44
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO DO ALUNO IDERI LUIZ TEODORO Orientadores: Tutora Narcisa Melo Professora Fabiane Muniz Taguatinga – DF 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

ACADÊMICO DO ALUNO

IDERI LUIZ TEODORO

Orientadores:

Tutora Narcisa Melo

Professora Fabiane Muniz

Taguatinga – DF

2009

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

ACADÊMICO DO ALUNO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia sob orientação da Tutora Narcisa

Castilho Melo e da Professora Fabiane Muniz.

Por: Ideri Luiz Teodoro

Page 3: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos, primeiramente a Deus,

por ter me privilegiado com a vida. Aos meus

amigos, por estarem sempre presente em meus

tempos de necessidade. Aos meus professores,

pela orientação dada no decorrer de nossos

estudos. Aos orientadores, pela ajuda na

concretização desse sonho, e aos colegas, pelo

companheirismo e dedicação.

Page 4: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado à minha família,

que responde pela minha felicidade; aos

meus professores e tutores, que me

acompanharam durante o meu período de

estudos; a todos os meus amigos, que

direta ou indiretamente contribuíram para

o meu sucesso nesta vida. A todos vocês,

minha mais sincera demonstração de

apreço.

Page 5: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

RESUMO

Muito tem sido discutido sobre o papel da escola no processo de aprendizagem em

crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Sabe-se

das dificuldades de aprendizagem que essas crianças enfrentam na escola e

da existência de vários motivos que levam as mesmas a fracassarem. É muito

importante o papel da escola na busca de soluções quando se percebe o TDAH. A

observação, a paciência e a disponibilidade do professor em sala de aula, ajudam

bastante no diagnóstico e também na melhoria da auto-estima do aluno. As crianças

devem se sentir estimuladas para freqüentarem a escola e lá encontrarem um

ambiente agradável com pessoas que demonstrem interesse e respeitem a

sua individualidade, e também, tenham conhecimento das variações

comportamentais, principalmente em se tratando do TDAH, sabendo-se que os

portadores não conseguem realizar os vários projetos que planejam e são

tidos como fora do contexto. O problema pode ser percebido em idade escolar,

assim, a compreensão do fenômeno hiperatividade se faz necessária, pois é

importante preparar o professor para lidar melhor com a criança portadora do

TDAH, de modo que esse seja capaz de diferenciar a hiperatividade de um

comportamento indisciplinado. Acredita-se que as escolas deixam muito a

desejar, confundindo TDAH com indisciplina, no entanto, uma intervenção precoce

pode significar muito em termos de reduzir a ampla série de problemas secundários.

O amadurecimento do nosso conhecimento mediante realização desta pesquisa

evidenciou que a ação pedagógica do professor não pode ser definida isoladamente

senão em contato com uma equipe multidisciplinar, bem como possibilitar ao

hiperativo acomodações para se obter sucesso.

Palavras-chave: TDAH, Hiperatividade, Criança, Professor.

Page 6: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

METODOLOGIA

Na elaboração deste trabalho, buscou-se utilizar a pesquisa bibliográfica, que

objetiva explicitar e construir hipóteses acerca do problema do Transtorno do Déficit

de Atenção e Hiperatividade. Neste caso, tornou-se necessário realizar um

levantamento bibliográfico, por meio de pesquisa em diversas fontes, entre estas,

publicações de autores renomados na pesquisa da hiperatividade, tais como Zagury

(2003), Benckzik (2002), Goldstein & Goldstein (2001), Condemarín et al (2006),

que ofereceram suporte para esta pesquisa.

Buscou-se a utilização do enfoque qualitativo de pesquisa, pois por meio

desta, procura-se entender as razões e motivos de um determinado comportamento. Busca-se entender as percepções que as pessoas têm a respeito de um

produto/serviço/assunto.

É importante o que afirma Patton (1980, p. 381) sobre o assunto:

Normalmente a pesquisa qualitativa é associada a dados

qualitativos, abordagem interpretativa e não experimental,

análise de caso ou conteúdo, enquanto a pesquisa quantitativa

é associada a dados quantitativos, abordagem positivista e

experimental e análise estatística.

Dessa forma, entende-se que em pesquisas qualitativas, a consistência pode

ser checada por meio de exame detalhado da literatura e comparando os achados

ou observações com aqueles da literatura, o que foi realizado neste caso.

Ainda de acordo com Ludke & André (1986), a abordagem qualitativa

possibilita oferece uma relação com a compreensão mais profunda da realidade e

mais abrangente dos sujeitos pesquisados. Segundo o autor,

As abordagens que se utilizam da abordagem qualitativa

possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de

uma determinada hipótese ou problema, analisar e

interação de certas variáveis, compreender e classificar

processos dinâmicos experimentados por grupo sociais,

Page 7: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

apresentar atribuições no processo de mudanças, criação

ou formação de opiniões de determinado e permitir, em maior

grau de profundidade, a interpretação das particularidades

dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. (LUDKE &

ANDRÉ, 1986, p 117).

Page 8: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

CAPÍTULO I - ENTENDENDO MELHOR O MUNDO DO ALUNO

HIPERATIVO................................................................................. 10

1.1. Fatores que Desencadeiam a Hiperatividade ..................................... 12

1.2. Classificação dos Tipos de TDAH ..................................................... 14

1.2.1. Subtipos e sintomas do transtorno ........................................ 16

1.2.1.1. Tipo Combinado ....................................................... 16

1.2.1.2. Tipo Predominantemente Desatento ...................... 16

1.2.1.3 Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo........ 16

1.3. Detectando o TDAH ............................................................................ 17

CAPÍTULO I I - A INFLUÊNCIA DO TDAH NO DESENVOLVIMENTO

ACADÊMICO DO ALUNO ......................................................... 19

2.1. O Hiperativo e o Seu Rendimento Escolar ......................................... 20

CAPÍTULO III - A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA E DO PSICOPEDAGOGO

NO TDAH..................................................................................... 27 3.1. Professores, Orientadores Educacionais e o TDAH .......................... 29 CONCLUSÃO....................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 39

ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS .............................................................. 40

ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ............... 41

Page 9: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema O Transtorno de Déficit de Atenção

Hiperatividade. Entende-se que este é um distúrbio do neurodesenvolvimento mais

comum na infância. A apresentação clínica do TDAH compreende três categorias

principais de sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade, que se

manifestam em ambientes diferentes e causam comprometimento funcional.

É fato também, que o TDAH começa no início da vida e pode persistir na

adolescência e idade adulta. A prevalência citada em diferentes estudos variou de

acordo com a faixa etária da amostra e os critérios usados. A prevalência

tradicionalmente mencionada é de 3 a 5% das crianças escolares.

Entretanto, é evidente que os estudos mais recentes encontraram prevalência

mais alta, e os estudos epidemiológicos mais rigorosos definiram taxas de 4 a 12%

da população geral de crianças de 6 a 12 anos de idade.

Assim, este trabalho se justifica na necessidade de chamar a atenção sobre

essa entidade clínica, o Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA),com ênfase em

hiperatividade (TDAH), uma vez que esse distúrbio raramente é diagnosticado

corretamente em nosso meio, embora venha despertando crescente interesse no

meio científico de outros países, particularmente nos Estados Unidos, onde se

realizam congressos anuais específicos sobre esse assunto.

De grande importância esse assunto se apresenta, pois a dificuldade e a falta

de informação para lidar com jovens portadores de TDAH que atinge não só os pais,

mas principalmente as escolas, que na maioria das vezes não possuem professores

e orientadores preparados para trabalhar com este tipo de situação, tem causado um

grande numero de reprovação nas escolas.

Assim, tendo em vista esta falta de preparo das escolas em lidar com estes

jovens e em orientar as famílias, este estudo tem como objetivo apresentar idéias de

alguns teóricos que vão contribuir para a eficiência das escolas perante estes

alunos, apresentando maneiras de estruturar o trabalho pedagógico, facilitando o

manejo da sala e o aprendizado do aluno.

Este trabalho, como objetivo geral, se propõe a repensar as estratégias

metodológicas para que o professor possa auxiliar no tratamento e no

desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes portadoras de Transtorno de

Page 10: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

9

Déficit de Atenção e Hiperatividade. Além disso, como objetivos específicos, deve

apontar as causas do TDAH; Identificar os principais fatores que auxiliam no

diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Relacionar as

ações da Psicopedagogia com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade;

Buscar formas de lidar com o problema em sala de aula.

O primeiro capítulo traz a tona a forma de entender melhor os problemas do

aluno hiperativo, os fatores que desencadeiam a hiperatividade, seus tipos e outros

assuntos relacionados.

O segundo capítulo apresenta as formas como o TDAH influencia o

desempenho escolar dos alunos que sofrem deste problema, a dificuldade que estes

alunos têm para se concentrarem em seus deveres.

O terceiro capítulo relaciona a Psicopedagogia com os problemas

ocasionados pelo Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, oferecendo a

visão psicopedagógica sobre o assunto, sugerindo formas de amenizar os efeitos

do distúrbio, apontando para o papel do professor e da família (sociedade) no

sentido de auxiliar no desenvolvimento destes alunos TDAH.

Page 11: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

10

CAPÍTULO I

ENTENDENDO MELHOR O MUNDO DO ALUNO

HIPERATIVO

A escola, desde o século XIX, tornou-se obrigatória, e, desde então, passou a

ter um papel fundamental para a ascensão social. Assim, as dificuldades escolares e

os seus fracassos passaram a ser considerados como um problema importante ou

até mesmo uma doença. Várias são as causas determinantes do fracasso escolar, e

o TDAH é uma delas, pois os portadores apresentam dificuldades para adaptação

escolar e familiar. Mas, antes de se apresentar algumas definições do TDAH,

vamos conhecer um pouco de sua história.

Cypel (2003, p. 13) assegura que pessoas hiperativas sempre existiram, mas

acredita que a educação familiar e os regimes escolares mais severos e mais rígidos

de antigamente (anteriores há esse século), de alguma forma tenham limitado

aparecimento desses comportamentos ou os mantiveram mais contidos. Ele também

afirma ainda que: “é difícil estabelecer na literatura o momento preciso em que se

determinou que essas manifestações corresponderiam a uma condição particular”.

Para ele, o ponto de partida foi dado no ano de 1925, quando os trabalhos de

Dupré assinalavam o desajeitamento ou a debilidade motora nas crianças sem

lesão cerebral, chamando a atenção para o aspecto emocional, e os trabalhos de

Wallon sobre L’Enfant Turbulent [A Criança Inquieta] que esboçava as

características clínicas dessas crianças, que se reconhece até hoje.

Já para Benczik (2002, p. 21), o ponto de partida se deu quando George

Frederick Still, no ano de 1902, analisou os sintomas em um grupo de crianças, onde

observou a existência de um “Defeito na Conduta Moral”. Tal “defeito” resultava em

uma inabilidade da criança para internalizar limites, gerando sintomas de

inquietação, desatenção e impaciência. Sendo assim, Still formulou a hipótese

de que esta condição não se deve à má-criação ou à perversidade da criança, e sim

a de uma herança biológica ou a um problema no parto. Condemarín et al. (2006, p.

21) acrescenta que foi a partir desse momento que o quadro começou a ter

importância entre os transtornos do desenvolvimento na infância.

Em 1934, Eugene Kahn e Cohen publicaram um artigo no jornal “The

New England Journal of Medicine”, onde afirmavam que havia uma base biológica

Page 12: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

11

para a hiperatividade, no qual se fundamentaram em um estudo feito com

pacientes que foram vítimas da epidemia da encefalite de 1917-1918. Porém,

algumas crianças não foram expostas a essa epidemia, e, mesmo assim,

apresentaram sintomas similares ao da hiperatividade. Daí surgiu o novo termo

“Lesão Cerebral Mínima” que posteriormente, modificou-se para “Disfunção Cerebral

Mínima” (SILVA, 2003, p. 171).

Em 1937, Charles Bradley também mostrou uma linha de relação da

hiperatividade com o biológico, diante da descoberta acidental de que alguns

estimulantes do sistema nervoso central ajudavam crianças hiperativas a se

concentrarem melhor, a aprenderem melhor e a ficarem mais calmas. Esta

descoberta foi contrária aos pensamentos da época, pois os estimulantes em

pessoas ditas normais, produziam efeito inverso, ou seja, produziam um aumento de

atividade no sistema nervoso central (BENCZIK, 2002).

O termo hiperatividade só foi usado por Maurice Laufer, em 1957, e por Stella

Chess, em 1960. O primeiro acreditava que a síndrome era restrita a meninos e teria

sua remissão ao longo do crescimento do indivíduo, enquanto Chess acreditava que

a síndrome possui origem genética e não mesológica. Daí, o termo “Síndrome

da Criança Hiperativa” (SILVA 2003, p. 171).

Desde a década de 60, vêm surgindo muitas definições na literatura,

no quadro a seguir poderemos observar melhor todas elas:

Fonte: Condemarín et al. (2006, p. 20-21).

Page 13: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

12

É importante considerar que a utilização diferenciada do termo desse

transtorno não muda em nada a condição da pessoa hiperativa. Como se pode

perceber nessa viagem no tempo, cada época parece trazer à tona alguma doença

ou perturbação que passa a preocupar intensamente determinada população e,

consequentemente, ser a mais percebida (inclusive onde não existe). Como um

fantasma, passa a causar temor. Esse é o caso da hiperatividade ou, para melhor

situá-la na atualidade, o TDAH.

Em relação a esse distúrbio deve-se esclarecer que pessoas diagnosticadas

TDAH não são, de forma nenhuma, maldosas, nem tampouco malcriadas, ou mal

educadas pelos pais. Elas são injustamente acusadas, quando na verdade são

portadoras de um transtorno que simplesmente as faz agir de maneira impulsiva,

desatenta e excessivamente agitadas.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, que será aqui chamado de

TDAH, é um distúrbio comportamental comum da infância, sendo responsável pela

maioria dos encaminhamentos a serviços especializados. A literatura oferece uma grande variedade de definições teóricas, cada uma

representando uma linha de estudo e uma concepção sobre o quadro e levando as

diferentes formas de avaliação, intervenção e tratamento (CONDEMARÍN et al.

2006, p. 19).

1.1. Fatores que Desencadeiam a Hiperatividade

A hiperatividade é um transtorno que possui múltiplos fatores desencadeantes

que podem ou não estar vinculados ao distúrbio, sejam fatores genéticos, biológicos

ou psicossociais. Segundo Rohde e Benczick (1999, p.37), o TDAH “é um problema

de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou

hiperatividade) e a impulsividade”.

Portanto, o transtorno é caracterizado por uma tríade sintomatológica que

parece ser responsável pela gama de problemas, principalmente quando a criança

começa a freqüentar a escola. Os sintomas de que se faz acompanhar são os

problemas de atenção (incapacidade em direcionar sua atenção para um

único foco), a hiperatividade (causada por uma mente que não pára nunca,

hipersensível, ligando-se a tudo ao mesmo tempo) e a impulsividade (o indivíduo

não consegue escolher uma idéia entre milhares que circulam pelo cérebro). É

Page 14: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

13

fácil concluir que podem constituir um sério obstáculo à aprendizagem e a

socialização da criança portadora de TDAH em diferentes ambientes.

De acordo com Rodhe e Benczik (1999, p. 55), é possível que haja algo

errado com a estrutura do cérebro das pessoas portadoras de TDAH. “Os achados

científicos têm indicado claramente a presença de disfunção em uma área do

cérebro conhecida como região orbital frontal em crianças adolescentes com

TDAH. Essa região é situada na parte da frente do cérebro. É uma das

regiões responsável pela inibição do comportamento, pela atenção, pelo

autocontrole e pelo planejamento para o futuro. A maioria das pesquisas tem

demonstrado que existem alterações no funcionamento de algumas substâncias

encontradas nessas áreas, chamados de neurotransmissores, que possuem a

função de “passar informações” de um neurônio a outro”.

Em entrevista a um jornal, Carlos Nogueira1 tenta explicar esse desequilíbrio

nas funções cerebrais dos portadores de TDAH, afirmando ser um problema

hereditário, ou seja, a criança já nasce com esta disfunção no cérebro. O processo

pelo qual se percebe essa alteração na comunicação entre os neurotransmissores,

segue dois passos:

1) no cérebro, a comunicação entre os neurônios é feita por meio de

substâncias químicas especiais, os neurotransmissores (dopamina e noradrenalina),

que têm funções como manter a atenção, inibir as funções motoras, o temperamento

e o comportamento dos indivíduos. Pode ser que os portadores de TDAH produzem

dopamina e noradrenalina em menor quantidade, o que torna difícil a concentração e

o controle do temperamento. Devido a esse desequilíbrio químico, as crianças com

TDAH não conseguem se comportar “adequadamente”, mesmo que tentem ou se

esforcem.

2) a dopamina e a noradrenalina existem em todo o cérebro, mas se

concentram na área frontal conhecida como Lobo Frontal. A falta dessas

substâncias nessa localização específica é que provocaria a impulsividade, a

hiperatividade e a falta de concentração.

A incidência do transtorno é de 3% a 5% das crianças e em cada

nove garotos há uma menina com o diagnóstico; meninas tendem a ser mais

1 Professor de Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina da UnB, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense nº 73. Caderno d: Diagnóstico pg. 16/17. “Pequenos Indomáveis”. Texto de Rosane Torres e Rubens Paiva, publicado Domingo, 22 de agosto de 2004.

Page 15: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

14

desatentas e meninos mais hiperativos, por isso dão mais trabalho, afirma em uma

entrevista o psiquiatra Andrade (2004). Entretanto, bebês, adolescentes e até

adultos podem apresentar esse transtorno.

A prevalência relatada para o TDAH depende de inúmeros fatores, incluindo a

população estudada, os métodos de avaliação utilizados, os critérios diagnosticados

empregados (BENCZIK, 2002). A autora ainda ressalta que não existe uma

explicação científica para lançar luz sobre essa aparente vulnerabilidade. Ela

acredita que o que acontece é que em amostras clínicas os meninos são mais

encaminhados para tratamento do que as meninas, pelo fato de desenvolverem

problemas de conduta que incomodam mais os adultos. E enquanto os pais

subestimam a prevalência do TDAH, os professores tendem a superestimar. Os

educadores, geralmente cifram o número de crianças com TDAH na idade escolar

entre 15% e 20%. Isso pode ser justificado pelo fato de os sintomas aparecem,

frequentemente, cedo na vida na vida da criança, mas acabam se tornando mais

graves a partir do ingresso destas na escola, pois é durante o processo de

ensino aprendizagem que a criança necessita focar mais sua atenção durante as

aulas.

1.2. Classificação dos Tipos de TDAH

Condemarín et al (2006, p. 25) afirma que as diferentes formas de

manifestação dos sintomas dificultam uma definição única e geral do quadro

do TDAH, fazendo com que muitas linhas de investigação não o considerem como

um transtorno único, o que acaba resultando em diferentes subtipos e fatores

a ele associados.

No Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais DSM-III (APA,

1980), o TDAH é caracterizado por falta de atenção, impulsividade, hiperatividade e

conduta socialmente perturbadora. Mais tarde, no ano de 1994, o DSM-IV propõe

uma nova distinção do transtorno: a) Desordem do Déficit de Atenção e

Hiperatividade Combinados; b) Desordem do Déficit de Atenção e Hiperatividade

predominantemente atencional; c) Desordem do Déficit de Atenção e Hiperatividade

com predomínio da hiperatividade e impulsividade.

Barkley (1998) também sustenta essa afirmação quando destaca que a

conceituação que tende a ser válida é aquela que descreve o quadro sobre a base

Page 16: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

15

de três sintomas principais, os quais dão origem a outros tantos subtipos: um

em que predomina a dificuldade de atenção; outro em que prevalecem a

impulsividade e a hiperatividade; e o terceiro que combina os dois anteriores. Ou

seja, a proposta atual do DSM-IV contaria com importante consenso na literatura

especializada.

1.2.1. Subtipos e sintomas do transtorno

De acordo com Rohde e Mattos (2003), a classificação americana de

Psiquiatria traz ainda a denominação dos subtipos de sintomas do TDAH. A saber:

1.2.1.1. Tipo Combinado

Sintomas: conduta opositiva e desafiadora, crianças propensas a serem

rejeitadas pelos seus colegas, apresentam falta de atenção sustentada,

hiperatividade e impulsividade. Alguns autores demonstram um déficit na inibição do

comportamento.

1.2.1.2. Tipo Predominantemente Desatento

Sintomas: é mais freqüente em meninas e parece apresentar

comprometimento acadêmico, devido à falta de atenção sustentada e distração.

Alguns autores sugerem que são crianças que sofrem de inabilidade social.

1.2.1.3 Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo

Sintomas: são mais agressivas tendendo a sofrer impopularidade, porque

costumam agir sem pensar; são inadequadas socialmente e falham em fazerem

planos e prever situações a despeito do que é esperado que façam.

Benckzik (2002, p.25) destaca que o TDAH difere dos demais transtornos por

possuir um padrão persistente de desatenção e hiperatividade, mais freqüente

e mais severo do que aquele tipicamente observado em crianças de mesma idade

que estão no nível equivalente de desenvolvimento.

Silva (2003) afirma que o comportamento do TDAH nasce do “trio de

base alterada”, formado por desatenção, impulsividade e hiperatividade física e

Page 17: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

16

mental. Os autores concordam que das características presentes no TDAH, a

alteração da atenção é o sintoma mais importante, pois acaba gerando problemas

de, relacionamento interpessoal, aprendizagem e, principalmente, por esse sintoma

ser um indicativo seguro para o diagnóstico de TDAH.

A impulsividade caracteriza-se por ações feitas sem terem sido pensadas; são

crianças que “costumam dizer o que lhes vem à cabeça, envolvem-se em

brincadeiras perigosas, brincam de brigar com reações exageradas”, o que pode

produzir rótulos desagradáveis como “mal educada”, “agressiva”, “irresponsável”.

Nas crianças com TDAH, esses comportamentos são, além de mais intensos,

mais freqüentes. “A hiperatividade mental ou psíquica apresenta-se de maneira

mais sutil, o que não significa, em hipótese alguma, que seja menos penosa que

sua irmã física” (SILVA, 2003, p. 26).

No que diz respeito à hiperatividade física, pode-se dizer das crianças

agitadas, que manipulam vários objetos ao mesmo tempo, assistem a TV e ouvem

música simultaneamente, etc. já é diagnosticada como portador do TDAH. Segundo

o psiquiatra Ênio de Andrade2, a explicação para o problema estaria em uma

maneira diferente de o cérebro funcionar. “É um cérebro que não consegue filtrar os

estímulos. Essas crianças têm dificuldade no controle inibitório, ou seja, elas não

conseguem controlar os impulsos”. Isso explica o fato de os portadores do

TDAH não se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes é pedido.

O funcionamento deficiente desse centro de atenção pode ser considerado

como uma das causas da hiperatividade, o transtorno não aparece de uma hora

para outra. Tampouco pode-se afirmar que qualquer “instabilidade de atenção”

que surja de repente seja hiperatividade. Em princípio não é hiperatividade,

porque segundo os estudos existe forte tendência da ciência em afirmar ser este

transtorno de origem hereditária. Desse modo, o indivíduo com TDAH seria

hiperativo desde bebê.

2 Psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtornos de Deficiência de Atenção do Hospital das Clínicas de São Paulo. Reportagem do Globo Repórter, exibida em 28 de maio de 2004 com o tema: “Pais e Filhos Hiperativos”.

Page 18: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

17

1.3. Detectando o TDAH

O TDAH pode ser detectado segundo critérios propostos pela Associação

Americana de Psiquiatria, o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças

Mentais) que envolvem a atenção, a hiperatividade e a impulsividade.

De acordo com o manual, o indivíduo deverá se enquadrar em pelo menos

seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos de hiperatividade para que se

possa pensar na possibilidade do diagnóstico de TDAH, os sintomas devem ter

aparecido numa fase precoce, antes dos 7 anos de idade, e prolongar-se por seis

meses e não estarem limitados a uma situação apenas (casa, lazer, escola).

Assim, serão destacadas as manifestações do grupo de desatenção, do grupo

de hiperatividade e do grupo de impulsividade, separadamente para que haja um

melhor entendimento.

O DSM-IV destaca como sintomas a serem observados na criança do grupo

de desatenção: não prestarem atenção a detalhes ou cometerem erros por descuido

em atividades escolares; demonstrar dificuldade de concentração em tarefas

e/ou jogos, pois consideram difícil persistir em uma mesma tarefa até seu término;

Não prestar atenção ao que lhe é dito (parece estar no “mundo da lua”);

demonstrar dificuldade em seguir regras e instruções e/ou em terminar o que

começa; apresentar grandes dificuldades em organizar as tarefas e materiais;

evitar atividades que exija um esforço mental continuado (leitura, escutar o

professor, fazer lições ou trabalhar em tarefas monótonas e repetitivas); perder

coisas importantes para realização das tarefas; distrair-se facilmente com

estímulos alheios que não têm nada a ver com o que está fazendo (e que são

ignorados por outras crianças) como, por exemplo, a buzina de um carro, o latido

do cachorro, um mosquito que passa voando e por fim esquecer compromissos

e tarefas diárias.

Durante a aula, o aluno quase nunca presta atenção no que a professora

fala se distrai facilmente. Na hora em que ela está fazendo a lição a

qualquer barulho como um lápis caindo no chão, um mosquitinho passando, um

coleguinha falando, mesmo baixo, ela já para o que está fazendo para

observar as outras coisas. Conforme Silva (2003), a pessoa hiperativa apresenta

muita facilidade em desviar sua atenção.

Page 19: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

18

O comportamento da criança com TDAH, como já foi mencionado, geralmente

passa despercebido pelos pais, mas, quando ela ingressa na escola os

sintomas tendem a se tornar mais evidentes, pois lhe será exigido mais atenção e

ficar parado em um mesmo local por mais tempo. Deve ser levado em

consideração que os sintomas primários do transtorno poderão variar de

acordo com o estágio do desenvolvimento. Por exemplo, os sintomas de

hiperatividade que estão presentes em crianças mais novas, em comparação

com crianças mais velhas que, por sua vez, apresentam mais sintomas de

desatenção.

Conclui-se, então, que o TDAH configura um grande desafio para pais

e professores, pois é uma condição que promove dificuldades de controle de

impulsos, concentração, memória, organização, planejamento e autonomia.

Envolve uma enorme pluralidade cultural, comportamental, intelectual, social e

emocional.

Page 20: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

19

CAPÍTULO II

A INFLUÊNCIA DO TDAH NO DESENVOLVIMENTO

ACADÊMICO DO ALUNO

Como já se pôde observar, vários autores afirmam que o TDAH é um

distúrbio comportamental que ocorre na infância e se caracteriza por uma dificuldade

que a criança têm de manter os níveis necessários de atenção, concentração,

impulsividade, inquietude motora e psíquica, no qual esse transtorno pode

estar associado, com maior freqüência, a outros problemas secundários.

Topczewski (1999, p. 21) afirma que “a hiperatividade é um desvio

comportamental, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e de atividades,

acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada”. Ou seja, grande

parte das crianças hiperativas apresenta forte tendência à dispersão, o que acaba

provocando grandes dificuldades em manter-se concentrado em determinado

assunto, pensamento, ação ou fala, causando desse modo situações bastante

desconfortáveis ao ambiente de sala de aula.

Cypel (2003, p. 21) utiliza o termo DA/H para se referir ao TDAH, no qual

assegura que a conceituação do mesmo baseia-se na avaliação de manifestações

relacionadas à desatenção, à hiperatividade e à impulsividade, ou seja, é um quadro

no qual, essencialmente, ocorrem alterações no comportamento da criança.

Barkley (1982) refere-se ao TDAH como uma deficiência que diz respeito à

atenção, controle de impulsos, domínio da conduta e a excessivo nível de

atividades. Além disso, ele destaca que essa deficiência é significativamente crônica

e permanente.

Harris & Hodges apud Condemarín et al, (2006, p. 23) referem-se ao

TDAH como um transtorno que gera incapacidade de orientação,

concentração, dificuldade de respeitar normas e de motivação, o que constitui,

sem dúvida, um inconveniente que afeta significativamente o desempenho escolar.

Cortés apud Condemarín et al., (2006, p.23) define o TDAH como uma

“alteração do desenvolvimento caracterizada por falta de concentração,

impulsividade e hiperatividade, associada a problemas de aprendizagem e

anomalias de conduta”.

Page 21: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

20

Goldstein e Goldstein (1994) afirmam que o TDAH resulta de quatro tipos de

deficiência, a saber: dificuldade de atenção, impulsividade, excitação e frustração ou

baixa motivação, as quais podem causar problemas em casa, na escola e com os

amigos. Eles, também, ressaltam que os problemas ocorrem com base na

pouca habilidade da criança e nas exigências impostas pelo ambiente, e que o

quadro do TDAH é resultante da inconsistência e da incompetência e não do

mau comportamento ou desobediência. Essa definição coincide com as anteriores,

no sentido de enfatizar o impacto na aprendizagem e no comportamento.

Rohde e Benczick (1999, p.37) também concordam com as afirmações

anteriores quando asseguram que o TDAH possui três características básicas:

a desatenção, a agitação e a impulsividade. Igualmente, atestam que essas

características podem levar a criança portadora do TDAH a ter dificuldades

emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como baixo rendimento

e/ou desempenho escolar.

Para finalizar Förster e Fernández, apud Condemarín et al, (2006, p. 25)

definem o TDAH como um transtorno crônico de conduta, com uma forte

base genética, e formada por um grupo heterogêneo de crianças que

apresentam dificuldades significativas para adequarem seu comportamento e/ou

aprendizagem à norma esperada em sua idade. Nos quais os principais

sintomas do TDAH são a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade, que

desde muito cedo estão na vida da criança, mas que se tornam mais evidentes na

idade escolar. Os autores também destacam que esses sintomas afetam a conduta,

as habilidades sociais e familiares e a aprendizagem da criança.

2.1. O Hiperativo e o Seu Rendimento Escolar

Nas escolas, os alunos que se diferenciam, pelo comportamento, de

outras crianças (não TDAH), logo são considerados como hiperativas e acusadas

de “não prestar atenção”. No entanto, o que acontece com as crianças com TDAH é

que elas não prestam atenção a alguma coisa, em particular, e sim a todas as

coisas. Na verdade o grande problema está na dificuldade de direcionar-se e

centrar-se em um único objetivo ou uma atividade de cada vez.

Page 22: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

21

Todavia, a impulsividade, a desatenção e o não respeito às regras podem

ser próprios de sua fase de desenvolvimento.

Rohde e Benczik (1999) ressaltam que existem algumas variações nos

sintomas mais evidentes do transtorno de acordo com a faixa etária, ou seja,

em crianças de 3 a 6 anos os sintomas mais evidentes são os de

hiperatividade associada a dificuldades de tolerar limites e frustrações.

Zagury (2003, p. 101) complementa essa afirmação quando ressalta que

nessa faixa etária muitas vezes ocorrem comportamentos inadequados, mas que

não prejudicam ninguém, e que as emoções ainda são muito fortes e pouco

controladas. Na idade de entre 7 e 12 anos, destaca-se uma combinação bastante

variável de sintomas na área da distração ou desatenção, da hiperatividade e da

impulsividade. Na adolescência (de 12 anos em diante), os sintomas mais evidentes

passam a ser a desatenção e a impulsividade.

No entanto, é difícil diferenciar a inquietude habitual de uma criança normal

da agitação apresentada pela criança hiperativa. Além disso, ambas podem ser

consideradas desatentas e impulsivas.

Ainda segundo o professor Carlos Nogueira (2004)3 em entrevista a um

jornal, “A diferença entre a criança ativa e energética para uma criança hiperativa é

que a criança ‘levada’ obedece, mesmo que sobre pressão. Quem tem TDAH não

atende nem aos castigos”, afirma. Todavia, existem casos em que há tanta

semelhança entre o comportamento TDAH e uma criança malcriada que só um

especialista clínico com base numa avaliação criteriosa poderá determinar

aquela que tem hiperatividade e aquela que apresenta um comportamento

impulsivo, devido talvez a uma educação negligenciada ou demasiadamente

permissiva, e que a leva parecer hiperativa.

Há, porém algumas diferenças notáveis: o hiperativo continua agitado, pois

não consegue controlar seus sintomas; já o mal-educado não segue as regras por

sentir-se o dono do mundo, ou seja, ele só é hiperativo quando quer.

De qualquer forma, para que haja um diagnóstico seguro quanto a um

indivíduo ser ou não ser portador de TDAH é imprescindível e fundamental

que aconteça uma intervenção médica que considerará informações como

3 Professor de Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina da UnB, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense nº 73. Caderno d: Diagnóstico pg. 16/17. “Pequenos Indomáveis”. Texto de Rosane Torres e Rubens Paiva, publicado Domingo, 22 de agosto de 2004.

Page 23: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

22

identificação, análise, implementação de planos e reavaliação do problema, além de

orientação à família e aos professores (BENCZIK, 2002).

Segundo Goldstein & Goldstein (2001, p. 20), “Para a criança hiperativa,

o dia-a-dia é uma série de desafios produzidos por inúmeras deficiências ou poucas

habilidades”, devido à sua incapacidade de concentrar-se em uma única atividade e

ao constante bombardeamento de estímulos, o TDAH pode ficar estressado, e,

assim, passar a ter muitos problemas secundários. Essa sua “instabilidade atentiva”

muitas vezes a faz sentir-se isolada e segregada dos colegas, não entendendo por

que é tão diferente. Entretanto, quando existe motivação e interesse nas atividades

escolares ela poderá passar da desatenção para a atenção sustentada.

Porém, se a convivência da criança hiperativa se restringe ao núcleo familiar,

muito dos comportamentos primários não passarão de: “é a idade”, “criança quieta é

criança doente”, ou seja, ela acaba por deixar de revelar sua problemática,

pois muitas de suas características repousam em estado de latência, protelando

assim, o diagnóstico e o tratamento que a fariam não evoluir para os problemas

secundários que são muito mais prejudiciais, pois atingem a todos (CYPEL, 2003).

Pode-se concluir que as crianças com TDAH não só sofrem com os sintomas

típicos a sua perturbação, como também com os impactos negativos do seu

comportamento. Para a criança talvez o maior impacto da hiperatividade seja o fato

de serem frequentemente rejeitadas pelos seus colegas. As dificuldades escolares e

de relacionamento social podem ser conseqüências em longo prazo. A família vê a

criança como um fardo. Os pais e cuidadores ficam irritados, frustrados e muitas

vezes intolerantes, sem saber o que fazer. Para a sociedade, não passam de

crianças “problemáticas”, “irresponsáveis”, “sem limites”, “desinteressadas” e

“desobedientes”.

A verdade é que a criança com TDAH na escola, na família e na sociedade,

está sempre fora do contexto, como se tentássemos “encaixar um prego quadrado

num buraco redondo”. A questão principal na promoção do sucesso está em tornar

cada dia o melhor possível para a criança portadora de hiperatividade.

Citando um exemplo prático de criança hiperativa, Goldstein & Goldstein

(2001, p. 105), relatam sobre Josh, da seguinte forma:

Josh é um garoto de oito anos de idade da segunda série. Ele é

um desafio para seus professores. Embora tivesse o mesmo

Page 24: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

23

tamanho e jeito que as outras crianças, sua professora do

jardim da infância frequentemente o descrevia como imaturo.

Apesar de dois anos de préescola, Josh parecia incapaz de se

ajustar à rotina do jardim de infância. Não prestava atenção,

não terminava nem mesmo suas tarefas mais simples, ficava

inquieto e agitado em sua carteira, era muito emotivo, gritava

frequentemente, tornava-se super excitado por nada e

frequentemente chamava a atenção para si de uma maneira

negativa. Embora Josh apresentasse capacidade escolar,

muitas vezes não consegui terminar o seu trabalho e, segundo

sua professora, parecia ser lento em apreender novas idéias

escolares. Com as outras crianças, Josh era impulsivo, e

frequentemente se comportava de uma maneira imprópria e, por

isto, logo foi excluído de suas atividades sociais. Na segunda

série, este padrão tinha se intensificado. Como consequência de

sua frustração, Josh se transformou no palhaço da classe.

Porque continuava a sentir dificuldades em terminar uma tarefa,

ele frequentemente buscava encontrar motivos para não

terminar o dever de casa. Josh continuava a ter problemas com

as outras crianças e em resposta à rejeição por parte delas

tinha se envolvido em muitas brigas. Era também incapaz de

participar, de uma maneira ativa e correta, das instruções em

grupo. Josh estava se tornando cada vez mais ciente de seus

problemas. Seus pais e professores tinham se exaurido e a

todos os seus recursos na tentativa de entende-lo e ajuda-lo a

se sair bem na escola.

Passando para a idade escolar, a criança hiperativa passa a se aventurar no

mundo e já não tem a família para agir como amortecedor. O comportamento que

antes era considerado engraçado deixa de ser tolerado. Esta criança precisa saber

que existem regras novas, e que ela precisa lidar com estas. Então, seu

comportamento passa a ocupar uma quantidade desproporcional do tempo do

professor, e assim, esta atenção por parte deste professor se apresenta como

Page 25: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

24

negativa pelo fato de a criança não estar fazendo o que se espera dela. Insto

contribui para uma maior desintegração da turma.

Além desse problema, Goldstein & Goldstein (2001, p. 106) afirmam que,

segundo alguns pesquisadores, as crianças hiperativas simplesmente não são tão

inteligentes quanto as outras crianças, embora esta seja uma declaração que exige

cautela. Desta criança, exige-se que não apenas exiba as aptidões que estão sendo

avaliadas, mas também possuir a capacidade de ouvir e seguir instruções, prestar

atenção e persistir até que a prova seja completada. A criança deve também ser

capaz de parar para pensar qual seria, entre as várias opções, a melhor resposta

possível.

De acordo com Goldstein & Goldstein (2001, p. 107), “Talvez as crianças

hiperativas não aprendam tão bem quanto as outras crianças da escola e muitos têm

um comprometimento tão grave em sua capacidade de aprender que se poderia

dizer que são incapazes de aprender”. Sugeriu-se que estas crianças não

conseguem completar suas tarefas, não apenas por causa da sua desatenção, mas

porque seriam menos capazes de aprender que as outras crianças.

Ainda outro exemplo prático, citado por Hallowell & Ratey (1999, p. 85), relata

o caso de Will, um garoto considerado imaginativo, mas irritante com o passar do

tempo, pela sua dificuldade de entrar na linha:

Creche, 1975: Will é um menino ativo, imaginativo e amigável. Adora as

pessoas na escola. Passa a maior parte do tempo em brincadeiras teatrais com seu

melhor amigo – em geral representando algum tipo de super-herói em alguma cena

de perseguição. Isso envolve proezas físicas imaginárias e ousadas;

Jardim de Infância: Will desfruta uma posição invejável no jardim de infância.

Todos o adoram. Will tem verdadeiro talento para imaginação, fantasias, que pode

ser usado em seu benefício, mas também pode torna-lo distraído;

Primeira Série: A capacidade de Will parece exceder seu desempenho em

termos de produtividade. Ele é um bom leitor, escreve histórias interessantes e

geralmente engraçadas e tem boa compreensão da leitura. No entanto, fica

enrolando no trabalho de sala de aula e demora mais do que se poderia esperar

para solucionar os exercícios dos livros. Expressa suas idéias de maneira

sofisticada, mas seu discurso é imaturo.

Page 26: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

25

Em alguns momentos Will funciona bem de maneira independente, mas, em

outros, suas conversas com seus amigos interferem em seu trabalho. Não é zeloso

com o seu material ou com a aparência de seus trabalhos. Will precisa aprender a

seguir as instruções com mais esmero.

Terceira Série: Will não é capaz de aproveitar as oportunidades oferecidas

na escola, pois a relações sociais ocupam grande parte do seu tempo e energia,

neste período letivo. Tem alguma dificuldade em ordenar suas idéias, precisando

desenvolver uma abordagem gradual. Will teria muito maior satisfação com seus

resultados se se envolvesse mais com seus trabalhos.

Quarta Série: Will começou o ano fazendo um trabalho admirável, com base

no conceito da linha reta. Apresentou uma solução original, o que, junto com

experiências anteriores, fez com que eu tomasse consciência de seu potencial

artístico.

Por outro lado, todos os seus demais trabalhos vêm sendo executados de maneira

desleixada, e seu comportamento geral tem deixado muito a desejar. Sua mente não

consegue concentra-se nos trabalhos, e ele não dá a seu talento a chance de se

manifestar. Gostaria de ver Will esforçando-se para ficar quieto na sala de aula.

Sexta Série: Will ainda não concluiu muitos de seus projetos. Parece trazer

alegria para o ambiente de aprendizagem. Sua falta de habilidade para organizar-se

continua a interferir no seu progresso escolar.

E assim, a vida deste aluno prossegue, com alterações de comportamento,

altos e baixos em seu aprendizado. Às vezes, seu comportamento agride aos

componentes da turma, deixando o professor muito insatisfeito, mas a melhora

existe. No caso de Will, com o passar do tempo, seu desempenho passa a melhorar,

e isso leva seus professores a elogiar a melhora no desempenho de Will. Entretanto,

como no caso de tantos alunos TDAH, a dificuldade se faz presente no

comportamento deste aluno.

Apesar de o TDAH contar com uma longa história de estudos empíricos e

numerosas linhas de investigação, ainda não existe consenso entre os especialistas

sobre os termos mais adequados para sua definição teórica. Por outro lado, a

maioria dos investigadores concorda com que este se caracteriza por um

padrão persistente de falta de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Arango e Jiménez apud Condemarín et al, 2006, p. 24) acrescentam que a

freqüência e severidade desses sintomas são maiores que o habitualmente

Page 27: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

26

observado em um indivíduo com um nível comparável de desenvolvimento, e,

afirmam, ainda, que essas crianças correm um risco maior de apresentar

problemas de conduta, de aprendizagem, de depressão e de deserção escolar.

Page 28: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

27

CAPÍTULO III

A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA E DO

PSICOPEDAGOGO NO TDAH

O comportamento TDAH traz ao estudante, principalmente no início de

sua vida escolar, problemas emocionais de rejeição, dúvidas quanto à sua

capacidade intelectual, baixa autoestima e várias outras situações que podem

agravar seu quadro clínico. Isso acontece quando não se busca precocemente ajuda

profissional, e também quando o professor não procura se conscientizar de que é

preciso intervir com procedimentos adequados, a fim de minimizar não somente as

dificuldades de um aluno com esse transtorno, mas também todo o ambiente de sala

de aula que, estará se beneficiando desses procedimentos.

Goldstein & Goldstein (1994, p. 32) destacam que,

Para que haja uma reestruturação eficiente da classe escolar,

na qual existe a presença de um aluno hiperativo, é

essencial que o professor estabeleça objetivos realistas

que venham atender as expectativas dentro do limite das

possibilidades e que seja possível mantê-las, de modo a levar

em conta as necessidades desse grupo, como por exemplo,

sabemos que o TDAH limita a capacidade de aquisição rápida

de criança,

Logo, essa criança necessita de uma atenção especial e mais cuidadosa, um

trabalho amplo, fazendo uma ponte entre casa/escola/terapia, entretanto, a

desinformação de professores, diretores e toda uma equipe de apoio sobre a

problemática do TDAH; classes superlotadas sem professores capacitados para

lidar com essa criança TDAH geram grandes dificuldades de manejo. Sendo assim

é preciso conscientização.

Essa questão de classes superlotadas está longe de ser solucionada.

Além disso, percebe-se também o pequeno espaço para esse grande número

Page 29: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

28

de alunos, e assim, a criança portadora de TDAH acaba não tendo o

atendimento exclusivo e nem o espaço de que necessita. A professora deste

aluno TDAH faz o possível, mas chega um dado momento em que não depende

somente dela, e sim da equipe de coordenação e direção, no qual a professora

destaca ter pouco apoio.

Segundo Rief (apud ROHDE e MATTOS, 2002, p. 206), “é necessário

modificar vários aspectos no processo ensino-aprendizagem do aluno TDAH, como

o meio ambiente, a estrutura da sala de aula, os métodos de ensino, os materiais

usados, o nível de apoio (...)”, enfim, mudanças que permitam a esta criança

hiperativa uma integração social mais ampla e adequada. É importante que o

professor tenha em mente que é preciso tentar várias intervenções até que algum

resultado positivo apareça.

Sendo assim, uma programação com o objetivo de se ter uma sala de aula

“ideal” deve ser composta por objetivos que venham atender às necessidades e as

possibilidades de cada aluno (coletivamente e individualmente); o conteúdo deve

visar o desenvolvimento global do aluno e não apenas o aspecto cognitivo

intelectual. Laccino (2006, p. 15) aponta que

É necessário desenvolver uma visão maior do todo com o

ser humano, que é composto por mente e corpo, tornando-

se assim um indivíduo; a metodologia deve ser flexível,

visto que os alunos são diferentes e apresentam ritmos

diferentes (é interessante que o educador tenha

conhecimento sobre os vários métodos de ensino, e assim

aplicá-los quando houver necessidade); a avaliação deverá

visar o nível de competência, o estilo de aprendizagem,

como resolve as tarefas, interesse, esforço que faz para

atender as demandas e solicitações do meio, bem como o de

controlar o seu comportamento.

Por outro lado, Goldstein & Goldstein (1994, p. 106) destacam que as

avaliações tradicionais muitas vezes refletem somente sua hiperatividade e se

esquecem do seu potencial intelectual.

Page 30: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

29

Para que isso não aconteça deve-se contar com o grupo de apoio da

escola em conjunto com outros profissionais que colaboram com o processo

ensino-aprendizagem deste aluno. Colocados de maneira esquematizada, estes são

os elementos básicos que o professor deve utilizar para obter resultados positivos

nas atividades com seus alunos dentro da sala de aula, sobretudo

representam elementos-chaves para o sucesso não só dos professores e dos

outros alunos da classe, mas principalmente dos alunos TDAHs.

Para Goldstein & Goldstein (2001, p. 32), “O ambiente escolar “ideal” para a

criança ou adolescente hiperativo deve ser organizado, dispor de regras claras, uma

programação previsível, recompensas e punições consistentes”. Daí, a necessidade

de rotinas bem programadas com horário para os afazeres, trabalhos escolares,

lazer e televisão. Regras claras e concisas de comportamento são essenciais para o

hiperativo, bem como conseqüências por sua transgressão, e, isso vale tanto para o

ambiente escolar como para o ambiente familiar.

Um local específico, com o mínimo de distração é ideal para garantir os

afazeres escolares. “As punições devem ser breves, imediatas e firmes, jamais

prometa algo que não possa cumprir e se prometer uma punição cumpra, é preciso

demonstrar controle sobre o ambiente” (Zagury, 2003). Responsabilidade breve

e freqüente é importante para se sentir integrada ao meio, é preciso que o

professor se conscientize de que esses fatores ou intervenções de manejo irão

ajudar muito o seu aluno hiperativo e a sua dinâmica na classe.

3.1. PROFESSORES, ORIENTADORES EDUCACIONAIS E O TDAH.

Segundo, Rodhe e Mattos (2003, p. 200), a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB) 9.394/96 dedica um capítulo específico à educação especial,

deixando bem claro o papel e as obrigações das instituições sobre a adequação do

ensino aos alunos com necessidades especiais, entre os quais poderíamos incluir o

TDAH, embora esse transtorno não seja citado.

No seu artigo 59, está exposto:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades

especiais:

Page 31: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

30

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específica para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e

aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os

superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.

Portanto, a possibilidade de flexibilidade na “implementação” de currículos

adaptados, com processos de avaliação diferenciados e estratégias individualizadas,

é amplamente prevista e incentivada pelo órgão regularizador, e que tais

acomodações devem ser fundamentais nas necessidades educacionais

(acadêmicas) reais do aluno. Na escola observada não podemos perceber isso na

realidade prática, o que se pode perceber é a falta de compromisso da instituição

escolar e com essa criança, onde não existe um acompanhamento verdadeiro

ou adaptações a essa criança, nem por parte da coordenação e nem por parte

da direção.

De acordo com Rief (2004, p. 52), existem inúmeros fatores a serem

considerados quando se trabalha com alunos portadores de TDAH. Ela

desenvolveu uma lista (mais útil possível) que vai influenciar a maneira como esses

alunos aprendem e os professores ensinam. Certamente que essa lista também

influencia o trabalho de orientadores educacionais. Em outras palavras, sabe-se

que o maior problema de um portador de TDAH diz respeito à atenção, e,

que esta é menor frente a estímulos externos. Menor no que se refere ao

tempo em que à criança fixa sua atenção aos estímulos. Portanto, o mais difícil

para ela é finalizar uma tarefa, pois assim que começa uma já está prestando

atenção em outra o que acaba resultando em dificuldades escolares.

Rohde e Mattos (2002, p. 22) apontam que, “Tanto os pais, quando os

professores, orientadores educacionais e o médico que acompanha a criança devem

manter um contato estreito”. Orientadores educacionais que trabalhem com alunos

que apresentam problemas de hiperatividade devem ter muita paciência e

disponibilidade, pois eles precisam de muita atenção. A criança hiperativa

geralmente possui baixa auto-estima pelo fato de apresentar dificuldades na

Page 32: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

31

concentração e os professores que não conhecem os problemas relacionados ao

TDAH consideram-na como exemplo negativo para os demais alunos.

Assim, de acordo com Rohde e Mattos (2002, p. 23), “É fundamental que a

escola tenha uma equipe de professores e orientadores educacionais que estejam

familiarizados com conceitos básicos sobre o TDAH, ou que, pelo menos, tenham

interesse em discuti-los”.

Recaem sobre os orientadores educacionais algumas responsabilidades

pertinentes aos alunos TDAH, a saber:

Estes devem desenvolver a capacidade de distinguir entre

problemas que resultam de incapacidade e problemas que

resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os primeiros

devem ser tratados através da educação e desenvolvimento de

habilidades. Os outros são resolvidos de maneira satisfatória

através de manipulação das conseqüências (SILVA, 2003,

p.35).

Além disso, estes devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de

maneira positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança

o que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está fazendo.

Como passo adicional, os orientadores educacionais deveriam escolher quando e

como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando

conseqüências imediatas para comportamentos que não podem se ignorados e

usando o sistema de créditos ou pontos.

Silva (2003, p. 36) reforça ainda que:

Os Orientadores educacionais devem aprender a reagir aos

limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o

diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer

modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser

consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de

maneira clara e concisa. Atividades ou situações em que já

ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente

planejadas.

Page 33: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

32

No que diz respeito ao papel dos professores na sala de aula, não somente

Rief (2004), como também Condemarín et al (2006) e Benczick (2002) destacam

que é preciso que o professor de sala de aula reflita sobre alguns desses fatores

abaixo e perceba a importância deles para se lidar com alunos portadores de TDAH,

buscando aplicá-los, de acordo com as possibilidades, no grupo escolar como um

todo, e, que venha a constatar que a sua aplicabilidade funciona em toda a classe

e não somente a um pequeno grupo de alunos hiperativos. São eles:

• Flexibilidade, comprometimento e vontade do professor em trabalhar

com o aluno num nível pessoal. Isso significa disponibilizar tempo, energia e esforço

extra para realmente escutar o aluno, dar apoio e fazer mudanças e

acomodações necessárias, ou seja, perguntar como ele acha que pode

aprender melhor. A criança poderá se sentir mais segura sabendo o que é

esperado dela em determinado momento. Envolver-se mais com o aluno para

despertar nele a motivação, o interesse e a responsabilidade.

• Comunicação constante entre a casa e a escola. Se você quer ser

bem sucedido com alunos com TDAH, precisa de apoio, cooperação e uma

comunicação aberta com seus pais.

• Proporcionar clareza e estrutura da aula para o aluno. Alunos com

problemas de atenção precisam de uma sala de aula estruturada. Uma sala

de aula estruturada não é, necessariamente, uma classe tradicional, séria, rígida,

com poucos estímulos auditivos e visuais (cartazes, calendários e músicas – ótimo

instrumento para relaxar). As salas de aulas podem ser estruturadas da

maneira mais criativa, convidativa, colorida, ativa e estimulante sem exageros.

A estrutura que esses alunos necessitam vem através da comunicação clara,

direta e curta; regras e conseqüências bem explicitadas; tarefas acadêmicas

estruturadas em partes, com o professor instruindo e mostrando como fazê-las,

dando regras claras e estabelecendo padronização além de proporcionar retorno

sobre o trabalho feito.

Os alunos necessitam de assistência para organizar seu material, a dinâmica

do trabalho de grupo, o tomar decisões e os períodos de transição. Seu dia precisa

ser estruturado de maneira a alternar períodos de atividade e períodos tranqüilos.

Não importa o estilo de ensinar do professor ou o ambiente da sala de aula,

é sempre possível propiciar uma estrutura que favoreça o sucesso do aluno.

Page 34: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

33

Estratégias de ensino criativas, atraentes e interativas, que mantêm os alunos

envolvidos e interagindo com seus colegas, são muito importantes. Alternar

atividades mais envolventes com as menos interessantes, evitar tarefas

monótonas e repetitivas, dando retorno constante e imediato. Incentivar a

leitura em voz alta, falar por tópicos, ajudando a organizar idéias. Dar

recompensa para a tarefa desempenhada com um reforço por sua melhora

(sentar na cadeira do professor, apagar a lousa, levar recados, arrumar as

carteiras) e utilizar todos os recursos disponíveis que tornam uma aula mais

interessante e mais dinâmica, e não somente a voz (gravador, computador, retro

projetor, muita cor - giz colorido para a lousa -, revistas para recortes, música,

atividades na biblioteca, atividades fora da classe ao ar livre e etc.). Segundo

Benczik (2002, p.87), “muitas dessas crianças aprendem melhor visualmente do

que por meio de exposição oral”.

Rief (2004), Condemarín (2006) e Benczick (2002) ainda destacam

alguns fatores que precisam ser refletidos e mudados em sala de aula, e também na

parte administrativa escolar, são eles:

• Trabalho de equipe em benefício do aluno com TDAH. Ensinar em

equipe permite uma visão diferente de cada criança. Os problemas sociais e

comportamentais que eles frequentemente apresentam pedem orientação, daí ter

na escola um serviço de orientação educacional que poderá ajudar de várias

maneiras, como: na modificação do comportamento, treinamento em hábitos

sociais, técnicas de relaxamento e no controle da agitação. A comunicação do

professor com a equipe é muito importante, pois facilita o trabalho de todos.

• Apoio administrativo. É importante que os administradores estejam

conscientes das características e estratégias para lidar de maneira eficiente com

alunos portadores de TDAH, de modo que possam apoiar o professor no seu

trabalho com as crianças que perturbam o meio ambiente.

Além disso, uma das chaves para o sucesso é a comunicação e a cooperação

casa-escola.

• Respeitar a privacidade do aluno e os aspectos confidenciais. É importante

que as notas individuais do aluno, os resultados de testes, assim como os

assuntos relacionados com os medicamentos utilizados, não sejam divulgados.

Em função da ética profissional.

Page 35: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

34

• Modificar tarefas, reduzir o trabalho escrito. Aquilo que uma criança comum

leva 20 minutos para fazer, frequentemente custa a este aluno horas para

completar (especialmente os trabalhos escritos). Não há necessidade de fazer todas

as folhas do caderno de exercício, todos os problemas de matemática ou todas as

redações. Importante é despertar o interesse desse aluno para as tarefas. Ser

flexível do suficiente para fazer exceções. Permitir que o aluno faça um número

razoável de exercícios (exemplo: meia página, 2 problemas em vez de 4). Encontrar

maneiras alternativas de mostrar o conhecimento (respostas orais ou ditadas).

Ser sensível ao extremo esforço físico que representa para eles escrever algo que

parece muito simples. A datilografia e a digitação de textos devem ser opções.

• Limitar a quantidade de tarefas para casa. Muitos professores mandam para

casa qualquer trabalho que não foi completado em sala de aula. Lembrar que, se o

aluno foi incapaz de completar a tarefa durante um dia inteiro na escola,

provavelmente não vai completá-la durante aquela noite. É preciso ter em mente

que a lição de casa tem o objetivo de revisar e praticar o que foi aprendido

em sala de aula, acima de tudo, não deve ser jamais conseqüência de mau

comportamento na escola.

• Propiciar mais tempo para as tarefas. Esses alunos (frequentemente,

crianças muito inteligentes), muitas vezes sabem a informação mas não

conseguem escrevê-la, principalmente em testes. Ser flexível e permitir que os

alunos com essa dificuldade tenham tempo extra para fazer testes e/ou possibilitar

que sejam testados oralmente.

• Sensibilidade do professor em não constranger ou humilhar alunos na frente

de seus colegas. Alunos com TDAH normalmente se consideram fracassados. A

auto-estima deles é frágil. Reconhecer os esforços, a mudança de comportamento

e chamar a atenção da conduta correta da criança e não para os erros é

uma forma de ajudá-los. Preservar a auto-estima é fator primordial para

realmente ajudar essas crianças a serem bem sucedidos na vida. O prejuízo à

auto-estima é mais devastador do que o TDAH em si.

• Ajudar na organização. Alunos com TDAH têm um problema sério

com organização e hábitos de estudo. Precisam de intervenção extra para garantir

que as tarefas sejam registradas corretamente (agendas, pastas, blocos de

anotação), que seu lugar de trabalho e os materiais estejam organizados, que

Page 36: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

35

cadernos e carteira sejam revistos de tempos em tempos para diminuir o

excesso de coisas desnecessárias, e para verificar se estão utilizando

estratégias específicas para estudar.

• Modificações ambientais. O ambiente da sala de aula é um fator muito

importante na maneira como os alunos se comportam. Devido à variedade de estilos

de aprendizagem, deve haver opções ambientais para os alunos que atendam às

necessidades de como e onde eles trabalham melhor. O lugar que o aluno senta

faz uma diferença considerável. Iluminação, móveis, lugar, ventilação, materiais

expostos, cor, áreas de relaxamento e a possibilidade de isolar as distrações

durante o trabalho escrito – tudo isso deve ser cuidadosamente considerado.

Organizar a sala de aula com a certeza de que a maioria dos alunos com TDAH

precisa estabelecer contato olho-no-olho com o professor, estar sentado perto

de alunos concentrados e não perto daqueles que vão incentivá-lo a

incomodar os outros e todo o ambiente da classe. Há muitos fatores ambientais

que podem ser modificados e regulados para melhorar o desempenho em sala de

aula de alunos com TDAH.

• Valorizar as diferenças dos alunos e ajudar a ressaltar seus pontos fortes.

Propiciar muitas oportunidades para que eles possam demonstrar aos colegas

aquilo que fazem bem. Reconhecer a diversidade dos estilos de aprendizagem e

das diferenças individuais na sua sala de aula. Assinale e elogie os sucessos

da criança tanto quanto for possível; valorize suas qualidades e atitudes

positivas. Ela já convive com tantos fracassos que precisa de toda estimulação

positiva que puder obter.

• Ajudar a manter a atenção nas atividades e tarefas rotineiras. Alunos

com TDAH têm problemas sérios com a atenção e concentração o ideal é fazer a

tarefa em pequenas partes para que possa ser completada em diferentes

tempos; identifique o que a criança gosta de fazer e use essa atividade para atrair

sua atenção; sugerir que a tarefa menos interessante seja feita antes da preferida;

usar menos ortografia; dar trabalhos em duplas e coletivas e, principalmente,

trazer novidades (jogos que levem ao conhecimento), especialmente em tarefas

longas. Dar o conteúdo passo-a-passo, verificando se houve aprendizado a cada

etapa.

Page 37: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

36

• Intervenções para baixa produção de escrita. Dar a opção de colorir, circular

ou sublinhar partes do texto em que à criança geralmente falha ao fazer seu

trabalho escrito; não fazer a criança recopiar a tarefa e reduzir o trabalho

escrito ao máximo.

• Estimular o planejamento das atividades. Alunos TDAH, geralmente

demonstram dificuldades em planejar o modo como vai fazer cada tarefa, visto

que são tantas idéias que circulam em sua mente, o que requer orientações.

Um bom começo é ensinar-lhes a fazer anotações em três colunas, salientando

os pontos mais importantes, os de apoio e as dúvidas, além de ensinar-lhes a

administrar o tempo que será necessário para a realização das atividades.

• Acreditar no aluno. Não desistir quando as intervenções ou estratégias A, B

e C não funcionam. Sempre vão existir os planos D, E, F... Ser bem sucedido exige

voltar frequentemente à prancheta. Essas crianças valem o tempo extra e o esforço

despendido, quando se pensa com lógica inclusiva.

O professor deve levar em conta que não há uma solução fácil para lidar com

as crianças portadoras de TDAH na sala de aula. O importante é trabalhar visando o

seu aspecto global (cognitivo, afetivo, social e motor), e utilizar as sugestões

que melhor se adequar à realidade da instituição, não esquecendo que o mais

relevante nesse processo de ensino-aprendizagem é o aluno, seja ele

hiperativo, com necessidades especiais ou normais.

Sobretudo, é inquestionável o apoio, termos paciência, compreensão e

conhecimento para entendermos um ser humano com hiperatividade,

principalmente, por tudo o que foi posto neste trabalho. Portanto, que todos

se dediquem para melhor ajudar o portador de TDAH valorizando sempre seu

esforço para ser aceito, suas qualidades e atitudes positivas, pois, na verdade,

eles se sentem tão frustrados quanto seus professores, quando não aprendem.

Page 38: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

37

CONCLUSÃO

Apesar dos avanços nos estudos do TDAH, as relações entre esse transtorno

e as dificuldades de aprendizagem ainda não estão bem esclarecidas. Este trabalho

pretendeu estabelecer as relações entre o TDAH e o sintoma na aprendizagem,

diferenciando dificuldades que se apresentam decorrentes do transtorno, dos

sintomas na aprendizagem causados por co-morbidades e relações familiares

confusas e pouco afetivas.

É importante salientar que nem toda a criança ou adolescente com TDAH

apresenta dificuldades de aprendizagem. Em alguns casos, as dificuldades de

atenção podem ser compensadas pela inteligência, pelo interesse pelo

conhecimento e por condições de ensino adequadas. A escola é muito importante

para o desenvolvimento do portador de TDAH, e faz-se necessário o uso de

intervenções específicas para a realização na sala de aula, com o intuito de ajudar a

aprendizagem dessas crianças e adolescentes.

É muito importante que os professores mostrem-se abertos à mudança e

compreensivos quanto ao TDAH, buscando informação e transformação da atuação

pedagógica, com mudança na organização da sala de aula, estruturar a aula com

rotinas e prevenção de situações de conflito, bem como oferecer apoio afetivo.

O TDAH é uma patologia orgânica que, em muitos casos, requer medicação,

como complemento a uma abordagem terapêutica interdisciplinar. No entanto, deve

ser diagnosticada com profundidade, pois uma criança ou adolescente pode estar

inquieta ou distraída por muitos motivos, e não necessariamente devido a um

transtorno. Inquietação pode ser um indicativo de que possui uma inteligência ativa,

questionadora e faltam estímulos adequados no meio familiar e escolar, estar no

“mundo da lua” pode ser uma forma de mobilizar inconscientemente a atenção em

relação a múltiplos problemas emocionais e de aprendizagem, que não estão tendo

o devido cuidado.

Nessa perspectiva, é crescente a importância da Psicopedagogia nos estudos

do TDAH e suas implicações no sintoma na aprendizagem.

Page 39: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENCZIK, E. B. P. TDAH: Atualização Diagnóstica e Terapêutica. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. CONDEMARÍN et al. Transtorno do Déficit de Atenção: Estratégias para o diagnóstico e a intervenção psicoeducativa. 1. ed. 1. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006. CYPEL, S. A Criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade: Atualização para pais, professores e profissionais de saúde. 2. ed. São Paulo: Lemos Editorial, 2003. GOLDSTEIN, S., Goldstein, M. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. São Paulo, Papirus Editora, 1994. ________. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. Ed. 6. Campinas, SP: Papirus, 2000. ________. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. Ed. 6. Campinas, SP: Papirus, 2001. HALLOWELL, Edward; RATEY, John J. Tendência à Distração. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico.4. ed. São Paulo: Atlas, 1992. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. PATTON, Michael Q. Qualitative evaluation methods. Beverly Hills, CA: Sage, 1980. RIEF, S. Hiperatividade: Fatores Importantes no Trabalho com Alunos Portadores de TDAH (2004). Disponível em <http://www.hiperatividade.com.br >. Acesso: 03 jan. 2009. ROHDE, L. A.; MATTOS, Paulo e (Cols.). Princípios e Práticas em TDAH. 1. ed Porto Alegre: ARTMED, 2002. SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: Entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. 5. ed. Rio de Janeiro: Napades, 2003. TOPCZEWSKI, A. Hiperatividade: Como lidar? 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. ZAGURY, Tânia. Limites sem trauma. 57. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Page 40: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

39

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A Influência do Déficit de Atenção no Desenvolvimento

Acadêmico do Aluno

Autor: Ideri Luiz Teodoro

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Page 41: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

40

ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS

Embora a confirmação do diagnóstico de TDAH exija procedimentos

rigorosos, alguns nomes famosos são apontados como sendo hiperativos. Em

comum com os milhares de anônimos que nasceram com TDAH, esses ilustres

escreveram uma história de superação. Confira:4

Beethoven (1770-1827) – compositor.

Cher – atriz/cantora.

Leonardo da Vinci (1452–1519) – inventor/artista plástico.

Walt Disney (1901–1966) – criador do império Disney. Um editor de jornal o demitiu

porque ele não tinha boas idéias.

Thomas Edison (1847–1931) – inventor da lâmpada. Suas professoras disseram que

ele era tão estúpido que não seria capaz de

aprender nada.

Albert Einstein (1879–1955) – físico. Só falou com

quatro anos de idade e só leu aos 7 anos. Whoopi Goldberg – atriz.

John Lennon (1940–1980) – compositor, um dos

integrantes dos Beatles.

Abraham Lincoln (1809–1865) – presidente dos

EUA.

Sir Isaac Newton (1642–1727) – cientista e

matemático.

Steven Spielberg – diretor de cinema.

4 Fonte: http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=62&materia=525. Acesso em 16 mar. 2009.

Page 42: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

41

ANEXO 2 - Sugestões para Intervenções do Professor

Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode

fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:

Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma

arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente

definidas)

Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do

professor, na parte de fora do grupo.

Encorajar freqüentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças

desanimam facilmente. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que

se sintam necessárias e valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente

mudar para mais complexas.

Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de

madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude.

Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.

Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer

oportunidades sociais.Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores

resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos

pequenos.

Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor

para o seu filho.

Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores

resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com

freqüência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a

atenção, e isso vai ajudar a auto-percepção.

Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à

secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as

plantas ou dar de comer ao mascote da classe.

Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as

deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um

tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma

tarefa durante todo o período da aula.

Page 43: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

42

Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido

ou bem planejado.

Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da

comunidade. Avaliação freqüente sobre o impacto do comportamento da criança

sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante.

Favorecer freqüente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra

sobre a criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um

auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço

positivo e incentivo para um comportamento mais adequado.

Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e

proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a

desenvolver um comportamento adequado.

Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez,

com um mínimo de distrações.

Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para

diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para

atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo.

Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como

exercícios de alongamento ou isométricos.

Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança

pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da

atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual

de treinamento.

Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso

pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma

intervenção adicional.

Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito

sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja.

Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão,

tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando

as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos,

movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo

extra para completar sua tarefa.

Page 44: IDERI LUIZ TEODORO Orientadores - avm.edu.br€¦ · ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS ..... 40 ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ..... 41 . 8 INTRODUÇÃO O presente

43

Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o

programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer

mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração.

Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da

escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.5

5 Fonte: http://www.hiperatividade.com.br/article.php?sid=14. Acesso em 07 mar. 2009.