Heteronimos - Alberto Caeiro

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  • 8/3/2019 Heteronimos - Alberto Caeiro

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    ALBERTO CAEIRO O MESTRE INGNUO

    Alberto Caeiro apresenta-se como um simples guardador de rebanhos, que s seimporta em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta atodo o momento. Da o seu desejo de integrao e de comunho com a natureza.Para Caeiro, pensar estar doente dos olhos. Ver conhecer e compreender o

    mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafsico,afirmando que pensar no compreender. Ao anular o pensamento metafsico eao voltar-se apenas para a viso total perante o mundo, elimina a dor de pensarque afecta Pessoa.Caeiro o poeta da natureza, que est de acordo com ela e a v na sua constanterenovao. E porque s existe a realidade, o tempo a ausncia de tempo, sempassado, presente ou futuro, pois todos os instantes so a unidade de tempo.Mestre de Pessoa e dos outros heternimos, Caeiro d especial importncia ao actode ver, mas sobretudo a inteligncia que discorre sobre as sensaes , numdiscurso em verso livre, em estilo coloquial e espontneo. Passeando a observar omundo, personifica o sonho da reconciliao com o universo, com a harmonia page primitiva da natureza. um sensacionalista a quem s interessa o que capta pelas sensaes e a quem osentido das coisas reduzido percepo da cor, da forma e da existncia: aintelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplao dos objectos originais.Constri os seus poemas a partir de matria no-poetica, mas o poeta danatureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objectividade dassensaes e da realidade imediata (Para alm da realidade imediata no hnada), negando mesmo a utilidade do pensamento.V o mundo sem necessidade de explicaes, sem princpio nem fim, e confessaque existir um facto maravilhoso, por isso cr na eterna novidade do mundo.Para Caeiro o mundo sempre diferente, sempre mltiplo, por isso, aproveita cadamomento da vida e cada sensao na sua originalidade e simplicidade.

    FISICAMENTEA partir da carta a Adolfo Casais Monteiro Nasceu em Lisboa (1889);Morreu tuberculoso em 1915; Viveu quase toda a sua vida no campo; S teve instruo primria; No teve educao, nem profisso; Escreve por inspirao;

    Estatura mdia; Frgil; Louro, quase sem cor; Olhos azuis; Cara rapada;

    Filosofia de Caeiro

    anti-religio; anti-metafsica; anti-filosofia;

    CARACTERISTICAS TEMTICAS Paganismo; Desvalorizao do tempo enquanto categoria conceptual;

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    Contradio entre a teoria e a prtica apesar do poeta afirmar que nose preocupa com o estilo dos seus versos, a verdade e que ele acaba por sepreocupar com o que escreve;

    Objectivismo

    Apagamento do sujeito; Atitude antilrica; ateno eterna novidade do mundo; integrao ecomunho com a natureza, poeta da natureza, poeta deambulatrio;

    Quem me dera que eu fosse o p da estrada (poema XVIII dO Guardador de Rebanhos) Anica maneira de no ter angstias ser algo concreto, simples e til o poeta manifesta o desejo dese transformar em coisas simples, de se dispersar pela natureza: o modo conjuntivo indica apenas umdesejo de ser aquilo que no - Uma vez mais estamos perante um drama de Fernando Pessoa que,atravs de Caeiro, procura libertar-se da sua condenao ao pensamento (se se realizasse a vontadeele teria alcanado o sonho e era feliz);

    Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia Aceitao calma da ordem naturaldas coisas; eu controlei a minha vida, ela pertence-me e vivi da maneira que me causava menossofrimento; predominncia da objectividade (Vi como um danado); rejeio do pensamento

    nunca se deixou absorver por ele; importncia do real e da observao prazer de descobrir adiversidade da natureza.

    Sensacionalismo

    Poeta das sensaes tais como so, poeta do olhar, predomnio das sensaes visuais e auditivas;

    Eu nunca guardei rebanhos (poema I dO Guardador de Rebanhos) Quatro momentos (o poetacomprara-se a um pastor que deambula pela natureza; rejeio do pensamento porque ele no deixaque se aprecie verdadeiramente a natureza e que se seja feliz; ele um poeta espontneo, natural, e sescreve aquilo que sente; dirige-se aos leitores e transmite-lhes uma mensagem de objectividade eespontaneidade e que o vejam como fazendo parte da natureza quer que os leitores encontrem na

    natureza a paz e felicidade que ele prprio encontra); tal como o pastor, o sujeito vive sozinho eisolado; a escurido traz consigo o perigo do pensamento traz inquietao.

    Sou um guardador de rebanhos (poema IX dO Guardador de Rebanhos) A realidade precisa deser observada e no pensada; o sentido das coisas reduz-se sua cor, forma e existncia.

    Antimetafsico

    Recusa do pensamento; recusa do mistrio; recusa do misticismo;

    O meu olhar ntido como um girassol (poema II dO Guardador de Rebanhos) O maisimportante ver (procura extasiar-se com o que v); atitude que ele quer ter perante a realidade:atitude de ingenuidade, sem preconceitos, conceitos ou teorias, como uma criana; o mundo est feito

    no para pensarmos nele mas para o observarmos e nos sentirmos em harmonia com ele; desejo deum amor espontneo, sem calculismos.

    Li hoje quase duas pginas (poema XXVIII dO Guardador de Rebanhos) Os poetas msticospensam e introduzem no que observam a sua subjectividade; a natureza deve ser amada por aquiloque e no por aquilo que ela provoca em mim; a natureza no tem mistrio nenhum (Porque aNatureza no tem dentro), as coisas no tm sentido oculto.

    O mistrio das coisas, onde est ele? (poema XXXIX dO Guardador de Rebanhos) As coisasso aquilo que parecem ser: no tm significao, tm existncia.

    CARACTERISTICAS ESTILISTICAS Verso livre, mtrica irregular; Despreocupao a nvel fnico;

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    Pobreza lexical (linguagem simples, familiar); Adjectivao objectiva; Pontuao lgica; Predomnio do Presente do Indicativo e do Gerndio; Frases simples predomnio da coordenao; Comparaes simples e raras metforas;

    Uso do Palelismo

    Caractersticas:Importncia dos sentidos, nomeadamente a viso;O incomodo de pensar associado tristeza;Ele no quer pensar, mas no o consegue evitar;Escreve intuitivamente;Para ele a natureza para usufruir, no para pensar;Desejo de despersonificao (de fuso com a natureza);

    Ligao das oraes por coordenaes e subordinaes;Poeta buclico, do real e do objectivo;Valorizao das sensaes;Amor pela vida e pela natureza;Preocupao apenas com o presente;Critica ao subjectivismo sentimentalista