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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1 RELAÇÕES PEDOGEOMORFOLÓGICAS DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS, CARAJÁS-PA. Andreana dos Santos (a) , Maria Rita Vidal (b) (a) ICH/Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, [email protected] (b) ICH/Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, [email protected] Eixo: Solos, Paisagens e Degradação Resumo Os solos são importantes meios de estudos no que diz respeito aos processos que restringe a evolução do relevo, pois é a partir deles que ocorrem a preservação de materiais correlacionados a eventos modeladores do mesmo. Na região Sudeste do Pará em especial no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos há a ocorrência de materiais ferruginosos que corresponde ao modelado do relevo, contudo não existe estudos detalhados sobre o mesmo. Com isso o objetivo do artigo versa compreender a relação entre os solos ferruginosos e a evolução do relevo nos permitindo o entendimento da evolução e da formação da paisagem como um todo, a partir da inter- relação pedogeomorfológica identificou-se no parque cinco classes de solos que interagem fortemente com sete feições geomorfológicas da área. PALAVRAS CHAVES: Solos, Geomorfologia, Pedogeomorfológia. 1. INTRODUÇÃO A formação dos solos e as diferenciadas geoformas podem ser entendidas desde as atuações pretéritas e também presentes na dinâmica do meio físico, biótico e abiótico e não podemos deixar de fora os agentes endógenos que são um dos grandes responsáveis pelas alterações consideráveis da paisagem. A paisagem é assim, “um conjunto inter-relacionado de formações naturais e antroponaturais” (RODRIGUEZ, SILVA E CAVALCANTI, 2004) . Os estudos das relações entre solos, geologia e superfícies geomorfológicas são importantes para a compreensão da ocorrência dos solos na paisagem, permitindo a predição dessa distribuição (TORRADO; LEPSH E CASTRO, 2005). Os estudos integrados da paisagem deram a ciência geográfica um importante cunho metodológico possível de ser aplicado com a geração de resultados concretos que podem subsidiar análises e monitoramentos ambientais (VIDAL, 2014). Essas aplicações podem ser realizadas nas

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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1

RELAÇÕES PEDOGEOMORFOLÓGICAS DO PARQUE NACIONAL

DOS CAMPOS FERRUGINOSOS, CARAJÁS-PA.

Andreana dos Santos(a), Maria Rita Vidal(b)

(a) ICH/Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, [email protected]

(b)ICH/Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, [email protected]

Eixo: Solos, Paisagens e Degradação

Resumo

Os solos são importantes meios de estudos no que diz respeito aos processos que restringe a evolução do relevo,

pois é a partir deles que ocorrem a preservação de materiais correlacionados a eventos modeladores do mesmo.

Na região Sudeste do Pará em especial no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos há a ocorrência de

materiais ferruginosos que corresponde ao modelado do relevo, contudo não existe estudos detalhados sobre o

mesmo. Com isso o objetivo do artigo versa compreender a relação entre os solos ferruginosos e a evolução do

relevo nos permitindo o entendimento da evolução e da formação da paisagem como um todo, a partir da inter-

relação pedogeomorfológica identificou-se no parque cinco classes de solos que interagem fortemente com sete

feições geomorfológicas da área.

PALAVRAS CHAVES: Solos, Geomorfologia, Pedogeomorfológia.

1. INTRODUÇÃO

A formação dos solos e as diferenciadas geoformas podem ser entendidas desde as

atuações pretéritas e também presentes na dinâmica do meio físico, biótico e abiótico e não

podemos deixar de fora os agentes endógenos que são um dos grandes responsáveis pelas

alterações consideráveis da paisagem. A paisagem é assim, “um conjunto inter-relacionado de

formações naturais e antroponaturais” (RODRIGUEZ, SILVA E CAVALCANTI, 2004). Os

estudos das relações entre solos, geologia e superfícies geomorfológicas são importantes para

a compreensão da ocorrência dos solos na paisagem, permitindo a predição dessa distribuição

(TORRADO; LEPSH E CASTRO, 2005).

Os estudos integrados da paisagem deram a ciência geográfica um importante cunho

metodológico possível de ser aplicado com a geração de resultados concretos que podem subsidiar

análises e monitoramentos ambientais (VIDAL, 2014). Essas aplicações podem ser realizadas nas

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paisagens do Parque dos Campos Ferruginosos de Carajás1, no Estado do Pará. Composto por

paisagens complexas, um gesossistema com elevada geodiversidade, associado diretamente aos

afloramentos rochosos de hematita, solos rasos concrecionados e com vegetação com elevado índice

de endemismo.

Segundo Torrado; Lepsh e Castro (2005), a necessidade de compreender a

distribuição dos solos e de suas dinâmicas requer a integração dos estudos pedológicos com

outros ramos do conhecimento, quando se tenta desvendar episódios do passado

pedogeomorfológico. O uso de geotecnologias, representadas pelos Sistemas de Informações

Geográficas (SIGs) e Sensoriamento Remoto, segundo Alvarenga et al. (2003), vêm se

constituindo em tecnologias importantes para o planejamento, uso e monitoramento dos

recursos naturais terrestres.

Essas geotecnologias aliadas à análise integrada passam a ser uma relevante técnica

para que se possa chegar aos mais confiáveis e precisos resultados, o que nos possibilita a

aproximação de dados de campo, de laboratório e dos documentos cartográficos, que quando

integrados, podem fornecer informações de grande importância para o entendimento da

paisagem.

Estudos sobre a compartimentação da paisagem e à manutenção dos recursos naturais

com foco nos solos tem sido desenvolvido como nos trabalhos de Guerra & Cunha (1996),

Crepani et al. (2001), Dias et al. (2002) e Martins et al. (2006).

Diante do que foi exposto, o objetivo do artigo versa descrever a relação entre os

solos ferruginosos e a evolução do relevo permitindo o entendimento dessa evolução e da

formação da paisagem.

Na tentativa de melhor compreender a complexidade das paisagens foi considerado

neste trabalho a abordagem sistêmica para a análise pois pensar a paisagem como sistema

significa ter uma concepção do todo. Para Tricat (1977) o conceito de sistema se expressa

1 Esse trabalho traz dados/resultados inéditos das Pesquisas Desenvolvidas pelo grupo de Pesquisa do CNPq/Unifesspa “ Geoecologia das Paisagens e Sistemas Geoinformativos - Coordenado pelos Professores: Maria Rita Vidal e Abraão Levi dos Santos Mascarenhas.

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como o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio

ambiente compreendendo as inter-relações entre as partes no sistema. Através da

sobreposição de dados e de ferramentas de geoprocessamento do programa Qgis 2.18.18

pode-se observar como o relevo interfere na formação dos solos e como estes se comportam

na paisagem. Para Rodriguez (1994), a análise sistêmica baseia-se no conceito de paisagem

em que se combinam natureza, sociedade, cultura e economia.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Descrição da área de estudo

A Floresta Nacional de Carajás (Flona), integra o Conjunto de Unidades de

Conservação de Carajás protegidas pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio), com o apoio da Vale, que desenvolve pesquisas, programas de monitoramento e

um programa de recuperação de áreas, através da compensação ambiental pelo uso e

exploração dos recursos minerais na região. Em julho de 2017 parte da área da Flona,

correspondente à Serra do Tarzan e à Serra da Bocaina, foram transformadas em Unidade de

Conservação de Proteção Integral Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (Parna), (Figura

01).

O Parna dos Campos Ferruginosos tem uma área total de 79.029 (setenta e nove mil

e vinte e nove hectares), equivalente à 16.328,30 alqueires, abrangendo os municípios de

Canaã de Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%), ambos no Estado do Pará. A criação do

Parque Nacional dos Campos Ferruginosos de Carajás atende ao cumprimento da

condicionante determinada pelo IBAMA/ICMBio à mineradora Vale/SA como compensação

ambiental pela instalação do Projeto de Mineração Ferro Carajás S11D (ICMBio, 2017).

Assim, o objetivo de criação do Parque dos Campos Ferruginosos versa sobre proteger

a diversidade biológica das Serras da Bocaina e do Tarzan, bem como garantir a perenidade

dos serviços ecossistêmicos, garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação

ferrífera, da vegetação de campos rupestres ferruginosos, contribuindo para a estabilidade

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ambiental da região. A região que se insere o Parque é também detentora de tensões sociais e

ambientais, em função da extração dos recursos naturais (extração de minério de ferro).

A extração do minério de Ferro no Estado do Pará (Carajás), associada a elevada

geodiversidade insere o Sudeste do Pará como uma área de grandes conflitos entre demandas

regionais e internacionais que refletem o padrão de desenvolvimento para a Amazônia

Brasileira (MELLO-THÉRY, 2011).

Figura 01: Mapa de Localização do Parna dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA.

Organização: Andreana dos Santos, 2018.

O Parna dos Campos Ferruginosos protege amostras de vegetação de canga ou

campos rupestres ferruginosos, tipo raro de ecossistema associado aos afloramentos rochosos

ricos em ferro, com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e ameaçadas de

extinção, além de ambientes aquáticos e cavernas.

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2.2. Metodologia

Para os processos metodológicos procedeu-se de uma intensa revisão bibliográfica a

respeito dos recursos pedológico, e das características geomorfológicas da área onde o parque

está inserido. Para as bases cartográficas foram criados um banco de dados dos mapas

temáticos, com bases em Shapefiles obtidos em órgãos oficiais como Ministério do Meio

Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) e dados do projeto Shuttle

Radar Topography Mission (SRTM) 1 Arc Second com resolução de 30 metros extraídas do

site earthexplorer/USGS das senas s07_w050 e s07_w051, para processamento dos dados de

elevação.

O software livre QGis 2.18.18 foi utilizado para a elaboração dos mapas, para

interpretação e processamento das informações e dados espaciais, obtidos a partir da

caracterização e identificação dos condicionantes na área. As feições geomorfológicas,

associando-as as classes de solo. Para o mapa de solo tomou-se como base a classificação do

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos-SiBCS da Embrapa (2006).

Realizou-se a sobreposição dos mapas de geomorfologia e de solos, ambos na escala

de 1:250.000 para que fosse possível verificar as classes de solos pertencentes a cada feição

geomorfológica, permitindo uma análise dos dados.

3. RESULTADOS E DISCURSSÕES

3.1. Aspectos geomorfológico e pedológico do Parna

A geomorfologia é a ciência que estuda as formas, gênese e evolução do modelado

do relevo e de uma paisagem, representando assim a expressão espacial de uma superfície e

compondo diferentes configurações na paisagem morfológica. As formas representam a sua

expressão espacial, compondo as diferentes configurações da paisagem morfológica

(CHRISTOFOLETTI, 1980).

Christofoletti (1980) ainda diz que a Geomorfologia serve para se analisar as grandes

formações regionais do relevo, através da morfogênese. É o seu aspecto visível, a sua

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configuração, que caracteriza o modelado de uma área, entretanto, a geomorfologia não se

detém em apenas estudar o relevo, mas também os processos responsáveis pela configuração

do mesmo e pela distribuição dos solos existentes em uma determinada paisagem.

O Parna estar inserido em uma estrutura geológica bem antiga denominada de Cráton

Amazônico que teve seu processo de formação ainda no período Pré-cambriano, composto

por rochas antigas (SOUZA, 2015). É evidente que o relevo atual, cuja diversidade superficial

é produto do intemperismo da rocha e da cobertura vegetal, encontra-se diretamente

relacionado aos processos de pedogênese influenciados pelos diferentes domínios climáticos.

Foram delimitadas para o Parque sete feições geomorfológicas (figura 02) sendo

elas: Encosta íngreme de erosão, Homogênea aguçada, Homogênea convexa, Homogênea

tabular, Pediplano degradado inumado, Pediplano retocado inumado e Rampa de coluvio.

Figura 02: Mapa Geomorfológico do Parna dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA.

Organização: Andreana dos Santos, 2018.

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Já os solos são o resultado das ações climáticas sobre as rochas e os sedimentos, e a

influência do relevo depois de um determinado tempo (LESP, 2002). Os solos, na Região de

Carajás destacam os Plintossolos Pétricos, Latossolos e Cambissolos, se apresentam ora mais

rasos ou profundos. (SCHAEFER et al. 2012). A instabilidade de ocorrência de solos é muito

grande, pois mesmo que a maior parte dos fatores de formação do solo seja mantida, ao

modificar um desses elementos os resultados serão de solos diferentes.

De acordo com o mapa pedológico (Figura 03), as classes de solos predominantes no

Parna dos Campos Ferruginos se expressam pelos Plintossolos Pétricos que compreendem

uma área total de 75,62%, seguido do Latossolo Vermelho Amarelo 1,09%, do Argissolo

Vermelho 3,23%, Neossolo 2,97%, e Argissolo Vermelho Amarelo 18,14%. Realizou-se a

sobreposição dos mapas de geomorfologia e de solos, sendo possível assim verificar as

classes de solos pertencentes a cada feição geomorfológica, permitindo uma análise dos

dados.

Figura 03: Mapa Pedológico do Parna dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA.

Organização: Andreana dos Santos, 2018.

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3.2. Caracterização Pedogeomorfológica do Parna

O relevo é ligado ao fator tempo na gênese dos solos, portanto é de se esperar que na

paisagem, onde os processos pedogenéticos são ativos, ele tenha um papel crítico como

controlador do tempo de exposição aos agentes bioclimáticos (RESENDE et al. 2005).

As relações pedogeomorfológica da área podem ser expressadas por meio da

distribuição de classes de declividade associadas ou não às classes hipsométricas podendo

assim definir a distribuição das superfícies geomorfológicas que se relacionam com a

distribuição dos solos na paisagem. A disposição dos mapas sobre as diversas classes, solo,

geomorfologia e declividade aponta a estreita relação e interelação entres os componentes do

solo e formas do relevo existentes no Parna confirmando as várias formas pelas quais se

manifesta a junção entre a geomorfologia e a pedologia (Figura 04).

Figura 04: Bloco diagrama Pedogeomorlógico do Parna dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA.

Organização: Andreana dos Santos, 2018.

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A importância da análise integrada dos solos e do relevo (Quadro 01) consiste no

fato de que o relevo e o conjunto de condições climáticas e geológicas da região deram

condições para a existência de paisagens diferenciadas. Determinou-se então, que

corresponde as partes mais baixas da área de estudo estão a Rampa de colúvio o

Pediplano retocado inumado e a Homogênea convexa, são também áreas de drenagem e

depressão passíveis de inundação, essas unidades correspondem as cotas altimétricas que

vão de 200 a 400 metros. As outras unidades estão representadas pelas cotas topográficas

mais elevadas com médias de 400 acima de 700 metros, que são as Encostas íngremes de

erosão com desníveis abruptos formados por processos erosivos, Homogênea aguçada,

Homogênea tabular e o Pediplano degradado inumado que são as áreas de platôs

ferruginosos.

Unidades

Geomorfológicas Características Tipos de Solos Pedoambientes

Encosta íngreme de

erosão

São conjuntos de formas que se

caracterizam por possuir alta

declividade, favorecendo a perda de

materiais, materiais esses que são

transportados para as áreas mais

baixas.

PlintossoloPétrico;

Argissolo vermelho;

Latossolo vermelho

amarelo;

Neossolo.

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila;

Solos muito intemperizados e profundos;

Solos pouco evoluídos e sem a presença

de horizonte diagnóstico, e rasos.

Homogênea aguçada

São conjuntos de formas de relevo de

topos estreitos e alongados,

esculpidas em rochas metamórficas e

eventualmente em rochas ígneas e

sedimentares, denotando controle

estrutural, definidas por vales

encaixados. Os topos de aparência

aguçada são resultantes da

interceptação de vertentes de

declividade acentuada.

PlintossoloPétrico

Neossolo

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos pouco evoluídos e sem a presença

de horizonte diagnóstico, e rasos.

Homogênea convexa

São geralmente esculpidas em rochas

ígneas e metamórficas e

eventualmente em sedimentos. São

caracterizadas por vales bem-

definidos e vertentes de declividades

variadas, entalhadas por sulcos e

cabeceiras de drenagem de primeira

ordem.

Plintossolo Pétrico

Argissolo vermelho

amarelo

Argissolo vermelho

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila.

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Homogênea tabular

São, em geral, definidas por rede de

drenagem de baixa densidade, com

vales rasos, apresentando vertentes

de pequena declividade. Resultam da

instauração de processos de

dissecação, atuando sobre uma

superfície aplanada.

Plintossolo Pétrico

Argissolo vermelho

amarelo

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila.

Pediplano degradado

inumado

Geralmente, se apresenta conservada

ou pouco dissecada ou separada por

escarpas. Aparece frequentemente

mascarada, inumada por coberturas

detríticas ou de alteração,

constituídas de couraças.

Plintossolo Pétrico

Argissolo vermelho

amarelo

Argissolo vermelho

Neossolo Litólico

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila;

Solos pouco evoluídos e sem a presença

de horizonte diagnóstico, e rasos.

Pediplanoretocado

inumado

Superfície de aplanamento elaborada

durante fases sucessivas de retomada

de erosão, sem, no entanto, perder

suas características de aplanamento,

às vezes levemente côncavos. Pode

apresentar cobertura detríticas e/ou

encouraçamentos com mais de um

metro de espessura.

Plintossolo Pétrico

Neossolo Litólico

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos pouco evoluídos e sem a presença

de horizonte diagnóstico, e rasos

Rampa de coluvio

Formas de fundo de vale suavemente

inclinadas. Ocorre em setores de

baixa encosta, em segmentos

côncavos que caracterizam

asdepressões do relevo.

Plintossolo Pétrico

Argissolo vermelho

amarelo

Solos rasos, mal drenados, e com alto teor

de ferro;

Solos mais profundos, com alto teor de

argila.

Quadro 1: Correlação das unidades geomorfológicas e dos solos do Parna dos Campos Ferruginos, Carajás-PA. Organizadora: Andreana dos Santos, 2019.

4. CONCLUSÃO

A importância das relações pedogeomorfológica do Parna dos campos ferruginosos e

de suma importância para a compreensão da dinâmica da paisagem, possibilitando assim o

entendimento da correlação entre a distribuição das principais manchas de solo do Parna com

sua geomorfologia.

A partir dos dados advindos do mapeamento pedogeomorfológico, foi possível

identificar que o intemperismo é um fator essencial na formação da paisagem na área. A

dissecação do relevo e seu rebaixamento atual, juntamente com os agentes intempéricos,

conferiu algumas particularidades na relação pedogeomorfológica do Parna.

A relação pedogeomorfológica ajudou a entender a dinâmica da paisagem, e os

resultados gerados a partir do presente trabalho poderá servir como instrumento para o

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planejamento e gestão ambiental do Parque, bem como fornecer subsídios a estudos futuros

do plano de manejo e gestão da área, que desponta da necessidade de gerenciar as formas de

uso e ocupação.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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