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8/19/2019 Oficina Da Voz
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TÍTULO: OFICINA DA VOZ: ALTERNATIVA DE AÇÃO PREVENTIVA COM
EDUCADORES DO PROJETO PAZ E CIDADANIA NAS ESCOLAS E NO BAIRRO
AUTORES: Juliana Bianca Lins de Medeiros; Luciane Spinelli Pessoa; Maria das Graças
Brito; Petronila MesquitaVideres
INSTITUICÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
I) APRESENTAÇÃO
Desde o início da vida, a voz torna-se um dos meios de interação mais poderosos do
indivíduo e se constitui no modo básico de comunicação entre as pessoas. Segundo Kant(apud BEHLAU E PONTES, 1995), o ser humano é a única espécie que emite som ao
nascer, sendo o choro sua primeira manifestação vocal, representando a revolta da criança
no momento de seu nascimento.
Sabe-se que é possível se comunicar de múltiplas formas: pelo olhar, pelos gestos,
pela expressão corporal, pela expressão facial e pela fala. A voz, porém, é responsável por
uma porcentagem muito grande das informações contidas em uma mensagem que se esta
veiculando e revela muita coisa sobre seu falante.
A voz faz parte da identidade de um indivíduo, ela pode fornecer informações desde
as características físicas à formação educacional do mesmo.
A voz existe pelo desejo que o ser humano possui de expressar suas emoções,
sentimentos e personalidade.
Dada a importância que a voz tem no processo de comunicação, devemos conhecê-
la, para nos preocuparmos com os aspectos preventivos de possíveis distúrbios vocais, a
fim de não comprometer esta comunicação.
Behlau e Pontes (2001) afirmam que no corpo humano não existe um sistema
destinado à produção da voz. Ela é uma função que se utiliza de órgãos pertencentes a
outros sistemas do organismo, principalmente sistemas respiratório e digestivo.
Assim, a voz é produzida pelo trato vocal, a partir de um som básico gerado na
laringe (o som de um barbeador elétrico, e este som é moldado no trato vocal). A laringe
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localiza-se no pescoço e é um tubo alongado, no interior do qual ficam as pregas vocais (ou
cordas vocais, como são conhecidas popularmente).
As pregas vocais são duas dobras, formadas por músculos e mucosa, em posição
horizontal dentro da laringe, ou seja, paralelas ao solo, como se estivessem deitadas.
A respiração é constituída de duas fases – inspiração e expiração – e a fonação
(produção da voz) se utiliza da respiração, mais precisamente da expiração para acontecer.
Quando a respiração é silenciosa, as pregas vocais ficam abertas, ou seja, afastadas
entre si, para permitir a entrada e saída livres do ar, ou seja, no ato da respiração a
interferência das pregas vocais deve ser mínima para garantir a entrada de oxigênio nos
pulmões. Assim, durante a respiração normal, a duração da inspiração e da expiração é
praticamente igual.
Já quando a voz é produzida, as pregas vocais devem se aproximar e vibrar, vibrarrapidamente. Esse processo vibratório ocorre tão mais rapidamente quanto mais agudo for o
som (homens 113Hz; mulheres 208Hz). Pode-se sentir essa vibração: inicialmente, coloque
sua mão sobre o pescoço e apenas respire para verificar que não ocorre ativação das pregas
vocais; a seguir, emita um /a/ prolongado e sinta, através da vibração, a fonação ocorrendo.
Assim, durante a fonação, há um aumento no tempo de expiração com uma diminuição no
tempo de inspiração. Essas alterações respiratórias devem ocorrer de modo adequado a fim
de evitar esforços desnecessários que podem levar a problemas vocais.
Então, o combustível energético da fonação é o ar, essencial para produzirmos a
voz.
Mas, aquele som básico gerado pelas pregas vocais, ainda não representa a voz que
é escutada dos falantes. O som produzido na laringe é um som de fraca intensidade e não
parece em nada com nenhuma vogal ou consoante da língua Portuguesa. Contudo, esse som
básico, assim que produzido, vai percorrendo um caminho dentro do corpo (trato vocal),
passando por estruturas que formam obstáculos ou aberturas, até atingir a saída pela boca
e/ou pelo nariz, modificando-se através de um processo chamado de ressonância. As
cavidades de ressonância, portanto, constituem um alto-falante natural da fonação e são
formadas pela própria laringe, faringe, boca, nariz e seios paranasais. Assim, o som chega
ao meio ambiente amplificado, isto é, com maior intensidade e com forma de alguma vogal
ou consoante.
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Para produzirmos os diferentes sons de uma língua, suas vogais e consoantes, temos
ao nosso dispor dois tipos de fontes de som: a fonte glótica e as fontes friccionais.
A principal fonte de som é a fonte glótica, formada pela ativação da vibração das
pregas vocais, que produz a matéria-prima, principalmente para todas as vogais.
As consoantes, por sua vez, são ruídos produzidos por um estreitamento parcial ou
total das cavidades acima da laringe, que se constituem nas chamadas fontes friccionais, já
que usam apenas a fricção do ar e não uma vibração repetida por inúmeras vezes, como na
fonte glótica. Assim, por exemplo, quando produzimos o som /p/, interrompemos
totalmente a saída do ar nos lábios e soltamos a seguir uma pequena plosão, que se
transforma nessa consoante; já no som “s”, apenas ocorre um estreitamento, auxiliado pela
ponta da língua, a saída do ar na região anterior da boca. Esses sons são chamados de sons
surdos, pois não usam a fonte glótica. Há, porém, uma segunda categoria de consoantes,que, além da fonte friccional, usam em sua produção também a fonte glótica associada; a
essas consoantes dá-se o nome de consoantes sonoras. Por exemplo, na produção do “b”
empregamos a fonte friccional dos lábios, que se soma ao som básico da laringe; já no ‘z”,
empregamos a fonte friccional do estreitamento da região anterior da boca e ativamos
conjuntamente a fonte glótica.
Como se pode perceber, a movimentação das estruturas que estão acima da laringe é
muito importante na produção das consoantes. Tais estruturas são as articuladoras dos sons
da fala, fazem parte do trato vocal e estão nas cavidades de ressonância. Os sons são
articulados principalmente na cavidade da boca, pelo movimento da língua, dos lábios, da
mandíbula e do véu palatino, que permite a entrada de ar no nariz para a produção dos sons
nasais. Esses movimentos devem ser precisos para produzir sons claros e tornar inteligível a
mensagem que se quer transmitir.
Apesar de tudo o que foi falado sobre a laringe na produção da voz, por incrível que
pareça, essa não é sua principal função. A tarefa mais importante desse órgão é conduzir o
ar e proteger os pulmões da entrada de substâncias indesejadas. Quando engolimos de mau
jeito ou quando aspiramos uma substância nociva pela boca ou pelo nariz, as pregas vocais
aproximam-se fortemente e selam a entrada da laringe. No caso da inalação de substâncias
indesejadas, após o selamento, as pregas vocais ainda produzem a tosse para expulsar o
invasor. Então mais um motivo para se ter bastante cuidado com as pregas vocais.
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As condições da produção vocal podem favorecer ou não ao aparecimento de uma
disfonia.
Segundo Ferreira e Costa (2000) disfonia é a dificuldade na emissão da voz com
suas características naturais.
A nossa voz depende fundamentalmente da atividade muscular de todos os
músculos que servem à produção da voz, além da integridade de todos os tecidos fonadores.
Quando esta harmonia é mantida, obtemos um som dito de boa qualidade pelos ouvintes e
emitidos sem dificuldade ou desconforto para o falante. Esse som se modifica de acordo
com a situação e o contexto da comunicação, habilidade esta que reflete a condição de
saúde vocal. Esses atributos caracterizam a eufonia. Em oposição, quando certos atributos
não são obtidos, estamos diante de uma disfonia.
As pessoas ao utilizarem a voz, algumas vezes, não se preocupam com medidas profiláticas específicas a fim de evitar problemas vocais. Abusos como pigarrear, realizar
competições sonoras, gritar, tossir, entre outros, contribuem para o aparecimento de
sintomas vocais. E estes interferem no processo de comunicação, na medida em que
incomoda o ouvinte e traz desconforto para quem fala.
As disfonias vêm sendo estudadas e classificadas ao longo dos tempos, porém os
três tipos mais abrangentes são: disfonia orgânica, funcional e orgânico-funcional.
A disfonia funcional é decorrente do próprio uso da voz, ou de conflitos gerados nos
valores inerentes à voz, ou seja, advém de um distúrbio da função de fonação; a disfonia
orgânica ocorre como conseqüência de outras alterações, cujas etiologias independem do
uso da voz; já as orgânico-funcionais ocorre quando a disfonia, por si só, pode causar o
aparecimento de alterações orgânicas, isto é, pode ser considerado como etapa posterior na
evolução de uma disfonia funcional.
Pacientes com disfonia, em geral, apresentam as seguintes queixas: esforço à
emissão, dificuldade em manter a voz, cansaço ao falar, variações na freqüência
fundamental habitual, rouquidão, falta de volume e projeção, perda da eficiência vocal e
pouca resistência ao falar.
Sabe-se que entre os profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho,
os professores formam uma das classes mais acometidas por distúrbios vocais, isto se deve
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a extensa jornada de trabalho, como também a falta de conhecimento de técnicas vocais
adequadas.
Os distúrbios da voz causados pelo exercício da profissão fazem parte do cotidiano
de muitos profissionais, dentre eles os professores. Estes dão aulas em salas lotadas, inalam
pó de giz, competem com o barulho da rua, do ar condicionado e da conversa dos alunos.
Aliado à falta de condições adequadas de trabalho, o desconhecimento dos
profissionais de como cuidar da voz contribui para o aparecimento de distúrbios vocais,
nesta classe.
Os professores têm a voz como principal veículo para compartilhar seus
conhecimentos. Entretanto não há disciplinas de orientação vocal na sua preparação
profissional, seja em Magistério, Licenciatura ou Pedagogia. Com isto, o profissional entra
despreparado, no âmbito do uso vocal, no mercado de trabalho. E na maioria das vezes, só passa a ter informações e orientações quanto às técnicas vocais, quando já se encontra com
um distúrbio vocal instalado.
As disfonias profissionais preocupam aqueles que têm a voz como instrumento de
trabalho e a incidência tem atingido níveis alarmantes. Os sintomas de cansaço e fadiga
vocal, perda de intensidade, ensudercimento do timbre, que os indivíduos tentam superar
provocando um esforço ainda maior da musculatura faríngea, aliados ao fator psicológico,
causam as rouquidões e até as afonias. Com o decorrer do tempo, são encontrados
freqüentemente nódulos, edemas, hiperemia e pólipos.
Valendo salientar também, que alterações vocais levam a modelos lingüísticos
inadequados, interferindo na atuação em sala de aula, sobretudo na alfabetização. Sem se
esquecer das faltas, ou mudança de funções.
Assim, os problemas vocais afetam a vida pessoal, social e sobretudo a profissional
dos indivíduos.
A preocupação com a saúde vocal do professor tem sido uma constante dos
fonoaudiólogos há muito tempo, no Brasil. Muitos estudos foram conduzidos e diferentes
programas de intervenção foram elaborados com o objetivo de conhecer a etiologia dos
sintomas, os fatores agravantes, bem como a busca de uma melhor forma para prevení-los.
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II) OBJETIVOS
- Sensibilizar os professores quanto ao uso vocal;
- Estimular a adoção de hábitos saudáveis em relação à voz;
- Prevenir a ocorrência de alterações dessa natureza;
- Realizar levantamento de hábitos e abusos vocais utilizados freqüentemente pelos
professores.
III) METODOLOGIA
A Coordenação do Projeto Paz e Cidadania nas Escolas e no Bairro da Pró-Reitoria
de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade Federal da Paraíba, partiu para odiagnóstico de demandas encontradas nas dez escolas públicas participantes deste projeto,
para que trouxessem soluções e benefícios para as mesmas, agindo de maneira interventiva,
diretamente nos seus maiores problemas.
Para coletar dados quanto às demandas, foi utilizado um formulário dirigido aos
gestores e alguns funcionários das instituições.
Após a análise destes formulários foi constatado uma grande incidência de queixas
vocais entre professores, surgindo assim, a necessidade de inclusão de um trabalho voltado
à saúde vocal destes profissionais. Procurou-se então, os profissionais habilitados a
realização deste.
Com a inclusão destes profissionais (fonoaudiólogos), como voluntários, partiu-se
para um planejamento de trabalho dirigido às queixas encontradas nos formulários.
As fonoaudiólogas optaram em realizar oficinas da voz, com caráter informativo e
preventivo, para os professores que lecionam nas escolas.
Estas oficinas perduram por aproximadamente duas horas, sendo realizadas em
horários adequados para os profissionais.
Em cada oficina que vêem sendo realizadas são abordados os seguintes temas:
anatomofisiologia da fonoarticulação, distúrbios da voz, higiene vocal e aquecimento e
desaquecimento vocal. Para a explicação desses temas são utilizados: dinâmicas de
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sensibilização, exposição dialogada, uso de recursos audiovisuais e distribuição de folhetos
educacional.
Para a coleta de dados desta pesquisa esta sendo empregada a técnica de observação
direta extensiva, onde os dados são obtidos através de um questionário contendo 22
perguntas de múltipla escolha. Estes foram entregues à coordenação do projeto e repassado
para as direções das escolas participantes, que por sua vez, distribuíram entre os
professores, que os devolvem devidamente respondidos. Esta aplicação está ocorrendo
simultaneamente a realização das oficinas.
Todos os participantes das oficinas da voz assinaram um termo de aceite para sua
participação nesta pesquisa.
O método de procedimento utilizado para a análise quantitativa dos dados será o
uso de recursos estatísticos que serão transportados para o excel e demonstrados através degráficos e tabelas.
IV) CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista que os questionários vêem sendo aplicados simultaneamente às
Oficinas de voz, e que estas ainda não se encontram concluídas, não obtivemos, até então,
os dados oficiais dos mesmos. Os questionários recebidos estão sendo analisados e
tabulados, os resultados serão demonstrados através de gráficos e tabelas, e expostos em
forma de painel.
Entretanto, podemos antecipar, que a maioria dos professores apresentam
comportamentos inadequados para a boa manutenção da voz; boa parte deles apresenta um
ou mais sintomas de disfonia, apresentando modificação vocal durante o dia ou semana de
trabalho.
Assim, estamos absolutamente seguras que estes profissionais necessitam de um
trabalho intenso de orientação e o encaminhamento ao médico Otorrinolaringologista, para
avaliação e, posteriormente (se necessário) acompanhamento fonoterápico.
Com nossas orientações, esperamos ter sensibilizado estes profissionais e
despertado sua consciência quanto sua saúde vocal.
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BIBLIOGRAFIA
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