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O que é o virtual

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Page 1: O que é o virtual
Page 2: O que é o virtual

Pierre Lévy é um filósofo francês da cultura virtual contemporânea.

Leciona no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris VIII.

Especializou-se em abordagens hipertextuais quando lecionou na Universidade de Ottawa, no Canadá.

Após sua graduação, preocupou-se em analisar e explicar as interações entre Internet e sociedade.

Desenvolveu um conceito de rede, juntamente com Michel Authier, conhecido como ’Árvores do Conhecimento’.

Lévy também pesquisa a inteligência coletiva focando em um contexto antropológico.

É um dos maiores estudiosos sobre a Internet e um dos principais filósofos da mídia atualmente.

Suas pesquisas se concentram principalmente na área da cibernética.

Page 3: O que é o virtual

“A palavra virtual

vem do latim

medieval virtualis,

derivando

por sua vez do

virtus, força,

potência.

Na filosofia

escolástica,

é virtual o

que existe

em potência

e não em

ato.” (p. 5)

Momento de virtualização. Afetando

a comunicação e os corpos.

Digitalização de mensagens e

extensão do ciberespaço.

A virtualização não é nem boa, nem

má.

O virtual surge como uma afinidade

ao falso, ilusório ou imaginário.

Momento de desterritorialização.

Surge uma nova sensibilidade

estética.

CONTEXTO ATUALI

Page 4: O que é o virtual

VIRTUALIZAÇÃO:

É o movimento

inverso da

atualização.

Passa de uma

solução dada

a outro problema.

Um problema

repensado,

em vez de

uma solução

estável.

A entidade carrega e produz suas virtualidades

O virtual constitui a entidade. As virtualidades inerentes ao ser. (problemáticas e nós de tensões)

ATUALIZAÇÃO (p. 6)

É a criação, invenção de uma forma a partir de uma configuraçãodinâmica de forças e de finalidades”

EX: Interação entre humanos e sistemas informáticos.

Programas de computador, são soluções a problemas.

II

Page 5: O que é o virtual

O virtual é

não-presente

ou onipresente ?

Em uma empresa virtual, os elementos são nômades. Livre de pertinência em posição geográfica.

O texto agora apresenta-se como a atualização de um hipertexto de suporte informático ‘conectado à memória digital’

“Quando uma pessoa, uma coletividade, um ato, uma informação se virtualizam, eles se tornam ‘não-presentes’” (p. 9)

“A virtualização submete a narrativa clássica a uma prova rude: unidade de tempo sem unidade de lugar (graças às interações em tempo real por redes eletrônicas, às transmissões ao vivo, aos sistemas de telepresença)” (p. 9)

As representações

digitalizadas no

ciberespaço não

são totalmente

independentes

de espaço físico

uma vez que

estão hospedadas

nos servidores.

III

Page 6: O que é o virtual

VIRTUALIZAÇÃO(Desterritorialização)

“Saída da ‘presença’,

do ‘agora’ e do

‘isto’ como uma

das vias régias

da virtualização”

“Cada forma de vida inventa seu

mundo” (p. 10)

O universo cultural, próprio dos

humanos, estende ainda mais essa

variabilidade dos espaços e das

temporalidades. (p. 10)

A linguagem surge como sistema de

registro e de transmissão (oral,

escrita, audiovisual, digital)

INTERAÇÃO MEDIADA E PRESENCIAL

“As pessoas que mais telefonam são

também as que mais encontram

outras pessoas em carne e osso”

(p. 11)

IV

Page 7: O que é o virtual

A virtualização,

passagem à

problemática,

deslocamento do ser

para a questão,

é algo que

necessariamente

põe em causa a

identidade clássica,

pensamento

apoiado em

definições,

determinações,

exclusões,

inclusões

e terceiros

excluídos’

(p. 12)

Partimos da mesa de trabalho do trabalhador clássico às empresas virtuais, interligadas em sistemas de gestão eletrônica de documentos (bancos de dados).

Memória virtual.

Reversão entre exterioridade e interioridade.

VIRTUALIZAÇÃO DO CORPO

“Nova etapa na aventura de autocriação que sustenta nossa espécie” (p. 13)

Cuidados com o corpo. (dietas, plásticas, academia, etc.)

Virtualização da informação, do conhecimento, da economia e da sociedade.

V

Page 8: O que é o virtual

Telepresença

Projeção e Percepção

Corpo tangível

Corpo sonoro

Realidade virtual

Comandos

cerebrais

efetuando

movimentos

à distância

ONIPRESENÇA MIDIÁTICA

“Estamos ao mesmo tempo aqui e lá, graças às técnicas de telepresença” (p. 13)

“Os sistemas ditos de realidade virtualnos permitem experimentar, além disso, uma integração dinâmica de diferentes modalidades perceptivas” (p. 14)

O telefone é um exemplo de telepresença. (forma parcial de ubiquidade)

As vídeo chamadas são exemplos de projeções associadas à telepresença.

Os sistemas de realidade virtual transmitem uma quase presença.

Transmissão multimídia associada à possibilidade de manipulação sensório-motora.

VI

Page 9: O que é o virtual

CICLO EVOLUTIVO

Desenvolvimento

ao longo dos

tempos.

O psiquismo constitui uma

interioridade.

A unidade do

psiquismo é de uma

‘multiplicidade fervilhante’

e sua interioridade

‘afetiva’ não é

em absoluto um

fechamento.

PSIQUISMO

‘O psiquismo, por construção,

transforma o exterior em interior (o lado

de dentro é uma dobra do lado de fora)

e vice-versa’.

MULTIDÕES EM INTERAÇÃO

‘Os coletivos humanos são espécies de

megapsiquismos, não apenas por

serem percebidos e afetivamente

investidos por pessoas, mas porque

podem ser adequadamente modelados

por uma topologia uma semiótica, uma

axiologia e uma energética

mutuamente imanentes’.

VII

Page 10: O que é o virtual

SOFTWARES

Os softwares são

micromódulos

cognitivos automáticos

que aumentam a

capacidade de

cálculo, raciocínio,

imaginação,

criação,

comunicação,

aprendizagem

e navegação,

dos humanos.

VIRTUALIZAÇÃO DA MEMÓRIA

A escrita, o alfabeto e a imprensa.

As sabedorias passam de geração em geração.

Surgimento de uma memória dinâmica ou consciência comum.

Paisagens de significação partilhadas nas árvores do conhecimento.

A memória coletiva é virtualizada no ciberespaço.

Diálogos virtuais em fóruns eletrônicos.

Passa-se da inteligência coletiva ao coletivo inteligente.

O ciberespaço manifesta propriedades novas.

VIII

Page 11: O que é o virtual

Desterritorialização

do texto

O ciberespaço está

misturando as

noções de unidade,

identidade e de

localização.

No mundo digital, a

distinção entre o

original e a cópia

deixa de ter qualquer

pertinência.

Uma tecnologia intelectual, quase sempre, exterioriza, objetiviza, virtualiza uma função cognitiva, uma atividade mental.

A partir da escrita, as mensagens, frequentemente, são separadas no tempo e espaço de sua fonte de emissão.

‘A tela informática é uma nova máquina de ler’.

A passagem ao hipertexto é uma virtualização.

A digitalização e as novas formas de apresentação do texto nos interessam por darem acesso a outras maneiras de ler e compreender.

Devido à possibilidade de interação, a partir do hipertexto, toda leitura tornou-se um ato de escrita.

IX

Page 12: O que é o virtual

As obras de arte

possuem aspectos de

virtualidade. Enquanto

fonte de prestígio, aura

ou valor mercantil.

Surgem novas moedas

virtuais. Valores de

troca entre o que

é intercambiado

no ciberespaço.

A informação se

torna mercadoria.

O plágio se torna

crime comum.

VIRTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA

“A informação e o conhecimento, de fato, são doravante a principal fonte de produção de riqueza” (p. 33)

Vivemos em um mundo onde há coisas ‘materiais’ e ‘imateriais’.

A informação e o conhecimento são bens imateriais. Supondo a metafísica da substância.

Vivemos uma economia da desterritorialização.

Os mercados online são exemplos de virtualização do mercado.

No mercado virtual entra questão dos direitos autorais e da apropriação de conteúdo.

X

Page 13: O que é o virtual

Máquinas

Darwinianas

“A noção de

inteligência coletiva

não é uma simples

metáfora”

Além da inteligência

artificial e da

capacidade de

aprendizagem,

projetam-se

sistemas

capazes de

autocriação.

CORPO COLETIVO

‘Cada corpo individual torna-se parte integrante de um imenso hipercorpo híbrido e mundializado’

A reunião de conhecimentos, saberes e informações individuais dá origem à Inteligência coletiva.

Há um processo de virtualização do saber, da memória e do corpo.

RESPLANDECÊNCIA

‘A virtualização do corpo não é portanto uma desencarnação mas uma reinvenção, uma reencarnação, uma multiplicação, uma vetorização, uma heterogênese do humano’

XI

Page 14: O que é o virtual

ALGORÍTIMOS

A linguagem de

programação e os

códigos informáticos

surgem como um

formato evoluído

de comandos e

fórmulas

matemáticas.

“Um cérebro é ao mesmo tempo o resultado de um processo darwiniano na escala da evolução biológica e na escala da aprendizagem individual”

Mensagens complexas: Ideogramas, diagramas, mapas, esquemas, mensagens iconográficas e fílmicas.

Passagem do privado ao público. Atributos de virtualização.

Inversão entre o interno e o externo.

Corpo ampliado e modificado.

Surgimento de novos signos.

Extensões cognitivas.

Intercâmbios subjetivos.

Transformação nas ações humanas e nas relações sociais.

Virtualização dos relacionamentos.

XII

Page 15: O que é o virtual

Desterritorialização

dos relacionamentos

Virtualização da arte

Surgimento de novos

códigos linguísticos

Códigos eletrônicos

Linguagens de

programação

Criação de

universos de

significação

XIII OS 3 PROCESSOS DE

VIRTUALIZAÇÃO

Virtualização do tempo real.

Virtualização das ações, do corpo e do

ambiente físico.

Virtualização da violência.

(complexidade das ações sociais)

O TRÍVIO (TRÍPLICE VÍA)

Gramática ( saber ler e escrever

corretamente )

Dialética ( saber racional)

Retórica ( saber compor discursos e

convencer )

Page 16: O que é o virtual

PADRONIZAÇÃO

‘A padronização

permite a

compatibilidade

entre sistemas

de informação,

sistemas

econômicos,

sistemas de

transporte

distintos’.

‘As árvores do conhecimento propõem uma verdadeira gramatização do reconhecimento dos saberes’.

‘A operação dialética funda o virtual porque abre, sempre de uma forma diferente, um segundo mundo’

‘As operações gramaticais multiplicam os graus de liberdade’

A retórica reúne operações de criação de um mundo humano.

‘O ato retórico, que diz respeito à essência do virtual, coloca questões, dispõe tensões e propõe finalidades’. ( pondo em jogo e em cena no processo vital )

XIV

Page 17: O que é o virtual

Virtualização da

inteligência.

O pensamento

coletivo está no

indivíduo.

‘O desenvolvimento da comunicação assistida por computador e das redes digitais planetárias aparece como a realização de um projeto mais ou menos bem formulado, o da constituição deliberada de novas formas de inteligência coletiva, mais flexíveis, mais democráticas, fundadas sobre a reciprocidade e o respeito das singularidades’. (Cap 7)

Estão associadas à virtualização, a desterritorialização e a constituição recíproca da interioridade e da exterioridade.

INTELIGÊNCIA

‘O conjunto canônico das aptidões cognitivas, o saber, as capacidades de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar e de raciocinar’.

XV

Page 18: O que é o virtual

Aa tecnologia é uma

das principais

responsável pela

transformação do

mundo moderno.

A virtualização da

presença e do saber

possibilita um

intercâmbio maior de

conhecimentos.

O coletivo humano é o palco de uma ecologia ou economia cognitiva.

Os sistemas de comunicação, de escrita, de registro e de tratamento da informação fazem parte de um conjunto de tecnologias intelectuais.

As infraestruturas de comunicação e as tecnologias intelectuais estabelecem estreitas relações com as formas de organização política e econômica.

O ideal é que todos pudessem tomar conhecimento das leis e discuti-las.

As técnicas não determinam. As técnicas condicionam.

XVI

Page 19: O que é o virtual

Como coordenar as

inteligências que se

multiplicam umas

através das outras ?

Como fazer sociedade

de maneira flexível,

intensa e inventiva ?

O ideal da inteligência coletiva será o

momento em que haverá ‘avaliação

permanente das obras pelos pares e

pelo público, reinterpretação

constante da herança,

inaceitabilidade do argumento de

autoridade, incitação a enriquecer o

patrimônio comum, cooperação

competitiva, educação contínua do

gosto e do senso crítico, valorização

do julgamento pessoal, preocupação

com a variedade, encorajamento à

imaginação, à inovação, à pesquisa

livre’.

XVII

Page 20: O que é o virtual

A comunidade

científica é um exemplo

de coletivo inteligente

unido pela circulação

de objetos.

A inventividade

científica é responsável

por colocar os objetos

em circulação,

transformando

assim sua

identidade da

comunidade.

O indivíduo dominante exerce uma

função de unificação e coordenação.

VIRTUALIZAÇÃO DA RIQUEZA

O dinheiro não é a riqueza, mas a

sua virtualidade.

A moeda no regime capitalista

constitui um dos objetos mais

eficazes. Mas precisa circular.

Precisa haver fluxo econômico.

Se cada um guardasse o próprio

dinheiro em um cofre pessoal, o

jogo econômico contemporâneo se

desmantelaria.

XVIII

Page 21: O que é o virtual

O ciberespaço faz

circular conhecimento e

riqueza.

A técnica virtualiza a

ação e as funções

orgânicas.

Os objetos mantém

os homens juntos.

Tem relação de

memória com o espaço.

A extensão do ciberespaço representa o último dos grandes surgimentos de objetos indutores de inteligência coletiva.

O que torna a internet interessante?

Dizer que ela é anarquista é um modo grosseiro e falso de representar as coisas.

Trata-se de um objeto comum, dinâmico, construído, ou pelo menos alimentado, por todos os que o utilizam.

O ciberespaço possibilita o intercâmbio de saberes em um espaço de compartilhamento de memórias individuais e coletivas.

Induz o crescimento considerável da força virtualizante e circulação de objetos científicos e monetários.

XIX

Page 22: O que é o virtual

POTENCIALIZAÇÃO

Do real ao possível

Real ( Atual )

Possível ( Virtual )

A potencialização

produz ordem e

informação.

A potencialização

pode ser assimilada

a uma subida na

contracorrente da

entropia.

Entropia ‘é uma grandeza termodinâmica

que mensura

o grau de irreversibilidade

de um sistema, encontrando-se

geralmente associada ao que denomina-

se por "desordem“’

( Wikipédia )

LATENTE x MANIFESTO

SUBSTÂNCIA

Possível (insiste) – Real (subsiste)

ACONTECIMENTO

Virtual (existe) – Atual (acontece)

Embora vivemos hoje a sua

aceleração, a virtualização não é um

fenômeno recente.

O virtual não está aí. Sua essência

está na saída. Ele existe.

XX

Page 23: O que é o virtual

ARTE DA VIDA

(Restabelecer o

equilíbrio)

‘Quando o possível

esmaga o virtual,

quando a

substância

sufoca o

acontecimento,

o papel da arte

viva (ou arte

da vida) é restabelecer

o equilíbrio’.

REALIZAÇÃO

Do potencial ao real (do que insiste

ao que subsiste)

POTENCIALIZAÇÃO

(o inverso)

ATUALIZAÇÃO

Do virtual ao atual (do que existe ao

que acontece)

VIRTUALIZAÇÃO

(o oposto)

XXI

Apresentação:

O que é o virtual ?

De: Pierre Lévy

Por: Juliano Dornelles