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EMATER-DF

Governo do Distrito Federal

Joaquim Domingos RorizGovernador

Secretaria de Estado deAgricultura,Pecuária eAbastecimento

Aguinaldo LélisSecretário

Empresa de Assistência Técnicae Extensão Rural do Distrito FederalEMATER-DF

Wilmar Luis da SilvaPresidente

Mardoqueu Gomes de CarvalhoDiretor Executivo

Missão da EMATER

“Disseminar conhecimentos e formar produtores, trabalhadores rurais, suasfamílias e organizações, nos aspectos tecnológicos e gerenciais do sistemaprodutivo agrícola, visando a geração de emprego, renda e o desenvolvimento

rural sustentável.”

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Leite Orgânico

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EMATER-DF

EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURALDO DISTRITO FEDERAL

VINCULADA À SECRETARIA DE ESTADO DEAGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DO DF

1ª EdiçãoBRASÍLIA, DF

2004

LUIZ CARLOS BRITTO FERREIRAMédico Veterinário - Coordenador

Mar

cio

Leite

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Leite Orgânico

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:EMATER-DFEndereço: Parque Estação Biológica - Ed. EMATER-DFCEP 70.770-320 - Brasília-DFTel.: (61) 340-3030Fax.: (61) 340-3008Home page: www.emater.df.gov.brE-mail (sac): [email protected]

Presidente:Membros:

Supervisão editorial:Colaboração:

Elaboração da ficha catalográfica:Projeto Gráfico:

Editoração/capa/ilustrações:

Proíbida a reprodução total ou parcial sem a expressa autorização(Lei nº 9.610)

Comitê de Publicações

Mardoqueu Gomes de CarvalhoRoberto Bemfica RubinMarilzete Oliveira de Almeida GuimarãesRicardo Ferreira BarretoFrancisco Antônio Câncio de MatosMarcos Vinicius AnsaniMarilzete Oliveira de Almeida GuimarãesMaria Amália Dorsch FerreiraFrancisco Hercílio Costa MatosMárcia Cristina da Silva de CastroFrancisca Fonseca da SilvaThereza Rosa Borges HolandaMárcio Leite12tribos Corporation®www.12tribos.com - [email protected]

:

Ferreira, Luiz Carlos Britto F383 Leite orgânico / Luiz Carlos Britto. – Brasília : EMATER, 2004.

38 p. : il

ISSN 1676-9279

1. Agropecuária orgânica. 2. Leite orgânico. I.Título.

CDU 63 631.17

Ficha catalográfica

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EMATER-DF

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 05INTRODUÇÃO.......................................................................... 06CONCEITO............................................................................... 08LEITE ORGÂNICO ................................................................... 09COMO MUDAR ........................................................................ 10ESCOLHAS DOS ANIMAIS ..................................................... 11AMBIENTE ............................................................................... 15CONTROLE ZOOTÉCNICO ..................................................... 19MANEJO .................................................................................. 20ALIMENTAÇÃO ........................................................................ 22SANIDADE............................................................................... 25 Profilaxia ............................................................................... 25 Diarréia ................................................................................. 28 Mamite .................................................................................. 28 Verminose............................................................................. 28 Berne e carrapato ................................................................. 29 Feridas ................................................................................. 29 Retenção de placenta ........................................................... 30MERCADO............................................................................... 30CERTIFICAÇÃO....................................................................... 32CAMINHO PARA CERTIFICAÇÃO .......................................... 36REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 37MAIS INFORMAÇÕES ............................................................. 38

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Leite Orgânico

EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURALDO DISTRITO FEDERAL

VINCULADA A SECRETARIA DE ESTADO DEAGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DO DF

AUTORES

LUIZ CARLOS BRITTO FERREIRA

Coordenador - Médico Veterinário

CARLOS CÉSAR VIEIRA DA LUZ

Médico Veterinário

DANIELA BEATRIZ DE C. GOMES

Médica Veterinária

FLÁVIA DE CARVALHO LAGE

Médica Veterinária

JOE CARLO VIANA VALLE

Engenheiro Florestal

MANOEL LUCIANO BEZERRA FILHO

Médico Veterinário

RICARDO FERREIRA BARRETO

Médico Veterinário

ROBERTO GUIMARÃES CARNEIRO

Engenheiro Agrônomo

TIAGO CASTRO DE CASTRO JÚNIOR

Médico Veterinário

Primeira edição

Brasília – DF

2004

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EMATER-DF

A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária eAbastecimento e a EMATER-DF têm a satisfação em apresen-tar a “COLEÇÃO EMATER” de publicações técnicas.

Criada a partir de uma minuciosa seleção dos princi-pais trabalhos publicados pela EMATER-DF, desde sua funda-ção, reúne em seu conjunto uma série de temas da atividadeagropecuária, fruto da experiência científica aplicada por nos-sos técnicos na área rural do Distrito Federal.

Além da atualização e cuidadosa revisão técnica, oslivretos que compõem esta coleção receberão uma formataçãográfica padronizada e numeração seriada,o que permitirá a suacontinuidade e o colecionamento por nossos usuários.

Os nossos reconhecimentos às pessoas e institui-ções, cuja parceria ao longo dos anos possibilitou a confecçãodesta coleção.

APRESENTAÇÃO

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Leite Orgânico

INTRODUÇÃO

A base da agropecuária orgânica é inspirada na mais beladas criações de Deus ou no que os ateus chamam de “organizaçãoda natureza”.

Como será que as coisas se organizaram na natureza? Porque será que uma floresta é uma floresta, com sua diversidadebiológica e toda sua lógica? Mesmo que ainda esteja fora doalcance da compreensão. Por que não houve o predomínio de umasó planta, um só animal? Por que tantas espécies num ambientenatural? São perguntas difíceis de responder.

Os humanos querendo dominar a natureza, tentaram eliminartudo aquilo que não parecesse útil em primeira instância. Tem-setambém a tendência de separar as coisas, cada uma em seu lugar.Tudo que estiver misturado parece estar bagunçado. Assim, desdea segunda guerra mundial e principalmente com o advento dachamada revolução verde, fez-se tudo para deixar os campos demonocultura e os animais “limpos”, com o uso fácil de agrotóxicos,antibióticos e outras substâncias que, com um enorme poder defogo, matavam quase tudo que se desejava, aparentementeresolvendo todos os “problemas”.

A mudança iniciou-se com o aprisionamento (confinamento)dos animais e depois com a alteração de suas dietas, passandoestes a receber aditivos, hormônios e antibióticos, os chamadospromotores de crescimento. Fornecia-se também, no intuito deelevar a produtividade, farinhas de carne e ossos para herbívorose assim por diante.

Aquela lógica citada anteriormente mostrou que a coisa nãopoderia ser assim tão fácil. Os campos em algumas regiõestornaram-se estéreis. Bactérias resistentes e pragas surgiram auma velocidade avassaladora e peixes morreram em rios e lagos.Por fim, apareceu a “Doença da Vaca Louca” que está em suspensepara mostrar sua verdadeira cara e dizer realmente se veio paratransformar uma geração inteira de senhores dos maisdesenvolvidos países do mundo em seres sem capacidade de6

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locomoção e equilíbrio. É a chamada Creudsfeldt and JacobDisease (CJD) - Síndrome relativa à referida doença no ser humano,que acomete pessoas por volta dos 60 anos de idade.

Onde está o erro? Foi a pergunta feita pelo primeiro produtororgânico. A resposta é que, ao afastar-se da lógica da natureza,esta começou a cobrar seu preço, pela eliminação da diversidadebiológica, pelo abandono da integração e rotação de atividadesem favor da monocultura, pela troca de animais e plantas comrusticidade por seres não adaptados ao ambiente.

Com o sistema de produção orgânico, será dada a naturezaa chance de expressar todo o seu poder regenerativo. Ao produtorde alimentos dar-se-ão a dignidade e o respeito em todas asetapas de produção, respeitando as leis trabalhistas e livrando-odo manuseio de venenos e suas intoxicações mórbidas. Aomercado levar-se-ão a transparência e a visibilidade daquilo queé produzido e vendido. E ao consumidor...Saúde.

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Leite Orgânico

CONCEITO

A Agropecuária Orgânica é uma tendência mundial que vemcrescendo ao longo dos anos, abrindo novos mercados.

É freqüentemente entendida como a agropecuária que nãofaz uso de produtos químicos. No entanto, é necessáriocompreender que a agropecuária orgânica não é obtida somentepela troca de insumos químicos por insumos orgânicos. Para seter um sistema orgânico de produção é necessário trabalhar apropriedade como um todo, usando eficientemente os recursosnaturais, tirando proveito de seus processos biológicos, físicos equímicos, mantendo a biodiversidade, a proteção ao meio ambientee a justiça social.

O surgimento deste modelo de produção teve várias etapasde desenvolvimento desde o início do século XX. As diferentescorrentes de agropecuária orgânica, como é conhecida hoje, têmalgumas variações, mas buscam, na essência, o“agroecodesenvolvimento” com a questão econômica subordinadaà natureza e não o contrário. Há uma busca incessante da produçãosustentável de alimentos.

São regras gerais:• Não produzir elementos contaminantes a uma

velocidade superior à que a terra exige para assimilare absorvê-los;

• Não consumir os recursos não renováveis a umavelocidade superior a que se necessita para encontrarsubstitutos, e;

• Não utilizar os recursos renováveis a uma velocidadesuperior a requerida para sua renovação.

Adilson Paschoal (1994) conceitua a agropecuária orgânicacomo o método que visa o estabelecimento de sistemasagropecuários ecologicamente equilibrados e estáveis,economicamente viáveis em grande, média e pequena escala, deelevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais de8

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produção e socialmente bem estruturados, que resultem emalimentos saudáveis, livres de resíduos tóxicos, produzidos em totalharmonia com a natureza e com as reais necessidades dahumanidade.

A principal justificativa para a utilização deste modeloagrícola é a preservação do meio ambiente e seus recursosnaturais, não descuidando da saúde do ser humano.

LEITE ORGÂNICO

Nos sistemas de produção de leite convencionais praticadoshoje, utiliza-se grande quantidade de produtos contaminantes.Vacas são pulverizadas com inseticidas em intervalos de tempocada vez menores. Aplicam-se antibióticos e hormôniosindiscriminadamente, nem sempre respeitando o período decarência dos medicamentos e até utilizando nos animais produtosnão recomendados para rebanhos leiteiros.

O leite que é produzido dentro dos padrões higiênicos emvacas sadias e processado, transportado e armazenado demaneira correta, tem uma qualidade físico-química e biológica quelhe confere uma maior durabilidade. Além disto, se for produzidoorganicamente, terá a garantia de ser livre de resíduos deantibióticos, hormônios, inseticidas, produtos de limpeza, metaispesados e pesticidas em geral.

O Leite Orgânico é um produto certificado e acompanhadoda origem ao mercado, dando a este a credibilidade necessáriapara que o consumidor tenha a certeza de realmente estaradquirindo um leite saudável.

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Leite Orgânico

COMO MUDAR

A mudança, antes do sistema de produção, deve ser dohomem, pois é este que gera as idéias e as põe em prática. Se osujeito da ação não estiver realmente inteirado e comprometidocom o processo, o projeto não terá sucesso.

O maior desafio é a mudança do padrão estabelecido. Aprodutividade a qualquer preço deverá ser substituída pelaviabilidade econômica e ambiental.

Uma vaca que produz 50 litros de leite por dia é muitoprodutiva, mas será que é economicamente viável? Será que osistema para a criação deste animal é ambientalmente correto?

Deve-se dar maior importância ao processo do que aosinsumos. Por exemplo: fazer o plantio de milho em covas com cincosementes por cova é uma tecnologia diferente daquela de se plantaro milho de 20 em 20cm em linha. A produção será maior no segundocaso, e a quantidade de insumos será igual. Da mesma forma, ainseminação artificial só funcionará em uma propriedade se aobservação do cio for bem feita. O melhor botijão, com os melhoressemens, dos melhores touros, de nada adiantará sem a corretautilização da técnica de inseminação.

O primeiro passo para transformar uma propriedade comum sistema de produção de leite convencional em orgânico é oplanejamento. Como a conversão não se faz de um dia para o outro,os custos serão menores com a minimização dos erros. Deve-selevar em consideração que na fase de transição podem ocorrerproblemas, como o aumento dos custos e a diminuição da receitae o produtor deve estar ciente e preparado para isto.

Por outro lado, a perspectiva é de que, a médio prazo, aprodução orgânica tenha menores custos do que a convencional,devido à baixíssima utilização de insumos externos que sevislumbra.

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ESCOLHA DOS ANIMAIS

A diversidade de espécies existe porque no decorrer demilhares de anos os animais foram se adaptando ao meio, ou seja,foram selecionados naturalmente para conseguirem sobreviver,cada um em seu ambiente, nos vários ecossistemas existentes.

Os animais domésticos e de produção, desde que foram“adotados” pelo homem passaram, com a intervenção deste, aseguir uma linha evolutiva diferente. A sua genética, no decorrerde gerações, foi modificada por meio de cruzamentos dirigidos,buscando-se mais produção, facilidade de manejo e melhorconvivência com o homem.

Por outro lado, o ambiente foi adaptado para proteger osanimais das adversidades ambientais, criando-lhes abrigos econdições de alimentação e de manejo para que expressassemseu potencial genético.

Hoje um animal doméstico e de produção certamente nãosobreviveria na natureza sem a interferência do homem.

No Brasil existe uma grande variação de clima, solo, relevoe vegetação. Trataremos aqui especificamente do ecossistemacerrado, que abriga o maior rebanho bovino entre todos osecossistemas brasileiros e tem o maior potencial para produçãopecuária do país.

Na fauna silvestre do cerrado não encontramos animais degrande porte, sendo o veado o que mais se assemelha ao bovino.Os animais da fauna do cerrado são adaptados e têm as melhorescondições para viverem neste ecossistema.

O bovino é um animal exótico. Foi introduzido no Brasil naépoca do descobrimento e com certeza tem dificuldades para viver,se reproduzir e principalmente produzir no cerrado, a não ser quetenha condições adequadas para desenvolver todo seu potencial.

As raças especializadas para produção de leite,selecionadas ao longo de séculos, são de origem européia e foramdesenvolvidas para produzir num ambiente de clima frio.

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A temperatura de conforto térmico para estes animais estáentre 15 e 18º C e as temperaturas na região do cerrado atingemcom freqüência 30º C.

O animal sob estresse térmico tem todo seu metabolismomodificado, o que afeta a produção, a reprodução e a sanidade,podendo até levá-lo à morte.

Para adaptar o ambiente ao animal leiteiro de origemeuropéia que existe hoje, são necessários grandes investimentosna construção de instalações e equipamentos, bem como umaalimentação à base de concentrados, o que torna o custo deprodução bastante elevado, além de provocar grandesmodificações no meio ambiente.

O critério de escolha da raça ou cruzamento utilizado precisaser técnico e econômico. Deve-se tomar cuidado com propagandasenganosas e por paixões por esta ou aquela raça.

Os aspectos técnicos são aqueles relacionados com aprodução, reprodução e adaptação ao ambiente e ao sistema deprodução.

Os aspectos econômicos são o valor de aquisição, o valorde descarte e o valor de venda de genética. A especificidade dapropriedade, o poder de investimento e a expectativa de retornofinanceiro são determinantes na tomada de decisão.

Animais, para serem criados nos trópicos, devem suportaras altas temperaturas. Para isto, é importante que tenham algumascaracterísticas, tais como (foto 1):

• Os pêlos devem ser claros, curtos, lisos e suaves pararefletirem o calor. Com isso o animal se aquecemenos;

• A pele negra e fina reduz os efeitos da radiação solar,previne contra doenças de pele e favorece a perdade calor;

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• As glândulas sudoríparas devem ser numerosas evolumosas, sendo que o volume é o maiorresponsável pela troca de calor. Os zebuínos têmpraticamente a mesma quantidade de glândulas queos taurinos, mas em volume maior, o que lhe conferemaior capacidade de secreção.

• Os rebanhos com vacas de porte médio permitemuma maior taxa de lotação. Por este motivo produzemmais bezerros ao ano. Também é importante lembrarque um animal de médio porte caminha com maisfacilidade e tem menos problemas de aprumo e decasco.

• O úbere deve ser bem inserido e de volumeproporcional, evitando lesões que podemcomprometer o bom funcionamento da glândulamamária.

Foto 1 - Vaca Meio-sangue Holândes x Gir leiteiro

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orgânicos. A critério da certificadora, admite-se a aquisição deanimais em rebanhos convencionais desde que passem por umaquarentena. À medida que surjam animais orgânicos disponíveisno mercado, os critérios ficarão mais rigorosos.

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Os animais podem ser adquiridos de criatórios não

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AMBIENTE

As matas ciliares devem ser conservadas. Se não existirem,deverão ser reconstituídas, de preferência, com espécies nativas.Esta prática protege as nascentes e cursos d’água e é preconizadapor lei.

A arborização das pastagens é necessária para o bem estardos animais. Quando se tem plantas nativas que nascemespontaneamente, basta que não sejam roçadas. Faz-se apenasum serviço de jardinagem, selecionando o número e espécies deplantas desejáveis. Quando isso não for possível, deve-se introduzirsementes e mudas. (Fotos 2 e 3)

. O estabelecimento destas plantas não é tarefa fácil, poispoderão ser pastadas pelos animais. As pastagens não podemficar vedadas por períodos muito longos e uma das formas de evitar

Foto 2 - Pastagem sombreada

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que as mudas sejam consumidas pelos bovinos, é a proteção destaspor cercas ou plantas espinhosas, individualmente ou em faixas.

Os corredores de manejo da propriedade, quando arborizados nassuas laterais, formam os corredores forrageiros. Estes deverão ser formadospor vários estratos vegetativos. As árvores de grande porte servirão parasombreamento e quebra-vento e as de pequeno e médio portes para aalimentação dos animais. Podem ser utilizadas árvores frutíferas e plantasornamentais como fonte alternativa de renda.

Com estas práticas, vários benefícios poderão ser obtidos,como por exemplo, o aumento da biomassa que servirá como fontede alimentação para microorganismos, insetos e pássaros. Isto levaráa um aumento da fertilidade do solo, da resistência das plantas emanterá o equilíbrio ecológico (fotos 4 e 5).

Outro benefício advindo deste sistema com corredoresforrageiros e arborização das pastagens é a preservação da umidadee da estrutura físico-química do solo. Este manejo evita a erosão, alixiviação dos elementos químicos e minimiza os efeitos prejudiciaisdas longas estiagens (foto 6).

Através da Etologia, ciência que estuda os hábitos dos

Foto 3 - Pastagem sombreada

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animais e a sua relação com o ambiente, desenvolvem-setecnologias e instalações que proporcionam ao animal maiorconforto, bem como diminuição do estresse durante o manejo eainda permitem uma significativa redução do número de acidentes.Como exemplo, podem-se citar os troncos em zig-zag ou em curvae as gaiolas dos caminhões fechadas até acima da altura da visãodos animais.

As construções bem planejadas e em locais adequadosviabilizam o manejo correto, facilitam a drenagem, a limpeza, adesinfecção por irradiação solar e também permitem uma boaventilação.

Certas construções impedem que algumas categoriasanimais tenham acesso ao alimento, como por exemplo, os cochosaltos demais para os bezerros. Outra situação refere-se aocomprimento linear insuficiente dos cochos, gerando competiçãoentre animais da mesma categoria.

Foto 4 - Corredor antes de arborizar Foto 5 - Corredor depois de arborizado

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O piquete dos bezerros deve ficar em local mais alto e bemdrenado. É importante que fique distante e acima das áreas demanejo de animais adultos, uma vez que animais jovens são maissujeitos a verminoses e doenças respiratórias.

É necessário considerar a topografia da área antes de sedefinir o local dos corredores, o número e disposição de saleiros eaguadas. Se bem planejados, evitam a formação de erosões elamaçais que impedem o acesso dos animais aos mesmos.

A sala de ordenha deve ser funcional, para que a ordenhaseja feita em menor tempo possível, sem estresse ao animal e defácil higienização.

Toda construção deve ser pensada de forma que racionalizeos recursos, tanto financeiros, quanto humanos, sem perder de vistao bem estar dos animais.

Foto 6 - Manejo orgânico (esquerda) x convencional (direita)

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Tabela 1 - Controle Zootécnico

CONTROLE ZOOTÉCNICO

Para que se tome qualquer decisão sobre o manejo, éimprescindível a escrituração zootécnica, ainda mais que o processoorgânico deve ser totalmente rastreado. Rastreabilidade é a práticade se identificar o animal com o objetivo de acompanhar toda a suavida ou resgatar todo o seu passado.

A base é a identificação individual. Sem esta, é impossívelqualquer tipo de controle. Pode ser feita com brincos, tatuagens, marcaquente, colares, etc.

A coleta de dados deve ser simples e objetiva, anotando-seapenas o necessário, pois demanda tempo e gastos. Devem-seprocessar estes dados de maneira que sejam úteis, ou seja,transformar os dados em informações.

Para o controle não são necessários grandes investimentos.Se houver um computador, com um programa adequado, ótimo. Masbasta um caderno ou fichas para se fazer um bom trabalho.

A tabela1 indica o mínimo necessário de dados que devemser coletados.

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Dependendo do tipo e objetivos da exploração, devem-secoletar mais dados, tais como: peso da vaca ao parto, peso davaca na desmama, horário e quem efetuou a inseminação, lote oupartida do sêmen, mudanças de lotes, consumo de alimentos,mudanças no regime de alimentação, entre outros.

A partir destes dados geram-se informações de grandeimportância, tais como: intervalo entre partos, duração da lactação,produção total de leite numa lactação, curva de lactação, ganho depeso, data para a secagem das vacas, data de provável repetiçãode cio, data provável de parto, entre outras.

Com base nessas informações tomamos providênciascomo: secar a vaca 60 dias antes do parto, assistir as vacas nadata prevista do parto, adequar a alimentação dos animais segundoa produção ou o ganho de peso, escolher animais para o descarte,etc.

Nunca é demais lembrar que a atividade tem que ser viáveleconomicamente. Além da escrituração zootécnica, deve-se fazertambém a escrituração contábil, para que, a partir da análisefinanceira, se direcione e planeje a atividade com vistas asustentabilidade.

MANEJO

Felizes!É assim como os animais devem ser criados.Para compreender melhor, troca-se o termo felicidade por

“bem estar animal”, que significa proporcionar a estes, condiçõesótimas de funcionamento da sua fisiologia, objetivando o mínimode estresse (foto 7).

A etologia, já definida anteriormente, nos ensina que umanimal, por mais domesticado que seja, mantém uma memóriaantepassada, a qual chamamos de instinto e este deve serobservado sempre que possível.

O bovino gosta de viver em grupo, mas é necessário que

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tenha espaço suficiente para o indivíduo ter uma relação amistosacom os demais. Devem-se evitar grupos com número excessivode animais e dar aos grupos espaços proporcionais.

A rotina do ruminante deve ser respeitada. De maneira geral,este passa oito horas por dia pastando, oito horas ruminando eoito horas descansando.

Os animais de cria e recria devem ser separados em lotespor tamanho ou peso. Isto diminui a competição e evita que osmenores animais sejam prejudicados.

As novilhas ao primeiro parto devem ser manejadasseparadamente das vacas multíparas. Sua exigência nutricional émaior, pois, além de estarem em lactação, ainda estão emcrescimento.

A vaca leiteira é um animal dócil e deve ser tratado comcarinho, principalmente durante a ordenha e a inseminação artificial.

Foto 7 - Conforto animal

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ALIMENTAÇÃO

As pastagens constituem o melhor sistema paraalimentação de ruminantes por ser mais econômico e saudávelpara os animais. O modelo de produção vigente não tem garantidosua sustentabilidade, tornando-as cada vez mais degradadas e ocusto de recuperação é muito oneroso.

Para se dar sustentabilidade às pastagens já existemtecnologias disponíveis e de baixo custo.

O capim escolhido deve ser adaptado à região, ao clima, àpluviosidade, às características do solo e ter resistência a pragase doenças.

O pasto deve ser bem formado, ter várias plantas por metroquadrado, ou seja, não deixar espaços abertos entre as plantas.

As pastagens devem ser arborizadas. A sombra éimportante para “frear” seu crescimento nas águas e manter suaqualidade na seca (feno em pé).

O capim tem seu ciclo de vida que deve ser respeitado. Devedescansar para repor suas reservas, aprofundar suas raízes esementear para perpetuar a espécie. Isto se chamasustentabilidade e só se consegue com rotação de pastagens,adequação da lotação e vedas estratégicas (diferimento).

O manejo das pastagens é determinante no sucesso doempreendimento. Algumas regras básicas devem ser seguidas: oanimal não deve pastejar a rebrota, ou seja, o período de ocupaçãode um piquete é estabelecido pela brotação do capim após opastejo e o capim precisa de um período de descanso que respeiteseu crescimento fisiológico.

A produção de forragem deve ser compatível com aquantidade de animais. Pode-se calcular a quantidade de animaisque a propriedade comporta, de duas maneiras: adequando-se onúmero de animais pela capacidade de suporte da pastagem noperíodo das águas, suplementando-os na seca; ou adequar onúmero de animais pela capacidade de suporte na seca,22

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Foto 8 - Consórcio de Braquiária e Guandu

armazenando a sobra das águas. Das duas maneiras aumenta-sea capacidade total de suporte da propriedade.

Uma alternativa econômica seria, através da criação de umambiente propício, frear o crescimento do capim no período chuvosoe com o manejo adequado reservar capim em qualidade equantidade para o período seco. É importante lembrar que a lotaçãototal da propriedade diminuirá.

Um maior número de divisões aumenta a capacidade desuporte das pastagens. As divisões devem respeitar um critériotécnico, levando-se em conta principalmente a espécie do capime o número de categorias animais.

Dependendo do nível de produção desejada, só a pastagemnão será suficiente para o atendimento das exigências nutricionaisdos animais. Para atender estas necessidades, dispõem-se dealgumas tecnologias, tais como: consorciamento de gramíneas comleguminosas, corredores forrageiros, banco de proteína, capineiras,canaviais, silagem, feno, entre outras.

O consorciamento com leguminosas serve para disponibilizar

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nitrogênio para o capim e também como fonte de proteína para osanimais (foto 8) . As leguminosas mais utilizadas são: Estilosantes(Stylosanthes spp); Leucena (Leucaena leucochephala, L. diversifóliae híbrida); Amendoim Forrageiro (Arachis spp); Feijão Guandu (Cajanuscajan); Calopogônio (Calopogonio muconoides).

Os corredores forrageiros podem ser formados por umainfinidade de espécies, lembrando-se que devem ser compostos portrês estratos. Seguem-se algumas espécies mais utilizadas: todas asleguminosas citadas para consorciamento; Cratílea (Cralilea argentea);Flor do Mel (Tithonia diversifolia); Gliricídia (Gliricidia sepium); Pau Ferro(Cesolpinea leyostoquia); Nim (Azadirachta indica); Pequi (Cariocarbrasiliense); Jatobá do Cerrado (Hymenaea stigonocarpa); Jatobá daMata (Hymenaea stildocarpa); Baru (Dypterix alamata); Gueroba(Syagrus flexuosa); Cinamomo (Melia azedarach); Citrus e outrasfrutíferas.

O Banco de Proteína ser-ve como reserva de proteínapara o período seco. Deve-sedestinar a este, vinte por centoda área de pastagens e dividí-lo em quantidade de piquetesiguais ao número de meses doperíodo seco. Algumas espé-cies usadas são: Leucena(Leucaena leucochephala,L.diversifolia e híbrida); Guandu(Cajanus cajan); Mineirão(Stylosanthes guianensis)(foto 9).

As capineiras, canavi-ais, silagens, fenos são de usocomum na produção de leitee podem ser usadas nos sis-temas orgânicos.

O ideal é que todo o Foto 9 - Banco de proteína - Leucena

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alimento fornecido ao animal seja produzido na propriedade, masse isto não for possível, pode-se adquirí-lo externamente.

Este alimento sendo de origem orgânica não há limitaçãode quantidade, mas sendo a fonte convencional, tem-se algumasregras: para monogástricos (bezerros em lactação ou pré-ruminantes) pode-se chegar a vinte por cento da matéria seca totale para ruminantes este valor é de quinze por cento. Estes valoressão calculados pela média anual (controle de estoque).

O percentual dos alimentos não orgânicos, a critério dascertificadoras, será diminuído gradativamente à medida que houverdisponibilidade de alimentos orgânicos no mercado.

É sempre bom lembrar que a dieta do animal deve serequilibrada, de maneira que atenda as exigências nutricionais. Paraisso, deve-se conhecer o valor nutritivo dos alimentos e balancearcorretamente a ração. Inclui-se no balanceamento os minerais quesão imprescindíveis para os processos vitais do organismo animal.

SANIDADE

Profilaxia!Prevenir é melhor que remediar, diz a sabedoria popular.É bastante interessante a questão desta sabedoria na

prevenção e tratamento das doenças. Vale lembrar que, antes dasgrandes indústrias farmacêuticas existirem, antes da descoberta dosmedicamentos sintéticos, usava-se a medicina natural.

Muito se perdeu no decorrer de décadas. Atualmente prevalece,em alguns casos, um preconceito sobre este tipo de terapia. A verdadeé que existem bons tratamentos alternativos, simples e baratos, noentanto esquecidos e que, com certeza, seriam uma solução paravários problemas existentes.

Convencionalmente, vários problemas de saúde do rebanhosão resolvidos com o uso intensivo de venenos, quase sempre a preços

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incompatíveis com a rentabilidade da atividade. Também não se podeincorrer no erro de criar mitos e procedimentos empíricos. Deve-seter o maior rigor científico para pesquisar e validar a medicina natural.

A tônica, quando se pensa em pecuária orgânica, é tratar odoente e não a doença. Uma das ferramentas utilizadas é ahomeopatia, uma ciência que, se bem utilizada, é bastante eficiente.

A doença não existe por si só. Para que ela ocorra, é necessárioque exista uma interação entre três fatores: agente causal, hospedeiro(animal) e ambiente. É bom lembrar que o homem influencia o ambientee a relação do animal com o mesmo, interferindo diretamente nanutrição e sanidade do animal.

Para se ter um animal sadio é preciso que este seja bemalimentado, vacinado contra as principais doenças contagiosas(Tabela 2) e viva em um ambiente limpo e confortável.

. Raiva, tétano, botulismo, carbúnculo, IBR, leptospirose entre outras doen-ças devem seguir orientação do Médico Veterinário ou Serviço de DefesaSanitária Animal.

. Realizar exames de brucelose e teste de tuberculose conforme o ProgramaNacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose – Ministériode Agricultura Pecuária e Abastecimento.

O bezerro ao nascer deve mamar o colostro nas primeirasquatro horas após o parto. Isso lhe transfere a defesa necessáriapara enfrentar as primeiras agressões do ambiente.

Tabela 2 - Controle profilático

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Cortar e desinfetar o umbigo com álcool iodado, evita queeste sirva de porta de entrada para as infecções que podem causar:diarréias, pneumonias, artrites, onfaloflebites (umbigo inchado),miíases (bicheira), septicemia (bactérias no sangue) e morte doanimal.

O animal deve ser ordenhado limpo e sadio. Para se tercerteza da saúde da glândula mamária, faz-se o controle da mastite,diariamente, com o teste da caneca telada ou de fundo preto. Deveser feito também o “Califórnia Mastit Test (CMT)”, em intervalosvariáveis, conforme as condições específicas de cadapropriedade.

O bezerro ao pé da vaca ajuda muito a prevenir a mamite,pois mama todo o leite residual. No entanto, esta prática torna aordenha menos higiênica e mais demorada.

No ato da ordenha, todos os procedimentos de higienedevem ser rigorosamente seguidos. No caso da ordenha manual,deve-se, principalmente, tomar cuidado com a higiene pessoal doordenhador. Em se tratando da ordenha mecânica, este cuidado écom a limpeza e conservação dos equipamentos.

No controle de verminoses, o correto é fazer o exame defezes e intervir, se necessário, de forma estratégica, usando-setratamentos fitoterápicos e homeopáticos. A rotação de pastagenscontribui para reduzir a infestação dos animais.

O controle de carrapatos é feito selecionando-se animaisresistentes, utilizando-se o sistema de pastejo rotacionado eusando-se tratamentos fitoterápicos e homeopáticos.

Caso o animal seja acometido de enfermidade que causeperigo de morte ou perda de algum órgão de produção (útero ouglândula mamária, por exemplo), é permitido o uso de drogasalopáticas (terapia convencional), mas deve-se triplicar o períodode carência. O ideal é que sejam usados tratamentos alternativos,tais como homeopatia e fitoterapia.

A seguir, algumas receitas práticas. É importante salientarque são poucas as pesquisas nesta área e estes tratamentosalternativos carecem de comprovação cientifica:

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Diarréia:

• Carvão vegetal: 50 gramas de carvão moído + 50 gramas decinzas por litro de água morna. Esperar esfriar e fornecer 300ml, três vezes ao dia, via oral, até o desaparecimento dossintomas.

• Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), goiabeira (Psidiumguajava) e/ou pitangueira (Stenocalyx pitanga): ferver um copotipo americano (200 ml) das folhas jovens em um litro de águae deixar descansar. Coar e fornecer em garrafadas mornas,meio litro, uma a duas vezes ao dia, enquanto persistirem ossintomas.

• Água de arroz (Oriza sativa): cozinhar 100 gramas de arroz emum litro de água e fornecer ao animal, via oral, a água docozimento, uma vez ao dia, enquanto persistirem os sintomas.

• Bananeira (Musa spp): extrair o caldo do caule e fornecer aosanimais acometidos, enquanto persistirem os sintomas. Temefeito antibiótico e não é tóxico.

Mamite

• Babosa (Aloe Vera): 50 gramas de babosa fresca picada eadicionada à ração, em cada refeição, por animal, durante dezdias consecutivos.

• Camomila (Matricaria chamomilla): Colocar um copo tipoamericano (200ml) de folhas e flores de camomila em um litrode água fervente e deixar descansar. Lavar a parte externa doúbere duas vezes por dia com o chá morno.

Verminose

• Abóbora (Curcubita moschata): a semente deve ser moídagrosseiramente e adicionada à ração do rebanho, durante 14dias consecutivos.

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Berne e Carrapato:

• Soro de leite + cinzas:20 litros de soro de leite1 kg de cinzasMisturar os dois e deixar fermentar por 30 a 40dias. Diluir um litro da solução para cada 10 litrosde água e pulverizar os animais.

• Extrato de nim: colocar de molho 250 gramas de folhaspreviamente secadas à sombra, em 20 litros de água, durante24 horas. Após esse período, coar a solução e pulverizar bemos animais. Utilizar em torno de 4 litros por animal adulto,banhando bem as partes mais afetadas.

• Fumo + cal virgem:5 kg de fumo de corda picado50 gramas de cal virgem20 litros de água

Aquecer o fumo e a água misturados e deixar descansarpor 24 horas. Após este período manter a calda coada earmazenada em recipiente fechado e ao abrigo da luz. Utilizarum litro desta calda - base para 20 litros de água, adicionandoa esta solução 250 gramas de cal virgem. Pulverizar bem osanimais.

Feridas:

• Barbatimão (Stryphnodendron barbatiman): Ferver umpunhado da casca em água. Lavar a lesão até total cicatrização.

• Arnica do cerrado: (Lychnophora pinaster): colocar um copotipo americano (200 ml) de folhas frescas em um litro de águafervente. Deixar esfriar e aplicar na ferida até total cicatrização.

• Arnica brasileira (Solidago microglossa): utilizar da mesmaforma que a arnica do cerrado.

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Retenção de Placenta

• Palha de feijão: colocar 200 gramas de cinza de palha defeijão (dois punhados), em dois litros de água, misturandobem. Fornecer, via oral, em dose única, à vaca com problema.

MERCADO

O mercado de produtos orgânicos cresce em todo mundo,apontando oportunidades excelentes para a pecuária eprincipalmente aos produtores de leite e laticínios. Todas asinformações sobre este mercado no mundo demonstram elevadoaumento de demanda devido à busca dos consumidores poralimentos seguros.

São poucos os produtores orgânicos de leite certificadosno Brasil. A produção no ano 2000 era de 15.000 litros por dia, oque indica uma grande chance de negócio aos que se decidirementrar neste seguimento. No caso do leite orgânico, o preço pagoao produtor chega a ser até quatro vezes maior do que o do leiteconvencional.

Alguns objetivos devem ser perseguidos constantemente ea verticalização, ou seja, o processamento dos produtos, juntamentecom algumas técnicas de comercialização encurtarão o caminhoentre o produtor e o consumidor.

Tradicionalmente, tem sido mais utilizadas as vendas emfeiras livres, padarias, bares, lanchonetes, sorveterias, mercearias,sacolões, pequenos supermercados, lojas próprias, sistema colhae pague no turismo rural e as entregas a domicílio. Estes tipos decomercialização são mais seguros e lucrativos, apesar de maistrabalhosos. Para montar tais sistemas o produtor precisará disporde tempo e ainda de recursos financeiros, materiais e humanos.

Os grandes supermercados são hoje uma nova forma de

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comercialização. Apesar de ser uma possibilidade de escoamentobastante atraente só deverá ser buscada quando o nível deorganização dos produtores estiver bastante desenvolvido.

À medida que a produção aumenta, naturalmente asrelações de mercado tendem a repetir o que ocorre com o leiteconvencional, onde a distribuição de renda na cadeia produtiva édesfavorável ao produtor. Assim, para minimizar esses efeitos, seráimprescindível atuar de forma organizada, coletiva e empresarial.

Para comercializar bem os produtos lácteos orgânicosdevem-se ter produtos de qualidade, fazer pesquisa de mercado eestudar o perfil do consumidor e seu comportamento.

A propaganda e marketing deverão ser incrementados paraproporcionar a conscientização dos consumidores, deixando claroas vantagens de se consumir o produto orgânico. Eles precisarãoreceber “algo mais” do que um alimento seguro, como: atendimentopersonalizado; oportunidade de visitarem a propriedade e aindústria; facilidade de acesso ao produto; preços acessíveis;diversidade; praticidade e comodidade.

Todas as pesquisas encontradas comprovam que os níveisde escolaridade e de renda do consumidor de alimentos orgânicossão elevados, estando o mesmo disposto a pagar um preço maisalto pela qualidade e segurança dos produtos.

É sempre bom lenbrar que quando o consumidor paga umpreço mais alto por um produto orgânico, além de estar levandopara casa um alimento saudável e seguro, está colaborando parapreservação do meio ambiente, está evitando os custos sociaisdo êxodo rural e também está proporcionando dignidade para ohomem do campo.

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CERTIFICAÇÃO

Com o crescimento do mercado e a entrada dos produtosorgânicos nas prateleiras dos supermercados, o produtor perdeuo contado direto com o consumidor. Deste distanciamento surgiua necessidade de algum tipo de garantia que ateste a qualidadedo produto, que “certifique” que ele é realmente um produto orgânicoe que segue as “regras” da produção orgânica. Foi assim quesurgiram as Normas de Produção Orgânica e o Processo deCertificação de Produtos Orgânicos. Esta iniciativa nasceu naEuropa e espalhou-se por vários outros países. No Brasil, apesarde algumas certificadoras já atuarem, a regulamentação daprodução orgânica só veio através da Instrução Normativa n° 07do Ministério da Agricultura, assinada em 17 de maio de 1999.

As normas reúnem as regras básicas de produção orgânicana área vegetal e animal. Elas estão resumidas nos quadros aseguir.

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Tabela 5 - Produção animal

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CAMINHO PARA A CERTIFICAÇÃO

Proposta de filiação: feita pelo próprio produtor. Deve-se procuraruma certificadora credenciada. Propostas apresentadas viaassociação e em certificadoras da mesma região diminuirão os custoscom diárias de inspeção.Elaboração do plano de manejo: a partir das normas dacertificadora, o produtor, com auxílio de consultores, elaborará umplano de manejo, que é um relatório da situação atual da propriedade,das mudanças que serão efetuadas e como ficará após a conversão.Vistoria: feita por um técnico da certificadora para inspeção eelaboração do cadastro com dados do produtor, da propriedade etudo que se relaciona com ela e com seu processo produtivo.Análise do cadastro e 1ª inspeção: a partir da análise do relatóriode vistoria, a comissão técnica da certificadora poderá dizer se apropriedade pode ser certificada ou passará por um período deconversão. A certificadora vai dar o parecer final ao plano de manejoe a partir deste e do histórico da propriedade determinará o períodode conversão.Aprovação e credenciamento: a propriedade passa a ter o statusde propriedade em conversão e decorrido este período, a mesmareceberá um selo de qualidade e poderá comercializar todos osprodutos nela produzidos como orgânicos. Em casos especiais aceita-se a certificação de parte da propriedade por um período pré-determinado até a certificação de toda a propriedade.Inspeções: a propriedade continuará a receber vistorias. Aperiodicidade das visitas dependerá das características da produçãoe do produto. Também serão colhidas amostras, em qualquer fase doprocesso de produção, armazenagem e comercialização, paraanálises de contaminantes.Custos: taxa de matrícula, visitas de vistoria (diária e deslocamentodo técnico), análises requeridas pela inspeção, relatórios e de 0,5%a 2% da receita advinda da venda de produtos com o selo dacertificadora.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, B.G., MACHADO, J.T.L. Manejão: pecuária sustentável. In:Encontro nacional do boi verde, 1., 1999. Uberlândia, MG. Anais.Uberlândia.

CARVALHO, M.M., CASTRO, C.R.T. Sistemas silvipastoris. Juiz de Fora:EMBRAPA Gado de Leite, 2001. 24p il.

DAROLT, M.R. Guia do produtor orgânico: como produzir em harmoniacom a natureza. Londrina: IAPAR, 2002. 42p. il.

FERNANDES, E.N., BRESSAN, M., VILELA, D. Produção orgânica deleite no Brasil. Juiz de Fora: EMBRAPA Gado de Leite, 2001. 112p.

FORTES, G. O boi exige bem estar para produzir mais. Revista DBO, SãoPaulo, nº 262 p.138, 2002.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (Brasília,DF). Instrução normativa n° 7. Brasília, 1999.

PASCHOAL, A.D. Produção orgânica de alimentos: agriculturasustentável para os séculos XX e XXI. São Paulo: Ed. São Paulo, 1994.179p.

PENTEADO, S.R. Produção animal orgânica. apostila.

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MAIS INFORMAÇÕES (ONDE BUSCAR)

http://www.planetaorganico.com.brhttp://www.ibd.com.brhttp://www.cnpgl.embrapa.brhttp://www.agricultura.gov.brhttp://www.aao.org.brhttp://geosites/neagro2002http://elo.org.brhttp://planetanatural.com.brhttp://enzilimp.com.brhttp://www.agrorganica.com.brhttp://www.emater.df.gov.br

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