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GUERRACOLONIAL PORTUGUESA
Ana Rita Cruz, Nº 3 12ºJ
História 2011/2012
Contexto InternacionalNo final da II Guerra Mundial (1939-1945), com a criação da ONU, o domínio colonial das
potências europeias começou a ser fortemente contestado. Formou-se, então, um vasto
movimento político e ideológico que tinha em vista a independência daqueles territórios
(sendo que, na maioria das independências, prevaleceu o uso da força) e que era apoiado:
- pelas Nações Unidas (que defendiam igualdade da Humanidade, a autodeterminação
dos povos e a sua liberdade);
- pelos Estados Unidos (que tinham interesses económicos nessas regiões);
- pela União Soviética (que pretendia expandir o comunismo nesses países).
O último país colonial a ser afectado pelas duas vagas descolonizadoras (iniciaram-se na
Ásia, estenderam-se até ao Norte de África e prolongaram-se pela África negra) que se
seguiram foi Portugal (que se inseriu na 2ª vaga de descolonizações).
Contexto InternacionalA Segunda Vaga (1960-80) tornou
autónomos 18 países, sendo 17 africanos.
Contou com o apoio da ONU que, em 1960,
aprovou a Resolução 1514, consagrando o
direito dos povos à autodeterminação e
reforçando a necessidade de descolonização
(que não havia sido completada na 1ª vaga):
‘’A sujeição dos povos a uma subjugação,
(…) a uma exploração estrangeira constitui
uma negação dos direitos fundamentais do
Homem, contrárias à carta das Nações
Unidas’’
Contexto InternacionalPortugal foi pressionado pela ONU para libertar as suas colónias, mas Salazar não cedeu,
(embora o país tenha chegado a ser excluído de alguns organismos das Nações Unidas):
Portugal estende-se ‘’do Minho a Timor’’.
Portugal não é um Império, nem tem
colónias, mas sim um ‘’país multirracial’’, com
‘’províncias ultramarinas’’. ‘’A Pátria não se
discute’’.
À pressão internacional, Salazar
responde que ficaremos ‘’orgulhosamente sós’’.
‘’Sim, os tempos vão ser muito duros. Mas o Sr. D.
João IV lutou 28 anos (…)para salvar a
independência nacional, e também se ocupou do
ultramar.’’
‘’Este país deve saber resistir’’
Contexto InternoSalazar, de pulso firme, não cede às pressões internacionais. Por pressão dos países do
Terceiro Mundo, o debate sobre as colónias portuguesas abriu-se à Assembleia-Geral da
ONU que acabou por concluir que, ao contrário do que o Governo português e Salazar
tentavam transmitir, os territórios de Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, entre
outros, eram, de facto, colónias.
Este foi uma das primeiras derrotas portuguesas no âmbito internacional que
acabariam por isolar cada vez mais o país.
Às complicações exteriores juntam-se rebeliões nas colónias, organizadas por
grupos nacionalistas que acabam por iniciar o conflito, em 1961 – ano em que
se abre um novo capítulo na História do Império Colonial Português.
Contexto InternoA Rebelião nas Colónias
1961
4 de FevereiroMilitantes do MPLA (Movimento
Popular para a Libertação de Angola) tentam tomar de assalto esquadras da polícia em Luanda. São repelidos após violentos combates em vários pontos
da cidade.
15 de MarçoA UPA (União das Populações de
Angola), mais tarde chamada FNLA (Frente Nacional de Libertação de
Angola) lança vários ataques mortíferos em zonas isoladas do norte
da colónia, numa tentativa de erradicação da população branca.
AngolaInício do conflito na colónia de
Contexto InternoA Rebelião nas Colónias
1963Início do conflito na colónia de
Em campo encontra-se uma única organização política - o PAIGC (Partido Africano
para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde). Esta não encontra rivais no
terreno desde o início do conflito em 1963, beneficia de apoios logísticos eficazes
nos países vizinhos, é apoiada pelos governos dos países do Terceiro Mundo com
representação e influência na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Guiné-Bissau
Contexto InternoA Rebelião nas Colónias
1964
O conflito é iniciado pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que
tem de lidar, no entanto, com algumas desvantagens em relação às forças
portuguesas, de que são exemplo outras forças, menos estruturadas, no terreno, e
as dissidências de carácter étnico no seu interior, que a enfraquecem.
MoçambiqueInício do conflito na colónia de
Contexto InternoAs Resoluções do Governo Português
Com a determinação que o caracterizava, o
Presidente do Conselho tomou resoluções
imediatas face às rebeliões coloniais, enviando
"imediatamente e em força" tropas para
Angola, em 1961.
A intenção do Governo Português foi sempre a
de privilegiar a defesa do império, mesmo à
custa da vida dos militares, rejeitando toda e
qualquer negociação.
A GuerraA Guerra Colonial Portuguesa durou até 1974, terminando apenas aquando da
Revolução do 25 de Abril, que pôs termo aos Estado Novo e à ditadura.
Caracterizou-se por ser um conflito violento e desgastante para Portugal e para as
colónias ultramarinas, tendo sido efectivada em três frentes:
A GuerraO RecrutamentoDevido às necessidades de homens para o
combate, iniciou-se um processo de
recrutamento que começava logo após o
final da instrução da especialidade de cada
jovem do sexo masculino. Eram chamados a
cumprir a sua formação militar e, se
considerados aptos, recebiam exercícios de
instrução (IAO, a instrução de
aperfeiçoamento operacional ) com
conselhos de sobrevivência em África.
Recebiam ainda vacinas.
A GuerraAs Dificuldades Portuguesas
Durante uma guerra de treze anos, as forças portuguesas depararam-se com inúmeras
dificuldades de variadas ordens:
- Impreparação das Forças Armadas (técnica e operacionalmente) para fazer face à
guerra e a falta de enquadramento legislativo e meios institucionalizados de apoio a
militares em situação de guerra (não se previam situações decorrentes da guerra como a
morte, a incapacidade, a trasladação de corpos, a captura, etc.);
- Condições climatéricas adversas , uma vez que os soldados não estavam habituados ao
clima africano, o que depauperava as tropas, acelerava o desgaste do material e
tornavam difícil a conservação dos mantimentos;
- Violência da guerra que aumentava as dificuldades de todas as acções de apoio aos
combatentes;
A GuerraAs Dificuldades Portuguesas
- Deficientes vias terrestres (nomeadamente na Guiné) que dificultavam a
mobilidade das tropas portuguesas;
- Entre outras.
A GuerraA Sociedade e a Guerra
Os Incentivos e Propaganda
Os dois inimigos utilizaram a acção psicológica para
obter o apoio da população, desmoralizar o inimigo e
reforçar a moral das tropas. Utilizaram-na como arma
conduzindo-a através da propaganda feita de acordo com
as seguintes finalidades:
- Inculcar na opinião pública determinadas ideias;
- Neutralizar a propaganda adversa;
- Fornecer bases para alicerçar opiniões.
Os movimentos de libertação, em particular, apelavam
aos ideais de paz e justiça, dirigindo a sua acção a grupos-
alvo seleccionados: trabalhadores, estudantes, militares,
etc.
A GuerraO Fim da Guerra: as consequências
A Guerra Colonial Portuguesa foi interrompida em 1974 pela revolução democrática
que se deu a 25 de Abril (já Salazar havia sido substituído por Marcelo Caetano, em
1968). Com o final do conflito, foi possível contabilizar as inúmeras consequências
negativas que acarretara para Portugal (e também para as colónias que, no final da
guerra, se tornaram autónomas, dando-se o fim do Império Colonial Português):
- As três frentes de guerra significaram um investimento elevadíssimo para as
finanças do estatais portuguesas;
- As Forças Armadas ficaram desmoralizadas;
- Com a perda das colónias, Portugal ficou com menos mão-de-obra para a produção
nacional;
- O país ficou totalmente isolado na arena diplomática mundial (especialmente na
ONU);
A GuerraO Fim da Guerra: as consequências
-As consequências humanas foram trágicas:
Foram mobilizados mais de um
milhão de homens;
Cerca de nove mil morreram e trinta
mil ficaram feridos;
Inúmeros ex-combatentes sofreram
de distúrbio pós-traumático do stress de
guerra;
Registam-se também vítimas civis, de
ambos os lados, mas em maior número
entre as populações do palco de guerra.
A GuerraO Fim da Guerra: as consequências