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Há alguns anos, Dona Raquel, de 63 anos, moradora da cidade de Francisco Badaró, vivia preocupada, pois a água estava cada vez mais difícil na sua comunidade, que se chama Mocó e fica a 14 km da sede da cidade. As poucas coisinhas que ela plantava perto da vazante, a 2 km da sua casa - que ela percorria a pé todos os dias - que rendiam cada vez menos . Até que ela e mais algumas famílias da comunidade foram mobilizadas para receber programas da ASA de captação da água da chuva, conseguindo a Cisterna de Placas do P1MC e a Cisterna Calçadão do P1+2. Junto com a Cisterna Calçadão, Dona Raquel recebeu o Caráter Produtivo para iniciar sua produção. O sistema implantado na sua casa é tão simples quanto barato, feito com uma mangueira de gotejamento que utiliza a água da cisterna para irrigar o canteiro econômico, onde é colocada uma lona debaixo da terra, que ajuda a economizar a água que fica por mais tempo ali. Ela recebeu também mudas de árvores frutíferas que ela cuida utilizando adubo orgânico porque não prejudica a saúde e a produção. Assim como seus vizinhos, Dona Raquel aprendeu a lidar melhor com todos esses sistemas e trabalhar sua produção através de cursos de gerenciamento de recursos hídricos e gestão para produção de alimentos fornecidos também pela ASA. Seu filho Jurandir, que ia de vez em quando até a comunidade onde nasceu para visitar a mãe, passou a ir todos os dias para ajudá-la na produção, assim como a vizinha e parceira Dona Narcisa, que também produz dessa mesma forma em sua casa e ainda ajuda a amiga.Rapidinho ela e a família começaram a produzir, e viram seu quintal se enchendo de vida. 'Eu só queria ter muito mais tempo de vida pra aproveitar tudo o que tem aqui agora, mas tudo o que não pude aproveitar minha neta vai poder' diz. Hoje eles já contam com plantações de feijão, café, milho, mandioca, batata doce, banana, laranja, alface, coco, quiabo, coentro, e plantas medicinais, com os quais conseguem preparar um banquete para qualquer um que venha visitá-la com o orgulho de ser fruto do seu próprio suor. Minas Gerais Ano 5 | nº 76 | Abril | 2011 Francisco Badaró - Minas Gerais Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Protagonismo que Gera Renda e promove a Soberania Alimentar 1 Dona Raquel com sua cisterna de placas ao fundo Canteiro econômico

Protagonismo que gera renda e promove a soberania alimentar

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Page 1: Protagonismo que gera renda e promove a soberania alimentar

Há alguns anos, Dona Raquel, de 63 anos, moradora da cidade de Francisco Badaró, vivia preocupada, pois a água estava cada vez mais difícil na sua comunidade, que se chama Mocó e fica a 14 km da sede da cidade. As poucas coisinhas que ela plantava perto da vazante, a 2 km da sua casa - que ela percorria a pé todos os dias - que rendiam cada vez menos .

Até que ela e mais algumas famílias da comunidade foram mobilizadas para receber programas da ASA de captação da água da chuva, conseguindo a Cisterna de Placas do P1MC e a Cisterna Calçadão do P1+2.

Junto com a Cisterna Calçadão, Dona Raquel recebeu o Caráter Produtivo para iniciar sua produção. O sistema implantado na sua casa é tão simples quanto barato, feito com uma mangueira de gotejamento que utiliza a água da cisterna para irrigar o canteiro econômico, onde é colocada uma lona debaixo da terra, que ajuda a economizar a água que fica por mais tempo ali.

Ela recebeu também mudas de árvores frutíferas que ela cuida utilizando adubo orgânico porque não prejudica a saúde e a produção.

Assim como seus vizinhos, Dona Raquel aprendeu a lidar melhor com todos esses sistemas e trabalhar sua produção através de cursos de gerenciamento de recursos hídricos e gestão para produção de alimentos fornecidos também pela ASA.

Seu filho Jurandir, que ia de vez em quando até a comunidade onde nasceu para visitar a mãe, passou a ir todos os dias para ajudá-la na produção, assim como a vizinha e parceira Dona Narcisa, que também produz dessa mesma forma em sua casa e ainda ajuda a amiga.Rapidinho ela e a família começaram a produzir, e viram seu quintal se enchendo de vida.

'Eu só queria ter muito mais tempo de vida pra aproveitar tudo o que tem aqui agora, mas tudo o que não pude aproveitar minha neta vai poder' diz.

Hoje eles já contam com plantações de feijão, café, milho, mandioca, batata doce, banana, laranja, alface, coco, quiabo, coentro, e plantas medicinais, com os quais conseguem preparar um banquete para qualquer um que venha visitá-la com o orgulho de ser fruto do seu próprio suor.

Minas Gerais

Ano 5 | nº 76 | Abril | 2011Francisco Badaró - Minas Gerais

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Protagonismo que Gera Renda e promove a Soberania Alimentar

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Dona Raquel com sua cisterna de placas ao fundo

Canteiro econômico

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largura tarja 1cm

largura tarja superior 1ª página 4cm

altura da marca 3,8cm

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Liderança que Transforma

Com a produção a pleno vapor, Dona Raquel começou a mandar hortaliças para sua sobrinha, Cristina, que mora na comunidade Tocoiós. Ela vendia de porta em porta e dividia o lucro com a tia. Mas elas sofriam muito para conseguir vender a produção.

Até que um dia, elas perceberam que o espaço que seria destinado a quadra poliesportiva não era utilizado e ficava o tempo todo fechado.

Foi aí que o espírito de liderança de Dona Raquel aflorou e com o apoio do sindicato dos trabalhadores rurais de Francisco Badaró e a Associação de Moradores da Comunidade Mocó, ela resolveu reivindicar a utilização do espaço para a abertura de uma feirinha ali.

Com muito esforço a feirinha foi instaurada e os agricultores da região não precisariam mais “levar sol na moleira” para escoar aquilo que conseguiam produzir.

Todo mundo só ganhou e, segundo Narcisa “O que mais vende são as folhas. Mal chegam aqui na feira e não dá nem pra quem quer. Mas o resto também não demora muito pra acabar porque o povo todo vem comprar aqui”, diz ela agitada entre uma venda e outra.

Dona Dita, que vende doces, bolos e biscoitos na feirinha, conta que antes produzia só por encomenda, mas

agora que tem a feira a venda é certa aos domingos. Ela ainda atende as encomendas, que agora são bem mais freqüentes, pois a propaganda é feita pelos próprios consumidores da feira, que mandam vários artigos da região para seus parentes em São Paulo e outras cidades para matarem a saudade.

A feira serviu também para animar mais a farinhada feita em mutirão – uma das tradições da comunidade quilombola - que já tem destino certo, e já têm clientes fixos também, como dona Maria, que mora sozinha na comunidade Tocoiós e como não possui terra o suficiente para plantar, todo o domingo vai fazer suas compras na feira.

No final da feira eles acabam trocas entre si e todos voltam para casa com as bacias e os bolsos cheios para complementar o que não possuem na variedade que produzem em casa, como remédios por exemplo.

A luta ainda continua, pois o prédio não é próprio e as variedades ainda são poucas, mas os novos feirantes estão cada vez mais fortalecidos e cada vez aparece mais gente, tanto para comprar quanto vender.

A esperança de todos da comunidade é que, daqui pra frente, a feira esteja cada vez mais cheia de produtos de qualidade para garantir a soberania alimentar da comunidade.

Dona Raquel e Narcisa na feira de domingo em pleno movimento

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

largura tarja superior 2ª página 4cm

Fonte Serifa BT bold corpo 11

Minas Gerais

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ARTICULAÇ Ã O NO SEMI-Á RIDO BRASILEIRO

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