois teros da populao mundial. Quandofor assimilada por todos, a sociedade tornar-se- mais justa, mais fraterna e maisfeliz.

    49 - Muitas Vidas Muitos Mestres Brian L. Weiss

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    6.2 OBJECTIVO DA ENCARNAO

    Deus impe aos espri-tos a encarnao com o objec-

    tivo de faz-los chegar per-feio, passando pelas vicissi-tudes da existncia corporal.

    A encarnao visa ain-da outro fim: o de pr o espri-to em condies de suportar a

    parte que lhe toca na obra dacriao. Para execut-la que,em cada mundo, o espritotoma um instrumento, de har-monia com a matria essencial

    desse mundo, a fim de acumprir, daquele ponto devista, as ordens de Deus. assim que, concorrendo para a

    obra geral, ele prprio se adianta.Todos so criados simples e ignorantes e instruem-se nas lutas e tribulaes da

    vida corporal. Deus, que justo, no podia fazer alguns felizes, sem fadigas e trabalhos,por conseguinte, sem mrito.

    Da concluir-se que os seres considerados eleitos - anjos, arcanjos, querubins eserafins - so a representao das almas que j atingiram, pelo seu esforo, graus deelevao espiritual, passando, como no poderia deixar de ser, pelos mesmos estgios

    inferiores da escala evolutiva.O atrasado possui inclinao para o mal, inteligncia limitada; regozija-se com a

    violncia, compraz-se na vida viciosa. Quando deixa o corpo, os sentimentos acompa-nham-no. Com a evoluo, ele vai-se modificando. As lutas do mundo, os sofrimentos,atravs das vidas, que lhe vo aprimorando a alma.

    A Terra como uma escola e um hospital. V-se o aluno ir progredindo medi-da que muda de classe; a sua cultura em funo do tempo e do estudo; quando o corpose debilita, vai a um centro de sade, onde o mdico lhe retempera e restitui as foras.

    Assim a Terra para o incipiente. Ele aporta aqui como selvagem ou brbaro. Econtinua a sua peregrinao, curando-se no hospital planetrio, com a teraputica dosofrimento, ilustrando-se com as lies que recebe de vida em vida, at que, inteiramen-

    te puro, fica livre das vidas materiais e entra para o nirvanados budistas ou para as re-gies de paz; a felicidade consiste nessa tranquilidade dos justos; no a podemos perce-

    ber nem vislumbrar, porque nunca a possumos, envoltos nos turbilhes, na azfama, nonevoeiro, nas paixes violentas desse mundculo onde nos encontramos atolados.

    Os espritos que seguem o caminho do bem chegam mais depressa aos nveismais elevados de aperfeioamento intelectual e moral; sendo as aflies da vida fruto daimperfeio do esprito, quanto menos imperfeies, menos tormentos. Aquele que nofor invejoso, nem ciumento, nem avarento, nem ambicioso, no sofrer as torturas quese originam dessas imperfeies.

    Os espritos que desde o princpio seguem o caminho do bem nem por isso soespritos perfeitos. No tm, certo, maus pendores, mas precisam adquirir a experin-cia e os conhecimentos indispensveis para alcanar a perfeio. Podemos compar-los

    50 - Todos os espritos so criados simples e ignorantes

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    a crianas que, seja qualfor a bondade dos seusinstintos naturais, necessi-tam desenvolver-se e es-clarecer-se e no passam,

    sem transio, da infncia madureza.Depende dos esp-

    ritos progredirem mais oumenos rapidamente em

    busca da perfeio, con-forme o desejo que tm dealcan-la e a submissoque testemunham von-tade de Deus. Os espritosno podem conservar-se eternamente nas ordens inferiores; mudam de ordem mais rpi-

    da ou demoradamente, porm no podem degenerar. medida que avanam, compre-endem o que os distancia da perfeio. O esprito, ao concluir uma prova, fica com acincia que da lhe veio e no a esquece. Pode permanecer estacionrio durante algumtempo, porm no retrograda.

    A encarnao necessria ao duplo progresso moral e intelectual do esprito: aoprogresso intelectual, pela actividade obrigatria do trabalho; ao progresso moral, pelanecessidade recproca dos homens entre si. A vida social a pedra de toque das boas oums qualidades.

    A bondade, a maldade, a doura, a violncia, a benevolncia, a caridade, o ego-smo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a m f,a hipocrisia, numa palavra, tudo o que constitui o homem de bem, ou perverso, tem poralvo e por estmulo as relaes do homem com os seus semelhantes.

    Uma s existncia corporal manifestamente insuficiente para o esprito adqui-rir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra.

    Deus, que soberanamente justo e bom, concede ao esprito tantas encarnaesquantas as necessrias para atingir o seu objectivo: a perfeio.

    Para cada nova existncia, o esprito traz tudo que adquiriu nas anteriores, emaptides, conhecimentos intuitivos, inteligncia e moralidade. Cada existncia , assim,um passo avante no caminho do progresso.

    A encarnao inerente inferioridade dos espritos, deixando de ser necessriadesde que estes, transpondo-lhe os limites, ficam aptos para progredir no estado espiri-

    tual, ou nas existncias corporais de mundos superiores, que nada tm da materialidadeterrestre. Da parte destes a encarnao voluntria, tendo por fim exercer sobre os en-carnados uma aco mais directa e tendente ao cumprimento da misso que lhes compe-te junto dos mesmos. Desse modo, aceitam abnegadamente as vicissitudes e sofrimentosda encarnao.

    A pluralidade das existncias, cujo princpio Jesus estabeleceu no Evangelho, uma das mais importantes leis reveladas pelo Espiritismo, pois demonstra-lhe a reali-dade e a necessidade do progresso. Com esta lei, o homem explica todas as aparentesanomalias da vida humana; as diferenas de posio social; as mortes prematuras que,sem a reencarnao, tornariam inteis alma as existncias breves; a desigualdade deaptides intelectuais e morais, pela ancianidade do esprito que mais ou menos aprendeu

    e progrediu e traz, nascendo, o que adquiriu nas suas existncias anteriores.

    51 - A vida social a pedra de toque das boas ou ms qualidades

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    Com a reencarnao desaparecem os preconceitos de raa e de casta, pois omesmo esprito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletrio, chefe ousubordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocadoscontra a injustia da servido e da escravido, contra a sujeio da mulher lei do maisforte, nenhum h que prime, em lgica, ao facto material da reencarnao. Se, pois, a

    reencarnao funde numa lei da natureza o princpio da fraternidade universal, tambmfunde na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberda-de.

    Sem a preexistncia da alma, a doutrina do pecado original no seria somente ir-reconcilivel com a justia de Deus, que tornaria todos os homens responsveis pelafalta de um s; seria tambm um contra-senso, e tanto menos justificvel quanto, segun-do essa doutrina, a alma no existia na poca a que se pretende fazer que a sua respon-sabilidade remonte. Com a preexistncia, o homem traz, ao renascer, o germe das suasimperfeies, dos defeitos que no corrigiu, que se traduzem pelos instintos naturais e

    pelos pendores para tal ou tal vcio. esse o seu verdadeiro pecado original, cujas con-sequncias naturalmente sofre, mas com a diferena capital de que sofre a pena das suas

    prprias faltas, no das de outrem; e com outra diferena, ao mesmo tempo consoladora,animadora e soberanamente equitativa, de que cada existncia lhe oferece os meios dese redimir pela reparao e de progredir, quer despojando-se de alguma imperfeio,quer adquirindo novos conhecimentos e, assim, at que, suficientemente purificado, nonecessite mais da vida corporal e possa viver exclusivamente a vida espiritual, eterna e

    bem aventurada.A reencarnao um processo de aperfeioamento espiritual. A volta do esprito

    vida corporal tem um objectivo; no aco do acaso, nem capricho dos cus. Noh experincia reencarnatria sem motivo, ensina o Espiritismo.

    O aspecto moral da reencarnao deve merecer sempre uma considerao muitolcida, justamente porque esse aspecto se reflecte na vida familiar, nas relaes profis-

    sionais, enfim, na vida social. A noo deuma nica existncia no nos daria uma vi-so real de justia no tempo e no espao. Areencarnao no , portanto, simples ques-to de crena, mas um princpio lgico, as-sim o entendemos, pois abre intelignciainquiridora uma perspectiva de justia muitomais ampla, atravs de existncias diversas.

    Em relao ao Espiritismo, o pensa-mento reencarnacionista est assim expresso:

    Nascer, morrer, renascer ainda, progredirsempre, tal a lei.Allan Kardec formulou aos espritos

    a questo n. 196, inscrita em O Livro dosEspritos, cuja resposta apresenta a smulados objectivos da encarnao:

    No podendo os espritos aperfei-oar-se, a no ser por meio das tribulaesda existncia corprea, segue-se que a vidamaterial seja uma espcie de crisol ou dedepurador, por onde tm que passar todos os

    seres do mundo espiritual para alcanarema perfeio?

    52 - A reencarnao um dos pilares doEspiritismo

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    Sim, exactamente isso. Eles melhoram-se nessas provas, evitando o mal epraticando o bem; porm, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conformeos esforos que empreguem; somente aps muitas encarnaes sucessivas, ou depura-es, atingem a finalidade para que tendem.

    A obrigao que o esprito encarnado tem de prover ao alimento do corpo, sua

    segurana, ao seu bem estar, fora-o a empregar as suas faculdades em investigaes, aexercit-las e desenvolv-las. til, portanto, ao seu adiantamento a sua unio com amatria.

    Da, a encarnao constituir uma necessidade. Alm disso, pelo trabalho inteli-gente que ele executa em seu proveito, sobre a matria, auxilia a transformao e o pro-gresso material do globo que lhe serve de habitao.

    A RETER

    1 O objectivo da encarnao chegar perfeio e colaborar na obra da criao.2 Todos os espritos so criados simples e ignorantes e instruem-se nas lutas e tribula-

    es da vida corporal.3 Os anjos, arcanjos, querubins, serafins so as almas que, pelo seu esforo, j atingi-

    ram mais elevao espiritual.4 Os espritos no podem conservar-se eternamente nas ordens inferiores. Podem

    permanecer estacionrios durante algum tempo, porm no retrogradam.5 A encarnao necessria para o duplo progresso moral e intelectual do esprito.6 Uma s existncia corporal insuficiente para o esprito adquirir a perfeio.7 Com a pluralidade das existncias, o homem explica todas as aparentes anomalias

    da vida humana. Desaparecem os preconceitos de raa, sexo e casta

    8 O pensamento reencarnacionista est inscrito na frase: Nascer, morrer, renascerainda, progredir sempre, tal a lei.

    6.2.1 JUSTIA DA REENCARNAO

    A reencarnao,afirmada pelas vozes dealm tmulo, a nicaforma racional que pode

    admitir a reparao dasfaltas cometidas e a evo-luo gradual dos seres.Sem ela, no se v san-o moral satisfatria ecompleta; no h possibi-lidade de conceber aexistncia de um ser quegoverne o Universo com

    justia.Se admitirmos

    que o homem vive actualmente pela primeira vez neste mundo, que uma nica existn-cia terrestre o quinho de cada um de ns, a incoerncia e a parcialidade, foroso seria

    53 - Sem a reencarnao, onde a justia de Deus?

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    reconhec-lo, presidem repartio dos bens e dos males, das aptides e das faculdades,das qualidades nativas e dos vcios originais.

    Todos os espritos tendem para a perfeio e Deus faculta-lhes os meios de al-can-la, proporcionando-lhes as provaes da vida corporal. A Sua justia, porm,concede-lhes realizar, em novas existncias, o que no puderam fazer, ou concluir, nu-

    ma primeira prova.Deus no obraria com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se conde-nasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do prprio meio em queforam colocados e alheios vontade que os animava, obstculos ao seu melhoramento.Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, no seria uma nicaa balana em que Deus pesa as aces de todas as criaturas e no haveria imparcialidadeno tratamento que a todas dispensa.

    A doutrina da reencarnao, isto , a que consiste em admitir para o mesmo esp-rito muitas existncias sucessivas, a nica que corresponde ideia que formamos da

    justia de Deus para com os homens que se acham em condio moral inferior; a nicaque pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanas, pois oferece os meios de res-

    gatarmos os nossos erros, em novas provaes. A razo no-la indica e os espritos ensi-nam-na.

    O homem, que tem conscincia da sua inferioridade, aure consoladora esperanana doutrina da reencarnao. Se cr na justia de Deus, no pode contar que venha aachar-se, para sempre, em p de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustm-no, porm, e reanima-lhe a coragem, a ideia de que aquela inferioridade no o deserdaeternamente do supremo bem e que, mediante novos esforos, dado lhe ser conquist-lo. Quem que, ao cabo da sua carreira, no deplora haver ganho to tarde uma experi-ncia de que j no pode tirar proveito? Entretanto, essa experincia tardia no fica per-dida; o esprito utiliz-la- em nova existncia.

    A RETER

    1 A reencarnao a nica forma racional que admite a reparao das faltas cometi-das e a evoluo gradual dos seres.

    2 Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, no seria umanica a balana de Deus e no haveria imparcialidade no Seu tratamento.

    3 S a reencarnao corresponde ideia que formamos da justia de Deus para comos homens que se acham em condio moral inferior, oferecendo meios de resgataros erros, por novas provaes.

    6.3 DA VOLTA DO ESPRITO, EXTINTA A VIDA COR-PORAL, VIDA ESPIRITUAL

    No intervalo das existncias corporais, o esprito permanece no mundo espiritu-al, onde feliz ou desgraado segundo o bem ou o mal que fez.

    Uma vez que o estado espiritual o estado definitivo do esprito e o corpo espi-ritual no morre, deve ser esse tambm o seu estado normal. O estado corporal transi-trio e passageiro. no estado espiritual, sobretudo, que o esprito colhe os frutos do

    progresso realizado pelo trabalho da encarnao; tambm nesse estado que se prepara

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    para novas lutas e toma as resolues que h-de pr em prtica na sua volta reencar-nao.

    O estudo das comunicaes dos espritos provou-nos, de maneira irrefutvel,que a situao do esprito, depois da morte, regida por uma lei de justia infalvel,segundo a qual o ser se encontra em condies de existncia que so rigorosamente de-

    terminadas pelo seu grau evolutivo e pelos esforos que faz para se melhorar.As nossas relaes com os espritos ensinaram-nos, ainda, que no existe infer-no, nem paraso, mas que a lei moral impe sanes inelutveis queles que a violaram,enquanto reserva a felicidade aos que se esforaram por praticar o bem sob todas asformas.

    Por um efeito contrrio, a unio do perisprito ao corpo fsico, que se efectuarasob a influncia do princpio vital, cessa desde que esse princpio deixa de actuar, emconsequncia da desorganizao do corpo. Como era mantida por uma fora actuante,tal unio desfaz-se logo que essa fora deixa de actuar. Ento, o perisprito desprende-se, molcula a molcula, conforme se unira, e ao esprito restituda a liberdade. Assim,no a partida do esprito que causa a morte do corpo; esta que determina a partida do

    esprito.O Espiritismo, atravs da observao dos factos, d a conhecer os fenmenos

    que acompanham essa separao, que, s vezes, rpida, fcil, suave e insensvel, aopasso que doutras lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral doesprito.

    O esprito desprende-se gradualmente, no se escapa como um pssaro cativo aquem se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados tocam-se e confundem-se, de sorte que o esprito se solta pouco a pouco dos laos que o prendiam. Estes laosdesatam-se, no se quebram.

    Durante a vida, o esprito acha-se preso ao corpo pelo seu envoltrio semimate-rial, ou perisprito. A morte somente a destruio do corpo; no a do perisprito, quedo corpo se separa quando cessa neste a vida orgnica. A observao demonstra que, noinstante da morte, o desprendimento do perisprito no se completa subitamente; que, aocontrrio, se opera gradualmente e com uma lentido muito varivel conforme os indi-vduos. Em alguns bastante rpida, podendo dizer-se que o momento da morte maisou menos o da libertao. Noutros, naqueles, sobretudo, cuja vida foi toda material esensual, o desprendimento muito menos rpido, durando, algumas vezes, dias, sema-nas e at meses, o que no implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibi-lidade de volver vida, mas uma simples afinidade com o esprito, afinidade que guardasempre proporo com a preponderncia que, durante a vida, o esprito deu matria. ,com efeito, racional conceber-se que quanto mais o esprito se tenha identificado com a

    matria, mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a actividade intelectual emoral, a elevao dos pensamentos operam um comeo de desprendimento, mesmodurante a vida do corpo, de modo que, chegando a morte, quase instantneo. Tal oresultado dos estudos feitos em todos os indivduos que se tm podido observar por oca-sio da morte. Essas observaes provam, ainda, que a afinidade persistente entre a al-ma e o corpo, em certos indivduos, s vezes muito penosa, porquanto o esprito podeexperimentar o horror da decomposio. Este caso, porm, excepcional e peculiar acertos gneros de vida e a certos gneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.

    Na agonia, o esprito, algumas vezes, j tem deixado o corpo; nada mais h quea vida orgnica. O homem j no tem conscincia de si prprio; entretanto, ainda lheresta um sopro de vida orgnica. O corpo a mquina que o corao pe em movimen-

    to. Existe enquanto faz circular nas veias o sangue, para o qual no necessita da alma.

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    Por ocasio da morte,tudo, a princpio, confuso. Oesprito precisa de algum tempo

    para entrar no conhecimento desi prprio. Ela acha-se como que

    aturdida, no estado de uma pes-soa que despertou de profundosono e procura orientar-se sobrea sua situao. A lucidez dasideias e a memria do passadovoltam-lhe medida que se apa-ga a influncia da matria queela acaba de abandonar e me-dida que se dissipa a espcie denvoa que lhe obscurece os pen-samentos.

    muito varivel o tem-po que dura a perturbao que sesegue morte. Pode ser de al-gumas horas, como tambm demuitos meses e at de muitosanos. Naqueles que, desdequando ainda viviam na Terra,se identificavam com o estadofuturo que os aguardava, me-

    nos longa, porque esses compreendem imediatamente a posio em que se encontram.Aquela perturbao apresenta circunstncias especiais, de acordo com os carac-

    teres dos indivduos e, principalmente, com o gnero de morte. Nos casos de morte vio-lenta, por suicdio, suplcio, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o esprito fica surpre-endido, espantado e no acredita estar morto. Obstinadamente, sustenta que no o est.

    No entanto, v o seu prprio corpo, reconhece que esse corpo seu, mas no compreen-de que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e no per-cebe porque no o ouvem. Semelhante iluso prolonga-se at ao completo desprendi-mento do perisprito. S ento o esprito se reconhece como tal e compreende que no

    pertence mais ao nmero dos vivos. Este fenmeno explica-se facilmente. Surpreendidode improviso pela morte, o esprito fica atordoado com a brusca mudana que nele seoperou; considera ainda a morte como sinnimo de destruio, de aniquilamento. Ora,

    porque pensa, v, ouve, tem a sensao de no estar morto. Mais lhe aumenta a iluso ofacto de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja naturezaetrea ainda no teve tempo de estudar. Julga-o slido e igual ao primeiro. Certos espri-tos revelam essa particularidade, se bem que a morte no lhes tenha sobrevindo inopi-nadamente. Todavia, apresenta-se sempre mais generalizada entre os que, embora doen-tes, no pensavam morrer. Observa-se, ento, o singular espectculo de um esprito as-sistir ao seu prprio enterro como se fora o de um estranho, falando desse acto como decoisa que lhe no diz respeito, at ao momento em que compreende a verdade.

    A perturbao que se segue morte nada tem de penosa para o homem de bem,que se conserva calmo, semelhante, em tudo, a quem acompanha as fases de um tran-quilo despertar. Para aquele cuja conscincia ainda no est pura, a perturbao cheia

    de ansiedade e de angstias, que aumentam medida que se compenetra da situao.

    54 - O Esprito pode experimentar o horror dadecomposio

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    Nos casos de morte colectiva tem sido observado que todos os que perecem aomesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbao que se segue morte, cada um vai para seu lado, ou s se preocupa com os que lhe interessam.

    O esprito procura, naturalmente, as actividades que lhe eram predilectas noscrculos da vida material, obedecendo aos laos afins, tal qual se verifica nas sociedades

    da Terra. semelhana das cidades da Terra, que se encontram repletas de associaes,de grmios, de classes inteiras que se renem e se sindicalizam para determinados fins,conjugando idnticos interesses de vrios indivduos; que se abraam os agiotas, os po-lticos, os comerciantes, os sacerdotes, objectivando cada grupo a defesa dos seus inte-

    resses prprios, o mesmo acontece nas cidades espirituais.O homem desencarnado procura ansiosamente, no espao, as aglomeraes

    afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gnero de vida abandonadona Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a sua mente reencontraras obsesses da materialidade, como as do dinheiro, lcool, etc., obsesses que se tor-

    nam o seu martrio moral a cada hora, nas esferas mais prximas da Terra.Da a necessidade de encararmos todas as nossas actividades no mundo comotarefa de preparao para a vida espiritual, sendo indispensvel nossa felicidade, almdo sepulcro, que tenhamos um corao sempre puro.

    Na questo n. 165 de O Livro dos Espritos, Allan Kardec faz a seguinte in-dagao: O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influncia sobre a durao,mais ou menos longa, da perturbao?Os espritos responderam, taxativamente: In-

    fluncia muito grande, pois o esprito j antecipadamente compreendia a sua situao.Mas, a prtica do bem e a conscincia pura so o que maior influncia exercem.

    55 - varivel o tempo de perturbao aps a morte

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    A RETER

    1 No intervalo das existncias corporais, o esprito permanece no mundo espiritual,onde feliz ou desgraado, conforme o bem ou o mal que fez.

    2 O estado corporal transitrio e passageiro. O espiritual o definitivo do esprito.

    3 A situao do esprito, depois da morte, regida por uma lei de justia infalvel.4 A morte do corpo fsico que determina a partida do esprito, nunca o contrrio.5 A separao pode ser rpida, fcil, suave e insensvel ou poder ser lenta, laborio-

    sa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do esprito.6 Durante a vida, o esprito est preso ao corpo pelo seu perisprito. A morte s des-

    tri o corpo.7 A actividade intelectual e moral operam um comeo de desprendimento, mesmo

    durante a vida do corpo.8 Na agonia, o esprito, algumas vezes, j tem deixado o corpo; nada mais h que a

    vida orgnica.9 Por ocasio da morte, tudo, a princpio, confuso. A lucidez das ideias e a mem-

    ria do passado voltam medida que se apaga a influncia da matria.10 muito varivel o tempo que dura a perturbao que se segue morte.11 A perturbao que se segue morte nada tem de penosa para o homem de bem.

    Para quem tem a conscincia pesada, a perturbao cheia de ansiedade e angs-tias.

    12 O esprito procura, naturalmente, as actividades que lhe eram predilectas quandoestava na Terra.

    13 O conhecimento do Espiritismo tem grande influncia na durao mais ou menoslonga da perturbao espiritual aps a morte. Mas a prtica do bem o que maiorinfluncia exerce.

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    BIBLIOGRAFIA

    Allan Kardec:O Livro dos Espritos, Parte Segunda, Cap. II e Cap. XI, 44. Edio, Federao Esp-

    rita Brasileira;O Evangelho Segundo o Espiritismo,Cap. IV, 77. Edio, Federao Esprita Brasi-leira;O Cu e o Inferno, 1. Parte, Cap. III, 23. Edio (Popular), Federao Esprita Bra-sileira;A Gnese,Caps. I e XI, 19. Edio (Popular), Federao Esprita Brasileira.

    Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, Cap. VI, 3. Edi-o, Livraria Ghignone Editora.

    Emmanuel:

    A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, Cap. III, 4. Edio,Federao Esprita Brasileira;O Consolador,psicografia de Francisco Cndido Xavier, Questo N. 148, 4. Edi-o, Federao Esprita Brasileira.

    Gabriel Delanne:A Reencarnao,Caps. I e XIV, Federao Esprita Brasileira;A Evoluo Anmica, Introduo, 4. Edio, Federao Esprita Brasileira.

    Lon Denis:Depois da Morte, Parte Segunda, XI, 8. Edio, Federao Esprita Brasileira;

    O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Segunda Parte, Caps. XIII e XVII, 11.Edio, Federao Esprita Brasileira;O Alm e a Sobrevivncia do Ser, Estudos sobre a reencarnao ou as vidas sucessi-vas, 3. Edio, Federao Esprita Brasileira.

    Leslie D. Weatherhead, The Case For Reencarnation,Londres, 1958.

    Mrio Cavalcanti Melo e Carlos Imbassahy, Reencarnao e suas Provas, PrimeiraParte, Pg. 34, 1. Edio da Livraria da Federao Esprita do Paran.

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    MINIGRUPOS (apoio bibliogrfico)

    Leia com ateno o apoio bibliogrfico e faa um resumo para cada tema:

    MINIGRUPO 1: A REENCARNAO

    1 A reencarnao e o duplo progresso do espritoAllan Kardec, O Cu e o Inferno, 1. Parte, Cap. III, Itens 7, 8 e 9.

    2 Revista histrica sobre a teoria das vidas sucessivasGabriel Delanne, A Reencarnao, Cap. I.

    Um elemento do grupo funcionar como secretrio para posteriormente apresentar as concluses.

    MINIGRUPO 2: NECESSIDADE DA ENCARNAO

    1 Necessidade da encarnaoAllan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV Instrues dosespritos.

    2 Os animais e o homem - MetempsicoseAllan Kardec, O Livro dos Espritos,Questes 606 a 613.

    Um elemento do grupo funcionar como secretrio para posteriormente apresentar as concluses.

    MINIGRUPO 3: NINGUM PODER VER O REINO DE DEUS SENO NASCER DE NOVO

    1 Ressurreio e reencarnaoAllan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo,Cap. IV, N. 4.

    2 Formao dos mundosAllan Kardec, O Livro dos Espritos, Cap. III, Questes 37 a 42.

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    3 A pluralidade das existnciasLon Denis, Depois da Morte,Parte 2., XI.

    Um elemento do grupo funcionar como secretrio para posteriormente apresentar as concluses

    MINIGRUPO 4: REENCARNAO Processo de aperfeioamentoespiritual

    Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, 3. Edio, Cap.VI, Pgs. 159 a 163.

    Um elemento do grupo funcionar como secretrio para posteriormente apresentar as concluses

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    MINIGRUPOS

    Depois de ter estudado este captulo, responda, por escrito, s seguintesquestes:

    MINIGRUPO 1: INTRODUO Reviso histrica

    1 Qual o significado da palavra palingenesia?2 Refira os povos que acreditam na reencarnao.

    3 Que filsofos estudaram a reencarnao?4 Os filsofos gregos que nome lhe atriburam? Porqu?5 Desenvolva a frase: A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares.

    MINIGRUPO 2: REENCARNAO

    1 Qual a diferena entre: reencarnao ressurreio metempsicose?2 De acordo com a resposta questo N. 612 de O Livro dos Espritos, poderia um

    esprito encarnar no corpo de um animal?3 Indique duas passagens do Evangelhoque sugiram a reencarnao e explique-as.4 Como se processa a ligao de um esprito a um corpo, para reencarnar?5 Do que depende a durao da vida nos diferentes mundos?

    MINIGRUPO 3: EVIDNCIAS DA REENCARNAO

    1 Quais so os quatro tipos de evidncias cientficas que existem sobre a reencarna-o?

    2 Como explica o Espiritismo os meninos-prodgio?3 Indique trs livros cientficos, e seus respectivos autores, que apresentem a reencar-

    nao como nica explicao possvel para a lembrana de vidas anteriores.4 Indique trs mdicos que, na publicao dos seus livros, apontam a reencarnao

    como evidncia cientfica e explique como chegaram a essa concluso.5 A regresso de memria uma prtica esprita? Em que consiste?

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    MINIGRUPO 4: OBJECTIVO DA ENCARNAO

    1 Deus cria espritos eleitos? Explique.2 H espritos eternamente maus? Porqu?

    3 Explique a relao entre: encarnao inferioridade dos espritos trabalho tribu-laes evoluo.

    4 Em que expresso Kardec defende a reencarnao como um dos postulados da Dou-trina Esprita?

    5 De acordo com a resposta questo N. 196 de O Livro dos Espritos,qual o mo-tivo porque reencarnam os seres na Terra?

    MINIGRUPO 5: DA VOLTA DO ESPRITO, EXTINTA A VIDACORPORAL, VIDA ESPIRITUAL

    1 De que depende a situao da alma depois da morte?2 O que o cu e o inferno na ptica esprita?3 Como se desprende o esprito dos laos materiais?4 A fase de perturbao que se segue morte igualmente penosa para todos os esp-

    ritos? Explique.

    5 De acordo com a resposta questo N. 165 de O Livro dos Espritos, o conhe-cimento do Espiritismo exerce alguma influncia sobre a durao, mais ou menoslonga, da perturbao?

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    ( ) a Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal a lei;( ) b Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal a lei;( ) c Nascer, viver, morrer, renascer, progredir e regredir, tal a lei;( ) d Nascer, viver, recordar, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal a lei;

    2 ASSINALE COM V, SE VERDADEIRO, OU F, SE FALSO.

    ( ) a Quanto menos ligarmos aos problemas da vida, menos possibilidades temos deperturbar a nossa mente.

    ( ) b Os primeiros cristos acreditavam que as almas voltavam Terra noutro corpofsico. Chamavam a isso ressurreio.

    ( ) c Na ideia dos primeiros cristos, Joo Baptista era Elias ressuscitado.( ) d No se deve deixar o po na mesa voltado ao contrrio, pois d azar.( ) e Quanto mais puro for o esprito, menos paixes tem a min-lo.( ) f No se devem cruzar as facas quando estamos mesa, pois d azar.

    3 MARQUE COM UM X AS PALAVRAS CRIADAS PELO ESPIRITISMO.

    ( ) Palingnese ( ) Reencarnao ( ) Esprita( ) Mdium ( ) Esprito ( ) Espiritismo( ) Perisprito ( ) Mediunidade ( ) Carma

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