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DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS 2014 Contribua com nossas reflexões e análises! Envie sugestões para: [email protected] 28 de agosto de 2014 Manifestações de Gênero, Raça, Sexualidade e Religião nas Eleições 2014 http://www.neim.ufba.br O candidato ao governo do estado de São Paulo Paulo Skaf (PMDB) está enfocando em sua campanha o enfrentamento ao estupro. Ele propõe a criação de 33 novas delegacias da mulher e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não se combate apenas com reforço nas instituições policias: é preciso combater o sexisismo em suas formas sutis do diaadia. O OBSERVATÓRIO FEMINISTAREALIZOU O SEU 1º MINICURSO EM COMUNIDADE ABORTO Nessa sextafeira, dia 29, foi divulgada pesquisa de intenção de votos realizada pelo Datafolha que confirma a tendência de crescimento da candidata Marina Silva na corrida presidencial. Em números essa pesquisa demonstra uma reviravolta no processo eleitoral e indica um crescimento da candidata Marina Silva na qual substituiu Eduardo Campos. Na última pesquisa feita pelo Ibope a candidata Dilma que possuía 34% agora mantém os mesmo 34%, Marina Silva tinha 21% e agora passou para 34%, já PESQUISA IBOPE O primeiro debate entre os presidenciáveis nestas eleições, ocorrido na última quartafeira (26.08.14), na Rede Bandeirantes, não apresentou nada de novo, temas como saúde, segurança pública, educação e desenvolvimento da economia, ocuparam os discursos dos três principais candidatos (Dilma, Marina e Aécio), sem deixar claro para o eleitor a viabilidade real das LGBT RAÇA DE OLHOS NAS ELEIÇÕES! No dia 23 de agosto a equipe do Observatório, realizou o seu 1º mini curso sobre a representação da mulher na política. O encontro foi no Espaço OBSERVATÓRIO FEMINISTA ELEIÇÕES 2014 propostas. Os temas polêmicos como aborto, descriminalização da maconha, educação religiosa nas escolas e o sistema presidiário, casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, foram pouco debatidos, exceto com a intervenção da candidata Luciana Genro (PSOL) e do candidato Eduardo Jorge(PV). 3º Boletim do Observatório Feminista As questões LGBT tiveram pouca relevância no debate, e foi problematizada apenas pela candidata Luciana Genro (PSOL). A candidata vem se posicionado a favor dos Direitos Humanos e Cidadania LGBT, no que tange ao combate à homofobia nas escolas, legalização do casamento civil igualitário, criminalização da homofobia e entre outros. No debate, Luciana Genro fez referência ao estado laico e, dirigindose ao candidato do PSC, fez questão de chamálo de Everaldo, negandose a tratálo como pastor, justificando ser “impróprio confundir política com religião”. Lembrou que o pastor Everaldo foi da base aliada do atual governo e participou ativamente da suspensão do Programa Escola sem Homofobia, impedindo que os professores tivessem acesso ao material didático e pedagógico. Uma iniciativa de educação cidadã, que ensina os/as jovens a respeitar o outro com as suas diferenças. Luciana Genro lembrou que a homofobia e transfobia matam, que um membro da comunidade LGBT é assassinado por dia, por causa do preconceito e pela falta de programas pedagógicos dentro das escolas para combatêlos. Em seguida questionou o pastor Everaldo se não se sentiria responsável pela morte dos homossexuais. Mas, o pastor Everaldo não quis prolongar o assunto respondendo que não se sente responsável. Cultural Alagados com mulheres lideranças comunitárias e representantes de entidades comunitárias da região da Península de Itapagipe. Na oficina temática “Sexualidade e Corpo” duas questões foram discutidas: a repressão sexual que as mulheres são submetidas e os padrões de beleza impostos pela sociedade. Durante o curso as participantes contaram suas histórias de luta e dificuldades, e se posicionaram sobre a importância da representatividade da mulher negra nos espaços de poder público e na sociedade. Levy Fidelix (PRTB) defendeu a redução da maioridade penal e uma maior utilização da política de encarceramento, propondo assim combater as consequências e efeitos da violência e não atacar as causas desse problema. Luciana Genro (PSOL) ressaltou que essas propostas de Levy são uma forma de controle social que atingirá a população negra e pobre da sociedade brasileira. É importante ressaltar que tanto Levy Fidelix (PRTB) quanto Pastor Everaldo (PSC), que também se pronunciou a favor da redução da maioridade penal, adotaram esse discurso na campanha afirmando que esse é um desejo da sociedade em geral, o que é questionável. O debate em torno dessa questão estão sob os efeitos da manipulação da grande mídia. O tema do aborto teve destaque em alguns momentos do debate, tanto das opiniões progressistas, como das conservadoras. Foi no segundo bloco que esse tema surgiu, quando Eduardo Jorge (PV) questionou Aécio Neves (PSDB) a sua posição sobre a descriminalização do aborto, ele se declarou contrário ao aborto. Aécio Neves reforçou a sua resposta afirmando que “é por falta de informação que acontece uma gravidez indesejada”. O que revela ignorar as razões que levam a mulher praticar um aborto. Eduardo Jorge insistiu ao afirmar que é um absurdo a legislação atual, o que coloca o Brasil em contraste com tantos outros países que já asseguram esse direito às mulheres. Luciana Genro (PSOL) criticou a proposta de ensino do criacionismo nas escolas, afirmando que nenhuma religião pode se sobrepor às outras, tão pouco influenciar as decisões políticas. A candidata debateu questões como drogas lícitas e ilícitas, e o aborto como temas do programa educacionais. Quanto ao aborto, ela se posicionou a favor da regulamentação, uma vez que o aborto acontece em todas as classes sociais, mas são mulheres com menos recursos financeiros que correm riscos ao praticálo. Tanto Marina e Dilma se esquivaram sobre essa questão. Marina preferiu focar sobre o ensino do criacionismo. No final do debate o candidato Pastor Everaldo Pereira (PSC), ratificou seu posicionamento fortemente contra o aborto. O debate seguiu sem tratar dos temas polêmicos que estão na ordem do dia da sociedade. O candidato ao governo do estado de São Paulo Paulo Skaf (PMDB) está enfocando em sua campanha o enfrentamento ao estupro. Ele propõe a criação de 33 novas delegacias da mulher e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não se combate apenas com reforço nas instituições policias: é preciso combater o sexisismo em suas formas sutis do diaadia. Aécio Neves continua sendo um dos mais afetados nesse novo cenário, caiu da segunda posição no incio de Agosto, agora a candidata Marina Silva abri uma diferença de dezenove pontos percentuais frente ao tucano. Segundo o Datafolha Marina ganharia da candidata Dilma em um eventual segundo turno com uma margem de dez pontos percentuais de diferença. Portanto, fica a pergunta: é possível afirmar que a comoção pela morte do candidato Eduardo Campos deu lugar a esse novo quadro politico, quebrando a disputa bipartidaria entre o PSDB e PT, ou não?

OBSERVATÓRIO FEMINISTAº-BOLETIM.pdf · e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não

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Page 1: OBSERVATÓRIO FEMINISTAº-BOLETIM.pdf · e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não

DDEEBBAATTEE DDOOSS PPRREESSIIDDEENNCCIIÁÁVVEEIISS 22001144

CCoonnttrriibbuuaa ccoomm nnoossssaass rreefflleexxõõeess ee aannáálliisseess!! EEnnvviiee ssuuggeessttõõeess ppaarraa::

oobbsseerrvvaattoorriiooffeemmiinniissttaa22001144@@ggmmaaiill..ccoomm

2288 ddee aaggoossttoo ddee 22001144 MMaanniiffeessttaaççõõeess ddee GGêênneerroo,, RRaaççaa,, SSeexxuuaalliiddaaddee ee RReelliiggiiããoo nnaass EElleeiiççõõeess 22001144 hhttttpp::////wwwwww..nneeiimm..uuffbbaa..bbrr

O candidato ao governo do estado de São Paulo Paulo Skaf (PMDB) está enfocando em sua campanha o enfrentamento ao estupro. Ele propõe a criação de 33 novas delegacias da mulher

e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não se combate apenas com reforço nas

instituições policias: é preciso combater o sexisismo em suas formas sutis do dia­a­dia.

OO OOBBSSEERRVVAATTÓÓRRIIOO FFEEMMIINNIISSTTAA RREEAALLIIZZOOUU OO SSEEUU 11ºº MMIINNII­­CCUURRSSOO EEMM CCOOMMUUNNIIDDAADDEE

AABBOORRTTOO

Nessa sexta­feira, dia 29, foi divulgada pesquisade intenção de votos realizada pelo Datafolhaque confirma a tendência de crescimento dacandidata Marina Silva na corrida presidencial.Em números essa pesquisa demonstra umareviravolta no processo eleitoral e indica umcrescimento da candidata Marina Silva na qualsubstituiu Eduardo Campos. Na última pesquisafeita pelo Ibope a candidata Dilma que possuía34% agora mantém os mesmo 34%, MarinaSilva tinha 21% e agora passou para 34%, já

PPEESSQQUUIISSAA IIBBOOPPEE

O primeiro debate entre os presidenciáveis nestas eleições, ocorrido na últimaquarta­feira (26.08.14), na Rede Bandeirantes, não apresentou nada de novo,temas como saúde, segurança pública, educação e desenvolvimento daeconomia, ocuparam os discursos dos três principais candidatos (Dilma,Marina e Aécio), sem deixar claro para o eleitor a viabilidade real das

LLGGBBTTRRAAÇÇAA

DDEE OOLLHHOOSS NNAASS EELLEEIIÇÇÕÕEESS!!

No dia 23 de agosto a equipe do

Observatório, realizou o seu 1º mini­

curso sobre a representação da mulher

na política. O encontro foi no Espaço

OBSERVATÓRIO FEMINISTAELEIÇÕES 2014

propostas. Os temas polêmicos como aborto, descriminalização damaconha, educação religiosa nas escolas e o sistema presidiário,casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, foram pouco debatidos,exceto com a intervenção da ccaannddiiddaattaa LLuucciiaannaa GGeennrroo ((PPSSOOLL)) ee ddoo

ccaannddiiddaattoo EEdduuaarrddoo JJoorrggee((PPVV))..

33ºº BBoolleettiimm ddoo OObbsseerrvvaattóórriioo FFeemmiinniissttaa

As questões LGBT tiveram pouca relevância no

debate, e foi problematizada apenas pela candidata

LLuucciiaannaa GGeennrroo ((PPSSOOLL)). A candidata vem se

posicionado a favor dos Direitos Humanos e Cidadania

LGBT, no que tange ao combate à homofobia nas

escolas, legalização do casamento civil igualitário,

criminalização da homofobia e entre outros.

No debate, LLuucciiaannaa GGeennrroo fez referência ao estado

laico e, dirigindo­se ao candidato do PSC, fez questão

de chamá­lo de Everaldo, negando­se a tratá­lo como

pastor, justificando ser “impróprio confundir política

com religião”. Lembrou que o ppaassttoorr EEvveerraallddoo foi da

base aliada do atual governo e participou ativamente

da suspensão do Programa Escola sem Homofobia,

impedindo que os professores tivessem acesso ao

material didático e pedagógico. Uma iniciativa de

educação cidadã, que ensina os/as jovens a respeitar

o outro com as suas diferenças.

LLuucciiaannaa GGeennrroo lembrou que a homofobia e transfobia

matam, que um membro da comunidade LGBT é

assassinado por dia, por causa do preconceito e pela

falta de programas pedagógicos dentro das escolas

para combatê­los. Em seguida questionou o pastor

Everaldo se não se sentiria responsável pela morte

dos homossexuais. Mas, o ppaassttoorr EEvveerraallddoo não quis

prolongar o assunto respondendo que não se sente

responsável.

Cultural Alagados com mulheres lideranças comunitárias e

representantes de entidades comunitárias da região da

Península de Itapagipe. Na oficina temática “Sexualidade e

Corpo” duas questões foram discutidas: a repressão sexual

que as mulheres são submetidas e os padrões de beleza

impostos pela sociedade. Durante o curso as participantes

contaram suas histórias de luta e dificuldades, e se

posicionaram sobre a importância da representatividade da

mulher negra nos espaços de poder público e na sociedade.

Levy Fidelix (PRTB) defendeu a redução da

maioridade penal e uma maior utilização da

política de encarceramento, propondo assim

combater as consequências e efeitos da

violência e não atacar as causas desse

problema. LLuucciiaannaa GGeennrroo ((PPSSOOLL)) ressaltou que

essas propostas de LLeevvyy são uma forma de

controle social que atingirá a população negra e

pobre da sociedade brasileira. É importante

ressaltar que tanto LLeevvyy FFiiddeelliixx ((PPRRTTBB)) quanto

PPaassttoorr EEvveerraallddoo ((PPSSCC)),, que também se

pronunciou a favor da redução da maioridade

penal, adotaram esse discurso na campanha

afirmando que esse é um desejo da sociedade

em geral, o que é questionável. O debate em

torno dessa questão estão sob os efeitos da

manipulação da grande mídia.

O tema do aabboorrttoo teve destaque em alguns momentos do

debate, tanto das opiniões progressistas, como das

conservadoras. Foi no segundo bloco que esse tema

surgiu, quando EEdduuaarrddoo JJoorrggee ((PPVV)) questionou AAéécciioo

NNeevveess ((PPSSDDBB)) a sua posição sobre a descriminalização do

aborto, ele se declarou contrário ao aborto. AAéécciioo NNeevveess

reforçou a sua resposta afirmando que “é por falta de

informação que acontece uma gravidez indesejada”. O que

revela ignorar as razões que levam a mulher praticar um

aborto. Eduardo Jorge insistiu ao afirmar que é um absurdo

a legislação atual, o que coloca o Brasil em contraste com

tantos outros países que já asseguram esse direito às

mulheres.

LLuucciiaannaa GGeennrroo ((PPSSOOLL)) criticou a proposta de ensino do

criacionismo nas escolas, afirmando que nenhuma religião

pode se sobrepor às outras, tão pouco influenciar as

decisões políticas. A candidata debateu questões como

drogas lícitas e ilícitas, e o aborto como temas do

programa educacionais. Quanto ao aborto, ela se

posicionou a favor da regulamentação, uma vez que o

aborto acontece em todas as classes sociais, mas são

mulheres com menos recursos financeiros que correm

riscos ao praticá­lo. Tanto MMaarriinnaa e DDiillmmaa se esquivaram

sobre essa questão. Marina preferiu focar sobre o ensino

do criacionismo. No final do debate o candidato PPaassttoorr

EEvveerraallddoo PPeerreeiirraa ((PPSSCC)), ratificou seu posicionamento

fortemente contra o aborto. O debate seguiu sem tratar dos

temas polêmicos que estão na ordem do dia da sociedade.

O candidato ao governo do estado de São Paulo Paulo Skaf (PMDB) está enfocando em sua campanha o enfrentamento ao estupro. Ele propõe a criação de 33 novas delegacias da mulher

e o aumento no número de delegadas no Estado. Parabenizamos o candidato pela iniciativa, mas lembramos que violência contra a mulher não se combate apenas com reforço nas

instituições policias: é preciso combater o sexisismo em suas formas sutis do dia­a­dia.

Aécio Neves continua sendo um dos mais afetadosnesse novo cenário, caiu da segunda posição noincio de Agosto, agora a candidata Marina Silva abriuma diferença de dezenove pontos percentuais frenteao tucano. Segundo o Datafolha Marina ganharia dacandidata Dilma em um eventual segundo turno comuma margem de dez pontos percentuais de diferença.

PPoorrttaannttoo,, ffiiccaa aa ppeerrgguunnttaa:: éé ppoossssíívveell aaffiirrmmaarr qquuee aa

ccoommooççããoo ppeellaa mmoorrttee ddoo ccaannddiiddaattoo EEdduuaarrddoo CCaammppooss

ddeeuu lluuggaarr aa eessssee nnoovvoo qquuaaddrroo ppoolliittiiccoo,, qquueebbrraannddoo aa

ddiissppuuttaa bbiippaarrttiiddaarriiaa eennttrree oo PPSSDDBB ee PPTT,, oouu nnããoo??