Monografia A Lei de Moisés com Instrumento da Aliança.pdf

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    SEM INRIO PRESBI TERIANO BRASIL CENTRAL

    MONOGRAFIA

    A LEI DE MOISS COMO INSTRUMENTO DA

    AL IANA:

    Numa Perspectiva Paulina em Glatas.

  • 5/27/2018 Monografia A Lei de Mois s com Instrumento da Alian a.pdf

    Francisco de Assis Arajo Ribeiro

    Goinia / novembro de 1998

    SEM INRIO PRESBI TERIANO BRASIL CENTRAL

    MONOGRAFIA

    A LEI DE MOISS COMO INSTRUMENTO DA

    AL IANA:

    Numa Perspectiva Paulina em Glatas

    Monografia com o tema: A Lei de Moiss como

    Instrumento da Aliana, em cumprimento da exigncia do

    Seminrio Presbiteriano Brasil Central, com vistas Colao

    de Grau, do curso de Bacharel em Teologia.

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    Francisco de Assis Arajo Ribeiro

    Goinia / novembro de 1998

    SEM INRIO PRESBI TERIANO BRASIL CENTRAL

    FOLHA DE APROVAO

    Or ientador: Reverendo Jer Corra Batista

    Aval iao:

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    Rev. Jer Corra Batista

    AGRADECIMENTO

    Agradeo a Deus pelo milagre da salvao, do chamado ministerial

    e concluso do curso. Agradeo ao meu irmo Antnio pelo amor e

    a proteo de um pai, e aos demais familiares pelos constantes

    incentivos. Quero agradecer de uma forma especial Igreja

    Presbiteriana do Areo que sempre esteve comigo, sustentando-me

    financeira e espiritualmente em orao; ao Presbitrio Centro

    Amrica sustento financeiro; ao meu pastor e tutor, o Rev. Jeferson

    Novaes da Silva, que de uma maneira especial olhou para meu

    ministrio e me aconselhou no momento certo; ainda, ao Rev. Jer

    Corra Batista, que no somente foi um mestre exemplar, como

    tambm foi um grande amigo; e a todos aqueles que de maneira

    direta e indiretamente contriburam para que eu chegasse at aqui.

    Que Deus abenoe a todos. Amm!

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    DEDICATRIA

    Dedico esta monografia Junta Diaconal da

    Igreja Presbiteriana do Areo, da qual eu fiz

    parte por algum tempo. Lembrando que foi na

    J.D.I.P.A., que eu aprendi as primeiras lies

    de liderana. Que Deus abenoe a todos vs.

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    SUMRIO

    Pginas.

    INTRODUO..................................................................................................................08

    1. DEFINIO DE TERMOS........................................................................................111.1Lei em Paulo............................................................................................................11

    1.1.1 Lei e Judasmo.............................................................................................131.2Aliana em Paulo.....................................................................................................19

    1.2.1 A Aliana Pertence ao Povo de Israel..........................................................221.2.2 A Aliana como a Incontestvel Vontade de Deus......................................241.2.3 A Unidade da Aliana..................................................................................27

    1.2.3.1A Unidade do Deus da Aliana com o Seu Povo...................................281.2.3.2A Aliana Torna Possvel a Unidade entre os Povos.............................30

    2. DOUTRINA NA HISTRIA......................................................................................332.1Patrstica...................................................................................................................33

    2.1.1 Irineu............................................................................................................342.1.2 Tertuliano.....................................................................................................352.1.3 Clemente de Alexandria...............................................................................352.1.4 Joo Crisstomo...........................................................................................36

    2.1.5 Santo Agostinho...........................................................................................372.2Escolstica................................................................................................................382.3Reforma e Ps-Reforma...........................................................................................39

    2.3.1 Marinho Lutero.............................................................................................392.3.2 Joo Calvino.................................................................................................402.3.3 Luteranismo Ortodoxo.................................................................................412.3.4 Rudolf Bultmann..........................................................................................422.3.5 Nova Perspectiva......................................................................................43

    3. ANLISE TEOLGICA............................................................................................463.1Observaes Preliminares........................................................................................46

    3.1.1 Os Oponentes...............................................................................................463.1.1.1Judaizantes Judeus/Cristos.............................................................47

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    3.1.2 Propsito.......................................................................................................483.1.3 Estrutura.......................................................................................................50

    3.2. Alternativas de Interpretaes................................................................................543.2.1 Abordagem Antropolgica..............................................................................54

    3.2.2 Abordagem Sociolgica..................................................................................553.2.3 Abordagem Histrica das Funes da Lei.......................................................563.2A Lei como Instrumento da Aliana........................................................................59

    3.3.1 A Lei foi Acrescentada por causa das Transgresses, v. 19 (tw=nparabasewn

    xa\rin).................................................................................................59

    3.3.2 A Lei foi Acrescentada com a Funo Condenatria, vv. 22-23(sune/kleisen).............................................................................................................64

    3.3.3 A Lei foi Acrescentada com a Funo Supervisria, vv. 24-25(paidagwgo\j)..............................................................................................................69

    CONCLUSO....................................................................................................................73

    BIBLIOGRAFIA................................................................................................................76

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    INTRODUO

    Paulo tem sido o telogo mais pesquisado em todos os tempos. Principalmente no

    perodo da Reforma Protestante e depois dela. Em especial quando se refere Lei, Paulo

    tem sido centro de muitas interpretaes. Temos a viso tradicional, que mostra Paulo

    combatendo os judeus que tentavam justificar-se pelas obras da Lei. Nesse ponto de

    vista, o apstolo visto tendo conflitos entre Lei e justificao pela f. Tambm temos a

    interpretao dos telogos da Nova Perspectiva, afirmando que Paulo ao combater o

    judasmo no o fazia por causa de uma busca judaica da justificao pela f, mas por causa

    de uma viso sociolgica entre judeus e gentios.

    Desta forma, torna-se interessante saber qual a melhor interpretao deste assunto

    na perspectiva paulina. Qual ser o conflito de Paulo com os judeus cristo? sociolgica,

    psicolgica ou histrica? Se Paulo realmente combatia os judeus que buscava a justia

    pelas obras da Lei, ento devemos entender o motivo pelo qual Paulo o fazia.

    Sendo assim, qual a relevncia para o atual estudo? Qual o significado para a igreja

    do sc. XX? Cremos que esse assunto de extrema relevncia, no que tange a teologia de

    Paulo. E a igreja atual pode ser grandemente edificada tendo uma compreenso da graa de

    Deus, que no leva em considerao os mrito humanos para lhes dar a salvao. Portanto,

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    o que se prope uma reavaliao da Lei e seu papel dentro da histria da redeno. Para

    isso, tentaremos compreender melhor esse tema to importante para a teologia bblica.

    Diante desta realidade de discusso, interpretaes diferenciadas, faz-se necessrio

    entender qual a verdadeira funo da Lei dentro do processo pactual de Deus. Sabemos

    que a Lei tem origem divina, e portanto, tem um propsito bem definido. Qual ento o

    propsito da Lei? Por que foi a Lei adicionada por causa da transgresso?, Gl. 3:19; Por

    que todos foram encerrados no pecado e sob Lei at que viesse a f?, Gl. 3:23; Como a

    Lei serviu como pedagogo (aio) para conduzir at Cristo?, Gl. 3:24; E dentro destas

    indagaes, o que a Lei representa para a igreja hoje? Diante destes questionamentos,

    buscaremos entender o verdadeiro significado da Lei, e qual o seu significado depois da

    vinda do Descendente prometido da Aliana.

    Sabendo que a Lei assunto desenvolvido em toda a narrativa bblica, tendo em

    vista que, ela operou significativamente no perodo que precedeu a Moiss e opera

    significativamente no perodo posterior a Moiss. Esses aspectos da Lei, podem ser

    notados em cada uma das Alianas. Por exemplo, Ado recebeu a ordem que devia

    trabalhar para comer do suor do seu rosto o po at que se cumprisse a promessa do

    Salvador vindouro- Gn. 3:19; No, recebe o decreto da vontade de Deus com respeito

    disposio sobre os assassinos- Gn. 9:6; na disposio da Aliana com Abrao, ele deve

    deixar a casa de seus pais e obedecer a Deus e andar adiante em obedincia integral-

    Gn.12:1; 17:1.

    Contudo, essa Lei quando referida por Paulo, quase sempre com referncia Lei

    de Moiss. Em quase todas as ocorrncias onde Paulo se refere Lei, basicamente com

    referncia a Moiss, i., um sumrio externo da vontade de Deus. Na carta escrita aos

    Glatas, Paulo usa o termo Lei num aspecto negativo, exceto 6:2, para designar a Lei de

    Moiss. Ele tem como propsito, combater as propostas legalistas dos judaizantes, que

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    tinha como inteno buscar justia provinda desta Lei. Conhecendo o propsito de Paulo,

    quando ele se referia Lei, que quase sempre era combater as intenes do Judasmo, que

    buscavam justia pelas obras da Lei, nos limitaremos ao tema: A Lei de Moiss como

    Instrumento da Aliana:Numa Perspectiva Paulina na Carta aos Glatas.A Aliana

    servir como uma base de compreenso das funes da Lei dentro do seu escopo.

    O propsito desta proposta temtica, trabalhar o aspecto negativo da Lei,

    mostrando o papel transitrio da Lei de Moiss, tendo em vista que, a Lei cumpriu o seu

    papel em Cristo dentro do escopo da Aliana. Portanto, temos como propsito tratar deste

    aspecto, e chegarmos a concluso bem definida quanto a este assunto.

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    1. DEFINIO DE TERMOS.

    1.1 Lei em Paulo.

    No fcil falar da Lei de Moiss numa perspectiva paulina. Afirma-se isso devido

    as aparentes contradies que Paulo emprega quando usa o termo Lei. Ele fala que os

    praticantes da Lei ho de ser justificados- Rm 2:13 e afirma que, o homem que praticar a

    justia decorrente da Lei, viver por ela Rm- 10:5 cf. Lv 18:5; Gl 3:12. Todavia, Paulo

    afirma que nenhum homem ser justificado pelas obras da Lei, pois atravs da Lei ( dia

    gar no\mou) que vem o pleno conhecimento do pecado- Rm 3:20; que o homem

    levado morte pelo o legalismo, pois a letra mata (gramma apoktenei). A Lei exige

    perfeita obedincia e pronuncia a sentena de morte para os desobedientes: a letra mata.

    Essa Lei, de modo algum pode dar vida, pois a justia no procede dela- Gl 3:21.

    Sendo assim, fica evidente que Paulo tem uma interpretao dupla da Lei: uma

    legal (= uma demanda ou corpo de demandas), e o uso no-legal1. O uso de Lei como

    demanda ou corpo de demandas subdividida em geral e divina, e o uso no-legal em

    1Douglas J. Moo. Law, Works of the Law, and Legalism in Paul.(Westminster Theological Journal.Vl 45 n 01, 1983,) p 76

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    referncia ao Cnon em princpio, fora e autoridade. Douglas Moo 2faz a relao dos

    diferentes usos que Paulo faz de no\moje os textos em que ocorrem respectivamente.

    Essa tabela abaixo mostra os significados de no\mojnas suas respectivas ocorrncias:

    SIGNIFICADO TEXTO SINNIMO

    Referncia ao Cnon Rm.3:19,21b,31ab;

    ICo.14:21,34; Gl 4:21

    graf$, moushj,

    egrapta legei

    Princpio, Fora, Autoridade. Rm. 3:27a,b; 7:21-23 a,b, 25b;

    8:2a, 6; 9:31a,b

    Geralmente com Genitivo

    Geral (Uso Genrico) Rm. 2:14d; Gl. 5:23

    Uma demanda bsica (Geral) Rm. 2:14b,15, 26-27; 7:22-

    23b, 25a; 8:7; Gl. 3:21b

    Em sua forma Neo-Testament. Gl. 6:2

    Legalismo Rm. 3:21; 4:13-15a; 6;14-15;

    7:4-6; 10:4; Gl. 3:11,12, 17-

    19, 21abc; 4:4-5

    Gramma

    Um Mandamento especfico Rm. 7:2b,3 Entolh

    Corpo de Mandamentos Rm. 2:13ab, 25ab, 26-27ab;

    Gl. 5:3; 6:3

    Cumprida, Guardada,

    Transgredida

    Um Sistema ou uma

    Economia

    Gl. 2:19b, 3:23,24; 4:4-5, 21a;

    5:4,18; Ef. 2:5

    Diaqhkh, en, u(po,

    dia, xwrij

    Baseado em todos estes exemplos acima relacionados, vemos que o uso do termo no\moj

    pode ter vrios significados, dependendo de cada contexto.

    No obstante, a Lei possuir ambos aspectos, positivo e negativo, h uma

    predominncia maior do aspecto negativo do uso paulinos da Lei. Mesmo tendo a Lei

    numa caracterstica negativa quanto oposio ao judasmo, Paulo v a Lei como a

    2Ibid.

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    revelada vontade de Deus.3 Isto torna a Lei uma expresso divina que se origina nEle

    mesmo- Rm. 7:22, fazendo dEle o possuidor da mesma. Isso torna-a santa, justa, boa e

    tambm espiritual- Rm. 7:12,14. Todavia, a Lei tambm como vontade de Deus, dita as

    normas do prprio Deus num aspecto extremamente negativo: A Lei fala contra o homem,

    tornando-o culpado perante Deus- Rm. 3:19; ela suscita a ira de Deus contra a transgresso

    do homem4- Rm. 4:15; ela regulamenta a vida do homem- Rm. 7:1; etc...

    Considerando o contexto em que, quase sempre Paulo empregava o termo Lei, no

    caso, quase sempre em anttese ao judasmo, nos limitaremos funo da Lei como

    vontade de Deus, no seu aspecto negativo. Isso, certamente, revelar uma compreenso

    correta do uso paulino da Lei.

    O problema em interpretar Paulo e o uso que ele faz da Lei, est na no-avaliao

    correta dos princpios teolgicos do Judasmo (= justificao pelas obras da Lei, ou seja,

    conceito meritrio da prtica da Lei), contexto que sempre servia como background dos

    escritos de Paulo quando ele se referia Lei.

    1.1.1 Lei e Judasmo.

    Havia uma anttese entre Paulo e o Judasmo, no exatamente no contraste Lei e

    Evangelho, pois Paulo nunca faz esse contraste diretamente, mas freqentemente ele pe

    Lei em oposio graa, f, e promessa5. Qual o motivo ento dessa anttese? Os judeus

    3W. Gutbrod. TheologicalDi tionary of the New Testament. Edi ted by Gerhard Kittel.(Grand Rapids,Michigan. Wm. B. Eerdimans Publishing Co., 1971), p.1070.4Para ver uma avaliao mais profunda sobre Lei e pecado, consultar: Rousas John Rushdoony. SystematicTheology Vol. I . (Vallecito, Califrnia. Ross House Book, 1994), pp.484-489. Ele faz uma relao entre aLei, o pecado e o homem, defendendo a origem divina da Lei.5Douglas J. Moo. op. cit., p. 74

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    compreendia que a Lei (Torah) servia como meio de justificao. Quanto anttese entre

    Paulo e o judasmo, temos a seguinte afirmao:

    A Lei o meio sem igual para adquirir para si mesmo mrito,recompensa, justia diante de Deus. instrumento dado por Deus

    para dominar o impulso mau e conduzir ao bem e vitria. Podeser dito com certeza, que para os judeus a Lei era o meio

    preeminente de salvao, a real substncia de vida6

    Identifica-se que no Judasmo a doutrina da Lei era vista num sentido altamente

    quantitativa, ou seja, o judeu via na Lei a capacidade, i. e., o contedo da meritoriedade das

    obras da Lei que eventualmente capacita o homem a obter a vida eterna. Assim, a Torah

    era vista como um recurso protetor e salvador contra o poder do impulso do mau7.

    Tal avaliao do Judasmo como uma religio legalista, tambm demonstrada por

    G. E. Ladd. Para ele, o legalismo nasceu no perodo intertestametrio, onde ocorreu uma

    mudana significativa e fundamental no papel da Lei. O material apcrifo-judaico,

    demonstra claramente a maneira como os judeus criam na Lei.

    A ressurreio ser a recompensa daqueles que se dedicaram Lei(II Mac. 7:9). A Lei base da esperana do fiel (Tes. Jud. 26:1), da

    justificao (Apoc. Bar. 51:3), da salvao (Apoc. Bar. 51:7), dajustia (Apoc. Bar. 57:6), da vida (IV Ez. 7:21; 9:31). A obedincia Lei trar at o Reino de Deus e transformar todo o mundoamaldioado pelo pecado (Jub. 23). Assim, a Lei alcana a posiointermediria entre Deus e o homem.8

    Na verdade, Paulo via no Judasmo uma prtica legalista da Lei. Os judeus viviam

    essas prticas, e buscavam por elas alcanar justificao. certo que na linguagem grega

    no havia nenhuma palavra especfica para legalismo. No obstante, claro que o grego

    prover suficiente recurso para a expresso do conceito.9E Paulo utiliza-se deste recurso

    6W. Bousset. Di e Religi on des Judentums (3rd ed. 1926), p. 119, citado por: Herman N. Ridderbos. PaulAn Outl ine of H is Theology. (Grand Rapids, Michigan. Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1982) p. 132,7Schoeps, Paul,p. 119, citado por: Ibid, p. 133.8George Eldon Ladd. Teologia do Novo Testamento. (Rio de Janeiro, RJ. Ed. Juerp, 1993) p. 463.9Dougla J. Moo. op. cit. p. 86.

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    para mostrar a prtica meritria judaica. Tais recursos so claramente evidenciados nos

    seguintes textos: Rm. 4:13, Paulo argumenta dizendo, que no foi por intermdio da Lei

    - dia nomouque Abrao se tornou herdeiro da promessa; Rm. 10:5, ele fala que o

    homem que praticar a justia decorrente da Lei ek tou nomou viver por ela; Gl.

    3:11, onde apareceek nom% - ningum justificado pela Lei; Gl. 3:18, 21; Rm. 4:14

    respectivamente, apareceek nomou, da Lei, provm da Lei, procedente da Lei.

    Todos estes textos mostram recursos de linguagem para definir um conceito legalista do

    judasmo.

    No entanto, todas esta frmulas demonstradas por Paulo, so aplicadas de forma

    negativa. Essa a viso de Paulo quanto a tentativa judaica de justificao pelas obras da

    Lei. Augustus Nicodemus10, mostra a viso negativa que Paulo tem da erga nomou

    obras da Lei. Ele relaciona as ocorrncias nas epstolas aos Glatas e aos Romanos, as

    quais do um total de oito, duas em Romanos (Rm. 3:20, 28) e seis em Glatas (Gl. 2:16, 3

    vezes; 3:2, 5, 10). Todas estas ocorrncia contm aspectos negativos quanto ao prprio uso

    de nomoj, pois so usadas por Paulo para mostrar o uso inadequado da parte dos judeus.

    Em todas essas ocorrncias, a expresso ocupa posio central no contexto, usada com a

    conotao negativa.11 visivelmente notvel que Paulo usa essas passagens para mostrar

    todas as intenes frustradas dos judeus, que buscavam justificao pelas obras da Lei. Em

    cinco destas ocorrncias, Paulo emprega o termo erga no\moupara negar a justificao

    por intermdio da Lei (Rm. 3:20, 28; Gl. 2:16). Em outra ocorrncia, Paulo emprega o

    termo no aspecto negativo referindo-se ao que esto debaixo da Lei (Gl. 3:10). Portanto, o

    uso paulino de erga no\mou aplicado dentro do aspecto negativo, combatendo assim,

    10Augustus Nicodemus Lopes. Paulo e a Lei de Moiss: As obras da Lei em Glatas. Em, Chamadopara Servir: Ensaios em Homenagem a Russel P. Shedd. Ed. por Alan B. Pierat. (So Paulo, SP. Vida Nova,1994) p.65.11Ibid.

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    toda pretenso judaica de justificao por intermdio da Lei. Vrias outras ocorrncias

    aparecem num aspecto negativo:12

    a) Rm. 3:19; 8:2; Gl. 3:19Torna todos culpveis diante de Deus;b) Rm. 3:20; 7:7Traz pleno conhecimento do pecado;

    c) Rm. 4:13; Gl. 3:17-18No foi a causa da promessa a Abrao;

    d) Rm. 4:14; Gl. 3:11-12; Fp. 3:9 contrria a f;

    e) Rm. 4:15; Gl. 3:10, 13Suscita a ira [de Deus] (maldio);

    f) Rm. 4:15; 5:13, 20; 7:5, 13Incita a carne e caracteriza a transgresso;

    g) Rm. 6:14; 7:1-6O crente no est mais debaixo da Lei;

    h) Rm. 7:14-24No oferece libertao dopecado;i) Rm. 8:3No pode salvar pois est enferma pela carne;

    j) Rm. 10:4Tem o seu fim em Cristo (depende da interpretao de telos);

    k) Rm. 13:8-10; Gl. 5:14, cf. Mt. 22:34,40Se resume no amor;

    l) Gl. 3:19, cf. Jo. 1:17 Foi dada por meio de anjos (Isso torna-a inferior por causa do

    mediador);

    m)Gl. 3:23-25Era instituio provisria e temporria;

    n) Gl. 4:3,8,10Rudimentos do mundo, fracos e pobres?;

    o) Ef. 2:14-15Inimizade entre Judeus e Gentios.

    Essa viso negativa da Lei, no entanto, no propriamente a totalidade da

    expresso empregada por Paulo. Ele usa o termo no\moj positivamente13quando refere-

    se sua origem. Rm. 7:22, ele diz que Lei tem origem divina. Em Rm. 2:13,25-29; 10:5,

    Paulo diz que o cumprimento perfeito da Lei traz salvao; em Rm. 3:31, ele diz tambm

    que a Lei confirmada pelo evangelho; ainda em Rm. 7:7, embora ele saliente que a Lei

    conduza ao pecado, ele diz que ela no pecado em si; diz ainda em Rm. 7:12, que a Lei

    santa, o mandamento, santo e justo e bom; ela tambm espiritual, Rm. 7:14 e por fim; se

    cumpre naqueles que andam pelo Esprito Rm. 8:4, cf. Gl. 5:18.

    12Jer Corra Batista. Monografia - Paulo e a Lei. (Goinia, GO. Material no publicado) p. 09. CitandoAugustus Nicodemus, Paulo e a Lei.13Ibid.

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    Essa avaliao da Lei na perspectiva de Paulo pode possivelmente, deixar

    transparecer uma possvel e aparente incoerncia nos seus escritos quanto a esse assunto.

    Contudo, sabemos que para Paulo, a Lei era a o( Mwusewj no\moj - Lei de

    Moiss (1 Co. 9:9) e, conseqentemente, a o( no\moj tou Qeou - Lei de Deus

    (Rm. 7:22,25; 8:7).

    Talvez, essa seja a mais precisa definio que Paulo pode d da Lei. Paulo, na verdade, tem

    uma viso diferente da do judasmo quanto a Lei. Enquanto ele afirmava que Lei era santa;

    o mandamento, santo e justo e bom (Rm. 7:12), ele tambm asseverava que a Lei no era

    base para a justificao (Gl. 2:16). Para Paulo, a negao da Lei uma conseqncia da

    cruz de Cristo14Gl. 2:21, cf. Rm. 7:1-6; 8:1-2. Esse era o entendimento de Paulo quanto a

    Lei, diferia conforme o contexto em que era empregado o termo, e tambm na funo que a

    Lei exercia. Qualquer anlise sria com respeito a este assunto reconhecer essa verdade.

    Paulo, na verdade, usou o termo no\moj em vrias ocasies com significados diferentes,

    sem nenhuma contradio.

    Como j foi dito anteriormente, o confronto de Paulo com o judasmo, fez com que

    ele tivesse uma viso extremamente negativa da Lei como base para a justificao. E isso

    visivelmente demonstrado, particularmente, nas cartas aos Romanos e aos Glatas. Nesta

    ltima carta a luta acirrada contra os judaizantes que buscavam justificao pelas obras

    da Lei Gl. 2:16, aos quais Paulo diz: ...sabemos, contudo, que o homem no justificado

    pelas obras da lei, e, sim, mediante a f em Cristo Jesus; e, evidente que pela lei

    ningum justificado diante de Deus, porque o justo viver pela f3:11. Esse ponto

    central da argumentao de Paulo contra os judaizantes: No h como encontrar justia

    praticando as obras da Lei. Tudo que a Lei pode fazer exigir julgar, condenar. Assim o

    14W. Gutbrod. op cit. p. 1071.

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    homem estampado pela Lei, ele vencido pela morte e, por isso, entra em julgamento de

    Deus.15

    Paulo ento apela para a sua prpria experincia de ex-judaizante e agora cristo.

    Ele diz: Porque eu, mediante a prpria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus

    Gl. 2:19. partir de ento, Paulo um homem que no vive para si mesmo, mas para Deus

    v.20. Morrer para a Lei no contexto de Paulo em Gl. 2:19, deixar de viver no mundo

    onde a Lei predomina, i.., no judasmo, cf. Rm. 7, e passar a viver para Deus. Paulo

    jamais poderia deixar qualquer descrio da sua experincia num plano negativo. Morrer

    para a Lei imediatamente sugere viver para Deus.16 Morrer para a Lei renunci-la e

    libertar-se do seu domnio17, de modo que no haja mais confiana nela e no se vive sob a

    escravido que ela prescreve. Em Glatas, Paulo pe imediatamente o contraste entre a Lei

    mediante a Lei (dia no\mou), e fpela f (ek pistewj). Essa uma anttese

    constante em Paulo. A procura de justificao pela lei, sugere que Cristo morreu em vo.

    Em Gl. 3:10, Paulo considera os que so das obras da Lei, numa posio antittica.

    Estar sob da Lei estar debaixo da maldio. Isso d a idia de separao de Deus, e a

    prpria anttese da bno.18 Paulo faz uso de Dt. 27: 26, onde encerra a lista de

    maldies do Monte Ebal. Ele usa o termo est escrito (gregaptai), dando a idia de

    autoridade das Escrituras, mostrando que a prpria Escritura far julgamento daqueles que

    buscam a prtica da Lei (por ex. circunciso) e falhas nos demais preceitos. A sentena da

    Lei que todos quantos tm transgredido qualquer parte dela so malditos19. Paulo mostra

    15Herman N. Ridderbos. The Epistle of Paul to the Galatia, NICNT. (Grand Rapids, Michigan. Wm. B.Eerdmans Publishing. Co. 1984), p. 104.16Donald Guthrie. GlatasI ntr oduo e Comentrio. (So Paulo, SP. Vida NovaMundo Cristo, 1988),

    p. 11117Joo Calvino. Glatas,p. 74.18Donald Guthrie. op. cit. p. 12019Joo Calvino. Glatas,p. 91

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    aos judaizantes que nas Escrituras no h abordagem legalista. O fato que a Lei como

    meio de salvao s podia trazer maldio, cf. Rm. 8:3, sendo pois ineficaz20

    Paulo assevera que a Lei no procede da f, 3:12, pois a Lei em si mesma no leva

    em conta a atitude religiosa desses que esto debaixo de sua autoridade, e f e observncia

    da Lei so incompatvel como base para a justificao.21E Paulo argumenta, mostrando

    que aqueles que querem observar os preceito da Lei, por eles viver. Considerando que o

    homem incapaz de ser justificado pelas obras da Lei, porque no consegue pratic-la

    perfeitamente, e de tal perfeio todos esto longe demais22, visto que, a Lei tornou-se

    enferma por causa da carne cf., Rm 8:3. Ento, Paulo mostra abruptamente que Cristo o

    resgate (lutron) dessa maldio (condenao)m 3:13, cf. Rm. 8:1-3. Esse resgate a

    libertao mediante a obra de Cristo, cf. Mc. 10:45. Todo este contexto aponta para o

    contraste que Paulo faz entre Lei e Aliana (= promessa feita a Abrao) 3:14. O ponto

    central do argumento de Paulo quanto Lei e Aliana desenvolvido a partir desta anttese

    existente entre eles.

    1.2. Aliana em Paulo.

    O conceito de Paulo sobre Aliana, baseia-se na sua compreenso do plano de Deus

    para a redeno do homem Ef. 2:12, fato este desenvolvido no decorrer da histria, sendo

    evidenciado em toda a narrativa das Escrituras, como veremos adiante. Em particular, ele

    20Donald Guthrie. op cit.21George S. Duncan. GalatiansThe Moffatt Comentary. (New York. Harper and Brothers Publishers1934), p. 95.22Joo Calvino. Glatas,p. 94

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    tambm v a Aliana num sentido estrito ao povo de Israel, como aquele povo a quem

    Deus revelou-se de uma maneira especial. Ele diz que ao povo de Israel pertence as

    Alianas Rm. 9:4. evidente que o pensamento de Paulo acerca deste assunto muito

    mais profundo e abrangente. A qual povo foi feita a Aliana? A Aliana para Paulo

    contestvel, ou revogvel? Existe alguma unidade na Aliana? Como Paulo entendia a

    relao da Aliana com o evento de Cristo? Certamente, Paulo tinha um conceito

    profundo sobre Aliana. Veremos ento, que todas estas perguntas tm a ver com aquilo

    que Paulo entendia como Aliana. Portanto, analisaremos os textos onde Paulo utiliza o

    termo Aliana (diaqh/kh), para compreendemos o pensamento do apstolo acerca deste

    assunto.

    A base para o entendimento do conceito de Aliana em Paulo depende dos textos

    onde ocorre o termo (diaqh/kh). Ao todo, as passagens ocorrem nove vezes (2Co.

    3:6,14; Gl. 3:15,17; 4:24; 1Co. 11:25; Rm. 9:4; 11:27; Ef. 2:12). Todos estes textos

    mostram uma unidade de pensamento lgico, de maneira que o processo da

    progressividade e desenvolvimento do conceito, mostra o cumprimento do propsito

    redentivo de Deus para a vida do homem.

    No entanto, devemos considerar que toda a base conceitual de Paulo quanto

    Aliana, no provm de uma viso limitada a um conceito neotestamntrio apenas, mas de

    uma viso provinda do entendimento global das Escrituras.

    Todos os texto listados das ocorrncias de Aliana em Paulo, esto dentro deste

    entendimento bblico abrangente. Em 1Co. 11:25; 2Co. 3:6; Rm. 11:27, refere-se Nova

    Aliana; em Gl. 3:15,17; 4:24, Aliana Abramica; e em Ef. 2:12; Rm. 9:4, o termo

    ocorre no plural, denotando um sentido mais geral. Todavia, o uso do plural, pode est

    relacionado com as Alianas Abramica e ps-Abramica, considerando que o povo de

    Israel j visto como um povo formado, a quem pertence as Alianas.

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    Tendo em vista esta avaliao da origem do pensamento paulino a respeito da

    Aliana, vemos que o fundamento da sua argumentao acerca deste assunto, procedente

    da Aliana Abramica e seus significados e smbolos. Paulo amplia a sua viso de Aliana

    dentro da progressividade rednetiva. A Promessa/Aliana feita com Abrao selada com o

    sinal da circunciso Gn. 17:9-14. Este selo da Aliana relaciona-se to intimamente com a

    prpria Aliana, que a Aliana pode identificar-se com o selo.23 A circunciso no seu

    significado teolgico, marca a incluso do indivduo na comunidade da Aliana

    estabelecida pela iniciativa da graa divina. Da mesma forma, indica a necessidade de

    purificao, que tambm tem significao teolgica em relao a Aliana entre um Deus

    santo e um povo profano.24Isso salienta a necessidade de uma raa com purificao real,

    pois, a circunciso sendo um selo simblico, pertencente a antiga Aliana, apontando para

    o seu cumprimento real e definitivo em Cristo.

    com base nesse entendimento de selo da Aliana que Paulo desenvolve seu

    pensamento nesse assunto numa compreenso do Novo Testamento. Portanto, Paulo tem

    uma viso ampla dentro de um conceito bblico como um todo.

    Sendo a circunciso na Aliana Abramica um selo externo de incluso e

    purificao do povo na comunidade da Aliana, no conceito paulino, este selo toma sua

    forma real e espiritual em Jesus Cristo,- Rm. 2:25-29; Cl. 2:11-12. Para Paulo, a

    circunciso continua tendo significao no contexto da Nova Aliana, no como um rito

    externo, mas representao simblica da realidade da justia25,- vv. 28-29; Rm. 4:11; cf.

    Fp. 3:3; Cl. 2:11-12. Assim sendo, o conceito de Aliana na viso paulina, no

    meramente uma teologia desconexa do restante das Escrituras, mas uma viso ampliada

    de uma realidade existente num contexto escriturstico geral. Partindo desta compreenso

    23O. Palmer Robertson. O Cr isto dos Pactos. (Campinas, SP. LPC. 1997), p.134.24Ibid. p. 136.25Ibid. p. 145.

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    paulina em termos gerais, passaremos a observar em particular, alguns elementos

    referentes Aliana dentro de uma abordagem neotestamentria.

    1.2.1. A Aliana pertence ao povo de Israel.

    Paulo escrevendo aos Romanos, deixa claro que as Alianas pertencem

    historicamente ao povo de Israel. Este povo tinha a prerrogativa de ter recebido a revelao

    especial de Deus e, juntamente com ela, as Alianas feitas no decorrer da Histria. Diz

    Paulo: So israelitas... Pertence-lhes a adoo, as Alianas, a legislao..., as

    promessas-Rm. 9:4. evidente que Paulo use o plural26porque ele tinha em mente as

    Alianas feita com Abrao- Gn. 15:18, Israel nos tempos de Moiss- x. 24:8; 34:10; Dt.

    29:1ss, e com Josu- Dt. 27:2ss.; Js. 8:30ss., 24:25, e com Davi,- 2 Sm. 7:1-17; 23:5; Sl.

    89:28; e certamente, Paulo tinha em mente a Nova Aliana, feita em primeira instncia

    com a casa de Israel e com a casa de Jud- Jr. 31:31. Essa viso de que a Israel pertence as

    Aliana reforada pela referncia em Ef. 2:12, onde Paulo mostra aos irmos de

    comunidade gentia que, quando eles eram estranhos s Alianas, estavam separados da

    comunidade tanto poltica como religiosa de Israel (politeiaj tou I)srahl).27

    Os gentios como um povo que no possua uma identidade religiosa testa, entra em

    contraste com o povo de Israel que eram reconhecidos soteriologicamente como o povo a

    26 F.F. Bruce. Romanos I ntr oduo e Comentrio. (So Paulo, SP. Ed. Vida Nova Mundo Cristo,1991). pp. 150-151. Segundo Bruce, h evidncia de muito peso (P46, B, D, etc.) em favor do singular - aaliana caso em que a referncia aliana do Sinai (x. 24:8). Contudo, em Ef. 2:12, h referncia salianas, que devem referir-se s alianas feitas no desenrolar da Histria.27 Arthur G. Patzia. Efsios, Col ossenses, F ilemom. NCBC. (So Paulo, SP. Ed. Vida, 1995) p.186. vertambm: Fritz Rienecker & Cleon Roger. Chave L ingstica do Novo Testamento.(So Paulo, SP. Ed. Vida

    Nova, 1995) p.390.

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    quem Deus havia escolhido. O povo de Israel era o povo a quem Deus escolheu para a Sua

    prpria possesso e Seu servio. Os gentios, em contraste a isso, esto fora deste

    relacionamento. Assim sendo, judeus e gentios na antiga Aliana, possuem papeis

    distintos, pois enquanto que um est includo, pelo menos, externamente na Aliana, o

    outro mantido afastado.

    Contudo, pelo ato do prprio Deus, essa diferena foi superada. A vinda do Messias

    marca definitivamente a trmino desta separao, pois at mesmo aquele que nasceram

    gentios participam da Aliana e da salvao divina.28O prprio Pedro descobre que Deus

    no fazia acepo de pessoas quando ele mesmo viu que sobre os gentios acontecia o

    mesmo que acontecera aos judeus,- At. 10:35; 11:1, 18; cf. Ef. 2:11-12, 17-22. Esse

    relacionamento entre judeus e gentios, recebe tratamento fundamental em Paulo,- Rm. 9-

    11, cf. Ef.2-3, onde Paulo mostra a incluso dos gentios na comunidade da Aliana,

    participando das mesmas prerrogativas, pois o gentios que vieram a ter f em Jesus foram

    enxertados na boa oliveira, e por ela so sustentados- Rm. 11:17. Assim sendo, as igrejas

    paulinas consistem tanto daqueles que nasceram judeus quanto daqueles que nasceram

    gentios, os dois grupos so filhos de Deus mediante a f em Jesus Cristo. So filhos de

    Abrao em virtude de sua f- Rm. 4:16-17; cf. Gn. 17:5; Gl. 3:7; cf. Gn. 12:3; Gl. 3:13-14,

    26-29.

    Portanto, os gentios a partir de ento, passam ter papel igual dentro da Aliana,

    considerando que esta sempre foi relacionada ao que crer, i., daquele que justificado por

    f- Rm 4:3, 9. Assim sendo, tanto judeus quanto gentios devem caracterizar-se com essa

    exigncia da Aliana: a f que justifica. E isso depende de quem crer em Cristo, visto que

    ele o descendente da Aliana a quem foram as promessas.

    28H. Bietenhard. e)/qnoj Dicionri o I nternacional de Teologia do Antigo Testamento, Vol. I I I , L -Q.Editor geral: Collin Brown. (So Paulo, SP. Vida Nova, 1989), p.619.

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    Isso tem um significado profundo no pensamento de Paulo, visto que, o povo de

    Israel rejeitou o descendente da Aliana- Jo. 1:11 cf. 8:34-59, no qual se consumaria todas

    as promessas destas Alianas. Por isso, Paulo diz que: nem todos os deIsrael so de fato

    israelitas... nem por serem descendentes de Abrao so todos seus filhos... mas devem ser

    considerados como descendentes os filhos da promessa- Rm. 9:6-8; cf. Jo. 8:34-39. Aos

    judeus pertencia as Alianas, mas procuraram justificar-se no pelo Descendente da mesma

    Aliana, e sim, pelas suas prprias obras, i.e., cerimoniais e obras da Lei- Gl. 5:2-4. Paulo,

    porm, diz que evidente que pela Lei ningum justificado diante de Deus- Gl. 3:11. Da

    Paulo conceitua a totalidade da Aliana como sendo a vontade de Deus no verdadeiro

    sentido redentivo.

    1.2.2. A Aliana como a incontestvel vontade de Deus.

    inegvel que Paulo tem em mente a Aliana como a soberana vontade de Deus.

    Paulo combatendo um pensamento errneo acerca da Aliana, mostra, por meio de

    comparao, que uma aliana feita e uma vez ratificada ningum a revoga ou lhe

    acrescenta coisa alguma- Gl 3:15. O que Paulo tem em mente aqui, no trazer uma

    explicao acerca de um contrato ou um testamento humano, , no entanto, mostrar que se

    uma vontade humana decretada por meio de testamento assim indestrutvel, quanto mais

    uma Aliana feito pelo Soberano Senhor do universo. A isso, diz Calvino:

    Se barganhas humanas so to slidas que a elas nada seacrescenta, quanto mais este Pacto deve permanecer inviolvel!29

    29Joo Calvino. Glatas,p. 97.

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    O argumento de Paulo se baseia na inviolabilidade da vontade de Deus. Ele diz aos

    judaizantes Glatas que eles no podem nem acrescentar algo Aliana nem ab-rog-la, de

    forma que venha desfazer a promessa, pois eles podiam ver isso no seu prprio proceder

    contextual quanto as suas leis de heranas de pais para filhos30. Certamente, a Aliana a

    vontade absoluta de Deus, algo incontestvel e inaltervel como bem definiu Behm:

    A Aliana a vontade de Deus, e como tal, no pode sercontestada ou alterada por qualquer que seja a adio, assim a

    promessa (epaggelia) o seu testamento (diaqh/kh)original, por isso no pode ser invalidado pela Lei (no\moj) queveio depois- Gl. 3:15.31

    Paulo tinha conscincia da vontade de Deus operante nas Alianas. Existia duas

    Alianas ( a antiga e nova), mas a vontade divina era uma s, e era esta que governava a

    Histria da Salvao manifestada definitivamente em Cristo, que era ambos, o (teloj

    nomou Rm. 10:4), e o cumprimento da promessa- 2 Co. 1:20.32 A manifestao do

    cumprimento redentivo de Deus na Aliana, entendido por Paulo como sendo o evento de

    Cristo, i.e., a vinda do Descendente trazendo consigo o regaste e fazendo os homens

    unirem-se a Deus, a quem podem chamar Aba, Pai- Gl. 4:6. Portanto, a perfeita vontade

    redentiva de Deus expressada em Sua Aliana, que tambm expressa uma convergente

    unidade na pessoa de Cristo- Ef. 1:10 que a reconciliao de todas as coisas com Deus- 2

    Co. 5:19.

    A Aliana consumada na totalidade do evento de Cristo, como demonstrada por

    Paulo na sua segunda carta aos Corntios 3:1-18. Paulo aqui, coloca a Aliana (diaqhkh)

    30Richard N. Longenecker. Galatians, On Words Biblical Comentary (Dallas, Texas. Word BooksPublishers, 1990) pp. 128-29. H uma larga discusso acerca do pensamento de Paulo quanto ao paraleloentre diaqh/kh humano no contexto Greco-Romano e Judaico, e diaqh/kh como a Aliana feita comAbrao e seus descendentes. A isso (tipo de linguagem empregada por Paulo), conclui Longenecker:Todavia, apesar de tal impreciso de linguagem ou talvez, apesar da inabilidade empregada da erudio

    para descobrir o verdadeiro paralelo o ponto de exemplo de Paulo nesta aplicao clara: que Deusestabeleceu sua Aliana com Abrao numa irrevogvel maneira, assim ela nunca pode ser anulada ou algo a

    ela adicionadopp. 130-31.31Johannes Behm. Theological Di tionary of the New Testament.Vol. I I D-H.Edited by Gerhard Kittel.(Grand Rapids, Michigan. WM. B. Eerdmans Publishing Co., 1971) p. 129.32Ibid.

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    e a Lei (gramma), neste caso, a Lei de Moiss, em dois polos contrastantes. Paulo,

    fundamentado na citao de Jr. 31:31-34, mostra os dois lados desta Aliana: a antiga

    (Lei = gramma)que operava pela ministrao de Moiss a Lei que mata, e a Nova

    Aliana (kainh diaqhkh), que vivifica por meio da graacf. Jo. 1:17.

    Calvino33chama a Nova Aliana de Evangelho, i. e., a totalidade da obra de Cristo

    e aplicao pelo Esprito. Ele tem razo, considerando que a progresso da Velha para a

    Nova Aliana, se cumpre no evento de Cristo e do Esprito respectivamente.

    Cristo por meio do Esprito, liberta os homens do poder da morte, ou seja, da

    Antiga Aliana. Paulo diz que quando os judeus faziam a leitura da Antiga Aliana = Lei

    (gramma), eles permaneciam com os seus coraes cobertos pelo vu 2 Co 3:15, pois no

    sabiam que em Cristo o vu lhes era removido v.14, e acrescenta: Quando, porm, algum

    deles se converte ao Senhor, o vu retirado v. 16. A glria da Aliana da Lei se

    desvaneceu assim como o rosto de Moiss, mas a glria da Aliana do Esprito

    sobreexcelente e permanente, porque a Aliana da liberdade, em contraste com Aliana

    da condenao e morte.Portanto, a Nova Aliana a totalidade do evento de Cristo e do

    Esprito, pois o Senhor o Esprito, e, conseqentemente, onde o Senhor opera, os

    homens so libertados do poder da morte. Porque onde est o Esprito de Deus a h

    liberdade v.17.

    Paulo aqui, d entender que a consumao da Aliana, ou seja, a Nova Aliana,

    realizada por meio do Esprito. Ele chama a Nova Aliana de a Aliana do Esprito vv.

    3,6,8,18. Todavia, devemos considerar que para Paulo no h um diferena considerada

    grande quanto obra de Cristo com a obra do Esprito. Essa verdade pode encontrada em 1

    Co. 15:45, cf. v.22. Cristo visto como aquele que vivifica no v.22, a quem Paulo chama

    de o Esprito vivificante no v.45, dando a entender que a era de Cristo e a era do Esprito

    33Joo Calvino. 2 Cornti os. (So Paulo, SP. Ed. Paracleto, 1995) pp. 67-69.

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    pode ser considerada a mesma. Na verdade, a obra de Cristo aplicada pelo Esprito no

    corao do homem. Portanto, quando Paulo fala de Deus, de Cristo e do Esprito em 1Co.

    3, ele no est fazendo uma diferena ontolgica entre as trs pessoa Divinas, mas

    mostrando as funes de operosidade de cada um, pois a era de Cristo na histria da

    redeno tambm a era do Esprito.

    Esse intercmbio das funes de Cristo e do Esprito aplicado por Paulo uma

    constante em seus escritos. Em Fp. 3:3, Paulo fala da validade do selo (i., a circunciso do

    corao) da Aliana sendo testemunhada por Deus, Esprito e Cristo. A obra do Esprito

    continuao da operosidade da obra de Cristo. O Esprito o selo (sfragi/j) da

    redeno nas vidas dos crentes. A obra do Esprito o ato de selar (sfragi/zesqai)

    aqueles que so inclusos na Aliana,- Ef. 1:13; 4:30; 2 Co. 1:22, que so aqueles que em

    Cristo (e)n au)tw?=) foram circuncidados,- Cl. 2:11-12. Assim sendo a Aliana como

    a incontestvel vontade de Deus, tem o seu efeito de operosidade nas pessoas de Cristo e

    do Esprito.

    1.2.3. A Unidade da Aliana.

    Como foi salientado acima, a Aliana possui uma unidade, e Paulo expressa isso

    com bastante nfase. Podemos compreender a unidade da Aliana em dois aspectos. O

    primeiro est relacionado na unidade de Deus com o seu povo, ou seja, Deus atravs da

    Aliana uniu-se com um povo peculiarmente Seu; o segundo aspecto tem relao com a

    obra redentiva de Cristo, que tornou possvel a aproximao das naes, pois no pode

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    haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos

    sois um em Cristo Jesus- Gl. 3:28. Este texto retrata uma verdade contundente, que em

    Cristo o Deus da Aliana nos une a si mesmo.

    1.2.3.1 A Unidade do Deus da Aliana com o Seu povo.

    O propsito de Deus em fazer uma Aliana, foi o de ligar-se a si mesmo

    humanidade. A idia fundamental de Aliana ligao. Deus ligou-se a si mesmo ao

    homem, assim como ligou a humanidade a si mesmo. Foi um lao de vida e amor34. Essa

    uma realidade incontestvel, que expressa a mais profunda verdade acerca do propsito

    de Deus em criar o homem sua imagem segundo sua semelhana.

    Todavia, o homem cado perdeu esta unidade com o Seu Criador. Ento, Deus

    estabelece a Aliana da redeno com o propsito de trazer a humanidade de volta

    comunho consigo. As palavras de Paulo aos Corntios ecoam esta verdade, Habitarei e

    andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles sero o meu povo- 2 Co. 6:16 cf. Lv. 26:12;

    Ez. 37:27. Paulo expressa aqui neste texto a idia de comunho de Deus com o seu povo,

    realidade que j se concretizara por meio de Cristo- 2 Co. 5:17. Isso funciona como o

    tema central unificador da Aliana, e salienta da unidade com a essncia do alvo da

    Aliana.35Essencialmente, a Aliana tem a funo de ligar o homem a Deus. Traz-lo

    comunho.

    O conceito definitivo que Paulo apresenta na execuo deste retorno unidade de

    Deus como o homem, o fato do prprio Deus mediar a Aliana. Diz Paulo aos Glatas:

    34Gerard Van Groningen. Revelao Messini ca no Ant igo Testamento. (Campinas, SP. LPC, 1995) p.96.35O. Palmer Robertson. O Cr isto dos Pactos. (Campinas, SP. LPC., 1997) p. 263.

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    Ora, o mediador no de um, mas Deus um- Gl. 3:20. Calvino36 parece acertar

    quando interpreta a frase: Ora, o mediador no de um...,dizendo que Paulo referia-se

    ao fato de que Deus tinha em mente, quanto unidade da Aliana, atingir no s o povo

    judeu, mas tambm levar ao conhecimento do gentio a graa salvadora. Mas no

    completou a interpretao com profundidade quanto frase: ...mas Deus um.Pode-se

    pensar que Paulo aqui referia-se ao fato de que a Aliana que Deus havia feito com Abrao

    no fora um contrato entre duas partes, ou seja, a Aliana de Deus com Abrao foi uma ato

    unilateral, soberanamente estabelecido, sem que Abrao participasse da ordenao desta

    Aliana, a no ser, responder em obedincia. Ou mesmo pelo fato de Deus no precisar de

    um mediador, por ter Ele falado diretamente com Abrao.37Contudo, parece que aqui h

    uma relao mais profunda no que diz respeito prpria essncia de Deus como sendo o

    mediador desta Aliana. Deus na sua unidade essencial reveste-se de total humanidade

    para mediar a Aliana e tornar trazer o seu povo comunho. A Aliana faz parte da

    essncia de Deus, pois ela expressa a mais perfeita vontade de Deus. E a vontade de Deus

    que haja unidade entre Ele e o seu povo. Palmer Robertson ressalta essa verdade com

    grande nfase:

    Ou a Aliana atinge a unidade essencial de Deus imediatamentecom o seu povo, ou a Aliana fracassa em seu propsito. A unidade

    deve ser alcanada com Deus na sua inteireza e com nada menos.Deus um, e unidade com alguma figura mediadora nosubstituiria a unidade com Deus.38

    Neste texto esboado acima salienta-se uma verdade incontestvel, pois tudo que

    dito cumpriu-se em Jesus. Paulo mostra isso. A unidade da Aliana atingida em Cristo.

    36Joo Calvino. Glatas,pp. 106-7.37Marvin R. Vicent. Word Study in the New Testament Vol. I V. - The Epistle to the Galatians. (New York.Charles Scribners Sons. 1900.) p.125.38O. Palmer Robetson. Op. cit. p. 264.

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    Jesus Cristo o prprio Deus mediando a sua prpria Aliana. Deus um,

    mediando a Aliana no de um (povo) somente, mas trazendo em si a reconciliao de todo

    o mundo. Porque todos vs sois um em Cristo Jesus (pantej gar u(meij eij

    e)ste e)n Xrist% I)hsou) (Gl. 3:28).Portanto, a unidade da Aliana, que torna

    possvel ao homem ter comunho com Deus, tornou-se possvel por causa da mediao do

    prprio Deus, Jesus Cristo.

    1.2.3.2. A Aliana torna possvel a unidade entre os povos.

    Deus no somente une o Seu povo a si mesmo, mas torna possvel a unidade dos

    povos mediante a Aliana. Paulo escrevendo aos gentios de feso, mostras que no tempo

    que eles estavam sem Cristo, eles tambm estavam separados da comunidade de Israel, e

    estranhos s alianas da promessa- 2:12. A ateno aqui deve est voltada para os

    termos usados pelo Apstolo, demostrando assim, que medida que o homem est sem

    Cristo, ele no tem comunho nem com Deus e, consequentemente, no tem relao com

    corpo de Cristo, no qual outros homens esto unidos. Portanto, a Aliana o centro

    unificador entre os homens, que se tornam um em Cristo, sois um em Cristo Jesus.

    A expresso sem Cristo,- Ef. 2:12 usada por Paulo, denota uma realidade um

    tanto trgica39, considerando que j havia apresentado grandes bnos espirituais em

    Cristo anteriormente- Ef. 1:3 e, posteriormente, mostra que em Cristo,assentaram-se

    nos lugares celestiais- 2:6. No entanto, Paulo mostra que no tempo em que eles estavam

    sem Cristo, eles estavam sem Deus e alienados s alianas- 2:12. Paulo contudo, salienta a

    39John R. W. Stott. A mensagem de Efsios. (So Paulo, SP. ABU Ed., 1991) p.63.

  • 5/27/2018 Monografia A Lei de Mois s com Instrumento da Alian a.pdf

    realidade dos efsios, e diz: (nuni de en Xrist% I)hsou u(meij... en t%

    ai(mati tou

    Xristou) Mas agora em Cristo Jesus, vs que antes estveis longe, fostes

    aproximados pelo sangue (da Nova Aliana) de Cristo. Paulo enfatiza o fato que tonou

    possvel a aproximao dos homens. Para os judeus (chamados circunciso), os gentios no

    tinham participao nas bnos da Aliana, pois, segundo eles, Israel era uma

    comunidade debaixo da teocracia divina, e um povo da Aliana, povo este que o Senhor se

    obrigara por juramento (diaqh/kh) solene. Assim os judeus criam. Criam tambm que

    os gentios eram excludos40dessa Aliana que a eles (judeus) pertencia- Ef. 2:11, cf. Rm.

    9:4.

    Todavia, deve-se notar que, para Paulo, participar da Nova Aliana, estar includo

    nela, no bastava apenas ter o sinal da circunciso na carne. Para ele, o sinal da Aliana

    (circunciso) no tinham valor meramente externo, mas era algo aplicado no corao pelo

    Esprito. Paulo certamente, via a circunciso como sendo um elemento transitrio, abolida

    em Cristo- Ef. 2:11-15; Cl. 3:11. A circunciso era intil sem f interior41- Rm. 3:30; Gl.

    5:6); sem obedincia- Rm. 2:25; 1 Co. 7:19; confiar nela mesmo que negar a Cristo- Gl.

    3:3-4; 5:3-4 e, por isso, a sua necessidade negada por Paulo- Gl. 2:3-5. Portanto, ser

    includo na Nova Aliana ser circuncidado no corao. O seu valor interno. Paulo

    reconhece os santos como a verdadeira circunciso- Fp. 3:3; Cl. 2:11. Sendo assim, a

    unidade dos homens, quer judeus quer gentios, circunciso ou incircunciso, depende do

    sangue da Nova Aliana, o sangue de Cristo.

    Portanto, Paulo v essa unidade na Aliana. Uma unidade que liga Deus aos

    homens atravs de Cristo- 1 Tm. 2:5; Gl. 3:20; Ef; 2:13-18, cf. Hb. 9:15; 12:24; 8:6, e uma

    unidade que torna possvel comunho dos povos num s corpo:

    40Ibid.41Francis Foulkes. EfsiosI ntr oduo e Comentrio. (So Paulo, SP. Ed. Vida Nova-Mundo Cristo,1993) p. 67.

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    ...nem judeu, nem grego; nem liberto, nem escravo; nem homem,nem mulher; porque todos vs sois UM em Cristo Jesus (Gl.

    3:28); ... ele a nossa paz, o qual de ambos42 fez UM; e, tendoderrubado a parede da separao que estava no meio, a inimizade,...e reconciliasse ambos em um s corpo com Deus, por intermdioda cruz, destruindo por ela a inimizade... porque, por ele, ambostemos acesso ao Pai em um Esprito (Ef. 2:13-18).

    Essa a unidade da Aliana expressada por Paulo. Ele mostra que no somente Deus liga-

    nos a Ele pela Sua Aliana, mas faz dos povos UM por mediao da Sua prpria Aliana,

    segundo a intermediao de Cristo. Portanto, o mediador no de um, (um povo somente)

    mas Deus um (Deus mediando a Sua prpria Aliana), nos fazendo um com Ele.

    2. A DOUTRINA NA HISTRIA.

    42AmbosReferindo-se a judeus e gentios.

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    2.1. Patrstica.

    Assim como em toda a histria, os Pais Apostlicos deram nfase ao tema Lei.

    Isso fez-se necessrio porque os novos membros da jovem igreja crist haviam abandonado

    recentemente o paganismo. Era necessrio ento, substituir os antigos costumes pelas

    novas prticas crists. Por isso, a proclamao da Lei ocupa lugar de destaque nos escrito

    dos Pais Apostlicos.

    43

    Contudo, esta Lei de que os Pais Apostlicos falavam, no erapropriamente a Lei de Moiss. Ela era marcada pela oposio aos costumes judaico, ou

    seja, a Lei cerimonial. Era, no entanto, conhecida como a Nova Lei, aquela que Cristo

    ensinara mostrando o caminho da salvao. Quanto Lei de Moiss, diziam que esta era

    obsoleta e, por isso, havia sido abolida. A nfase ento, era o evangelho, o qual era

    denominado de a Nova Lei. V-se portanto, que havia um contraste entre a Lei Lei de

    Moiss = legalismo judaico, e evangelhoensinamentos de Cristo = Nova Lei.

    2.1.1 Irineu.

    Irineu, bispo de Lio, concebia a Lei em dois ngulos diferentes. Ele fazia distino

    entre Lei original e Lei mosaica. A Lei original, segundo ele, foi entregue ao homem na

    criao. Escrita por Deus no corao do homem, possibilitava-o a cumprir com esta Lei.

    Da ento, o destino do homem viver condignamente com esta Lei original. Assim

    fazendo, o homem recebe vida de Deus. Todavia, o homem livre para obedec-la ou

    43Bengt Hgglund. H istri a da Teologia. (Porto Alegre, RS. Ed. Concrdia, 1995), p. 14.

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    transgredi-la. Em decorrncia da desobedincia, a morte entrou na vida do homem. Em

    vista disso, Deus deu a Lei mosaica atravs do povo de Israel. A funo desta Lei era

    disciplinar aos homens, revelar o pecado e conserv-lo em seu lugar e o de manter a ordem

    at a vinda de Cristo. Irineu diz o seguinte acerca da Lei mosaica:

    As leis de escravido, ento, foram uma por uma promulgada aopovo por Moiss, serviu para sua instruo ou para seu castigo,como o prprio Moiss declarou: O Senhor me ordenou, aomesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juzos,... Estas coisas,

    porm, que foram dadas para a escravido, e para um sinal servir-lhes de sinal, Ele cancelou pela Nova Aliana da Liberdade.44

    Com a vinda de Cristo, a Lei mosaica, que fora ofuscada pelos regulamentos do farisasmo,

    ser ab-rogada, e a Lei original, que fora entregue na criao, restaurada. Cristo liberta da

    escravido da Lei por meio do seu Esprito que regenera o homem e cumpre a lei dentro

    dele45.

    2.1.2 Tertuliano.

    Enquanto Irineu argumentava que Lei de Moiss fora abolida por Cristo e que a Lei

    original fora restaurada, Tertuliano pregava que Cristo o proclamador da Nova Lei (Nova

    Lex), para fortalecer a vontade livre do homem, a fim de que este possa cumprir os

    mandamentos de Deus. Viver de maneira compatvel com os mandamentos de Deus ,

    segundo Tertuliano, o alvo da lei .46

    44St. Ireneus. Against Heresies. The Anti-Nicene Fathers,Vol. I. Translations of The Writings of theFathers down to A. D.325. Editors: Alexander Roberts, James Donaldson. (Grand Rapids, Michigan, Wm.B. Eerdmans Publishing Co., 1954), p.482.45Bengt Hgglund, op, cit. p. 39.46Ibid, p. 46

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    A viso de Tertuliano , ento, legalista, passadas em termos sacramentais. Ele

    concebe a salvao como recompensa

    pelo mrito humano, de forma que o conceito de mrito dominante. A relao entre Deus

    e o homem concebida em termos judicial. Esse ponto de vista de Tertuliano, mais tarde,

    vai dominar a teologia medieval, principalmente a teologia catlica romana.

    2.1.3 Clemente de Alexandria.

    A viso de Clemente quanto Lei (Lei de Moiss), que ela no capaz de

    proporcionar salvao. Isso ele expressou bem em um de seus escritos. Escrevendo sobre

    a salvao dos ricos, Clemente toma como exemplo o jovem rico de Mt. 10:17-31, e

    salienta a sua posio quanto a no haver possibilidade de salvao por meio da Lei.

    Clemente ressalta sua posio :

    Realmente, se a lei de Moiss fosse capaz de proporcionar a vida,teria sido intil a descida do Salvador, sua paixo por nossa causa,seu itinerrio percorrido do princpio ao fim. E intil teria sido que

    o jovem rico, aps ter observado desde cedo todos osmandamentos, se viesse a prostrar ante outra instncia para solicitaro prmio da vida imortal.47

    Desta forma, Clemente via a salvao somente mediante a obra redentora de Cristo,

    e que a Lei havia servido com o seu propsito, mas que no podia justificar, pois dizia bem

    isso falando de Jo. 1:17: A Lei nos foi dada por Moiss, mas a graa e a verdade por obra

    de Jesus Cristo.

    47Cirilo Folch Gomes.Antologia dos Santo Padres. Pginas seletas dos antigos escritores eclesisticos.(So Paulo, SP. Ed. Paulinas, 1979), p. 143.

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    2.1.4 Joo Crisstomo.

    Joo Crisstomo escreveu um comentrio em Glatas48 e nesse comentrio ele

    expressa a sua viso acerca da Lei, que completamente negativa. Ele mostra que a Lei

    fraca para conduzir o homem justia. Um remdio eficaz ento, foi provido em f que o

    meio para fazer que se torne possvel o que era impossvel pela lei. Para ele, a Lei no

    requer a f, mas principalmente, obras, todavia, a graa salva e justifica pela f.

    2.1.5 Santo Agostinho

    Para Santo Agostinho a Lei tem a funo recursiva, i.., serve como recurso da

    graa para convencer os homens da necessidade que eles tm dela (graa). Calvino49

    descreve pequenos trechos de cartas e sermes de Santo Agostinho que expressa essa

    verdade:

    48Saint Chrysostom. GalatiansNicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church. Edited byPhilip Schaff. (Grand Rapids, Michigan. Wm. B. Eerdmans Publishing Co. 1983), pp. 26-35

    49Joo Calvino. As Insti tutas da Religio Crist, Vol I I . (So Paulo, SP. CEP, 1985), p.118.

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    ...a Hilrio: A Lei ordena que tentando ns cumprir-lhe asinjunes e fatigados em nossas fraqueza debaixo da Lei, saibamos

    pedir ajuda da graa. De igual modo escreve a Aslio: A utilidadeda Lei que convena o homem acerca da sua enfermidade e o

    compila a implorar o remdio da graa que est em Cristo.Tambm a Inocncio de Roma: A Lei ordena; a graa ministra opoder para cumprir. Ainda a Valentino: Deus ordena as cousasque no podemos, para que saibamos qu lhe devamos pedir.Ento: a Lei foi dada para que vos fizesse culpados; feitosculpados temsseis; temendo buscsseis perdo e no vos ficsseisem vossa prprias foras. Ademais: A Lei foi dada para isto: quede grande pequeno te fizesse; que te mostrasse que, de teu, no tens

    poder para a justia, e, assim, pobre, necessitado e carente, recorras graa.

    Como podemos ver, Santo Agostinho via a Lei como um instrumento da graa de

    Deus. Segundo ele, a Lei coage o homem at que este reconhea que necessita da graa de

    Deus e recorra a Ele suplicando-a.

    2.2. Escolstica.

    Na verdade, na Idade Mdia onde a Escolstica dominou a teologia, no houve

    muita discusso acerca da Lei. Isso deu-se pelo fato da teologia nesta poca fazer parte da

    dominao da Igreja Catlica Romana. Ao que parece, na teologia escolstica no h

    distino entre Lei num sentido geral e Lei num sentido especfico, no caso, Lei de Moiss.

    A abordagem mais genrica.

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    Levando em considerao que a teologia catlica romana foi fortemente

    influenciada pelas doutrinas pelagiana, devemos observar que ela se caracterizava em

    termos de capacidade humana na cooperao da salvao. Por isso, a Lei de Moiss no

    tinha lugar primrio em suas discusso, pois para os escolsticos agora havia uma nova

    Lei, i., o evangelho, que no somente ordena, mas tambm confere ao homem o poder de

    cumprir com todos os mandamentos, poderes este no provindo da nova Lei em si, mas

    sim, atravs dos sacramentos. Sendo assim, a nova Lei assume um carter legalista.

    Toms de Aquino, em particular, um dos maiores expoentes da Idade Mdia,

    distinguia a Lei antiga da Lei nova, que dizia ele, veio por meio de Cristo. A Lei antiga,

    segundo ele, tem um funo externas de ordenanas, a quem ele compara com uma criana

    que precisa de mestre, enquanto que a Lei nova comparada ao homem perfeito que no

    precisa de mestre. Uma outra funo da Lei dirigir os atos humanos conforme ordem da

    justia, donde ele distinguia tambm a antiga da nova, mostrando que a antiga tinha seu

    efeito externo, enquanto que a nova interna, na alma. E uma terceira funo levar os

    homens observncia dos mandamentos. Esses mandamentos na Lei antiga, era

    obedecidos pelo temor das penas, contudo, na nova, era obedecida pelo efeito do amor

    infundidos nos coraes dos homens pela graa de Cristo. Sendo assim, a Lei antiga era

    caracterizada pelo temor, enquanto que a nova, pelo amor. Eis a diferena entre Lei e

    evangelho.

    Portanto, Toms de Aquino dizia que a salvao dos homens no podia vir seno de

    Cristo, conforme as Escrituras. O evangelho ento, que ele chama de a nova Lei, pode

    conduzir todos salvao, foi dado depois do advento de Cristo. Contudo, antes dela, era

    necessrio que fosse dada ao povo, do qual Cristo havia de nascer, uma Lei preparatria

    para receb-lo, em que j se encontravam contidos certos rudimentos da justia salvfica.50

    50Toms de Aquino. Suma Teolgica1 Par te da 2 Par te, Questes 71-114. (Porto Alegre, RS. SulinaEditora, 1980), pp. 1742-43.

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    2.3. Reforma e Ps-Reforma.

    O debate sobre Paulo e Lei certamente no comeou na Reforma e nem terminou

    l. Contudo, certo que o assunto encontrou um destaque especial, principalmente na

    teologia de Lutero e Calvino, os quais concordaram e descordaram acerca do uso e funo

    da Lei.

    2.3.1 Martinho Lutero.

    Lutero fala de dois usos da Leio uso civil, que leva os homens a agir, fazer o bem

    e evitar o mal; e o uso teolgico, que simplesmente o de revelar o pecado do homem e

    tornar real a ameaa da ira51, ira sob a qual o homem se encontra por causa da sua natureza

    pecaminosa. A primria e absoluta funo da Lei ento, funcionar como um poderoso

    martelo para demolir toda justia prpria e assim preparar o pecador para receber a graa

    divina.52Lutero concebe uma dicotomia entre a Lei e o evangelho. Para ele, a Lei acusa e

    julga, enquanto o evangelho suscita a f para que o homem possa amar a Deus e ao

    prximo.

    51Bengt Hgglund. Op. cit. p. 190.52Adrew J. Bandstra. Paul and the Law: Some Recent Developments and an Extraordinary Book. CalvinTheological Journal. Vl. 25, N 02, Nov.1990. p. 249.

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    2.3.2 Joo Calvino.

    Para Calvino, existem trs usos ou funes da Lei: A Lei que evidencia a

    deplorvel condio de pecado do homem e faz com que este recorra graa nesse

    sentido a Lei funciona como um espelho53, em que o homem contempla a sua

    incapacidade e as sua manchas; a segunda funo da Lei a funo inibidora, que serve

    para restringir a prtica do mal; o terceiro uso, o qual Calvino chama de o principal uso, o

    da funo iluminadora na vida dos prprios regenerados. Neste caso, os crentes tm a Lei

    gravada em sue coraes e, por isso, so levados pelo Esprito Santo a obedecer os

    mandamentos de Deus. Isso necessrio, diz Calvino, porque os crentes precisam de

    ensinamentos e exortao. A isso, diz Calvino:

    A esta carne a Lei um chicote merc do qual, como no caso deum asno atacado e lerdo, sejam estimulados ao. At mesmo ohomem espiritual, porquanto ainda no foi desvencilhado do fardoda carne, ser-lhe- a Lei um acicate constante que no permitefique ele inerte.54

    Nesse ponto, h uma discordncia entre Calvino e Lutero, pois Luero jamais

    admitiu que exista um uso positivo da Lei de Moiss, embora ele reconhea que ela contm

    exemplos de excelentes Leis e preceitos morais55. nesse ponto tambm que Calvino

    rejeita a dicotomia Lei/evangelho de Lutero, pois evangelho e Lei podem servir como

    propsito permanente, segundo Calvino.

    53Ibid, ver tambm: Joo Calvino. I nsti tu tas da Reli gio Cr ist,p. 11654Joo Calvino. I nsti tutas da Religio Cr ist,op. cit., p. 121.55Andrew J. Bandstra, op. cit., p. 250.

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    2.3.3 Luteranismo Ortodoxo.

    A pergunta feita Ortodoxia Luterana o que a Lei?: recebeu a seguinte

    resposta:

    A Lei eterna e imutvel sabedoria e regra de justia vlidaperante Deus. Esta lex aeterna se reflete na justia do primeirohomem, e subseqente no declogo dado no Sinai. No apenasexige aes externas mas tambm que o homem concorde em todasas coisas com a vontade de Deus (les spiritualis). Esta a Lei queCristo cumpriu de modo perfeito mediante a sua obedincia e quefornece o padro para a vida santa e piedosa dos cristos nestemundo, bem como para a perfeio que antecipamos e que setornar realidade na vida futura.56

    No obstante essa afirmao, o Luteranismo Ortodoxo faz a dicotomia entre

    Lei/evangelho, mostrando que por ser o homem incapaz de cumprir com as exigncias da

    Lei, ela no serve como regra para a conduta de vida. Em vez disso, afirma:

    ...a Lei serve para revelar pecado, para acusar o homem, e paracondenar todos que no foram libertados da maldio da Lei pelagraa, tornada acessvel pela expiao de Cristo. O perdo

    pronunciado mediante o evangelho, que em contraste com a Lei,no conhecido pela razo humana... Nesse sentido restrito do

    termo, a Lei a palavra que ameaa, acusa e condena, enquantoque o evangelho consola, edifica e salva.57

    Sendo assim, a Lei no justifica, mas aponta para a necessidade de justificao,

    onde o homem convencido a buscar a graa divina. Desta forma, a Lei vista do ponto

    de vista psicolgico/antropolgico, tendo a funo de induzir os homens a recorrer graa.

    56Bengt Hgglund, op. cit., p. 274.57Ibid.

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    2.3.4 Rudolf Bultmann.

    Rudolf Bultmann segue a interpretao tradicional do luteranismo alemo.

    Ele argumenta que Paulo fala de forma negativa sobre as obras da Lei, porque elas levam

    autoconfiana e justia prpria.58Para Bultmann, o simples fato de tentar guardar a Lei

    pecaminoso. Diz ele com respeito a este caso:

    Porque o esforo do homem para alcanar a sua salvaomantendo a Lei somente o conduz ao pecado, realmente o esforoem si no fim j pecado.59

    2.3.5 Nova Perspectiva.

    A Lei, como j foi visto acima, sempre foi entendida de forma negativa, por no

    proporcionar justia para a justificao. Paulo rejeitava as obras da Lei exatamente por

    isso, pois jamais o homem poder satisfazer o que a Lei prescreve. Essa interpretao

    tradicional da Lei foi fortemente contestada pelos telogos da Nova Perspectiva, que do

    uma nova interpretao deste assunto em Paulo. Dentro desta Nova Perspectiva, temos

    Werner Kmell (que analisa Rm 7 como retrica e no autobiogrfico), diz que o

    58Augustus Nicodemus Lopes. op. cit., p. 71, nota 02.59Rudolf Bultmann. Theology of the New Testament. (New York. Charles Scribners Sons, 1955), p. 264.

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    propsito da passagem mostrar o relacionamento entre Lei e pecado e, por isso, Paulo

    no tem a inteno de fazer uma auto-anlise de sua vida; e Krister Stendhal, que lanou

    uma tese dizendo que Paulo tradicionalmente interpretado pelos culos de Lutero,60no

    que tange a uma ao conflito humano com a Lei. Todavia, com Standhal esta viso de que

    Paulo tinha um conflito com a Lei quebrada.

    Foi ento, com E. P. Sanders, que a viso tradicional foi completamente

    questionada. Sanders, partindo da pesquisa do material rabnico prope o seguinte

    argumento: Os judeus nos dia de Paulo no defendiam que mantendo a Lei era o meio para

    a salvao, como se pensa freqentemente. Mas eles consistentemente afirmavam que a

    entrada para a Aliana era pela eletiva graa de Deus, e a prtica das obras da Lei no era

    para justificar-se, mas para manter-se dentro da Aliana61. Portanto, para Sanders, longe de

    ser legalista, o fariseu do tempo de Jesus e Paulo. Para Sanders, o padro religioso do

    judasmo palestino no era legalsmo, mas nomismo pactual.62Os judeus eram salvos

    por fazerem parte do povo com quem deus estabelecera uma Aliana, e a Lei existia

    simplesmente para regulamentar a vida deles na comunidade. A obedincia Lei era vista

    como importante para permanecer na comunidade pactual.63

    Desta forma, a Nova Perspectiva proporcionou uma mudana de abordagem em

    direo menos crtica do judasmo e de uma viso negativa de Paulo. Isso leva a cr que

    Paulo entendeu mal o judasmo do seu prprio contexto. Todavia, necessrio fazer uma

    crtica a Sanders. Pois, o que encontramos nele a manipulao de informaesomisso

    de evidncias de uma religio farisaica meritria64. Alm do mais, Sanders nega o ensino

    do judasmo pregava. O ensino do judasmo, refere-se ao dia do juzo com a de pesar em

    60Augutus Nicodemus Lopes, op. cit., nota 0361Andrew J. Bandstra. op. cit., p. 25262Augustus Nicodemus Lopes. op. cit. p. 66.63D. A. Carson, Douglas J. Moo, L. Morris. I nt roduo ao Novo Testamento. (So Paulo, SP. Vida Nova,1997), p. 331.64Jer C. Batista. Op. cit., p. 11

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    balanas os mritos e demritos das pessoas. Esse era o ensino de Beth Hillel, que

    enfatizava a misericrdia de Deus em afirmar: Aquele que abunda na graa inclina a

    balana para o lado da graa.65

    Uma outra abordagem dentro da Nova Perspectiva a de James Dunn. Ele passa

    da abordagem soteriolgica para a sociolgica. Segundo Dunn, o ataque de Paulo s obras

    da Lei, no porque elas expressam legalismo, mas Paulo simplesmente se ope ao

    exclusivismo judaico que colocava limites entre os judeus e os gentios. Esses limites,

    referem-se aos emblemas caractersticos do prprio judasmo (particularmente leis

    dietrias, observncia do Sbado, circunciso). De acordo com a abordagem de Dunn,

    Paulo combatias estas obras da Lei, porque elas faziam separao entre os judeus e os

    gentios, separao esta que Cristo j havia abolida.66

    A mesma abordagem feita por Francis Watson, mostrando que a crtica de Paulo

    ao judasmo est mais no mbito sociolgico (i., relacionado misso gentlica no nvel

    pragmtico), que no teolgico (que est relacionado essncia do evangelho). No h

    dvida que nessa abordagem detectado as impresses digitais da abordagem de E. P.

    Sanders.67

    Aps a viso da Nova Perspectiva, aparece uma nova abordagem que apresenta

    Paulo como incoerente no seu pensamento quanto Lei. Essa abordagem defendida

    principalmente por Hans Hbner e Heikki Risnen.

    O principal argumento de Hbner que h um desenvolvimento no pensamento de

    Paulo sobre a Lei, o qual est concentrado em Glatas e Romanos. Hbner argumenta que

    nestas duas cartas, o pensamento de Paulo quanto Lei, no s demonstra

    65D. A. Carson, Douglas J. Moo, L. Morris, op. cit., nota 34.66Paulo Srgio. Fim da Lei em Romanos 10:4. Fides Reformata 2/1 (1997) 123-136. Ver tambm:Augustus Nicodemus op. cit. Andrew J. Bandstra, op. cit., p. 256, nota 05.67 Daniel B. Wallace. Galatians 3:19-20 A Crux Interpretum For Pauls View of the Law .Westminster Theological Seminary and Galaxie Software, 1997 , p. 02.

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    desenvolvimento, mas tambm discordncia68. Isso expressa uma mudana no pensamento

    de Paulo, que segundo Hbner, aconteceu entre a escrita de Glatas e Romanos. Segundo

    ele, o que Paulo afirmou em Glatas sobre a Lei, ele muda na carta aos Romanos.

    Risnen avana sua viso em Paulo e a Lei. Para ele, a discusso de Paulo e Lei

    completamente inconsistente e auto-contraditrio. A diferena entre Hbner e Risnen,

    que o primeiro v a contradio Paulina (por desenvolvimento) entre Glatas e Romanos

    enquanto que o ltimo v a contradio Paulina dentro de cada uma destas duas Principais-

    cartas.69

    3. ANLISE TEOLGICA.

    3.1 Observaes Preliminares.

    68Ibid.69Ibid.

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    3.1.1 Os Oponentes.

    A questo circunstancial em que Paulo enviou esta carta aos Glatas importante

    para o sue atual estudo. Mais importante ainda definir quem realmente eram os oponentes

    de Paulo, que estavam pervertendo o seu evangelho, oferecendo outro evangelho:

    Admira-me que estejais passando to depressa daquele que vos chamou na graa de

    Cristo para outro evangelho (e(tero eu)aggelion) 1:6. Esse oponentes,

    chamados tradicionalmente de judaizantes, sem dvida nenhuma, estavam perturbando

    os cristos da Galcia, induzindo-os a praticar as obras da Lei- 5:10,12; 6:12-13.

    Considerando que a nossa abordagem temtica tem a ver com o uso ou funo da

    Lei, devemos entender que detectar os oponentes de Paulo em Glatas to relevante

    quanto saber que para Paulo a Lei no justifica. Isso logo determinado pelo propsito de

    Paulo ao escrever esta epstola, tendo em vista que ele combate veementemente os seus

    oponentes que procuravam justificar-se pelas obras da Lei. Fica ento a pergunta: quem

    realmente so os oponentes de Paulo? Alguma propostas so dadas.

    3.1.1.1 Judaizantes Judeus-Cristos.

    Apesar de existirem vrias teorias70acerca de quem eram os oponentes de Paulo, a

    proposta a tradicional e mais aceita pela maioria dos eruditos protestante, tendo em vista

    que as evidncias internas reforam esse argumento. Esse opositores que tentavam

    sublevar os cristos da Galcia, so distinguidos cuidadosamente por Paulo dos membros

    70 Giuseppe Barbaglio. As Cartas de Paulo (I I ). (So Paulo , SP. Ed. Loyola, 1991), p. 17, oferece umquadro das hipteses sugeridas por alguns eruditos: a) Eram cristos gnsticos de origem pag posiosustentada por De Wette; b) Dois grupos distintos: Judaizantes e Libertrios entusiastas W. Luetgert; c)Sincretista Judeus/Cristos/Gnsticos, W. Marxsen.

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    da comunidade (= vs), enquanto que os opositores, Paulo os denomina de (alguns-

    1:7; 2:12, os que- 4:17; 5:13, aqueles- 5:10; 6:13, todos os que- 6:12, etc.). Esse

    testemunho interno mostra que os opositores tinham prticas judaicas e, por isso,

    identifica-se com judeus-cristo, que possivelmente teriam vindos de outra regio

    (Jerusalm)71 com a inteno de melhorar o evangelho pregado por Paulo, impondo

    sobre a igreja Glata, principalmente, a prtica da circunciso- 5:2-3.

    Apesar desta posio ter sido contestada72, no h dvida de que, os oponentes de

    Paulo pertenciam ao judasmo tradicional, de onde haviam se originado. Portanto,

    assumimos a posio de que Paulo tem realmente judeus/cristo como seus oponentes, que

    reivindicavam a prtica das obras da Lei como aditivo justia da f para a salvao. O

    centro da discusso de Paulo em Glatas , sem dvida, combater o legalismo e mostrar

    que a justia provm da f. Nesse sentido, a Lei no serve para a justificao, mas tem a

    sua funo especfica, cumprida no descendente (sperma) da promessa.

    Isso torna-se relevante para nossa discusso pelo fato do assunto Lei envolver

    toda a proposta de Paulo nessa epstola. Digno de nota saber que os judeus/cristo

    entendiam a Lei de Moiss de uma forma completamente legalista e meritria. Paulo ento,

    se ope a esse entendimento, mostrando que dentro do processo redentivo de Deus, i., no

    escopo da Aliana da Redeno, a Lei desempenha um papel especfico que no justificar

    71 James D. G. Dunn. The Epistle to the Galatians. Blacks New Testament Comentary (Peabory,Massachusets, 1993), p. 10. Ele diz: A concluso bem forte que estes cristo judeus tinham vindo Galcia algum tempo depois da ltima visita de Paulo e que eles tinham vindo como apstolos oumissionrio pregando o evangelho. Ver tambm: E.P. Sanders. Paulo, a Lei e o Povo Judeu. (So Paulo,SP. Ed. Paulinas, 1990), p. 27. Ele diz: Certos missionrios estavam tentando, ao que parece com algumsucesso, convencer os gentios convertidos por Paulo.... Jer C. Batista. op. cit., p. 06, diz que: a) eram

    judeus provindos de Jerusalm 1:7; 5:10,12; b) parecem ser cristos, pois oferecem e(teroeu)aggelion1:6, etc...72Johannes Munck. Paul, And The Salvation of M anking. (Richmond, Virginia. John Knox Press, 1959),

    pp. 87-90. Munck advoga que os oponentes de Glatas so judaizantes, mas de origem gentia. Segundo ele, opresente particpio com o artigo de Gl. 6:13 (oi( peritemnomenoi) d a idia de terem sidocircuncidados num passado recente e, portanto, tratava daqueles que tinham recebido a circunciso e nodaqueles que pertenciam circunciso.

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    o homem, pelo contrrio, ela serve para revelar e avultar o pecado do homem,- 3:19, cf.

    Rm. 5:20, condenar tudo sob o pecado- 3:22-23, e cumprir um propsito especial na

    histria do povo judeu, ou seja, exercer uma funo supervisria e disciplinadora sobre

    ele,- 3:24-25. nesse sentido que devemos entender o propsito de Paulo ao escrever esta

    epstola.

    3.1.2 Propsito.

    Assumindo a posio que os oponentes de Paulo eram realmente judeus/cristo,

    definimos tambm qual era o propsito de Paulo ao escrever esta carta igreja da Galcia.

    Esses judeus/cristos queriam combinar o evangelho de Cristo com a observao das

    cerimnias judaicas,73 e ensinam principalmente que a circunciso era necessria para a

    salvao- 5:2; 6:12uma posio que j havia sido tratada no assim chamado Conclio de

    Jerusalm. O propsito do apstolo Paulo ento, combater essa heresia judaica que vai

    contra todo conceito de liberdade crist.

    Uma maneira de identificar o propsito de Paulo nesta carta, atravs do prprio

    vocabulrio74 que Paulo emprega na carta. O termo no\moj aparece em termos

    percentuais em maior nmero na carta de Glatas mais que em todas as outras cartas,

    somente Romanos75 pode ser comparada a Glatas76. As ocorrncias dadas pela relao

    feita por Douglas Moo reafirmam essa realidade. Como j foi mostrado anteriormente, o

    73Herman N. Ridderbos. Galatia,p. 1674Jer C. Batista. op. cit., p. 08.75Ibid: nomoj ocorre 32 vezes em Glatas, com percentual de 14,3 3m cada 1,000 palavras, enquanto queRomanos apresenta 10,4 no mesmo grupo de 1,000 palavras Apostila: Nicodemus, no publicado.76Ibid.

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    termo no\mojpode ser classificado de duas formas diferentes: o uso legal e o no legal.

    A tabela77dada a seguir ilustra bem essa verdade:

    Significado Captulo 01 Captulo 02 Captulo 03 Captulo 04 Captulo 05 Captulo 06 Sentido

    Uso genrico Vs. 23 Neutro

    Lei de Deus

    em geral

    Vs. 21b. Neutro

    Cnon Vs. 21b. Neutro

    Sig, do Novo

    Testamento

    Vs. 2- Lei de

    Cristo

    Positivo

    Legalismo Vs. 11,12,17,

    19,21,23

    Vs.4,5 Negativo

    Corpo de

    Mandamen

    -tos

    Vs. 3 Vs. 13 Neutro

    Base da Jus-

    Tificao

    Vs. 16,21 Vs2,5,10,18 Vs. 4 Negativo

    Sistema ou

    Economia

    Vs. 19 Vs.23,24 Vs.4,5,21 Vs.4,18 Neutro

    Como vimos, essa tabela mostra que a inteno de Paulo, na verdade, combater as

    intenes dos judaizantes de buscar salvao mediante as obras da Lei. O termo

    no\moj aqui demonstrado, aparece no sentido quase totalmente negativo, levando o

    centro da discusso de Paulo para o confronto com os judeus legalistas. Vemos ainda, que

    a discusso de Paulo com estes judeus, se concentra nos captulos 3 e 4, evidenciando

    assim, que a estrutura da carta tambm determina o seu propsito.

    Fica ento, claro e coerente afirmar que a estrutura da carta determina o seu

    propsito. Cabe-nos conhecer algumas propostas de estruturas concernente a essa carta.

    77Ibid., Douglas J. Moo, op. cit.

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    3.1.3 Estrutura.

    Como j dissemos acima, a estrutura da carta determina o propsito do apstolo.

    Como tambm j mostramos, o centro do argumento de Paulo localiza-se no assunto

    referente a Lei e o seu papel dentro da histria salvfica. Sendo assim, fica evidenciado

    que, o centro do argumento de Paulo nesta carta fica nos captulos 3 e 4, onde concentram-

    se os assuntos Lei, Promessa (= Aliana) e justificao pela f. Contudo, h algumas

    proposta de estrutura que mostraremos a seguir.

    Uma das estruturas fornecida pela anlise retrica diacrnica de Hans Dieter Betz,

    que fez a sua anlise partir do ponto de vista da retrica Greco-Romano. A sua anlise

    estrutural fica desta forma, como segue78:

    I. Pre-escrito Epistolar1:1-5;

    II. Exordium - 1:6-11;

    III. Narratio - 1:12-2:14;

    IV. Propositio -2:15-21;V. Probatio -3:1-4:31;

    VI. Exhortatio -5:1-6:10;

    VII. Pos-escrito EpistolarConclusio6:11-18.

    Essa anlise apresenta a epstola aos Glatas como uma auto-apologtica carta da

    tradio Literrio Helenista, em vez de uma obra judaico-crist. Isso torna-se problemtico,

    78William David Davies. Jewish and Paul ine Studies. (Philadelphia. Fortress Press, 1984), p. 172. Vertambm: Richard N. Longenecker. Galatians,p. cx (of Introduction).

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    pois Paulo seria considerado um homem totalmente influenciado pelo mundo Greco-

    Romano, e sua carta se tornaria mais uma obra forense79que crist. Todavia, a quinta parte

    desta estrutura (Probatio - 3:1-4:31), mostra o desenvolvimento central do argumento de

    Paulo80, levando o assunto referido para o centro da discusso de Paulo. Isso certo.

    Uma outra proposta de estrutura dada por John Bligh, que advoga que toda a carta

    de Glatas deve ser entendida em termos de quiasmo.81A estrutura compreendida como

    segue:

    A. Prlogo. 1:1-1:12;

    B. Seo Autobiogrfica. 1:13-2:10;C.Justificao pela F. 2:11-3:4;

    D.Argumento da Escritura. 3:5-3:29;E. Quiasmo Central. 4:1-4:10;D. Argumento da Escritura. 4:11-4:31;

    C. Justificao pela F. 5:1-5:10;

    B. Seo Moral. 5:11-6:11;

    A. Eplogo. 6:12-6:18.

    certo que no podemos negar que exista quiasmo em Glatas, e que deve ser

    tratado seriamente na exegese pelo menos em algumas pores da carta- ex: 1:1; 4:4-5; 25-

    26. Mas devemos entender que a carta como um todo no pode ser entendida como um

    quiasmo, pois no refletiria o pensamento de Paulo. O quiasmo era uma das muitas

    ferramentas usadas por Paulo. No podemos admitir que- 4:1-10 seja o ponto central do

    argumento de Paulo, pelo simples fato de ser um quiasmo apenas. Existem outras

    ferramentas retricas que possivelmente eram usadas pelas mos de Paulo, e, portanto,

    devemos consider-las.

    79Jer C. Batista. op. cit. p. 09.80Richard N. Longenecker. Galatians,p. cx.81 Ibid. p. cxiii. - (Observao: Quiasmo uma figura de linguagem na qual os termos paralelos, emsentenas ou oraes adjacentes, so colocadas em ordem invertidas).

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    Uma terceira proposta mais simples e mais coerente demonstrada baseada em seu

    propsito, que aponta para a centralidade do argumento de Paulo.82Considerando Glatas

    uma carta grega a estrutura pode ser definida como segue:

    Estrutura Epistolar. Glatas.

    Abertura. Aes de Graa/Bno Saudao (1:1-5)

    Corpo (Abertura Formal) Seo de repreenso: Argumento Histrico

    (1:6-2:15).

    - Argumento Teolgico (2:16-4:11).

    Parneses Seo de Requerimentos: Requerimentos(4:12-?)

    [Inicia entre 4:28 e 5:13] Parneses (?-6:10)

    Encerramento (Aes de Graa/Bno/Daxologia) Subscrio (6:11-18).

    Esta estrutura demonstra claramente a inteno de Paulo no que concerne o seu

    argumento. O corpo ( abertura formal ), nas duas subdivises argumento histrico e

    Teolgico- 1:6-2:15 e 2:16-4:11, respectivamente), leva tanto a defesa da sua

    apostolicidade, como a anttese entre Lei e Aliana para o centro da discusso. Devemos

    considerar ento, que Paulo tem em mente combater expressamente os judeus que buscam

    justificao pelas obras da Lei, das quais Paulo afirma no haver justia para tal

    justificao. Portanto, o centro do argumento de Paulo localiza-se no argumento teolgico-

    escriturstico- 2:16-4:11, pois este revela o seu propsito j evidenciado anteriormente.

    Neste caso, devemos abordar o tema central do argumento de Paulo, i. ., Lei e Aliana.

    Paulo inicia o seu argumento teolgico mostrando a insuficincia das obras Lei

    como justia para a salvao, e a suficincia da f em Jesus Cristo que torna possvel a

    salvao. Paulo diz: sabemos... queo homem no justificado pelas obras da Lei (ou)

    82Jer C. Batista. op. cit. p. 10

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    e)c e)/rgwn no/mou), e sim, mediante a f em Jesus Cristo (dia\ pi/stewj

    )Ihsou= Xristou)- 2:16.

    Isso significativo para o restante do argum