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9/11/2015 Da Paz Interior à "eco-paz" http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/ecopaz. htm 1/5 Da paz interior à "eco-paz" Pelo doutor Yoichi Kawada, diretor do Instituto de Filosofia Oriental, brindou durante a Conferência Interdisciplinar sobre a Evolução da Ordem Mundial, que realizou-se de 6 a 8 de junho de 1997, em Toronto , Cana d á. Tradução não ofici al para o p ortuguês : Ariel Ricc i. [email protected] As chamas da ilusão enganosa. O propósito deste artigo é oferecer a perspectiva que o Budismo possui sobre a paz. Gostaria de analisar três dimensões que a paz pode abranger e a maneira como a compreensão da paz desde a perspectiva budista pode contribuir à sua conquista. Essas três dimensões são a paz interior, na comunidade e a paz ecológica ou a relação de paz com a Terra. Gostaria de começar descrevendo uma prédica de Sakyamuni, que transmite sua visão essencial sobre a natureza e a causa do sofrimento. Sakyamuni subia em cima de uma montanha junto aos seus novos discípulos. Olhando o panorama que estendia-se sob seus pés, disse: Não há dúvida de que este mundo está consumindo-se com todas classes de fogos: o da cobiça, o ódio, a estupidez, a vaidade, as doenças degradantes e a morte; o fogo da dor, os lamentos, o sofrimento e a agonia. O que tentava transmitir era sua compreensão de que o mundo que habitamos está envolvido nas chamas do sofrimento que originam-se nos desejos enganosos. As chamas da cobiça, o ódio, a estupidez, a fatuidade e o egoísmo que afetam o nosso coração e que são a causa fundamental do sofrimento do homem. Portanto, Sakyamuni nos insta, em primeiro lugar, a adquirir uma clara compreensão da causa fundamental do sofrimento. O impulso ilusório da cobiça mostra um desejo e apego descontrolados pelas comodidades materiais, a riqueza, o poder ou a fama. O desejo por esse tipo de possessões crescem e multiplicam-se sem cessar, e, como sua consecução não brinda felicidade duradoura, a pessoa que aferra-se a elas está condenada ao interminável tormento da frustração. O impulso maligno do ódio implica emoções como o ressentimento, a fúria e a inveja, que desencadeiam-se quando nossos desejos egocêntricos são frustrados. A menos que sejam controlados, tais sentimentos alcançam as proporções da destruição e da violência. Para dizê-lo simplesmente, o ódio é a violência que gera-se a partir de uma visão egocêntrica da vida. Ignorância refere-se ao desconhecimento deliberado acerca da realidade da vida e do cosmos. É o que gera a discórdia e a rebelião contra os princípios que o governam. A sabedoria que ilumina e revela a verdadeira natureza do universo conhece-se como iluminação, enquanto que a ignorância deliberada conhece-se como escuridão fundamental, porque nubla e obscurece a luz para observar a verdadeira natureza das coisas. De todos os impulsos enganosos, o Budismo considera que a ignorância é o principal. O Budismo define a cobiça, o ódio e a ignorância como venenos inerentes à vida; as vezes, os denomina como três venenos. O que Sakyamuni ensinou aos seus discípulos na sua prédica foi que as chamas desses três venenos e de todos os impulsos enganosos originam-se no interior da vida humana e surgem com uma violência que afeta às famílias, os grupos étnicos, as nações e a toda a humanidade. Podemos comprovar que isso acontece no mundo de hoje, quando o impacto da cobiça descontrolada transcende ao indivíduo e cria profundas diferenças entre grupos econômicos e étnicos, e entre países, no âmbito global. A avareza das nações industrializadas tem despojado às pessoas das nações em vias de desenvolvimento das condições que lhes permitem satisfazer suas necessidades básicas. A cobiça da raça humana está vulnerando o direito que outros seres têm à própria existência.

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Da paz interior à "eco-paz"

Pelo doutor Yoichi Kawada, diretor do Instituto de Filosofia Oriental, brindou durante a Conferência

Interdisciplinar sobre a Evolução da Ordem Mundial, que realizou-se de 6 a 8 de junho de 1997, em

Toronto, Canadá. Tradução não oficial para o português : Ariel Ricci. [email protected]

As chamas da ilusão enganosa. O propósito deste artigo é oferecer a perspectiva que oBudismo possui sobre a paz. Gostaria de analisar três dimensões que a paz pode abranger e a maneira como a compreensão da paz desde a perspectiva budista pode contribuir àsua conquista. Essas três dimensões são a paz interior, na comunidade e a paz ecológicaou a relação de paz com a Terra.

Gostaria de começar descrevendo uma prédica de Sakyamuni, que transmite sua visãoessencial sobre a natureza e a causa do sofrimento. Sakyamuni subia em cima de umamontanha junto aos seus novos discípulos. Olhando o panorama que estendia-se sob seuspés, disse: Não há dúvida de que este mundo está consumindo-se com todas classes de

fogos: o da cobiça, o ódio, a estupidez, a vaidade, as doenças degradantes e a morte; ofogo da dor, os lamentos, o sofrimento e a agonia.

O que tentava transmitir era sua compreensão de que o mundo que habitamos estáenvolvido nas chamas do sofrimento que originam-se nos desejos enganosos. As chamasda cobiça, o ódio, a estupidez, a fatuidade e o egoísmo que afetam o nosso coração e quesão a causa fundamental do sofrimento do homem. Portanto, Sakyamuni nos insta, emprimeiro lugar, a adquirir uma clara compreensão da causa fundamental do sofrimento.

O impulso ilusório da cobiça mostra um desejo e apego descontrolados pelascomodidades materiais, a riqueza, o poder ou a fama. O desejo por esse tipo depossessões crescem e multiplicam-se sem cessar, e, como sua consecução não brinda

felicidade duradoura, a pessoa que aferra-se a elas está condenada ao intermináveltormento da frustração.

O impulso maligno do ódio implica emoções como o ressentimento, a fúria e a inveja, quedesencadeiam-se quando nossos desejos egocêntricos são frustrados. A menos que sejamcontrolados, tais sentimentos alcançam as proporções da destruição e da violência. Paradizê-lo simplesmente, o ódio é a violência que gera-se a partir de uma visão egocêntricada vida.

Ignorância refere-se ao desconhecimento deliberado acerca da realidade da vida e docosmos. É o que gera a discórdia e a rebelião contra os princípios que o governam. Asabedoria que ilumina e revela a verdadeira natureza do universo conhece-se comoiluminação, enquanto que a ignorância deliberada conhece-se como escuridãofundamental, porque nubla e obscurece a luz para observar a verdadeira natureza dascoisas. De todos os impulsos enganosos, o Budismo considera que a ignorância é oprincipal.

O Budismo define a cobiça, o ódio e a ignorância como venenos inerentes à vida; asvezes, os denomina como três venenos. O que Sakyamuni ensinou aos seus discípulos nasua prédica foi que as chamas desses três venenos e de todos os impulsos enganososoriginam-se no interior da vida humana e surgem com uma violência que afeta àsfamílias, os grupos étnicos, as nações e a toda a humanidade.

Podemos comprovar que isso acontece no mundo de hoje, quando o impacto da cobiçadescontrolada transcende ao indivíduo e cria profundas diferenças entre gruposeconômicos e étnicos, e entre países, no âmbito global. A avareza das naçõesindustrializadas tem despojado às pessoas das nações em vias de desenvolvimento dascondições que lhes permitem satisfazer suas necessidades básicas. A cobiça da raçahumana está vulnerando o direito que outros seres têm à própria existência.

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A violência acha-se em todas partes: nas famílias, o ambiente educativo e a comunidadeem geral. O ódio profundo, que remonta-se ao passado distante, engendra severosconflitos étnicos e raciais. Em alguns casos, o rancor histórico está ligado a causasreligiosas ou problemas de identidade, e encontram expressão no terror e nas mortesindiscriminadas.

A ignorância deliberada sobre a verdadeira natureza da existência significa um estado derebelião e de negação a respeito dos princípios básicos da vida e o cosmos. Pelas suascaracterísticas, essa ignorância distorce a existência em todos os seus aspectos: desde o

modo de vida de cada indivíduo, até os valores étnicos e nacionais. Em outras palavras,encontra-se em todos os sistemas de valores, formas de vida e perspectivas da naturezaque contêm um profundo conflito com os mesmíssimos princípios que sustentam aexistência, e que são, em última instância, os que governam o funcionamento do cosmos.

Ao compartilhar sua compreensão esclarecida com os outros, Sakyamuni quis ajudá-los aminimizar os efeitos destrutivos dos impulsos enganosos e transforma-los em ímpeto paraa felicidade.

Um coração tranqüilo

Na Índia, o equivalente de paz é santi, que significa o estado más elevado detranqüilidade interior; significa também a condição iluminada atingida por Sakyamuni,que as vezes denomina-se nirvana.

Uma escritura budista descreve assim o estado de paz interior: a tranqüilidade de espíritoatinge-se uma vez que se superou a avareza, o ódio e a ignorância.

Tal como ilustra esta passagem, o sentido budista da paz implica o ato fundamental desuperar os impulsos negativos ou venenos interiores. Controlar tais impulsos, porém, nãoimplica conseguir um âmbito interno estático e privado; pelo contrário, representa umaatitude intensamente dinâmica, expansiva e evolutiva por natureza.

No século XIII, o budista japonês Nitiren expressou o seguinte: Ao incendiar o bosque dosimpulsos negativos e ilusórios, mantemos a chama da sabedoria iluminada.

Em outras palavras, através da prática espiritual, a energia inerente aos impulsos maisdestrutivos podem transformar-se na chama iluminada da sabedoria. Dessa maneira,podem neutralizar-se os três venenos, para que nunca nos provoquem confusão nem noslevem a condutas estranhas e perniciosas. Por tudo o expressado, o domínio dos instintosnegativos conhece-se como tranqüilidade interior.

Nessa condição, a luz da sabedoria iluminada brilha sem que as nuvens dos impulsosperniciosos o impeçam.

Se analisam-se os ensinamentos budistas, desde as escrituras mais antigas, até astradições Mahayana que sucederam-se no tempo, pode-se compreender que o coração dailuminação de Sakyamuni foi seu despertar à Lei da origem dependente. A essência desteconceito, que tem sido expressada de várias maneiras e analisada com grandeprofundidade e detalhe no Budismo Mahayana, é a interdependência entre os seres vivose todos os fenômenos, sem exceção. Podemos compreender então que tudo o que ocorree existe somente é possível através de sua inter-relação com todos os outros fenômenos, eque a trama de relações é de uma extensão infinita, tanto desde o ponto de vista espacialcomo temporal.

Essa é a base teórica do princípio da coexistência, tão importante dentro do pensamento

budista.

Cada ser humano existe dentro do contexto das inter-relações que incluem aos outrosseres humanos, os seres vivos e o ambiente natural. Em outras palavras, cada pessoa estásustentada pela rede interdependente da vida. Quando tomamos consciência desseprincípio, podemos expandir o amor para nós mesmos para abarcar a outros num amor

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altruísta; somos capazes de cultivar o espírito de tolerância e empatia pelos outros.

A doutrina da origem interdependente serve de fundamento teórico para a paz. Em termosde ação concreta, revela-se como a prática da benevolência. No Budismo, a benevolênciaimplica manter constantemente uma conexão empática com os outros, compartilhar seusofrimento e infelicidade, e esforçar-se junto a eles para vencer aos impulsos enganososque constituem a raiz do sofrimento, com o fim de transformá-los em felicidade, benefícioe alegria.

São esses impulsos destrutivos os que conduzem ao ser humano a agir contra a lei daorigem dependente. A ignorância é a força negativa mais poderosa, precisamente, porqueimpede que as pessoas compreendam a realidade da origem dependente, a inevitável leique envolve e inclui a todos os seres humanos.

A ignorância é a origem da cobiça, que empurra às pessoas a satisfazer seus desejos,ainda que ao custo do sofrimento dos outros. Também leva à fúria descontrolada, atravésda qual tenta-se aniquilar uma situação na qual os desejos egoístas frustram-se. É por essarazão que os impulsos negativos surgidos da ignorância são sinônimo de umegocentrismo fundamental. Trata-se de um egocentrismo cego e, a longo prazo, auto-destrutivo, porque lesiona severamente a trama da vida que sustenta nossa existência.

O estado espiritual de quem luta constantemente para transcender esse egoísmo básico éde paz interna e tranqüilidade. O coração dessa pessoa acende-se com a sabedoria daorigem dependente e transborda de espírito benevolente.

As cinco impurezas

A principal contribuição à paz que brinda o Budismo radica na luta contra os impulsosdistorcidos e ilusórios que, enraizados nas profundezas da vida de cada indivíduo, causamenorme sofrimento e destruição ao conjunto da sociedade. No Sutra de Lótus deSakyamuni, os efeitos destrutivos desses impulsos descrevem-se como impurezas e são

classificados em cinco categorias, desde a mais íntima e pessoal, até a que corrompe todauma época. Estas são as impurezas do desejo, do pensamento, das pessoas, da vida e daépoca.

Tien-tai, filósofo budista da China do século VI, referiu-se às cinco impurezas da seguintemaneira: as mais cruciais das cinco impurezas são as do pensamento e do desejo, quelevam implacavelmente às impurezas das pessoas e da vida. Estas, por sua vez, geram asimpurezas da época.

A categoria das impurezas do desejo define os impulsos enganosos como os três venenos.As impurezas do pensamento refere-se a um apego excessivo e irracional a idéias

específicas ou ideológicas. De acordo com Tien-tai, as impurezas do pensamento e dodesejo são fundamentais pelo impacto que geram no indivíduo; são as que precipitam ocaos e a desintegração da família, das nações e dos estados. De geração em geração,provocam a degradação da vida, instilando ódios históricos e violência entre os diferentespovos, grupos étnicos e países. Essas forças, finalmente, estendem sua influência paratoda a civilização de uma época, o que produz, como resultado, as impurezas da época.

A civilização moderna manifesta, cada vez mais, aspectos daquilo que o Budismodenomina impurezas da época. Os sinais mais claros são o materialismo crescente, o afãde domínio desmesurado, a exploração irracional da natureza, e o consumo desaforado.

Desde o fim da guerra fria, tem estourado conflitos causados pela adesão desmedida às

ideologias (impurezas do pensamento). Porém, a raiz de tais conflitos encontra-se naspaixões irracionais que o Budismo classifica como impurezas do desejo; de acordo comsua perspectiva, estas estão ainda mais profundamente ancoradas na vida das pessoas e,portanto, são mais difíceis de controlar.

Num mundo onde os impulsos enganosos manifestam-se na forma dos cinco venenos

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descritos anteriormente, os praticantes budistas, creio, têm a missão de contribuir àconquista da paz em todos os aspectos. Em outras palavras, não deveríamos nos dar por satisfeitos com nossa própria paz interior, e sim teríamos que ampliar nosso horizonte enosso esforço para conseguir a abolição da guerra - estabelecer a paz para toda acomunidade humana -, para alcançar um verdadeiro desenvolvimento sustentável econcretizar a coexistência harmoniosa com o ambiente natural.

O caminho do Bodhisattva no mundo moderno

Gostaria agora de analisar como a prática do Bodhisattva e da ação benevolente,baseadas numa compreensão budista da vida, podem contribuir à conquista da paznessas três dimensões: a interior, a social e com o ecossistema.

Em primeiro lugar, considerarei a dimensão da paz interior ou serenidade do espírito e damente. Segundo o Budismo, um bodhisattva é aquele que leva adiante ações altruístas ebusca contribuir com a sociedade manifestando cabalmente as qualidades da sabedoria eda benevolência. Um bodhisattva esforça-se primeiro por transformar sua própria vida; ocentro da sua luta é a realidade da existência e o esforço constante que realiza paraaliviar o sofrimento das pessoas. Dessa maneira, o bodhisattva põe seu empenho emgerar alegria para si e para os outros.

A prática do bodhisattva se expressa em termos contemporâneos como revoluçãohumana. O estado interior de quem luta para realizar a revolução humana é detranqüilidade espiritual; a condição de serenidade exposta pelo Budismo é uma condiçãodinâmica de benevolência e sabedoria.

A razão de ser da Soka Gakkai Internacional (SGI) é contribuir à prática da benevolênciaem meio das realidades da vida cotidiana, brindando um ambiente de cooperaçãoespiritual, sustentação e apoio. Dessa maneira, a SGI procura estabelecer a prática dobodhisattva no mundo contemporâneo.

Se bem a SGI desenvolve numerosas atividades, as mais importantes de todas são as

reuniões de diálogo que realizam-se em cada comunidade. Numa sociedade onde oegoísmo sem limites tem causado profundas feridas no coração do homem, onde ahumanidade está esquecendo-se da arte de conviver com a natureza, essas pequenasreuniões de pessoas de todas as idades, raças, interesses e entornos oferecem umambiente adequado para um intercâmbio rico e refrescante. Num mundo afligido peloabandono social, tais encontros fazem as vezes de oásis para as pessoas.

Definitivamente, os seres humanos são os únicos que podem agir pela realização dosgrandes objetivos do mundo: a paz e a prosperidade da sociedade. Como organização, aSGI tem se centrado nas pessoas e no movimento pela revolução humana mediante aprática do bodhisattva. Como praticantes budistas, esforçamo-nos por construir a paz

interior na vida cotidiana e, ao mesmo tempo, por contribuir à concretização da paz denosso planeta, capacitando a cada pessoa para que desenvolva ao máximo suas virtudesúnicas.

Em segundo lugar, em relação com a paz social ou a paz dentro da comunidade, asatividades culturais e educativas que realiza a SGI sustentam uma série de medidaspolíticas e econômicas que são propostas em diversos âmbitos e colaboram paraconseguir que se façam efetivas. Tais medidas incluem a abolição das armas nucleares ea redução da brecha econômica entre países ricos e pobres.

Além disso, o conjunto dos membros da SGI impulsiona a consecução de ideais comosegurança e desenvolvimento, relacionadas com as atividades das Nações Unidas. O

objetivo é despertar uma clara consciência de que o ser humano deve ser o centroprimordial em qualquer consideração sobre segurança e desenvolvimento.

Em relação com estes dois temas fundamentais, o Budismo expõe o princípio da nãoviolência e nos propõe a obter uma transformação fundamental em nossa maneira deviver.

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Especificamente, isso implica modificar um estilo de vida dominado pelo apego às possesmateriais e estabelecer outro centrado em valores espirituais e existenciais.

Ao mesmo tempo, também significa viver de maneira solidária e altruísta, e estar dispostos a realizar todos os esforços necessários para assegurar que os cidadãos dospaíses em vias de desenvolvimento possam satisfazer suas necessidades básicas.

Com respeito aos direitos humanos, o Budismo reconhece a existência de uma condição

de vida suprema – o estado de Buda - em todas as pessoas e ressalta que a totalidade dafamília humana, sem distinção, é capaz de manifestar sabedoria e benevolênciailimitadas. A contribuição ímpar do Budismo à resolução dos conflitos de raiz culturalrelaciona-se com o ensino da origem dependente e com a empatia e tolerância quesurgem dessa visão cósmica.

Como já se mencionou anteriormente, esse princípio estabelece que todas as coisas etodos os fenômenos são interdependentes; a totalidade do que existe manifesta oprincípio ordenador do cosmos; cada fenômeno, mediante seu jeito próprio e único. Jáque, tal como considera o Budismo, os impulsos enganosos são os que impedem que osseres humanos vejam a realidade, seria ótimo se cada tradição religiosa estabelecesse

sua própria luta contra os três venenos, e, ao mesmo tempo, cooperar com a consecuçãode metas específicas. Essa é a compreensão budista do pluralismo cultural e da tolerânciareligiosa.

Com respeito à terceira dimensão, a paz com o eco-sistema, o Budismo sempre acentuoua necessidade de uma coexistência criativa com a natureza. A benevolência deSakyamuni não se limitava ao gênero humano; abrangia a todo ser vivo. As basesfilosóficas para o desenvolvimento sustentável podem encontrar-se nesse tipo desimbioses com o resto do mundo natural. Uma visão filosófica assim, respalda um modode vida que está em verdadeira harmonia com o eco-sistema.

Para resolver os desafios globais que afronta a humanidade, as medidas políticas,

econômicas e científicas devem ir de mãos dadas com a reforma da condição humana.Temos que estabelecer um estilo de vida que garanta a conservação da energia, apossibilidade de reciclar os recursos e a consecução de valores espirituais.

Teríamos que cultivar, como nosso objetivo supremo, uma consciência compartilhadaacerca de nossa condição humana comum e uma profunda solidariedade com oorganismo vivo que é a Terra. Enquanto avançamos para essa consciência, devemosdesenvolver adequadamente nossa sabedoria para orientar as vertiginosas áreas daengenharia genética e das outras ciências humanas para fins benéficos. Nesse sentido,creio que as perspectivas religiosas e éticas podem e devem fazer uma importantecontribuição.

Tenho a convicção de que um enfoque budista da paz possui uma importante basecomum com outras tradições. Espero, sinceramente, que os círculos de amizade e decompreensão, baseados no diálogo, o intercâmbio e a cooperação, continuem a expandir-se sem cessar.

Obs. este site é pessoal, não oficial e seu conteúdo é meramente cultural/educacional semfinalidade lucrativa.

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