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Plano de Maejo do Parque Estadual dos Três Picos
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PLANO DE MANEJO
PARQUE ESTADUAL DOS TRS PICOS (PETP)
RESUMO EXECUTIVO
30/40/100/5
3/8/30/0
80/25/100/10
2013
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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Srgio Cabral
Governador
Luiz Fernando Pezo
Vice-Governador
SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE SEA
Carlos Minc
Secretrio de Estado do Ambiente
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE INEA
Marilene Ramos
Presidente
Denise Rambaldi
Vice-Presidente
Andr Ilha
Diretor de Biodiversidade e reas Protegidas DIBAP
Daniela Pires e Albuquerque
Coordenadora de Mecanismos de Proteo Biodiversidade COMBIO
Patricia Figueiredo de Castro
Gerente de Unidades de Conservao de Proteo Integral GEPRO
Eduardo Ildefonso Lardosa
Chefe do Servio de Planejamento e Pesquisa SEPES
Sergio Poyares
Chefe do Parque Estadual dos Trs Picos PETP
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Equipe Tcnica do Plano de Manejo
RevisoMarco Aurlio Brancato Consultor Principal Nacional do PPMA/RJ GITEC Consult GmbH
Jonas Andr Soares Marien Especialista em Planejamento de UC DIBAP INEA
Monise Aguillar Faria Magalhes Analista de Projetos Especiais GEPRO DIBAP INEA
Equipe de Apoio
Alceo Magnanini DIBAP
Alessandro Rifan Uso Pblico PETP
Andr Ilha Diretor DIBAP
Daniela Pires e Albuquerque COMBIO DIBAP
Eduardo Ildefonso Lardosa SEPES GEPRO DIBAP
Jos Luiz Rogick Uso Pblico PETP
Marcelo Felippe Coordenador Adm. Financeiro PPMA/RJ DIBAP
Octaclio da Conceio Jnior PETP
Patricia Figueiredo de Castro Gerente GEPRO DIBAP
Paulo Schiavo Junior Vice-Presidente (2009-2011) INEA
Theodoros Ilias Panagoulias Chefe do PETP (2009-2010)
Thomas Wittur Consultor Principal Internacional PPMA/RJ GITEC Consult GmbH
Thas Gspio Designer/Elaborao de Capas PPMA/RJ
Andra Franco de Oliveira GEOPEA DIMAN
Ncleo de Regularizao Fundiria NUREF COMBIO DIBAP
Colaboradores
Adriano Luz PETP
Alba Simon SEA
Flvio Castro de Jesus Secretaria de Meio Ambiente de Terespolis
Gustavo Melo UFRJ
Sergio Poyares PETP
Conselho Consultivo do PETP
Cmara Tcnica de Acompanhamento do Plano de Manejo
Novaterra Geoprocessamento
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Agradecimentos
Aos demais tcnicos e funcionrios da administrao do Parque Estadual dos Trs Picos, do Servio de Planejamento e Pesquisa e da Gerncia de Unidades de Proteo Integral da DIBAP, que de uma forma ou de outra contriburam para a reviso deste documento.
O Plano de Manejo do Parque Estadual dos Trs Picos foi elaborado com recursos da Cooperao Financeira Brasil-Alemanha, por meio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e o Banco KfW no mbito do Projeto de Proteo Mata Atlntica PPMA-RJ, apoiado pela GITEC Consult GmbH.
A publicao deste Resumo Executivo do Plano de Manejo do Parque Estadual dos Trs Picos foi executada com recursos provenientes de medidas compensatrias do licencia-mento da Usina Termeltrica Governador Leonel Brizola (Lei n 9985 de 18.07.2000)
Equipe de Acompanhamento da Publicao GEPRO/DIBAP
Patricia Figueiredo de Castro Gerente
Eduardo Ildefonso Lardosa Chefe do SEPES
Aline Schneider Assessora
Mrcia Rolemberg Assessora
Equipe Executiva
Paulo Felicio InfoDesign Design grfico
Mapas e bases cartogrficas
Gerncia de Geoprocessamento e Estudos Ambientais GEOPEA DIMAN
INEA. Instituto Estadual do Ambiente. Parque Estadual dos Trs Picos: plano de manejo /resumo executivo./ Instituto Estadual do Ambiente.---- Rio de Janeiro: INEA, 2013. 102p. il. Mapas Contedo: - CD Folder para divulgao Mapa das unidades de conservao no Estado do Rio de Janeiro Mapa de localizao do PETP com base em imagem de satlite Mapa do zoneamento do plano de manejo do PETP.
1. Unidade de conservao. 2. Parque Estadual dos Trs Picos Plano demanejo. 3. Plano de manejo Parque Estadual dos Trs Picos . 4. Zoneamento Parque Estadual dos Trs Picos . 5. Mata Atlntica. I. Ttulo. II.
CDU 502.72(PETP)
Ficha catalogrfica preparada pela Gerncia de Informao e Acervo Tcnico (GEIAT) do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
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APRESENTAO
com satisfao que, mais uma vez, avanamos no compromisso estabelecido no governo Sergio Cabral de tornar pblicas as informaes do estado, incen-tivando a participao e o dilogo com a comunidade.
O lanamento da reviso do Plano de Manejo das Unidades de Conserva-o de Proteo Integral do Parque Estadual dos Trs Picos, da Estao Ecolgica Estadual de Guaxindiba e do Parque Estadual da Ilha Grande, reafirmam o nosso interesse em promover a divulgao do conhecimento, antes restrito rea tcnica da instituio.
Os planos de manejo determinam o zoneamento de suas unidades, ca-racterizando cada uma dessas zonas e propondo seu desenvolvimento fsico de acordo com as suas finalidades. A partir da, possvel garantir maior dinamismo ao planejamento dessas unidades de conservao, participando do processo de conhecimento sobre todos os recursos que essas reas possuem.
O INEA se orgulha do considervel fortalecimento da agenda verde no Estado, pois entende que no basta apenas criar um parque, preciso tir-lo do papel e isso envolve uma srie de medidas, dentre as quais, a aprovao e publi-cao de seus planos de manejo e a transformao dos mesmos num instrumento eficaz e atualizado.
Essas publicaes cumprem o objetivo de conciliar o uso pblico e a pre-servao ambiental em prol dos nossos patrimnios naturais.
Esperamos que a sociedade civil, rea acadmica de ensino e pesquisa, o setor privado, prefeituras e toda a comunidade interessada em reas protegidas, tirem proveito desse nosso esforo.
Marilene Ramos
Presidente do INEA
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ADiretoria de Biodiversidade e reas Protegidas do INEA apresenta a reviso do Plano de Manejo do Parque Estadual dos Trs Picos, elaborada pelo seu corpo tcnico com base no Roteiro Metodolgico para Elaborao de Planos de Manejo (parques estaduais, reservas biolgicas e estaes ecolgicas). Esta reviso completa lacunas existentes na primeira verso do plano, bem como corrige e atu-aliza algumas informaes importantes, especialmente na parte dedicada ao uso pblico, de forma a aprimorar todos os procedimentos ligados visitao daquele que o maior parque estadual do Rio de Janeiro e, no momento em que estas linhas so escritas, na iminncia de tornar-se ainda maior, com a adio de mais 12.440 hectares aos seus limites atuais.
Agora, o chefe e todo o corpo funcional do parque disporo de um ins-trumento eficaz e atualizado para balizar as aes administrativas diuturnas da unidade, e sem dvida em muito contribuir para que aquela notvel unidade de conservao melhor atenda aos seus objetivos: preservao da fauna e da flora tpicas da Mata Atlntica fluminense; preservao de mananciais e cursos dgua que abastecem as cidades e vilas vizinhas; base de apoio para pesquisas cientfi-cas que se desenvolvam em seu interior ou em seu entorno imediato; e controle e apoio visitao pblica.
Andr IlhaDiretor de Biodiversidade e reas Protegidas DIBAP / INEA
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ndice Geral
1 - INTRODUO 13
2 - INFORMAES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAO 16
2.1 - Ficha tcnica da unidade de conservao 18 2.2 - Acesso unidade 21 2.3 - Unidades de conservao superpostas ou na ZA do PETP 23 2.4 - Origem do nome 24
3 - CONTEXTUALIZAO 25
3.1 - Contexto internacional 25 3.1.1 - Acordos internacionais 25 3.2 - Contexto nacional 26
4 - ANLISE REGIONAL 27
4.1 - Cachoeiras de Macacu 27 4.2 - Guapimirim 27 4.3 - Nova Friburgo 28 4.4 - Silva Jardim 28 4.5 - Terespolis 295 - NALISE DA UC E SEU ENTORNO 30
5.1 - Caracterizao climtica 30 5.2 - Caracterizao hidrogrfica 30 5.2.1 - Bacia do rio Maca 30 5.2.2 - Bacias dos rios Guapimirim - Guapia - Macacu (Bacia da Baa da Guanabara) 31 5.2.3 - Bacia do rio So Joo 31 5.2.4 - Bacia do rio Macacu 31 5.2.5 - Bacias de rios afluentes do rio Paraba do Sul 31 5.2.6 - Quantidade das guas no parque 32 5.3 - Geomorfologia 32 5.3.1 - Domnios geomorfolgicos 32 5.3.2 - Atuao dos processos erosivos e de inundaes 36 5.4 - Aspectos biticos do parque 36 5.4.1 - Flora 36 5.4.2 - Fauna 41
6 - PLANEJAMENTO 46
6.1 - Histrico do planejamento 46 6.2 - Avaliao estratgica da unidade de conservao 47
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6.3 - Objetivos especficos e normas gerais de manejo da unidade de conservao 52 6.3.1 - Objetivos especficos 52 6.3.2 - Normas gerais 52 6.4 - Zoneamento 53 6.5 - reas estratgicas 63 6.5.1 - reas estratgicas internas (AEI) 63 6.5.2 - reas estratgicas externas (AEE) 73 6.6 - Planos setoriais 77
7 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 92
ANEXOS
Anexo 1 - Proposta de estrutura administrativa da unidade 94Anexo 2 - Proposta de quadro funcional da unidade 95Anexo 3 - Proposta de quadro funcional por unidade administrativa
qualitativo e quantitativo 97Anexo 4 - Esquematizao proposta das principais estruturas da UC por ncleo 100Anexo 5 - Modelos de construes propostas para as estruturas no PETP 101Anexo 6 - Mecanismos propostos para a administrao da cobrana de ingressos 104
Lista de MapasMapa 01 - Localizao geogrfica do Parque Estadual dos Trs Picos 17
Mapa 02 - Unidades de conservao superpostas ou na ZA do PETP. 24
Lista de FotosFoto 01 - Serra dos Pirineus, municpio de Silva Jardim, no extremo sudeste do Parque
Estadual dos Trs Picos. 28
Foto 02 - Pico da Caixa de Fsforo no macio dos Frades-Trs Picos, evidenciando a atuao do intemperismo e da eroso nas fraturas, promovendo o isolamento dos blocos granticos. 33
Foto 03 - Deslizamento prximo ao bairro do Jacarand, em Terespolis, sobre o material intemperizado dos ortognaisses do batlito da Serra dos rgos. 34
Foto 04 - Vale suspenso na borda da escarpa sul da Serra do Mar, junto ao divisor com a vertente norte. As encostas suaves e a baixa amplitude de relevo refletem o isolamento desta paisagem aplainada no alto da serra pelos knickpoints (ruptura do gradiente do relevo) que ocorrem no fundo de vale a jusante. 35
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Foto 05 - Floresta montana em encosta da Serra de Maca de Cima, municpio de Nova Friburgo. 37
Foto 06 - Exemplar da espcie Cariniana legalis, com idade de aproximadamente 1.000 anos, de acordo com pesquisadores, que mede cerca de 50 metros de altura, e perto de 12 metros de circunferncia altura do peito. 40
Foto 07 - Lasidora sp. 45
Foto 08 - Pantherodes pardalaria 45
Foto 09 - Reunio do conselho consultivo do PETP. 47
Foto 10 - Posto de fiscalizao no Jacarand. 72
Foto 11 - Entrada EEE Paraso. 73
Foto 12 - Auditrio do Centro de Visitantes. 73
Foto 13 - Vista da Reserva Ecolgica do Guapia que adentra os limites do PETP. 74
Foto 14 - Recepo do Espao Compartilharte. 76
Foto 15 - Centro Cultural do Espao Compartilharte. 76
Foto 16 - Parquia de So Cristvo Mrtir. 77
Foto 17 - Prainha prxima aos limites do PETP. 77
Lista de QuadrosQuadro 1 - Distncias entre as principais capitais e o parque 23
Quadro 2 - Herpetofauna do PETP 43
Quadro 3 - Valores quantitativos dos animais encontrados em seus respectivos grupos. 44
Quadro 4 - Matriz de anlise estratgica 48
Quadro 5 - Planos setoriais 78
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Lista de Mapas do CDMapa 1 Zoneamento
Mapa 2 rea de atuao dos ncleos
Mapa 3 Entorno
Mapa 4 Atrativos
Mapa 4.1 Trilha Prata dos Aredes - Jacarand
Mapa 4.2 Trilha Canoas - Areal
Mapa 4.3 Trilha Vale dos Deuses
Mapa 4.4 Trilha Castlia - So Loureno
Mapa 4.5 Cachoeira Sete Quedas - Furna da Ona
Mapa 4.6 Trilha do Antigo Leito Ferrovirio
Mapa 4.7 Trilha do Asfalto Velho
Mapa 4.8 Trilha do Fara
Mapa 5 reas Estratgicas
Mapa 5.1 AEI 1 - Cachoeira Sete Quedas e Furna da Ona
Mapa 5.2 AEI 2 - Calednia
Mapa 5.3 AEI 3 - Pedra Do Fara
Mapa 5.4 AEI 4 - Valrio
Mapa 5.5 AEI 5 - Antigo Leito Ferrovirio
Mapa 5.6 AEI 6 - Trs Picos
Mapa 5.7 AEI 7 - Jacarand
Mapa 5.8 AEI 8 - Vale da Revolta
Mapa 5.9 AEE 1 - Paraso
Mapa 5.10 AEE 2 - Guapiau
Mapa 5.11 AEE 3 - Canoas
Mapa 5.12 AEE 4 - Maca de Cima
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1 - INTRODUO
O Parque Estadual dos Trs Picos PETP, localizado na regio Centro-Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, foi criado oficialmente pelo Decreto Es-tadual n 31.343 de 05 de junho de 2002, abrangendo uma superfcie de 46.350 ha e um permetro de 512 km, passando a ser a maior Unidade de Conservao da Natureza de Proteo Integral Estadual. Representando um dos mais expressi-vos fragmentos da Mata Atlntica, o parque abrange reas de 5 municpios, quais sejam: Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Terespolis, Guapimirim e Silva Jar-dim, apresentando inestimvel beleza cnica, com grande nmero de nascentes, rios e cachoeiras, sendo um dos principais atrativos tursticos da regio.
Em dezembro de 2006 a Fundao Brasileira para Conservao da Nature-za (FBCN) elaborou uma proposta de Plano de Manejo Diretor do Parque Esta-dual dos Trs Picos, aprovado posteriormente pela Portaria IEF/RJ/PR N0193 de 26 de dezembro de 2006.
Entretanto, notou-se que o parque deveria possuir um planejamento dife-renciado em relao s aes previstas naquele plano, em funo da dinmica dos aspectos sociais e potencialidades associadas ao uso pblico, bem como aos pro-jetos e alternativas de sustentabilidade ligadas aos servios ambientais disponveis.
Somando-se a isso, em 2008 foi desenvolvido pelo ento IEF-RJ o roteiro metodolgico para elaborao de planos de manejo de unidades de conservao do grupo de proteo integral do estado, fazendo-se necessria a adaptao do plano anterior.
Como consequncia, o INEA observou a necessidade de realizar uma pri-meira reviso do plano de manejo. A partir dessa constatao, a equipe de pla-nejamento da Diretoria de Biodiversidade de reas Protegidas (DIBAP) do INEA elaborou o documento intitulado Plano de Manejo do Parque Estadual dos Trs Picos Reviso 1. Este procurou preencher as lacunas supracitadas, aperfeio-ando e atualizando o documento anterior atravs de sua adaptao ao escopo do roteiro metodolgico e, principalmente, da reviso dos Mdulos de Planejamen-to, Projetos e de Monitoramento, e ainda, atualizaes de ordem financeira. Em destaque, democraticamente, esta reviso contou com a efetiva participao de representantes do conselho consultivo das comunidades do entorno do PETP, por meio de sua Cmara Tcnica de acompanhamento do plano de manejo.
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2 - INFORMAES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAO
O Parque Estadual dos Trs Picos (PETP) constitui-se em uma rea geogrfi-ca terrestre extensa e delimitada, dotada de atributos naturais excepcionais, inseri-da totalmente no bioma Mata Atlntica e possuindo em seus limites ecossistemas naturais diversificados e bastante significativos.
Destinam-se a essas reas fins cientficos, culturais, educativos, espirituais, recreativos e, criados e administrados pelo governo estadual, constituem-se em bens de uso comum do povo, auxiliando no desenvolvimento regional, cabendo s autoridades, motivadas pelas razes de sua criao, preserv-los e mant-los protegidos. Seu objetivo principal o da preservao dos ecossistemas naturais contra quaisquer alteraes que os desvirtuem.
O PETP constitui uma Unidade de Conservao Ambiental de Proteo In-tegral, da administrao pblica do Estado do Rio de Janeiro, estando subordinado Diretoria de Biodiversidade e reas Protegidas DIBAP, diretoria esta perten-cente ao Instituto Estadual do Ambiente INEA, rgo vinculado Secretaria de Estado do Ambiente SEA.
Criado pelo Decreto-Lei n 31.343 de 05 de junho de 2002, o PETP con-siderado um bem pblico destinado ao uso comum do povo, de acordo com o artigo 99, inciso I da Lei Federal 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 (Cdigo Civil).
a maior unidade de conservao ambiental do grupo de proteo integral estadual do Rio de Janeiro. Est localizada na Serra do Mar, na Regio Serrana do Estado do Rio de Janeiro, com rea total aproximada de 46.350 hectares (Mapa 01). Cerca de dois teros de sua rea encontram-se no municpio de Cachoeiras de Macacu, e o restante divide-se entre os municpios de Nova Friburgo, Terespolis, Silva Jardim e Guapimirim.
O PETP forma um contnuo florestal com o Parque Nacional da Serra dos rgos e com a Estao Ecolgica Estadual do Paraso, o que aumenta a sua im-portncia como refgio para inmeras espcies da fauna e da flora fluminenses, especialmente os mamferos e aves.
Foram encontrados nesse trecho da Serra do Mar os mais elevados ndices de biodiversidade em todo o Estado do Rio de Janeiro, o que em parte se explica devido sua grande variao de altitude: o PETP se estende desde a cota altim-trica de 100 metros, em certas vertentes, at os 2.310 metros do Pico Maior de
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Friburgo, um dos pontos culminantes da Serra do Mar. Devido a essa diversidade de ambientes observam-se formaes to diver-
sas como a floresta ombrfila densa baixo montana, as matas de neblina e os campos de altitude. Isso fez com que os especialistas considerassem aquela re-gio como um dos hot spots em termos de biodiversidade em todo o planeta e uma das reas prioritrias para conservao da Mata Atlntica no Brasil. O parque abrange 5 (cinco) regies hidrogrficas (RH V Baa de Guanabara, RH IV Piaba-nha, RH VII Rio Dois Rios, RH VIII Maca e Rio das Ostras e RH VI Lagos So Joo) o que ressalta sua posio estratgica no estado devido ao grande nmero de mananciais com nascentes e rios, vrias cachoeiras e importantes reas de capta-o de gua para abastecimento pblico.
Mapa 01: Localizao geogrfica do Parque Estadual dos Trs Picos
A seguir so apresentadas a ficha tcnica da UC e as formas de acesso ao
parque.
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2.1 - FICHA TCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAO
SEDE ADMINISTRATIVA
Nome da unidade: Parque Estadual dos Trs Picos
Endereo da sede: Estrada do Jequitib n. 145
Bairro: Boca do Mato
Cidade: Cachoeiras de Macacu
CEP: 28680-000 Telefone: (0XX) 21-2649-6847
E-mail: [email protected]
Fax: (0XX) 21-2649-6847
Rdio Frequncia: VHF em 04 frequncias exclusivas da DIBAP/INEA e UHE para utilizao ponto a ponto.
Recursos humanos:
01 administrador, 01 secretria, 01 supervisor do servio de uso pblico, 02 coordenadores de campo, 01 auxiliar de manejo de ecossistemas, 01 supervisor do servio de logstica e proteo, 09 auxiliares de proteo, 01 fiscal, 03 coordenadores de ncleo, 03 encarrega-dos, 01 auxiliar de manuteno e servios gerais e 01 mdico veterinrio.
Total de funcionrios: 25 (07 do Estado e 18 terceirizados).
Infraestrutura:
1. Sede administrativa Cachoeiras de Macacu e Ncleo JequitibEscritrio da sede administrativa dotada de recepo, secretaria, escritrio administrativo, almoxarifado, alojamento, sala do Servio de Logstica e Proteo, instalaes sanitrias e cozinha. Possui equipamentos de comunicao (telefone, fax, radiotransmissores e compu-tadores), de transporte (01 veculo 4x4 e 01 veculo 4x2) e de combate a incndios. Ncleo Jequitib, ainda no complexo administrativo de Cachoeiras, funcionando com um centro de visitantes, sala de Servio de Uso Pblico e Servio de Manejo de Ecossistemas.
2. Ncleo Trs Picos (antigo Salinas)Ncleo com instalaes temporrias (contrato de aluguel), contendo recepo, sala do Ser-vio de Logstica e Proteo, pequena biblioteca, instalao sanitria e cozinha. Possui equipamentos de comunicao (radiotransmissores), de transporte (01 quadriciclo) e de combate a incndios.
3. Ncleo JacarandNcleo funcionando hoje como um posto de fiscalizao, com recepo, escritrio admi-nistrativo, sala do Servio de Logstica e Proteo, instalao sanitria e cozinha. Possui equipamentos de comunicao (radiotransmissores), de transporte (01 quadriciclo e 01 mo-tocicleta) e de combate a incndios.
4. Ncleo de Apoio Paraso (funcionando na Estao Ecolgica Estadual Paraso)Ncleo prprio, com recepo, escritrio administrativo, auditrio, sala do Servio de Lo-gstica e Proteo, instalaes sanitrias e cozinha. Trs outras edificaes de apoio. Possui equipamentos de comunicao (radiotransmissores) e de combate a incndios.
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O PARQUE
Decreto de Criao: Decreto Estadual N 31.343, de 5 de junho de 2002
Objetivos da UC:
I. Assegurar a preservao dos remanescentes de Mata Atlntica da poro fluminense da Serra do Mar, bem como recuperar as reas degradadas ali existentes.
II. Preservar espcies raras, endmicas e ameaadas de extino ou insuficientemente conhecidas da fauna e da flora nativas.
III. Integrar o corredor ecolgico central da Mata Atlntica no Estado do Rio de Janeiro.
IV. Assegurar a manuteno das nascentes e dos corpos hdricos que abastecem as cidades circunvizinhas.
V. Estimular as atividades de recreao, educao ambiental e pesquisa cientfica quando compatveis com os demais objetivos do parque.
Municpios abrangidos: Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Terespolis, Guapimirim e Silva Jardim.
Situao fundiria: reas pblicas e privadas em fase de regularizao pelo Ncleo de Regularizao do INEA.
Superfcie: 46.350 hectares
Permetro: 512 km
Altitude: de 50 a 2.316 m
Coordenadas Geogrficas: UTM (Datum SAD 69) (Extremos da UC)Norte: 731596,87 / 7533668,78 SSul: 762885,66 / 7516937,81 SLeste: 753554,92 / 7507792,24 SOeste: 706952,41 / 7513050,29 S
Solos: Os seguintes solos esto representados na rea do PETP, cada um com algumas subdivises:1) Latossolo vermelho-amarelo; 2) Cambissolo; 3) Neossolo e 4) Afloramentos rochosos.
Clima: Pluviosidade superior a 2.000 mm anuais e temperaturas mdias variando entre 18 e 26 C no perodo mais quente e entre 10 a 18 C no perodo mais frio, sendo ocasionalmente constatado temperaturas inferiores a 0 C.
Vegetao: Floresta ombrfila densa submontana, montana, alto montana e campos de altitude.
Fauna tpica: Ona-parda, jaguatirica, furo, lontra, muriqui, bugio, gavio-pega-macaco, macuco, inhambs, araponga, trinca-ferro, etc.
Relevncia: Preservao da biodiversidade da Mata Atlntica e seus recursos naturais, adoo de prticas sustentveis no entorno e educao ambiental, e destaque para os mananciais hdricos para abastecimento.
Bioma: Mata Atlntica
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Plano de manejo: Reviso do documento produzido pela FBCN (Plano de Manejo e Diretor - 2006) para o planejamento da Unidade: Adaptao ao escopo do Roteiro Metodolgico para Elaborao de Planos de Manejo de Parques, Reservas e Estaes Ecolgicas da DIBAP/INEA (Fases 1+2), reviso do mdulo de planejamento, projetos e monitoramento, e ainda, atualizaes de ordem financeira.
Principais problemas: Propriedades particulares para desapropriao, ocupaes irregulares, caa, extrativismo vegetal e incndios florestais.
AES DESENVOLVIDAS
Educao ambiental informal com visitas orientadas na UC, e formal atravs de atendimento rede escolar por meio de visitas e palestras nas escolas.
Uso pblico: Numerosas atividades de trilhas, banhos em rios e cachoeiras, visitas contemplativas e montanhismo.
Fiscalizao: Patrulhamento atravs do apoio da equipe de fiscalizao do prprio INEA, orientada pela administrao e periodicamente aes de fiscalizao conjunta com outras UCs pertencentes ao Mosaico Central Fluminense, IBAMA e Batalho de Polcia Florestal do Meio Ambiente.
Pesquisas: Desde sua criao tm mantido pesquisas nas reas biolgicas, geolgicas e socioambientais.
Cooperao tcnica e/ou parcerias:
1. REGUA (Reserva Ecolgica do Guapia);2. Circuito Turstico Terespolis-Friburgo (Ter-Fri);3. Espao Compartilharte;4. Centro Universitrio Serra dos rgos;5. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ;6. Universidade Federal Fluminense - UFF;7. Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ;8. CRT (Concessionria Rio Terespolis - BR-116);9. Rota 116 (Concessionria Rio Friburgo - RJ-116).
Conselho consultivo: Homologado em outubro de 2006 pela Portaria 176 de 14 de fevereiro de 2006 e retificada pela Portaria 270 de 19 de dezembro de 2008, a 2 gesto do conselho foi empossada em 28/05/2009.
INFORMAES IMPORTANTES PARA O VISITANTE
Acesso principal unidade:O acesso aos municpios e ao parque se faz a partir da cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado, sendo que o acesso principal ao parque se faz por meio da rodovia RJ-116, sentido norte, por onde se acessa o municpio de Cachoeiras de Macacu, seguindo pela mesma rodovia at se chegar ao bairro Boca do Mato, onde se avista placa sinalizadora com a entrada do parque direita de quem vem da sede do municpio.
19
O que ver e fazer (atraes especiais) e poca de visitao:Inicialmente possui 8 trilhas abertas ao pblico com diferentes graus de dificuldade, montanhismo, banhos de cachoeiras e contemplao de paisagens. poca mais recomendada para visitao: de abril a setembro.
Gastos anuais estimados na UC
2005 2006 2007 2008 2009*
Estado - - - - -
Projetos - 7.038,00 8.478,00 - 1.212.000,00
Compensao 1.715.216,00 1.684.886,00 702.453,00 481.364,00 1.416.806,00
Total 1.715.216,00 1.691.924,00 710.931,00 481.364,00 2.628.806,00
Pesquisas realizadas na Unidade (quantidade)
2004 2005 2006 2007 2008
Em andamento 0 2 3 9 8
Concludas 1 2 1 2 1
Chefia da unidadeNome: Theodoros Ilias PanagouliasFormao: Mestrado em GeocinciasTempo no Cargo: < 1 ano (2009-2010)Data de Nomeao:12/janeiro/2009Vnculo com o INEA: Cargo em comisso (DAS-6)Contato: (21)-9477-5910 Email: [email protected]
(*) Previso de gastos para o ano de 2009
(1) Fonte: Projeto de Proteo Mata Atlntica atravs de fundos do Banco KfW
2.2 - ACESSO UNIDADE
O Parque Estadual dos Trs Picos contornado parcialmente pela rodovia federal BR-116 e pelas rodovias estaduais RJ-116, RJ-122 e RJ-130, todas elas pavi-mentadas e com grande fluxo de veculos. Estes trajetos so complementados por estradas municipais que do acesso a reas mais prximas ao parque.
Os acessos acontecem por via terrestre ao interior do parque e se do a partir de diversas rodovias, conforme detalhado a seguir.
Guapimirim- Estrada da Caneca Fina, at o ponto de interrupo pelo porto da Fazen-
da Trs Estrelas.- Estrada do condomnio Parque da Caneca Fina, onde o prprio condom-
20
nio j possui terras parceladas e construes no interior do parque.- Estrada para o Limoeiro, com acesso posterior pela estrada da Concrdia,
que tangencia o parque contornando o rio Iconha.
Terespolis- Bairro Jacarand, acesso em trecho de encostas ocupadas por comunida-
des carentes, seguindo no sentido do reservatrio da CEDAE.- Saindo da BR-116, seguindo pela estrada Manoel Lebro at um ponto
onde a estrada fechada por um porto da Fazenda das Estrelas.- Saindo da RJ-130, entra pelo bairro Albuquerque, posteriormente seguin-
do por uma estrada que margeia o rio da Prata, seguindo at as proximi-dades do reservatrio da CEDAE, no interior do parque.
- Saindo da RJ-130, tambm pelo bairro Albuquerque, toma-se a estrada pavimentada ao longo do rio Varginha, seguindo por uma estrada de terra at a fazenda Varginha, prxima aos limites do parque.
- Saindo da RJ-130 segue-se pela estrada do Frade, de leito natural, contor-nando a Pedra do Frade, passando ao lado da Cachoeira de mesmo nome, seguindo at a proximidade da Pedra dos Trs Picos.
Nova Friburgo- Saindo da RJ-130, segue pela estrada pavimentada que vai para Cente-
nrio, dobrando direita logo depois de Centenrio, por uma estrada de terra que segue na direo da Pedra dos Trs Picos, seguindo por esta at o interior do parque.
- Continuando pela estrada municipal que passa pela localidade de Cente-nrio, segue ao longo do Crrego So Loureno at as proximidades da Capela So Loureno, entrando a direita e seguindo nas proximidades do Crrego Fazenda So Loureno at a Fazenda de mesmo nome.
- A partir do centro da cidade, acesso urbano para o Alto do Calednia, por estrada pavimentada, porm muito ngreme, at a torre de controle de satlites da Petrobras. Uma variante deste acesso chega at o Morro da TV, onde se localizam torres de transmisso.
- Saindo da RJ-116, sobe ao lado do Hotel Garlipp, at a Fazenda So Joo podendo seguir por esta at um caminho que vai dar em Teodoro de Oli-veira e por outro acesso atravessando o Rio Maca de Cima, j dentro do arque, onde se localizam diversos stios de recreio.
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Silva Jardim- Possvel acesso at o parque a partir da RJ-140, seguindo por uma estrada
em leito natural em paralelo ao Rio Pirineus ou Crubixais, passando pela Fazenda Novo Horizonte e seguindo at a Fazenda Bio Vert.
Cachoeiras de Macacu- Acesso a partir da RJ-116, pela Estrada do Jequitib, pavimentada em
paraleleppedos, onde se localiza a Sede do PETP.- A partir da CMU-009, segue por uma estrada de leito natural pelo Vale do
Estreito ao longo do rio de mesmo nome, onde se observa uma ocupao recente acelerada.
- Continuando pela CMU-009, segue por uma estrada de leito natural at a Fazenda do Serto, e da por uma trilha at o interior do parque.
No que se refere ao transporte areo, o Aeroporto Internacional Antnio Carlos Jobim e o Aeroporto Santos Dumont, ambos localizados na Cidade do Rio de Janeiro, atendem plenamente as expectativas, de fluxos de visitantes nacionais e internacionais para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao turismo no parque. Dada a esta proximidade com o Rio de Janeiro, no existem aeroportos operando nos municpios onde se insere o parque.
As distncias entre as principais capitais e o parque so apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 1 - Distncias entre as principais capitais e o parque
Cidade Distncia aproximada (km)*
Rio de Janeiro 113
So Paulo 533
Belo Horizonte 483
(*) Distncias percorrendo-se as menores estradas e rodovias asfaltadas, at a
entrada principal do parque em Cachoeiras de Macacu.
2.3 - UNIDADES DE CONSERVAO SUPERPOSTAS OU NA ZA DO PETP
Parque Nacional da Serra dos rgos, Estao Ecolgica Estadual do Pa-raso, APA Maca de Cima, APA do Rio So Joo, APA dos Frades, APA Flor de Jacarand e APA da Bacia do Rio Macacu (Mapa 02).
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Mapa 02: Unidades de conservao superpostas ou na ZA do PETP.
2.4 - ORIGEM DO NOME
O nome da unidade se deve histria da explorao na regio dos Trs Picos, visitada desde a dcada de 20 por montanhistas. um imponente conjunto de montanhas rochosas onde est localizado o ponto culminante de toda a Serra do Mar, no Estado do Rio de Janeiro, Municpio de Nova Friburgo, com cerca de 2.350 metros de altitude. O lugar consagrou-se por concentrar o maior nmero de vias longas do pas a partir dos anos 90, atraindo montanhistas de vrios pases, e hoje ressalta a vocao do parque para o ecoturismo responsvel.
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3 - CONTEXTUALIZAO
3.1 - CONTEXTO INTERNACIONAL
Reserva da Biosfera da Mata Atlntica (RBMA)
As Reservas da Biosfera so reas reconhecidas pelo Programa Man and Biosphere (MaB) da Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura (UNESCO), como de importncia mundial para conservao da biodiver-sidade e a promoo do desenvolvimento sustentvel.
A Reserva da Biosfera da Mata Atlntica (RBMA) foi criada em 1991 e atu-almente abrange 35 milhes de hectares em 15 dos 17 estados brasileiros do do-mnio da Mata Atlntica.
O reconhecimento da Reserva da Biosfera no Estado do Rio de Janeiro se deu em duas fases. Em meados de 1991, trs reas protegidas de relevncia na-cional foram consideradas: os Parques Nacionais da Tijuca e da Serra dos rgos e a Reserva Biolgica do Tingu. Em novembro de 1992, na fase II da Reserva da Biosfera, o IEF props a ampliao da rea abrangida pela Reserva da Biosfera para 42% do territrio fluminense, com uma rea aproximada de 1.847.000 hectares. O Parque Estadual dos Trs Picos est integralmente inserido dentro dessa rea.
3.1.1 - Acordos internacionais
Cooperao Bilateral Brasil AlemanhaProjeto de Proteo Mata Atlntica do Estado do Rio de Janeiro/PPMA-RJ
O Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica Fe-deral da Alemanha firmaram um acordo que visa o intercmbio tcnico cientfico e financeiro com abrangncia nacional que permite autonomias estaduais para es-tabelecimento de convnios de interesses dos estados com as instituies alems.
Assim, o Banco Alemo de Desenvolvimento - KfW (Kreditanstalt fr Wie-deraufbau), atravs da Cooperao Bilateral Financeira Brasil-Alemanha, vem de-senvolvendo diversos programas que visam proteo dos remanescentes flores-tais da Mata Atlntica no territrio brasileiro.
O PPMA-RJ tem como objetivos principais, as atividades nas reas de: (1) Implantao de unidades de conservao e seus entornos; (2) Preveno e Contro-
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le de Incndios Florestais no estado; (3) Monitoramento e Controle e Fiscalizao Florestal do Estado; e (4) Estudos adicionais, planejamento e capacitao.
O projeto inicial (1998) contemplava apenas cinco das unidades de conser-vao de proteo integral sob a tutela do IEF/RJ. Hoje, o PPMA-RJ desenvolve suas atividades nas catorze unidades sob gesto da Diretoria de Biodiversidade e reas Protegidas (DIBAP) do INEA/RJ.
3.2 - CONTEXTO NACIONAL
O PETP o maior parque estadual do Rio de Janeiro, localizado num dos mais expressivos fragmentos da Mata Atlntica no centro do estado, possuindo inestimvel beleza cnica, com grande nmero de nascentes e rios, vrias cacho-eiras, encostas e cumes de montanhas, grande biodiversidade de flora e fauna e formaes geolgicas diversificadas. O PETP abrange uma rea de 46.350 hectares e agrega partes dos municpios de Terespolis, Guapimirim, Nova Friburgo, Cacho-eiras de Macacu e Silva Jardim.
Sua proximidade com a capital do estado e o fato de estar inserido no co-rao de uma regio de forte tradio turstica, o coloca em situao estratgica. A variada topografia e a notvel exuberncia da Mata Atlntica, preservadas em grande parte do seu territrio, impem a busca de alternativas de desenvolvimento que incorporem como princpio bsico a preservao de seus recursos naturais.
A implantao dessa maior unidade de conservao da natureza de pro-teo integral estadual e a consolidao de seus propsitos traro, com certeza, benefcios indiretos para todos os municpios abrangidos, como, tambm, para outros municpios do estado e de outros estados que nos fazem divisa. Aos habi-tantes, aos visitantes e aos turistas, sero dadas alternativas de lazer, oportunidades de trabalho e comportamentos de preservao ambiental que lhes propiciaro me-lhor qualidade de vida.
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4 - ANLISE REGIONAL
4.1 - CACHOEIRAS DE MACACU
O Municpio de Cachoeiras de Macacu se expande por uma extensa rea de baixada at a cumeada da Serra dos rgos. O municpio possui 35% do seu territrio coberto por Mata Atlntica, concentrados nas reas de encostas, por onde descem rios e riachos de guas cristalinas, que formam diversas cachoeiras e cor-redeiras, num cenrio natural de rara beleza. Estes rios so o Macacu e o Guapi-mirim com seus afluentes.
neste municpio onde est localizada a maior parcela das reas do PETP, na poro mais preservada do municpio, em reas de topografia acidentada e com maiores altitudes e vegetao expressiva.
O municpio recebe cerca de 3.000 pessoas, excursionistas, nos fins de sema-na para banho de rio, provenientes de Nova Friburgo e So Gonalo. O municpio est buscando uma poltica que recepcione, organize e distribua estes excursionis-tas. Nas localidades de Valrio e Boa Vista j foram instalados alguns equipamentos para atendimento aos excursionistas: banheiros, brinquedos infantis, cantina.
4.2 - GUAPIMIRIM
O Municpio de Guapimirim, cuja sede se situa no sop da Serra dos r-gos, a menos de uma hora de viagem do Rio de Janeiro, apresenta um desenvolvi-mento ainda incipiente no que se refere oferta de servios tursticos. Os fluxos de visitantes ao municpio ainda so, predominantemente, de veranistas, em funo da grande concentrao de segundas residncias no municpio localizadas, princi-palmente, em condomnios horizontais nas reas onde se inicia a subida da serra.
Um dos maiores smbolos naturais de toda a regio, a peculiar formao rochosa denominada Dedo de Deus, localizava-se em seu territrio, onde tambm est a subsede do Parque Nacional de Serra dos rgos, com a exuberncia da vegetao da Mata Atlntica e de rios e diversas cachoeiras de guas cristalinas que descem pelos vales de topografia acidentada. No interior do Parque Nacional da Serra dos rgos est localizado o Museu Von Martius, num belo exemplar da arquitetura rural, envolvido em um cenrio natural de rara beleza.
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4.3 - NOVA FRIBURGO
Nova Friburgo um dos mais tradicionais destinos tursticos e de veraneio do Estado do Rio de Janeiro. Alm de possuir clima ameno, com temperatura m-dia anual de 18 graus, possui infraestrutura turstica com bons hotis e restau-rantes, especialmente aqueles especializados em comida sua e alem. Desde a segunda metade do sculo XX o turismo vem se desenvolvendo e hoje conta com a segunda rede hoteleira da regio turstica da Serra Verde Imperial e a primeira dos cinco municpios que integram a rea do PETP.
Tambm merece destaque a localidade de Lumiar, localizada na estrada que liga a regio da serra ao litoral. Lumiar se desenvolveu de um pequeno po-voado, descoberto por artistas e esotricos, tornado-se hoje um importante plo turstico regional, com uma cultura relacionada meditao e ao esoterismo. A exuberncia da vegetao e a proximidade do Rio Maca formam a paisagem e o local propcios para o turismo ecolgico e para esportes super-radicais como a canoagem e o montanhismo. Outro ponto forte de Lumiar e Mury so seus forrs. Apesar do clima frio, nos forrs de Mury as noites costumam ser quentssimas.
Outra referncia para o turismo municipal o Parque das Furnas do Catate, hoje sob a administrao do municpio, onde est localizada a formao rochosa denominada Pedra do Co Sentado, que o smbolo do municpio.
4.4 - SILVA JARDIM
O Municpio de Silva Jardim possui uma grande extenso de reas de baixa-das, que se estendem at a Serra dos rgos, chegando o limite do municpio at a linha de cumeada desta serra, nas proximidades de Pedra do Fara, com 1.719m de altitude (Figura 03).
Foto 01: Serra dos Pirineus, Municpio de Silva Jardim, no extremo sudeste do Parque Estadual dos Trs Picos. (Foto F. Mallet)
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O municpio no tem uma forte tradio turstica, sendo recente o desen-volvimento desta atividade, principalmente nas reas das encostas da Serra do Mar, onde ainda resiste uma massa expressiva de vegetao de Mata Atlntica, com di-versos rios e cachoeiras em cenrios magnficos. nesta rea onde se localiza a maior parte dos meios de hospedagem do municpio e um nmero significativo de segundas residncias relacionadas ao veraneio, e onde h uma grande potencia-lidade para o desenvolvimento dos segmentos do ecoturismo e do turismo rural.
Uma UC de destaque e que se constitui numa referncia para o municpio a Reserva Biolgica do Poo das Antas, que abriga muitas espcies de animais ameaados de extino, particularmente o mico-leo-dourado, protegido e em franca reproduo.
Tambm merece destaque a Lagoa de Juturnaba, ampliada por uma barra-gem no Rio So Joo, e que abastece os municpios da regio turstica da Costa do Sol. O grande espelho dgua da lagoa e seu entorno compem um cenrio que, se bem explorado, pode apresentar potencialidade para o desenvolvimento de um turismo de carter regional no municpio, constituindo mais um tipo de atrativo es-pecfico e prximo, ao mesmo tempo, do litoral e das encostas da Serra dos rgos onde est localizado o PETP.
4.5 - TERESPOLIS
O turismo no municpio tem grande destaque, favorecido pelo clima de montanha, com uma temperatura mdia anual de 17 graus, as belas paisagens, a proximidade Cidade do Rio de Janeiro, e a sua localizao no vale dos gourmets. A tradio no desenvolvimento da atividade turstica no municpio consolidou a oferta de uma hotelaria e uma rede de restaurantes diversificada e harmonizada com a paisagem e com o clima serrano que, aliada proximidade com a capital do estado, fez de Terespolis um plo de veraneio muito apreciado.
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5 - NALISE DA UC E SEU ENTORNO
5.1 - CARACTERIZAO CLIMTICA
A regio em que est localizado o Parque Estadual dos Trs Picos caracte-rizada por relevo acidentado e com influncia do Oceano Atlntico e da Baa de Guanabara. Sua latitude em torno de 22o26 S, sua altitude e as caractersticas me-teorolgicas de grande escala do continente sul-americano conferem regio um clima mido a supermido, mesotrmico, com pouco ou nenhum dficit hdrico e calor igualmente distribudo ao longo do ano, segundo a classificao climtica de Thornthwaite. Os ventos so de baixa intensidade, influenciados pelo ciclo diurno do aquecimento, recebendo eventualmente a influncia de massas de ar polar, com impactos de intensidade moderada sobre a temperatura no inverno e sobre as precipitaes no vero e estaes intermedirias.
O vero na regio do Parque Estadual dos Trs Picos caracterizado por chuvas frequentes e grande probabilidade de eventos de precipitao intensa, prin-cipalmente em decorrncia da estagnao por vrios dias de frentes frias sobre a regio, fenmeno denominado Zona de Convergncia do Atlntico Sul (ZCAS). Em eventos como este, uma linha de nuvens se forma desde o sul da Amaznia, passando pela parte central do Brasil e litoral do Estado do Rio de Janeiro e se estendendo at o setor sudeste do Oceano Atlntico, produzindo fortes chuvas e podendo persistir por vrios dias seguidos.
5.2 - CARACTERIZAO HIDROGRFICA
5.2.1 - Bacia do Rio MacaA bacia do Rio Maca apresenta como divisores de gua as cumeadas da
Serra do Mar, desembocando no Oceano Atlntico, junto cidade do mesmo nome. A bacia faz limite ao norte com as bacias do Rio Paraba do Sul e com a bacia do Rio Macacu; ao sul com a bacia do Rio So Joo; e a leste pelo Oceano Atlntico.
A geografia da bacia do Rio Maca apresenta as seguintes caractersticas: forma alongada no sentido leste oeste; densidade de drenagem alta; desnvel entre as cabeceiras e foz de aproximadamente 800 metros, com forte
declive no primeiro tero da drenagem.
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5.2.2 - Bacias dos rios Guapimirim - Guapia - Macacu (Bacia da Baa da Guanabara)
A rea do Parque dos Trs Picos inserida nesta bacia de aproximadamen-te 10% da rea total da bacia. Esta pequena rea responsvel por 20% a 25% da gua existente, tendo em vista a diferena de ndices pluviomtricos entre a baixada e as serras. Porm, da rea do parque que sai a maior parte da gua efe-tivamente utilizvel no abastecimento humano. Alm disso, as atividades de lazer desenvolvidas na rea do parque repercutem em toda a regio. Por outro lado, as chuvas intensas na rea do parque determinam problemas de enchentes e torrentes nas reas a jusante. A degradao da rea florestada do parque, responsvel pela vazo firme dos rios, poder trazer impactos negativos significativos no abasteci-mento de gua de setores da Regio Metropolitana.
5.2.3 - Bacia do Rio So JooA rea do Parque dos Trs Picos representa um percentual pequeno da rea
total da bacia, porm, dada a diferena marcante entre o regime pluvial da baixada e o da serra, esta pequena rea responsvel por cerca de 30 a 35% da vazo firme disponvel. Alm disso, as atividades tursticas e de lazer realizadas nesta rea so fundamentais para incentivar uma nova forma de turismo - complementar atividade do turismo de praia - que se est implantando na regio.
5.2.4 - Bacia do Rio MacacuA qualidade da gua pode ser considerada boa at o cruzamento do rio sob
a ponte da BR 101, sofrendo progressiva degradao at o esturio. A quantidade de gua mantida, nesta ordem, pelas chuvas precipitadas sobre a zona de colinas e na prpria plancie fluvial (mdio vale), pelas intensas chuvas na rea serrana, e pelas precipitaes na rea de baixada.
Os principais problemas esto associados aduo de gua sem controle, lanamento de esgotos domsticos, poluio por agrotxicos, extrao de areias, atividades de lazer sem controle e alterao de topologia de sistemas hdricos sem controle. Os usos existentes so: abastecimento humano, uso industrial, irrigao de reas de cana-de-acar, dessedentao de animais, e recreao.
5.2.5 - Bacias de rios afluentes do Rio Paraba do SulO Parque dos Trs Picos um centro dispersor de guas para vrias bacias
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de rios afluentes ao Paraba do Sul, destacando-se os Rios Bengala, Grande, Pretos, Das Bengalas e Paquequer.
Os usos da gua nestas reas apresentam diferenas marcantes em relao s reas anteriores. Aos usos de abastecimento, dessedentao, e irrigao, se jun-tam os usos econmicos de pesca, atividades de lazer e gerao de energia eltrica (Pequenas Centrais Hidroeltricas). Estas pequenas centrais so gerenciadas por empresas particulares com o aval da ANEEL e da ELETROBRAS.
Os principais problemas desta bacia esto associados a enchentes (prin-cipalmente graves devido ocupao de faixas de fundo de vale), poluio (rios Bengala e Paquequer, principalmente), diminuio de disponibilidade hdrica e perda de recursos de pesca.
5.2.6 - Quantidade das guas no parqueA rea do parque apresenta uma grande disponibilidade de gua em funo
das fortes precipitaes e da taxa de insolao e nebulosidade. Este excesso de gua encontra locais adequados de armazenamento nos solos de reas de floresta. Isto pos-sibilita a regularizao de altas vazes de rios e crregos permanentes. Este processo mais tpico na regio sul, devido efetividade da vegetao na reteno de gua.
5.3 - GEOMORFOLOGIA
5.3.1 - Domnios geomorfolgicos
5.3.1.1 - Escarpa sulEste domnio compreendido pelas ngremes vertentes da Serra do Mar
drenadas pelas bacias que desguam na Baa de Guanabara (por exemplo, bacia dos Rios Macacu e Guapia) e a bacia do Rio So Joo. A escarpa sul apresenta uma orientao geral ENE-WSW, corresponde ao maior domnio geomorfolgico do PETP e guarda remanescentes de Mata Atlntica bastante preservados. O relevo da escarpa sul se caracteriza por longas encostas de alta declividade, geralmente, expondo diversos paredes e picos rochosos tais como a Agulha de Santo Antnio, Pedra do Andr, da Mulher de Pedra e do Fara. Em alguns trechos, a amplitude topogrfica da escarpa atinge mais de 1.500 m.
A presena de paredes rochosos responsvel pela gerao de escoa-mentos superficiais que atingem os solos, promovendo uma contribuio extra recarga dos aquferos locais. Deste modo, durante os eventos de chuvas intensas,
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o nvel dos rios pode subir rapidamente, devido velocidade da gua que escoa das encostas rochosas e das cabeceiras de drenagens, originando fenmenos co-nhecidos popularmente como cabeas dgua. Mais uma vez, as florestas tm um papel fundamental em amenizar o impacto das precipitaes intensas e dimi-nuindo a velocidade do escoamento no solo, bem como o volume das descargas, ressaltando a importncia para a sua conservao.
5.3.1.2 - Colinas do sop da escarpa sulEste domnio est restrito s reas de baixadas situadas na base da escarpa
sul, especialmente, no baixo-mdio vale do Rio Guapia. Trata-se de um relevo de colinas suaves arredondadas posicionadas entre 100-250 m de altitude. Este domnio colinoso bordejado pelas plancies fluviais do Rio Guapia, por vezes, ocorrem ilhas de colinas em meio aos depsitos sedimentares.
5.3.1.3 - Domnio Trs Picos - Frades - Calednia (macios granticos)Este domnio geomorfolgico, situado na vertente norte da Serra do Mar,
contempla os macios rochosos e os picos elevados de extrema beleza que carac-terizam o PETP, incluindo as formaes rochosas dos Trs Picos.
De modo geral, a morfologia dos macios granticos varia de alongada a circular, sendo caracterizados por picos proeminentes formando, normalmente, fei-es tipo pes de acar ou agulhas. Diversos picos elevados destacam-se nestes macios: os Trs Picos (o Pico Maior com 2.316 m o ponto culminante do PETP e da Serra do Mar), Pico da Calednia (2.219 m), Capacete, Frades, Drago, Toledo ou Ronca Pedra, Caixa de Fsforo, Mulher de Pedra, Cnego e Salinas. Portanto, a paisagem deste domnio caracterizada por picos e paredes rochosos ngremes, por vezes, com paredes negativas, o que torna um lugar muito apreciado pelos pra-ticantes das vrias modalidades de montanhismo e escalada em rocha.
Foto 02: Pico da Caixa de Fsforo no Macio dos Frades-Trs Picos, evidenciando a atuao do intemperismo e da eroso nas fraturas, promovendo o isolamento dos blocos granticos. (Foto por Ivan Dias)
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5.3.1.4 - Domnio Terespolis - (macios granticos-gnissicos)O domnio dos macios granticos-gnissicos est localizado na poro
oeste do PETP, prximo cidade de Terespolis, e sua morfologia possui intrnseca relao com a geologia local, mais precisamente sobre a ao do intemperismo sobre seu substrato rochoso. O intemperismo sobre estas rochas gnissicas gera um material frivel de granulometria grossa, tipo um saibro que facilmente re-movido pelos processos erosivos, sobretudo deslizamentos. Isto garante no s a morfologia descrita, mas tambm, maior risco populao e bens materiais, dada a recorrncia dos movimentos de massa.
Estes macios so drenados pelas cabeceiras de importantes rios da vertente norte da Serra do Mar, so eles: os crregos do Comari, Mourisco, Fischer e Rio Albuquerque, formadores do Rio Paquequer, e os crregos do Jacarand, Prata, Varginha e Albuquerque, formadores do Rio Bengalas.
Dos picos montanhosos destaca-se a Pedra do Ermitage (1.515 m), na extre-midade noroeste do PETP.
Foto 03: Deslizamento prximo ao Bairro do Jacarand, em Terespolis, sobre o material intemperizado dos ortognaisses do batlito da Serra dos rgos. (Foto L. Eirado)
5.3.1.5 - Domnios de dissecao intermaciosEste domnio caracterizado pelos vales suspensos da Serra do Mar (Serra
dos rgos), que contribuem para a bacia do Rio Paraba do Sul. Estes vales so circundados pelos domnios dos macios granticos e gran-
ticos-gnissicos, que formam a paisagem de picos rochosos (domnios Trs Picos--Frades-Calednia e Terespolis).
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5.3.1.6 - Planalto de Maca de CimaO planalto do Rio Maca de Cima caracterizado como uma regio sus-
pensa com altitude entre 1.100 e 1.600m, marcada por vales de baixa a mdia amplitude de relevo, quando comparados aos rios que descem as vertentes ngre-mes da serra.
O conjunto composto pelos rios Maca, Flores, cabeceiras dos rios Bonito e Santo Antnio compem uma poro suspensa acima da cota de 900 m, formando um resqucio de planalto. Estas bacias, suspensas, compreendem uma vasta regio entre a Serra de So Joo (divisor de drenagem para a baixada da Regio dos La-gos) e a Serra de Maca de Cima, com altitudes que atingem 1.720m na Pedra do Fara e com destaques ainda para a Pedra Bicuda (1.489m), Pedra de So Caetano (1.619m), Morro da Areia (1.487m) e Pedra de So Joo (1.637m).
5.3.1.7 - Bordas planlticas suspensasTrata-se de pequenos vales suspensos de relevo aplainado situados no di-
visor da Serra do Mar, drenados pelas cabeceiras dos rios que fluem para escarpa sul. Este domnio apresenta colinas com encostas muito suaves e fundos de vales planos e saturados, formando brejos.
Foto 04: Vale suspenso na borda da escarpa sul da Serra do Mar, junto ao divisor com a vertente norte. As encostas suaves e a baixa amplitude de relevo refletem o isolamento desta paisagem aplainada no alto da serra pelos knickpoints (ruptura do gradiente do relevo) que ocorrem no fundo de vale a jusante. (Foto L. Eirado)
5.3.1.8 - Plancies fluviais (sedimentos aluviais)As plancies fluviais ocorrem nos diversos vales da rea de estudo. As pla-
ncies mais extensas e com maior volume de depsitos so aquelas situadas nos
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baixo-mdios vales dos rios Guapia, Macacu e So Joo, localizados no sop da escarpa sul da Serra do Mar.
O conjunto dos sedimentos depositados pelos rios, em geral, bastante explorado pelas populaes que os utilizam como fonte de material de construo (areia, argila, cascalho). Importante ressaltar, que devido a sua topografia plana e fertilidade dos solos, as plancies fluviais constituem as reas preferencialmente ocupadas pela agricultura e construes civis, ou seja, correspondem aos locais de concentrao das atividades e habitaes humanas.
5.3.1.9 - Rampas colvio-aluviais (sedimentos de encostas)As rampas colvio-aluviais so depsitos tpicos de regies montanhosas
formados pela eroso das encostas e, assim como as plancies fluviais, esto es-praiadas em toda rea estudada. Portanto, a distribuio espacial dos colvio-al-vios est associada s bases de encostas e aos eixos de drenagem nos ambientes de transio das reas montanhosas para os fundos de vale, sendo muitas vezes, represados no alto curso dos canais.
5.3.2 - Atuao dos processos erosivos e de inundaesOs processos erosivos mais frequentes na regio so os movimentos de
massa (deslizamentos, quedas de rochas e avalanches), sendo responsveis pela degradao das encostas com a remoo de pores da vegetao, solos e rochas, gerando cicatrizes erosivas nas encostas (clareiras). Os movimentos de massa mais intensos ocorrem, sobretudo, nas pocas de maior pluviosidade (meses de vero).
Durante os perodos de maior pluviosidade tambm so frequentes as inun-daes das plancies fluviais decorrentes do aumento da vazo dos rios, sendo este fenmeno mais intenso nas plancies situadas nos sop das escarpas, por exemplo, nos mdios cursos dos rios Guapia, Macacu e So Joo. Outro fenmeno asso-ciado e frequente nos perodos de chuvas intensas concentradas so as cabeas dgua (enxurradas) que ocorrem nas cabeceiras dos rios nas reas montanhosas.
5.4 - ASPECTOS BITICOS DO PARQUE
5.4.1 - Flora
5.4.1.1 - Distribuio espacial da vegetaoNa rea do PETP, h diferentes fisionomias do complexo Bioma Mata Atln-
tica, sendo que a florestal a dominante. A maior rea ocupada pela floresta
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ombrfila densa montana (Velloso et al., 1991) ou floresta pluvial atlntica mon-tana (Rizzini, 1997). H tambm a floresta ombrfila densa submontana, a alto montana e os campos de altitude.
De maneira geral, as fisionomias encontradas esto em bom estado de con-servao. Existem ainda algumas reas antropizadas como pastagens, refloresta-mentos de Eucalyptus sp. e Pinus sp., cultura de milho e hortalias.
As espcies mais abundantes esto apresentadas abaixo, por rea de ocor-rncia.
Foto 05: Floresta montana em encosta da Serra de Maca de Cima, Municpio de Nova Friburgo. (Foto F. Mallet)
Vale do Rio Maca e do Rio das Flores (Maca de Cima, Nova Friburgo): entre as espcies arbreas mais representativas aparecem Nectandra membrana-cea, Myrceugenia scutellata, Ocotea divaricata, Ocotea dispersa, Sloanea sp. Cro-ton organensis, Eugenia cuprea, Tibouchina fissinervia, Tibouchina arborea, entre outras. Algumas espcies se destacam como emergentes, que podem ultrapassar os 28 metros de altura, como Ocotea domatiata, Ocotea indecora, Myrcia linea-ta Cariniana estrellensis, Vochysia saldanhana, Beilschimiedia rigida, Myrocarpus frondosus, Cabralea canjerana, entre outras.
Serra dos Pirineus (Silva Jardim): o sub-bosque presente, porm pouco denso e caracterizado pela abundncia de epfitas. Assim como o sub-bosque en-contra-se a serrapilheira, porm no espessa, devido alta taxa de decomposio. Algumas espcies presentes nesse sub-bosque so Bathysa cuspidata, nega-mina (Siparuna chlorantha) e Symplocos variabilis.
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Regio de Guapiau (Cachoeiras de Macacu): nesta rea h diversas es-pcies tpicas de floresta secundria como capixingui (Croton floribundus); angi-co-cambu (Pseudopiptadenia contorta) imbiru (Eriotheca pentaphylla); embira--de-sapo (Cordia selllowiana); vassouro (Vernonia discolor); Psychotria velloziana; Hirtella hebeclada; jacatiro (Miconia cinnamomifolia); palmeira-ir (Astrocaryum aculeatissimum); capororoca (Myrsine umbellata); Solanum swartzianum; pacova--de-macaco (Swartzia flaemingii).
Regio de Jacarand (Canoas/Terespolis): as espcies arbreas mais comuns levantadas nessa regio so: capororoquinha (Myrsine ferruginea); qua-resmeira (Tibouchina granulosa); capixingui (Croton floribundus); sangue-de-drago (Croton urucurana); Vanillosmopsis erythropappa (candeia); Clethra scabra (pau--cetim); lacre (Vismia sp.); leiteira (Sapium glandulatum); ing (Inga vera) e pau--cigarra (Senna multijuga), dentre outras.
Parque da Serra da Caneca Fina (Guapimirim): as espcies mais comu-mente observadas so tamanqueira (Aegiphila sellowiana), araticum-cago (Anno-na cacans) e jequitib-rosa (Cariniana estrellensis).
Regio de Varginha (antigo Clube Sayonara/Terespolis): dentre as es-pcies mais representativas esto Copaifera lucens, Hyeronima alchorneoides, Vo-chysia saldanhana, Duquetia salicifolia Gomidesia sp., Hedyosmum brasiliensis, Pseudopiptadenia inaequalis, sendo que as famlias mais ricas so Myrtaceae e Lauraceae.
Regio dos Frades (Terespolis): nas reas degradadas foram regis-tradas espcies tpicas de reas alteradas, destacando-se diversas espcies de Melastomataceae (Miconia spp), embaba-vermelha (Cecropia glazioui), pau--cigarra (Senna multijuga), figueira (Ficus sp.), canjiquinha (Pipitadenia panicu-lata), goiaba (Psidium guajava), pau-cetim (Clethra scabra), e muitos represen-tantes erbceo-arbustivas das famlias Asteraceae e Fabaceae, tpicas de reas abertas, alm de vrias espcies de capins, Andropogon spp, Paspalum spp e a extica Brachiaria sp. Os representantes tpicos das faixas ciliares tam-bm esto representados pelas espcies, Inga vera (ing), Myrsine umbellata (capororoca), Croton urucurana (sangra-dgua), Sapium glandulatum (leiteira--vermelha), dentre outras.
Regio do Alto dos Trs Picos (Nova Friburgo): dentre as espcies obser-vadas destacam-se jacarand-da-Bahia (Dalbergia nigra); leiteira (Hymathanthus lancifolia); Sloanea sp, lacre (Vismia sp.) e xix (Sterculia chicha).
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Regio do Alto Vieira (Terespolis): poucas espcies nativas foram regis-tradas nessa regio j que o que prevalece so as culturas de eucalipto e hortali-as, alm de uma boa porcentagem de pastagem. As mais frequentes so Aegiphila mediteranea (tanqueira), Vites sp. (tarum), Alchornea triplinervia (tapi), Solamum sp., Croton floribundus (capixingui), Cupania sp. (camboata), Myrcia sp. (guamirim), Machaerium sp. (jacarand), Psychotria leiocarpa e o Inga sp. (ing), dentre outras.
Alto Calednia (Nova Friburgo): espcies nativas pioneiras, como cam-boat (Cupania oblogifolia), tapi (Alchornea triplinervia), pinha-da-mata (Rollinia laurifolia), pau-lagarto (Casearia sylvestris) e ing (Inga sessilis), alm da ocorrncia de palmito (Euterpe edulis) nas reas de maior porte e de bambus e lianas nas reas de borda. Existem rvores de Araucaria angusutifolia de ocorrncia natural e Eucalyptus sp., plantadas em pequenos talhes, formando cercas vivas ou iso-ladamente, em campos de vrzea. H tambm pastagem e culturas de verduras e legumes.
Vale do Rio Debossan (Nova Friburgo): nas reas de encostas, de alta declividade, h uma grande riqueza de palmito, dos quais muitos sobressaem entre as copas das rvores, sendo estas espcies representadas pelas famlias Lauraceae (Ocotea sp. e Nectandra spp) e Myrtaceae (Eugenia sp., Marlierea sp., Calyptran-thes schotianus, Eugenia cuprea). Outras tambm comuns regio so Alchornea triplinervia, Croton salutaris, Casearia decandra, Cariniana estrellensis, Erythrina falcata, Croton floribundus (caipingui), e ainda, Machaerium sp., Henrietella gla-bra, Huberia glaziowiana.
Vale do Rio Jacutinga (Nova Friburgo/Cachoeiras de Macacu): neste vale foram registradas muitas espcies de grande porte, como Virola oleifera (bicu-ba), Cariniana estrellensis (jequitib-rosa), Licania sp. (milho-cozido), Hyeronima alchorneoides (urucurana) e Sloanea sp. (ourio). No sub-bosque se apresentam Astrocarium aculeatissimum (palmeira-iri), Plinia sp., Myrcia quajavaefolia, Myrcia cf. pilotantha, Siphoneugena sp, Ocotea divaricata, Ocotea teleiandra, Ocotea aff. vaccinioides, Fcus cf. organensis, alm de representantes das famlias Monimia-ceae, Melastomataceae, Rubiaceae, Sapotaceae, e ainda, Cedrela fissilis, Guarea guidonea dentre outras de menor importncia.
Vale do Crrego da Pedra Branca (Cachoeiras de Macacu): nesse trecho verificou-se a presena da canela noz-moscada (Cryptocarya moschata), Macha-erium sp., Erythrina sp., Alchornea triplinervia, Croton floribundus e Cariniana es-trellensis, entre outras.
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Vale do Rio Valrio (Cachoeiras de Macacu): destaca-se a presena de al-guns indivduos de grande porte remanescentes de jequitib (Cariniana legalis) no vale. Dentre as encostas mais ngremes do vale do Rio Valrio, principalmente as reas de difcil acesso onde a vegetao foi pouco alterada, foram registradas Ca-bralea cangeran (cangerana), Eugenia cuprea, Mollinedia aff., engleriana, Sorocea bomplandii (soroca), Eugenia sp, Vochysia schwakeana, Symplocos sp., Pouteria aff. guianensis, Micropholis crassipedicelata (bacubix), Pouteria sp., dentre as Sapin-dceas temos a Cupania oblongifolia, Ormosia sp (olho-de-cabra), Senna multijuga (pau-cigarra) e Cryptocarya moschata (noz-moscada), Alophyllus sp. (fruta-de-pom-ba), e vrias espcies de ings; Inga barbata, Inga sessilis, Inga lentiscellata.
Foto 06: Exemplar da espcie Cariniana legalis, com idade de aproximadamente 1.000 anos, de acordo com pesquisadores, que mede cerca de 50 metros de altura, e perto de 12 metros de circunferncia altura do peito. (Foto M. Brancato)
Vale do Rio Batatal de Baixo (Cachoeiras de Macacu): nessa vertente, as matas mais conservadas do parque tambm exercem papel importante na preser-vao dos mananciais hdricos, beneficiando atividades de desenvolvimento eco-nmico com suas fontes hdricas propiciando o surgimento de indstrias, como a Cervejaria Schincariol e a gua Mineral Cascata. Ressalta-se que a mata presente nos vales dos rios afluentes ao Rio Macacu, quase na totalidade nascidas dentro do PETP, so vitais para a recuperao desse rio de grande importncia regional, que, nos ltimos anos, vem sendo poludo com esgoto domstico e lixo.
Na poca da visita a essa rea, a visualizao das matas mais prximas ao parque foi impossibilitada pelo mau tempo e pela excessiva nebulosidade, dificul-tando a observao das espcies e o registro fotogrfico.
39
5.4.2 - Fauna
5.4.2.1 - AvifaunaO estudo da avifauna do PETP permitiu o registro de 301 espcies de aves,
o que representa cerca de 40% das espcies de aves conhecidas para o Estado do Rio de Janeiro. O acrscimo de mais 74 espcies no registradas no PETP durante o perodo de estudo, mas de conhecida ocorrncia na regio, eleva para mais de 370 o nmero de espcies do parque.
Espcies em destaque: macuco (Tinamus solitarius), uru (odontophorus capueira), gavio-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus), gavio-pombo--grande (Leucopternis polionotus), gavio-de-sobre-branco (Percnohierax leucor-rhous), gavio-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), cui-cui (Pionopsitta pileata), coruja-preta (Strix huhula), beija-flor-rajado (Ramphodon naevius), papo-branco (Biatas nigropectus), entufado (Merulaxis ater), papa-moscas-de-olheiras (Phyllos-cartes oustaleti), tesourinha-da-mata (Phibalura flavirostris), araponga (Procnias nu-dicollis), saudade (Tijuca atra), chibante (Laniisoma elegans) e irana-grande (Mo-lothrus oryzivorus).
Espcies endmicas: o beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi), a cho-quinha-da-serra (Drymophila genei), a maria-preta-de-garganta-vermelha (Knipo-legus nigerrimus), o peito-pinho (Poospiza thoracica) e a garrincha-chorona (Ore-ophylax moreirae).
Espcies exticas ou invasoras: o pombo-domstico (Columba livia), o pardal (Passer domesticus) e o bico-de-lacre (Estrilda astrild), entre as espcies ex-ticas, e a gara-vaqueira (Bubulcus ibis), a pomba-asa-branca (Patagioenas picazu-ro), o casaca-de-couro-da-lama (Furnarius figulus), o joo-de-pau (Phacellodomus rufifrons), a lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta), a gralha-do-campo (Cyano-corax cristatellus) e o sabi-do-campo (Mimus saturninus), entre os invasores natu-rais.
Espcies ameaadas de extino: o gavio-pombo-pequeno (Leucopter-nis lacernulatus), o gavio-pombo-grande (Leucopternis polionotus) e o gavio-pe-ga-macaco (Spizaetus tyrannus), macuco (Tinamus solitarius), uru (Odontophorus capueira) e jacus (Penelope obscura e Penelope superciliaris).
Merece citao a existncia de projeto (devidamente aprovado pelo IBAMA) de reintroduo de algumas espcies de aves na regio da REGUA, vizinha ao PETP. Em agosto de 2006, foram soltos os primeiros seis exemplares do mutum-do--sudeste (Crax blumenbachii), oriundos do cativeiro. So previstas novas solturas de
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mais algumas dezenas de exemplares, alm de indivduos de jacutinga, inhambu--anhang, ja-do-sul (Crypturellus noctivagus) e tururim (Crypturellus soui), todos monitorados por radiotelemetria. Uma efetiva represso caa no interior do PETP certamente permitir que indivduos dessas espcies, reintroduzidas na REGUA, estabeleam populaes no interior do parque.
Entre as muitas localidades de grande interesse para a conservao da avifauna do PETP, destaca-se a Trilha Teodoro de Oliveira Maca de Cima, em Nova Friburgo, onde foram registradas trs espcies consideradas provavelmente ameaadas de extino no Estado do Rio de Janeiro (cui-cui Pionopsitta pileata, araponga Procnias nudicollis e papo-branco Biatas nigropectus) e 31 espcies en-dmicas da regio da Floresta Atlntica, alm de ser uma das poucas localidades conhecidas onde o entufado (Merulaxis ater) tem sido encontrado recentemente, considerando-se a regio central do territrio fluminense.
5.4.2.2 - MastofaunaAlgumas espcies encontram-se aparentemente extintas h muito na regio,
como o caso do tapir (Tapirus terrestris) e da ona-pintada (Panthera ona), j re-portadas como muito raras pelos naturalistas que percorreram a regio em meados do sculo XIX.
Registros de pequenos mamferos nos ltimos dez anos, nos municpios de Mag, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim: os roedores Akodon cursor, Oxymycterus dasytrichus, Nectomys squamipes, Oligoryzomys nigripes, Tri-nomys dimidiatus, Euryoryzomys intermedius, Sooretamys angouya, Rhipidomys sp., alm do caxinguel, Sciurus ingrami, da cutia Dasyprocta agouti e do ourio--caixeiro, Sphiggurus insidiosus; os marsupiais Micoureus demerarae, Caluromys philander, Marmosops incanus, Didelphis aurita, Philander frenata, Metachirus nu-dicaudatus e Monodelphis americana; o cingulata Dasypus novemcinctus (tatu--galinha) e o lagomorfo Sylvilagus brasiliensis (tapiti).
Algumas formas de mdio e grande porte tm sido registradas, da mes-ma forma, em diversas reas adjacentes ao PETP: Cerdocyon thous (cachorro-do--mato), Cuniculus paca (paca), Hydrochaeris hydrochaeris (capivara) e Lutra lon-gicaudis (lontra), as duas ltimas mais raras e restritas localmente, assim como os primatas Cebus nigritus e Alouatta guariba.
Foram encontradas 17 espcies de quirpteros das famlias Phyllostomidae (10 spp.), Vespertilionidae (6 spp.) e Emballonuridae (1 spp.).
Os moradores de Maca de Cima relatam a presena de muriquis (Bra-
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chyteles arachnoides) na localidade, porm de ocorrncia rara. Outros primatas foram registrados: sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), macacoprego (C. nigri-tus) e barbados (A. guariba). Finalmente, algumas espcies de pequenos mamferos historicamente consideradas raras, como os roedores Phaenomys ferrugineus, Bibi-mys labiosus e Akodon lindberghi, foram registradas.
5.4.2.3 - HerpetofaunaConforme o quadro a seguir, foram encontradas 13 espcies de anfbios, to-
dos Anura de 05 famlias, e 9 de rpteis, representado por 4 ordens, como Anphis-baena, Lacertillia, Ofidia e Quelnia.
A baixa diversidade e abundncia dos animais encontrados em campo est diretamente relacionada com fatores climticos e sazonais. O melhor perodo para se avistar rpteis e anfbios durante os meses mais quentes, do incio e do final do ano.
Quadro 2 - Herpetofauna do PETP
Nome Cientfico Nome Popular Registro
ANFBIA
Anura
Adenomera marmorata Steindachner C
Bufo crucifer Wied-Neuwied, 1821 Sapo-cururu C
Bufo ictericus Spix, 1824 Sapo-cururu-grande T
Cycloramphus aff. fuliginosus Tschudi, 1838 R-de-focinho-redondo T
Crossodactytus sp. T
Eleutherodactylus binotatus Spix, 1824 R T
Eleutherodactylus octavioi Bokermann, 1965 R-de-olhos-laranja C
Hyalinobatrachium eurygnathum A. Lutz, 1925 Perereca-de-vidro C
Proceratophrys boiei Wied-Neuwied, 1825 CPhysalaemus signifer Girard, 1853 CHyla faber Wied-Neuwied, 1825 Sapo-martelo CScinax flavogutatus A. Lutz e B. Lutz, 1939 TThoropa miliaris Spix, 1824 Sapo-bode CZachaenus parvulus Girard, 1853 R-achatada C
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REPTILIA
Quelonia
Hydromedusa maximiliani Mikn, 1820 Cgado-da-serra TOphidia
Boa constrictor Linnaeus, 1758 Jibia SBothrops jararacussu Lacerda, 1884 Jararacuu C,SBothrops jararaca Wied-Neuwied, 1824 Jararaca C,SChironius laevicollis Cobra-cip CMicrurus coralinus Merren, 1820 Cobra-coral SLiophis miliaris Linaeus, 1758 CPseudoboa sp. CXenodon neuwiiedi Gnther, 1863 C
Lacertillia
Ameiva ameiva Linaeus, 1758 Lagarto verde COphiodes striatus Spix, 1824 Cobra-de-vidro S
Anphisbaenia
Lepostemon microcephala Wangler, 1824 Cobra-cega S
Lista de rpteis e anfbios encontrados no parque, onde C - corresponde a encontro do animal no campo, I - referncia por terceiros ou bibliografia e S - quando o animal se encontra em pequenas colees regionais.
5.4.2.4 - ArtropofaunaForam encontrados 133 espcimes de artrpodes terrestres, distribudas em
17 ordens e 122 gneros, como mostra o Quadro 3.
Quadro 3 - Valores quantitativos dos animais encontrados em seus respectivos grupos.
Classes Ordens Gneros Espcies
Arachnida 4 58 69
Diplopoda 2 4 4
Insecta 10 59 59
Crustracea 1 1 1
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O grupo mais diversificado e sem dvida abundante foram das aranhas, com 53 gneros e 60 espcies. Nenhuma delas considerada de interesse mdico. Foram encontradas 5 espcies de aranhas grandes e errantes, comuns em flores-tas midas: Oligoctenus medius, O. ornatus, Enoploctenus cyclotorax, Trechalea keyserling e Lasiodora (Figura 09). As trs primeiras da mesma famlia da aranha armadeira, Ctenidae, encontradas caminhando no solo da mata durante a noite; Trechalea, encontrada apenas ao longo de rios e crregos e o gnero Lasiodora, da famlia das aranhas caranguejeiras, Theraphosidae.
Dos insetos, os colepteros foram os mais abundantes, com 13 espcies em 8 famlias; os Cerambicidae, Lampyridae e Scarabaeidae atraem facilmente o fascnio das pessoas devido s suas formas e cores, so os vulgarmente chamados de serra-pau, vaga-lume e escaravelhos, respectivamente. Outro grupo nada me-nos fascinante so os Lepidpteros (Figura 10), com 7 espcies em 4 famlias de mariposas. Insetos tambm presentes e que valem comentrios so os Mantdea, vulgarmente chamados de louva-Deus.
Foto 07: Lasidora sp. Foto 08: Pantherodes pardalaria
44
6 - PLANEJAMENTO
6.1 - HISTRICO DO PLANEJAMENTO
O Parque Estadual dos Trs Picos foi criado pelo Decreto Estadual n 31.343, de 5 de junho de 2002, passando desde ento a existir oficialmente. O seu pla-no de manejo foi elaborado e publicado em Portaria IEF/RJ/PR n 193 em 26 de dezembro de 2006. Entretanto, notou-se que o parque deveria possuir um plane-jamento diferenciado em relao s aes previstas naquele plano, em funo da dinmica dos aspectos sociais e potencialidades associadas ao uso pblico, bem como aos projetos e alternativas de sustentabilidade ligadas aos servios ambien-tais disponveis.
O plano apresentava um zoneamento mais voltado para a conservao, com base na aplicao da metodologia de anlise multicritrio (Jamel, et al., 2007), que resultou em dois mapas indicativos das reas mais apropriadas para visitao e das reas prioritrias para conservao. Um terceiro mapa, derivado por lgebra de mapas dos dois primeiros, foi utilizado como indicativo das reas de maior conflito potencial entre os objetivos de uso definidos.
Embora essa metodologia tenha se mostrado bastante eficaz e aplicvel, o planejamento proposto deixou aspectos sociais e potencialidades associadas ao uso pblico subaproveitados, subtraindo do parque, inclusive, alternativas de sus-tentabilidade ligadas aos servios ambientais disponveis. Somando-se a isso, foi desenvolvido pelo INEA um roteiro metodolgico para elaborao de planos de manejo de unidades de conservao do grupo de proteo integral do estado, o qual prope um modelo de zoneamento com tipologias diferentes das apresenta-das anteriormente, fazendo-se necessria a adaptao do modelo anterior.
Nesse sentido, foram aproveitados os mapas gerados como indicativos de conservao, visitao e conflitos, para serem adaptados e aperfeioados com a participao de representantes do conselho consultivo, representantes das comu-nidades do entorno e equipe tcnica do INEA. Desse trabalho conjunto foi defi-nido o zoneamento atualmente proposto. Em relao aos planos setoriais, foram aproveitadas as recomendaes propostas no documento anterior para compor, juntamente com as contribuies dos atores sociais, atravs dos resultados dos DRPs aplicados, os planos setoriais do documento atual.
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6.2 - AVALIAO ESTRATGICA DA UNIDADE DE CONSERVAO
Com o objetivo de obter uma anlise da situao geral da unidade (PETP), com relao aos fatores tanto internos quanto externos, que impulsionam ou difi-cultam a consecuo dos objetivos para os quais foi criada, foi realizada uma ofi-cina de planejamento participativo com o conselho consultivo do parque visando um plano de aes mais realstico possvel. Na oficina, foram definidos elementos dos cenrios interno e externo, sob o ponto de vista do planejamento estratgico, quais sejam os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaas da unida-de. Essas informaes foram selecionadas atravs de anlise estratgica, que teve como base de dados os resultados dos DRPs realizados anteriormente em Salinas e Cachoeiras de Macacu, levando-se em conta a gravidade, urgncia ou relevncia para a UC, segundo os participantes da oficina. Obtidos esses elementos, foram definidas as foras impulsoras (pontos fortes X oportunidades) e foras restritivas (pontos fracos X ameaas), e estabelecidas, pelos participantes, as propostas de aes, conforme mostra o Quadro 4.
Estiveram presentes nesta oficina 11 membros do conselho gestor e 4 mem-bros da equipe do PETP. Para tal, foram criados grupos de trabalho com as di-ferentes temticas (conhecimento, uso pblico, educao ambiental, manejo de recursos naturais, proteo ambiental e operacionalizao). Os grupos analisaram os temas e aes propostas sob forma de plenrias visando a sua validao.
Foto 09: Reunio do conselho consultivo do PETP. (Foto A. Marien)
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