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Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación 1 ISBN: 978-84-7666-210-6 – Artículo 744 O ENSINO DA ARTE E AS TICs: desafios e possibilidades ARANTES, M; VALADARES, F.

O ENSINO DA ARTE E AS TICs: desafios e possibilidades

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ARANTES, M; VALADARES, F.

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ARANTES1, M; VALADARES2, F.

Resumo: Este trabalho em como objetivo relatar a experiência pedagógica desenvolvida no curso de Pedagogia da Faculdade Araguaia, envolvendo o ensino de arte e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Partimos do seguinte questionamento: como planejar, elaborar e produzir conhecimento em arte via tecnologias contemporâneas, de modo a garantir a apropriação, a apreciação e o fazer artístico tendo as tecnologias de informação e comunicação como mediadoras do processo ensino-aprendizagem. Por meio da arte, o homem constrói e (re) constrói o percurso da história humana, produz artefatos artísticos, músicas, filmes, pinturas, danças, peças teatrais, entre outros que expressam as representações imaginárias das diferentes culturas. Nesse contexto, a apropriação e ressignificação das diferentes linguagens artísticas, em especial da imagem, por meio dos recursos tecnológicos (fotografia, vídeo, scanner, computador, câmera, entre outros) torna-se um desafio e uma possibilidade de enfatizar os pressupostos da Proposta Triangular.

Palavras chaves: Arte. Educação. Tecnologia de Informação e Comunicação.

Introdução

Este relato de experiência tem como objetivo discutir o Ensino de Arte e suas interfaces com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Para tanto, estabeleçe-se um breve díalogo com autores que vêm discutindo e problematizando esta temática, a saber: Barbosa (2010 e 2012), Ferreira (2001), Nogueira (2002), Pimentel (2011, 2012), Snyder (1988) entre outros. Para estes autores a arte se constitui objeto de conhecimento, apropriação e ressignificação, inerente e necessária à formação humana.

É a partir desse contexto teórico-conceitual que busca-se socializar o processo de elaboração, de apropriação, de ressignificação e da produção do conhecimento em arte via tecnologias de informação e comunicação, isto é, como mediadoras do processo ensino-aprendizagem desenvolvidas no curso de Pedagogia da Faculdade Araguaia, de modo a garantir a apropriação, a apreciação e o fazer artístico.

Desse modo, este relato é composto de três tópicos, no primeiro faz-se uma aproximação teórica buscando delimitar os conceitos que subsidiaram o planejamento e a elaboração do projeto de trabalho realizado com @s alun@s do curso de pedagogia da Faculdade Araguaia. No segundo apresenta-se o relato, descrevendo o

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processo de apropriação, reflexão e produção artística por meio do uso da fotografia e programas de computadores e celulares.

Por fim, apresenta-se as considerações finais, na qual reconhece-se a arte como objeto de conhecimento, investigação e estudo, assim como a necessidade de ampliar e democratizar o acesso a suas diferentes formas de expressão, e assim possibilitar aos alun@s sua ressignificação e produção, em especial por meio das TIC.

Interfaces entre Arte e as TICs no contexto educacional

A Arte e as TIC sempre fizeram e fazem parte da vida do homem, de sua cultura e de sua organização social; é um fator essencial no processo de humanização. Constituindo-se como um dos meios pelos quais o homem interage com o mundo em que vive, constrói conhecimento, responde e/ou elabora novos questionamento sobre si e o mundo, ordena, significa a vida e a consciência de existir.

Por meio da Arte e das TIC, o homem constrói e (re) constrói o percurso da história humana, produz artefatos, músicas, filmes, pinturas, danças, peças teatrais, entre outros que expressam as representações imaginárias das diferentes culturas. Constrói, assim, uma história social de produções culturais e compõem o patrimônio artístico e cultural da humanidade.

Desse modo, é importante compreender a Arte e as TIC´s em suas inter-relações com a sociedade, a formação humana e a educação.

Estabelece-se como primeiro plano da discussão a articulação entre a educação, a cultura e as linguagens artísticas, com vistas a compreender a arte como um elemento cultural enriquecedor da formação humana omnilateral, uma educação integral, que abranja as dimensões intelectuais, criativas, estéticas, expressivas, emocionais e éticas.

Conforme explicita Snyders (1988), a produção cultural e artística possibilita o acesso a uma visão de mundo mais ampla; ou seja, ampliar a compreensão do mundo, da sensibilidade, da capacidade de significar e de resignificar o mundo (p.31).

Assim, a experiência artística possibilita um olhar atento, curioso, inteligente, um diálogo com o outro, seus modos viver e pensar a vida, sobre o sentido da arte em nossas vidas e consequentemente, de nossas vidas. Nessa perspectiva, a arte abre uma arena de negociação entre os diversos conhecimentos e as diferentes culturas, um território de debates no qual a linguagem plástica, corporal, musical, poética, cinematográfica, entre outras, são provocadores de nossos olhares, de nossas crenças, de nossa forma de pensar e interpretar o mundo, o outro e a nós mesmos.

Portanto, a produção artística tem um compromisso com a interculturalidade3, definida por Barbosa (2012), como “a interação entre as diferentes culturas”, isto implica não privilegiar apenas os códigos e as manifestações artísticas e culturais dos

3Termo cunhado por Ana Mae Barbosa (2007), ao refletir sobre dos termos multiculturalismo e pluricultural: coexistência de

diferentes culturas na mesma sociedade. Para esta autora, o termo interculturalidade seria mais apropriado por significar a interação entre culturas.

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povos europeus e norte-americanos brancos, mas respeitar, valorizar e difundir, como patrimônio da humanidade, as produções artísticas culturais dos diferentes grupos étnico-raciais, gêneros, classes sociais, entre outros. Portanto, é objetivo da arte “fornecer conhecimento sobre a cultura local, a cultura de vários grupos que caracterizam a nação e a cultura de outras nações” (p.19).

Nogueira (2002), alerta-nos para a necessidade inter-relacionar cultura e educação, experiências artísticas e estéticas à formação humana. Visto que fatores sociais, culturais e artísticos interferem nos saberes e nos processos de aprendizagem. Nas palavras da autora:

Entendemos formação cultural como o processo em que o indivíduo se conecta com o mundo da cultura, mundo esse entendido como um espaço de diferentes leituras e interpretações do real, concretizado nas artes (música, teatro, dança, artes visuais, cinema, entre outros) e na literatura. (NOGUEIRA, 2002, p. 45).

Nesse sentido, a arte educa o olhar, ao mesmo tempo em que desvela a realidade por meio do estranhamento, do questionamento, bem como por seu caráter inovador, criativo, utópico4, o que possibilita uma releitura do mundo e é nesse processo que se deve efetivar a formação humana. Portanto, a formação cultural e artística possibilita um abrir-se para o mundo, afinal o contato com um cultura diversificada, enriquecida pela experiência humana e sua produção, favorece o aprender mil formas de ver, de ser e estar no mundo, outras formas de viver, de sonhar, de encantar-se, de questionar, de mudar e provocar deslocamentos, rupturas.

Por conseguinte, é mister compreender que a aproximação e a ressignificação das manifestações culturais e artísticas na formação humana requer um olhar crítico sobre a cultura de massa. A qual segundo Snyders (1988) incorre no equívoco de tentar tornar o mundo compreensível por meio de um discurso que não questiona as estruturas sociais, a estrutura de poder, as imposições da cultura dominante, o que consequentemente reduz o mundo, sua complexidade e contradições.

Num segundo plano de discussão busca-se compreender a importância das TIC e da relação Arte-TIC na cultura contemporânea e na educação, segundo Pierre Lévy (1993) torna-se necessário “considerar a enorme incidência de meios eletrônicos e da informática” na organização cultural e na produção de conhecimentos. Para este autor a multimídia interativa presente na atualidade “favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face à matéria a ser assimilado”, tornando assim um instrumento coerente com a chamada pedagogia ativa5.

4 Utopia entendida como esperança, nas palavras de Freire (2006, p.72): A esperança faz parte da natureza humana. Seria uma contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, primeiro, que o ser humano não se inscrevesse ou não se achasse predisposto a participar de um movimento constante de busca e, segundo, que se buscasse sem esperança. A desesperança é a negação da esperança. A esperança é uma espécie de ímpeto natural possível e necessário, desesperança é o aborto deste ímpeto. A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela não haveria história, mas puro determinismo. Só há história onde há tempo problematizado e não predado. A inexorabilidade do futuro é a negação da História. 5 A Pedagogia ativa aqui é compreendida com uma pedagogia que está ou deveria estar em permanente construção, nela crianças, jovens e adultos são e deverão ser respeitados como cidadãos críticos e atuantes nos processos de ensino aprendizagem, isto é atuantes na sua própria aprendizagem e desenvolvimento, quanto numa perceptiva coletiva e compartilhada. Verticalizando para as Tic, Fantin afirma que: "Diversas experiências têm demonstrado que é possível não só ensinar com, sobre e através dos meios, mas FORMAR ESPECTADORES CRÍTICOS que negociam os significados, que constroem conhecimento e que interagem de diversas formas." (FANTIN, Monica. Novo olhar sobre a Mídia-Educação – UFSC GT: Educação e Comunicação / n. 16. Agência Financiadora: /CNPq/CAPES disponível em: www.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt16/gt16123int.rtf acessado em 12/04/2009).

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Conforme Belloni (1999, p. 25), as TIC estão cada vez mais presentes na vida das crianças, dos adolescentes e jovens e dos adultos, sendo, portanto essa “razão principal da necessidade de sua integração à educação.” E, ainda, segundo essa autora:

As TIC, ao mesmo tempo em que trazem grandes potencialidades de criação de novas formas mais performáticas de mediatização, acrescentam muita complexidade ao processo de mediatização do ensino/aprendizagem, pois há grandes dificuldades na apropriação destas técnicas no campo educacional e em sua domesticação para utilização pedagógica. Suas características essenciais – simulação, virtualidade, acessibilidade e superabundância e extrema diversidade de informação – são totalmente novas e demandam concepções metodológicas muito diferentes daquelas metodologias tradicionais de ensino, baseada num discurso científico linear, cartesiano e positivista. Sua utilização com fins educativos exige mudanças, radicais nos modos de compreender o ensino e a didática (BELLONI, 199, p. 27).

Diante dos desafios postos pelas TIC, questiona-se qual o papel da educação? Adaptar-se? Abrir para o mundo? Articular as novas linguagens de informação e comunicação ao processo ensino aprendizagem?

Para Belloni (2001) é preciso que a educação forme sujeitos “críticos, ativos, inteligentes, capazes” de apropriar-se e resignificar as mensagens midiáticas, os recursos tecnológicos disponíveis – tv, computadores, máquinas fotográficas, celulares, entre outros – visando à qualificação técnica, ética e estética de seu uso no campo educacional, aliado a um projeto de construção de conhecimentos, isto é enquanto instrumentos pedagógicos capazes de dar suporte eficaz a melhoria da qualidade do ensino.

Ainda conforme, Belloni as TIC representam, evidentemente, novos desafios para a educação, que deverá aprender a lidar com a cultura midiática, muito mais interativa e participativa, com fronteiras mais amplas entre a produção de informação, comunicação, imagem, entre outros e a indústria cultural6.

Por conseguinte, faz-se necessário compreender que a apropriação e a ressignificação das TIC no campo educacional requerer um olhar crítico sobre a indústria cultural, a coisificação do homem e a mercantilização dos bem culturais. Nessa perspectiva, há de se questionar e problematizar o uso das TIC como um mero comprometimento com a lógica mercadológica, superficial e efêmero, cujo fio condutor é consumo e os novos produtos a serem lançados.

6 Indústria cultural, termo utilizado por Adorno e Horkheimer para discutir e problematizar a massificação cultural presente na sociedade capitalista, os estudos desses autores defendem que a indústria cultura possui padrões que se repetem com a intenção de formar uma estética ou percepção voltada ao consumo. Nessa perspectiva, o lucro e a lógica da produção capitalista realizam a mercantilização da arte e da cultura, produzindo "mercadorías culturais”.

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Portanto, faz-se necessário romper com a perspectiva acrítica do processo de adaptação cultural, com vistas a construir uma leitura autônoma, instaurando-se uma nova política, novas possibilidades de democratização, de criticidade e criativa na apropriação, ressignificação e produção de conhecimentos por meio do uso das TIC no contexto educativo.

Verticalizando o olhar para o ensino da Arte por meio das TIC, Pimentel (2012) afirma que “o uso de tecnologias em Arte não acontece somente em nossos dias. A Arte, em todos os tempos, sempre se valeu das inovações tecnológicas para seus propósitos” (p.128). Portanto, as tecnologias contemporâneas, tanto no campo da pesquisa, do estudo e da produção, deverão compor as práticas educativas, isto é, tornar-se parte integrante do processo de ensino.

Assim quando se opta, segundo Pimentel (2012) pelo uso dos recursos tecnológicos nas aulas de Arte, este deve ampliar as possibilidades de acesso, reflexão e expressões artísticas, nas palavras da autora:

Ao se optar por usar um ou mais recursos tecnológicos, essa escolha deve justificar-se pela melhor adequação da expressão da expressão artística possibitadada por esse ou esses meios. O ideal é que @ alun@ tenha experiências com atividades e materiais diversos - câmera fotográfica (tradicional ou digital) / vídeo / scanner / computador / ateliê / fotocópia- para que, conhecendo-os, possa pensar Arte de forma mais abrangente (PIMENTAL, 2012, p.130).

Assim, para Pimentel (2012) as TIC devem ampliar e não restringir o estudo crítico e a elaboração artística, afinal promover práticas educativas que inter-relacionam arte e tecnologias contemporâneas significa estar presente no próprio tempo, usufruir do patrimônio material e imaterial da cultura contemporânea.

Tendo como referência as artes visuais, o trabalho com a história da arte, o acesso à produção artística, visitas a museus, teatros e outros, assim como a ressignificação e recriação da obra por meio da utilização das tecnologias digitais, busca-se consolidar práticas educativas que além do uso dos recursos advindos das TIC propiciem novas formas de pensar e fazer arte.

Conforme os estudos de Pimentel (2012) o trabalho com imagens tem se beneficiado de forma significativa como os avanços tecnológicos, o uso da câmera digital, do scanner, da máquina de fotocopiar, dos programas de manipulação de imagens computadorizados e em celulares, vídeo, e outros permitem à criança, ao adolescente, o jovem e o adulto manipular e reelaborar imagens, capturar imagens na internet, alterar sua redefinição – contrastes, cores, inserir objetos, fazer colagens, isto é, inúmeras formas de reelaboração, releituras, desconstruções e criação – de modo a possibilitar o acesso, a apropriação, a reflexão e a produção da Arte.

O ensino das artes visuais: desafios e possibilidades

Este relato tem como objetivo sintetizar a experiência desenvolvida com @s alun@s do curso de Pedagogia da Faculdade Araguaia Goiás- Brasil, terceiro período, disciplina de Fundamentos Arte Educação, 2014/1.

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A disciplina Fundamentos da Arte-Educação tem como elementos balizadores de sua ementa a compreensão da Arte como objeto de conhecimento, o significado da Arte na Educação, história e metodologias de ensino, a apropriação das linguagens artísticas com vistas a ampliação da formação artística e estética dos alunos.

Para tanto, estabelecemos como princípio metodológico a Proposta Triangular desenvolvida pela professora Ana Mae Barbosa, a qual se fundamenta na construção do conhecimento em Arte por meio de três ações básicas: ler obras de arte, fazer e contextualizar.

Ler obras de Arte implica primeiramente acesso a produção artística, “questionamentos, a busca, a descoberta e o despertar da capacidade crítica dos alunos” (RIZZI, apud BARBOSA, 2012, p.73). Ainda segundo Rizzi, interpretar a obra de arte conforme o norte americano M. Parsons envolve alguns estágios que variam de acordo com a autonomia de cada sujeito. Estes estágios podem ser assim sintetizados:

Primeiro estágio – (...) é o gosto intuitivo, a preferência (...); Segundo estágio – (...) relaciona com o tema, a relação sujeito/obra tendo a representação e a emoção, o estilo e o realismo como referência (...); (...) Terceiro estágio – (...) envolve a expressividade, a experiência que a obra pode proporcionar como algo íntimo e único (...); Quarto estágio – (...) a obra passa a ser vista como mais social que individual, o foco está na identificação do estilo, na história da sua interpretação (...); Quinto estágio – (...) a Arte é prezada como forma de levantar questões e não por transmitir verdades, a interpretação é a reconstrução do sentido (...) (RIZZ apud BARBOSA, 2012, p. 75).

O fazer artístico envolve a experiência de produzir, o jogo da ação criadora, pesquisa de material e técnica, imaginação, habilidades específicas, entre outros. Nesse ponto, Pillar (1999), adverte que cópiar obras não é releitura, essa envolve transformação, interpretação e criação com base em um referencial. Releitura para Barbosa (2010) significa “reler, ler novamente, dar novo significado, reinterpretar, pensar mais uma vez” (p. 145). Nesse contexto, pensar a releitura como um desafio e uma possibilidade envolve compreender que não se cria do nada, é preciso ter contato com a produção artística no mundo da arte, ter conhecimento da história, das obras, dos artistas, “o importante é que o professor não exija representação fiel, pois a obra observada é suporte interpretativo e não modelo para os alunos copiarem” (p. 144). Portanto, conclui-se que a releitura é um recurso didático/metodológico muito rico, afinal “nunca é demais lembrar que devemos sempre estimular a criança a criar, porém nunca deixar de lhe dar subsídio para que o faça” (p. 149).

Contextualizar entrar em contato com a histórica da arte e o diálogo com outras áreas de conhecimento necessárias para o ensino da arte, como a estética, a cultura. “isso permite praticar uma educação em direção à multiculturalidade e à Ecologia” (BARBOSA, 2012, p. 76).

Diante dessa perspectiva desenvolveu-se uma metodologia de trabalho que envolveu: 1. Acesso a obras de arte, por meio da coleção de arte - Grandes Mestres da Pintura; 2. Debates e apresentações dos artistas e obra; 3. Elaboração de releituras.

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O acesso a obras se fez por meio de coleções pessoais e disponíveis na biblioteca da Faculdade, além de estudos realizados na rede mundial de computadores – internet/www –. @s alun@s tiveram acesso e escolha de artísticas consagrados com Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Boticille, Degas, Renoir, Van Gogh, Klimt, Picasso, Portinari e Tarsila do Amaral.

O trabalho de apreciação e leitura da obra se deu em pequenos grupos, três alun@s, destacou-se conforme Parsons (apud Rizzi, 2012) alguns estágios, o primeiro estágio que envolve o gosto intuitivo, a preferencia, no qual @s alunas puderam escolher o artista para pesquisar e estudar, o terceiro estágio no qual a expressividade o que a obra pode proporcionar de íntimo e único ao alun@; o quarto estágio uma análise sociocultural da obra, pesquisando estilo e história e por fim compreensão da obra pelas suas questões e não uma verdade. Nesse processo cada grupo registrou suas questões e descobertas por meio das indagações acerca de suas impressões pessoais da obra – por que da preferencia pela obra escolhida? O que gostavam ou não? Suas impressões refletidas a partir de estudos e pesquisas dos artistas e das obras – contexto sócio histórico do artista, da obra e estilo e as contribuições para a sua formação artístico cultural – o que este estudo agregava a sua formação.

O processo de elaboração das releituras se constitui como um desafio para a turma, primeiramente o debate sobre o que é o que não é releitura? Este estudo teve como referência o livro organizado por Barbosa (2010, p. 143-149) em especial o texto de Ana Amália Tavares Bastos Barbosa – Releitura, citação, apropriação ou o quê? Assim como, a pesquisa em sites e a apresentação de imagem designadas como releituras disponíveis na internet/www. Este estudo possibilitou e instigou a pesquisa, a observação e a tentativa de ariscar-se fazer, como quem entra em um jogo.

Optou-se pela fotografia como meio para reelaboração, recriação, releitura das imagens escolhidas, tendo em vista que a grande maioria d@s alun@s possuem máquinas fotográficas e celulares. O desafio era incorporar os próprios alun@s nas releituras, incorporar objetos que representam as tecnologias contemporâneas em nosso cotidiano. Diante desse desafio @s alun@s se organizaram em pequenos grupos para realizarem a releitura, conforme relatos descritos a seguir:

A professora propôs que fizéssemos uma releitura das obras que mais gostássemos, utilizando a fotografia. O nosso grupo escolheu a obra O Beijo de Gustav Klimt. A princípio foi um grande desafio, visto que nosso conhecimento artístico e cultural era raso, porém na medida em que íamos pesquisando, ideias começaram a surgir. Montamos o cenário, colocamos um lençol no chão, os modelos usaram roupas com formas geométricas, que representam na obra de Gustav Klimt a personalidade do homem e da mulher. Utilizamos a câmera de um celular, optamos por fazer um pequeno vídeo, depois fizemos o print de algumas cenas, com o auxílio do aplicativo Cymera para escolher o efeito e a montagem das fotos (DAYANA, IZA, MAYARA, 2014).

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Foto 1. Releitura da obra O Beijo de Gustav Klimt

Ao trabalharmos a releitura, escolhemos Michelangelo (foto 2), foi bastante enriquecedor, nosso grupo trabalhou com a obra A criação do homem, na releitura demos um toque de modernidade inserido à Coca-Cola, ficou bem legal e interessante, usamos apenas a máquina fotográfica, recurso técnico o zoom. Todo o grupo participou, surgiram várias ideias.

Foto 2. Releitura da obra A criação do Homem Michelangelo.

O trabalho realizado pelo nosso grupo teve como elemento principal a reinterpretação da obra de Portinari – O mestiço (foto 3). Pensamos em misturar o antigo e tempo moderno, optamos pela utilização de um modelo jovem, filho da Joyce, nossa pesquisa teve como objetivo mostrar como o jovem mestiço hoje constrói sua autoimagem; utilizamos um murro grafitado com painel de fundo e buscamos na expressão do rosto, no uso do boné e no gesto da mão caracterizar a jovem negro na contemporaneidade. Usamos apenas a máquina fotográfica do celular.

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Foto 3. Releitura da obra O mestiço de Candido Portinari

Nosso grupo escolheu as obras de Edgard Degas – Dançarina na barra (foto 4) e Nu penteando os cabelos (foto 5). Resolvemos recriar a cena na própria Faculdade, encaramos como um jogo, cada uma do grupo criou seu figurino e cena para ser fotografada. Inserimos objetos contemporâneos como o celular, secador de cabelo, entre outros objetos da atualidade. Usamos programas de celular Cymera para produzir os efeitos desejados – contrate de cores, envelhecimento, alterar fundo e adicionar moldura.

4. Releitura da obra Dançarina na barra de Edgar Degas

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Foto 5. Releitura da obra Nu penteando os cabelos de Edgar Degas

Primeiro estudamos o artista – Leonardo Da Vince – e nos foi proposto que fizéssemos uma releitura de algumas obras, a nossa escolha. Escolhemos O homem Vitruviano (foto 6) e a Dama com Arminho (foto 7), usamos os filhos da colega Vanessa, os programas Clever photo para editar, as fotos foram feitas de celular.

6. Releitura da obra O Homem Vitruviano de Da Vinci

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7. Releitura da obra A Dama com Arminho de Da Vinci

Nesse contexto, foram elaboradas 15 trabalhos de Releitura, todos buscaram uma obra como suporte, com o objetivo de apropriar das imagens da História da Arte e torná-las como referencial para sua própria produção artística, ou seja, tirando-as de seu local de origem e a utilizando para construir outras imagens (BARBOSA, 2010, p.145).

O desafio que se põe agora é a montagem de uma exposição coletiva na Faculdade para apresentação dos trabalhos produzidos pelo terceiro período de pedagogia.

Considerações Finais

Depreende-se, desse relato, a importância da incorporação da Arte e suas linguagens no contexto educacional/formativo d@s alun@s do curso de Pedagogia.

Desse modo acredita-se que esse trabalho cumpre um papel importante na formação das alunas do curso de Pedagogia da Faculdade Araguaia, pois as possibilita acesso, apropriação e ressignificação da História das Artes Visuais, maior conhecimento de sua cultura, saber expressar-se e ainda utilizar e resignificar a TIC no cotidiano educativo, não como mera adaptação, mas como uma possibilidade, um recurso didático/metodológico para conhecer e produzir novas formas de pensar e produzir Arte. Nas palavras d@s alun@s:

Fala 1 - Foi uma experiência única, que nos ensinou a apreciar e entender o movimento artístico de cada momento histórico. Fala 2 - Ao trabalharmos releituras de obras de artistas clássicos, nos foi possível apreciar, aprofundar e conhecer belas obras de arte. Fala 3 - Foi bastante enriquecedora essa experiência.

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Fala 4 - Esse exercício foi de grande aprendizado para nós e nos trouxe uma grande satisfação ao percebermos a nossa criatividade na releitura dessas obras. Fala 5 - Este estudo teve grande relevância para nossa formação, permitindo-nos buscar mudanças e novos caminhos no ensino da arte. Pois educar é um processo de contínua transformação e exige qualificação por parte dos professores, que só podem ensinar o que aprendeu. Sendo assim, os conhecimentos artísticos devem fazer parte da trajetória de vida e de formação dos professores para que conhecendo bem, possam ensinar com qualidade.

Referências

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___________. (2010). Arte/Educação Contemporânea: consonância internacionais. São Paulo: Cortex.

BARBOSA, A. M; y COUTINHO, R.G. (2009). Arte/Educação como Mediação Cultural e Social. São Paulo: Unesp.

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