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RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO

RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

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RELATÓRIO FINALTEMA 1

ESTADO DO CONHECIMENTO

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Si estamos viviendo una crisis del quehacer en las ciencias sociales de América Latina,

la tarea de quienes las practican es la de analizar sus características y las exigencias que plantea,

siempre y cuando no se tenga una noción apocalíptica y fatalista de ella. Esto implica reexaminar los paradigmas existentes,

desechar lo que hay que desechar, renovar lo que se puede renovar

y construir nuevos instrumentos teóricos y conceptuales para aquellos fenómenos que se nos presentan

sobre la marcha de los procesos sociales. En este esfuerzo, que es, por lo demás,

intrínseco al carácter mismo de las ciencias sociales, se inscribe también la necesidad de practicar

en forma permanente una ciencia social de la ciencia social con la finalidad de contribuir al auto

reflexión necesaria y de evitar que se caiga en esquematismos estériles.

(Heinz R. Sonntag)

Tema 1: Estado do conhecimento - 2010

Panorama da Comunicação no Brasil

Coordenadora: Maria Cristina Gobbi1 Assistentes de Pesquisa III: Juliana C. G. Betti e Francisco de Assis Guedes Equipe de Apoio: Cecília Soares de Paiva, Cristiane dos Santos Parnaíba,

Faiga Toffollo e Rose Mara Vidal de Souza

Introdução: a emergência de um campo de estudos

O desafio da pesquisa sempre enseja tratar o tema foco de forma exaustiva - o que não seria

possível em um artigo científico. Assim, esse resultado pontua questões indicadas como de

ordem geral, oferecendo um panorama nacional para os motes relativos à Comunicação no

Brasil. Nesse sentido, a metodologia é um processo para a tomada de decisões e que permite a

definição de fases e de escolhas, conjuntamente com a determinação de um espaço-temporal,

onde o escopo é desenvolvido e operado em combinação com critérios de validação da seleção

dos dados. As escolhas, ora apontadas, buscam determinar instrumentos para dar formato e

1 Pós-Doutora pelo Programa de Integração da América Latina (PROLAM) da Universidade de São Paulo. Bolsista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Coordenadora da pesquisa sobre o Panorama da Comunicação no Brasil, cuja meta é diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação nacionalmente institucionalizados. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital e professora do Programa em Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Professora da Universidade de Sorocaba (UNISO). Coordenadora do Grupo de Pesquisa “Pensamento Comunicacional Latino-Americano” do CNPq. Diretora de documentação da INTERCOM. Coordenadora do GT Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina da mesma Instituição. E-mail: [email protected].

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reforçar o cenário comunicativo, especialmente o desenhado na última década e por diversos

atores, quer institucionais ou individuais.

A pesquisa é sempre um espaço de forças, determinada pela lógica das condições sociais de

produção. Revela os pré-supostos do discurso, mas também referencia o fazer produzido, onde

atores encenam as práticas de uma autonomia relativa, mas não dissociada das condições

concretas de elaboração, difusão e desenvolvimento daquilo que se está empreendo. Porém, as

competências para abordar esse ou aquele objeto e a forma dada a ele são desenhadas na

natureza de produção. Estas determinam o ponto de partida, a trajetória e definem o objeto para

a tomada de decisão.

Esse é, então, o primeiro exercício2 de uma matriz de Indicadores sobre o campo da

Comunicação no Brasil. Pretende servir de subsídios a projetos que tenha atenção não só no

saber comunicativo, mas na qualidade daquilo que se empreende nesse campo, servindo de

referência também para a tomada de decisão das futuras políticas públicas. Esse apontamento

objetiva estruturar um conjunto de quesitos que possibilitem revelar e diminuir as distâncias entre

a teoria e a prática comunicativa, apontando para a possibilidade da criação coletiva como ação

transformadora, fruto do exercício de parceria entre pesquisadores e instituições, que é não só

desejável como inevitável nas ciências contemporâneas.

Inserida neste contexto de inquietude, as experiências resultantes dessa investigação

possibilitarão a construção de novos conhecimentos, superando a fragmentação dos saberes.

Desta forma, um dos desafios desta pesquisa foi o de alcançar objetivos mais amplos e

resultados plurais, numa perspectiva integradora não apenas dos conteúdos, mas e, sobretudo,

de pesquisadores e instituições. Assim, à ameaça na formação de um campo da Comunicação

autônomo, devido ao uso indiscriminado e desconectado dos múltiplos conhecimentos poderá

ser superado com a sistematização e a reflexão constante dos participantes, para que os

diversos aportes teórico-metodológicos estejam voltados a um objetivo maior: o entrecruzamento

2 Este artigo é resultado da pesquisa Panorama da Comunicação no Brasil, cuja meta foi diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação nacionalmente institucionalizados, desenvolvida no âmbito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), através do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD). Contou com recursos de bolsa concedida pelo IPEA a Maria Cristina Gobbi. A equipe de pesquisa foi integrada pelos Assistentes de Pesquisa III, os mestres, Francisco de Assis Guedes e Juliana C. G. Betti; de apoio, formada pelas mestrandas: Cecília Soares de Paiva, Faiga Toffollo, Rose Mara Vidal de Souza e Cristiane dos Santos Parnaíba (graduanda).

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de ciências, de modo que sejam modificadas e repensadas em função da Comunicação, de um

novo olhar transformador.

Neste sentido, o resultado também oferece uma visão interdisciplinar, possibilitando uma prática

diferenciada, que pode dar conta da complexidade e da dinâmica do campo da Comunicação,

especialmente no Brasil. Esta prática pode se traduzir pela possibilidade que a pesquisa, como

um todo, oferece de descrever e diagnosticar a produção do conhecimento comunicativo,

analisando o desenvolvimento, na última década, dos setores midiáticos; desenhar o panorama

da indústria nacional de informação e comunicação; analisar, mensurar e descrever os setores

das profissões legitimadas e das ocupações emergentes no campo, além de traçar o perfil

nacional da comunicação, evidenciando os perfis socioeconômico, educativo-cultural, entre

outros. Todo esse amplo escopo possibilita a reflexão teórica baseada na construção coletiva

prática de novos conhecimentos, fundamental para o avanço da Ciência da Comunicação.

Avaliar o Estado do Conhecimento no campo acadêmico e profissional da Comunicação Social

no Brasil, na última década, passa por vários desafios. Embora em estágio avançado, se

comparado com outras regiões, principalmente da América Latina, a área ainda busca a

ampliação dos níveis de excelência na formação universitária e na inserção dos egressos no

mercado profissional. Outras características da Comunicação Social altercadas são o amplo

entendimento sobre o conceito do campo comunicacional, as definições de suas fronteiras,

objetos, agentes (produtores e consumidores), cenários e produções.

Esse foi o escopo dado pela chamada pública nº 63/2010, do Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA), do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD). Com o

título “Panorama da Comunicação no Brasil: PBC 2010”, o projeto teve como meta descrever e

diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação

nacionalmente institucionalizados ou publicamente legitimados, como: Audiovisual, Cibercultura,

Divulgação Científica, Economia Política da Comunicação, Editoração, Folkcomunicação,

História da Mídia, Jornalismo, Marketing Político, Publicidade, Radialismo, Relações Públicas e

Semiótica.

O mote central buscou estabelecer de qual maneira e quais produções, instituições, centros de

pesquisa e temáticas definem o panorama da Comunicação no Brasil, na última década. Assim,

o objetivo central foi o de inventariar e diagnosticar a produção científica brasileira, possibilitando

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a determinação de indicadores nacionais sobre o conhecimento comunicacional produzido,

resultado do cruzamento dos dados coletados nos múltiplos espaços institucionalizados, nos

últimos 10 anos.

Para atender a esse objetivo, em uma ampla pesquisa empírica e densa revisão teórica, os

resultados gerais estão divididos em duas partes. A primeira discorre sobre a metodologia geral

utilizada e o contexto dessa produção, apresenta alguns indicativos nacionais e marca a direção

da especificidade das análises.

A parte dois evidencia o Panorama Brasileiro do Pensamento Comunicacional, demonstrando o

conhecimento holístico produzido no âmbito das duas Instituições Paradigmáticas no campo da

Comunicação Social: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

(Intercom) e Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

(Compós), reunindo assim as reflexões tanto no nível da graduação, como aquelas oriundas dos

programas de pós-graduação do País. Também, mostra o Estado do Conhecimento a partir das

subáreas Consolidadas (Jornalismo, Publicidade, Cinema e RP) e das Subáreas Emergentes

(Cibermídia, Cibercultura, Folkcom, Propaganda Política, Comunicação Organizacional,

Jornalismo Científico, Economia Política).

Finalmente, diversos projetos de mapeamento do Campo da Comunicação foram (estão sendo)

gestados em universidades brasileiras, especialmente nos cursos de Graduação e Pós-

Graduação, ressaltando que cada instituição estabelece seus critérios a partir de experiências

individuais (ou em grupo) de pesquisadores atuantes na área.

O projeto “Panorama da Comunicação no Brasil 2010”, proposto pelo IPEA, possibilitou a revisão

dos processos comunicativos a partir do conhecimento atualizado produzido nos centros de

excelência em pesquisa, instituições de produção de conteúdos comunicativos e de formação

profissional. Também foi possível interpretar os resultados em suas interfaces nacionais,

regionais e locais identificando, desta forma, as tendências da Comunicação Brasileira, na

primeira década do século XXI, oferecendo perspectivas futuras para os setores

profissionalmente legitimados e emergentes no Campo da Comunicação.

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Métodos e Técnicas: escolhas necessárias

Vicissitudes de ascensão

Um campo científico pode ser definido como um conjunto de métodos, estratégias e objetos

legítimos de discussão3. Sendo assim, em cada um desses elementos, são diversos os

procedimentos capazes de contribuir para sua fragmentação ou sua consolidação. Como afirma

Marques de Melo4, “(...) à medida que se institucionaliza um novo campo do saber, torna-se

imprescindível oferecer às novas gerações um quadro histórico que estimule a acumulação

orgânica de experiências, evitando-se a repetição de etapas já percorridas, mas que escapam

muitas vezes à percepção dos pesquisadores neófitos”.

Por outro lado, também, esse repertório acumulado nos permitirá fortalecer os estudos e as

práticas comunicacionais. No resgate das produções comunicativas podem ser encontradas as

oportunidades para a consolidação dos referenciais teórico-metodólogicos. Por outro lado, as

ações práticas oferecem o referencial capaz de definir políticas públicas adequadas para que o

efetivo processo de comunicação seja estabelecido, nos mais variados âmbitos, permitindo

aplicar na prática o sentido de um processo comunicativo democrático e plural.

Revisar o “estado da arte” em comunicação como propõe o projeto “Panorama da Comunicação

no Brasil: PBC 2010” é revelar um número grande de conjunturas. Os desequilíbrios da

informação e da comunicação, tratando do tema da dependência informativa e as múltiplas

crises instaladas nos mais variados segmentos, deram origem a diversas equipes de

pesquisadores que buscam soluções para os problemas da Comunicação. É possível observar

que são várias são as iniciativas isoladas ou grupais, que surgem no país no sentido de

congregar a produção comunicacional, principalmente a partir da década de 1970. Entretanto,

mesmo passados 40 anos não se produziu uma única avaliação sobre os diferentes formatos e

eficácia desses grupos consolidados.

3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação. Material disponível no Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano “José Marques de Melo”, na Universidade Metodista de São Paulo. Material disponível no Acervo da Escola Latino-Americana de Comunicação.

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A recente proliferação de instituições de ensino na área da Comunicação, a crescente demanda

por pesquisadores com visão crítica e analítica sobre a produção científica nacional e a

necessidade urgente de políticas públicas para o ensino e a pesquisa, justificam o mapeamento

e a definição de indicadores que sirvam de base para a elaboração de um plano nacional, capaz

de abrigar os perfis comunicativos no País. Não se trata, evidentemente, de criar um modelo

único de produção, mas de estabelecer parâmetros mínimos de qualidade para essa produção e

sua divulgação, considerando-se a relevância e as demandas crescentes por estudos que

evidenciem as mudanças ocorridas no cenário nacional, especialmente na última década.

O processo de identificação coletiva de um campo do conhecimento caminha ao lado do

fenômeno de autoconhecimento e este por sua vez, pode obedecer a diferentes fronteiras

identificáveis. Por outro lado, não se pode falar em desenvolvimento da Comunicação tendo por

base somente à dependência político-social ou mesmo, o processo de globalização. Faz-se

necessário discutir os cenários específicos do campo e incluí-lo dentro de um espaço temporal,

sem perder de vista os atores dessa difusão e as instituições que contribuíram para o

desenvolvimento e disseminação da cultura comunicacional.

Nesse cenário, entre o desenvolvimento e a Comunicação, vários especialistas começaram a

projetar e socializar a idéia da criação de instituições capazes de congregar essas preocupações

e estimular o desenvolvimento de pesquisas na região. E o resultado dessa produção, embora

disponível, ainda são esparsos. Trata-se de um universo restrito aos espaços que abrigam

pesquisadores, com temas diversificados e produções que visam contemplar diferentes áreas

do conhecimento comunicativo.

O impasse atual das ciências da Comunicação, que surge de velhas discussões sobre as

fronteiras reais de integração com outras ciências, como afirma Aguirre5, permite que se possa

adotar duas estratégias de avanço: a) a necessidade de concepção unificada no campo científico

levaria a exigir uma visão teórica coerente, permitindo agrupar diversas disciplinas que não se

prendem a uma única corrente teórica e b) as diversas Ciências da Comunicação se constituem

com certa autonomia, estabelecem relações segundo os problemas que buscam solucionar a

partir da inter, da multi e da transdisciplinaridade.

5 AGUIRRE, Jesús Maria. El pensamiento Latinoamericano sobre comunicación. Anagnorisis de una ciencia bastarda. Revista eletrônica científica PCLA, n. 1, 1. ed., Disponível em: www.umesp.com.br/unesco/pcla/index.htm, 1999, acesso em julho de 2010.

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Se, por um lado, temos a teoria da ação comunicativa de Habermas (1988), a teoria geral da

comunicação de Luhmann (1991) ou as teorias sociais sobre a produção da Comunicação e a

estruturação dos cenários e atores social destes espaços; por outro, podemos refletir que há

diversas teorias fragmentarias sobre cada fase do processo de Comunicação, que estão mais

preocupadas em defender suas próprias fronteiras, do que em integrar-se neste cenário amplo,

já configurado no século XXI.

As Ciências da Comunicação necessitam colocar ordem na definição de suas prioridades e

constatações, para então legitimarem-se no campo da produção científica dentro das Ciências

Sociais6. Para Aguirre (2010), faz-se necessário:

1) a definição das fronteiras da disciplina, buscando seus centros teóricos ou certos focos

teóricos;

2) buscar sua legitimidade com base em conceitos metodológicos para ser reconhecida no

campo das Ciências Sociais e

3) os cursos de pós-graduação, devem estar vinculado a instituições de pesquisa, para garantir

a formação de cientistas entre as gerações mais jovens.

Existe um conjunto de pensadores, que mesmo vindo das mais diversas disciplinas, tem

focalizado sua atenção no diagnóstico e na solução de problemas comunicacionais, tratando do

conjunto regional ou segmentando da mega região com uma historicidade comum. Conjugado a

autopercepção e a heteropercepção dos trabalhos desenvolvidos no campo das Ciências

Sociais, há uma produção séria, enraizada nos problemas regionais, específicas em seu

conjunto, apesar dos desenvolvimentos desiguais na mega região brasileira.

É fundamental observar que está se desenvolvendo atualmente um contíguo de transformações

paradigmáticas de grande repercussão. Se, como afirma Marques de Melo (1998), até alguns

anos atrás as pesquisas brasileiras se destinavam, em sua grande maioria, ao conhecimento da

penetração dos veículos de comunicação de massa junto às populações urbanas,

disponibilizando os índices de audiência de programas de rádio, TV ou mostravam a circulação

de jornais e revistas; atualmente os desafios caminham pela compreensão dos elementos que

integram o processo comunicativo, pelas análises dos fenômenos relacionados ou gerados pela

6 Idem, ibidem.

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transmissão de informações, sejam dirigidas a uma única pessoa, a um grupo ou a um vasto

público.

Hoje os principais desafios enfrentados nas pesquisas em comunicação ainda são o modismo e

a imitação7. Para Marques de Melo (1998), esses fatores são reflexos da dependência externa,

que ainda continua muito forte. Precisamos redimensionar o trabalho científico, "aprofundando a

interpretação dos fenômenos já conhecidos; observar sistematicamente os novos fenômenos,

dando-lhes registro crítico-descritivo e cambiar as análises de fenômenos globais com os casos

específicos", dessa maneira será possível o desenvolvimento de pesquisas calcadas nas

próprias necessidades e realidades do país, considerando sempre os estímulos externos, mas

não os priorizando. É necessário que a pesquisa em Comunicação possa auxiliar as

transformações sociais, acumulando informações que realmente mostrem o cotidiano, ajudando

a "construir novos modelos de produção e distribuição das riquezas de criação e reprodução da

cultura" (MARQUES DE MELO, 1998, p. 100).

Embora com saldo positivo, os conhecimentos legitimados nesse campo precisam contribuir para

a construção de sistemas plurais de Comunicação capazes de serem motores das sociedades

democráticas. Também o processo de legitimação e de identidade acadêmicas deste campo

está diretamente relacionado a formação de profissionais competentes para a prática científica,

além da efetiva participação desses atores sociais nos cenários acadêmicos, buscando equilíbrio

entre a teoria e a prática profissional.

Miragens: método e metodologia

Estamos diante de cenários diversificados e amplos, onde as “condições de produção, circulação

e a recepção de mensagens” se alteraram de maneira radical. A revolução digital tem permitido

que “no campo da comunicação, pessoas comuns (...) descubram possibilidades e talentos de

expressão que nos modelos tradicionais dificilmente poderiam exercer”. Tornaram-se produtores,

“(...) nos mais variados formatos (fotografia, música, audiovisual, textos, hipertextos,

conhecimento, cultura, educação, entretenimento etc)”. Grandes e variados sistemas

comunicativos, nas múltiplas etapas do processo, estão sendo criados e amoldados, não mais e

somente sob a ótica de um único e tradicional produtor, mas do cidadão, que com “singular 7 Grifo da edição.

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inteligência, renovação artesanal e industrial, opera, ascende e flui nas culturas midiáticas”

(MALDONADO, 2010, p. 1-2).

Toda essa mudança enseja a idéia de “dimensão multiforme” (MALDONADO, 2010, p. 3-4), que

a partir de pontos de distinção “concebem essa dimensão como formas de vida (Wittgenstein,

1988) articuladas em uma trama (...) comunicacional e (...) no interior delas é possível observar a

inter relação com organizações de outras espécies (técnica, política, econômica, psicológica,

lingüística)”. Assim, as “capacidades produtivas (artísticas, cognitivas, experimentais, políticas,

sócio-organizativas, culturais, poéticas e de trabalho) são potencializadas, criando um caráter

multidimensional para a comunicação”. Quando são utilizados “recursos e técnicas digitais pode-

se mostrar concretamente as convergências hipertextuais, as formas de confluência, as misturas

(...) e sua transposição para as dimensões comunicativas”.

Para Maldonado (2010, p. 7) há uma “transformação tecnocultural profunda que combina

condições de produção digital com multiculturalidade intensa, renovadora e conflitiva”, onde há

novos modos de interpretar o receptor multimidiático, situando-o a uma multidimensionalidade

comunicacional, socializando as possibilidades de intercâmbio de inteligências múltiplas no

processo de produção do conhecimento. Desta forma, argumenta Maldonado (2010) essas inter-

relações promovem a inserção de milhões de pessoas antes excluídas por desconhecimento das

técnicas e das competências produtivas do processo comunicativo. “Hoje é possível produzir

audiovisual, música, jornais, revistas, artes visuais, textos, livros etc” (p. 8), sem uma infra-

estrutura sofisticada.

Esse novo cenário exige a construção de outras formas de dimensionar, estudar e analisar o

processo comunicativo, definindo metodologias (métodos e técnicas) capazes acolher,

sistematizar e responder a “problemas concretos”, perpassando os métodos já conhecidos. É a

perspectiva “(...) transmetodológica onde se mesclam e configuram lógicas, categorias, teorias e

desenhos metodológicos”, que se alimentam de “conhecimentos dinâmicos que vão sendo

produzidos pelos métodos gerais e particulares de cada área pertinente, (...) fortalecendo-se de

conhecimentos teóricos formulados na linha comunicacional transdisciplinar” (MALDONADO,

2010, p. 10). Desta forma, defende ele, “se estabelece uma inter-relação dialética entre

transmetodologia/transdisciplinaridade, sendo a primeira o correspondente metódico das

exigências teóricas da segunda” (p. 10).

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A transmetodologia “propõe um diálogo/confrontação entre métodos, lógicas e procedimentos

para trabalhar pesquisas concretas”, permitindo o conhecimento mais amplo das “possibilidades

metodológicas que oferecem novos e velhos descobrimentos, (...) admitindo rupturas e

continuidades epistemológicas, incluindo a esse esforço a incorporação de epistemologias

autóctones e mundiais; científicas e milenares, para-consistentes e formais; dialéticas e

axiomáticas”, que aceitam “(...) os princípios da diversidade, da contradição, da alteridade, da

fraternidade, da aventura intelectual e da paixão por transformar o mundo”. (MALDONADO,

2010, p. 12)

Como toda investigação, essa também é fruto de escolhas, combinações, ajustes, exclusões,

aceitações, conflitos, assentimentos e rejeições, mas está permeada por regras que

consubstanciam e evidenciam panoramas amplos e específicos sob a ótica de seus produtores,

sem perder as características das especificidades e particularidades das escolhas feitas por

esses atores comunicacionais. O que se busca nos desígnios da metodologia e das técnicas são

a minimização dos erros e a amplitude das opções de forma a possibilitar mapear,

significativamente, aquilo que se está propondo. Esta investigação não tem a pretensão de

esgotar o assunto, mas de contribuir com dados que possam desenhar o atual mapa da

Comunicação no Brasil.

Para atingir os objetivos empíricos propostos na pesquisa foram utilizados método e técnicas

compostas por várias ferramentas.

Inicialmente partiu-se de várias bases documentais, tendo como corpus de análise a distribuição

de mestres e doutores que exercem suas atividades na área da Comunicação, nos vários

espaços de divulgação científica do País. A coleta dos dados teve como identificador as

múltiplas informações sobre a produção comunicativa disponibilizada na web, em vários

ambiente de referência, como: Plataforma Lattes; homepages: Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (Capes), Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação (Intercom); Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Comunicação (Compós), Ministério da Educação, Grupos de Pesquisa do CNPq e vários outros

sítios.

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Os dados foram complementados com periódicos da área, jornais, artigos científicos, anais de

congressos, entrevistas realizadas pessoalmente, por telefone, e-mails. Paralelamente aos

estudos analítico-descritivos e comparativos, que serviram de baldrame para a coleta dos

materiais, foram realizadas pesquisas em bases de dados históricos objetivando contextualizar a

produção em comunicação a partir dos indicadores propostos, observando seus aspectos

sociais, econômicos e culturais. Entre os documentos selecionados para análise estão os anais

dos congressos anuais realizados pela Intercom, Compós, além de bases de dados como a

Rede de Informação em Comunicação dos Países de Língua Portuguesa (Portcom).

Para observar a produção científica de mestres e doutores brasileiros, na expectativa de gerar

dados suficientes para traçar o Panorama da Comunicação no Brasil, foram visitados espaços

físicos e virtuais das instituições de ensino e pesquisa e das associações científicas. O constante

diálogo da equipe de investigadores (em geral realizado pessoalmente, por e-mail ou telefone), a

sistematização da produção e a observação atenta para novos indicadores que emergiam

durante este processo, permitiram a coleta significativa de material, que foi utilizado na geração

das análises dos dados.

O grande desafio foi não dissociar instituições, pesquisadores e objetos de estudos, para não

perder sua unidade e características. As teorias consolidadas pelas Ciências Sociais forneceram

o ferramental necessário para esse aporte. Utilizando abordagens quantitativas e qualitativas, foi

possível superar a simples observação e atuar como agentes na construção do conhecimento.

Para viabilizar as análises qualitativas8, optou-se pelas pesquisas: documental9 e etnográfica10.

Neste sentido, a abordagem qualitativa, possibilitou a compreensão do fenômeno

comunicacional dentro do contexto brasileiro, no período temporal entre o ano de 2000 até

8 Arilda Godoy afirma que considerando “a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques” (1995, p. 23). 9 Embora possa parecer estranho para alguns teóricos, a pesquisa documental, aliada às análises qualitativas, possibilita resultados consistentes por serem os documentos fontes ricas de dados. “O exame de materiais de natureza diversa, que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que podem ser reexaminados, buscando-se novas e/ou interpretações complementares, constitui o que estamos denominando pesquisa documental. A palavra documento, neste caso, deve ser entendida de forma ampla, incluindo os materiais escritos (cartas, memorando, relatório), as estatísticas (registro ordenado de determinados aspectos da vida de determinada sociedade) e os elementos iconográficos (imagens, fotografias, filmes)” (GODOY, 1995, p. 21-22). 10 Fetterman garante que a etnografia é “a arte e a ciência de descrever uma cultura ou grupo” (1989, p.11). Godoy afirma que a pesquisa etnográfica abrange “a descrição dos eventos que ocorrem na vida de um grupo (com especial atenção para as estruturas sociais e o comportamento dos indivíduos enquanto membros do grupo) e a interpretação do significado desses eventos para a cultura do grupo” (1995, p.28).

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meados de 2010. Desta forma, foi possível tecer análises em uma perspectiva integrada, sob a

ótica das pessoas envolvidas, considerando grande parte dos pontos de vista relevantes. Outra

característica deste tipo de investigação é permitir o estudo de pessoas às quais não temos

acesso físico, por “não estarem mais vivas ou por problemas de distância” (GODOY, 1995, p.

22), outra motivação da escolha dessa forma de abordagem.

Os documentos também são fontes não reativas, pois as informações neles contidas

permanecem as mesmas após longos períodos de tempo. “Podem ser considerados uma fonte

natural de informações na medida em que, por terem origem num determinado contexto

histórico, econômico e social, retratam e fornecem dados sobre esse mesmo contexto”. Aliado a

estes fatores, Godoy (1995) observa também que a pesquisa documental é muito eficaz quando

o estudo inclui grandes períodos de tempo e se busca identificar uma ou mais tendências no

comportamento de um fenômeno.

É preciso acrescentar que outros aspectos da escolha do documento, o acesso a eles e sua

análise mereceram, por parte dos pesquisadores, atenção especial. Estes devem levar em

consideração o propósito, as ideias e as hipóteses que se pretende defender. Neste sentido, a

presente investigação considerou dois aspectos. Os holísticos, representado por duas entidades

de referência nos estudos em Comunicação (Intercom e Compós) e os segmentados, que

buscou em outros espaços (não menos importantes) os dados necessários para a realização das

análises.

Também se tratou de uma pesquisa descritiva que buscou mostrar as principais características

do material analisado e as contribuições de cada um dos autores e atores para o Panorama da

Pesquisa em Comunicação no Brasil.

Houve, além disso, uma combinação dos procedimentos estatísticos e comparativos por

acreditar que os dois reúnam formulações necessárias para justificar e consolidar os dados

obtidos. Pelos procedimentos estatísticos, planejados por Quetelet, tornou-se possível obter

dados numéricos que permitiram a probabilidade de acerto de determinada conclusão. Cabe,

porém, ressaltar que as explicações obtidas mediante o método estatístico não podem ser

consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de serem.

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Para suprimir essa lacuna, o método comparativo também foi utilizado. O instrumento

comparativo buscou ressaltar as diferenças e as similaridades obtidas na investigação,

possibilitando o estudo dos grupamentos comunicacionais, separados pelo espaço, tempo,

temáticas e instituições. Assim se justificou a escolha desse método, pois o estudo analisou a

produção de pesquisadores em diversas regiões do País, além de várias associações científicas,

instituições de pesquisa e de ensino. Este método foi empregado por Taylor que considerava o

estudo das semelhanças e diferenças entre os diversos grupos, sociedades ou povos

contribuições para uma melhor compreensão do objeto estudado. Ocupando-se das explicações

dos fenômenos, o método comparativo permitiu analisar o dado concreto, deduzindo-lhe os

elementos constantes, abstratos e gerais. (LAKATOS & MARCONI, 1996, p. 107). É utilizado

em estudos de largo alcance (desenvolvimento e características das publicações) e de setores

concretos (comparação entre a produção das diversas regiões, instituições e pesquisadores do

Brasil), assim como para estudos qualitativos e quantitativos (quantificar e definir a produção e

sua contribuição para a área da Comunicação).

Também se fez importante, diante deste estudo, a utilização do método funcionalista. Utilizado

por Malinowski, o método levou em consideração que a sociedade é formada por partes

componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo cada uma das

funções essenciais à vida social. Além disso, esses elementos são mais entendidos,

compreendendo-se as funções que desempenham no todo. Este método surgiu com “Spencer,

na sua analogia com um organismo biológico, a função de uma instituição social toma com

Durkheim a característica de uma correspondência entre ela e as necessidades do organismo

social (LAKATOS & MARCONI, 1996, p. 110).

O método está intimamente ligado aos nomes de Talcott Parsons e Robert Merton e tem suas

raízes na Psicologia e na Antropologia. Atualmente, a teoria funcionalista aplicável ao estudo da

estrutura social e à diversidade cultural, tem por objetivo a manutenção do sistema social e a

melhoria da cultura do grupo. As partes específicas da estrutura social e da cultura do grupo

operam como mecanismos que satisfazem, ou não, os requisitos funcionais (LAKATOS &

MARCONI, 1996, p. 110).

É possível afirmar que os dados gerados a partir da combinação dos vários métodos e técnicas

foram referenciais fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, onde foram traçados

breves perfis biobibliográficos, realizado o levantamento de dados em diversas instituições,

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concentradas em uma região específica e em um espaço temporal determinado (Brasil, 2000 a

2010).

Delimitação do corpus e unidades de estudo

Esta pesquisa visou sistematizar, quantificar, classificar e analisar as relações entre diversas

variáveis, bem como encontrar as possíveis causalidades existentes entre os fenômenos causa

e efeito. Por isso optou-se por uma pesquisa do tipo quantitativa descritiva e qualitativa em sua

análise, critérios definidos nas pesquisas realizadas por Braga (1982), Población (2001),

Marques de Melo (1974, 2003, 2008, 2010) e Silva (2004).

O escopo trata do universo das atividades de produção apresentadas por pesquisadores

doutores e mestres, nos espaços das várias instituições de ensino e nos centros de pesquisas,

no período dos anos de 2000 até 2010. As atividades de produção consideradas foram:

pesquisas realizadas, apresentações em congressos, livros e capítulos e artigos publicados,

currículo disponibilizado na Plataforma Lattes, grupos de pesquisa da Plataforma do CNPq,

estudos anteriores etc. Desta forma foi desenvolvida uma listagem contendo mais de 8.500

referências de análise. Esse material foi utilizado para a realização das análises sobre o

Panorama da Pesquisa.

A cultura brasileira entre as décadas de 1950 até a primeira década do séc. XXI e as

repercussões nos processos e tecnologias comunicacionais demonstram que o desenvolvimento

e consolidação da cultura de massa no Brasil exigiram, de forma crescente, a qualificação

profissional dos quadros da Indústria Cultural. A comunicação de e para os trabalhadores

ganhou, na região, a partir da segunda metade do século XX, a força e o paradigma de um

movimento social, estabeleceu novos canais de comunicação entre a sociedade e o Estado.

Portanto, torna-se importante verificar o compromisso das escolas de Comunicação, dos

programas de pós-graduação e das entidades representativas da área em difundir e motivar

pesquisadores no fortalecimento e no resgate da produção comunicacional. Criam-se, dessa

forma, oportunidades para a disseminação das teorias e das trajetórias acadêmicas de

pensadores e de instituições, reconhecidas e legitimadas pela comunidade científica nacional.

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As fontes de consulta de referência foram os anais e os livros de resumos dos congressos

anuais, revistas, websites, livros e outras produções que ofereceram o panorama das

contribuições das entidades e de pesquisadores nos últimos 10 anos. Para viabilizar o amplo

levantamento dos dados, foram definidas duas unidades de estudo.

a) Panorama holístico: objetivou sistematizar, diagnosticar e definir os indicadores que

contemplam a visão interdisciplinar, cuja fonte principal foi a Sociedade Brasileira de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e a perspectiva da pós-graduação, através do

conhecimento acumulado pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Comunicação (COMPÓS)11.

b) Panorama Segmentado: a partir dos indicadores holísticos sobre a produção de

conhecimento nas principais fatias da comunicação, desenhar o panorama segmentado dos

espaços de reflexão que congregam a área. Para esse aporte definimos, inicialmente, como

temáticas e fontes principais de pesquisa:

Quadro 1

Temáticas e Instituições integrantes do Panorama Segmentado12 Temáticas Instituições

Audiovisual: cinema, vídeo, televisão e rádio

FORCINE: Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual que congrega mais de 20 instituições; SOCINE: A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, conta com 364 sócios, que representam cerca de 18 universidades brasileiras.

Cibercultura ABCiber: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura: fundada em 2006, congrega pesquisadores(as), Grupos de Pesquisa, instituições e/ou entidades brasileiras que estudam cibercultura.

Comunicação Organizacional e Relações Públicas

ABRAPcorp: Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, fundada 2006, com o objetivo geral de estimular o fomento, a realização e a divulgação de estudos avançados dessas áreas no campo das Ciências da Comunicação.

Comunicação e Marketing Político

Politicom: Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Maketing Político, fundada 2008, congrega estudiosos de propaganda política.

Divulgação Científica ABJC: Associação Brasileira de Jornalismo Científico, fundada em 1977, congrega pesquisadores em torno de temas ligados a CT&I.

Economia Política da Comunicação

Ulepicc: União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura, fundada em 2004, congrega pesquisadores e profissionais atuantes na Economia Política da Comunicação, da Informação e da Cultura

Folkcomunicação Rede Folkcom: Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação, fundada em 2003, congrega estudiosos em torno da temática da comunicação popular.

História da Mídia Rede Alcar: Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, fundada em 2001, congrega estudiosos da história da mídia.

Jornalismo SBPJor: Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, fundada em 2003,

11 No volume 2 dessa coletânea estão disponíveis textos que evidenciam as contribuições dessas instituições. 12 No volume 2 dessa coletânea estão disponíveis textos que evidenciam as contribuições dessas instituições.

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congrega aproximadamente 300 associados. FNPJ: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, fundado em 2004, congrega professores dos cursos de jornalismo de todo o país.

Semiótica ABES: Associação Brasileira de Semiótica, fundada em 1972, congrega estudiosos dessa temática.

Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010. Para dar conta do conhecimento produzido no âmbito da comunicação foram definidos pela

equipe da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação

(Socicom) 12 indicadores, que serviram de base para a coleta dos dados da pesquisa. São eles:

Quadro 2

Indicadores Sugeridos pela Socicom INDICADORES

1. Indicadores institucionais estruturais de campo científico/acadêmico 1.1. Universidades e Faculdades 1.2. Cursos de Graduação, Pós-Graduação (Linhas de Pesquisa) e extensão universitária; 1.3. Pesquisadores (fundadores, seniores, emergentes; apoio de agências de fomento); 1.4. Titulação (IES e país); 1.5. Vínculos institucionais; 1.6. Grupos de Pesquisa (cadastrados ou não no CNPq); 1.7. Associações científicas; 1.8. Congressos regionais, nacionais e internacionais; 1.9. Periódicos científicos.

2. Indicadores de cruzamento interinstitucional (GTs e NPs em Associações históricas). 3. Indicadores de transparência (apoios financeiros públicos e privados). 4. Indicadores de formação (número de titulados na Graduação, Especialização, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado). 5 Indicadores bibliográficos (livros e artigos em periódicos e anais). 6. Indicadores de produção cultural (obras/produtos). 7. Indicadores de interdisciplinaridade. 8. Indicadores de intercâmbios internacionais. 9. Indicadores de Estado (projetos de lei tramitados ou em tramitação na década; parcerias com órgãos federais e estaduais; projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento). 10. Indicadores de mercado / do campo corporativo (indústrias criativas, dimensão de audiência/consumo) 11. Indicadores de tendências profissionais e ocupacionais. 12. Indicadores de horizonte (metas e tendências institucionais e desafios ao respectivo campo na próxima década). Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 Estratégias metodológicas

Os procedimentos empíricos utilizados tiveram por base a pesquisa exploratória e descritiva ao

universo proposto, que posteriormente foi aprofundado para questões interpretativas,

estabelecendo uma correlação entre os aspectos quantitativos e qualitativos, possibilitando a

construção de indicadores que possam contribuir para o desenho do Panorama da Comunicação

no Brasil.

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Não se trata de um escopo fechado nas temáticas, entidades ou indicadores, mas representam o

critério de seleção para possibilitar o conhecimento sobre a produção nos múltiplos espaços da

área da Comunicação, que permite as incursões que se pretende empreender. O

desenvolvimento da pesquisa nesse intento possibilitará aferir indicadores capazes de desenhar

o cenário comunicativo na região. Outro fator de grande importância será a possibilidade de

verificação do fortalecimento do fenômeno da Comunicação a partir de perspectivas

interdisciplinares13.

A seguir as análises evidenciam o trabalho realizado, mostrando a diversidade, evolução,

distribuição da formação na área da comunicação no Brasil, traçando o panorama regional

brasileiro. Não tem a pretensão de esgotar o assunto e tão pouco de ter contemplado a vasta

produção nacional. Mas de possibilitar uma primeira incursão ao tema e estimular a continuidade

do trabalho por outros pesquisadores.

Parte I – Cenários Norteadores do Campo da Comunicação no Brasil

Indicadores da Formação de Pesquisadores no Brasil

A base Lattes14 (ou Plataforma Lattes) é um grande repositório de perfis de cientistas,

pesquisadores, professores e profissionais, de todas as áreas do conhecimento. Reflete a

necessidade de sociabilidade do conhecimento produzido no âmbito das instituições de ensino e

de pesquisa no País. É nesse espaço que a comunidade científica disponibiliza as atividades

realizadas não só nos programas de pós-graduação, mas seu perfil de formação, linhas de

atuação, participações em eventos, atividades acadêmico-científicas e profissionais, de um modo

13 O termo interdisciplinar significa uma relação de reciprocidade, de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema do conhecimento, ou seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária de ser humano. "A atitude interdisciplinar nos ajuda a viver o drama da incerteza e da insegurança. Possibilita-nos darmos um passo no processo de libertação do mito do porto seguro. Sabemos o quanto é doloroso descobrirmos os limites de nosso pensamento, mas é preciso que façamos". (JAPIASSÚ, 1976). É na intersubjetividade desse processo, que ocorre a interação e o diálogo, como únicas condições de possibilidade da interdisciplinaridade. 14 Em 15 de janeiro de 1951, pouco antes de o Presidente Gaspar Dutra passar a faixa presidencial a Getulio Vargas, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisas, regido pela Lei nº 1310. Destacando-se entre os maiores cientistas de seu tempo, César Lattes foi integrante ativo desse Conselho e, posteriormente, Patrono da Plataforma Curricular que leva seu nome como homenagem. (SILVA, 2004, p. 25).

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geral. É nesse ambiente que está a produção científica, bibliográfica, técnica e artística da

comunidade acadêmica nacional.

Trata-se de um grande mosaico de referência sobre aquilo que se está empreendo, nos mais

variados espaços acadêmicos e profissionais do País. Possibilita a análise da literatura

produzida pelos cientistas, o conhecimento sobre inovações, desenvolvimento de patentes, entre

outros, permitindo a mensuração da formação de recursos humanos especializados, além de

evidenciar quais atividades que estão sendo realizadas nas instituições de ensino, pesquisa e no

mercado profissional, pelos pesquisadores. É o que pode ser chamado de “Big Brother” da

comunidade científica.

Winter (1997, p. 115) afirma que a “produção científica é a forma pela qual a universidade ou

instituição de pesquisa se faz presente no saber-fazer-poder ciência; é a base para o

desenvolvimento e superação das dependências entre países e entre regiões de um mesmo

país”, evidenciando para a sociedade o compromisso social das instituições de ensino e

pesquisa. Neste sentido, a Base de Currículos Lattes traz um panorama dos rumos da ciência

no Brasil, uma vez que desde a iniciação científica professores e estudantes devem ter seus

currículos cadastrados na Plataforma.

Os dados disponibilizados na Plataforma Lattes possibilitam, de modo geral, a avaliação da

produção científica nacional, através de vários indicadores quantitativos. Esses dados permitiram

a compreensão sobre a dinâmica da produção científica nas várias áreas do conhecimento, bem

como evidenciam o mapa da formação de pesquisadores nas instituições de ensino e pesquisa

no Brasil. Também é no espaço da Plataforma Lattes que as agências de fomento, como a

Capes e o CNPq (nacionais), as estaduais e instituições internacionais “apóiam o

desenvolvimento de projetos e promovem a concessão de financiamentos individuais para a

pesquisa. Em todas essas instituições a produção científica destaca-se como um dos requisitos

mais importantes”. (SILVA, 2004, p. 34)

Por ser o escopo central da investigação o delineamento do Panorama da Comunicação no

Brasil, a Plataforma foi usada como fonte básica de mensuração, uma vez que neste espaço

estão disponibilizadas as atuais produções na área. O Lattes também fornece dados estatísticos,

tabelas e gráficos, separados por região, sexo, formação, tipo de atividade desenvolvida, além

do currículo individual do pesquisador. Esse espaço é chamado de Painel Lattes.

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Procedendo a análise da produção científica neste espaço há oito grandes áreas do

conhecimento. São elas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde; Ciências

Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística,

Letras e Artes. A Comunicação Social pertence grande área de Ciências Sociais Aplicadas

(CSA)15.

A Base de Currículos da Plataforma Lattes16, que têm por baldrame currículos atualizados nos

últimos 48 meses, apresenta dados de 04 de junho de 201017. Neste painel há 1.626.069

currículos cadastrados, nas diversas áreas do conhecimento, sendo 8% de doutores, 14% de

mestres, 18% de especialistas, 25% de graduados, 13% de outros e 23% não informado. O

número de currículos de estudantes perfaz a cifra de 654.962, sendo 9% doutorandos, 12%

mestrandos, 9% especialistas e 70% graduandos.

Analisando os dados da Evolução da Formação de Doutores e Mestres no Brasil, no período dos

anos de 2000 a 2009 (último ano disponível), há o panorama desenhado pela tabela:

Tabela 1

Evolução da Formação no Brasil na área da Comunicação Anos 2000 a 2009, por Sexo

Doutores Mestres

Feminino Masculino Total

Totais 443 392 835

2000 27 20 47

2001 22 24 46

2002 47 36 83

2003 45 40 85

2004 53 45 98

2005 49 48 97

2006 45 42 87

2007 65 44 109

2008 49 48 97

2009 41 45 86

Feminino Masculino Total

Totais 1181 875 2056

2000 43 43 86

2001 66 50 116

2002 78 70 148

2003 111 60 171

2004 102 83 185

2005 156 94 250

2006 132 103 235

2007 148 92 240

2008 142 115 257

2009 203 165 368 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

15 Juntamente com Comunicação, são definidos como profissões em CSA: Administração, Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Informação, Demografia, Desenho Industrial, Direito, Economia, Economia Doméstica, Museologia, Planejamento Urbano Regional, Serviço Social e Turismo. 16 A Base de dados de Currículos da Plataforma Lattes nos fornece dados qualificados e atualizados sobre a atuação de pesquisadores na área da Comunicação, permitindo análises da produção, dos setores econômicos, evolução de formação, geografia, instituições etc. O material pode ser acessado no endereço http://lattes.cnpq.br/painellattes/. Acesso em outubro de 2010. 17 A coleta de dados para a pesquisa foi realizada em outubro de 2010.

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O

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Não existe, para o caso da formação de doutores na área da Comunicação Social, uma grande

distinção em relação aos gêneros (masculino e feminino). Porém é possível observar que há

uma tendência de mudança para os próximos anos, uma vez que os dados evidenciam uma

formação de mais de 130% de mestres do sexo feminino (57% do total), se comparados com o

sexo masculino (43% do total).

É possível observar o crescimento anual no número de mestres e de doutores, indicando uma

ampliação dos titulados, em quase todos os anos. Nos últimos 10 anos a média anual de

formação foi de 83,5 doutores e 205,6 mestres (quase duas vezes e meia se comparado ao

número de doutores formados, no mesmo período), na área da Comunicação.

No mesmo período, de acordo com dados da Base de Currículos da Plataforma Lattes,

formaram-se 73.315 doutores e 182.907 mestres, nas 8 áreas do conhecimento, sendo 5.949

doutores e 22.153 mestres, em Ciências Sociais Aplicadas. Neste sentido, se comparados os

número de doutores e mestres na área da Comunicação com o total dessas nas oito áreas do

conhecimento18, a Comunicação representa 1,13% e 1,12%, respectivamente, sobre esse total.

Fazendo o mesmo cálculo com referência a área de Ciências Sociais Aplicadas, os valores

correspondem a 14% (doutores) e 9,3% (mestres).

É necessário relatar que em se tratando de profissão, a Comunicação fica atrás das carreiras de

Administração, Direito e de Economia, sendo essas as que apresentam o maior número de

doutores e mestres formados. Em 2009, por exemplo, formaram-se 10.807 doutores, sendo 806

em Ciências Sociais Aplicadas e destes, 86 (11%) em Comunicação, 185 (23%) em

Administração, 183 (23%) em Direito e 132 (16%) em Economia. Realizado uma análise da área

de conhecimento, as de maior representatividade, no mesmo período, são: 1.650 em Ciências

Humanas, 1.300 em Ciências da Saúde e 1.131 em Ciências Biológicas.

Com significativo valor, em uma análise mais geral, o número de cientista-pesquisador

anualmente formado ainda é insuficiente para atender a demanda do País, como foi observado

nas análises a seguir.

18 Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes. A Comunicação Social pertence grande área de Ciências Sociais Aplicadas (CSA)

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Distribuição desigual do ensino também na Pós-Graduação

O Brasil, país de dimensões continentais, tem como desafio prover suas cinco regiões de

pesquisadores, nas mais diversas áreas do conhecimento. Essa distribuição continua muito

desigual, como apontaram os levantamentos realizados. Detalhando as análises para os estados

pertencentes a cada uma dessas localidades, os dados são ainda mais alarmantes. Atualmente

(outubro de 2010) há 133.846 doutores e 232.767 mestres formados nas oito grandes áreas do

conhecimento definidas pelo CNPq e disponibilizadas na Plataforma Lattes. A Região Sudeste

concentra 69.134 doutores e 104.715 mestres, representando sobre o total 52% e 45%,

respectivamente. As outras cifras estão assim distribuídas: Centro-Oeste – 9,4% de doutores e

10,6% de mestres; Nordeste – 16% de doutores e 18% de mestres; Norte – 4% de doutores e

5,8% de mestres; Sul – 19% de doutores e 21% de mestres. A tabela a seguir demonstra os

números absolutos.

Tabela 2 Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil (Geral)

Anos 2000 a 2009, por Região Regiões Doutores Mestres

Totais 133846 232767

Centro-Oeste 12564 24571

Nordeste 21357 41776

Norte 5288 13553

Sudeste 69134 104715

Sul 25503 48152 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

Analisando o quadro geral das oito áreas e comparando as cinco regiões do Brasil, é possível

observar que as cifras são discrepantes. As regiões Norte e Centro-Oeste são as que mais

sofrem com a falta de doutores e mestres em seus quadros institucionais. Não obstante o

crescimento da quantidade de programas de mestrado e de doutorado em 20% nos últimos três

anos, conforme avaliação trienal (2007-2010) da Capes19, e que o maior desenvolvimento tenha

ocorrido na região Norte, com um incremento de 35% no triênio, sendo a mais representativa

dentre as regiões, ainda há muito por fazer. Nas outras regiões, o aumento foi de: Nordeste, com

31,3%; Centro-Oeste, com 29,8%; Sul, com 24,2% e o Sudeste, com 14,9%.

19 Pesquisa realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), disponível em http://trienal.capes.gov.br/?page_id=100. Acesso em novembro de 2010.

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Esses resultados reforçam que embora “(...) com o avanço da pós-graduação no Norte e no

Nordeste, é no Sudeste que está a maior parte dos cursos: 2.190, o que representa 53,4% do

total. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a razão para essa disparidade é

histórica e está ligada à organização econômica e científica do país”20. Muitos desses titulados

(graduados) acabam migrando para o Sudeste onde a oferta tanto de cursos de pós-graduação,

como de centros de pesquisa são maiores e, posteriormente a sua formação, são nesses locais

que encontram espaço para estabelecerem suas bases profissionais, não retornando, assim, aos

seus estados de origem após a formação.

Na avaliação realizada pela Capes em 2010 foram verificados 2.718 programas de pós-

graduação que correspondem a 4.099 cursos e desses 2.436 são mestrados, 1.420 doutorados

e 243 mestrados profissionais, em todas as áreas do conhecimento. Nos últimos três anos foram

mais de 140 mil titulados, divididos em 100 mil mestres, 32 mil doutores e 8 mil mestres

profissionais. Embora as cifras sejam significativas, o problema da distribuição desigual dos

titulados é fato. O desenvolvimento de um país e, por conseguinte a melhoria de seus

indicadores sociais pode ser aferida não só pela erradicação do analfabetismo total ou funcional,

mas pelo investimento que se faz em Ciência e em Tecnologia e os programas de pós-

graduação respondem por parte significativa desse desenvolvimento. Os números demonstram,

sem dúvida, que a pesquisa brasileira adquiriu maturidade, mas para uma projeção internacional

significativa é necessário o investimento continuado nos programas de pós-graduação para a

formação de recursos humanos, em diferentes áreas do conhecimento.

Outro elemento a ser considerado nas análises é que embora com avanços significativos, os

dados refletem as desigualdades educacionais no país, que começam na educação infantil. A

saída para dirimir essas diferenças é a universalização do ensino e a melhoria da qualidade, em

todos os níveis21. Não é possível avaliar a pós-graduação se não se levar em consideração o

que vem ocorrendo com a educação infantil, os ensinos fundamental, médio e superior.

20 Material disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saber/798580-numero-de-cursos-de-mestrado-e-doutorado-cresce-20-em-tres-anos-no-brasil.shtml. Acesso em novembro de 2010. 21 Para aprofundar as análises dessas questões podem ser consultadas diversas pesquisas realizadas por várias instituições, nos últimos anos, dentre as quais citamos o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação (MEC) e Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no

relatório 2010, aponta que os índices de repetência e de atraso escolar22 estão bem acima da

média mundial, sendo Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE) do país considerado médio,

embora reforce a importância de programas como o Bolsa Família, do Governo Federal para

reduzir esses números. O relatório mostra que 57 milhões de brasileiros de todas as idades -

cerca de 30% da população - estudavam em 2008, porém, somente 47% dos estudantes

acabaram o ensino médio até os 18 anos, e a maioria destes encerra a vida escolar nesse

momento.

Essa análise não é tão simples. Não basta verificar o Brasil que estuda em números absolutos,

mas outros indicadores, como a adequação da idade dos alunos para as séries escolares

correspondentes a faixa etária (idade-série)23, bem como a continuidade da formação para as

séries posteriores. Neste sentido, a pesquisa "Juventude e Políticas Sociais no Brasil", realizada

pelo IPEA24, demonstra que menos da metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos estava

cursando o ensino médio, etapa do ensino adequada para esta faixa etária25, e apenas 13% de

18 a 24 anos frequentavam o ensino superior em 2007. O documento demonstra que houve

avanços no acesso à educação, mas o problema está no atraso para concluir os estudos. Para

Jorge Abrahão, diretor de estudos e políticas sociais do IPEA, “(...) os jovens entendem a

educação como um caminho para melhorar a vida. Mas o jovem enfrenta no processo de

escolarização problemas de desigualdades de oportunidades"26.

Nesta direção, o relatório corrobora que a cor da pele, o nível de renda e o local de moradia

interferem nas oportunidades de acesso a escola. Segundo a pesquisa, a renda é fator

determinante para o ingresso do brasileiro à universidade: “a taxa de frequência daqueles que

têm renda mensal per capita de cinco salários mínimos ou mais (55%) é dez vezes maior do que

entre a população que ganha até meio salário mínimo (5%)"27. Esses dados revelam outro

22 Entende-se por atraso escolar o número de alunos que, embora estudando, estão fora da idade correta para a série que estão cursando. 23 Segundo dados “A distorção idade-série afeta três de cada quatro pessoas de 9 a 16 anos (75%) na zona rural. Na zona urbana, o percentual, de 56%, também é alto”. Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13012, acesso em novembro de 2010. 24 Pesquisa divulgada em janeiro de 2010. 25 O relatório aponta que em 2007, 82% dos jovens de 15 a 17 anos frequentavam a escola, mas apenas 48% estavam no ensino médio, ou seja, parte significativa estava fora da faixa etária corresponde à série escolar. 26 Fonte: Jornal O Tempo, disponível em http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1546&IdCanal=7&IdSubCanal=&IdNoticia=131841&IdTipoNoticia=1. acesso em novembro de 2010. 27 Fonte: Relatório Juventude e Políticas Sociais no Brasil, desenvolvido pelo IPEA. O estudo destaca que o Brasil ainda tem 1,5 milhão de jovens analfabetos (15 a 29 anos). O número de analfabetos “no país em patamares tão

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indicador. Há uma bifurcação entre os estudos e a necessidade de ingresso no mercado de

trabalho. Muitos jovens nem chegam à universidade; alguns abandonam a sala de aula sem

concluir o curso, ou ainda, em função da jornada de trabalho (horas de trabalho), o nível de

dedicação aos estudos é prejudicado. “No ensino superior, entre 1996 e 2007, a taxa de

frequência líquida cresceu 123%. Mas o percentual de jovens na faixa etária dos 18 aos 24 anos

que têm acesso à etapa ainda é apenas de 13% - muito abaixo da meta de 30% estipulada para

2011 no Plano Nacional de Educação (PNE)28.

Outro elemento preocupante é com referência a qualidade do ensino, em todos os níveis. Em

2010 um grupo de cientistas entregou para os presidenciais Dilma Rousseff (PT) e José Serra

(PSDB), durante o período eleitoral, um documento29 pedindo mais qualificação na pós, na

graduação e também no ensino médio. Além da Sociedade Brasileira para o Progresso da

Ciência (SBPC), outras entidades, como a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São

Paulo (FAPESP) compartilham a mesma preocupação. "Precisamos de professores mais

qualificados e mais valorizados", afirma o cientista Chaimovich30. O documento sugere um

aumento da participação da educação no Produto Interno Bruto (PIB) passando dos atuais 4%

atuais para 6% até o final do próximo mandato, em 2014. “Os especialistas querem também que

2% do PIB sejam despendidos em ciência no próximo mandato, quase o dobro do gasto atual” 31.

Um dos desafios que traz o documento é que nos próximos 10 anos possamos ter 150 mil

doutores formados, representando um aumento de quase 50% na quantidade média de doutores

titulados anualmente.

Corroborando os dados sobre a falta de qualidade no ensino nacional, a avaliação trienal

realizada pela Capes em 2010 mostrou que 2,7% (o que equivale a 75 cursos) do total dos

elevados está relacionada à baixa efetividade do ensino fundamental”. Comentários do Jornal O Tempo, disponível em http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1546&IdCanal=7&IdSubCanal=&IdNoticia=131841&IdTipoNoticia=1. Acesso em novembro de 2010. 28 Fonte: Relatório Juventude e Políticas Sociais no Brasil, desenvolvido pelo IPEA. “Em 2007, de acordo com o relatório, 57% dos brasileiros de 15 a 17 anos que residiam em áreas metropolitanas frequentavam o ensino médio, contra pouco menos de 31% no meio rural”. 29 RIGHETTI, Sabine. Documento reúne pedidos de cientistas ao presidente eleito. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/823504-documento-reune-pedidos-de-cientistas-ao-presidente-eleito.shtml. Acesso em novembro de 2010. 30 Bioquímico Hernan Chaimovich da ABC (Academia Brasileira de Ciências). 31 RIGHETTI, Sabine. Documento reúne pedidos de cientistas ao presidente eleito. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/823504-documento-reune-pedidos-de-cientistas-ao-presidente-eleito.shtml. Acesso em novembro de 2010.

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programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) devem ser encerrados por serem de baixa

qualidade32. Um deles é de comunicação33 (embora a lista não esteja oficialmente divulgada - as

instituições têm um período para recurso). Esses cursos obtiveram notas 1 ou 2, consideradas

insuficientes e que provocam o descredenciamento desses programas. Outros 32% receberam

nota 3, que significa desempenho regular, atendendo ao padrão mínimo de qualidade. Se

comparado com 2007, 10% ficaram com notas inferiores, 71% mantiveram o desempenho e 19%

melhoraram o resultado. São esses dados que orientam a distribuição de recursos pelas

agências de fomento. Mas é necessário registrar que houve um pequeno aumento dos cursos

com nota mais alta possível (7), que equivale ao padrão internacional, se comparada com a

avaliação anterior34.

É necessário relatar que o problema da qualidade da pós-graduação no Brasil está diretamente

relacionado com múltiplas questões que antecedem essa formação. As desigualdades de renda,

o número de universidades públicas em áreas de carência econômica, os investimentos, entre

outros fatores afetam diretamente o acesso da população a educação de qualidade. Mas esse

cenário está mudando.

O momento de expansão que atravessa toda a conjuntura econômica brasileira é muito

favorável. Vários setores são responsáveis por esse dinamismo, dentre eles: petróleo e gás,

energia elétrica, logística, construção habitacional, agronegócios e a emergente indústria de

conteúdos digitais. Mas esse fato traz outra preocupação. Até que ponto as instituições,

especialmente o ensino superior e a pós-graduação, estão preparadas para acompanhar esse

desenvolvimento e atender as múltiplas demandas desses setores?

32 Em linhas gerais a Capes avalia a proposta e a inserção social dos programas, a produção individual dos docentes e discentes, o desempenho de cada curso (como um todo) e a base de dados fornecidos à agência de fomento pelas instituições. Dos 75 programas reprovados, 9 receberam a nota mínima 1 e 66 a nota 2, na escala que varia de 1 a 7. Eles terão um mês para pedir a revisão dos conceitos. Depois disso, os programas que continuarem com as notas 1 e 2 não poderão matricular novos alunos - os atuais estudantes, porém, podem concluir o curso regularmente. Porém, é importante assinalar que “A avaliação trienal concedeu a nota máxima 7 a 112 (4,1%) programas de pós-graduação. Outros 186 (6,8%) receberam nota 6. Os dois conceitos máximos são dados apenas a programas que possuam cursos de mestrado e doutorado com desempenho de nível internacional. A nota 5 foi dada a 561 (20,6%) programas; a nota 4, a 914 (33,6%); e a nota 3, a 870 (32%)”. (A avaliação pode ser acessada pelo link http://trienal.capes.gov.br/?page_id=100). Fonte: Disponível em http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/4074-qualidade-dos-cursos-de-mestrado-e-doutorado-evolui-entre-2007-e-2010, acesso em novembro de 2010. 33 Há atualmente no site (www.compos.org.br) da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) 37 programas na área de Comunicação, incluindo os iniciados em 2009 e 2010. 34 No item do texto que trata da pós-graduação foi realizada análise da avaliação da Pós-Graduação em Comunicação, especificamente

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O alerta acende o botão vermelho do ensino, mostrando que embora com espaço para avançar,

é necessária uma revisão não só na qualidade, mas nos conteúdos, na forma de organização e

disponibilização dos cursos. Sem dúvida que “(...) manter as instituições de ensino superior

atualizadas com as mudanças socioeconômicas do país é uma difícil tarefa. São vários os

modelos para atingir essa condição”, e nesta direção alguns especialistas alertam que é

fundamental o investimento na criação de programas de pós-graduação, na qualificação do

corpo docente, além de firmar parcerias entre os centros de pesquisa e as empresas, entre

outros35; sendo o último um grande desafio, especialmente para a área da Comunicação.

Com referência a avaliação, além da Trienal da Capes para os programas de pós-graduação,

diversas ações vem sendo empreendidas, nos mais variados níveis de ensino. O Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), em vigor desde 2004, coordenado e

supervisionado pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e

operacionalizado pelo Instituto do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (Inep), é um desses exemplos. O Sinaes sopesa as instituições, os cursos e o

desempenho dos estudantes (Enade), verificando aspectos que “giram em torno desses três

eixos: o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a

gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e vários outros aspectos”, conforme

descrição no site da instituição.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que objetiva avaliar o desempenho do estudante ao

fim da escolaridade básica, foi criado em 1998. Também a Educação Básica é analisada pelo

Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que verifica o desempenho de estudantes de

4ª a 8ª série (5º a 9º) de escolas públicas e de forma amostral da rede privada. Outro

investimento que merece destaque é o Programa Universidade para Todos (ProUni), do Governo

Federal, que vem permitindo a acesso de milhares de estudantes a universidade36.

35 Udo Simons. Um desafio do tamanho do Brasil. Disponível em http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12676, acesso em novembro de 2010. 36 O Programa Universidade para Todos (ProUni) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. Criado pelo Governo Federal em 2004. O programa já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2010, 748 mil estudantes, sendo 70% com bolsas integrais. Desde 2007, o ProUni - e sua articulação com o FIES - é uma das ações integrantes do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. Assim, o Programa Universidade para Todos, somado ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a Universidade Aberta do Brasil e a expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica ampliam significativamente o número de vagas na educação superior, contribuindo para o cumprimento de uma das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê a oferta de educação superior até 2011 para, pelo menos, 30% dos jovens de 18 a 24 anos. Fonte dos dados: http://www.inep.gov.br/ e

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Sem dúvida que “o Brasil está avançando na área da educação”, mas como afirma Jorge

Abrahão37, do IPEA, “(...) apesar da ampliação do acesso à escola e do aumento de

financiamento no setor, as desigualdades regionais entre as diferentes populações permanecem

no país”. Para ele outra disparidade é que “(...) os 20% mais ricos já têm 10 anos de estudo,

enquanto metade da população brasileira tem cerca de cinco a seis anos de estudo”. Para o

pesquisador o analfabetismo38 ainda é o grande problema que assola o país.

Esse problema está concentrado entre os mais pobres. Há também grandes diferenças regionais

com referência ao analfabetismo. A média nacional é de 10%, de acordo com a última Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). No entanto, a taxa de analfabetos no Nordeste é

quase o dobro do índice do país (19,4%). Na região Sul, a porcentagem é de 5,5%.

Além da superação do analfabetismo, especialistas apontam que a desigualdade entre os níveis

de ensino, provocada pelo acesso da população a escola é muito grande. Há mais alunos do

ensino Médio fora da escola (48%), do que no Ensino Fundamental (2%). É necessário buscar a

equidade. Outra dificuldade está relacionado a defasagem série-idade e neste sentido a seta

aponta na direção da evasão, da reprovação e do não aprendizado.

No nível superior, as desigualdades são ainda mais cruéis. “O sistema educacional brasileiro é

perverso. Quem tem menos deve pagar uma universidade, enquanto os mais ricos têm acesso

http://prouniportal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=124&Itemid=140, acesso em novembro de 2010. 37 Jorge Abrahão resume um dos pontos discutidos durante o seminário “PDE – resultados e desafios”, promovido nos dias 14 e 15 de setembro, em São Paulo, pela Ação Educativa. Disponível em: http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/promover-a-equidade-e-um-dos-desafios-do-pde/, acesso em novembro de 2010. 38 Outro problema fundamental no País é o analfabetismo funcional (pessoas que sabem ler, escrever, contar e ocupam cargos administrativos nas empresas, mas não conseguem compreender a palavra escrita de forma adequada). “No Brasil, o índice é medido entre as pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal. O conceito, porém, varia de acordo com o país . Na Polônia e no Canadá, por exemplo, é considerado analfabeto funcional a pessoa que possui menos de 8 anos de escolaridade. Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de 1/3 dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso e às novas tecnologias que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. De acordo com esta declaração, o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados e em desenvolvimento. No Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita. Apenas 1 entre 4 brasileiros consegue ler, escrever e utilizar essas habilidades para continuar aprendendo”. Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=700, acesso novembro de 2010.

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ao ensino público. (...) além das políticas de acesso, o Estado precisa promover políticas de

assistência estudantil para a permanência e sucesso dos jovens na graduação”39.

Esse breve panorama demonstra que na educação-formação há muito por ser realizado, em

todos os níveis. A educação nacional, desde o ciclo básico, precisa entrar como prioridade na

agenda nacional. Esse agendamento urgente deve indicar investimentos não só na ampliação de

unidades (prédios), mas na qualidade dos currículos, na formação e na reciclagem de

professores, no investimento real, possibilitando o acesso das classes menos favorecidas da

população a uma educação de qualidade, entre outras demandas urgentes e necessárias. A

chamada “nova classe média” precisa não só da ampliação do consumo de bens e serviços

como tem sido bradado, mas e, principalmente, de acesso a uma educação de qualidade.

Mas nesse cenário pouco alentador, como está localizada a área da Comunicação? Quais seus

desafios? O que se tem produzido? Algumas respostas podem ser encontradas nas análises

abaixo. Outras tantas, ainda precisam de políticas claras, não só com referência aos setores

midiáticos produtivos, a geração de conteúdos, a qualidade e ao uso das tecnologias, mas e

principalmente com a definição daquilo que se deve empreender para que possamos, de fato,

democratizar não só a comunicação, mas o acesso a informação.

Geografias da Comunicação no Brasil

Evidenciado o cenário nacional, nas várias áreas do conhecimento e nos múltiplos níveis de

ensino, os reflexos disso também são sentidos no campo da Comunicação. As Regiões Norte e

Centro-Oeste são as que mais sofrem. Se comparados com a Região Sudeste, por exemplo, o

Norte tem 7% do número de doutores e 10% de mestres, enquanto o Centro-Oeste tem 16% de

doutores e 23% de mestres. Os resultados evidenciam as desigualdades também neste campo

de estudos. A tabela abaixo mostra os percentuais de todas as regiões quando comparados com

os totais da área de Comunicação.

39 Naomar Monteiro de Almeida é Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fonte: http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/promover-a-equidade-e-um-dos-desafios-do-pde/, acesso em novembro de 2010.

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Tabela 3

Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil, em Comunicação Anos 2000 a 2009, por Região

Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

Observa-se que há um aparente equilíbrio entre o número de doutores e mestres, em cada

região, na área da Comunicação, se comparados com o total geral. Ou seja, a quantidade de

mestres e doutores está “aparentemente” quase equilibrada. As variações que não passam de

4%, como no caso da Região Sudeste, onde percentual de doutores é de 51%, se comparado ao

total das Regiões e o de mestres está em torno de 47%.

Já as disparidades entre o Sudeste e as outras Regiões do País são muito acentuadas.

Enquanto o Norte tem 3,4% de doutores e 5% de mestres e o Centro-Oeste com 8,2% de

doutores e 11% de mestres, o Sudeste entra na representação com 51% de doutores e 47% dos

mestres. Mesmo se comparado com a Região Sul, a segunda classificada em número de titulado

(20,4% de doutores e 20% de mestres), a diferença entre as duas passa de 30%. Nem tudo está

perdido. Embora não tendo fontes de comparação com a década anterior, mas revisando a

literatura existe pode-se afirmar que o Norte e Nordeste, ainda de forma lenta, estão dando

passos largos em direção da diminuição dessas desigualdades. “(...) 60% dessa melhoria é

devida à mudança nas condições de vida e à distribuição geográfica das famílias, decorrente da

urbanização e da transição demográfica, devendo-se os 40% restantes às melhorias efetivas no

desempenho do sistema educacional”40.

Com referência aos Estados onde os pesquisadores atuam, nas cinco Regiões do País, é

possível avaliar os estados mais representativos em cada região. A tabela seguinte mostra a

distribuição desses dados. 40 Fonte: Carlos Hasenbalg. O artigo é um dos produtos de pesquisa desenvolvida no âmbito do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade (NIED-PRONEX) e contou com recursos da bolsa "Cientistas do Nosso Estado", concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52582000000300001&script=sci_arttext, Nov de 2010.

Regiões Doutores Mestres

Totais 1410 % 3779 %

Centro-Oeste 116 8,2 409 11

Nordeste 236 17 657 17

Norte 48 3,4 185 5

Sudeste 721 51 1774 47

Sul 289 20,4 754 20

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Tabela 4

Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil,em Comunicação anos 2000 a 2009, por Região e Estado

Regiões/Estados Doutores Mestres

Total Centro-Oeste 116 409

Distrito Federal 71 219

Goias 20 79

Mato Grosso 8 64

Mato Grosso do Sul 17 47

Total Nordeste 236 657

Alagoas 17 31

Bahia 74 154

Ceará 19 108

Maranhão 12 41

Paraiba 34 81

Pernambuco 37 143

Piauí 7 23

R. G. do Norte 27 54

Sergipe 9 22

Total Norte 48 178

Acre 0 8

Amapá 0 10

Amazonas 12 58

Pará 24 58

Rondônia 10 15

Roraima 0 14

Tocantins 2 15

Total Sudeste 721 1.774

Espírito Santo 20 43

Minas Gerais 125 383

Rio de Janeiro 189 397

São Paulo 387 951

Total Sul 289 754

Paraná 82 243

R. G. do Sul 162 340

Santa Catarina 45 171 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

Apurando a análise para os estados, na Região Centro-Oeste o Distrito Federal é o que conta

com maior representatividade. Com 71 doutores e 219 mestres, representa 61% e 53% da

Região, em contra partida, Mato Grosso tem o menor número de doutores (apenas oito),

representando 7% da Região e Mato Grosso do Sul, o menor número de mestres da Região

(47), com 11%.

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No Nordeste, a Bahia é o que tem maior número de titulados41. Representa sobre os totais do

Nordeste 31% de doutores e 23% de mestres. O Piauí é o Estado que aparece com a menor

representação no número de doutores, apenas 3% (7). Sergipe tem o menor número de mestres

(22), representado apenas 3% da Região.

Na Região Norte os dados são ainda mais alarmantes. Nos Estados do Acre, Amapá e Roraima

não há nenhum doutor (de acordo com a Plataforma Lattes) e Tocantins, apenas dois,

representando 4% da distribuição. O Pará se apresenta com o maior número (24) de doutores,

se destacando com 50% da Região. Quanto ao número de mestres, Amazonas e Pará

apresentam o mesmo número (58), representando os Estados da Região onde há o maior

número de mestre (32,5%). Já o Estado do Acre tem a menor representação, 4%, com apenas

oito mestres.

No Sudeste o destaque fica para São Paulo que concentra 387 doutores (54% da Região) e 951

mestres (54% da Região). O Espírito Santo é o de menor representatividade, tanto em número

de doutores (20, equivalendo a 3%), quando no de mestres (43, representando 2,4%). O número

de doutores em Minas Gerais (125) e Rio de Janeiro (189) apresentam significativa diferença,

porém com referência a quantidade de mestres, estes praticamente se equivalem (383 em Minas

Gerais e 397 no Rio de Janeiro).

Na Região Sul, Rio Grande do Sul, com 162 doutores, representa 56% (maior concentração),

enquanto Santa Catarina tem 45, equivalendo a 16% (menor concentração). Para os mestres,

Rio Grande do Sul também tem a maior representatividade, com 340 (45% da Região) e Santa

Catarina, também tem o menor número de mestre (171), representando 23% da Região. O

Paraná tem 28% do número de doutores da Região e 32% de mestres. Mesmo com as cifras

menores da Região, o Estado de Santa Catarina concentra mais doutores que a grande maioria

de cada um dos Estados das Regiões Centro-oeste (exceção para o Distrito Federal), Norte e

Nordeste (exceção para o Estado da Bahia). Para o número de mestres, a representatividade

somente é menor se comparado os números absolutos do Distrito Federal. Se avaliar os

números absolutos, a Região Sudeste concentra mais doutores (721) que a soma das outras

quatro regiões (689).

41 Alguns analistas argumentam que tal fato se deve, entre outros, pela interiorização da educação superior no Estado, que ocorre desde os anos1990, chegando a atualidade, recebendo forte estímulo do governo estadual, além da ampliação do setor privado, na diversificação das unidades de ensino e dos cursos.

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É importante reforçar que essas análises não levaram em conta a dimensão geográfica, o

número de unidades de ensino e pesquisa e a população e o número de estudante das Regiões.

Se esses indicadores forem acoplados às análises, as diferenças seriam ainda mais

representativas. Outro dado que vale considerar é que também o desenvolvimento econômico

não entrou nas métricas de análise. Neste caso, algumas dessas disparidades poderiam ser

melhores explicadas.

Se os números apresentados não são suficientes para atender a demanda do ensino e da

pesquisa nas regiões, isso é mais agravado quando se verifica que parte significativa dos

titulados estão em áreas administrativas e técnicas. Essas “outras atividades” denotam, muitas

vezes, que o pesquisador está fora da sala de aula ou realizando uma dupla jornada nas

instituições (em muitos casos). As tabelas a seguir mostram o panorama geral (contemplando as

oito áreas), em Ciências Sociais Aplicadas (CSA) e na Comunicação (Com.). As tabelas abaixo

mostram os números absolutos para doutores e mestres.

Tabela 5 Distribuição de Doutores no Brasil,

Geral, CSA e Comunicação - Anos 2000 a 2009, por Região Dados Gerais Tot.Geral CSA Com.

TOTAIS 133.846 12.370 1.410Centro-Oeste 12.564 1.153 116

Nordeste 21.357 1.852 236Norte 5.288 402 48

Sudeste 69.134 6.397 721Sul 25.503 2.566 289

ATV ADM, Técnicas e Outras - - -TOTAIS 52.003 4.825 514

Centro-Oeste 5.643 589 53Nordeste 8.567 727 84

Norte 2.535 209 26Sudeste 25.784 2.414 255

Sul 9.474 886 96ATV de Pesquisa e Ensino - - -

TOTAIS 81.853 7.545 896Centro-Oeste 6.921 564 63

Nordeste 12.790 1.125 152Norte 2.753 193 22

Sudeste 43.360 3.983 466Sul 16.029 1.680 193

Legenda: CSA – Ciências Sociais Aplicadas; COM. – Comunicação ATV ADM (Atividades Administrativas). Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

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Tabela 6 Distribuição de Mestres no Brasil,

Geral, CSA e Comunicação - Anos 2000 a 2009, por Região Dados Gerais Tot.Geral CSA Com.

TOTAIS 232.767 36.223 3.772Centro-Oeste 24.571 4.042 409

Nordeste 41.776 6.239 657Norte 13.553 1.801 178

Sudeste 104.715 15.999 1.774Sul 48.152 8.142 754

ATV ADM, Técnicas e Outras - - -TOTAIS 174.789 26.032 2.689

Centro-Oeste 19.481 3.177 328Nordeste 30.990 4.460 486

Norte 10.370 1.398 129Sudeste 79.969 11.807 1.263

Sul 33.979 5.190 483ATV de Pesquisa e Ensino - - -

TOTAIS 57.978 10.191 1.083Centro-Oeste 5.090 865 81

Nordeste 10.786 1.779 171Norte 3.183 403 49

Sudeste 24.746 4.192 511Sul 14.173 2.952 271

Legenda: CSA – Ciências Sociais Aplicadas; COM. – Comunicação Fonte: Dados dos autores42, outubro de 2010

Comparando os números gerais de formação, em todas as oito áreas do conhecimento, temos

39% dos doutores e 75% dos mestres em atividades administrativas e técnicas. Em

contrapartida, 61% dos doutores e 25% dos mestres estão em atividades de pesquisa e ensino.

Na área da Comunicação, 36% (514) dos doutores estão em atividades administrativas e

técnicas e 64% (896) em atividades de pesquisa e ensino. Por outro lado, os mestres, 71%

(2689) estão em atividades administrativas e técnicas e apenas 29% (1083) em atividades de

ensino e pesquisa. As mesmas características são observadas nas oito áreas do conhecimento

utilizadas pelo CNPq e na área específica de Ciências Sociais Aplicadas, onde se enquadra a

Comunicação.

Um dado chama a atenção. Se levado em consideração os 896 doutores em atividades de

pesquisa e ensino da comunicação, 52% (466) estão na Região Sudeste, 22% (193) no Sul; 17%

(152) no Nordeste; 7% (63) no Centro-Oeste e apenas 2% (22) no Norte do país. O mesmo

acontece com o número de mestres. Dos 1.083 mestres em atividades de pesquisa e ensino,

47% (511) estão na Região Sudeste; 25% (271) no Sul; 16% (171) no Nordeste; 7% (81) no

Centro-oeste e apenas 5% (49) na Região Norte.

42 ATV = Atividade. São caracterizados como atividades técnicas e administrativas os docentes que exercem cargos administrativos e/ou nas instituições, como: coordenadores, chefes de departamento, encarregados de laboratórios, etc.

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Isso reforça, mais uma vez, a necessidade de políticas públicas para os programas de pós-

graduação, oferecendo condições ensino e de pesquisa em todas as regiões do País. É

necessário estimular, com a criação de centros de pesquisa, concessão de bolsas de fomento

para a pesquisa e com a ampliação de programas de pós-graduação, que pesquisadores depois

de formados em regiões mais desenvolvidas e com melhores acessos, retornem aos seus

estados sedes. Não foi objeto desta pesquisa a comparação entre o Estado de origem e a

localidade onde o pesquisador está exercendo suas atividades profissionais, mas a literatura a

respeito dá conta de um significativo êxodo.

Ao buscarem programas de pós-graduação para a continuidade de seus estudos os estudantes

vislumbram regiões onde as oportunidades são maiores, onde há mais pesquisadores e chances

de ascensão profissional, e terminam por se deslocar para esses centros. Fazem o mestrado e

doutorado e acabam por conseguir espaços para o desenvolvimento de suas pesquisas, muitas

vezes com bolsas de fomento e oportunidades de trabalho em universidades e centros de

pesquisa de referência; fazendo com que, mesmo depois de concluída a pós-graduação os

jovens cientistas permaneçam nessas regiões. É necessário o direcionamento de políticas

públicas capazes de estimular o retorno desses cientistas aos seus locais de origem, oferecendo

oportunidades iguais para o desenvolvimento de pesquisa, nas várias Regiões do País.

Gênero e Juventude na Ciência da Comunicação

Muito se comenta sobre a ascensão da mulher no mercado profissional. Este papel sempre foi

dicotômico - ora era vista como a sedutora Lilith ora como a maternal Maria. No século XX os

primeiros passos para a entrada feminina no mercado profissional ganharam força com mulheres

como Chiquinha Gonzaga, Gertrude Stein, Isadora Duncan, Wirginia Wolf que adentraram ao

universo masculino. Embora com notáveis diferenças, especialmente salariais, tempo de jornada

de trabalho diária e outros hoje, no Brasil, pode-se observar alguns avanços43.

43 “Atualmente, as mulheres representam cerca de 40% da força de trabalho em toda a América Latina. Somente nos países do Cone Sul (Argentina, Brasil e Uruguai), os níveis de participação feminina ficam entre 50% e 60%. (...) A taxa de desemprego urbano na América Latina entre os homens passou de 5,4% em 2007 para 7,6% em 2009, enquanto entre as mulheres esse aumento foi de 7,5% para 8,6% no mesmo período. (...)Por outro lado, apesar de em 2009 as mulheres terem conseguido mais postos de trabalho, isso ocorreu em categorias mais vulneráveis. Em 2009, a informalidade na América Latina continuava sendo muito mais elevada para as mulheres (57,1%) que para os homens (51%). A tudo isso se somam as disparidades de renda por sexo. Em média, as mulheres latino-

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Trazendo as análises para o campo da formação científica, envolvida com a idéia do papel

desempenhado pela mulher em um mercado eminentemente masculino, como é considerada a

função de pesquisador-cientista, os dados abaixo demonstram que, pelo menos no que tange a

área da pesquisa científica, essas diferenças estão superadas. Os números abaixo evidenciam

esses dados.

Há no geral, 133.818 currículos de doutores e 232.752 mestres cadastrados na Plataforma

Lattes, sendo 61.418 do sexo masculino (M), equivalendo a 46% do total e 72.400 do sexo

feminino (F), representando 54% para o caso dos doutores. As mestras são em número de

124.913 (54%) e o mestres, 107.739 (46%). Na área da Comunicação o cenário também não é

diferente. São 1.410 doutores, sendo 722 mulheres (51%) e 688 homens (49%) e 3.769

mestres44, com 2.210 mulheres (59%) e 1.559 homens, representando 41%.

Na análise geral, por tipo de atividade desenvolvida, nas oito áreas definidas na Plataforma

Lattes, no ensino e pesquisa há uma pequena diferença, sendo os doutores homens em maior

número, com 44.990, equivalendo a 55% e as 36.850 doutoras, representam 45%, se

comparados com os 81.840 doutores que estão neste tipo de atividade. Na área administrativa e

técnica, com o total de 51.978 doutores, 47% (24.568) são mulheres e 53% (27.410), são do

sexo masculino. Com referência ao número de mestres, há uma inversão. São 57.968 em

atividades de ensino e pesquisa e desses, 30.805 (53%) são do sexo feminino e 27.163 (47%)

são do sexo masculino. Para as atividades técnicas e administrativas, são 174.684 mestres, com

94.108 (54%) de mulheres e 80.576 (46%) de homens.

A idade, até bem pouco tempo atrás, se desenhava como um obstáculo para alcançar patamares

altos nos postos de comando, tanto nas empresas e como nas universidades. O que se percebe

na atualidade é que cada vez mais cedo, os egressos dos cursos de graduação ingressam na

pós-graduação. Talvez isso possa ser explicado pela possibilidade de uma ascensão profissional

mais rápida, garantindo, muitas vezes, um melhor salário, com uma ampla gama de

americanas recebem 70% do que os homens ganham”. Fonte: Efe, em Santiago do Chile, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u730631.shtml, acesso em novembro de 2010. 44 É necessário observar que nesse quesito (sexo), a Plataforma Lattes informa que o número total de mestres, na área da Comunicação é de 3.769, com uma diferença a menor de três, se comparado o número de mestres por Região, que é de 3.772. Essa diferença se deve ao fato do pesquisador não ter informado o sexo na Plataforma, quando do cadastro de seu currículo, por isso foi mantido, para efeitos das análises, os números informados na Plataforma, ou seja, 3.769 mestres para as análises sobre o sexo e faixa etária (uma vez que esses dados estão em uma mesma tabela e não é possível separar) e 3.772 para as outras análises.

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oportunidades no mercado de trabalho, além de muitas empresas do mercado comunicacional

exigirem formação de pós-graduado para os seus quadros funcionais. As tabelas abaixo

evidenciam a formação por faixa etária, separadas por mestres e doutores.

Tabela 7 Distribuição de Mestres no Brasil, Anos 2000 a 2009, por faixa etária

Faixa etária 19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65+ Total

Total 1 34 601 979 896 785 727 534 333 182 107 -

Doutores 0 0 4 95 187 246 263 218 193 115 89 1.410

Mestres 1 34 597 884 709 539 464 316 140 67 18 3.769 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 É possível observar que grande parte da concentração de doutores, na área da Comunicação é

jovem. A grande centralização está na faixa etária entre dos 40 anos até os 54 anos,

correspondendo a 52% (727) doutores. Por outro lado há doutores bem jovens, entre 25 e 29,

correspondendo a 0,3% (4) do total. Com 65 anos ou mais, há 89, representando 6% do total de

doutores.

Para os mestres há uma boa proporção nas camadas mais jovens, dos 30 aos 44 anos,

correspondendo a 57% (2.132) do total. Mas há um mestre com 19 anos, e boa

representatividade na faixa de 25-29, com 16% (597) sobre o total de 3.769 mestres. Apenas 18

(0,5%) estão com 65 anos ou mais.

Isso demonstra que a Comunicação é uma área jovem e talvez isso explique a pequena inserção

internacional, onde os grandes indicadores estão no número de artigos publicados em periódicos

científicos. A validade das pesquisas realizadas na pós-graduação ocorre, também, pela

divulgação dos resultados dos trabalhos. Embora seja necessário registrar que em países em

desenvolvimento, como é o caso do Brasil, há graves barreiras de distribuição e disseminação, o

que limita o acesso e o uso da informação científica gerada localmente.

Instituição de Vínculo e Área de Atuação

A Plataforma Lattes disponibiliza também os setores econômicos, onde estão concentrados os

mestres e doutores. Não é possível comparar com os dados anteriores, uma vez que há diversas

mudanças ao longo dos anos e os números totais não são os mesmos para oferecer uma fonte

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de comparação confiável. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que muitos profissionais não

estão em nenhuma dessas atividades, ou mesmo que muito pesquisadores (conforme

observado) informam a universidade onde estão realizando os estudos e não necessariamente a

instituição de origem. Os dados evidenciam um panorama geral de onde os pesquisadores e

cientistas estão desenvolvendo suas atividades.

Tabela 8 Distribuição por Setor Econômico e Área da Comunicação

Anos 2000 a 2009, por Doutores e Mestres Atividade Doutores Mestres Totais

Totais 1.081 1.951 3.031

Ensino Superior Público 658 555 1.213

Ensino superior Privado 386 1.138 1.524

Exterior 11 11 22

Setor Empresarial Privado 3 22 25

Setor Empresarial Público 7 34 41

Setor Governamental Público 14 116 130

Setor Privado sem fins lucrativos 1 30 31

Não Informada 0 0 0

Outros 1 45 46 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 A grande concentração de doutores na área da Comunicação está no Ensino Superior Público,

representando 61% (658). Por outro lado, os mestres, 58% (1.138) estão no Ensino Superior

Privado. Essa diferença pode ser explicada, pois grande parte dos concursos para o Ensino

Superior Público exige, no mínimo, o título de doutor. Também mostra que as universidades

privadas contratam mais mestres que doutores.

No Ensino Superior Privado o número de doutores da área é bem menor, representando sobre o

total, 36% (386). O mesmo ocorre com relação aos mestres, que no Ensino Superior Público

representam 28% (555), do total.

É interessante observar que no Setor Governamental Público, há uma concentração maior de

mestres (116, representando 6% do total), do que de doutores 1% (14), na área da

Comunicação.

Outro dado importante é com referência ao Setor Empresarial Público ou Privado, onde o

número de titulados, tanto de doutores, quanto de mestres é muito pequeno, representando os

dois juntos, sobre o total apenas 2% (66). Isso demonstra que grande parte dos titulados não

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estão em atividades do setor empresarial, mas desenvolvem suas atividades no ensino superior.

Essa falta de aproximação entre a formação e o mercado profissional tem sido pelo menos na

área da Comunicação, o “calcanhar de Aquiles”. Um dos desafios, especialmente dos mestrados

profissionais, é a inserção dos egressos no mercado de trabalho.

Quando se avalia os dados das instituições no Ensino Superior Público, as três que abrigam a

maior quantidade de doutores na área da Comunicação são: Universidade de São Paulo (USP),

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de Brasília (UnB). No Ensino

Superior Privado, são: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos

(UNISINOS).

Os mestres estão distribuídos nas instituições de Ensino Superior Público: Universidade Federal

do Ceará (UFC), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade do Rio Grande do

Sul (UFGRS), entre outras. No Privado, estão: Universidade Paulista (UNIP), Universidade

Estácio de Sá, Universidade Anhembi-Morumbi e Universidade Presbiteriana Mackenzie etc.

A instituição que abriga mestres e doutores no setor Exterior é o Instituto Interamericano de

Cooperação para a Agricultura (IICA). Com referência aos Setores Empresarial Público e

Privado, vários são os espaços que recebem tanto doutores quanto mestres. Dentre as

empresas e instituições citamos: Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa),

Banco do Brasil, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Petróleo Brasileiro (Petrobras),

Editora Abril, Empresa Folha da Manhã, Companhia Vale do Rio Doce, Natura Inovação e

Tecnologia de Produtos, entre outras.

Grupos de Pesquisa em Comunicação

É possível afirmar que este é um período onde a necessidade de definir formas de produção de

conhecimento está em ascensão. As instituições de ensino superior público e privado buscam

diversificar as formas de avaliação da produtividade de seu corpo docente, pois construir

conhecimento de forma isolada já não integra as atividades de grande parte dos pesquisadores

que estão nos espaços da pós-graduação. As agências de fomento e as próprias universidades

estimulam a prática do diálogo entre as áreas, da produção conjunta e dos espaços de

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atividades que possam reunir não somente doutores, mas mestres e estudantes dos vários

níveis (doutorandos, mestrandos e graduandos), além de técnicos e outros agentes.

Um grupo de pesquisa pode ser definido como “um conjunto de indivíduos organizados em torno

de um ou mais objetos de estudo”, geralmente sob a liderança de um pesquisador, com titulação

preferencialmente de doutor e pela existência de mais estudantes de graduação, pós-graduação

e técnicos de nível superior. Para que as atividades sejam desenvolvidas é preciso que ocorra o

envolvimento profissional e permanente com atividade de pesquisa e que o trabalho seja

organizado em torno de linhas comuns de pesquisa.

Desenvolvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), em

1992, as informações constantes nesse espaço “(...) dizem respeito aos recursos humanos

constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), às linhas de pesquisa em

andamento, às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação envolvidos, à

produção científica e tecnológica e aos padrões de interação com o setor produtivo. Além disso,

cada grupo é situado no espaço (região, UF e instituição) e no tempo”45. O CNPq realiza censos

bi-anuais na base de dados. Normalmente localizados em universidades, institutos de pesquisa e

em outros espaços, como laboratórios, não incluindo em suas estatísticas os grupos “localizados

nas empresas do setor produtivo”. Talvez esse seja um desafio para as instituições de fomento.

Criar uma base de dados que possa acompanhar o desenvolvimento dessa formação e que seja

compatível (interoperável) com outras existentes no país.

Os grupos atendem a três finalidades principais, definidas pelo CNPq,

No que se refere à sua utilização pela comunidade científica e tecnológica no dia-a-dia do exercício profissional, é um eficiente instrumento para o intercâmbio e a troca de informações. Com precisão e rapidez, é capaz de responder quem é quem, onde se encontra, o que está fazendo e o que produziu recentemente. Seja no nível das instituições, seja no das sociedades científicas ou, ainda, no das várias instâncias de organização político-administrativa do país, a base de dados do Diretório é uma fonte inesgotável de informação. Além daquelas informações diretamente disponíveis sobre os grupos, seu caráter censitário convida ao aprofundamento do conhecimento por meio das inúmeras possibilidades de estudos de tipo survey. A construção de amostras permitirá o alcance de respostas sobre campos não cobertos pelos dados, como, por exemplo, o financiamento, a avaliação qualitativa da produção

45 Disponível em http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm, acesso em novembro de 2010.

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científica e tecnológica, bem como o padrão fino das interações entre grupos de pesquisa e o setor produtivo. Desta forma, é uma poderosa ferramenta para o planejamento e a gestão das atividades de ciência e tecnologia. Finalmente, as bases de dados, na medida em que é recorrente (realização de censos), têm cada vez mais um importante papel na preservação da memória da atividade científico-tecnológica no Brasil.

O último censo realizado pelo CNPq46, a respeito dos cadastros em seu Diretório de Grupos de

Pesquisa, é datado de 200847. Esse levantamento aponta que, no país, até aquela ocasião,

havia 366 grupos48 cuja área predominante é a Comunicação, a qual está subordinada à grande

área de Ciências Sociais Aplicadas. O mesmo levantamento indica que esses núcleos

comportam 897 linhas de pesquisa, contando com a participação de 2.265 pesquisadores.

Se for levado em consideração o território de atuação desses centros de produção de

conhecimento, observa-se que eles estão assim distribuídos: 10 grupos no Norte; 66 no

Nordeste; 19 no Centro-Oeste; 180 no Sudeste; e 91 no Sul. Esse mapa, portanto, não está

destoante do esboço dos pesquisadores mestres e doutores, que estão, em sua grande maioria,

também nas regiões Sudeste e Sul, conforme apontou o próprio CNPq, em outubro de 2010.

Uma análise mais detalhada desse cenário pode ser feita levando-se em conta os Estados aos

quais os grupos estão ligados. Com relação a esse aspecto, aparecem os seguintes números:

46 Os dados aqui apresentados foram extraídos das estatísticas do próprio CNPq, disponíveis no endereço http://dgp.cnpq.br/buscagrupo/, acesso em novembro de 2010. 47 É necessário mencionar que está sendo realizado um novo censo, em 2010, cujos dados ainda não estavam disponíveis quando do desenvolvimento dessa pesquisa. 48 Embora se a buscar for pela palavra-chave “comunicação” um número muito mais expressivo aparece nos resultados, mas neste caso a “comunicação” entra apenas como suporte e não como linha primordial de pesquisa, por isso a opção por depurar a seleção e focalizar os grupos de comunicação especificamente.

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Tabela 9

Divisão de grupos de pesquisa em Comunicação por Estado de origem - 2010

Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 O Estado de São Paulo tem a maior representação, com 116 grupos, representando 64% da

Região Sudeste e 32% de todos os grupos. O Estado da Bahia ocupa o segundo lugar em

número de Grupos de Pesquisa, com 66, representando 44% da Região Nordeste e 18% do

total.

Estados Grupos de

Pesquisa

Total Geral 366

Total Norte 10

Acre 1

Amazonas 2

Amapá –

Pará 3

Rondônia –

Roraima 1

Tocantins 3

Total Nordeste 66

Alagoas 3

Bahia 29

Ceará 4

Maranhão 2

Paraíba 6

Pernambuco 11

Piauí 3

Rio Grande do Norte 4

Sergipe 4

Total Centro-oeste 19

Distrito Federal 5

Goiás 3

Mato Grosso do Sul 7

Mato Grosso 4

Total Sudeste 180

Espírito Santo 7

Minas Gerais 24

Rio de Janeiro 33

São Paulo 116

Total Sul 91

Paraná 24

Rio Grande do Sul 47

Santa Catarina 20

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Na Região Norte, onde dados anteriores apontaram a não existência de doutores nos Estados

do Acre, Amapá e Roraima, somente Amapá não tem registrado nenhum grupo de pesquisa. Por

outro lado, Rondônia que tem dez doutores não possui nenhum grupo de pesquisa cadastrado.

Ao comparar os dados com o número de doutores e mestres nas regiões, nota-se uma

disparidade muito grande entre os dados, demonstrando que, embora importante, parte

significativa dos titulados não mantém grupos de pesquisa cadastrados. Outra advertência que

deve ser feita é que o pesquisador pode estar ligado a mais de um grupo e nesse sentido, os

dados poderiam demonstrar uma variedade ainda maior.

É importante destacar que, na última década, houve um crescimento considerável no número de

grupos de pesquisa da área. Entre 2000 a 2008, conforme ilustra o próximo quadro, o montante

saltou de 95 para 366, representando um aumento de mais de 350%, sendo que o período de

maior ascensão – de um censo para outro – corresponde ao biênio 2003-2004.

Quadro 01

Censos dos grupos de pesquisa cadastrados no CNPq

Anos 2000 2002 2004 2006 2008

95 161 270 330 366 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010

As razões dessas alterações acompanham, de certo, a própria evolução dos programas de pós-

graduação da área, que subiu de 12 para 39, nos últimos dez anos49. Novos programas

compreendem, também, novas ações que visam institucionalizar e nuclear pesquisadores em

torno de estudos sobre objetos comuns à área comunicacional.

Embora os indicadores que retratam a situação desses grupos permitam visualizar um panorama

evolutivo, duas advertências devem ser feitas com relação a eles. O primeiro é que, como já foi

explicado, os dados que nos orientam são de 2008, uma vez que o CNPq ainda está em fase de

elaboração do novo recenseamento, o qual deve ser publicado em 2011; todavia, temos

consciência de que, nos últimos dois anos, novas iniciativas foram tomadas, em todo o país, e

certamente os números aqui apresentados sofrerão alterações.

49 Dados extraídos da relação de cursos de pós-gradução stricto sensu recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), disponível no endereço: http://dgp.cnpq.br/buscagrupo/, acesso em novembro de 2010.

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Outro alerta – feito por Richard Romancini (2006, p. 149), em sua tese de doutoramento sobre o

campo científico da Comunicação – é que os grupos de pesquisa sobre cinema – “por razões

históricas”, conforme o autor – se inserem, muitas vezes, na área de Artes. Ao trabalhar com

dados oficiais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que dá liberdade aos pesquisadores

e às instituições para cadastrarem suas atividades nas plataformas da internet, observa-se que é

provável que existam outros núcleos que trabalham com objetos de interesse da Comunicação –

especialmente o cinema –, mas não foram contemplados no levantamento apresentado pelo

CNPq50.

Produtividade na Pesquisa em Comunicação

Na investigação sobre o Panorama da Comunicação no Brasil a modalidade de Bolsa de

Produtividade em Pesquisa (PQ)51 é um dos mais tradicionais instrumentos de apoio a pesquisa

no Brasil. Concedida pelo CNPq foi instituído em 1951, com a finalidade de “distinguir o

pesquisador, valorizando sua produção científica segundo critérios normativos, estabelecidos

pelo CNPq, e específicos, pelos Comitês de Assessoramento da Instituição”. Concedida para

quem tem o título de doutor ou perfil científico equivalente, considera como critérios de seleção a

produção científica, participação na formação de recursos humanos e sua contribuição para a

área, entre outros. A análise é comparativa e os bolsistas são distribuídos em cinco níveis: 1A,

1B, 1C, 1D e 252, sendo o 1ª o mais alto.

Em 2010 mais de 3.230 pesquisadores receberam bolsas. São no total 12.100 bolsistas de

Produtividade, nas oito áreas de concentração do CNPq, representando um crescimento de 18%

em relação ao ano de 2008. “Desde o início de 2003, já foram concedidas 4.300 novas bolsas

PQ, significando uma ampliação do número de pesquisadores atendidos nesse programa em

55%”53.

50 Convém observar que no Diretório de Grupos de Pesquisa há uma infinidade de informações, permitindo os mais variados cruzamentos. Os dados ali disponibilizados dariam, por si só, uma grande pesquisa. 51 Também há a modalidade de bolsa em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), em cujos critérios são semelhantes a bolsa PQ. 52 A classificação, o enquadramento e a progressão do bolsista de Produtividade em Pesquisa, por categoria e nível, bem como as recomendações de rebaixamento de nível e/ou exclusão do sistema, são atribuições dos Comitês de Assessoramento. Os critérios adotados pelos CAs para atender o item acima serão revistos a cada 3 (três) anos. Disponível no site do CNPq (http://www.cnpq.br). 53 Informações da Assessoria de Comunicação Social do CNPq.

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Embora seja interessante essa modalidade de estímulo, os critérios de avaliação vêm sofrendo

várias críticas, especialmente com referência a homogeneidade das análises, quer dos

pesquisadores ou de sua produção, para a concessão da bolsa. Mais quantitativos que

qualitativos, ainda estão muito ligados a quantidade de publicação, levando em consideração um

padrão igual para todos os pesquisadores atuantes em qualquer centro de pesquisa do país,

passando a idéia que todos os pesquisadores possuem as mesmas condições de pesquisa nos

centros onde atuam.

Para o professor Carpinteiro54, o CNPq pressupõe que todos os pesquisadores atuam em

centros que possuam, pelo menos, programas de mestrado, doutorado e grupos de pesquisa

consolidados. E que em função disso possam “desenvolver pesquisas conjuntas com outros

pesquisadores e seus orientados”. Em um país de dimensões como o Brasil, com tantas

desigualdades (como já demonstrado anteriormente), é natural que isso não aconteça.

Outro alerta feito pelo pesquisador é que não se pode medir a produtividade apenas pelo número

de publicações. Seu artigo faz referência aqueles pesquisadores que, mesmo não tendo as

condições mínimas para o desenvolvimento de pesquisas ou para um número grande de

publicações, criam e desenvolvem essas condições nos centros onde atuam, melhorando a

qualidade e expandindo o ingresso de muitos. Para ele, os critérios são “insensatos e injustos”

vêm, “nestes últimos anos (...) tornando-se critérios iníquos e perversos”.

Tal critica, segundo o professor, é que as avaliações não estão amparadas na qualidade das

pesquisas. Elas ocorrem, igualmente, com base na "qualidade dos pesquisadores, auferida,

obviamente, por intermédio da aplicação dos critérios quantitativos e universais”. Neste sentido

aqueles que atuam nos pequenos centros “mesmo confeccionando excelentes projetos, porque

são também bons pesquisadores, têm muito pouca chance de vê-los aprovados”. O fato é que

há profundas diferenças nas condições de pesquisa existentes nos diversos centros do país. E

essa é uma característica que não pode passar despercebida nas avaliações.

A tabela abaixo demonstra a atual concessão de bolsas (incluindo o ano de 2010), na área da

Comunicação, corroborando com números as afirmações anteriores.

54 Otávio A. S. Carpinteiro é pesquisador da Universidade Federal de Itajubá. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”, disposível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=54272

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Tabela 10 Bolsas de produtividade (PQ) do

CNPq, Comunicação, por região – até 2010

Bolsas Bolsas novas Pedido de

Região até 2009 concedidas 2010 renovação 2010 Totais

Totais 96 60 26 182 Centro-Oeste 3 5 1 9 Nordeste 11 6 3 20 Norte - - - 0

Sudeste 53 36 14 103 Sul 29 13 8 50

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Na área da Comunicação são 182 bolsas (no total) concedidas. Na região Norte não há

nenhuma bolsa PQ. Para as outras regiões, as representatividades são: Centro-Oeste, 5% (9);

Nordeste, 11% (20); Sudeste, 57% (103) e Sul, 27% (50). Esses números demonstram a grande

concentração de pesquisadores e de pesquisas nas Regiões Sudeste e Sul, como já apontados

anteriormente.

Fazendo o detalhamento por Estados da Federação, a tabela abaixo demonstra essa divisão e

as grandes disparidades.

Tabela 11

Bolsas de produtividade (PQ) do CNPq, Comunicação, por Estado - até 2010

Total Geral 182 Total Centro-oeste 9

Distrito Federal 8 Goiás 1

Mato Grosso do Sul - Mato Grosso -

Total Nordeste 20 Alagoas - Bahia 12 Ceará -

Maranhão - Paraíba 1

Pernambuco 6 Piauí -

Rio Grande do Norte 1 Sergipe -

Total Norte -

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Total Sudeste 103 Espírito Santo 1 Minas Gerais 14

Rio de Janeiro 43 São Paulo 45 Total Sul 50 Paraná 3

Rio Grande do Sul 41 Santa Catarina 6

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Como pode ser observado há vários Estados que não têm nenhum bolsista, especialmente nas

Regiões Centro-Oeste e Nordeste, evidenciando que grande parte dos centros de excelência em

pesquisa estão localizados nas Regiões e nos Estados mais desenvolvidos economicamente.

Infelizmente não temos disponibilizado a quantidade de bolsas solicitadas por pesquisador, tão

pouco a divisão por Regiões desses pedidos ou mesmo o número de solicitações não aceitas.

Também não foi possível encontrar estatísticas dos anos anteriores. Esses números, talvez,

pudessem evidenciar se não há demanda para algumas regiões-estados, como por exemplo, no

caso da Região Norte onde não há nenhum bolsista PQ ou se essa ausência pode ser justificada

em função dos critérios de seleção do CNPq. De qualquer forma o questionamento que deve ser

feito é se, de fato, pode-se usar a homogeneidade de critérios para avaliar a produtividade do

País na área da Comunicação, como tem sido o formato adotado pela agência de fomento.

Outro dado interessante é com referência as instituições contempladas com esses

pesquisadores PQ. São 29 no total do País. No Centro-Oeste a Universidade de Brasília (UnB)

tem 08 pesquisadores e 01 na Universidade Federal de Goiás. No Nordeste, a Universidade

Federal da Bahia, que responde por 12 dos 20 pesquisadores com bolsa PQ, representa 60% da

Região e 7% do total; a Universidade Federal de Pernambuco tem 06 (30% da Região), na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte e na Universidade Federal da Paraíba há 01 (5%)

pesquisador, cada uma.

O Sudeste, onde há 103 bolsistas PQ, maior representatividade, 56% do total, esses estão

distribuídos em 16 instituições. A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem a maior

representatividade, com 22 bolsistas, representando 21% do total da Região e 12% do total

geral. Na Universidade de São Paulo há 20 bolsas, 19% do total da Região e 11% sobre o total

geral. A terceira em número de bolsistas é a Universidade Federal de Minas Gerais, com 12,

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representando 11% da Região e 7% do total geral. As outras instituições são55 Fio-Cruz (01 –

1%); Pontifícia Universidade Católica nos estados de Minas Gerais (01 – 1%), São Paulo (08 –

8%) e Rio de Janeiro (03 – 3%); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (06 – 6%);

Universidade Federal Fluminense (09 – 9%); Universidade Metodista de São Paulo (02 – 2%);

Universidade Estadual Paulista (02 – 2%); Universidade de Campinas (11 – 11%); Universidade

Paulista (02 – 2%); Universidade do Rio de Janeiro (02 – 2%); Universidade Federal do Espírito

Santo (01 – 1%) e Universidade de Uberlândia (01 – 1%).

Na Região Sul há 07 instituições representadas. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul

tem 15 bolsistas, 30% do total da Região e 8% do total geral, tem a maior representatividade.

Seguida pela Universidade da Região do Vale dos Sinos, tem 11, 22% da Região (6% do total);

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul com 10, com 20% da região (5% do total);

na Universidade Federal de Santa Catarina e na Universidade Federal de Santa Maria há 05

bolsistas cada, que representam 10% do total da Região e 3% do total geral; Universidade Tuiuti

do Paraná, com 03, sendo 6% da Região (2% do geral) e na Universidade do Estado de Santa

Catarina, há 01 bolsista, 2% da Região e 1% do total geral.

É interessante observar que das 29 instituições contempladas, 09 são particulares, 06 são

Estaduais, sendo uma delas a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e 14 são Federais.

Dois alertas são importantes com referência a esses dados, tendo por base os critérios de

seleção do CNPq. O primeiro é que não há um estímulo para novos pesquisadores e o outro é

com referência a não rotatividade dos bolsistas, uma vez que as condições de ascensão da

bolsa devem satisfazer: “(...) Pesquisador Sênior: 15 (quinze) anos, no mínimo, com bolsa de

Produtividade em Pesquisa na categoria 1, nível A ou B, do CNPq; Pesquisador 1: 8 (oito) anos,

no mínimo, de doutorado por ocasião da implementação da bolsa; Pesquisador 2: 3 (três) anos,

no mínimo, de doutorado por ocasião da implementação da bolsa”56.

Podemos afiançar que para aqueles que conquistam a bolsa de produtividade, esta se constitui,

de fato, em um grande estímulo. Mas é importante a ampliação dessa possibilidade,

especialmente para aqueles cientistas em início de carreira e outros tantos que desbravam o

55 Os percentuais indicam a representatividade sobre o total da Região (103 bolsistas). 56 Disponível no site do CNPq (http://www.cnpq.br), acesso em dezembro de 2010.

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ensino e a pesquisa em regiões, muitas vezes, inóspitas. Mais que bons pesquisadores, esses

espaços necessitam de homens e mulheres de coragem para o desafio do ensino e da pesquisa.

Muitas vezes esses pesquisadores ficam em localidades de difícil acesso aos centros mais

desenvolvidos. O acesso mais fácil possibilitaria um intercâmbio, não só com outros

pesquisadores, mas com as múltiplas possibilidades de fomento. Também ficam em regiões

mais distantes, com poucos alunos dispostos a fazer pesquisa, quer pela própria necessidade da

região por mão-de-obra ou mesmo por imperativo individual desses estudantes, que precisam

conciliar estudo e trabalho. É fundamental repensar as condições de concessão e os critérios de

avaliação dessas bolsas de produtividade, assim como o incentivo à pesquisa na graduação e na

pós-graduação.

Pós-Graduação no Brasil

Estendendo as análises para os Programas de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom),

credenciados pela Capes, esses números trazem outras distorções com referência a formação

especializada. Atualmente há 39 Programas de Pós-Graduação em Comunicação credenciados.

As tabelas a seguir evidenciam a distribuição por região e tipo de unidade.

Tabela 12

Programas de Pós-Graduação credenciados pela Capes por Região – ano 2010

Quantidade de Região Programas Totais 39

Centro-Oeste 3 Nordeste 5 Norte 2

Sudeste 21 Sul 8

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Com referência ao número de Programas, a Região Sudeste, mais uma vez, é a mais

representativa. São 21 Programas, representando 54% do total. O Centro-Oeste 8% (03); o

Nordeste com 13% (05); o Norte com 02 programas representam 5% do total; enquanto o sul,

com 08, tem 20% de representatividade.

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As unidades federais são as mais representativas, com 18 programas, representando 46% do

total. Há somente uma instituição municipal, localizada em São Caetano do Sul, no ABC

Paulista57. A tabela 13 mostra os dados também em outras regiões.

Tabela 13

Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes

por Região e tipo de Unidade de Ensino – ano 2010

Região/Tipo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Totais Totais 3 5 2 21 8 39 Federal 2 5 2 5 4 18 Estadual - - - 5(58) 1 6 Municipal - - - 1 - 1 Particular 1 - - 10 3 14

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010

É interessante observar que o desenvolvimento da Pós-Graduação em Comunicação no País

teve início na década de 1970. O primeiro programa foi Comunicação e Semiótica, da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), criando em 1970, embora tenha sido

credenciado somente em 1973, pelo parecer CFE 383/73. Com foco mais centrado nos estudos

literários, seu mote era permeado pela “(...) análise e interpretação dos processos comunicativos

do signo verbal e seus objetos de análise dirigiam-se, preferencialmente, para os estudos

literários em geral”. Cinco anos depois, em 1978, “transformou-se no atual Programa de

Comunicação e Semiótica (recredenciado pelo parecer CFE 1258/79)59” e cria o primeiro

doutorado na área.

Há duas universidades que se intitulam criadoras do segundo programa de mestrado na área. A

Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo criou em 08 de janeiro

de 1972, o Programa de Ciências da Comunicação e oito anos depois, em 198060, surgiu o

doutorado. Também o programa Comunicação e Estética do Audiovisual, criado em 1972, tinha

como mote central os estudos sobre Rádio e Televisão. Posteriormente, em 1974, abrolha o

mestrado em cinema e teatro. “Em 1980, foi criado o doutorado em ambos os cursos”. Em

seguida, em 1996, ocorre a reformulação da Pós-Graduação da ECA-USP, “consolidando os

57 Região do Grande ABC ou ABC Paulista é parte da Região Metropolitana de São Paulo. A sigla vem das três cidades, que originalmente formavam a região: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C). Ao longo do tempo foram ocorrendo divisões políticas e atualmente a Região do Grande ABC possui sete cidades, são elas, além das três descritas: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra. 58 Na Universidade de São Paulo há dois programas. 59 Disponível no site: http://www.pucsp.br/pos/programas/comunicacao_e_semiotica/apresentacao.htm. Acesso em jan de 2011. 60 Disponível no site: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/node/14. Acesso em jan. de 2011.

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dois cursos em uma só área de concentração do programa de pós-graduação em Ciências da

Comunicação”. Em 2009, novamente se institui o programa Meios e Processos Audiovisuais que

“reúne aspectos artísticos e industriais, teóricos e práticos da área audiovisual”61. Outro destaque

deve ser dado a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que institui seu mestrado também no

ano de 1972, tendo como foco “Comunicação, Cultura e Novas Tecnologias”.

Dos 39 programas existentes, 15 oferecem mestrado e doutorado. Estão assim divididos por

regiões: 01 no Centro-Oeste; 02 no Nordeste; 04 no Sul e 08 no Sudeste. “Além dos

desequilíbrios regionais, intra-regionais e entre estados, há ainda o desequilíbrio em relação à

presença da pós-graduação nos municípios brasileiros: dos 39 Mestrados e Doutorados, 27,

quase 70% do total, estão nas capitais brasileiras. Apenas 04 cidades não-capitais possuem

doutorados em Comunicação – São Bernardo do Campo e Campinas, no Estado de São Paulo,

Niterói, no Rio de Janeiro, e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul”62. Também, dos 15 programas

de doutorado, 08 estão localizados em universidades federais (53% do total), 03 em instituições

estaduais (20%) e 04 em particulares (27%).

É importante observar que no Nordeste do País há apenas dois programas, um na Universidade

Federal da Bahia e outro na Universidade Federal de Pernambuco. Na região Sul há 03

doutorados. No Norte não há oferta e no Centro-Oeste existe apenas na Universidade de

Brasília. O restante está na região Sudeste.

Os dados corroboram as observações anteriores com referência a oferta de cursos nas regiões

Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Evidenciam, mais uma vez, que a concentração da

pesquisa na área da Comunicação está no Sudeste, mais especificamente em São Paulo, que

conta com 05 programas de doutorado, equivalendo 33% do total de ofertas e 62% do total da

região. Outra observação importante é que dos 39 Programas existentes, nenhum alcançou nota

07, apenas um tem nota 06, que é da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A tabela abaixo

demonstra esses dados.

61 Disponível na web, em: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/node/309. Acesso em jan de 2011. 62 Itania Maria Mota Gomes; Julio Pinto; Ana Carolina Escosteguy. Recomendações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação/COMPÓS para o PNPG 2011/2020. Disponível em http://www.compos.org.br/. Acesso em dez de 2010.

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Tabela 14 Notas da avaliação trienal 2007-2009 de

Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes por Região – ano 2010

Tipo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Totais Totais 3 5 2 21 8 39 2 - - - 163 - 1 3 2 3 2 6 2 15 4 1 1 - 9 3 14 5 - 1 - 4 3 8 6 - - - 1 - 1

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A tabela abaixo revela que não há uma relação direta entre o tipo de instituição e as notas.

Aquela máxima de que as instituições privadas não ofereciam qualidade não se comprova com

os dados disponibilizados.

Tabela 15 Notas da avaliação trienal 2007-2009 de

Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes por tipo de instituição/nota – ano 2010

Nota/Tipo 2 3 4 5 6 Totais Totais 1 15 14 8 1 39 Federal - 9 4 4 1 18 Estadual - 1 4 1 - 6 Municipal - 1 - - - 1 Particular 1 4 6 3 - 14

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É importante reforçar que notas 01 (não há nenhum caso na área da Comunicação) e 02 indicam

o descredenciamento, enquanto notas 6 e 7 recomendam desempenho excelência. Nos dados

acima é possível observar que há uma concentração de programas notas 3 e 4, equivalendo a

74% do total. Considerados nível de excelência, notas 5 e 6, há 09 programas (23% do total).

Contudo, mesmo com os primeiros cursos criados na década de 1970 e os níveis 6 e 764

demonstrarem a inserção internacional da Pós-Graduação, “os esforços de integração com a

comunidade científica internacional são, entretanto, ainda incipientes e demandam políticas

63 Embora mantida a nota da avaliação trienal 2007-2009, que foi divulgada em 2010, o Programa de Pós-Graduação entrou com recurso e o resultado, até o prazo final desse texto, não havia sido divulgado. 64 De acordo com as referências da Capes, responsável pela avaliação da Pós-Graduação no País. Para programas que tenham apenas mestrado, 5 é a nota máxima (mas não há nenhum caso nos dados coletados. Todos os programas - com essa avaliação - têm mestrado e doutorado). Vale a observação que para um curso de mestrado pleitear o doutorado a nota mínima dele deve ser 4.

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públicas de incentivo à realização de projetos conjuntos de pesquisa entre grupos brasileiros e

estrangeiros, buscando a excelência da pós-graduação”65.

Convém observar que não há diferença significativa entre os programas de instituições federais

e particulares (privadas) com referência ao desempenho, mesmo incluindo nesse mote as

instituições estaduais. Dos 23 programas avaliados com nota igual ou superior a 4, equivalendo

a 59% do total, se comparados a quantidade de programas por tipo de instituição há uma

proximidade significativa no número total, como pode ser observado acima. Também se

cotejados os níveis 3 e 4 verifica-se que há mais instituições privadas com nota 4 do que

federais ou estaduais. Isso quebra o preconceito que os estabelecimentos particulares não

oferecem níveis de qualidade. Pelo menos na Pós-Graduação Stricto Sensu isso não pode ser

confirmado.

Nas aproximações dos números dos PPGCom com as quantidades de bolsistas PQ do CNPq há

outras observações importantes. Se, por um lado, nem toda instituição que abriga programa de

pós-graduação é contemplada com bolsistas PQ, por outro evidencia que há uma concentração,

em algumas instituições, desses pesquisadores. Por exemplo, na Região Norte, onde há dois

PPG não há nenhum bolsista PQ. Já a região Sudeste, onde há 20 programas, são 103 bolsas

PQ, perfazendo uma média de 19% de bolsistas PQ por programa, se considerarmos que todos

os PPGCom são contemplados. Mas isso não acontece. Os 103 bolsistas PQ da Região Sudeste

estão centralizados em 16 instituições e dessas somente 12 tem programas de Pós-Graduação

em Comunicação com pesquisadores PQ. São 08 PPGCom que não são contemplados com

bolsa, sendo 04 de instituições particulares, 01 estadual, 02 federais e 01 municipal.

O Tema como Conceito: os desafios das áreas de concentração e linhas de pesquisa

Um dos grandes desafios para compreender o cenário comunicativo brasileiro é conhecer e

reconhecer os temas que cotidianamente provocam pesquisadores, das mais variadas

localidades e linhas de investigação. O sentido da palavra tema, utilizado por essa pesquisa, é

que se trata de “(...) uma conceituação que não foge àquela ideia primeira, que permeia seu uso

65 Itania Maria Mota Gomes; Julio Pinto; Ana Carolina Escosteguy. Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação em Comunicação. Texto integrante do Panorama da Comunicação no Brasil. Projeto IPEA/SOCICOM. Sub-Projeto 1 – Estado do Conhecimento. Material publicado no volume 2 - Memória das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação no Brasil, da coleção Panoramas da Comunicação, pg. 63-80.

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geral: o tema diz respeito a um assunto, um tópico sobre o qual se discorre, sobre o qual fala, se

pensa, etc.66. Todavia, o que significa tomar o tema não como objeto de referência, mas como

um objeto de estudo?” O que foi observado nas várias incursões realizadas nesta pesquisa é

que de fato os temas são os objetos de estudo. Esses (temas), afirmam Schwaab e Tavares

(2009), envolvem de maneira ampliada os “(...) segmentos sociais nos dias de hoje, buscando

compreender sua dinâmica de produção de informação, seus sentidos e significados” (p. 182-

184). Essa pode ser a justificativa para a escolha dos pesquisadores.

Desta forma, uma das possibilidades para entender sobre o que se pesquisa é a noção sobre os

temas que norteiam as investigações. Neste sentido optou-se por elencar as palavras-chave,

resultado da área de atuação e das linhas de pesquisa definidas pelos programas de pós-

graduação. Essa sistematização permite o conhecimento não somente sobre “(...) conteúdos

determinados por certas rotinas produtivas e de consumo, mas também como elementos de

processos de extração midiática onde aspectos culturais e campos sociais se entrecruzam”

(SCHWAAB; TAVARES, 2009, p. 183-184). Para possibilitar essa ordenação, as palavras

integrantes dos nomes dos programas, das áreas de concentração e das linhas de pesquisa

foram decompostas em 312 palavras-chave.

A palavra que mais aparece é comunicação, com 97 inserções. Basicamente isso define que o

grande mote dos PPGCom tem na grande área da Comunicação seu elemento principal. Muitas

vezes a comunicação aparece composta por outros elementos, como: Comunicação Midiática,

Comunicação Contemporânea, Comunicação Impressa, Comunicação Social, Comunicação das

Organizações etc. Neste sentido é possível observar os elementos que compõe todo o processo

de investigação.

Outras palavras presentes nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação são: Mídia (31),

Cultura (29), Processos (28) e Tecnologias (11) inserções. É possível definir que o conjunto,

composto por 05 temas (Comunicação, Mídia, Cultura, Processos e Tecnologia), reflete os

conceitos tratados nas investigações desenvolvidas no âmbito da Pós-Graduação do Brasil.

Por ser a área comunicativa ampla, as linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação

refletem o entrecruzamento dos conceitos estudados. Elas definem os elos entre os aspectos

culturais e sociais, nas práticas profissionais, de consumo, nas narrativas, nas políticas da 66 Em termos epistemológicos a palavra vem do gregoThéma, significando assunto a ser tratado.

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comunicação e da informação, revelando as interfaces históricas, poéticas, estéticas, educativas

e as transformações comunicacionais enfrentadas pela comunidade. Seja através de grupos

específicos, como cinema, jornalismo impresso, audiovisual, ou ampliados, como meios,

estratégias, processos e mediações essas são capazes de conhecer e reconhecer os impactos

socioculturais na sociedade da comunicação e da informação.

A Formação como Amplitude de Conceitos

Uma discussão ampliada em sido travada na sociedade civil organizada no que se refere a

formação na área da comunicação. Há aqueles que defendem que para exercer a profissão (nas

indústrias midiáticas e no próprio magistério superior) na área a graduação deve ser uma das

habilitações (Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, Editoração, etc.) definidas na

comunicação. Essa formação seria a identidade da área, funcionando como força motriz,

concentrando conhecimento e qualidade naquilo que é empreendido. Alguns acreditam que por

ser tão ampla, a comunicação funciona como um grande guarda-chuva abrigando outras áreas

do conhecimento, capazes de amplificar para os espaços sociais o conhecimento produzido,

permitindo o entrecruzamento de temas. Outros defendem que o direcionamento deve ser dado

a partir das especificidades das pesquisas realizadas pelo investigador e da prática midiática

exercida nas indústrias midiáticas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo, através do Relatório da

Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação, (Portaria Nº 203/2009, de 12

de fevereiro de 2009), foi o documento resultante da discussão com a sociedade, profissionais,

professores e estudantes sobre as especificadas dessa formação67. Para os especialistas, a

Comunicação Social não é uma profissão “(...) mas sim um campo que reúne várias diferentes

profissões68. É também uma área acadêmica que engloba diversas disciplinas específicas, como

ocorre também em outras áreas das ciências aplicadas”. Neste sentido, o documento afirma que

67 Relatório da Comissão de Especialistas nomeada pela Portaria MEC-SESU 203/2009 que “recebeu do Ministro Fernando Haddad a missão de repensar o ensino de Jornalismo no contexto de uma sociedade em processo de transformação. (...) Empossada no dia 19 de fevereiro, sob a presidência do professor José Marques de Melo e integrada por Alfredo Vizeu, Carlos Chaparro, Eduardo Meditsch, Luiz Gonzaga Motta, Lucia Araújo, Sergio Mattos e Sonia Virginia Moreira. Disponível em http://www.fenaj.org.br/educacao/documento_final_cursos_jornalismo.pdf, acesso em jan de 2011. 68 MEDITSCH, Eduardo. Crescer para os lados ou crescer para cima: o dilema histórico do campo acadêmico do Jornalismo. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação.www.bocc.ubi.pt, acesso em jan de 2011.

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“(...) o equívoco não se origina nas DCN69 em vigor. Anteriormente a elas, a mesma organização

já estava prevista nos Currículos Mínimos “do Curso de Comunicação Social” emanados do

Conselho Federal de Educação a partir de 196970.

O Documento argumenta ainda que essa estrutura de formação na grande área da Comunicação

“se explica em parte pela dinâmica interna da área acadêmica das Ciências da Comunicação”.

Com um histórico que tem seu início nos anos de 1940, as faculdades de comunicação de

massa reuniram cursos pré-existentes do mesmo campo profissional, como Jornalismo,

Publicidade e Relações Públicas. “Foi com este modelo que a Comunicação chegou inicialmente

ao Brasil, por meio do projeto da Faculdade de Comunicação de Massas da Universidade de

Brasília - UnB, elaborado por Pompeu de Souza e Darcy Ribeiro em 1963, englobando três

escolas com perspectivas distintas, as de Jornalismo (indústria da informação e opinião), Rádio-

TV-Cinema (indústria da recreação e arte) e Publicidade e Propaganda (indústria da sugestão e

da persuasão). Mas essa distinção só perduraria apenas até 1969, quando o Currículo Mínimo

Obrigatório extinguiu as identidades específicas dos cursos da UnB e de todo o Brasil71”.

Várias iniciativas estão sendo desenvolvidas no sentido da manutenção das identidades das

formações, tais como a criação de fóruns de discussão, documentos, publicações, diretrizes e

entidades que congregam especialistas, profissionais, professores e estudantes. Várias dessas

entidades e os resultados de suas produções integram esse estudo sobre o panorama da

Comunicação, como pode ser observado nos capítulos posteriores.

Para os especialistas “estas iniciativas não representam um rompimento com a área acadêmica

maior da Comunicação, mas antes a sua revitalização, pelo fortalecimento de sua diversidade e

dos vínculos com as práticas sociais e culturais que a originaram, justificando a sua existência72”.

69 DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais. 70 “Os currículos mínimos ‘do Curso de Jornalismo’ vigoraram a partir de 1962, com uma segunda versão em 1965. Os currículos mínimos “do Curso de Comunicação Social” foram implantados a partir de 1969, com atualizações em 1977 e 1984. MOURA, Cláudia Peixoto de. O Curso de Comunicação Social no Brasil: do currículo mínimo às novas diretrizes curriculares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002”. Fonte: Relatório da Comissão de Especialistas nomeada pela Portaria MEC-SESU 203/2009, acesso em já. De 2011. 71 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo, Relatório da Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação, (Portaria Nº 203/2009, de 12 de fevereiro de 2009). Disponível em http://www.fenaj.org.br/educacao/documento_final_cursos_jornalismo.pdf. Acesso em jan de 2011. 72 Ibdem, Idem.

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Essa dicotomia pode ser observada também nos editais de concursos públicos, que em sua

grande maioria exigem formação em cursos específicos da área (chamados até agora de

habilitações) como pré-requisito para o exercício do magistério na graduação em comunicação.

Neste sentido, fazendo um link com essa discussão foi realizado o exame da formação

(graduação) dos coordenadores dos PPGCom do todo o país. São 23 professores da área da

Comunicação, em suas habilitações específicas (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e

Relações Públicas), perfazendo o percentual de 59%; 01 em Serviço Social; 01 em Arquivologia;

03 em Ciências Sociais; 02 em Filosofia; 01 em História; 05 em Letras; 02 em Psicologia e 01%

não informou sua origem profissional, totalizando 16 coordenadores formados em outras áreas

do conhecimento, ou seja, 41% do total. Esses dados evidenciam que, pelo menos no que tange

a pós-graduação, embora exista como recomendação, a exigência da formação nos cursos

específicos da área da comunicação, não é uma norma nem uma realidade entre os

coordenadores.

COMPÓS73 e sua contribuição para a Pós-Graduação no Brasil

A Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS),

fundada em 16 de junho de 1991, com o apoio da Capes e do CNPq, congrega como associados

os Programas de Pós-Graduação em Comunicação nível Mestrado e/ou Doutorado de

instituições de ensino superior públicas e/ou privadas, no Brasil. Pode-se destacar como

objetivo principal o “fortalecimento e qualificação crescentes da Pós-Graduação em

Comunicação no país”74.

A história da Compós e sua significativa e qualificada participação no âmbito da Pós-Graduação

no País está disponível no texto “Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação

em Comunicação”, escrito pelos pesquisadores Itania Maria Mota Gomes, Julio Pinto e Ana

Carolina Escosteguy, que está disponível no volume 2 da coleção Panorama da Comunicação e

73 Outras informações sobre o perfil e as atividades da Compós podem ser obtidas no texto de GOMES, Itania Maria Mota; PINTO, Julio; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação em Comunicação, disponível no volume 2, da coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, publicados pelo IPEA, 2010. 74 Disponível em http://www.compos.org.br/. Acesso em jan de 2011.

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das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA. O volume integra a coleção onde

são apresentados os primeiros resultados dessa pesquisa.

Podemos considerar a Compós uma Associação recente, se comparada, por exemplo, com a

Intercom. A Compós tem 21 anos, adquirindo em 2011 sua maior idade. O primeiro presidente,

para cumprir o mandato no período de 1991-1993, foi o Pesquisador Carlos Alberto Messeder

Pereira (UFRJ). Carlos integrou o grupo fundador da entidade. Os outros presidentes estão

elencados conforme quadro abaixo,

Quadro 2 – Relação dos Presidentes da Entidade (1991-2011), separados por período e região Período Presidente Instituição Região

1991-1993 Carlos Alberto Messeder Pereira Universidade Federal do Rio de Janeiro Sudeste 1993-1995 José Luiz Braga Universidade de Brasília Centro-Oeste 1995-1997 Marcius Freire Universidade de Campinas Sudeste 1997-1999 Antonio Albino Canelas Rubim Universidade Federal da Bahia Nordeste

1999-2001 Sérgio Dayrell Porto Universidade de Brasília Centro-Oeste 2001-2003 Vera Regina Veiga França Universidade Federal de Minas Gerais Sudeste 2003-2005 André Lemos Universidade Federal da Bahia Nordeste 2005-2007 Afonso Albuquerque Universidade Federal Fluminense Sudeste 2007-2009 Erick Felinto Universidade Estadual do Rio de Janeiro Sudeste 2009-2011 Itania Maria Mota Gomes Universidade Federal da Bahia Nordeste Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante notar que foram 05 presidentes da região Sudeste, 3 do Nordeste e 2 do Centro-

Oeste. O Sul e o Norte ainda não estiveram representados em nenhuma gestão. Com referência

a Região Norte, uma possível justificativa é que os primeiros programas começaram somente a

partir de 2007, mas vale observar que a grande maioria dos presidentes está na lista dos

programas mais antigos, ou seja, aqueles filiados nos dez primeiros anos da entidade. Além

disso, essa realidade não vale para os PPGCOM da Região Sul.

Um detalhe que chama atenção é com referência as instituições representadas. A Universidade

da Bahia (03), Universidade de Brasília (02), Universidade Federal do Rio de Janeiro (02). Até

hoje nenhum dos presidentes pertenceu a Programas de Pós-Graduação de instituições

privadas.

A Compós conta atualmente com 37 programas filiados, conforme informações disponíveis no

site da instituição. Somente o Programa de Comunicação, da Universidade Federal do Paraná e

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o Programa Comunicação, Cultura e Amazônia, da Universidade Federal do Pará, que abriram

recentemente ainda não se filiaram. Esses dados reforçam a importância da entidade no âmbito

da Pós-Graduação, pois a maioria, quase que absoluta, está filiada a entidade.

A tabela abaixo traz a lista dos programas, ano de filiação e a instituição a qual pertencem.

Quadro 3 – Lista de Programas de Pós-Graduação filiados a Compós

Nome do PPG Ano de filiação

Instituição Atual coordenador

Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica (Mestrado e Doutorado)

1991 PUC-SP Lucrécia Ferrara

Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea (Mestrado e Doutorado)

1991 UFBA Maria Carmem Jacob

de Souza Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e

Doutorado) 1991 UFRJ

João Batista de Macedo Freire Filho

Pós-Graduação em Comunicação Social (Mestrado e Doutorado) 1991 UMESP Sebastião Carlos de

Morais Squirra Programa de Pós Graduação em Comunicação (Mestrado e

Doutorado) 1991 UnB Sérgio Dayrell Porto

Programa de Pós-Graduação em Multimeios, Instituto de Artes, Unicamp. (Mestrado e Doutorado)

1991 UNICAMP Roberto Berton De

Ângelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação

(Mestrado e Doutorado) 1993 USP

Maria Immacolata Vassallo de Lopes

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (Doutorado e Mestrado)

1995 PUC-RS Juremir Machado da

Silva Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação

(Mestrado e Doutorado) 1995 UNISINOS Christa Berger

Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado) 1996 UFMG Bruno Souza Leal Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação

(Mestrado e Doutorado) 1996 UFRGS Maria Helena Weber

Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado)

1997 UFF Simone Pereira de Sá

Mestrado e Doutorado em Comunicação e Linguagens 2001 UTP Cláudia Quadros

Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2001 CÁSPER LÍBERO

Dimas A. Kunsch

Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado)

2001 UFPE Isaltina Maria de

Azevedo Mello Gomes

Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2002 UERJ Fátima Cristina Regis

Martins de Oliveira

Mestrado em Comunicação 2002 UNIP Eduardo Peñuela

Cañizal Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp 2003 UNESP Luciano Guimarães

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social 2003 PUC-RJ Miguel Serpa Pereira Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2004 UNIMAR Rosângela Marçolla

Comunicação e Práticas de Consumo (Mestrado) 2006 ESPM Gisela G. S. Castro

Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2006 UFSM Eugenia Mariano da

Rocha Barichello Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura –

(Mestrado) 2008 UNISO Osvando J. de Morais

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Mestrado em Comunicação 2007 UAM Rogério Ferraraz Mestrado em Comunicação Social 2007 PUC-MG Julio Pinto

Mestrado em Comunicação e Sociedade 2007 UFJF Iluska Coutinho

Mestrado em Comunicação 2007 UFG Ana Carolina Rocha

Pessoa Temer Programa de Pós-Graduação em Jornalismo 2008 UFSC Gislene da Silva

Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Mestrado 2008 UEL Paulo César Boni Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som (Mestrado) 2008 UFSCar Samuel Paiva

Mestrado em Comunicação 2008 UCB João José Azevedo

Curvello Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2008 UFPB Marcos Nicolau

Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC (Mestrado)

2008 UFC Silas de Paula

Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação 2009 UFAM Gilson Vieira Monteiro Programa de Mestrado em Comunicação 2009 USCS Gino Giacomini Filho

Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia 2009 UFRN Maria das Graças Pinto

Coelho Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais 2010 USP Eduardo V. Morettin Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Inserção Internacional

A partir de novembro de 2010 a Compós abriu a possibilidade de filiações de Programas de Pós-

Graduação de instituições do exterior, através do projeto “Programas Estrangeiros Associados

(Accredited Programs)”. Como explica a própria entidade, “(...) o Accredited Program é um

programa estrangeiro que realiza pesquisa e ensino de pós-graduação na área geral de

comunicação, mesmo que, em sua denominação, não apareça estritamente a palavra

comunicação. É um programa capacitado a receber as informações oficiais e participar dos

Encontros Nacionais, listado no site da Compós, e que terá acesso privilegiado no caso de

fortalecimento de laços formais com a Compós, para parcerias que levem ao intercâmbio de

produção científica, docentes e discentes. O Accredited Program não terá voto no Conselho

Geral da Compós”. Essa ação é o primeiro passo rumo a internacionalização da entidade.

Encontros Anuais

Realiza anualmente encontro anuais como espaço de intercâmbio acadêmico entre os

pesquisadores dos vários Programas. Os encontros estão estruturados sob a forma de Grupos

de Trabalhos (GTs), “onde são apresentados e debatidos estudos que buscam refletir sobre o

avanço científico, tecnológico e cultural no campo da comunicação”. Desde o ano 2000 os

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trabalhos apresentados estão disponíveis no site (www.compos.org.br) da entidade, que também

se constitui em uma ferramenta importante de divulgação de suas atividades.

Organizados pelos Programas associados, o quadro abaixo demonstra os encontros ocorridos.

Quadro 4 – Lista de Encontros anuais realizados pela Compós

Encontro Inicio Fim

2010 - XIX COMPÓS: Rio de Janeiro/RJ 08/06/2010 11/06/2010

Local: PUC-RJ

2009 - XVIII COMPÓS: Belo Horizonte/MG 02/06/2009 06/06/2009

Local: PUC-Minas

2008 - XVII COMPÓS: São Paulo/SP 03/06/2008 06/06/2008

Local: UNIP - Universidade Paulista

2007 - XVI COMPÓS: Curitiba/PR 13/06/2007 16/06/2007

Local: UTP - Universidade Tuiuti do Paraná

2006 - XV COMPÓS: Bauru/SP 06/06/2006 09/06/2006

Local: UNESP - Universidade Estadual Paulista

2005 - XIV COMPÓS: Niterói/RJ 01/06/2005 04/06/2005

Local: UFF - Universidade Federal Fluminense

2004 - XIII COMPÓS: São Bernardo do Campo/SP 22/06/2004 25/06/2004

Local: Universidade Metodista de São Paulo

2003 - XII COMPÓS: Recife/PE 02/06/2003 06/06/2003

Local: UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

2002 - XI COMPOS: Rio de Janeiro/RJ 04/06/2002 07/06/2002

Local: UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

2001 - X COMPOS: Brasília/DF 29/05/2001 01/06/2001

Local: UnB - Universidade de Brasília

2000 - IX COMPOS: Porto Alegre/RS 30/05/2000 02/06/2000

Local: PUC-RS

1999 - VIII COMPOS: Belo Horizonte/MG 01/06/1999 04/06/1999

Local: UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

1998 - VII COMPOS: São Paulo/SP 01/06/1998 05/06/1998

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Local: PUC-SP

1997 - VI COMPOS: São Leopoldo/RS 02/06/1997 06/06/1997

Local: UNISINOS

1996 - V COMPOS: São Paulo/SP 27/05/1996 31/05/1996

Local: ECA/USP

1995 - IV COMPOS: Brasília/DF 30/07/1995 07/08/1995

Local: UnB - Universidade de Brasília

1994 - III COMPOS: Campinas/SP 22/08/1994 27/08/1994

Local: UNICAMP

1993 - II COMPOS: Salvador/BA 24/08/1993 27/08/1993

Local: FACOM/UFBA

1992 - I COMPOS: Rio de Janeiro/RJ 18/11/1992 21/11/1992

Local: ECO/UFRJ

Fonte: Compós, disponível em www.compos.org.br, acesso em dezembro de 2010. Dos 19 encontros ocorridos, 12 foram na região Sudeste (63%), 3 no Sul (15%), 2 no Nordeste e

2 no Centro-Oeste, representando 11% cada. Especialmente nos últimos anos esses encontros

têm ocorrido no final do primeiro semestre de cada ano. Não foi possível localizar o número de

participantes. Porém, cabe ressaltar que a dinâmica dos encontros tem um formato diferenciado,

onde há limite no número de trabalhos aceitos para cada grupo, conforme explicitado abaixo.

Grupos de Trabalho e as Linhas de Atuação

Em períodos definidos pela diretoria há uma clivagem dos grupos de pesquisa (GT), obedecendo

ao que a entidade chama de “Processos de avaliação anual dos GTs. (...) A cada 4 (quatro) anos

os GTs passam por processo de renovação, com a criação e clivagem dos grupos, objetivando

construir espaços de interlocução capazes de abrigar temas emergentes na área”. Esse

processo, “(...) é um corolário dos padrões de funcionamento dos Grupos de Trabalho. Na

medida em que a estrutura dos grupos busca atingir determinados objetivos, e a fazê-los

segundo procedimentos básicos gerais, trata-se de verificar até que ponto aqueles objetivos e

estes procedimentos estão sendo efetivamente atendidos, para possibilitar aperfeiçoamentos e

correções de rumo, e mesmo, em casos-limite, descontinuar um Grupo no seu formato vigente,

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viabilizando outras formulações para atender aos objetivos conceituais e metodológicos que se

justifiquem em sua área”. Essa avaliação é realizada durante o evento anual (COMPÓS, 2010,

web).

A recomendação é que os textos selecionados atendam aos critérios de qualidade, relevância e

pertinência a área temática do GT. Há um limite de no máximo 10 dez textos selecionados, para

cada um dos GT’s, em cada edição anual do encontro. Também se recomenda que exista uma

“(...) renovação de no mínimo trinta por cento de seus participantes e, no máximo, setenta por

cento, considerando, para esta análise de equilíbrio, uma comparação com os dois anos

anteriores; haja textos de pesquisadores de todo o país, desde que se cumpra o critério primeiro

da qualidade e o Coordenador não apresente trabalho” (COMPÓS, 2010, web).

Há a obrigatoriedade dos textos serem inéditos e os selecionados (todos) recebem da entidade

(e sua parceira no evento) verbas para a passagem e estadia, sendo essa condição um

privilégio, oferecido somente por essa associação.

Com referência aos estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) “(...) é considerada

válida, pois pode representar estímulo à sua formação e a seus trabalhos de pesquisa. Deve-se,

entretanto evitar que estas apresentações sejam vistas como “ensaio” de seus exames de

qualificação ou defesas de teses e dissertações. O trabalho deve ser avaliado em função de seu

interesse específico para o debate do Grupo, aplicando-se sobre ele os mesmos critérios

definidos” para todos (COMPÓS, 2010, web).

Para evidenciar o panorama dos GT e dos trabalhos apresentados, a tabela abaixo evidencia

essa participação.

Tabela 16

Trabalhos apresentados nos encontros anuais da COMPÓS Período de 2001 a 2010

GT / NP anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL

Total de Trabalhos 60 66 111 114 129 120 118 119 119 119 1075 Comunicação e Cibercultura - 10 - - 10 10 10 10 10 11 71 Comunicação e Cidadania - - - - - - 10 - - - 10

Comunicação e Cultura 10 10 10 10 10 10 10 10 10 90 Comunicação e Política 10 10 10 10 10 10 10 10 10 8 98

Comunicação e Sociabilidade 10 10 10 10 10 10 9 10 10 10 99 Criação e Poéticas Digitais - - 10 9 10 10 - - - - 39

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Cultura das Mídias - - 11 10 10 10 10 10 10 10 81 Economia política e políticas de

comunicação - - - - - - 10 10 10 10 40 Epistemologia da Comunicação 10 6 10 10 10 10 10 10 10 10 96

Estéticas da comunicação - - - - - - 10 10 9 10 39 Estudos de cinema, fotografia e

audiovisual 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 100 Estudos de Jornalismo 10 10 10 8 10 10 10 9 10 10 97 Mídia e entretenimento - - - - - - 9 10 10 10 39

Mídia e recepção - - 10 8 10 10 - - - - 38 Políticas e Estratégias de

Comunicação - - - 9 10 10 - - - - 29 Produção de sentido nas mídias - - 10 10 10 10 - - - - 40

Recepção, Usos e Consumo Midiáticos - - - - - - 10 10 10 10 40

Tecnologias Informacionais de Comunicação e Sociedade - - 10 10 9 - - - - - 29

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Realizando uma análise da tabela acima se observa que quatro GTs permanecem ativos desde

2001: Comunicação e Política; Comunicação e Sociabilidade; Estudos de Cinema, Fotografia e

Audiovisual e Estudos de Jornalismo. Outros grupos, resultado da clivagem, iniciam as

atividades, permanecem durante um período de são desativados. O número de trabalhos por

grupo, em linhas gerais, demonstra que basicamente todos atendem a determinação de no

máximo 10 trabalhos selecionados, por evento.

Com referência a titulação, outro dado sistematizado pela pesquisa, dos 1233 autores

participantes no período de 2001 a 2010, apresentando trabalhos, 481 (39%) são doutores, 227

(18%) estão na categoria outros (doutorandos, mestres, mestrandos) e 525 (43%) não

informaram em seus trabalhos a titulação. Essa distribuição entre doutores e as outras

categorias sofre variação muito intensa durante o período. Mas, infelizmente, como há uma

quantidade significativa de trabalhos onde não há a indicação de titulação, fica inviável qualquer

análise mais detalhada.

Tabela 17

Trabalhos apresentados por modalidade Individual (I) ou em Grupo (G) encontros anuais da COMPÓS

Período de 2001 a 2010

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Tot GT / NP

I G I G I G I G I G I G I G I G I G I G I G

Total de Trabalhos 53 7 64 2 102 9 103 11 108 21 95 25 99 19 95 24 96 23 95 24 910 165 1075

60 66 111 114 129 120 118 119 119 119 1075 Comunicação e

Cibercultura - - 10 - - - - - 10 - 9 1 9 1 9 1 8 2 7 4 62 9 71

Comunicação e - - - - - - - - - - - - 8 2 - - - - - - 8 2 10

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Cidadania

Comunicação e Cultura

9 1 10 - 9 1 9 1 8 2 9 1 - - 6 4 8 2 8 2 76 14 90

Comunicação e Política

10 - 10 - 9 1 8 2 8 2 8 2 7 3 8 2 6 4 5 3 79 19 98

Comunicação e Sociabilidade

8 2 10 - 9 1 8 2 8 2 7 3 5 4 8 2 9 1 7 3 79 20 99

Criação e Poéticas Digitais

- - - - 9 1 8 1 8 2 9 1 - - - - - - - - 34 5 39

Cultura das Mídias - - - - 10 1 10 - 8 2 8 2 9 1 8 2 8 2 9 1 70 11 81 Economia política e

políticas de comunicação

- - - - - - - - - - - - 8 2 6 4 8 2 6 4 28 12 40

Epistemologia da Comunicação

10 - 6 0 10 - 10 0 10 - 9 1 10 - 10 10 - 10 - 95 1 96

Estéticas da comunicação

- - - - - - - - - - - - 9 1 9 1 8 1 10 - 36 3 39

Estudos de cinema, fotografia e audiovisual

10 - 9 1 9 1 10 - 10 - 8 2 10 - 8 2 10 - 10 - 94 6 100

Estudos de Jornalismo

6 4 9 1 9 1 8 - 5 5 8 2 8 2 8 1 5 5 5 5 71 26 97

Mídia e entretenimento

- - - - - - - - - - - - 8 1 7 3 7 3 8 2 30 9 39

Mídia e recepção - - - - 9 1 7 1 7 3 6 4 - - - - - - - - 29 9 38 Políticas e

Estratégias de Comunicação

- - - - - - 8 1 8 2 5 5 - - - - - - - - 21 8 29

Produção de sentido nas mídias

- - - - 9 1 9 1 9 1 9 1 - - - - - - - - 36 4 40

Recepção, Usos e Consumo Midiáticos

- - - - - - - - - - - - 8 2 8 2 9 1 10 - 35 5 40

Tecnologias Informacionais de Comunicação e

Sociedade

- - - - 10 8 2 9 - - - - - - - - - - - 27 2 29

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 As apresentações conjuntas de pesquisadores de uma mesma instituição ou de programas de

outras localidades têm sido um dos desafios constantes nas avaliações da Capes. Na área da

Comunicação essa modalidade é pouco utilizada. Ainda trabalhamos de forma isolada, em

nossas ilhas de reflexão e de pesquisa, conforme dados demonstrados na tabela acima.

Os trabalhos apresentados na Compós não fogem a regra geral da área. Dos 1075 trabalhos,

910 foram na modalidade individual, representando 85% das apresentações e somente 165

trabalhos foram de autoria coletiva. Uma cifra muito pequena quando analisado o total de

pesquisas apresentadas.

A Compós vem estimulando a ampliação da participação de pesquisadores em seus encontros

anuais. Uma ação em prol desse crescimento é a modalidade participante-observador (aquele

que não apresenta textos). Essa oportunidade visa, principalmente, o estímulo para integrações

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futuras e a continuidade das participações. Tal possibilidade acena positivamente no sentido de

ampliar e diversificar as interlocuções, possibilidade essa que anteriormente só podia ser

exercida pelos pesquisadores que apresentavam seus trabalhos.

Tabela 18 Trabalhos apresentados por Região nos encontros anuais da COMPÓS

Período de 2001 a 2010

Região – Grupo Norte Nordeste Centro-Oeste

Sudeste Sul Internacio

nal Não

identificado Total

Totais 2 123 58 513 217 15 175 1103

Comunicação e cibercultura

- 12 - 40 18 - 3 73

Comunicação e cidadania

- - - 6 5 - - 11

Comunicação e cultura

- 5 1 46 17 - 22 91

Comunicação e política

- 12 12 37 15 1 23 100

Comunicação e sociabilidade

- 9 1 53 17 3 18 101

Criação e poéticas digitais

- 0 5 19 11 - 11 46

Cultura das mídias - 8 3 57 7 - 7 82

Economia política e políticas de

comunicação - 3 4 27 9 1 1 45

Epistemologia da comunicação

1 2 13 50 14 3 16 99

Estéticas da comunicação

- 7 1 22 6 - 1 37

Estudos de jornalismo

- 22 4 29 21 2 19 97

Estudos de cinema, fotografia e audiovisual

1 13 2 57 7 2 20 102

Mídia e entretenimento

- 9 - 21 9 1 - 40

Mídia e recepção - 5 3 8 14 1 7 38

Políticas e estratégias de comunicação

- 4 4 9 7 - 8 32

Produção de sentido nas mídias

- 6 3 9 11 - 11 40

Recepção, usos e consumo midiáticos

- 3 2 12 22 1 - 40

Tecnologias Informacionais de Comunicação e

Sociedade

- 3 - 11 7 - 8 29

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010

Page 67: RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

A tabela de trabalhos apresentados por região nos dá um panorama da inserção da Compós. A

diferença a maior entre o número de trabalhos apresentados e o total por região é que muitos

pesquisadores se autodenominam de duas regiões distintas. Isso pode ser justificado pelo fato

do investigador pertencer a uma instituição, mas estar complementando seus estudos em outra.

De qualquer forma, os dados demonstram que a grande representatividade de participação ainda

está em pesquisadores oriundos da região Sudeste do País, com 513 inserções, representando

47% do total. A região Sul aparece com 217 (20%) pesquisadores, Nordeste com 123 (11%),

Centro-Oeste com 58 (5%) e o Norte com 2 pesquisadores. Também há participação

internacional, com 15 pesquisadores, representando 1%. Porém, 175 (16%) do total não

identificaram sua região de origem nos trabalhos analisados no período, o que impossibilitou

uma avaliação mais detalhada.

É importante registrar que a entidade, embora com algumas diferenças entre os valores

absolutos, está presente em todas as regiões do Brasil.

Interações com os Programas filiados e com a comunidade

A Compós tem vários modos de divulgação de sua produção. O primeiro e mais conhecido é o

Livro da Compós. Atualmente resultado dos trabalhos apresentados no seu encontro anual. Há

critérios para seleção e avaliação dos textos que integram a publicação. Também as primeiras

publicações livros foram resultados dos encontros Interprogramas. Somente no ano de 2001

foram editados dois livros, referentes a IX COMPÓS, ocorrida em 2001. Em 2002 houve duas

publicações referentes ao I e do II Interprogramas. Em 2003, além do Livro XI COMPÓS,

também foi editado o resultado do III Interprogramas.

Segue abaixo a lista completa de todas as publicações, bem como seus organizadores, ano de

edição e editora.

Publicação de Livros da Compós

Período de 1993 a 2009 LIVRO DA COMPÓS 2009

Sebastião Squirra e Yvana Fechine (orgs.). Televisão Digital: Desafios para a comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2009.

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LIVRO DA COMPÓS 2008

Alex Primo, Ana Claudia de Oliveira, Geraldo Carlos do Nascimento e Veneza Mayora Ronsini (orgs.). Comunicação e Interações. Porto Alegre: Sulina, 2008.

XV COMPÓS

Ana Sílvia Davi Médola, Denize Correa Araujo e Fernanda Bruno (orgs.). Imagem, Visibilidade e Cultura Midiática - Livro da XV Compós. Porto Alegre: Sulina, 2007.

XIV COMPÓS

LEMOS, André; BERGER, Christa; BARBOSA, Marialva. Narrativas Midiáticas Contemporâneas - Livro da Compós XIV / 2005. Porto Alegre: Sulina, 2006.

XIII COMPÓS

CAPPARELLI, Sérgio; SODRÉ, Muniz; SQUIRRA, Sebastião (orgs). Comunicação revisitada, A - Livro do XIII Compós / 2004. Porto Alegre: Sulina, 2004.

XII COMPÓS

LEMOS, ANdré; PRYSTON, Angela; SILVA, Juremir Machado; PEREIRA DE SÁ, Simone (orgs). Mídia.Br: Livro da XII Compós 2003. Porto Alegre: Sulina, 2004.

XI COMPÓS

FRANÇA, Vera, WEBER, Maria Helena PAIVA, Raquel, e SOVIK, Liv (orgs.). Livro do XI Compós 2002: estudos de comunicação ensaios de complexidade 2. Porto Alegre: Sulina, 2003.

X COMPÓS

MOTTA, Luiz Gonzaga; FRANÇA, Vera; PAIVA, Raquel; WEBER, Maria Helena (orgs.). Estratégias e culturas da comunicação. Brasília, Editora UnB, 2001.

IX COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Interação e sentidos no ciberespaço e na sociedade. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2001.

IX COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Práticas midiáticas e espaço público. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2001.

VIII COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Comunicação e corporeidades. João Pessoa, Editora UFPB, 2000.

VII COMPÓS

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Práticas Discursivas na cultura contemporânea. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 1999.

VI COMPÓS

RUBIM, Antônio Albino C.; BENTZ Ione Maria G.; PINTO, Milton José (org.). Reprodução e recepção dos sentidos midiáticos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

V COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; PINTO, Milton José (org.). Mídia e cultura. Rio de Janeiro, Diadorim: 1997.

IV COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; PINTO, Milton José(org.). O Indivíduo e as Mídias: ensaios sobre Comunicação, Política, Arte e Sociedade no Mundo Contemporâneo. Diadorim: 1996.

III COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; BRAGA, José Luiz; PORTO, Sérgio Dayrell (org.) A encenação dos sentidos mídia cultura e política. Rio de Janeiro, Diadorim: 1995.

II COMPÓS

FAUSTO NETTO, Antônio; BRAGA, José Luiz; PORTO, Sérgio Dayrell (org.). Brasil: comunicação Cultura & Política. Rio de Janeiro, Diadorim: 1994.

I COMPÓS

PEREIRA, Carlos Alberto Messeder; FAUSTO NETTO, Antônio (org.). Comunicação e Cultura Contemporâneas. Rio de Janeiro, Editora Notrya: 1993.

I Interprogramas

AIDAR PRADO, José Luiz (org.) Crítica das práticas midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo, Hacker Editores, 2002.

II Interprogramas

WEBER, Maria Helena; BENTZ, Ione; HOHLFELDT, Antonio (orgs.). Tensões e objetos da pesquisa em comunicação. Porto Alegre, Editora Sulina, 2002.

III Interprogramas

LOPES, Maria Immacolata Vassalo (org.). Epistemologias da comunicação. São Paulo: Loyola, 2003. Fonte: www.compos.org.br, acesso em dezembro de 2011

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Lista de Discussão e site

É através da Lista da Compós, como é chamada, é que associação mantém seus filiados

atualizados sobre as notícias, atividades e demais ações realizadas. Para participar da lista é

necessário o cadastro, que precisa ser referendado pela diretoria da entidade, ou ser convidado

para integrar o grupo, mas todos os filiados a algum programa de pós-graduação podem pleitear

entrar na lista. Atualmente, de acordo com informações do site da entidade, conta com mais de

mil pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-Graduação de todo o Brasil.

No site, disponível no endereço: www.compos.org.br, podem ser acessados os trabalhos

apresentados nos eventos da entidade, desde o ano 2000, além de conter notícias, informações

sobre os programas de pós-graduação filiados, acesso a revista e outras informações. Abaixo

uma imagem do site:

Fonte: www.compos.org.br, acesso em marco de 2011

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Revista Científica

E-Compós, disponível em www.e-compos.org.br, E-ISSN 1808-2599, é uma revista em formato

eletrônico, com periodicidade quadrimestral. Lançada em 2004, “tem como principal finalidade

difundir a produção acadêmica de pesquisadores da área de comunicação, inseridos em

instituições do Brasil e do exterior”. Até o fechamento desta pesquisa estavam disponíveis para

consulta 19 edições. Todas as publicações disponibilizam um dossiê temático.

Aceita material de doutores e doutorandos da Comunicação e de áreas conexas. Mas define que

mestres, mestrando e graduados também poderão enviar trabalhos, desde que em co-autoria.

Obedece aos critérios de qualidade, como: ineditismo, três idiomas (português, inglês e

espanhol), oferece um modelo para submissão e está disponível no Sistema Eletrônico de

Editoração de Revistas (SEER). A publicação está indexada no Latindex:

www.latindex.unam.mx.

INTERCOM e sua contribuição para o ensino e a pesquisa em Comunicação no Brasil

Fundada em 1977, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

(Intercom) constitui-se como principal representante da área da Comunicação no Brasil. Sua

estrutura, funcionamento e, principalmente, as atividades que realiza – como a promoção de

congressos e a publicação de livros e de periódicos, por exemplo – são responsáveis pela

circulação de boa parte do conhecimento produzido e acumulado por pesquisadores desse

campo. Não por acaso, os indicadores que a entidade oferece dão conta de espelhar significativo

perfil de desenvolvimento da área no país.

A história dessa associação científica acompanha a própria história do Brasil contemporâneo.

Idealizada por pesquisadores de São Paulo, a Intercom nasceu num momento em que a ditadura

militar começava a apresentar sinais de declínio e a comunidade científica – não só da

Comunicação, mas também de outras áreas – percebia, nas sociedades civis um espaço

propício para oxigenar ideias e dinamizar o conhecimento que, muitas vezes, não circulava entre

os pares. Tratava-se, portanto, de um tempo de resistência e de luta. A começar pelo fato de que

a Comunicação não era área legitimada sequer dentro do espaço universitário. Embora já

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houvesse, na época, outras duas entidades em funcionamento – a Associação Brasileira de

Ensino e Pesquisa em Comunicação (Abepec) e a União Cristã Brasileira de Comunicação

Social (UCBC) –, “as condições de ensino e pesquisa” com as quais precisavam lidar os

professores da área, os quais chegavam a ser “vistos (e às vezes tratados) com desprezo pelos

colegas de outros campos das ciências sociais no Brasil” (LINS DA SILVA, 1999, p. 76), refletia a

dura realidade do país, a falta de políticas públicas e principalmente, o descaso com que, muitas

vezes, a área era tratada.

Muitos dos relatos que foram feitos pelos sócios fundadores da Intercom, posteriormente,

demonstram que, além dos problemas de legitimação da área, os pesquisadores também

enfrentavam obstáculos gerados pela própria situação política do país. Apesar de aparentar ser

um cenário mais brando, se comparado a momentos extremamente conturbados que

caracterizaram os primeiros anos do regime militar, as organizações formadas por civis não eram

bem vistas. Na verdade, eram consideradas “perigosas”. Por isso mesmo, os primeiros

encontros dos associados, bem como as reuniões de estudos coletivos – que aconteciam

periodicamente –, ocorriam em diferentes lugares, geralmente fora dos muros das universidades.

A constituição oficial da Intercom se deu no dia 12 de dezembro de 1977, durante uma reunião

realizada na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, localizada na Avenida Paulista,

principal centro financeiro da capital do Estado de São Paulo. Foi ali, numa sala de aula, que um

pequeno grupo concretizou o projeto que começara a ser desenhado algum tempo antes, mais

precisamente em julho daquele ano, durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o

Progresso da Ciência (SBPC), realizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-

SP), por incentivo do cardeal Paulo Evaristo Arns. Mesmo em meio a uma conjuntura “pouco

favorável às sociedades civis, arregimentadoras de parcelas expressivas da inteligência

nacional” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 239), os fundadores da nova associação buscavam

promover o avanço dos estudos em Comunicação, definindo estratégias que contemplavam, já

de início, a difusão da crítica coletiva, sistematizada em trabalhos de pesquisa desenvolvidos em

todo o país.

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Estabelecendo diálogos

Dois aspectos revelam a precoce tendência da entidade para a organização dos estudos da

área: a realização de eventos regulares, desde o primeiro ano de existência, e a rápida

ampliação de seu quadro social (PROCESSO, 2000, p. 203). Já em novembro de 1978

(conforme quadro a seguir), foi realizado, em Santos (SP), o I Ciclo de Estudos Interdisciplinares

da Comunicação, posteriormente transformado em Congresso Brasileiro de Pesquisadores da

Comunicação (a partir de 1989) e, finalmente, em Congresso Brasileiro de Ciências da

Comunicação (a partir de 1995).

Aquele primeiro ciclo reuniu 43 participantes, sendo apenas cinco de fora de São Paulo. Pouco

tempo depois, em 1982, o mesmo evento acolheu 165 pesquisadores, dentre os quais 20

oriundos de oito países do exterior: EUA, Alemanha, Portugal, México, Equador, Chile, Argentina

e Uruguai. Vale dizer, ainda, que o trânsito de representantes internacionais da área, pelo Brasil,

teve início em 1981: naquele ano, a Intercom recebeu o pesquisador belga Armand Mattelart, um

dos autores mais influentes na América Latina, que havia residido no Chile de 1962 a 1973 (LINS

DA SILVA, 1999, p. 77); além disso, o mexicano Javier Esteinou Madrid participou do IV Ciclo de

Estudos Interdisciplinares da Comunicação, tendo registrado suas impressões sobre o papel

que, em pouco tempo, a Intercom já aparentava desempenhar no cenário comunicacional latino-

americano (MARQUES DE MELO, 1998, p. 155-157).

Quadro 4 – Relação dos eventos nacionais promovidos pela Intercom (1978-2010)

Título Período Local Tema Central I Ciclo de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação

01 a 04.11.1978

Santos (SP) Estratégia para o Ensino da

Comunicação

II Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

07 a 09.09.1979

São Paulo (SP) Modos de Comunicação das

Classes Subalternas

III Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

04 a 06.09.1980

Taboão da Serra (SP)

Estado, Populismo e Comunicação no Brasil

IV Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

04 a 07.09.1981

São Paulo (SP) Comunicação, Hegemonia e

Contra-Informação

V Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

03 a 07.09.1982

São Paulo (SP) Impasses e Desafios da Pesquisa

em Comunicação

VI Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

03 a 07.09.1983

Bertioga (SP)

Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: Implicações

Políticas, Impacto Sócio-econômico

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VII Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

02 a 07.09.1984

São Paulo (SP) Estado, Sociedade Civil e Meios

de Comunicação

VIII Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

04 a 08.09.1985

Indaiatuba (SP) Comunicação e Educação:

Caminhos Cruzados, Hoje e Amanhã

IX Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

01 a 07.09.1986

São Paulo (SP) Comunicação para o

Desenvolvimento

X Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

04 a 10.09.1987

Campinas (SP) Democracia, Comunicação e

Cultura

XI Ciclo de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação

02 a 07.09.1988

Viçosa (MG) Comunicação Rural

XII Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação

06 a 10.09.1989

Florianópolis (SC) Indústrias Culturais e os Desafios da Integração Latino-americana

XIII Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação

05 a 09.09.1990

Rio de Janeiro (RJ)

40 Anos de TV no Brasil

XIV Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação

04 a 08.09.1991

Porto Alegre (RS) Sistemas de Comunicação e

Identidades na América Latina XV Congresso Brasileiro de

Pesquisadores da Comunicação 14 a

17.10.1992 São Bernardo do

Campo (SP) Comunicação e Meio Ambiente

XVI Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação

03 a 07.09.1993

Vitória (SP) Transformações da Comunicação:

Ética e Técnicas XVII Congresso Brasileiro de

Pesquisadores da Comunicação 02 a

06.09.1994 Piracicaba (SP) Comunicação e Mudanças Sociais

XVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

06 a 10.09.1995

Aracaju (SE) Globalização e Regionalização

das Comunicações

XIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

04 a 07.09.1996

Londrina (PR) Políticas Regionais de

Comunicação: os desafios do Mercosul

XX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

29.08 a 07.09.1997

Santos (SP) 20 anos de Ciências da

Comunicação no Brasil: Avaliação e Perspectivas

XXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

07 a 16.09.1998

Recife (PE) Ciências da Comunicação:

Identidades e Fronteiras

XXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

05 a 09.09.1999

Rio de Janeiro (RJ)

Informação, Mídia e Sociedade. Paradoxos das Comunicações no

Mundo Globalizado XXIII Congresso Brasileiro de

Ciências da Comunicação 02 a

06.09.2000 Manaus (AM) Comunicação e Multiculturalismo

XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

03 a 07.09.2001

Campo Grande (MS)

A mídia impressa, o livro e o desafio das novas tecnologias

XV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

01 a 05.09.2002

Salvador (BA) Comunicação para a Cidadania

XVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

02 a 06.09.2003

Belo Horizonte (MG)

Mídia, Ética e Sociedade

XVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

31.08 a 03.09.2004

Porto Alegre (RS) Comunicação, Acontecimento e

Memória XVIII Congresso Brasileiro de

Ciências da Comunicação 05 a

09.09.2005 Rio de Janeiro

(RJ) Ensino e Pesquisa em

Comunicação XXIX Congresso Brasileiro de

Ciências da Comunicação 06 a

09.09.2006 Brasília (DF) Estado e Comunicação

Page 75: RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

29.08 a 02.09.2007

Santos (SP) Mercado e Comunicação na

Sociedade Digital XXXI Congresso Brasileiro de

Ciências da Comunicação 02 a

06.09.2008 Natal (RN) Mídia, Ecologia e Sociedade

XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

04 a 07.09.2009

Curitiba (PR) Comunicação, Educação e Cultura

na Era Digital XXXIII Congresso Brasileiro de

Ciências da Comunicação 02 a

06.09.2010 Caxias do Sul

(RS) Comunicação, Cultura e

Juventude Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os eventos da Intercom sempre tiveram como principal característica o fato de serem

heterogêneos, “na composição, na origem de seus participantes, na formação deles, na proposta

que tinham” (FARO, 1999, p. 84). Isso sem deixar de lado o fato de que as temáticas escolhidas

sempre procuraram refletir inquietações conjunturais, promovendo diálogos interdisciplinares –

missão que a própria entidade assumiu, já em sua criação – e travando lutas para equacionar

problemas, especialmente aqueles relacionados às políticas públicas de comunicação

(SIMPÓSIO, 2002, p. 257).

É válido dizer, ainda, que um grande desafio da Intercom foi sistematizar seus congressos

anuais de modo a levá-los para diferentes regiões do país. Nas primeiras duas décadas, o

evento nacional só havia sido realizado nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, sendo 14 deles

apenas no Estado de São Paulo; nesse período, outros dois ocorreram no Sudeste (um em

Minas Gerais e outro no Rio de Janeiro), três no Sul (um em cada estado: Santa Catarina, Rio

Grande do Sul e Paraná) e mais um no Nordeste, em Sergipe. Somente com os congressos de

2000 e de 2001, no Amazonas e no Mato Grosso do Sul, respectivamente, é que todas as

regiões foram contempladas; mesmo assim, pode-se notar, no quadro abaixo, que o Centro-

Oeste aparece novamente na lista em 2006; o Norte, por sua vez, ainda não sediou nenhum

outro encontro dessa natureza.

Não obstante as regiões mais privilegiadas correspondam aos espaços “onde estão

concentrados os maiores contingentes dos produtores do conhecimento comunicacional”, a

Intercom assumiu – mediante o crescimento dos cursos de Comunicação em todo o país – “o

compromisso de promover congressos nos espaços mais distanciados, com a intenção de

estimular o desenvolvimento da pesquisa científica” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 182). E isso

começou a partir de 1988, com os Simpósios de Pesquisa em Comunicação (SIPECs),

realizados nas cinco macrorregiões brasileiras. Em 2006, eles passaram a receber o mesmo

nome do evento nacional, com o acréscimo da região promotora (por exemplo, Congresso de

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Ciências da Comunicação na Região Norte)75. Seu objetivo, descrito no site oficial da entidade,

“é instaurar um fértil diálogo plural entre sujeitos diferenciados, no sentido de fomentar as

diversidades regionais para fortalecer a identidade nacional, numa conjuntura marcada pela

globalização” (CONGRESSOS, 2010, on-line).

De volta aos congressos nacionais, vale destacar que eles têm acolhido, nos últimos anos,

contingente superior a 3 mil congressistas, sendo que, em 2002, esse número chegou a 5 mil e,

em 2009, ultrapassou a margem de 4.800, conforme se pode observar no quadro abaixo. Não

sem acaso, o evento é reconhecido por ter se legitimado como “fórum apropriado para

diagnosticar os avanços e recuos do ensino, bem como para mapear as tendências da pesquisa”

(MARQUES DE MELO, 2008, p. 7), destinando espaços para pesquisadores plenos, em

formação e iniciantes. Aliás, um aspecto bastante positivo, reforçado por seus sócios mais

antigos, é que a Intercom se caracteriza como uma “sociedade científica que chama os

estudantes para discutirem os temas da comunicação” (FADUL, 2005, on-line). Além das

reuniões voltadas aos pesquisadores já titulados e aos alunos de mestrado e doutorado, os

congressos – regionais ou nacionais – também oferecem atividades para granduandos, como

oficinas e mesas especiais, além da Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em

Comunicação) e do Intercom Júnior, nos quais os alunos de cursos de graduação podem expor

seus trabalhos experimentais e suas pesquisas de iniciação científica76.

Quadro 5 – Aspectos gerais dos congressos nacionais da Intercom (2000-2010)

Inscritos Sede Abertura Colóquio

Internacional Ano Total Instituição Cidade Tema e Palestrante

Origem do convidado

2000 800 Universidade do

Amazonas (UAM)

Manaus (AM)

Comunicação e cultura na Amazônia

Warnick Estevam Kerr

Instituto de Pesquisa da

Amazônia (Brasil)

III Colóquio Brasil-

Espanha

2001 3.000

Universidade para o

Desenvolvimento do Estado e

Campo Grande

(MS) Não há registro Não há registro

I Colóquio Transfronteiras de Ciências

da

75 Em 2010, a Intercom promoveu os seguintes eventos regionais: 9º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte – Rio Branco (AC); 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Campina Grande (PB); 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia (GO); 15º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Vitória (ES); e 11º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Novo Hamburgo (RS). Em 2011, esses congressos serão realizados, respectivamente, nas cidades de Boa Vista (RR), Maceió (AL), Cuiabá (MT), São Paulo (SP) e Londrina (PR). 76 A Expocom, já em sua 17ª edição (2010), foi realizada desde o 17º Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação, que ocorreu em 1994, na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep); ao longo dos anos, passou por várias configurações e padronizações, até chegar ao regulamento atual. O Intercom Júnior, por sua vez, começou a ser promovido no 28º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2005.

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da Região do Pantanal (Uniderp),

Universidade Católica Dom

Bosco (UCDB), Universidade

Federal de Mato Grosso do Sul

(UFMS)

Comunicação Brasil, Bolívia

e Paraguai

2002 5.000 Universidade do

Estado da Bahia (UNEB)

Salvador (BA)

Não há registro Não há registro

I Colóquio Interamericano de Ciências

da Comunicação

Brasil – Canadá

2003 4.000

Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais (PUC-Minas)

Belo Horizonte

(MG)

Ética? Invoque-se a qualidade

Salvador Alsius

Universidade Pompeu Fabra

(Espanha)

Colóquio Brasil-Italia

2004 Não há registro

Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul

(PUC-RS)

Porto Alegre (RS)

Resistência à memória: um caso de esquecimento público

Andreas Huyssen

Universidade de Columbia

(EUA)

Colóquio Brasil-França

2005 Não há registro

Universidade do Estado do Rio

de Janeiro (UERJ)

Rio de Janeiro (RJ)

Os impasses da pesquisa em comunicação Muniz Sodré

Universidade Federal do Rio de

Janeiro (Brasil)

Colóquio Brasil-

Estados Unidos de

Ciências da Comunicação

2006 3.746 Universidade de Brasília (UnB)

Brasília (DF)

Estado e comunicação no

Brasil Murilo César Ramos

Universidade de Brasília (Brasil)

Colóquio Internacional de Ciências

da Comunicação

2007 3.883

Universidade Católica de

Santos (Unisantos), Universidade Santa Cecília (Unisanta),

Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte)

Santos (SP)

Mercado e comunicação na sociedade digital

Gaudêncio Torquato

Universidade de São Paulo

(Brasil)

Colóquio Binacional de Ciências da

Comunicação Brasil-

Argentina

2008 3.047

Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN),

Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte (UERN), Universidade

Potiguar (UnP)

Natal (RN)

Mídia e ecologia em situações de guerra e

paz Dov Shinar

Center for the Study of Conflict, War and Peace

Coverage, Netanya College

(Israel)

Colóquio Binacional de Ciências da

Comunicação Brasil-

Portugal

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2009 4.835 Universidade Positivo (UP)

Curitiba (PR)

Comunicação, educação e cultura na

era digital Dominique Wolton

Centro Nacional da Pesquisa

Científica (França)

Colóquio Brasil-França

2010 3.845 Universidade de Caxias do Sul

(UCS)

Caxias do Sul (RS)

Juventude, comunicação e mudança social Thomas Tufte

Roskilde University

(Dinamarca)

Colóquio Brasil-EUA

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os convidados das conferências de abertura são escolhas cuidadosas da Intercom, uma vez que

como pode ser observado no quadro acima, esses são notadamente especialistas, reconhecidos

nacional e internacionalmente pela comunidade científica, nas temáticas abordadas. Mas do que

privilegiar a região ou os centros hegemônicos de estudos em comunicação, a escolha do

conferencista central busca apresentar para os participantes do evento o “estado da arte” com

referência ao tema central escolhido para o debate, naquele ano. Também é importante destacar

que foi a partir de 2001 que uma nova sistemática da escolha do tema do congresso, através de

consulta prévia aos sócios da entidade, foi inaugurada.

Fazendo uma média aritmética simples, o número de inscritos no congresso tem apresentado

uma cifra acima de 3500 participantes-ano, isso sem contar os não inscritos, que acabam

circulando durante todo o evento. Esse número oferece a dimensão aproximada da

representatividade da entidade em termos de interessados em comunicação, alunos da pós-

graduação e da graduação, profissionais, especialistas, professores, pesquisadores e estudiosos

da área. É possível afirmar que essa multiplicidade de público tem sido uma das marcas mais

fortes da Intercom, sendo ela a única entidade científica a contemplar os diversos estágios

(graduação, pós-graduação, especialização, mestrado, doutorado e estudantes em todas essas

modalidades) do desenvolvimento dos estudos na área.

Desde sua fundação a entidade manteve a periodicidade de seu congresso anual, a diversidade

no que tange ao tema central tratado e tem ampliado significativamente a quantidade de eventos

paralelos realizados durante o seu Congresso Nacional. Essas outras atividades, por si,

permitem o dimensionamento de uma nova investigação, quem sabe a ser realizada por essa

equipe.

Sempre realizado na “semana da pátria”, o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

conta com diversos apoios, como os de agências de fomento – Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento

Page 79: RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fapesp

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) –, de instituições representativas

para a área – como a Cátedra Unesco/Metodista de Comunicação para o Desenvolvimento

Regional, a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e a

Associação Brasileira de Comunciação Empresarial (Aberje) –, de instituições privadas – Editora

Paulus, Vivo, Ford Fundation, Globo Universidade e Itaú Cultural, por exemplo – e de outras

empresas situadas nas cidades que recebem o evento.

Para além da dinamização das atividades com a finalidade de estreitar as fronteiras internas do

Brasil, a Intercom buscou também internacionalizar suas frentes de atuação, com os colóquios

binacionais. As primeias iniciativas ocorreram em 1988 e 1992, com o I e o II Colóquio Brasil-

México, resultantes de projeto de pesquisa comparada (HISTÓRICO, 2010, on-line). A partir daí,

já foram estabelecidas parcerias com outros onze países, como se pode ver no quadro abaixo.

Quadro 6 – Relação dos colóquios binacionais promovidos pela Intercom (1992-2010)

Países Parceiros Ano Local Nome do Colóquio

Brasil-Argentina 2007 Universidade Santa Cecília

(Unisanta), Santos (SP), Brasil I Colóquio Brasil-Argentina de

Ciências da Comunicação

Brasil-Argentina 2009 Universidad Nacional de Cuyo,

Mendoza, Argentina II Colóquio Argentina-Brasil de

Ciências da Comunicação

Brasil-Canadá 2002 Universidade do Estado da Bahia

(UNEB), Salvador (BA), Brasil I Colóquio Brasil-Canadá em

Comunicações

Brasil-Canadá 2005 Université du Québec à Montreal,

Montreal, Canadá II Colóquio Canadá-Brasil em

Comunicações

Brasil-Chile 2007 Pontificia Universidad Católica de

Chile, Santiago, Chile I Colóquio Brasil-Chile de Ciências da

Comunicação

Brasil-China 2010 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória (ES), Brasil

I Colóquio Brasil-China de Ciências da Comunicação

Brasil-Dinamarca 1996 Universidade Estadual de Londrina

(UEL), Londrina (PR), Brasil I Colóquio Brasil-Dinamarca de

Ciências da Comunicação

Brasil-Espanha 1996 Universidade Estadual de Londrina

(UEL), Londrina (PR), Brasil I Colóquio Brasil-Espanha de Ciências

da Comunicação

Brasil-Espanha 1998 Universidad de Santiago de Compostela, Santiago de

Compostela, Espanha

II Colóquio Espanha-Brasil de Ciências da Comunicação

Brasil-Espanha 2000 Universidade do Amazonas (UAM),

Manaus (AM), Brasil III Colóquio Brasil-Espanha de

Ciências da Comunicação

Brasil-Espanha 2006 Facultad de Ciencias de la

Comunicación de la Universidad de Málaga, Málaga, Espanha

IV Colóquio Espanha-Brasil de Ciências da Comunicação

Brasil-Espanha 2008 Universidade de Brasília (UnB),

Brasília (DF), Brasil V Colóquio Brasil-Espanha de

Ciências da Comunicação

Brasil-Estados Unidos 2004 University of Texas, Austin, Estados

Unidos I Colóquio Brasil-Estados Unidos de

Ciências da Comunicação

Brasil-Estados Unidos 2005 Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

II Colóquio Brasil-Estados Unidos de Ciências da Comunicação

Brasil-Estados Unidos 2008 Tulane University, New Orleans,

Estados Unidos III Colóquio Brasil-Estados Unidos de

Estudos da Comunicação

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Brasil-Estados Unidos 2010 Universidade de Caxias do Sul

(UCS), Caxias do Sul (RS), Brasil IV Colóquio Brasil-Estados Unidos de

Estudos da Comunicação

Brasil-França 1992 Universidade Metodista de São

Paulo (Umesp), São Bernardo do Campo (SP), Brasil

I Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação

Brasil-França 1993 Paris, França II Colóquio Brasil-França de Ciências

da Comunicação

Brasil-França 1995 Universidade Federal de Sergipe

(UFS), Aracajú (SE), Brasil III Colóquio Brasil-França de Ciências

da Comunicação

Brasil-França 1996 Grenoble Echirolles, França IV Colóquio Brasil-França de Ciências

da Comunicação

Brasil-França 1998 Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), Recife (PE), Brasil

V Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação

Brasil-França 2001 Universidade de Poitiers, França VI Colóquio Brasil-França de Ciências

da Comunicação

Brasil-França 2004 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto

Alegre (RS), Brasil

VII Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação

Brasil-França 2006 Université Stendhal-Grenoble III,

Échirolles, França VIII Colóquio Brasil-França de

Ciências da Comunicação

Brasil-França 2009 Universidade Positivo (UP), Curitiba

(PR), Brasil IX Colóquio Brasil-França de Ciências

da Comunicação

Brasil-França 2010

Institut des Cciences de la Communication du CNRS e

Université de Bourgogne, Paris e Dijon, França

X Colóquio França-Brasil de Ciências da Comunicação

Brasil-Grã-Bretanha 1999 Universidade Gama Filho (UGF),

Rio de Janeiro (RJ), Brasil I Colóquio Brasil-Grã-Bretanha de

Ciências da Comunicação

Brasil-Itália 1997 Universidade Santa Cecília

(Unisanta), Santos (SP), Brasil I Colóquio Brasil-Itália de Ciências da

Comunicação

Brasil-Itália 2001 Università di Firenze-Intercom,

Firenze, Itália II Colóquio Brasil-Itália de Ciências da

Comunicação

Brasil-Itália 2003 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Belo

Horizonte (MG), Brasil

III Colóquio Brasil-Itália de Ciências da Comunicação

Brasil-México 2007 Universidad Autónoma Benito Juárez de Oaxaca, Tabasco,

México

I Colóquio Brasil-México de Ciências da Comunicação

Brasil-México 2009 Escola Superior de Propaganda e

Marketing (ESPM), São Paulo (SP), Brasil

II Colóquio Binacional Brasil-México de Ciências da Comunicação

Brasil-Portugal 2008 Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), Rio Grande do Norte (RN), Brasil

I Colóquio Brasil-Portugal de Ciências da Comunicação

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A estrutura dos colóquios prevê a seleção de trabalhos propostos por pesquisadores brasileiros

e estrangeiros, sempre reunidos em torno de um tema central, que resume e organiza os

interesses e as urgências do campo comunicacional das nacionalidades envolvidas. Realizados

dentro ou fora do país, esses espaços de diálogo geram publicações e outras parcerias que

contribuem com o avanço dos debates nas nações envolvidas e a divulgação das pesquisas

realizadas e apresentadas durante o evento.

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Publicações: contribuições para a divulgação da pesquisa no país

Desde cedo, as publicações se constituíram como uma das principais frentes de trabalho da

Intercom. Sua primeira experiência foi, notadamente, o Boletim Intercom, publicado pela primeira

vez em março de 1978, tamanho ofício, 10 páginas, dividido em nove editorias: 1) ensino; 2)

pesquisa; 3) profissão; 4) veículos; 5) bibliografia; 6) eventos; 7) serviço; 8) noticiário geral; 9)

notícias dos sócios. Tratava-se de periódico mensal destinado à divulgação dos trabalhos da

entidade recém-criada, tendo caráter mais informativo do que científico, não obstante também

apresentasse pesquisas de associados e, em algumas edições, oferecesse aos leitores material

de apoio ao desenvolvimento de investigações, como é o caso do suplemento “Bibliografia

Corrente da Comunicação”, organizado por José Marques de Melo e anexado à edição nº 3.

O Boletim Intercom era, inicialmente, editado por Carlos Eduardo Lins da Silva, que também era

redator, junto com Marques de Melo. Posteriormente, a equipe de editores passou a ser

alternada a cada edição, sendo que foi fundamental o apoio de alguns sócios, além dos já

citados, conforme registra Tyciane Vaz (2007, p. 233): Alice Mitika Koshiyama, Anamaria Fadul,

Anna Mae Barbosa, Carlos Alberto Adi Vieira, Edilson Francisco Braga, Edvaldo Pereira Lima,

Gaudêncio Torquato, Jomar Moraes, José Salvador Faro, Luiz Fernando Santoro, Manolo

Morán, Margarida Kunsch, Mário Erbolato, Ricardo Holanda, Roberto Queiroz, Rogério

Candengue, Valdenízio Petrolli e Wilson Bueno.

Em 1983, ao completar cinco anos, o boletim foi transformado em Caderno Intercom (a partir da

edição nº 37). A principal característica dessa mudança é que seu perfil deixou de ser mais

noticioso, para se tornar mais crítico, com a publicação de artigos dos sócios. A ideia era

justamente que a publicação acompanhasse o próprio crescimento da Intercom e que servisse

de tribuna para a crítica dos meios de comunicação e para a divulgação de textos com natureza

ensaística, como sugeriam os títulos das seções: “Fórum de Debates”, “Reportagens”, “Ensaios”,

“Resenhas” e “Ideias em Confronto”.

O caderno não teve “vida longa”. Já no ano seguinte ao seu surgimento, nova mudança o

transformou em Revista Brasileira de Comunicação, formato “mais bem aceito na academia” e

que contribui para a publicação “ganhar mais projeção, com a difusão de trabalhos importantes

do campo da comunicação” (VAZ, 2007, p. 235). Em 1984, a partir da edição nº 51, deu-se início

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à terceira fase do principal periódico da Intercom, que passou a contar com apoio do CNPq e da

Finep, bem como de empresas de informática. Além disso, foram abertos espaços para

anunciantes, uma maneira que a diretoria encontrou para garantir a autonomia financeira da

revista, uma vez que a associação não tinha condições de arcar com as despesas de confecção

e impressão do material.

Ao assumir o título de revista, a publicação passou a ser semestral. Todavia, manteve a

numeração somada desde o Boletim Intercom. Somente em 1992 é que se começa nova

contagem, para atender às exigências acadêmicas e para integrar o periódico ao circuito

internacional das revistas em comunicação. A etapa é iniciada pelo volume XV.

Nova denominação foi atribuída em 1998, marcando uma postura mais científica e

comprometida, primordialmente, com a divulgação de novas pesquisas: Revista Brasileira de

Ciências da Comunicação (também identificada pelo próprio nome da entidade77 ou, então, pela

sigla RBCC). Dessa maneira, passou a ter forma e escopo adequados a um periódico de sua

natureza, conquistando reconhecimento nacional, com o Qualis B178, conferido, atualmente, pela

Capes.

Ainda como vestígio da fase anterior, a Revista Brasileira de Ciências da Comunicação foi

publicada, até 2006, com edições temáticas (muito embora também abrisse espaço, em cada

número, para artigos que não fossem atrelados ao eixo central). Naquele ano, porém, além de

apresentar projeto gráfico renovado, a escolha desses temas foi deixada de lado. A justificativa

para a mudança foi expressa no primeiro número do volume XXIX: “Trata-se de uma estratégia

que reflete sua postura editorial de trabalhar com textos espontaneamente enviados e

submetidos ao Conselho Editorial, cuja seleção final leva em conta o mérito do estudo, e não

mais do tema. Nesses moldes, evita-se também a necessidade de ‘encomendar’ artigos”

(PERUZZO & REBOUÇAS, 2006, p. 11).

77 É interessante notar como o nome “Intercom” passou, ao longo dos anos, a ser utilizado para diferentes situações. O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, por exemplo, é popularmente chamado de “congresso Intercom”. Além disso, a revista da entidade é impressa, atualmente, com o nome Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. 78 Qualis é um conjunto de procedimentos adotados pela Capes para atestar a qualidade das revistas científicas publicadas no Brasil e no mundo. Os “estratos indicativos” são A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. É importante acrescentar que B1 é o grau máximo atribuído, até hoje, a publicações da área da Comunicação.

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Semestralmente, a Intercom ainda publica a Revista Brasileira de Iniciação Científica em

Comunicação (Iniciacom) e a Revista Brasileira de Inovação Científica em Comunicação

(Inovcom), ambas lançadas em 2006. A primeira é destinada a trabalhos elaborados por alunos

de cursos de graduação, supervisionados por professores-pesquisadores; já a segunda é voltada

para pesquisadores graduados que estejam cursando – ou tenham concluído – curso de pós-

graduação lato sensu (especialização) ou, então, que sejam mestrandos. Mas o projeto mais

novo é a Revista de Divulgação (Bibliocom), análise e crítica da produção bibliográfica,

hemerográfica e reprográfica em ciências da comunicação; criada em 2008, ela publica resenhas

de publicações recentes, além de apresentar, em cada edição, um texto sobre o estado da arte

de algum assunto em destaque.

Essas três revistas são publicadas exclusivamente em formato digital, sendo hospedadas no

Portcom (Portal de Livre Acesso à Produção em Ciências da Comunicação)79, que pode

considerado um capítulo à parte na história da entidade. Muito embora hoje seja constituído

como portal na rede mundial de computadores, no qual é possível encontrar documentos de

diferentes naturezas, todos digitalizados, sua história tem origem logo nos primeiros anos da

entidade, quando a internet estava longe de ser comercial. Uma publicação de 1984, coordenada

por José Marques de Melo – Inventário da pesquisa em comunicação no Brasil – já apresentava,

em sua segunda capa, os trabalhos do PORT-COM – sigla grafada desta maneira –, identificado

como Centro de Documentação em Comunicação de Países de Língua Portuguesa, “destinado a

recuperar, sistematizar e divulgar informações sobre os documentos produzidos pelos

pesquisadores e centros de pesquisa que atuam nos países de Língua Portuguesa das

Américas, Europa e África, e que enfocam questões de Comunicação”.

Posteriormente, o Portcom passou a ser chamado de Rede de Informação em Comunicação dos

Países de Língua Portuguesa, mantendo a mesma sigla. Ao ter seu conteúdo transferido para a

internet, o acervo foi intitulado Portal de Livre Acesso à Produção em Ciências da Comunicação,

também utilizando a rubrica Portcom para reconhecimento. Atualmente, na página da Intercom,

sua apresentação é a seguinte:

Portcom é um sistema on-line que permite o acesso gratuito aos textos, papers, capítulos de livros e demais produções bibliográficas apresentadas nos diversos encontros realizados pela Intercom. Entre esses eventos, destacam-se o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,

79 Desde 2006, a Revista Brasileira de Ciências da Comunicação também é disponibilizada na internet, em formato PDF, além de continuar com a versão impressa.

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congressos regionais, seminários, workshops e palestras. Estão disponibilizados no portal livros, materiais audiovisuais, teses, dissertações, e-books, documentos da Intercom, entre outros (PORTCOM, 2010, on-line).

Além dos itens mencionados em sua apresentação, o Portcom mantém o Projeto Memória, ainda

em fase de construção, que deve abrigar documentos sobre a história da Intercom.

Vale, ainda, registrar outros dois canais digitais que têm dado visibilidade à associação: o Portal

Intercom – que juntamente com o Portcom passou por reformulação em 2010 –, no qual há todo

o conteúdo dos eventos, das publicações e de outras ações permanentes ou esporádicas, e o

Jornal Intercom – inicialmente chamado de Intercom Notícias –, que começou a ser editado no

dia 21 de setembro de 2005, exclusivamente na internet, e que se tornou responsável por manter

os sócios informados sobre as atividades da entidade e sobre a agenda da comunidade

acadêmica.

Abaixo imagem do portal da Intercom e do Portcom, que permitem visualizar a grande gama de

informações que são disponibilizadas aos sócios.

Portal da Intercom. Disponível em www.intercom.org.br, acesso em março de 2011.

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Portcom. Disponível em www.intercom.org.br, acesso em março de 2011. Assim como as publicações periódicas, os livros também fazem parte da história da Intercom

desde seus primórdios. A primeira iniciativa foi a obra que resultou do I Ciclo de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação: Ideologia e poder no ensino de Comunicação, organizada por

José Marques de Melo, Anamaria Fadul e Carlos Eduardo Lins da Silva, editada pela Intercom

em parceria com a Cortez & Moraes, em 1979. A partir de então, vários livros vêm sendo

publicado, anualmente, alguns dos quais tendo se tornado referência em todo o país.

Em 2007, a equipe do Portcom, ainda sob comando da professora Sueli Mara Soares Pinto

Ferreira, da USP, elaborou um catálogo de publicações intitulado Acervo Físico da Intercom.

Nessa relação, constam todos os livros publicados de 1978 a 2007, divididos em oito conjuntos –

1) Coleção Edições Especiais; 2) Coleção Colóquios Internacionais; 3) Coleção Núcleos de

Pesquisa; 4) Coleção Grupos de Trabalho; 5) Coleção Estudos Contemporâneos em

Comunicação; 6) Coleção Intercom de Comunicação; 7) Coleção Ciclos de Estudos; e 8) Livros

Avulsos –, conforme demonstra o quadro a seguir a seguir:

Quadro 7 – Catálogo de livros da Intercom elaborado pela equipe do Portcom (2007)

1. Coleção Edições Especiais

PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Intercom – 25 anos. São Paulo: Intercom, 2002. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; MARQUES DE MELO, José; MOREIRA, Sonia Virgínia; BRAGANÇA, Aníbal (org.). Pensamento comunicacional brasileiro / Brazilian research in communication. São Paulo: Intercom, 2005.

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2. Coleção Colóquios Internacionais

KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne (org). France-Brésil: recherches récentes en sciences de la communication. São Paulo: Intercom, 1992; Paris: SFSIC, 1993. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne; BOLAÑO, César (org). Os processos de globalização e mundialização: tecnologias, estratégias e conteúdo. Sergipe: Intercom / SFSIC, 1995. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne; LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Pratiques culturelles, communication et citoyennete. Paris: Intercom / SFSIC, 1996. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Temas contemporâneos em Comunicação. São Paulo: Intercom / Edicom, 1997. ANDIÓN, Margarita Ledo; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org).Comunicación audiovisual: investigación e formación universitarias. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela, 1999. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; BUONANNO, Milly (org). Comunicação no plural: estudos de comunicação no Brasil e na Itália. São Paulo: Intercom / Educ, 2000. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; FRAU-MEIGS, Divina; SANTOS, Maria Salett Tauk (org). Comunicação e Informação: identidades e fronteiras. São Paulo: Intercom, 2000 ; Recife Bagaço, 2000. SOUZA, Lícia Soares de; LAVALLÉE, Denise Gurgel; TREMBLAY, Gaetan; REBOUÇAS, Edgard (org). América, terra de utopias. Salvador: EdUNEB, 2003. (Tomos 1 e 2) LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; BUONANNO, Milly (org). Comunicação Social e Ética: Colóquio Brasil-Itália. São Paulo: Intercom, 2005. HAUSSEN, Doris Fagundes; CIMADEVILLA, Gustavo; MORAIS, Osvando José de (org). A comunicação no mercado digital: 1º Colóquio Brasil – Argentina. São Paulo: Intercom, 2007 ; Santos: Unisanta, Unisantos e Unimonte, 2007.

3. Coleção Núcleos de Pesquisa

BARBOSA, Marialva (org). Estudos de Jornalismo (I). Campo Grande: Intercom, 2001. BAUM, Ana (org). Vargas, agosto de 54: a história contada pelas ondas do rádio. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. BREGUEZ, Sebastião (org). Folkcomunicação: resistência cultural na sociedade globalizada. Belo Horizonte: Intercom, 2004. MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio; CAMARGO, Vera Regina Toledo (org). Comunicação e Esporte: tendências. Santa Maria: Pallotti, 2005. MEDITSCH, Eduardo (org). Teorias do rádio: textos e contextos. v.1. Santa Catarina: Insular, 2005. MARQUES, José Carlos (org). Comunicação e Esporte: diálogos possíveis. São Paulo: Artcolor, 2007.

4. Coleção Grupos de Trabalho

BORELLI, Sílvia Helena Simões (org). Gêneros ficcionais, produção e cotidiano na cultura de massa. São Paulo: Intercom, 1994. MARQUES DE MELO, José (org). Transformações do jornalismo brasileiro: ética e técnica. São Paulo: Intercom, 1994. PINHO, José Benedito (org). Trajetória e questões contemporâneas da publicidade brasileira. São Paulo: Intercom, 1994. (segunda edição em 1998) PERUZZO, Cicilia Maria Krohling (org). Comunicação e culturas populares. São Paulo: Intercom, 1995. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira (org). Economia política das telecomunicações, da informação e da comunicação. São Paulo: Intercom, 1995. MATTOS, Sérgio (org). A televisão e as políticas regionais de comunicação. Salvador / São Paulo: Intercom, 1997. CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara (org). As histórias em quadrinhos no Brasil: teoria e prática. São Paulo: Intercom, 1997. PINHO, José Benedito (org). Trajetória e questões contemporâneas da publicidade brasileira. São Paulo: Intercom, 1998. CALLOU, Angelo Brás Fernandes (org). Comunicação rural e o novo espaço agrário. São Paulo: Intercom, 1999.

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DEL BIANCO, Nélia Rodrigues; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Rádio no Brasil: tendências e perspectivas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999 ; Brasília: UnB, 1999. MATTOS, Sérgio (org). A televisão na era da globalização. Salvador: Edições Ianamá, 1999 / São Paulo: Intercom, 1999. MOREIRA, Sonia Virgínia; DEL BIANCO, Nélia Rodrigues (org). Desafios do rádio no século XXI. São Paulo: Intercom, 2001; Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. CALLOU, Angelo Brás Fernandes (org). Comunicação rural, tecnologia e desenvolvimento local. São Paulo: Intercom, 2002; Recife: Bagaço, 2002.

5. Coleção Estudos Contemporâneos em

Comunicação

SILVEIRA, Miguel Angelo da; CANUTO, João Carlos (org). Estudos de comunicação rural. São Paulo: Intercom / Loyola, 1988. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; FERNANDES, Francisco Assis Martins (org). Comunicação, democracia e cultura. São Paulo: Intercom / Loyola, 1989.

6. Coleção Intercom de Comunicação

FARO, José Salvador. A universidade fora de si: a Intercom e a organização dos estudos de comunicação no Brasil. São Paulo: Intercom, 1992. KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Indústrias culturais e os desafios da integração latino-americana. São Paulo: Intercom, 1993. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; BRAGA, Geraldo Magela (org). Comunicação rural: discurso e prática. Viçosa: UFV, 1993. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Transformações da Comunicação: ética e técnica. Vitória: Fundação Ceciliano Abel de Almeida / UFES, 1995. MARQUES DE MELO, José (org). Fontes para o estudo da Comunicação. São Paulo: Intercom, 1995. DENCKER, Ada de Freitas Maneti; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Comunicação e meio ambiente. São Paulo: Intercom, 1996. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; MARQUES DE MELO, José (org). Políticas regionais de comunicação: o desafio do Mercosul. Londrina: Intercom / UEL, 1997. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; DENCKER, Ada de Freitas Maneti (org). Produção científica brasileira em comunicação – década de 80: análises, tendências e perspectivas. São Paulo: Edicon, 1997. QUEIROZ, Adolpho; ALMEIDA, Fernando (org). Comunicação e mudanças sociais. Piracicaba: Ponto Final / Intercom, 1999. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira (org). Globalização e regionalização das comunicações. São Paulo: EDUC / UFSE, 1999. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Vinte anos de ciências da comunicação no Brasil: tendências e perspectivas. Santos: UNISANTA, 1999. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; PINHO, José Benedito (org). Comunicação e multiculturalismo. São Paulo: Intercom, 2001; Manaus: Universidade do Amazonas, 2001. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; BRITTES, Juçara (org). Sociedade da informação e novas mídias: participação ou exclusão? São Paulo: Intercom, 2002. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; ALMEIDA, Fernando Ferreira de (org). A mídia impressa, o livro e as novas tecnologias. São Paulo: Intercom; UNIDERP, 2002. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; SILVA, Robson Bastos (org). Retrato do ensino em Comunicação no Brasil: análises e Tendências. São Paulo: Intercom, 2003; Taubaté: UNITAU, 2003. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; ALMEIDA, Fernando Ferreira de (org). Comunicação para a cidadania. São Paulo: Intercom, 2003 ; Salvador: UNEB, 2003. MOREIRA, Sonia Virgínia; BRAGANÇA, Aníbal (org). Mídia, ética e sociedade. Belo Horizonte: PUC Minas / Intercom, 2004. BRAGANÇA, Aníbal; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Comunicação, acontecimento e memória. São Paulo: Intercom, 2005. MOREIRA, Sonia Virgínia; VIEIRA, João Pedro Dias (org). Ensino e pesquisa

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em comunicação. São Paulo: Intercom, 2006 ; Rio de Janeiro: UERJ, 2006. MARQUES DE MELO, José; MORAIS, Osvando J. de (org).Mercado e comunicação na sociedade digital. São Paulo: Intercom, 2007; Santos: Unisanta / Unisantos / Unimonte, 2007.

7. Coleção Ciclos de Estudo

MARQUES DE MELO, José; FADUL, Anamaria; SILVA, Carlos Eduardo Lins da (org). Ideologia e poder no ensino de Comunicação. São Paulo: Cortez & Moraes / Intercom, 1979. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação e classes subalternas. São Paulo: Cortez, 1980. MARQUES DE MELO, José (org). Populismo e comunicação. São Paulo: Cortez, 1981. SILVA, Carlos Eduardo Lins da (org). Comunicação, hegemonia e contra-informação. São Paulo: Cortez / Intercom, 1982 MARQUES DE MELO, José (org). Temas básicos em comunicação. São Paulo: Paulinas, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Pesquisa em comunicação no Brasil: tendências e perspectivas. São Paulo: Cortez / Intercom, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Teoria e Pesquisa em Comunicação: panorama latino-americano. São Paulo: Cortez, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Inventário da pesquisa em Comunicação no Brasil (1883-1983). São Paulo: CNPq / CIID, 1984. FERREIRA, Jerusa Pires; MILANESI, Luis (org). Jornadas mpertinentes: o obsceno. São Paulo: Hucitec, 1985. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação e transição democrática. São Paulo: Mercado Aberto / Intercom, 1985. KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Comunicação e educação: caminhos cruzados. São Paulo: Loyola, 1986. FADUL, Anamaria (org). Novas tecnologias de comunicação. São Paulo: Summus, 1986. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação na América Latina: desenvolvimento e crise. São Paulo: Papirus, 1988. HAUSSEN, Doris Fagundes (org). Sistemas de comunicação e identidades na América Latina. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1989.

8. Livros Avulsos KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Ensino de comunicação: qualidade na formação acadêmico-profissional. – São Paulo: ECA - USP / Intercom, 2007. MARQUES DE MELO, José; PAIVA, Raquel (org). Ícones da sociedade midiática: da aldeia de McLuhan ao planeta de Bill Gates. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007; São Paulo: Intercom, 2007.

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 O levantamento feito pelo Portcom não foi totalmente reproduzido na tabela anterior. Isso porque

aquele próprio documento apresentou obras que a equipe considerou não ter vínculo direto com

a Intercom, muito embora tenham sido organizados e/ou escritos individualmente por seus

sócios.

Também é importante deixar registrados os livros que foram publicados após o referido

levantamento ter sido elaborado, inclusive os que se encaixam em novos selos. Em síntese, são

os seguintes:

Quadro 8 – Novos livros da Intercom (2007-2010)

Novos volumes da Coleção Intercom de Comunicação

RAMOS, Murilo; DEL BIANO, Nélia (org). Estado e Comunicação. Brasília: Casa das Musas; São Paulo: Intercom, 2008. MARQUES DE MELO, José (org). Mídia, Ecologia e Sociedade. São

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Paulo: Intercom, 2008. BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando J. de; Fernandes, Marcio (org). Comunicação, educação e cultura na era digital. São Paulo: Intercom, 2009. BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando J. de (org). Comunicação, cultura e juventude. São Paulo: Intercom, 2010.

Coleção Verde-Amarela

BARBOSA, Marialva (org). Vanguarda do pensamento comunicacional brasileiro: as contribuições da Intercom (1977-2007). v. 1 – O sonho intenso. São Paulo: Intercom, 2007. PINHO, J. B. (org). Comunicação brasileira no século XXI: Intercom – ação, reflexão. v. 2 – A clava forte. São Paulo: Intercom, 2007. MORAIS, Osvando J. de (org). Tendências da pesquisa em comunicação no Brasil. v. 3 – Os raios fúlgidos. São Paulo: Intercom, 2008. GOBBI, Maria Cristina (org). Ciências da Comunicação no Brasil democrático. v. 4 – As margens plácidas. São Paulo: Intercom, 2008.

Coleção Memória

MARQUES DE MELO, José; MORAIS, Osvando J. de (org). Vozes de resistência e combate: o legado crítico da comunidade acadêmica. São Paulo: Intercom, 2010. GOBBI, Maria Cristina (org). Teoria da Comunicação: antologia de pensadores brasileiros. São Paulo: Intercom, 2010.

Coleção Memória (Série Personalidades)

HOHLFELDT, Antonio (org). José Marques de Melo, construtor de utopias. São Paulo: Intercom, 2010.

Coleção Memória (Série Documentos)

MORAIS, Osvando J. de (org). Procedimentos INTERCOM: Roteiro, Técnica e Métodos. São Paulo: Intercom, 2010.

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Por fim, cabe dizer que, desde 2008, os associados estão às voltas com um amplo projeto da

Enciclopédia Intercom de Comunicação, dividida em três volumes:

� vol. 1 – Dicionário Brasileiro do Conhecimento Comunicacional – Conceitos (termos,

expressões e referências indispensáveis ao conhecimento do campo pelas pessoas que se

iniciam no estudo na prática do ofício);

� vol. 2 – Dicionário Brasileiro do Pensamento Comunicacional – Autores e escolas (palavras-

chave referentes aos principais autores, obras, escolas e correntes de ideias);

� vol. 3 – Dicionário Brasileiro dos Processos Comunicacionais – Entidades e processos

(termos básicos empregados pelas corporações profissionais e consagrados pela sociedade,

assimilados pela academia).

Os verbetes da enciclopédia são redigidos pelos sócios e submetidos a um conselho editorial,

responsável por aprovar sua publicação. Uma edição inicial do primeiro volume, em formato

digital, foi lançada durante o 33º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado

em Caxias do Sul (RS), em 2010. A edição impressa deve começar a circular em 2011.

Page 90: RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

Artífices da Comunicação

Um aspecto interessante marca as diretorias que estiveram à frente da Intercom, ao longo de

sua trajetória: o equilíbrio entre gêneros, o qual, até certa altura, chegou a ser percebido pelo

rodízio entre uma gestão masculina e uma feminina (BERTI, 2007, p. 228). Até 2010, dez

pesquisadores já ocuparam o posto de presidente da entidade – durante quinze gestões –,

sendo seis homens e cinco mulheres.

Quadro 9 – Relação de presidentes da Intercom (1977-2010)

Presidente Gestão Estado de Atuação José Marques de Melo 1977-1979; 1979-1981; 1981-1983; 2005-2008 São Paulo

Anamaria Fadul 1983-1985 São Paulo Gaudêncio Torquato 1985-1987 São Paulo Margarida Kunsch 1987-1989; 1991-1993 São Paulo Manuel Chaparro 1989-1991 São Paulo Adolpho Queiroz 1993-1995 São Paulo

Maria Immacolata Vassallo de Lopes 1995-1997 São Paulo José Salvador Faro 1997-1999 São Paulo

Cicilia Peruzzo 1999-2002 São Paulo Sonia Virgínia Moreira 2002-2005 Rio de Janeiro

Antônio Hohlfeldt 2008-2011 Rio Grande do Sul Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A partir do quadro acima, três considerações podem ser feitas. A primeira é que José Marques

de Melo e Margarida Kunsch foram os únicos, dentre os dez nomes listados, que presidiram a

Intercom por mais de um mandato; aliás, o primeiro deles, notadamente o principal artífice

responsável pela criação dessa sociedade, é também seu Presidente de Honra, atuando, com

alguns outros ex-presidentes, junto ao conselho curador da entidade.

O segundo aspecto recai sobre a duração dos mandatos. Até 1999, as gestões eram de dois

anos; a partir daquele ano, passaram para três anos.

A terceira observação a ser registrada é que os oito primeiros presidentes atuam

profissionalmente no Estado de São Paulo – ou, mais precisamente, na Universidade de São

Paulo (USP) e na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), duas instituições que tiveram

importante papel no processo de consolidação da Intercom. Somente os dois últimos

pesquisadores listados são de outros estados, sendo apenas um deles de outra região que não a

Sudeste. A principal razão de tal panorama reside no fato de que a Intercom, por muito tempo,

enfrentou diversos desafios para se manter financeiramente, o que de certo inviabilizava manter

uma diretoria afastada de sua sede; além disso, há o fator humano, relacionado à mobilização

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centrada, nos primeiros anos da instituição, em professores da USP e da Umesp, muitos deles

orientados ou motivados por Marques de Melo.

Reconhecimento aos pares: prêmios oferecidos

Como reconhecimento ao trabalho desenvolvido por pesquisadores e por entidades

representativas, a Intercom oferece, anualmente, uma série de prêmios. O principal deles é, sem

dúvida, o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, criado em 1997 e destinado a quatro

segmentos (duas personalidades e duas instituições). A saber:

1. Personalidades

1.1. Liderança emergente – destinado a jovem doutor que esteja adquirindo projeção local ou

regional pela seriedade e produtividade do trabalho desenvolvido, pela capacidade de liderar

projetos/equipes e pela busca de conexões nacionais/internacionais.

1.2. Maturidade acadêmica – destinado a pesquisador-sênior, autor de estudos significativos e

produtor de conhecimento comunicacional que tenha obtido reconhecimento nacional e/ou

internacional.

2. Instituições

2.1. Grupo inovador – destinado a núcleos de pesquisa que venham se destacando pela

capacidade de inovar nos planos teórico, metodológico, tecnológico ou pragmático, construindo

ideias, gerando produtos ou modelos comunicacionais.

2.2. Instituição paradigmática – destinado a cursos, departamentos, escolas, institutos,

empresas, sindicatos, associações, igrejas, ONGs ou órgãos públicos que tenham se

notabilizado pela criação / manutenção / fortalecimento de programas de pesquisa sistemática

dos fenômenos comunicacionais.

As candidaturas são feitas anualmente, sempre no primeiro semestre, e a escolha é decidida por

um colegiado, composto pelos ex-presidentes da Intercom e pelos vencedores do Prêmio Luiz

Beltrão na categoria “Maturidade Acadêmica”.

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Há, ainda, os prêmios estudantis, instituídos em 2006 e que destinados a reconhecer o mérito

dos melhores trabalhos apresentados por estudantes nos congressos anuais da Intercom. Essas

premiações

(...) visam incentivar e valorizar a produção científica na área da comunicação desde a graduação até o doutorado. Os melhores trabalhos apresentados nos Grupos de Trabalho são enviados a um júri com representantes de todas as regiões do país. Dessa avaliação dos trabalhos escritos saem três classificados em cada um dos prêmios, que devem então apresentar oralmente os trabalhos no Colóquio Acadêmico para um novo júri (DALLA COSTA, 2010, on-line).

As modalidades são as seguintes: Prêmio Freitas Nobre (destinado a estudantes de doutorado),

Prêmio Francisco Morel (destinado a estudantes de mestrado) e Prêmio Vera Giangrande

(destinado a estudantes de graduação – iniciação científica).

Também há de se mencionar a Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação

(Expocom) – ou o Prêmio Expocom, como é popularmente conhecido –, criada em 1993 e que

reconhece o desempenho de equipes formadas pelos corpos docente e discente de escolas de

Comunicação de todo o país, que se dedicam à elaboração de projetos experimentais. Sua

sistemática envolve três etapas de seleção: Local: seleção feita pelas Istituições de Ensino

Superior (IES), que escolhem um trabalho, dentre os realizador por seus alunos, para

representar cada modalidade; Regional: classificação dos trabalhos em cada região, sendo que

os selecionados pelo comitê avaliador têm a obrigação de serem apresentados durante os

congressos regionais, promovidos no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul;

Nacional: fase que ocorre durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, ocasião

em que os primeiros colocados de cada região apresentam novamente suas produções a uma

banca de avaliadores. Os vencedores da última etapa são premiados ao término do congresso

nacional da Intercom.

Organização dos trabalhos

Embora os interesses dos pesquisadores que dão vida à Intercom girem em torno, obviamente,

do campo comunicacional, não é possível negar que há diferentes demandas geradas pelos

focos específicos de atuação de cada um deles. Como dissemos outrora, a associação

percebeu, logo nos seus primeiros anos, um crescimento de se quadro social, que foi se

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fortalecendo com o passar dos anos. Junto com essa expansão, uma questão apresentou-se

como fundamental: como aglutinar todo esse contingente?

A primeira resposta concreta foram os grupos temáticos, que começaram a ser formados em

1980, em torno de assuntos emergentes no cenário da comunicação. No entanto, os registros

sobre aquele período demonstram que a organização desses grupos consistia num processo

informal, desenvolvido pelos próprios sócios, que realizavam encontros periódicos na sede

provisória da Intercom80 – que funcionava no escritório paulista da Associação Brasileira de

Imprensa (ABI) – ou promoviam seminários dentro das universidades. Contudo, um fato desviou

os olhares da Intercom para uma questão urgente na década de 1980 – a tentativa de extinção

dos cursos de comunicação no país –, fazendo com que a aglutinação dos sócios fosse

temporariamente esquecida. Além disso, a adesão de associados de diferentes estados

brasileiros inviabilizou a sistematização de grupos que se reunissem periodicamente em São

Paulo.

Foi em 1990 que se decidiu formar espaços continuados que dessem conta de avaliar e

selecionar os trabalhos propostos pelos sócios para serem apresentados e debatidos nos

congressos anuais da Intercom. Foram criados, então, os grupos de trabalho (GTs), “situados

em torno de segmentos do conhecimento comunicacional ou originados a partir de questões da

sociedade ou de interfaces acadêmicas” (PROCESSO, 2000, p. 204). A ideia deu certo e é

considerada, pelas diretorias que estiveram à frente da Intercom, de 1990 em diante, como uma

“experiência positiva”, responsável por fortalecer a massa crítica dos filiados à associação.

Ao longo da década de 1990, muitos GT’s foram criados. Alguns, inclusive, se destacaram por

suas atuações dentro e fora dos congressos, chegando até a se mobilizar e se articular para a

edição de publicações, que ficaram assinaladas pelo selo “Coleção GTs da Intercom”. Por outro

lado, outros sequer conseguiam manter por mais de um evento anual, fato que passou a

provocar incômodos. Para avaliar a situação, foi instituída, durante a assembleia realizada no

congresso de Recife (PE), em 1998, uma equipe responsável por analisar a situação dos grupos

e destinada a encontrar saídas para melhor organizar os pesquisadores associados. O trabalho

da comissão durou um ano e, no congresso do Rio de Janeiro (RJ), em 1999, ficou decidido –

80 Em meados dos anos 1980 foi transferida para um prédio cedido pela Universidade de São Paulo (USP), no qual permaneceu até 2008. Somente nesse ano é que foi comprado um imóvel, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, que passou a abrigar a secretaria e outros setores da atividade da associação.

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pela diretoria e pelo conselho curador – que os GTs seriam extintos, abrindo espaço para uma

nova modalidade: os núcleos de pesquisa (NPs). Mudança essa que ocorreria a partir do

Intercom 2001.

A partir dessa reestruturação outras pautas para os estudos em comunicação foram definidas,

permitindo compor a agenda de pesquisas dos próximos anos. Embora não documentado, mas

partindo de análises sobre o enquadramento dos temas e temáticas, o novo cenário ficou assim

definido:

NP Comunicação audiovisual nasce da junção dos GT Cinema e Vídeo e do GT Televisão; NP

Comunicação e Cultura das Minorias nasce da conexão do GT Comunicação e Cultura Popular e

do GT Comunicação e Etnia; o NP Políticas e Economia da Comunicação é resultado da união

do GT Políticas de Comunicação e do GT Economia Política, quando em 2004 passa a ser

denominado de NP Política e Estratégia s de Comunicação. Finalmente, o NP Relações Públicas

e Comunicação Organizacional é o resultado da união entre o GT Comunicação Organizacional

e o GT Relações Públicas.

É importante mencionar que os GT’s: História da Comunicação, Gêneros de Massa, Relações de

Gênero, Comunicação Rural, Imaginário Infantil, Comunicação e Recepção e Ensino da

Comunicação desaparecem. Somente o último foi transformado em outra atividade chamada de

Seminário sobre o Ensino de Graduação em Comunicação Social (Ensicom), que funcionou até

o ano de 2005.

Outros GT’s foram transformados em NP’s e permaneceram com a mesma denominação.

Alguns alteraram o nome para focalizar ou ampliar o foco de estudos. Por exemplo, NP

Comunicação e Ciência passou a ser chamado de Comunicação Científica e Ambiental até o ano

de 2006, quando então assume a denominação de Comunicação Científica. O NP Comunicação

Educativa decorre do GT Comunicação e Educação. O GT Comunicação Seriada Televisiva

passa a ser denominado NP Ficção Seriada; Mídia e Esportes assume o título de Mídia

Esportiva; o GT Rádio passa a ser denominado de NP Mídia Sonora até 2003, quando assume o

nome de NP Rádio e Mídia Sonora; Semiótica é o NP Semiótica da Comunicação; o GT

Publicidade passa a ser denominado NP Publicidade, Propaganda e Marketing até 2005, quando

então assume o nome de NP de Publicidade e Propaganda;

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Essa nova estrutura, que passou a funcionar a partir de 2001, tinha 18 NP’s, conforme detalhado

nas próximas análises. É importante mencionar que houve a criação de três novos núcleos:

Folkcomunicação, Comunicação para a Cidadania e Tecnologia da Informação e da

Comunicação, evidenciando os novos temas que deveriam compor a agenda dos estudos na

área, para os próximos anos.

Os NPs foram oficialmente criados em 21 de outubro de 2000, obedecendo a normatizações

estabelecidas pela diretoria e pelo conselho curador. Essas normas – mantidas até hoje, embora

alteradas em alguns aspectos, conforme novas demandas – dão conta, por exemplo, de

determinar quem pode/deve exercer a função de coordenador de cada núcleo, como é feita a

nucleação dos sócios, como é o processo para criação ou extinção de cada NP, etc.

Para uma apreciação mais detalhada sobre os temas que passaram a compor a agenda de

estudos definida pela Intercom, no período 2001 até 2008, o quadro abaixo evidencia as

mudanças e evidenciam as novas tendências, assim:

Quadro 10 – Lista de Grupos de Pesquisa (GT) e Núcleos de Pesquisa (NP), período de 2000 a 2008

GT - anos NP – anos

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Cinema e Vídeo

Televisão

Comunicação audiovisual

Comunicação audiovisual

Comunicação audiovisual

Comunicação audiovisual

Comunicação Audiovisual

Comunicação Audiovisual

Comunicação Audiovisual

Comunicação Audiovisual

Comunicação e Ciência

Comunicação científica e ambiental

Comunicação científica e ambiental

Comunicação científica e ambiental

Comunicação científica e ambiental

Comunicação Científica e Ambiental

Comunicação científica e ambiental

Comunicação científica

Comunicação científica

Comunicação e Cultura Popular

Comunicação e Etnia

Comunicação e cultura das

minorias

Comunicação e cultura das

minorias

Comunicação e cultura das

minorias

Comunicação e cultura das

minorias

Comunicação e cultura das

minorias - - -

Comunicação e Educação

Comunicação Educativa

Comunicação Educativa

Comunicação Educativa

Comunicação Educativa

Comunicação educativa

Comunicação educativa

Comunicação educativa

Comunicação educativa

- Comunicação

para cidadania

Comunicação para

cidadania

Comunicação para

cidadania

Comunicação para

cidadania

Comunicação para a

cidadania

Comunicação para a

cidadania

Comunicação para a

cidadania

Comunicação para a

cidadania

Seriada televisiva Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

Ficção seriada

- Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção Folkcomunica

ção História em quadrinhos

História em quadrinhos

História em quadrinhos

História em quadrinhos

História em quadrinhos

História em quadrinhos

- - -

Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo

Mídia e esporte Mídia

esportiva Mídia

esportiva Mídia

esportiva Comunicação

e Esporte Comunicação

e esporte Comunicação

e esporte

Rádio Mídia sonora Mídia sonora Mídia sonora Rádio e mídia

Sonora Rádio e mídia

sonora Rádio e mídia

sonora Rádio e mídia

sonora Rádio e mídia

sonora

Políticas de comunicação

Economia política

Políticas e Economia da Comunicação

Políticas e Economia da Comunicação

Políticas e Economia da Comunicação

Políticas e Estratégias de Comunicaçõe

s

Políticas e estratégias de comunicações

Políticas e estratégias de comunicações

Políticas estratégias de comunicações

Políticas estratégias de comunicações

Produção editorial Produção editorial

Produção editorial

Produção editorial

Produção editorial

Produção Editorial

Produção editorial

Produção editorial

Produção editorial

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Publicidade Publicidade,

propaganda e marketing

Publicidade, propaganda e

marketing

Publicidade, propaganda e

marketing

Publicidade, propaganda e

marketing

Publicidade, propaganda e

marketing

Publicidade e propaganda

Publicidade e propaganda

Publicidade e propaganda

Comunicação organizacional

Relações públicas

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações Públicas e

Comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Relações públicas e

comunicação organizacional

Semiótica Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

Semiótica da comunicação

-

Tecnologias da informação

e da comunicação

Tecnologias da informação

e da comunicação

Tecnologias da informação

e da comunicação

Tecnologias da informação

e da comunicação

Tecnologias da Informação

e da Comunicação

Tecnologias da informação

e da comunicação

Tecnologias da Informação

e da comunicação

Tecnologias da Informação

e da comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da Comunicação

Teorias da comunicação

Teoria da comunicação

Teorias da comunicação

História da Comunicação

- - - - - - - -

Gêneros de massa - - - - - - - -

Relações de gênero

- - - - - - - -

Comunicação rural - - - - - - - -

Imaginário infantil - - - - - - - -

Comunicação e recepção - - - - - - - -

Ensino da Comunicação

- - - - - - - -

- - - - Fotografia:

comunicação e Cultura

Fotografia: comunicação

e cultura

Fotografia: comunicação

e cultura

Fotografia: comunicação

e cultura

Fotografia: comunicação

e cultura

- - - - Comunicação,

turismo e hospitalidade

Comunicação, turismo e

hospitalidade

Comunicação turismo e

hospitalidade

Comunicação turismo e

hospitalidade

Comunicação turismo e

hospitalidade

- - - - - Comunicação

e culturas urbanas

Comunicação e culturas urbanas

Comunicação e culturas urbanas

Comunicação e culturas urbanas

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Como pode ser observado nos dados disponibilizados no quadro acima, alguns temas passam a

determinar novas linhas de investigação da Intercom. Em 2004 foram criados: NP Fotografia:

Comunicação e Cultura e o NP Comunicação, Turismo e Hospitalidade. Em 2005 nasce o NP

Comunicação e Culturas Urbanas. Somando a eles os NP’s Folkcomunicação, Comunicação

para a Cidadania e Tecnologia da Informação e da Comunicação que haviam sido criados em

2001.

Em uma análise mais detalhada pode-se observar que algumas temáticas predominam nessa

nova agenda comunicacionais. Dentre eles destacamos a cultura. Decerto, que a questão da

diversidade cultural não é um tema novo. Mas essa entra na pauta de discussões marcada pela

presença da comunicação, no sentido de entender como os mídia, em suas múltiplos processos

trabalham a construção das diferenças, voltando a atenção para as identidades que se afirmam

e se fortalecem ante o processo comunicativo. “Focalizar a comunicação dentro da cultura é

entrever o papel que ela joga na construção das identidades dos movimentos sociais, dos

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agrupamentos geracionais, das relações de gênero, das etnicidades, enfatizando um modelo

segundo o qual, antes de tudo, comunica-se a cultura”. É o desafio de “(...) Fazer com que a

comunicação assuma a tarefa de dissolver barreiras sociais e simbólicas, descentrando e

desterritorializando as possibilidades no sentido da comunicação da cultura”, com afirma o texto

de abertura do congresso de 2000.

Outro tema importante está relacionado com as Tecnologias da Informação e da Comunicação.

Como bem afirma McLuhan em seu clássico livro Understanding media, “(...) toda tecnologia

gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo”. A Intercom atenta as novas

demandas acompanha as mudanças que estão ocorrendo no país, no início de um novo século.

Desta forma, cria possibilidades para a comunidade acadêmica possa, através da pesquisa,

antecipar o conhecimento sobre as potencialidades das mídias sociais, das tecnologias digitais,

multiplicidade de interfaces e de um novo perfil da comunicação que começava a se desenhar

por essa época.

A linha de pesquisa sobre o Turismo ampliou seu leque e passou abrigar a Hospitalidade. Esse

NP também incorporou as demandas do Seminário de Turismo, que foi realizado até sua quarta

edição, no ano de 2001. A inclusão da Hospitalidade demonstra a preocupação com o outro,

com a troca, com a reciprocidade e com a participação, fazendo uma proximidade com os

conceitos de cidadania e de inclusão social, presentes em outros NPs criados por esse mesmo

período.

A Folkcomunicação, além dos próprios conceitos de cultura discutidos anteriormente, objetiva

estudar a interface que une a Comunicação e a cultura popular (folclore), oferecendo a reflexão

permanente e aprofundada da cultura popular brasileira e seus impactos na mídia (impressa,

televisiva e radiofônica), além de observar intermediações folk-midiáticas nos múltiploes temas

que permeiam a comunicação. Também possibilitou o conhecimento sobre a primeira teoria da

Comunicação Brasileira, desenvolvida por Luiz Beltrão, na década de 1960.

Essas novas demandas não poderiam passar despercebidas pela Intercom, que aceita o desafio

de instituir esses espaços, abrigando os pesquisadores. Os núcleos de pesquisa possibilitam

uma nova dinâmica na entidade, vinculando pesquisadores com interesses comuns, “(...)

referenciados por segmentos dotados de legitimação acadêmico-profissional ou que

representam objetos demandando elucidação teórico-metodológica”. Também possibilitou o

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conhecimento sobre as novas demandas do campo, “(...) potencializando o papel de vanguarda

que corresponde a uma sociedade científica, desbravando e fazendo avançar as fronteiras do

conhecimento” (RBCC, 2000, p. 203-211).

Uma nova reestruturação dos núcleos de pesquisa começou a ser promovida em 2007. As

mudanças só ocorreram, no entanto, em 7 janeiro de 2009, quando os núcleos passaram a ser

denominados grupos de pesquisa (GPs) – sendo que alguns foram extintos, outros foram

desmembrados e novos foram criados. Como forma de aperfeiçoar a organização das

atividades, esses GPs constituem subdivisões de oito Divisões Temáticas (DTS), estruturadas

conforme suas especificidades: 1) Jornalismo; 2) Publicidade e Propaganda; 3) Relações

Públicas e Comunicação Organizacional; 4) Comunicação Audiovisual; 5) Multimídia; 6)

Interfaces Comunicacionais; 7) Comunicação, Espaço e Cidadania; e 8) Estudos

Interdisciplinares. A subdivisão ficou assim definida:

Quadro 11 – Organização das DTs e dos GPs da Intercom (2010) DT 1 – Jornalismo

Gêneros Jornalísticos Historia do Jornalismo Jornalismo Impresso Telejornalismo

GPs

Teoria do Jornalismo DT 2 – Publicidade e Propaganda

Publicidade: Epistemologia e Linguagem Publicidade: Marcas e Estratégias GPs Publicidade: Propaganda Política

DT 3 – Relações públicas e comunicação organizacional GP Relações Públicas e Comunicação Organizacional DT 4 – Comunicação Audiovisual

Cinema Ficção Seriada Fotografia Rádio e Mídia Sonora

GPs

Televisão e Vídeo DT 5 – Multimídia

Cibercultura GPs

Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas DT 6 – Interfaces Comunicacionais

Comunicação e Culturas Urbanas Comunicação e Educação Comunicação e Esporte Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade

GPs

Produção Editorial DT 7 – Comunicação, espaço e Cidadania

Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local Comunicação para a Cidadania Geografias da Comunicação

GPs

Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina DT 8 – Estudos interdisciplinares GPs Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura

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Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura Folkcomunicação Semiótica da Comunicação Comunicação, Turismo e Hospitalidade Teorias da Comunicação

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Tratados os aspectos qualitativos, os resultados quantitativos corroboram os acertos ocorridos,

os ajustes necessários e as mudanças, que mais uma vez evidenciam o caráter plural da

Intercom. As Divisões Temáticas comprovam as demandas da área da comunicação abarcadas

pela entidade, além de permitir a difusão de conhecimento, contribuindo para o fortalecimento da

área mediante o diálogo transdisciplinar com outros campos de conhecimento. Desta forma, no

período de 2001 a 2010, foram apresentados 6.175 trabalhos nos núcleos de pesquisa, foco das

análises81. Fazendo uma média aritmética simples, temos em média 771 trabalhos ano, por

divisão temática.

Vale salientar que embora não contabilizado no âmbito geral o ano 2000 - com referência ao

número de trabalhos apresentados -, se comparado com os anos posteriores, foi atípico, com

baixa adesão em todos os GTs. O congresso ocorreu em Manaus, região Norte do Brasil, muito

distante dos centros de maior produção. Além disso, os custos passagem e hospedagem eram

(são) muito elevados, o que acabou inviabilizando a participação de muitos pesquisadores,

justificando assim a baixa adesão. Nesse ano foram apresentados 262 trabalhos.

Para possibilitar a visualização geral dos trabalhos apresentados, abaixo disponibilizamos a

tabela 19 que demonstra os números por ano, separados por GP (Grupo de Pesquisa) ou NP

(Núcleo Temático).

Tabela 19

Trabalhos apresentados na Intercom – por ano Grupo de Pesquisa – Núcleo de Pesquisa

GP / ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total

TOTAL GERAL 382 487 446 532 645 555 623 638 4308

Comunicação Audiovisual 21 24 28 28 31 34 45 45 256

Comunicação Científica e Ambiental 24 23 23 23 25 29 46 51 244

Comunicação e Cultura das Minorias 22 54 35 32 31 - - - 174

Comunicação e Culturas urbanas - - - - 35 32 46 39 152

Comunicação e Esporte 10 12 16 10 10 12 - - 70

81 Infelizmente não foi possível coletar no período os números de trabalhos apresentados nas outras atividades da entidade. Para realizar essa tarefa seria necessária a ampliação do escopo e o tempo que dispúnhamos não permitia esse aumento. Mas reforçamos que essa tarefa está devidamente incluída na continuidade dessa pesquisa, a ser realizada no próximo ano.

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Comunicação Educativa 25 16 20 21 33 27 22 24 188

Comunicação para a Cidadania 23 19 20 28 24 25 30 33 202

Comunicação Turismo e Hospitalidade - - - 20 22 25 34 23 124

Ficção Seriada 18 18 16 16 22 17 15 21 143

Folkcomunicação 7 26 23 22 26 16 26 27 173

Fotografia: Comunicação e Cultura 0 0 0 15 10 14 17 21 77

História em Quadrinhos 6 18 23 10 17 - - - 74

Jornalismo 50 61 43 58 80 71 80 77 520

Mídia Sonora 20 24 38 41 41 29 30 33 256

Políticas e Economia da Comunicação 9 15 14 16 16 19 26 28 143

Produção Editorial 11 18 15 21 22 16 21 24 148

Publicidade, Propaganda e Marketing 43 38 22 41 44 56 58 56 358

Relações Públicas e Comunicação

Organizacional 21 29 31 46 40 42 40 34 283

Semiótica da Comunicação 18 25 28 33 46 33 29 24 236

Tecnologias da Informação e da

Comunicação 43 50 32 30 49 40 44 58 346

Teorias da Comunicação 11 17 19 21 21 18 14 20 141

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Até o ano de 2008, antes da mudança para divisões temáticas, ainda quando o funcionamento

ocorria no âmbito dos GT, levando em consideração aqueles que tiveram atuação durante o

período de 2001-2010, o GT de Jornalismo sempre foi o mais representativo, com 520 trabalhos

apresentados, 12% do total geral do período. Em seguida está a Publicidade, Propaganda e

Marketing, com 358, perfazendo o percentual de 8%, após estão os GPs Tecnologias da

Informação e da Comunicação (346) e Relações Públicas e Comunicação Organizacional (283),

com percentuais de 8% e 6,5%, respectivamente.

É interessante notar que as três grandes áreas de formação da Comunicação: Jornalismo,

Publicidade e Propaganda (PP) e Relações Públicas (RP) atraem a maior quantidade de

pesquisas. Mas é salutar apontar que o GP Tecnologias da Informação e da Comunicação, que

não integra esse rol de profissões, mas que congrega uma temática multidisciplinar, tratando de

um tema emergente, se equiparou a PP e esteve à frente de RP.

Os GPs História em Quadrinhos (HQ) e Comunicação e Cultura das Minorias funcionaram até

2006. Nos anos seguintes, resultado de uma análise mais dirigida foi observado que os

trabalhos de HQ foram absorvidos pelo GP de Produção Editorial. O GP de Fotografia e

Comunicação, Turismo e Hospitalidade só começaram a funcionar em 2004. O GP de

Comunicação e Culturas urbanas, a partir de 2005. O GP Comunicação e Esporte (Mídia

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Esportiva até 2003), foi desativado durante os anos de 2007 e 2008, voltando a funcionar a partir

de 2009.

Fazendo uma análise geral é possível observar que o número de trabalhos apresentados nos

GPs não oscilaram de forma significativa. Ou seja, não houve nenhum grande crescimento,

também não ocorreu nenhuma grande baixa em números absolutos de trabalhos apresentados

no período de 2001 a 2008, analisando individualmente os Grupos.

Avaliado o total de pesquisas apresentadas no período, observa-se que do ano de 2001 (382

trabalhos), para o ano de 2008 (638 trabalhos) houve um crescimento significativo de quase

70%. As variações anuais (maiores ou menores) são pouco significativas. As reduções no

número de trabalhos ocorridas em alguns anos, se comparadas com os anteriores, estão mais

associadas ao estado-região onde foi realizado o evento, do que uma redução no número de

interessados ou mesmo que traga relação com a temática central do evento.

Lamentavelmente não foi possível conseguir dados sobre a quantidade de trabalhos submetidos

e qual o número final de aprovados, por GP. Porém, a tabela abaixo evidencia que as

observações acima podem ser notadas quando apreciamos os valores percentuais, comparados

anualmente, com o total geral apresentado no período de 2001 a 2008.

Tabela 20

Trabalhos apresentados na Intercom – por ano Grupo de Pesquisa – Núcleo de Pesquisa

ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total

Quantidade 382 487 446 532 645 555 623 638 4308

% 9% 11% 10% 12% 15% 13% 15% 15% 100%

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Esses resultados permitem aferir que a entidade tem atendido a comunidade científica no que se

refere aos temas de estudos. A pluralidade de temáticas, o atendimento as demandas das áreas

das profissões consolidadas e aos temas emergentes têm se constituído como fator de primazia,

que tem tornado a Intercom a entidade mais representativa na área da Comunicação, também

em termos do número de trabalhos apresentados anualmente.

A partir do ano de 2009 a quase totalidade dos grupos de pesquisa foram enquadrados nas

divisões temáticas (DTs). Somente os GTs de Publicidade e Propaganda e Comunicação

Audiovisual fizeram a adesão a partir de 2010. A criação das DTs permitiu a ampliação das

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temáticas, como também possibilitou a criação, dentro das grandes áreas de pesquisa, de novos

grupos, contemplando de forma mais substanciosa as linhas de pesquisa dos filiados.

A tabela abaixo mostra os trabalhos apresentados nos dois últimos anos, separados por DT e

suas subdivisões. No caso do NP de Publicidade e Propaganda, a partir de 2010 foi

desmembrado em 3 subáreas, assim como o NP de Audiovisual, que se subdividiu em 5. Optou-

se por disponibilizar os números absolutos desses dois NPs dando a dimensão real da

representatividade de ambos.

Tabela 21

Trabalhos apresentados na Intercom – anos de 2009 e 2010 Divisão Temática

DT´s 2009 2010 TOTAL

TOTAIS GERAIS 1016 851 1867

1 Jornalismo 169 136 305

1 Gêneros Jornalísticos 26 24 50

2 Historia do jornalismo 26 21 47

3 Jornalismo Impresso 40 28 68

4 Telejornalismo 35 30 65

5 Teoria do Jornalismo 42 33 75

2 Publicidade e Propaganda 69 60 129

- Publicidade e Propaganda 69 - 69

1 Publicidade: Epistemologia e Linguagem 0 27 27

2 Publicidade: Marcas e Estratégias 0 27 27

3 Publicidade: Propaganda Política 0 6 6

3 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 57 49 106

1 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 57 49 106

4 Comunicação Audiovisual 149 148 297

- Audiovisual 57 - 57

1 Cinema 0 24 24

2 Ficção Seriada 20 26 46

3 Fotografia 30 22 52

4 Rádio e Mídia Sonora 42 49 91

5 Televisão e Vídeo 0 27 27

5 Multimídia 103 86 189

1 Cibercultura 48 49 97

2 Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas 55 37 92

6 Interfaces Comunicacionais 224 160 384

1 Comunicação e Culturas Urbanas 59 51 110

2 Comunicação e Educação 64 30 94

3 Comunicação e Esporte 26 19 45

4 Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade 30 30 60

5 Folkcomunicação 21 14 35

6 Produção Editorial 24 16 40

7 Comunicação, espaço e Cidadania 130 114 244

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1 Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local 34 20 54

2 Comunicação para a Cidadania 45 41 86

3 Geografias da Comunicação 20 19 39

4 Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina 31 34 65

8 Estudos Interdisciplinares 115 98 213

1 Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura 20 14 34

2 Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura 28 18 46

3 Semiótica da Comunicação 21 25 46

4 Comunicação, Turismo e Hospitalidade 25 14 39

5 Teorias da Comunicação 21 27 48

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os espaços passaram de 18 NPs iniciais (excluindo os NPs História em Quadrinhos,

Comunicação e Cultura das Minorias e Comunicação e Esportes, que haviam sido extintos) para

31 subáreas, que continuaram a ser chamadas de GPs dentro das divisões temáticas,

representando uma ampliação de quase 100%. A magnitude pode ser observada na ementa de

cada divisão, que passa abrigar não só as especificidades dos temas emergentes e das

profissões consolidadas, mas dimensiona a pluralidade (temas, metodologias, técnicas, meios de

comunicação, profissões etc) que caracteriza a grande área da Comunicação.

As palavras-chave definidas em cada DT demonstram o leque opções de pesquisas, linhas,

temáticas, áreas do conhecimento etc, que passaram a ser contempladas. As possibilidades de

estudos caminham da epistemologia, passando pelos processos, gestão e técnicas, até o

entendimento sobre os espaços-tempo, ciência, educação, entre outros contemplados pela

grande área da Comunicação. O quadro abaixo mostra o elenco de algumas dessas palavras e

permite observar a não repetição e as singularidades presentes nas múltiplas DTs.

Quadro 12 – Palavras-chave das Divisões Temáticas (DTs)

Palavras-chave América Latina

Audiovisual Cidadania

Ciência Cinema

Comunicação Especializada Comunicação Internacional, Regional e Local

Comunicação Organizacional Correntes Teóricas

Cultura Economia Política

Educação Epistemologia

Folkcomunicação Fotografia Gêneros

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Gestão História

Interfaces Comunicacionais Jornalismo Marketing Multimídia

Propaganda Propaganda Política

Publicidade Rádio

Relações Públicas Semiótica

Tecnologias Telejornalismo

Televisão Teorias do Jornalismo

Teorias Multidisciplinares Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Com referência a quantidade de trabalhos apresentados nas modalidades em Grupo (G) ou

Individual (I), que demonstram as articulações entre os pesquisadores e instituições, o que se

observa é que a autoria individual nas pesquisas ainda predomina, representando 78% no

período de 2001 a 2008. O mesmo pode ser verificado com relação ao período 2009-2010, onde

o individual (1.276) representou 68% do período.

Se ampliarmos a análise para a totalidade de trabalhos apresentados de 2001 a 2010 (6.175

trabalhos) observa-se que a modalidade individual representa 75% do total.

As tabelas abaixo (22 e 23) demonstram por grupos de pesquisa e por divisão temática esses

números. É importante observar que em alguns temas essas diferenças são ainda mais

acentuadas como, por exemplo: Comunicação e Culturas Urbanas; Propaganda Política;

Comunicação e Esporte; Geografias da Comunicação; Economia Política da Informação;

Comunicação e Cultura; Semiótica da Comunicação e Teorias da Comunicação,

Tabela 22 Trabalhos apresentados nas modalidades individual (I) e Grupo (G)

Intercom – anos de 2001 a 2008

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total Total GT / NP

I G I G I G I G I G I G I G I G I G

Totais

Totais 326 56 423 64 375 71 441 91 499 146 413 142 452 171 449 189 3378 930 4308 Comunicação Audiovisual

19 2 22 2 27 1 26 2 27 4 31 3 37 8 39 6 228 28 256

Comunicação Científica e Ambiental

20 4 16 7 19 4 14 9 15 10 20 9 25 21 31 20 160 84 244

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Comunicação e Cultura das

Minorias 20 2 50 4 31 4 28 4 26 5 - - - - - - 155 19 174

Comunicação e Culturas urbanas

- - - - - - - - 29 6 24 8 36 10 31 8 120 32 152

Comunicação e Esporte / Mídia

Esportiva 6 4 11 1 12 4 7 3 6 4 8 4 - - - - 50 20 70

Comunicação Educativa

20 5 14 2 16 4 17 4 20 13 14 13 16 6 18 6 135 53 188

Comunicação para a Cidadania

19 4 16 3 13 7 25 3 18 6 20 5 23 7 25 8 159 43 202

Comunicação Turismo e

Hospitalidade - - - - - - 16 4 13 9 14 11 18 16 10 13 71 53 124

Ficção Seriada / Seriada Televisiva

16 2 18 - 13 3 16 - 15 7 10 7 11 4 15 6 114 29 143

Folkcomunicação 6 1 20 6 14 9 13 9 18 8 10 6 16 10 16 11 113 60 173 Fotografia:

Comunicação e Cultura

- - - - - - 14 1 10 - 10 4 15 2 18 3 67 10 77

História em Quadrinhos

5 1 16 2 21 2 9 1 13 4 - - - - - - 64 10 74

Jornalismo 45 5 54 7 38 5 49 9 64 16 60 11 66 14 53 24 429 91 520 Mídia Sonora /

Rádio 17 3 21 3 32 6 36 5 36 5 23 6 22 8 24 9 211 45 256

Políticas e Economia da Comunicação

8 1 13 2 13 1 13 3 11 5 16 3 22 4 20 8 116 27 143

Produção Editorial 9 2 18 - 13 2 19 2 19 3 10 6 17 4 19 5 124 24 148 Publicidade,

Propaganda e Marketing

30 13 24 14 14 8 32 9 30 14 38 18 36 22 33 23 237 121 358

Relações Públicas e Comunicação Organizacional

18 3 25 4 24 7 32 14 26 14 27 15 23 17 20 14 195 88 283

Semiótica da Comunicação

18 - 25 - 26 2 30 3 42 4 31 2 25 4 19 5 216 20 236

Tecnologias da Informação e da Comunicação

40 3 43 7 30 2 25 5 41 8 33 7 35 9 43 15 290 56 346

Teorias da Comunicação

10 1 17 - 19 - 20 1 20 1 14 4 9 5 15 5 124 17 141

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010

Tabela 23 Trabalhos apresentados nas modalidades individual (I) e Grupo (G)

Intercom – anos de 2009 a 2010

2009 2010 Totais

DT´s I G I G I G Total

Totais Gerais 697 319 579 272 1276 591 1867

1 Jornalismo 135 34 105 31 240 65 305

1 Gêneros Jornalísticos 20 6 19 5 39 11 50

2 Historia do jornalismo 20 6 17 4 37 10 47

3 Jornalismo Impresso 29 11 23 5 52 16 68

4 Telejornalismo 28 7 20 10 48 17 65

5 Teoria do Jornalismo 38 4 26 7 64 11 75

2 Publicidade e Propaganda 44 25 36 24 80 49 129

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- Publicidade e Propaganda 44 25 - - 44 25 69

1 Publicidade: Epistemologia e Linguagem - - 19 8 19 8 27

2 Publicidade: Marcas e Estratégias - - 12 15 12 15 27

3 Publicidade: Propaganda Política - - 5 1 5 1 6

3 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 31 26 28 21 59 47 106

1 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 31 26 28 21 59 47 106

4 Comunicação Audiovisual 119 30 111 37 230 67 297

- Audiovisual 44 13 - - 44 13 57

1 Cinema 0 0 20 4 20 4 24

2 Ficção Seriada 13 7 22 4 35 11 46

3 Fotografia 25 5 17 5 42 10 52

4 Rádio e Mídia Sonora 37 5 34 15 71 20 91

5 Televisão e Vídeo - - 18 9 18 9 27

5 Multimídia 64 39 56 30 120 69 189

1 Cibercultura 35 13 33 16 68 29 97

2 Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas 29 26 23 14 52 40 92

6 Interfaces Comunicacionais 144 80 106 54 250 134 384

1 Comunicação e Culturas Urbanas 50 9 39 12 89 21 110

2 Comunicação e Educação 36 28 17 13 53 41 94

3 Comunicação e Esporte 17 9 15 4 32 13 45

4 Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade 14 16 13 17 27 33 60

5 Folkcomunicação 11 10 10 4 21 14 35

6 Produção Editorial 16 8 12 4 28 12 40

7 Comunicação, espaço e Cidadania 78 52 65 49 143 101 244

1 Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local 13 21 7 13 20 34 54

2 Comunicação para a Cidadania 30 15 22 19 52 34 86

3 Geografias da Comunicação 17 3 16 3 33 6 39

4 Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina 18 13 20 14 38 27 65

8 Estudos Interdisciplinares 82 33 72 26 154 59 213

1 Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura 17 3 11 3 28 6 34

2 Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura 18 10 11 7 29 17 46

3 Semiótica da Comunicação 18 3 18 7 36 10 46

4 Comunicação, Turismo e Hospitalidade 12 13 7 7 19 20 39

5 Teorias da Comunicação 17 4 25 2 42 6 48 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Apesar das divisões temáticas possibilitarem o trabalho integrado e conjunto, a modalidade

individual ainda predomina. As pesquisas individuais têm sido alvo de observações nas

avaliações da pós-graduação por parte da Capes. A recomendação é exista maior articulação

entre as linhas de pesquisa e os pesquisadores dos programas, estendendo isso para

investigações conjuntas com outras instituições, de forma a possibilitar uma maior visibilidade

dos programas. Mas essa é uma recomendação que precisa ser estimulada, uma vez que os

trabalhos inscritos nos congressos, das várias entidades no país, demonstram as articulações

entre os pesquisadores, mas grande parte deles ainda é apresentado como de autoria individual.

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O que se pode observar na tabela das divisões temáticas acima é que os espaços de pesquisa

prioritariamente importantes para o trabalho conjunto como, por exemplo, Interfaces

Comunicacionais e Estudos Interdisciplinares, respondem por 65% e 72% dos trabalhos

individuais, respectivamente. Analisando de forma geral o período de 2009 e 2010 (criação das

divisões temáticas), Jornalismo (79%) e Comunicação Audiovisual (77%) representam as

maiores cifras.

Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentam trabalhos nos congressos anuais,

embora exista um número significativo de doutores no período 2001 a 2010, representando

pouco mais de 32%, e a quantidade dos pesquisadores que não informam a titulação não

ultrapasse a cifra de 1,5%; a grande maioria, cerca de 67%, são trabalhos de mestres,

mestrandos, especialistas e doutorandos, quer apresentados de forma individual ou em parceria

com doutores, evidenciando que a entidade tem um espaço singular de formação, divulgação e

propicia aos estudantes a oportunidade de diálogo.

Cenários Norteadores: primeiras reflexões

O que foi observado com relação à análise dos dados das duas entidades – Compós e Intercom

-, é que a área da comunicação no Brasil tem caminhado a passos largos, mas há muito ainda

por ser realizado e desenvolvido.

Embora tratar sobre a comunicação se constitui um desafio, no sentido de administrar múltiplas

possibilidades, é necessário estar atento para enxergar a polaridade, sem delimitar fronteiras,

mas visualizando os cenários e os atores que nele encenam diariamente seus cotidianos.

Os caminhos percorridos pela Compós e Intercom, no período analisado de 2001 a 2010, enseja

a coragem para aceitar mudanças, demonstra a luta pela consolidação e sobrevivência de um

campo multidisciplinar, permeado por muitas diferenças. Por outro, evidencia que as

possibilidades desbravadas por essas duas entidades, têm estimulado a pesquisa e produzido

alternativas capazes de permitir o entendimento da Comunicação como ciência. Também, as

ações realizadas, as publicações, os encontros, etc oficializam seus compromissos com os

estudos em Comunicação de forma plural e ampla, em espaços muitas vezes adversos.

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As contribuições observadas, a partir das análises realizadas, permitem afirmar que emerge

desses grupos de pesquisadores atuantes, nas duas instituições, processos que ampliam as

percepções sobre a comunicação popular e democrática, caminhando para a definição de

parâmetros para uma nova ordem da informação e da comunicação. Os princípios básicos da

promoção e da defesa da pesquisa, além do fomento a investigação orientada para as

mudanças sociais nos processos comunicativos, tão presentes na atualidade; os locais de

múltiplas realizações, capazes de aglutinar pesquisadores em torno de temáticas emergentes,

têm permitido que as investigações ocorram de forma articulada, e os resultados contemplem a

diversidade comunicativa-midiática do Brasil.

Em uma década de análises da produção comunicacional a pesquisa adquire uma fisionomia

própria, mais ampliada, aonde os centros de investigação vão desenvolvendo formas de

sobrevivência frente aos desafios econômicos, sociais e midiáticos que se instauram. Germina

um grupo de pesquisadores que apostam na utopia, não no sentido da fantasia ou da

alucinação, mas assumindo o pragmatismo necessário para impulsionar a continuidade dos

estudos em comunicação, mesmo diante das adversidades. Produzem em muitas frentes

comunicacionais, ora se entrecruzando ou trombando, ora criando novas alternativas para dar

conta dessa emergente sociedade globalizada.

Os desafios são inúmeros. A área está cercada por reptos que eclodem em cenários

diversificados, necessitando de consolidação e legitimação. Os espaços nos centros

articuladores de pesquisa, como a Compós e a Intercom, oferecem a institucionalização

necessária para que possamos intercambiar informações e contemplar as múltiplas

especificidades, quer do campo ou da área. Faz-se necessário e urgente que olhemos esses

ambientes como centros aglutinadores, capazes de promover a discussão ampla, congregando

características plurais e gerando produção de conhecimento hábil para alterar, substancialmente,

as realidades comunicativas em nosso continente. É necessário definir teorias comunicativas

próprias, incrementar a pesquisa, formar um quadro de cientistas sociais críticos e analíticos,

que produzam conhecimento novo, capaz de erradicar a deficiência de um marco teórico-

metodológico, que ainda assombra a área.

Outro ponto primordial para as entidades que congregam pesquisadores, especialmente a

Compós que representa a pós-graduação no país, é com referência ao papel desempenhado

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junto à comunidade científica. Atuando mais como um órgão fiscalizador da pós-graduação, com

capacidade de avaliar, definir temas e linhas de pesquisa, caracterizando indicadores e medindo

a qualidade, o mote central deve ser repensando para que a entidade seja capaz de ser um

espaço de apoio, especialmente aos novos programas que, muitas vezes, mais do que punições,

precisam de orientações e direcionamentos que permitam sanar suas fragilidades, quer sejam

elas conceituais ou de ordem pragmática. Essas orientações devem surgir a partir do

acompanhamento constante, da troca, da participação dos programas mais experientes, em um

sinal claro capaz de oferecer as condições necessárias para que se possa formar uma massa

crítica e um núcleo de pesquisadores de excelência na Comunicação.

.

Esse acercamento entre o campo comunicacional, as indústrias midiáticas e a sociedade devem

possibilitar que todos sejam sujeitos das investigações, balizando referências conceituais que

possa universalizar características e subsidiar políticas de comunicação que atendam as

necessidades informativas em todos os âmbitos. São necessárias miradas mais globalizantes

dos cenários mundiais, mas sem perder de foco as especificidades de nossa região. E isso as

duas instituições têm conseguido realizar, através de um determinismos que extrapola os guetos

acadêmicos e as miradas pessoais, onde os resultados convergem para a amplitude que o

processo da comunicação estabelece para ser efetivo.

Parte II – Cenários Específicos do Campo da Comunicação no Brasil

A Comunicação no Brasil congrega uma multiplicidade de temas que se interconectam e se auto-

completam para desenhar o mapa comunicativo brasileiro. Assim, a união de temas e profissões

consolidadas como o Jornalismo, Relações Públicas, Cinema e Publicidade e Propaganda

abarcam especificidades capazes de evidenciar e atender as demandas da emergente indústria

midiática.

Mas surge um contingente importante que congrega forças, define fronteiras, descortinam

dinâmicas e evidenciam as emergências de um campo novo, mas que apresenta densidade para

se consolidar enquanto ciência.

Nesse cenário foram definidos espaços produtivos, que incorporam temas múltiplos, como:

audiovisual, cibercultura, comunicação organizacional, marketing político, folkcomunicação,

história da mídia entre outros. Assim, nesses ambientes foram criadas instituições que reúnem

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pesquisadores de diversas regiões do país em torno de temáticas que abarcam os múltiplos

cenários de produção em comunicação.

A parte II da pesquisa sobre o Panorama da Comunicação do Brasil analisa a produção dos

principais centros, fazendo um exame da contribuição de diversas instituições para consolidação

do campo da Comunicação no Brasil.

É importante salientar que inicialmente foram definidas 12 instituições, mas os materiais das

atividades realizadas por algumas delas, infelizmente, não estavam disponíveis na web e o

contato com seus atuais presidentes foram infrutíferos. Em função da falta de informação, a

pesquisa não conseguiu determinar qual a contribuição efetiva de algumas dessas entidades.

Porém, aquelas que permitiram o acesso a suas bases de dados, demonstraram o seu

compromisso, não somente com a construção e sedimentação do campo, mas e principalmente,

na divulgação científica ampla, democrática e plural, e se constitui como um lema que todas as

instituições devem definir em seus objetivos.

Feita a ressalva, a seguir estão disponibilizados os dados coletados e analisados por entidade e

sua respectiva área de atuação. Vale relembrar que os enquadramentos das áreas, por entidade,

foram definidos pela Socicom, que congrega essas instituições.

1) Audiovisual: cinema, vídeo, televisão e rádio

Foram definidas para essa pesquisa duas instituições: Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e

Audiovisual (FORCINE) que incorpora mais de 20 instituições e a Sociedade Brasileira de

Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE), que conta com 364 sócios, que representam 18

universidades brasileiras.

a) FORCINE82 congrega e representa instituições (públicas e privadas) e profissionais de

diversas regiões do Brasil que se dedicam ao ensino do cinema e do audiovisual. Dentre

algumas instituições que compõem o quadro da Forcine podem ser citadas: Universidade

82 Um dos grandes desafios desta pesquisa foi o de reunir material da Forcine. Não foi possível localizar na internet e nem foram retornados os contatos feitos. Não foi localizado o site da entidade, tão pouco anais, livros, atas ou documentos relativos a entidade. Porém há muito material disponibilizado em blogs, especialmente de estudantes de cinema.

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Federal Fluminense (UFF), Universidade de Brasília (UnB), Fundação Armando Álvares

Penteado (FAAP), Universidade de São Paulo (USP), Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul (PUC-RS) e do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Universidade de Campinas (UNICAMP),

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Essas instituições atuam com programas regulares de formação na área audiovisual.

83 De acordo com dados coletados nos em diversos sites pesquisados foi em dezembro do ano

2000 que representantes de escolas e de cursos de cinema e audiovisual, reunidos em São

Paulo, mais precisamente na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

(ECA-USP), para “discutir os rumos do ensino de cinema no Brasil” decidem criar um espaço

representativo do setor, capaz de abrigar as altercações sobre o ensino do cinema e vídeo e sua

relação com o ensino de televisão. Assim nasceu o Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e

Audiovisual (Forcine)84.

Após o trabalho de inserção das vozes desse grupo de discussão no cenário nacional, o desafio

foi trazer a tona questões relativas ao ensino e a formação profissional, inserindo essas

temáticas na agenda nacional que tratava de política cinematográfica e audiovisual. O resultado

foi positivo, nasce o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC)85. Também por essa época (ano

2000) a Forcine passa a integrar Conselho Consultivo da Secretaria do Audiovisual do Ministério

da Cultura (MinC), criando com isso a possibilidade de discutir, em termos mais amplos, o

planejamento e a definição de políticas de desenvolvimento para todo o setor.

83 Disponível em http://culturadigital.br/cbcinema/?p=431, acesso dezembro de 2010. 84 Dados coletados dos sites http://www.eba.ufmg.br/forcine/; http://www.blogacesso.com.br/?p=3653 e http://www.audiovisual.ufc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46:forcine-aprova-patrocinio-as-pessoas&catid=1:coordenacao, pesquisado em dezembro de 2010. 85 O CBC é uma associação de entidades “brasileiras da área do cinema e do audiovisual”, fundada no ano de 2000.

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O Fórum adquiriu status de entidade e passou a ser definido como “sociedade civil, sem fins

lucrativos”, congregando e representando de forma permanente as instituições e os profissionais

brasileiros dedicados ao ensino de cinema e do audiovisual.

O primeiro congresso da entidade ocorreu no mês de outubro do ano 2000 e foi realizado na

Universidade Federal de Minas Gerais. A atividade teve como mote central “intercambiar

experiências e promover o debate sobre o setor destacando o papel do ensino e da formação

profissional como estratégia para uma política de desenvolvimento do audiovisual”.

Embora não seja objeto desta etapa da pesquisa discutir sobre o cinema nacional e fornecer

dados relativos a salas de exibição, filmes produzidos entre outros, uma vez que há um grupo

específico que tratou desse mote, cujos resultados estão disponibilizados no volume III da

publicação Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010

pelo IPEA86, além do breve panorama da entidade, disponível no artigo “Breve histórico da área

do ensino de cinema e audiovisual”, escrito pela professora Dra. Maria Dora G. Mourão e

disponível no volume II da mesma coleção; é importante mencionar que foi no ano de 1952 que

ocorreu o primeiro encontro nacional da comunidade cinematográfica, mais precisamente na

cidade do Rio de Janeiro, “como desdobramento de um ‘Congresso Paulista do Cinema

Brasileiro’, realizado em abril do mesmo ano”. Foi somente a partir do ano 2000 que o CBC

“tornou-se um encontro periódico (a princípio anual e em seguida bienal). No mesmo ano, foi

decidida a criação de uma entidade estável, com sede, estatutos, diretoria e existência não

restrita ao período dos encontros”.

O terceiro encontro da CBC foi considerado um marco. Ocorrido na cidade de Porto Alegre,

organizado pela Fundação Cinema do Rio Grande do Sul (Fundacine), contou com 70

delegados, 31 entidades de cinema, representando 9 estados braileiros, mais de 150

observadoes, contando com a participação de cineastas, produtores, técnicos, críticos de

cinema, pesquisadores, exibidores, distribuidores e representantes de emissoras de TV públicas

e privadas.

Como resultado foi aprovado um documento onde foram apontados 69 resoluções, “entre elas a

continuidade do CBC como entidade permanente e o apoio à criação, no âmbito do Governo

86 O volume integra a coleção onde são apresentados os primeiros resultados dessa pesquisa.

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Federal, de um órgão gestor da atividade cinematográfica, que viria a ser a Ancine87, constituída

em setembro de 2001. A título de curiosidade, o primeiro presiente da CBC foi Gustavo Dahl e

23 entidades assinaram a ata de criação da entidade.

A Forcine é atualmente presidida por Aída Marques (UFF) e a vice-presidência está a cargo de

Dacia Ibiapina (UnB), eleitas durante o VI Congresso da Forcine, ocorrido na UFF, no Rio de

Janeiro, em março de 2010. Em março de 2011 foi realizado o VII Congresso Forcine, na FAAP,

em São Paulo e teve como tema central Difusão e circulação audiovisual”88.

Como é possível observar a entidade vêm realizando seus congressos de forma periódica,

mantendo eleições para compor sua diretoria, mas infelizmente nenhum dado sobre a

quantidade de participantes em seus congressos, se há ou não apresentações de trabalho,

detalhes sobre quem participa da entidade, bem como site oficial da entidade estão disponíveis

na web. Foram feitas tentativas diversas de localizar um espaço no qual esses dados estivessem

disponíveis para acesso da comunidade científica, mas não há. Também não foi possível

localizar se a entidade publica CDs com resultados das apresentações realizações durante os

seus congressos.

b) SOCINE89 – foi criada em novembro de 1996. O grupo fundador definiu como metas

prioritárias a promoção e o intercâmbio de pesquisas e estudos de cinema e suas múltiplas

manifestações, além de incentivos a reflexão sobre cinema e audiovisual no país. Também está

definido nos documentos que a entidade não tem fins lucrativos, nem está envolvida diretamente

87 A Agência Nacional do Cinema (ANCINE) é um órgão oficial do Governo Federal do Brasil, constituída como agência reguladora, com sede na cidade de Brasília e escritório central na cidade do Rio de Janeiro, cujo objetivo é fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e videofonográfica nacional. A agência foi criada no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 6 de setembro de 2001, através da Medida Provisória n.º 2.228-1, posteriormente regulamentada em 13 de maio de 2002 em forma de lei. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ancine), acesso em dezembro de 2011. 88 Fontes de consulta: http://culturadigital.br/cbcinema/?p=431 e http://www.faap.br/forcine/index.htm, consultados em dezembro de 2010. 89 O levantamento dos dados da entidade só foi possível graças ao auxilio inestimável do professor Dr. Maurício Reinaldo Gonçalves, da Universidade de Sorocaba, que gentilmente emprestou todos os folders, anais de eventos e livros. Sem essa ajuda o levantamento sobre a Socine teria ficado bastante prejudicado, uma vez que o site, até a data de fechamento dessa pesquisa, não estava concluído e grande parte do material produzido não estava disponibilizado. Há também no capítulo 5, do volume II, da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, o texto “Breve relato sobre a fundação da Socine, seus objetivos e primeiros anos”, do professor Dr. Fernão Pessoa Ramos e o texto “Pensando a Socine”, do professor Dr. José Gatti, que traçam o panorama geral da instituição.

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com a produção cinematográfica, mas objetiva disponibilizar um panorama dos estudos sobre

cinema no Brasil e promover o intercâmbio de idéias sobre o assunto90.

Segundo dados coletados no site da entidade, ela conta com 364 sócios – pesquisadores,

professores e estudantes de graduação e de pós-graduação -, representando 18 universidades

brasileiras.

Realiza e promove encontros anuais, buscando congregar espaços de discussão e de interação

entre profissionais, nas mais variadas modalidades. Publica os resultados de seus encontros,

inicialmente de forma impressa e a partir de 2011 online. As publicações formam a base

“representativa” dos trabalhos e pesquisas apresentados durante o evento anual. São 14 edições

dos eventos realizados e são apoiados pelas agências de fomento Capes, CNPq e Fapesp.

Outro mote importante da entidade é o debate sobre a educação do audiovisual no País. Assim,

está aliada a Forcine e filiada a Compós. Essas entidades “têm participado da definição de

políticas no campo do ensino do audiovisual junto às agências de fomento à pesquisa, como:

Capes e CNPq”.

Sua organização associativa é regida por um estatuto, disponível em sua página web91, está

estruturada em uma Diretoria, Conselho Deliberativo com 17 membros e um Conselho Fiscal,

com 3 membros, todos para um mandato de 2 anos. Conta ainda com um Comitê Científico,

composta por 3 representantes que assessoram a entidade na definição de suas políticas.

Os encontros anuais estão organizados em Comunicações Individuais, Seminários Temáticos,

Mesas Temáticas pré-construídas e Painéis, todos abertos para apresentações de pesquisas de

estudantes da pós-graduação, além de pesquisadores e outros profissionais da área.

No site da entidade estão disponíveis 3 publicações referentes ao 13º Encontro, ocorrido em

2009, na Eca-USP; 12º Encontro, ocorrido na Universidade de Brasília, em 2008 e do 10º

Encontro, realizado me 2006, em Minas Gerais. As publicações estão disponíveis na web de

forma integral, mas não podem ser impressas.

90 Folder do IV Encontro, realizado na UFSC, em novembro de 2000. 91 Disponível em www.socine.org.br, acesso em janeiro de 2011.

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O site está passado por reestruturação (é o que ficou demonstrado), pois há pouca informação

disponível para a comunidade. Na parte de anais de evento na web somente foi localizado os

resultados do 13º Encontro, realizado na Eca-USP, os outros links não permitem nenhum tipo de

acesso (estão quebrados).

Já está definido o 15º Evento, que será realizado no mês de setembro na Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pela primeira vez foi decidido uma temática central, que tratará “Imaginários

(In)visíveis”.

O detalhamento histórico da entidade pode ser acessado nos textos de Fernão Pessoa Ramos

“Breve relato sobre a fundação da SOCINE” e “Notas sobre a história da SOCINE”, de José

Gatti, que estão disponíveis no volume II da publicação Panorama da Comunicação e das

Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA.

Algumas iniciativas têm sido criadas pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) que iniciou em

2011 a publicação de teses e dissertações que tratem de temas relacionados ao cinema e ao

audiovisual. Os trabalhos, “podem ser submetidos através do Observatório Brasileiro do Cinema

e do Audiovisual (OCA92), na seção Teses e Dissertações. Foram definidas três áreas temáticas:

1) Políticas do audiovisual; 2) Economia do audiovisual; e 3) Gestão, inovação e estratégia das

atividades audiovisuais, cada qual com respectivas subáreas de interesse”. De acordo com o

site, os trabalhos deverão ter sido aprovados por suas respectivas instituições e um Conselho

Editorial, formado por servidores da Agência Nacional do Cinema, ficará responsável pela

classificação dos trabalhos recebidos de acordo com os eixos temáticos definidos. Outro desafio

proposto pela agência será a publicação de monografias e artigos.

Vale mencionar que o OCA e a ANCINE se apresentam como um espaço dedicado à publicação

de estudos e pesquisas sobre o mercado brasileiro de cinema e audiovisual, sendo o grande

objetivo “ser um instrumento público de produção, armazenamento e divulgação de informações,

de forma a atender à demanda por números e análises sobre as mais amplas manifestações da

atividade audiovisual no país”.

92 Espaço web www.ancine.gov.br/oca.

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Com a publicação de teses e dissertações, o OCA caminha para se tornar um centro de

referência para o mercado e a academia, servindo a pesquisadores, agentes do mercado,

organismos internacionais e outros órgãos públicos.

Também é importante citar que outras fases realizadas por essa pesquisa, especialmente a

etapa desenvolvida por Alexandre Kieling, disponível no volume III da publicação Panorama da

Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA, traz um

panorama mais detalhado da área do audiovisual no país. Além disso, o texto “Breve relato

sobre a fundação da SOCINE”, escrito por Fernão Pessoa Ramos, disponível no volume II da

Coleção do IPEA está um panorama mais pormenorizado das várias atividades realizadas pela

entidade.

A entidade realizou 14 eventos, nos mais diversificados estados brasileiros, embora as regiões

mais representativas são: Sudeste (6 eventos), Sul (3), Nordeste (3) e Centro-Oeste (2). Se

considerarmos somente a partir de 2001, recorte de nossa pesquisa, Sudeste com 40% fica

muito próximo do Nordeste com 30%. Já Sul representa 20% e Centro-Oeste, 10%. O quadro

abaixo mostra todos os eventos cumpridos e as instituições sede, por ano e local de realização.

Quadro 13 – Eventos realizados pela Socine, 1997 a 2010 Evento Ano Estado Instituição sede

I 1997 São Paulo Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)

II 1998 Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) III 1999 Brasília Universidade de Brasília (UnB) IV 2000 Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) V 2001 Rio Grande do Sul Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(PUC-RS) VI 2002 Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense (UFF) VII 2003 Bahia Universidade Federal da Bahia (UFBA) VIII 2004 Pernambuco Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) IX 2005 Rio Grande do Sul Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) X 2006 Minas Gerais Estalagem de Minas Gerais XI 2007 Rio de Janeiro Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) XII 2008 Brasília Universidade de Brasília (UnB) XIII 2009 São Paulo Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São

Paulo (ECA-USP) XIV 2010 Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A observação dos cadernos de resumos permitiu visualizar a diversidade de estados

representados durante os eventos, números que vem sendo ampliados significativamente.

Grande parte dos pesquisadores apresenta os trabalhos individualmente. Há, porém, a

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possibilidade de mesas coordenadas, demonstrando a articulação entre os pesquisadores, mas

as pesquisas são realizadas de forma individual.

A entidade abre espaço para apresentações de investigações de doutores e mestres, mas

também de estudantes da pós-graduação e da graduação. Um detalhe interessante é que não

há divisões nas apresentações dos titulados e dos estudantes. Todos apresentam no mesmo

espaço.

A tabela abaixo mostra o crescimento do número de apresentações.

Tabela 24 Trabalhos apresentados na Socine, anos de 2001 a 2010

Evento Ano Total de Trabalhos % Totais 2067 100

V 2001 156 8% VI 2002 130 6% VII 2003 123 6% VIII 2004 133 6% IX 2005 150 7% X 2006 200 10% XI 2007 245 12% XII 2008 291 14% XIII 2009 288 14% XIV 2010 351 17%

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Há um período de estabilização e a partir de 2005 os dados mostram um crescimento muito

acentuado do número de trabalhos apresentados. Anualmente a participação de docentes com

doutorado tem aumentado expressivamente. Infelizmente nos resumos não constam titulação

(como regra geral – apenas em alguns há titulação do docente), assim somente é possível tecer

comentário, fruto da observação direta nos anais dos eventos. Outro dado interessante é a

ampliação do número de estados das regiões que estão representados nos vários eventos.

Unicamente a região Norte não teve representação. Uma possibilidade para essa ausência são

os locais onde são realizados os encontros da Entidade, normalmente localizados em regiões

muito distantes do Norte do país.

Também houve uma diversificação nas temáticas tratadas, partindo de análises textuais,

passando por sistemas de produção, narrativas, gêneros, linguagens, estética, históricas,

autores e indústrias, artes adaptações, entre muitas outras. São priorizadas as apresentações

individuais, talvez devido ao formato do próprio evento, que permite participações a partir de

proposições de mesas temáticas e atividades coordenadas.

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Há presença de pesquisadores de outros países, especialmente Estados Unidos, França e

Espanha. As conferências de abertura ficam quase sempre a cargo de um convidado

internacional. Chris Straayer – University New York (2001); Raudal Johnson – Ucla – Estados

Unidos (2003); Robert Stam - University New York (2004); Philippe Subois – Paris III (2006);

François Jost – Paris III e Andre Gaudreaut – Montreal (2008); Vicente Sánchez Biosca –

Universidade de Valença (2009) e Dominique Chateau – Paris I (2010).

Os eventos são organizados em torno de mesas temáticas, mostras de filmes, seminários

temáticos; sessões de comunicações; painéis; simpósios; lançamento de livros; mesas plenárias,

etc.São 4 dias de encontros, com atividades bastante diversificadas.

As principais agências de fomento que apóiam os encontros da Socine são: CNPq, Capes e

Fapesp, com apoio anual. Eles contam também com adesão das agências estaduais de fomento

(ligadas ao Estado onde o encontro é realizado), também do Ministério da Cultura, Cinemateca

Brasileira, Secretaria do Audiovisual, além de empresas como: Chesf (Cia Hidroelétrica de São

Francisco); livrarias, Consulados; Fundação Joaquim Nabuco; Embaixada da França; Senac,

entre outras.

Três fatos merecem destaque. Em 2002 a mesa de abertura foi proposta uma discussão sobre

uma possível mudança da tabela de área do CNPq, além do reconhecimento da Socine junto a

entidade de fomento. Em 2004, durante o evento realizado em Pernambuco houve a Reunião da

Comissão de Ensino e Pesquisa da Socine para discutir o tema: Ensino de Cinema no Brasil:

cursos, currículos e disciplinas. Finalmente, em 2005 durante o evento ocorreu a votação do

novo estatuto da entidade.

A Socine tem disponibilizado para a comunidade acadêmica, pesquisadores e profissionais uma

significativa coletânea de materiais impressos, fruto dos eventos realizados. O quadro abaixo

mostra esse panorama.

Quadro 14 – Livros Editados

Ano Editora Título Referência Organizadores 2000 Annablume Estudos de Cinema

Socine II e III Encontro Anual II (1998)

e III (1999) Socine

2001 Sulina Estudos de Cinema 2000

Encontro anual IV (2000) Fernão Pessoa Ramos; Maria Dora Mourão; Afrânio Catani e

José Gatti

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2003 Sulina Estudos de Cinema III Encontro anual V (2001) Mariarosaria Fabris; João Guilherme Barone Reis e Silva

et alii. 2003 Panorama Estudos de Cinema Encontro anual VI (2002) Afrânio Mendes Catani; Wilton

Garcia et alii. 2004 Panorama Estudos de Cinema

ano V Encontro anual VII (2003) Mariarosaria Fabris; Afrânio

Mendes Catani et alii. 2005 Nojosa Estudos de Cinema

ano VI Encontro anual VIII

(2004) Mariarosaria Fabris; Wilton

Garcia; Afrânio Mendes Catani. 2006 Annablume

Tem uma edição on line

Estudos de Cinema Encontro anual 9º (2005) Rubens Machado Jr.; Rosana de Lima Soares; Luciana

Corrêa de Araújo 2007 Annblume Estudos de Cinema

VIII Encontro anual 10º

(2006) Rubens Machado Jr.; Rosana

de Lima Soares; Luciana Corrêa de Araújo

2010 On Line (não aprece editora do Impresso)

Estudos de Cinema e audiovisual

Encontro anual 11º (2009)

Samuel Paiva et alii.

2010 PRIMEIRA EDIÇÃO ON

LINE

Estudos de Cinema e audiovisual

Encontro anual 12º (2008)

Mariarosaria Fabris; Gustavo Souza et alii.

- ANAIS TEXTOS disponíveis no site da Entidade

Material referente ao XIII (2009)

-

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Nos livros estão textos integrais de grande parte dos trabalhos apresentados nos eventos

anuais. Por esse panorama disponibilizado nas publicações é possível um estudo mais

aprofundado sobre as temáticas que têm permeado essas atividades e que tem norteado as

pesquisas nas várias regiões do país (que não é o objetivo dessa pesquisa). É interessante

mencionar que há uma parte substanciosa de estudos que tratam sobre a televisão nesses

materiais disponibilizados.

2) Cibercultura

A Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber) foi a entidade escolhida. A

criação da entidade ocorreu durante o I Simpósio Nacional de Pesquisadores em Comunicação e

Cibercultura, realizado na PUC-SP, em 2006. Congrega pesquisadores, grupos de pesquisa,

instituições e/ou entidades brasileiras que estudam cibercultura.

O site93, estruturado e organizado, disponibiliza significativa quantidade de informações, desde a

fundação da entidade até formas de filiação. Tem recebido apoio das agências de fomento, de

universidades e instituições para as atividades que realiza, dentre as quais podem ser citadas:

93 Espaço disponível em http://abciber.org/

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Escola Superior de Propaganda e

Marketing (ESPM), CAPES, Fapesp, Instituto Itaú Cultural, Faperj, Teatro da Universidade

Católica (UCA), Livraria Cortez (SP), LocaWeb (provedor de acesso), demonstrando assim suas

parcerias institucionais

A primeira Diretoria da foi composta pelos membros: Presidente: Prof. Dr. Eugênio Trivinho;

Vice-Presidente: Prof. Dr. Theóphilos Rifiotis (UFSC); Secretaria Executiva: Prof. Dr. Henrique

Antoun (UFRJ); Secretaria de Finanças: Prof. Dr. Alex Primo (UFRGS); Diretoria Científica: Prof.

Dr. Vinícius Andrade Pereira (UERJ); Diretoria de Comunicação: Profa. Dra. Fernanda Bruno

(UFRJ); Diretoria Cultural: Profa. Dra. Simone Pereira de Sá (UFF); Diretoria Editorial: Prof. Dr.

Marcos Palacios (UFBA) e Conselho Fiscal: Prof. Dr. Francisco Rudiger (PUC-RS), Prof. Dr.

Gilberto Prado (USP) e Prof. Dr. Marco Silva (UERJ e UNESA).

Seus eventos são realizados, inicialmente realizados de forma bi-anual, agora ocorrem

anualmente. Foram realizados 4 Congressos. Os dois primeiros foram cumpridos sob a tutela da

PUC-SP, o III encontro foi na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), todos em

São Paulo. O último, ocorrido em 2010, foi na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Todos contaram com apoio da Capes e de instruções de fomento estaduais, além da adesão do

Ministério da Cultura e do Itaú Cultural.

No volume II da publicação Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil,

lançado em 2010 pelo IPEA, no texto ABCIBER - Associação Brasileira de Pesquisadores em

Cibercultura, do professor Dr. Eugênio Trivinho, apresenta as principais informações acadêmicas

e institucionais sobre a entidade, relatando sua história, estrutura e metas.

Demonstrando os pontos centrais debatidos durantes os eventos, foram elencadas palavras

chave utilizadas pelos pesquisadores nos papers. Cibercultura, Comunicação, Redes Sociais,

Internet, Educação e Jornalismo (WebJornalismo) são aquelas que apresentam maior incidência

nas pesquisas, embora seja necessário relatar que há uma grande variedade de palavras-chave.

De qualquer forma, essas seis elencadas permitem caracterizar o mote central que tem

desenhado a instituição nos últimos 4 encontros.

No primeiro evento as apresentações foram feitas a partir de mesas temáticas. Em 2008, no

segundo encontro, criados eixos temáticos para apresentação dos trabalhos. Mas foi a partir de

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2009 que isso fica mais caracterizado, sendo designados 7 eixos. Foram eles: - Redes sociais,

Identidade e Sociabilidade; Entretenimento, Práticas Socioculturais e Subjetividade; Vigilância,

Ciberativismo e Poder; Educação e Aprendizagem; Jornalismo e Novas Formas de Produção da

Informação; Mobilidade, Redes e Espaço Urbano e Estéticas e Ciberarte. Em 2010 há uma

continuidade, alguns mudam de nome e surgem mais 3 eixos. Ficando então definidos os

seguintes: 1. Redes Sociais, Comunidades Virtuais e Sociabilidade; 2. Jogos, Mundos Virtuais e

Ambientes Colaborativos (P2P); 3. Entretenimento, Produção Cultural e Subjetivação; 4.

Biopolítica, Vigilância e Ciberativismo; 5. Políticas, Governança e Regulação da Internet; 6.

Educação, Processos de Aprendizagem e Cognição; 7. Jornalismo, Mídia livre e Arquiteturas da

Informação; 8. Mobilidade, Espaço Urbano e Movimentos Sociais; 9. Estéticas, Coletivos e

Práticas Artísticas e 10. Publicidade, Comércio e Consumo.

Houve significativa ampliação no número de trabalhos do primeiro evento, se comparado com os

encontros posteriores. Um detalhe interessante é com referência a titulação dos pesquisadores

participantes. Houve uma diversificação congregando mestres, especialistas e profissionais,

além de estudantes de pós-graduação. Isto significa que a associação tem atingido seus

objetivos no sentido de desenhar e consolidar seu espaço, não só na atualidade, mas que a

temática se revela como futuro, pois é possível afiançar o crescimento significativo de trabalhos

e de participações, especialmente junto a alunos dos programas de pós-graduação, conforme

demonstra a tabela abaixo.

Fazendo a média dos trabalhos dos 4 eventos, verifica-se que foram apresentando mais de 146

trabalhos/ano. A tabela abaixo demonstra de forma mais detalhada a distribuição por evento,

evidenciando o número de trabalhos, a titulação dos autores e a modalidade de apresentação.

Tabela 25

Trabalhos apresentados nas ABCiber, anos de 2006 a 2010

Titulação dos autores Modalidade

(individual/grupo) Evento

Número de

trabalhos Doutor Outros Não

informado Individual Grupo

Total 587 181 592 49 419 168

Simpósio de Fundação – 2006 28 26 0 2 28 0

II Simpósio da AbCiber – 2008 139 49 118 3 106 33

III Simpósio da AbCiber – 2009 214 51 251 14 148 66

IV Simpósio da AbCiber – 2010 206 55 223 30 137 69

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010

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Com referência as regiões geográficas, a entidade encontra sua representação no Sudeste,

talvez pelo fato de seu congresso ser realizado em estados dessa região, embora seja possível

encontrar alguns trabalhos das regiões Nordeste e Sul.

Outro dado importante é que grande parte dos trabalhos estão na modalidade individual,

representando 71% (419 trabalhos), demonstrando que na área, parte significativa dos

pesquisadores, ainda realiza suas investigações de forma independente.

A entidade mantém campanha de filiação e também tem priorizado, além dos materiais

disponíveis em seu site, diversos textos, artigos e pesquisas sobre cultura digital. Um exemplo é

a publicação “A cibercultura e seu espelho: campo de conhecimento emergente e nova vivência

humana na era da imersão interativa”, e-book94, lançado em 2010.

Cultiva um programa Institucional de Incentivo a Produção Científica e Cultural. Em linhas gerais,

a ação objetiva fomentar a produção “bibliográfica e artística no campo interdisciplinar de

estudos da cibercultura, entendida em sentido amplo, como categoria referente às configurações

socioculturais contemporâneas articuladas por tecnologias e redes digitais (cf. Artigo 8, inciso I,

do Estatuto da Associação)”.

Dividido em duas etapas: Coleção ABCiber, projeto editorial de textos sobre cultura digital, que

tem como escopo a proposição, seleção, publicação e divulgação de e-books de características

científicas e reflexivas; e a Documenta ABCiber de arte digital, que conta com o projeto curatorial

e editorial de poéticas digitais, contemplando a seleção de curadorias de exposição, organização

de workshops e catálogos de arte digital.

Ambos os projetos consideram não somente produções nacionais, mas internacionais e estão

disponíveis no site da associação para consulta. Assim, conforme relato no site, a ACBiber

atende o “(...) o principal legado de uma associação de pesquisadores: contribuir, em sentido

extenso, para o desenvolvimento científico, cultural e tecnológico do país, em partilha necessária

do conhecimento produzido no contexto internacional”.

94 O livro pode ser consultado no espaço: http://www.abciber.org/publicacoes/livro1

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Também demonstrando sua participação social e de interação com seus pares, em nota pública,

disponível na página web, há uma moção em “Defesa da Liberdade e do Progresso do

Conhecimento na Internet Brasileira”, evidenciando a atuação para além dos pontos circunscritos

ao campo universitário.

3) Comunicação Organizacional e Relações Públicas

A Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas

(ABRAPcorp)95, fundada 2006, com o objetivo geral de estimular o fomento, a realização e a

divulgação de estudos avançados dessas áreas no campo das Ciências da Comunicação, foi a

entidade escolhida.

É uma entidade plural, pois além de abrigar pesquisadores, professores, profissionais e alunos

interessados nas discussões sobre a Comunicação Organizacional e as Relações Públicas,

também oferece cursos e apóia eventos técnicos e científicos de Comunicação. É responsável, a

partir da 8ª edição pela Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas

(Organicom), Qualis-B pela CAPES, lançada no segundo semestre de 2004, que abriga textos

que buscam evidenciar os avanços dos estudos das áreas de Comunicação Organizacional e

Relações Públicas no Brasil. A revista também está vinculada ao “Programa de Pós-Graduação

em Ciências da Comunicação da ECA-USP e ao curso de Especialização (lato sensu) de Gestão

Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (GESTCORP), do

Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA-USP”.

Foi durante o primeiro I Fórum de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações

Públicas, no ano de 2005, realizado na Escola de Comunicações e Artes da ECA-USP, que

nasceu a proposta da criação da entidade. O fator motivador era que essas áreas tivessem

maior representatividade para junto as Ministério de Ciência e Tecnologia, ao CNPq e aos

demais órgãos de fomento a pesquisa científica, bem como na própria comunidade da área de

Comunicação do País. Em maio de 2006, em sessão especial do Fórum Nacional em Defesa da

95 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 9, o texto “A História da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp)”, da professora Dra. Margarida Kunsch, que traça um panorama geral sobre a entidade.

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Qualidade do Ensino de Comunicação (Endecom), realizado pela Intercom e pela Escola de

Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, foi aprovado o Estatuto da entidade.

A instituição tem como objetivo central o estudo a comunicação sob todas as perspectivas e

aplicações, com mote central às pesquisas nos campos da Comunicação Organizacional e das

Relações Públicas. Atualmente sua Diretoria Executiva, tem a frente: Ivone de Lourdes Oliveira

(PUC-Minas), Presidente e Rudimar Baldissera (UFRGS), Vice-Presidente.

Desde 2007 vem realizando seus congressos periodicamente. Nos primeiros eventos os

trabalhos foram apresentados nos Grupos de Trabalhos temáticos. A partir de 2011 as Mesas

Temáticas substituem os Grupos de Trabalhos (GT's).

O site96 da instituição, bem organizado e atualizado, disponibiliza diversas informações sobre as

atividades da entidade, além dos anais dos eventos, também links, acesso a revista Organicom e

outras informações importantes da Abrapcorp.

Com referência aos eventos, foram 4 edições. O primeiro ocorrido em 2007, teve o apoio do

CNPq, Capes, Fapesp, Intercom, Aberje, SA Comunicação e Companhia Vale do Rio Doce.

Patrocínio da Odebrecht, Santander e Klabin, evidenciando uma clara aproximação entre a

academia e as empresas. O I Congresso deve como tema central A Comunicação

Organizacional e as Relações Públicas no século XXI: um campo acadêmico e aplicado de

múltiplas perspectivas foi realizado em São Paulo, na ECA-USP, onde também se comemorou

40 anos do Curso de Relações Públicas da ECA-USP. Os convidados internacionais que

participaram dos painéis e da conferência foram: Antoni Noguero i Grau (Univ. Autónoma de

Barcelona); Linda Putnam (Texas A&M University, EUA); Larissa Grunig (University of Maryland,

EUA); Antonio Castillo Esparcia (Universidad de Málaga, Espanha) e Maria Antonieta Rebeil

Corella (Universidad Ánáhuac - México).

No II Encontro, em 2008, foram ampliados os apoios. O evento ocorreu no mês de abril, na

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e contou com patrocino da Fapesp, Capes,

Governo Federal, Fapemig, Vale, Basf, Alcoa, Odebrecht, Cemig, Fiat, Petrobras, Acelor Mittal,

além do contribuição de diversas instituições. Teve como tema central Comunicação,

Sustentabilidade e Organizações. Como convidados internacionais estiveram presentes: Stanley 96 Acesso em www.abrapcorp.org.br

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Deetz (Universidade do Colorado em Boulder -EUA) e Arlette Bouzon (Universidade de Toulouse

III -França).

Comunicação, Humanização e Organizações foi o tema do III Congresso da Entidade, realizado

na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, em São Paulo, no mês de abril de 2009.

Foram 6 grupos temáticos, duas conferências proferidas pelos professores Dennis Mumby

(University of North Carolina at Chapel Hill - USA) e Elizabeth Toth (University of Maryland -

USA), além do I Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e Relações Públicas.

Ocorreram, como nos anos anteriores, oficinas destinadas aos alunos de graduação e foi criado

do "Espaço para Iniciação Científica", dedicado à apresentação de projetos e pesquisas

experimentais. O evento contou com a participação de cerca de 500 congressistas, provindos de

diversas regiões do país. Foi organizado com conferências internacionais, mesas-redondas,

painéis e o II Fórum de Debates sobre as bases de Comunicação Organizacional e Relações

Públicas. O evento contou com o apoio Capes e Fapesp , o apoio da Associação Brasileira de

Comunicação Empresarial (Aberje), da Intercom e da Federação Brasileira das Sociedades

Científicas e Associações Acadêmicas (Socicom).

Finalmente, o IV Congresso Abrapcorp 2010, que abordou a temática Relação Pública:

Interesses Públicos e Privados, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(PUCRS), no mês de maio de 2010. Participou como convidada internacional a professora

Sandra Massolini, da Universidad de Rosario (Argentina). Contou com seis Grupos Temáticos e

a realização do III Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e Relações Públicas.

As sessões voltadas exclusivamente para alunos de graduação, contou com oficinas e o “Espaço

para Iniciação Científica”, que abrigou os resultados de trabalhos monográficos e de pesquisas

de iniciação científica. Contou com o apoio da PUCRS e da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS).

Em 2011, no mês de maio, na Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom), na cidade de São

Paulo realizará o V encontro. A programação contará com convidados internacionais, painéis,

mesas temáticas e a realização do V Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e

Relações Públicas. O tema central: Redes Sociais, Comunicação e Organizações. Participarão

com convidados internacionais os professores: João Pissarra Esteves, da Universidade Nova de

Lisboa; Peter Monge e Janet Fulk, ambos da University of Southern California.

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Dentre as entidades pesquisadas a Abrapcorp tem sido a entidade que mais tem conseguido

estimular, através dos apoios e patrocínios que vem recebendo, a participação do mercado

profissional junto com atividades acadêmicas. Por exemplo, a Construtora Norberto Odebrecht,

que permitiu a seleção, em 2011, de 10 trabalhos de Iniciação Científica para apresentação no

Congresso da entidade. Essa parceria tem permitido a manutenção do Espaço de Iniciação

Científica, cujo objetivo principal é “incentivar a participação dos estudantes de Graduação dos

Cursos de Comunicação Social, nas atividades realizadas pela Abrapcorp, potencializando-os

como futuros associados”; além de “estimular os estudantes de Graduação a se engajarem em

projetos de iniciação científica com a finalidade de contribuir com pesquisas nas áreas de

Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, e; contribuir para o desenvolvimento

intelectual dos estudantes, promovendo o intercâmbio de experiências entre eles e as

Instituições de Ensino Superior” (ABRAPCORP, 2011, web).

Também para o evento de 2011, a instituição contou com apoios e patrocínios não somente de

instituição de ensino, pesquisa e fomento, mas com empresas, evidenciando a aproximação da

entidade com o mercado profissional. Dentre eles, podem ser citados: Vale, Odebrecht, Alcatel-

Lucent, GMB, Maxpress-Boxnet, CNPq, Fapesp, Capes, Vivo, Nestlé, Klabin, Banco Santander

Banespa, Arcelor Mittal, Nós da Comunicação, Aberje, Abracom, Conferp, ABRP SP, Sinprorp e

Conrer 2ª Regiao, entre outros. O apoio mencionado ocorre também em termos de participação

efetiva no evento, onde convidados de empresas apresentam trabalhos e permitem a discussão

para além dos muros da universidade, estabelecendo uma relação de complemento entre a

teoria e a práxis.

Outra contribuição bastante interessante não só para os profissionais da área, mas estudantes e

pesquisadores é a Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas

(Organicom), que figura na lista dos periódicos científicos da CAPES-Qualis Nacional B. Lançada

em 2004, tem periodicidade semestral, traz artigos, depoimentos, resenhas, entrevistas e

pesquisas de especialistas nacionais e internacionais, tanto do mercado como do meio científico.

Isso tem possibilitado o enriquecimento das discussões teóricas e aplicadas das áreas de

Relações Públicas (RP) e Comunicação Organizacional (CO), sob os princípios da ética.

É interessante observar que em cada edição a Organicom publica um dossiê temático, que

abarca temas de interesse para estudantes, pesquisadores e profissionais que atuam no

ambiente corporativo. “A revista também está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em

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Ciências da Comunicação da ECA-USP e ao curso de Especialização (lato sensu) de Gestão

Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas – GESTCORP, do

Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA-USP” (ABRAPCORP,

2011, site).

Fazendo uma análise das contribuições da entidade com referência aos trabalhos apresentados

em seus eventos, a tabela abaixo demonstra alguns números,

Tabela 26

Trabalhos apresentados na Abrapcorp, anos de 2007 a 2010 Número de Trabalhos

GT 2007 2008 2009 2010 TOTAL

Total de Trabalhos 55 54 52 60 221 Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação

organizacional e relações públicas. (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos em comunicação organizacional e relações

públicas, a partir de 2008)

12 6 6 8 32

Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações. (Processos, políticas e estratégias de comunicação

organizacional, a partir de 2009) 14 12 14 18 58

Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas organizações

8 5 10 11 34

Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade organizacionais, a partir de 2009)

8 6 10 11 35

Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e responsabilidade social

7 8 6 5 26

Comunicação pública, governamental e política 6 7 6 7 26 Processos, políticas e estratégias de comunicação em

organizações privadas. - 10 - - 10

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Pode ser observado que há uma constância no número de trabalhos, sendo os temas mais

debatidos “Gestão, Processos, Políticas e Estratégias de Comunicação nas Organizações”, que

a partir de 2009 incorporou em seu nome a Comunicação Organizacional, passado a chamar-se

“Processos, Políticas e Estratégias de Comunicação Organizacional”, sendo possível observar

que o número de trabalhos vem crescendo anualmente. A temática que tratava sobre

organizações privadas somente recebeu trabalhos em 2008. Não foi possível identificar se houve

alguma atividade atípica no cenário social capaz justificar o número de pesquisas recebidas.

Foram 221 trabalhos apresentados nos 4 encontros, representando uma média de 55 trabalhos-

ano. Fazendo uma análise mais detalhada das quantidades de pesquisas, por modalidade

individual e em grupo, a tabela abaixo demonstra esses números,

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Tabela 27 Trabalhos apresentados nas modalidades individuais (I) e em grupo (G)

nos eventos da Abrapcorp, anos de 2007 a 2010 2007 2008 2009 2010 Total

GT I G I G I G I G I G

Total

40 15 34 20 39 13 44 16 157 64 221 Totais de Trabalhos

55 54 52 60 221 - Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação organizacional e relações públicas (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos em comunicação organizacional e

relações públicas, a partir de 2008).

12 0 2 4 6 0 6 2 26 6 32

Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações. (Processos,

políticas e estratégias de comunicação organizacional, a partir de 2009).

9 5 8 4 9 5 13 5 39 19 58

Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas organizações

4 4 3 2 7 3 11 0 25 9 34

Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade organizacionais, a partir de 2009)

6 2 3 3 6 4 8 3 23 12 35

Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e responsabilidade social.

5 2 4 4 5 1 3 2 17 9 26

Comunicação pública, governamental e política. 4 2 6 1 6 0 3 4 19 7 26

Processos, políticas e estratégias de comunicação em organizações privadas.

- - 8 2 - - - - 8 2 10

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Há uma predominância na exposição de trabalhos individuais. Durante o período foram

apresentadas 157 pesquisas, representando 71% do total, enquanto em grupo foram 64

trabalhos (29%). Em todos os GTs a predominância se mantém basicamente a mesma.

Se analisada a distribuição das apresentações por regiões brasileiras, a tabela abaixo detalha

como tem sido essa opção.

Tabela 28

Trabalhos apresentados nas regiões brasileiras nos eventos da Abrapcorp, período 2007 a 2010

Totais - Região de Origem

GT Norte Nordeste Centro- Oeste

Sudeste Sul Interna- cional

Não Informado

TOTAIS 0 17 10 110 76 12 2

Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação organizacional e

relações públicas (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos

em comunicação organizacional e relações públicas, a partir de 2008)

0 5 1 15 5 5 0

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Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações.

(Processos, políticas e estratégias de comunicação organizacional,

a partir de 2009)

0 5 0 23 27 4 0

Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas

organizações 0 0 2 18 14 2 0

Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade

organizacionais, a partir de 2009)

0 0 2 19 16 0 0

Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e

responsabilidade social 0 4 3 10 7 1 2

Comunicação pública, governamental e política

0 2 2 18 5 0 0

Processos, políticas e estratégias de comunicação em organizações privadas

0 1 0 7 2 0 0

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Essa tabela foi construída com base na informação do pesquisador, que disponibiliza em seu

paper qual a região da instituição que está representando (normalmente o Estado). Vale

mencionar que houve pesquisadores que mencionaram mais de uma região e nesses casos

específicos foram contabilizados para todas as regiões informadas. As Regiões Sudeste, com

110 pesquisadores (48%) e Sul, com 76 pesquisadores (33%), são as mais representadas. A

Região Norte não teve contabilizado nenhum trabalho. Isso, talvez, possa ser justificado pela

distância em relação à localidade onde os eventos foram realizados, no período. Um destaque

deve ser dado a presença internacional, com 12 pesquisas no período, representando 5%.

Fazendo uma análise mais detalhada por ano, por região, observa-se que não houve aumento

significativo de um ano para outro com referência a quantidade de representantes de cada

localidade. Inclusive o número de participantes internacionais vem mantendo a média de 2 por

ano.

Observando e analisando a titulação dos pesquisadores, há uma representativa quantidade de

doutores, se calculado sob o total das informações obtidas, representando 22% do total. Já na

categoria outros, onde podem ser incluídos estudantes de pós-graduação (mestrandos e

doutorandos), além de especialistas, profissionais, mestres e demais modalidades, verifica-se

uma maior concentração, embora haja ainda muitos participantes que não informam sua

titulação, sendo impossível realizar análises mais representativas.

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A partir de 2011 as Mesas Temáticas substituem os GT’s das edições anteriores do Congresso

Abrapcorp. Isso ampliou as possibilidades de apresentação e o direcionamento dos temas em

conjuntos de afinidades. Os trabalhos são reunidos por agnações temáticas em até 10 mesas,

que serão apresentadas na programação do Congresso. Até o encerramento da pesquisa a lista

dos trabalhos aprovados não havia sido divulgada. Não foi possível localizar dados com

referência ao número de trabalhos submetidos anualmente e aqueles que são efetivamente

aceitos para apresentação.

4) Comunicação e Marketing Político

O Politicom97 nasceu sob a égide do professor Dr. Adolpho Queiróz, inicialmente como um

evento realizado na Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. Como

um espaço de reflexão, ligado a uma das linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação

em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, objetivava reunir estudiosos

tanto da graduação, como do Pós-Graduação, além de profissionais em torno dos conceitos do

Marketing e da Propaganda Política.

Com o objetivo de estimular a pesquisa como forma a promover o intercâmbio, a reflexão crítica,

produzir conhecimento novo, sempre tratando de temas ligados ao contexto da comunicação na

atualidade, nos mais variados cenários, assim que nasceu o Grupo de Pesquisa sobre Marketing

Político, como atividade oficial no calendário da Cátedra Unesco. No ano de 2002, foi realizado o

I Seminário Brasileiro de Marketing Político, na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

Inicialmente, com um grupo reduzido, mas não menos atuante, mestrandos, doutorados, alunos

de iniciação científica, sob o comando do professor Adolpho levaram adiante o projeto de criar,

no âmbito da Cátedra Unesco, a Rede Politicom de Pesquisa.

Desde então, com mais de oito anos de existência e muita produção, o grupo vem crescendo e

contribuindo significativamente para os estudos de Marketing Político e da Comunicação Política,

não somente em nosso País, mas as pesquisas têm alcançado âmbitos internacionais. Além de

uma produção, cujos temas tratam do marketing e da propaganda política, esse grupo vem

97 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 12, o texto “Politicom: o marketing político entre a pesquisa acadêmica e o mercado profissional”, do professor Dr. Adolpho Queiroz, traça um panorama da entidade.

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promovendo anualmente, em diversas regiões, a Conferência Brasileira de Marketing Político,

inserindo essa temática na agenda acadêmica de muitas instituições. Os encontros, realizados

de forma voluntária, têm permitido a interação e a reflexão crítica de alunos da pós-graduação e

da graduação, mestres, professores e profissionais, bem como ampliado o campo de discussão,

incorporando cenários, contextos e diversidades regionais nos múltiplos espaços investigados,

quer nos âmbitos da Pós-Graduação e/ou da Graduação.

Criada oficialmente em outubro de 2008, durante a VII Conferência Brasileira de Marketing

Político, realizada na Faculdade "Prudente de Moraes", em Itu, no interior de São Paulo, a

POLITICOM (Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e

Marketing Político) tem procurado incentivar as discussões sobre propaganda e marketing

político, nos mais variados espaços de reflexão, principalmente durante seus encontros anuais.

Sua entusiasta diretoria tem procurado estreitar os laços com pesquisadores do Brasil,

estimulando a criação de diretorias regionais espalhadas pelo país, de forma a promover a

ampliação dos debates, evidenciando a comunicação como uma ferramenta para o Marketing

Político.

Traçado esse panorama mais geral, a pesquisa sistematizou os dados dos trabalhos

apresentados durante os vários eventos. Antes da disponibilização das tabelas que evidenciam a

variedade de apresentações, é necessário fazer uma breve síntese dos dois primeiros eventos,

realizados ainda em formato de grupo de Estudos.

O I Seminário Brasileiro de Marketing Político, realizado no ano de 2002, na Universidade

Metodista de são Paulo, teve como tema central: As contribuições do projeto de pesquisa sobre

"Propaganda Política" ao programa de pós-graduação em comunicação da Umesp. Contou com

a apresentação de trabalhos de 7 alunos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da

Instituição e mais 8 alunos do curso de graduação em Publicidade e Propaganda. A atividade

contou com aproximadamente 30 participantes. Os trabalhos foram apresentados no sistema de

mesas temáticas.

O segundo encontro também foi realizado na Unesp, no ano de 2003, contou com a

apresentação 3 painéis. Participaram 9 alunos do Programa de Pós-Graduação em

Comunicação com apresentação de trabalhos e mais 3 alunos da Graduação em Publicidade e

Propaganda, todos da Unesp. Ainda não havia divisão de grupos de trabalho. Participaram como

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ouvintes 60 pessoas, entre alunos e professores da instituição. É interessante observar o

crescimento significativo no número de participantes, tendo em um ano dobrado.

A partir do quarto seminário as apresentações das pesquisaras foram divididas em Grupos de

Trabalho. A tabela abaixo demonstra como ficou a distribuição das contribuições a partir da

mudança. É importante salientar que não havia Grupos de Trabalhos fixos, mas determinados de

acordo com as demandas das pesquisas inscritas no evento. Somente a partir de 2009 foram

definidos 8 GTs, que abarcam as mídias: Rádio; Televisão; Internet; Impresso (jornais/revistas),

contemplam também as especificidades de tipos de trabalhos, por exemplo, Projetos

experimentais. Há espaço para temas propostos, com a inserção do GT Temas livres.

Finalmente as especificidades em: Pesquisas eleitorais e imagem pública e Marketing pós-

eleitoral e comunicação governamental.

Tabela 29 Total de trabalhos apresentados no Politicom,

período 2004 a 2010 Número de trabalhos

GT 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais

TOTAL 18 16 29 29 43 38 31 204 Propaganda Política em Jornais e

Revistas 5 3 - 5 - - - 13

Projetos Laboratoriais de Graduação

7 - - - - - - 7

Temas Livres 6 - - - - - 5 11

Propaganda Política na Internet - 3 9 - - - - 12 Propaganda Política: Temas Gerais e Propaganda Política na Televisão

- 4 8 - - - - 12

Projetos Laboratoriais de Graduação e Propaganda Política

em Rádio - 6 7 - - - - 13

Propaganda Polïtica na Mídia TV - Rádio

- - 5 - - - - 5

Propaganda Política e Audiovisuais - - - 8 - - - 8 Propaganda Política, trabalhos de pesquisa aplicada em cursos de

graduação - - - 7 - - - 7

Propaganda Política, temas gerais - - - 9 - - - 9

Comunicações Científicas - - - - 26 - - 26

Políticas de Comunicação - - - - 17 - - 17

Rádio - - - - - 10 - 10

Televisão - - - - - 13 2 15

Internet - - - - - 6 7 13

Impresso (jornal/revista) - - - - - 4 3 7

Projetos Experimentais - - - - - 5 6 11

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Pesquisas Eleitorais - - - - - - 3 3

Marketing Pós Eleitoral - - - - - - 5 5

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 O que se pode perceber é que há uma variedade de espaços definidos pela instituição que

congregam os estudos de Marketing Político e da Propaganda Política. Não há ainda uma

tendência ou uma expressividade com relação a um tipo de mídia ou mesmo com referência a

um tema específico.

O grupo de pesquisadores em Marketing Político tem estimulado a participação de estudantes

nas várias modalidades, recebendo pesquisas de graduação (Iniciação Científica), Trabalhos de

Conclusão de Curso, artigos, pesquisas em andamento, agrupando não somente estudantes dos

cursos de pós-graduação, mas de graduação, doutores e profissionais do mercado.

Durante os sete anos de realização do encontro há uma média de 29 trabalhos ano-evento, mas

se analisado por ano é possível observar o significativo aumento no número de adesões ao tema

e a atividade.

Com referência a modalidade de apresentação, a tabela abaixo evidencia as formas, detalhando

pelos grupos de trabalho definidos em cada evento-ano.

Tabela 30

Total de trabalhos apresentados no Politicom, por modalidade Individual (I) ou em Grupo (G),

período 2004 a 2010

Modalidade (individual/grupo)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais

GT I G I G I G I G I G I G I G I G Totais

TOTAL 4 14 6 10 15 14 8 21 14 29 13 25 8 23 68 136 204 Propaganda Política

em Jornais e Revistas 3 2 2 1 - - 3 2 - - - - - - 8 5 13

Projetos Laboratoriais de Graduação

0 7 - - - - - - - - - - - - 0 7 7

Temas Livres 1 5 - - - - - - - - - - 3 2 4 7 11 Propaganda Política

na Internet - - 1 2 5 4 - - - - - - - - 6 6 12

Propaganda Política: Temas Gerais e

Propaganda Política na Televisão

- - 3 1 6 2 - - - - - - - - 9 3 12

Projetos Laboratoriais de Graduação e

Propaganda Política em Rádio

- - 0 6 1 6 - - - - - - - - 1 12 13

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Propaganda Política na Mídia TV - Rádio

- - - - 3 2 - - - - - - - - 3 2 5

Propaganda Política e Audiovisuais

- - - - - - 4 4 - - - - - - 4 4 8

Propaganda Política, trabalhos de pesquisa

aplicada em cursos de graduação

- - - - - - 0 7 - - - - - - 0 7 7

Propaganda Política, temas gerais

- - - - - - 1 8 - - - - - - 1 8 9

Comunicações Científicas

- - - - - - - - 14 12 - - - - 14 12 26

Políticas de Comunicação

- - - - - - - - 0 17 - - - - 0 17 17

Rádio - - - - - - - - - - 3 7 - - 3 7 10

Televisão - - - - - - - - - - 6 7 1 1 7 8 15

Internet - - - - - - - - - - 3 3 2 5 5 8 13 Impresso

(jornal/revista) - - - - - - - - - - 1 3 0 3 1 6 7

Projetos Experimentais

- - - - - - - - - - 0 5 0 6 0 11 11

Pesquisas Eleitorais - - - - - - - - - - - - 0 3 0 3 3 Marketing Pós

Eleitoral - - - - - - - - - - - - 2 3 2 3 5

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Diferente das outras instituições o Politicom tem recebido mais trabalhos coletivos que

individuais, demonstram sua capacidade de aglutinação de pesquisas e a formação de uma rede

de investigadores que estudam a temática.

As pesquisas em grupo representam 67% (136 trabalhos) do total apresentado, nos 7 eventos

realizados. Essa representatividade pode ser observada tanto nos grupos pesquisadores e

estudantes da pós-graduação, como nos alunos de graduação.

Tabela 31

Total de trabalhos apresentados no Politicom, por titulação, período 2004 a 2010

Totais GT

Doutor Outros Não

informado TOTAL 25 347 234

Propaganda Política em Jornais e Revistas 1 12 12

Projetos Laboratoriais de Graduação - - 44

Temas Livres 1 18 6

Propaganda Polïtica na Internet 1 13 9

Propaganda Política: Temas Gerais e Propaganda Política na Televisão

- 13 3

Projetos Laboratoriais de Graduação e Propaganda Política em Rádio

2 45 22

Propaganda Política na Mídia TV - Rádio 1 18 1

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Propaganda Política e Audiovisuais 2 9 3

Propaganda Política, trabalhos de pesquisa aplicada em cursos de graduação

1 24 21

Propaganda Política, temas gerais 2 14 6

Comunicações Científicas 0 0 0

Políticas de Comunicação 0 104 5

Rádio 2 9 18

Televisão 1 1 25

Internet 5 9 13

Impresso (jornal/revista) 3 4 15

Projetos Experimentais 0 44 30

Pesquisas Eleitorais 2 4 0

Marketing Pós Eleitoral 1 6 1 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante observar que participam do evento um número significativo de doutores, se

comparado com o total de titulação, cerca de 4%, porém a grande representatividade está em

estudantes de pós-graduação e de graduação, mestres, especialistas e profissionais, perfazendo

o total de 347, nos 7 anos de evento, significando 57%. Embora seja necessário observar que há

um número bastante grande (234) de trabalhos onde não foi possível identificar a titulação do(s)

autor(es). É possível avaliar que o fato de estar recebendo adesão, principalmente, de

estudantes e de profissionais demonstra o perfil da entidade, que é o de abrir espaço de

pesquisa para esse tema, ainda considerado como emergente dentro do cenário da

Comunicação.

Marketing Político, Propaganda Política, Publicidade Eleitoral, Publicidade Política, Comunicação

Política; Campanha Eleitoral são as palavras-chave que mais são utilizadas nos trabalhos

apresentados.

A região Sudeste representa parte significativa de toda a apresentação de trabalho, superando a

marca dos 80%. O estado que mais participa é São Paulo, seguindo de Rio de Janeiro e Minas

Gerais. Há alguns trabalhos internacionais, especificamente da Espanha, mas que no cômputo

geral não alteram os dados estatísticos.

É necessário ressaltar o apoio para realização dos eventos que a entidade vem recebendo ainda

é insipiente. O que foi observado é que as atividades têm recebido apoio das universidades sede

dos eventos e da Cátedra Unesco de Comunicação. Somente em 2010 é que aparece a

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Fundação Konrad Adenauer Stiftung, o Jornal Liberal, A Rádio Você AM 580, a Prefeitura de

Americana e a VF. Isso demonstra a força de ação em grupo e o empenho dos pesquisadores

da entidade para que o espaço de discussão seja realmente possível.

Outro desafio que se desenhou inicialmente para o grupo foi a produção de conhecimento novo.

Assim, na linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Umesp, liderada pelo professor

Adolpho Queiróz, nasceu o projeto "A história da propaganda política no Brasil Republicano". Os

resultados, apresentado por um contingente muito participante pode ser visto através das várias

dissertações de mestrado, teses de doutorado e trabalhos de iniciação científica, quer orientados

pelo próprio Adolpho Queiróz, mas e também pelos discípulos desse grupo.

Além dos livros e da Revista Brasileira de Marketing Político, que está no IV ano de edição (nº 5,

de janeiro/julho de 2011), estão os e-books lançados a partir dos congressos nacionais, dentre

os quais podem ser citados: A propaganda política no Brasil contemporâneo (2008); Marketing

internacional, a propaganda ideológica diante da globalização (2009) e Eleições brasileiras,

estratégias de propaganda política (2010)98, que superam 25 mil acessos.

Mudança, movimento, amadurecimento, evolução, participação, crítica. São ações fundamentais

para a manutenção de um estado democrático. Assim, é preciso olhar para o marketing político

como uma ferramenta de conhecimento, capaz de ampliar a visão para além da simples eleição

e das escolhas partidárias individuais. No Brasil o marketing político brasileiro vem evoluindo a

passos largos. Cada vez mais ferramentas de análise científica, aliadas à ética e utilizada por

profissionais talentosos e competentes são a marca registrada desse desenvolvimento e esse

cenário está disponibilizado em várias ações organizadas pelo grupo que compõe a entidade.

5) Economia Política da Comunicação

A formação da Ulepicc99 é um pouco diferente da concepção de outras instituições científicas.

Foi em Buenos Aires, em 2001, quando da aprovação da Carta de Buenos Aires, que reconhecia

o campo da Economia Política de Comunicação (EPC) como um espaço de atuação, que as 98 Volumes disponíveis para acesso gratuito em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/index.php/POLITICOM, pesquisado em março de 2011. 99 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 8, o texto “ULEPICC-Brasil: a institucionalização da EPC brasileira”, escrito pelos professores Drs. Valerio Brittos e Cesar Bolaño traçam um panorama geral da entidade.

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sementes da instituição foram plantadas. No mesmo ano (2001) foi realizado um segundo

encontro, em Brasília, onde as bases de formação da entidade foram sedimentadas. Em julho de

2002, durante o III no III Encuentro Latino de Economia Política de la Comunicación, na cidade

de Sevilha, foi realizada a assembléia de fundação da União Latina de Economia Política da

Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC)100.

Como consta no site da entidade, a mesma foi criada como uma Federação, capaz de abrigar o

que é chamado de “Capítulos nacionais: a ULEPICC-Espanha (http://www.ulepicc.es ), fundada

em março de 2002 e presidida por Ramón Zallo (Universidad del País Vasco), a ULEPICC-Brasil

(http://www.ulepicc.org.br), fundada em março de 2004 e a ULEPICC-Moçambique

(http://ulepiccmozambique.blogspot.com ), criada em junho de 2008 e presidida por João Miguel

(Universidade Eduardo Mondlaner, Maputo)” (ULEPICC, 2011, web).

Centrando as análises dessa investigação no Capítulo Brasil, onde a primeira ação em âmbitos

mais amplos buscava a aproximação entre programas de pós-graduação em comunicação e

ciências afins, pesquisadores, estudantes, bem como de organizações da sociedade civil, de

forma a possibilitar a promoção do debate sobre o papel da EPC na sociedade contemporânea,

além do diálogo entre a EPC e campos afins na área da Comunicação.

A ULEPICC-Brasil, tem como desafios a articulação acadêmica com os demais espaços voltados

para EPC em âmbitos nacional e internacional.

O 1° Encontro da ULEPICC-BRASIL, teve como tema central Economia política da

comunicação: interfaces acadêmicas e sociais do Brasil e foi realizado no mês de outubro de

2006. Também foi nesse espaço que ocorreu o primeiro encontro de Grupos de Pesquisa.

A instituição passou por dois pleitos que definiram as juntas diretivas de 2004 a 2006 e de 2006

a 2008, presidida por Valério Brittos (UNISINOS,RS) e 2008 a 2010, presidente: Anita Simis

(UNESP, SP).

Foram realizados 3 Encontros Nacionais. Em 2006, realizou-se o I Encontro da ULEPICC-Brasil,

teve como tema central “Economia Política da Comunicação: Interfaces Sociais e Acadêmicas do

100 Informações detalhadas podem ser obtidas na página web, disponível em: http://www.ulepicc.org, acesso em março de 2011.

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Brasil”, na Universidade Federal Fluminense, Niterói. O II Encontro da ULEPICC-Brasil, em 2008,

teve como temática “Digitalização e Sociedade” e ocorreu na Universidade Estadual Paulista,

Bauru, São Paulo. O III Encontro da ULEPICC-Brasil, em 2010, teve como tema central “A

formação da Economia Política da Comunicação e da Cultura no Brasil e na América Latina:

conquistas e desafios” e foi realizado na Universidade Federal de Sergipe, em Sergipe.

Desses eventos, a tabela abaixo demonstra os números de trabalhos apresentados, separados

por ano,

Tabela 32

Total de trabalhos apresentados no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010

Número de trabalhos GT

2006 2008 2010 Totais

TOTAIS 60 87 73 220

Tecnologias de Informação e Comunicação 18 - - 18

Políticas de Comunicação 18 12 14 44

Estudos Culturais 12 - - 12

Comunicação Comunitária 12 - - 12

Políticas Culturais e Economia da Cultura - 10 29 39

Indústrias Midiáticas - 37 12 49

Comunicação Pública, Popular ou Alternativa - 17 9 26

Teorias - 11 - 11

Teorias e Temas Emergentes - - 9 9

Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010

Foram 220 trabalhos apresentados, em três eventos, perfazendo uma média de 73 trabalhos por

evento. Indústrias Midiáticas é o Grupo de maior representatividade, com 49 pesquisas, 22% do

total, embora em 2010 tenha ocorrido uma redução bastante significativa no número de trabalhos

apresentados. Políticas de Comunicação (44), representando 20%, é o segundo em número de

trabalhos.

Ainda não há uma definição fixa para os grupos de pesquisa, evidenciando que a entidade está

se estruturando e buscando definir suas linhas de atuação.

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Tabela 33 Total de trabalhos apresentados por modalidade Individual (I) ou Grupo (G)

no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010 Modalidade (individual/grupo)

2006 2008 2010 Totais GT

I G I G I G I G

49 11 68 19 61 12 178 42 TOTAIS

60 87 73 220 Tecnologias de Informação e

Comunicação 16 2 0 0 0 0 16 2

Políticas de Comunicação 14 4 12 0 11 3 37 7

Estudos Culturais 9 3 - - - - 9 3

Comunicação Comunitária 10 2 - - - - 10 2 Políticas Culturais e Economia da

Cultura - - 9 1 24 5 33 6

Indústrias Midiáticas - - 28 9 10 2 38 11 Comunicação Pública, Popular ou

Alternativa - - 11 6 8 1 19 7

Teorias - - 8 3 - - 8 3

Teorias e Temas Emergentes - - - - 8 1 8 1 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante observar que na ULEPICC-Brasil, como na maioria das outras instituições

analisadas, os pesquisadores ainda continuam ilhados nos campi universitários produzindo suas

reflexões de forma individual e os espaços dos congressos atendem a perspectiva de divulgação

científica.

Dos 220 trabalhos apresentados nos três anos, 178 pesquisas (81%) tinham um único autor.

Olhando a tabela mais detalhadamente, observa-se que essa tendência se manifesta durante

todo o período e em todos os grupos de pesquisa.

Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentaram seus trabalhos, a tabela abaixo

faz uma síntese dessas apresentações,

Tabela 34 Total de trabalhos apresentados por titulação no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010

Totais

GT Doutor Outros

Não Informado

Totais 48 127 107

Tecnologias de Informação e Comunicação 4 15 1

Políticas de Comunicação 15 23 13

Estudos Culturais 2 14 0

Comunicação Comunitária 4 8 2

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Políticas Culturais e Economia da Cultura 1 11 41

Indústrias Midiáticas 7 25 30

Comunicação Pública, Popular ou Alternativa 7 21 14

Teorias 5 9 1

Teorias e Temas Emergentes 3 1 5 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Do total de pesquisadores que apresentaram seus trabalhos nos três anos em que os eventos

foram realizados, 48 (17%) são doutores, 45% (127) são doutorandos, mestrandos, mestres,

especialistas ou graduados e 107 pesquisadores (38%) não informaram sua titulação. É

representativa a participação de doutores, mestres, especialistas e estudantes dos programas de

pós-graduação. Isso reforça a perspectiva de crescimento no número de pesquisas, bem como o

desenvolvimento de investigações e atividades que representem uma contribuição para o

campo.

É importante mencionar que há uma rede de pesquisadores, formada no ano de 1992, quando

da constituição do GT de Economia Política das Telecomunicações, da Informação e da

Comunicação (Eptic) no âmbito da Intercom. Esse grupo tem marcado de forma bastante

substanciosa a participação internacional e a inserção do tema interdisciplinar da Economia

Política para além dos âmbitos universitários.

A Rede Eptic vem realizando diversos eventos internacionais em países como: Argentina,

Espanha, Brasil, México. Além dessas atividades há o Portal Eptic101, que disponibiliza

conteúdos na área de Economia Política da Comunicação, “incluindo livros digitais, teses,

dissertações, monografias, textos para discussão, boletim noticioso e uma revista acadêmica, de

periodicidade quadrimestral, a Eptic On line-Revista Electrónica Internacional de Economía de

las Tecnologías de la Información y de la Comunicación” (EPTIC, 2011, web).

Em 2003 o Portal Eptic recebeu o recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação,

na modalidade Grupo Inovador, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação (Intercom) e “tem registrado mais de 130 mil acessos anualmente, articula uma

rede de pesquisadores de diferentes países da Europa e da América Latina, participantes de

diversos grupos de trabalho vinculados ao tema”. Há também a Biblioteca Eptic, que conta com

uma coleção sobre Economia Política da Comunicação, publicando títulos individuais e coletivos,

de pesquisadores do Brasil e do exterior, com oito títulos lançados. (EPTIC, 2011, web).

101 Disponível em www.eptic.com.br/, acesso em março de 2011.

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6) Folkcomunicação

Foi no ano de 2004 que formalmente foi constituída a Organização não governamental Rede

Folkcom102 - Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação. A Rede surgiu a partir de um

desafio lançado pelo professor José Marques de Melo, durante o VI Encontro Brasileiro de

Folkcomunicação, no ano de 2003, para um grupo de estudiosos da comunicação.

Assim, José Marques de Melo, Roberto Benjamin, Cristina Schimidt, Rosa Nava, Marlei Sigrist,

Maria Cristina Gobbi, Alfredo D’Almeida, Marcelo Pires de Oliveira, Joseph Luyten (in memoriun),

Samantha Castelo Branco, Severino Lucena, Osvaldo Trigueiro, Fábio Rodrigues Corniani,

Betania Maciel, Sérgio Gadini, Lílian Assumpção, José Carlos Aronchi, Esmeralda Villegas,

Carlos Nogueira, Antonio Barros, Osvaldo Trigueiro, Zeeida Assumpção, Karina Woitowicz,

Rosangela Maçolla, Sebastião Breguez, Guilherme Rezende, Elizabeth Gonçalves, Daniel

Galindo, entre outros aceitaram o estímulo e sob a liderança da professora Dra. Cristina Schimidt

criaram a Rede Folkcom, em 2004.

A Rede Folkcom está aberta para a participação de pesquisadores, professores e estudantes

que se interessam pelos estudos da folkcomunicação. Ela tem como missão ser um núcleo

aglutinador de pesquisadores e estudiosos da folkcomunicação, geradora de reflexões,

estudando o folclore como um processo permanente de comunicação e a mídia como um meio

(SCHIMIDT, 2006).

102 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no Capítulo 13, o texto “Folkcom - Origens da entidade”, da professora Dra. Betania Maciel e o texto “Folkcomunicação: memória institucional”, da professora Dra. Cristina Schmidt, traçam um panorama geral da entidade.

Símbolo da Rede Folkcom criado por Marco Aurélio Biseno para a I Conferência Brasileira de Folkcomunicação, ocorrida

no ano de 1998, na Universidade Metodista de São Paulo.

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O estudo sobre a folkcomunicação foi um dos principais legados de Luiz Beltrão em sua batalha

para conscientizar os estudantes de jornalismo quanto à comunicação coletiva e a seus múltiplos

desdobramentos. A atualidade da pesquisa desse pioneiro tem despertado o interesse de

diversos grupos, não só no Brasil, mas também na América Latina e em países europeus. Se,

por um lado, a rapidez da sociedade da informação possibilita a criação cotidiana de “um mundo

novo” de informações, com a oferta cada vez mais veloz de conhecimento exige, por outro, que

toda essa gama de dados que circulam pelas “infovias” comunicacionais faça parte do cotidiano

das pessoas quase que em tempo real. Esse ultimato se insere no mundo do trabalho, do lazer,

da economia, da política, da cultura em uma aparente cobrança da inserção do indivíduo nesse

contexto. Esse tem sido um dos motes principais de articulação da Rede (GOBBI, 2006).

Dentre as múltiplas atividades que desenvolve está a Conferência Brasileira de Folkcomunicação

- FOLKCOM103. Essa atividade iniciada em 1998, quando da realização do primeiro encontro,

sob a chancela da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, tem

permitindo entender e ampliar as opiniões dos processos da cultura brasileira, tendo como cerne

os estudos do professor Luiz Beltrão. Dentre os principais objetivos dessas Conferências anuais,

podem ser citadas: a) Permitir o conhecimento e a reflexão sobre o legado brasileiro na área de

teorias da comunicação, contidos nos estudos do Pioneiro Luiz Beltrão; b) Possibilitar a análise e

a interação entre as culturas regionais e a cultura global, a partir da mediação exercida pela

indústria cultural; c) Estimular a reflexão e a pesquisa dos fenômenos singulares do calendário

folclórico brasileiro, como por exemplo, o Natal, as festas populares e religiosas, o carnaval etc,

d) Implementar a Rede Folkcom de pesquisadores na área, entre outras (GOBBI, 2006)

Desde a primeira Conferência, realizada em 1998, várias temáticas foram debatidas e as

contribuições recebidas de diversos pesquisadores, não só do Brasil, mais internacionalmente.

Para se ter uma idéia dessas contribuições, disponibilizamos abaixo um breve panorama das

onze Conferências já realizadas.

Quadro 15 – Eventos Folkcom realizados

no período de 1998 a 2010 Ano Local Temática

1998 - I Folkcom São Paulo Folkcomunicação: disciplina científica 1999 - II Folkcom Minas Gerais Folkcomunicação e cultura brasileira 2000 - III Folkcom Paraíba Meios de comunicação, folclore e turismo

103 Maria Cristina Gobbi. Texto publicado no Anuário Unesco/Metodista nº 10. São Bernardo do Campo: Unesco/Metodista, 2006 e atualizado para essa publicação.

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2001 - IV Folkcom Mato Grosso do Sul As festas populares como processos comunicacionais 2002 - V Folkcom São Paulo A imprensa do povo 2003 - VI Folkcom Rio de Janeiro Folkmídia: difusão do Folclore pelas indústrias midiáticas

2004 - VII Folkcom Rio Grande do Sul Folkcomunicação Política: a comunicação na cultura dos

excluídos

2005 - VIII Folkcom Piauí A comunicação dos pagadores de promessas. Do ex voto

à indústria dos milagres

2006 – IX Folkcom São Paulo Folkcomunicação e Cibercultura A voz e a vez dos excluídos

na arena digital

2007 – X Folkcom Paraná A comunicação dos migrantes: Fluxos massivos, contra-fluxos

populares

2008 – XI Folkcom Rio Grande do Norte Impasses teóricos e desafios metodológicos da

Folkcomunicação 2009 – XII Folkcom São Paulo Cultura Capira

2010 – XIII Folkcom Bahia Esteja a gosto, sabores e saberes populares: a

folkcomunicação gastronômica Fonte: Dados dos autores, março de 2011

Buscando ampliar a representatividade da pesquisa Folkcomunicacional, fazendo conhecer essa

teoria comunicativa legitimamente brasileira, um dos grandes desafios tem sido que o evento da

Rede seja realizado em diversas localidades brasileiras. Isso tem sido alcançado pela forte

atuação dos membros integrantes da Rede, que se predispõe a levar a atividade para suas

instituições. Por exemplo, para o ano de 2011 a XIV Conferência ocorrerá na cidade de Juiz de

Fora, em Minas Gerais, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Durante o evento será

celebrado os “40 anos de publicação da obra “Comunicação e Folclore” (Ed. Melhoramentos,

1971) de Luiz Beltrão e as trezes conferências já realizadas. Ao longo de trezes anos, o Folkcom

já debateu as relações entre a Folkcomunicação e o turismo, festas populares, ciência política,

jornalismo, gastronomia, migrantes e outros temas” (FOLKCOM, 2011, web).

Para essa pesquisa o período selecionado foi entre os anos de 2001 a 2010, assim, a tabela

abaixo evidencia como foram apresentados os trabalhos ao longo do período.

Tabela 35 Total de trabalhos apresentados na Folkcom,

no período 2001 a 2010

GT 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total

TOTAIS 44 36 41 60 48 42 34 - 46 21 372

Simpósios Temáticos - - - - - - - - - - - As Festas Cívicas e Profanas

como Processos Comunicacionais 5 - - - - - - - - - 5

Folkcomunicação em Comunidades Negras e Indigenas

2 - - - - - - - - - 2

Folkcomunicação Midiática 3 - - - - - - - - - 3

Folkcomunicação Urbana 3 - - - - - - - - - 3

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Folkcomunicação na Sociedade de Consumo

5 - - - - - - - - - 5

Folkcomunicação e Cultura Erudita 2 - - - - - - - - - 2 Processos Folkcomunicacionais:

da Produção à Recepção 4 - - - - - - - - - 4

Teoria e Metodologia da Folkcomunicaçao

4 - - - - - - - - - 4

Festas Paradigmáticas 8 - - - - - - - - - 8

Colóquios Acadêmicos 8 - - - - - - - - - 8 - - - - - - - - - - -

Seminário Monográfico - 3 - - - - - - - - 3 CTA 1 – Teoria e Pesquisa da

Folkcom - 4 - - - - - - - - 4

CTA 2 – Folkmídia nas Regiões Brasileiras

- 5 - - - - - - - - 5

CTA 3 – Folkcomunicação Urbana - 4 - - - - - - - - 4 CTA 4 – Folkcomunicação na

Internet - 5 - - - - - - - - 5

CTA 5 – Folkcomunicação Impressa

- 5 - - - - - - - - 5

CTA 6 – Ícones Folkmidiáticos - 2 - - - - - - - - 2 CTA 7 – Sagrado e Profano na

Folkcomunicação - 4 - - - - - - - - 4

CTA 8 – Tendências Regionais em Folkcomunicação

- 4 - - - - - - - - 4

- - - - - - - - - - - CTA 1 – Folkmídia: Gêneros e

Formatos - - 6 - - - - - - - 6

CTA 2 – Memória Folkmidiática - - 5 - - - - - - - 5 CTA 3 – Folkcomunicação

Diversional - - 7 - - - - - - - 7

CTA 4 – Folkcomunicação Utilitária

- - 5 - - - - - - - 5

CTA 5 – Folkcomunicação Religiosa

- - 5 - - - - - - - 5

CTA 6 – Folkcomunicação nas Festas Populares

- - 7 - - - - - - - 7

CTA 7 – Folkcomunicação Erótico-pornográfica

- - 3 - - - - - - - 3

CTA 8 – Folkcomunicação: Perspectivas Multidisciplinares

- - 3 - - - - - - - 3

- - - - - - - - - - - GT1 - - - 5 - - - - - - 5

GT2 - - - 6 - - - - - - 6

GT3 - - - 5 - - - - - - 5

GT4 - - - 7 - - - - - - 7

GT5 - - - 4 - - - - - - 4

GT6 - - - 6 - - - - - - 6

GT7 - - - 10 - - - - - - 10

GT8 - - - 5 - - - - - - 5

GT9 - - - 5 - - - - - - 5

GT10 - - - 7 - - - - - - 7

- - - - - - - - - - -

GT1 Teoria e Metodologia - - - - 9 5 7 - 10 - 31

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GT2 Gêneros e formatos - - - - 7 6 10 - 0 - 23

GT3 Turística (*2) - - - - 5 6 4 - 18 - 33

GT4 Midiática - - - - 6 12 13 - 5 - 36

GT5 Política - - - - 7 4 0 - 0 - 11

GT6 Religiosa - - - - 14 9 0 - 0 - 23

GT - Cultura Caipira - - - - - - - - 13 - 13 - - - - - - - - - - -

GT1 - Folkcomunicação, Manifestações Urbanas e

Cyberculturais - - - - - - - - - 0 0

GT2 - Folkcomunicação, Religião e Festividades

- - - - - - - - - 7 7

GT 3- Folkcomunicação Midiática - - - - - - - - - 8 8 GT 4 - Folkcomunicação, Campos

de Pesquisa, Teoria e Metodologia

- - - - - - - - - 6 6

Fonte: Dados dos autores, março de 2011

Como pode ser observado na tabela não há nenhum critério ainda definido para os grupos de

trabalho. Em 2001 eles foram divididos em Simpósios Temáticos, com 8 sub-temas, também

houve apresentações em Festas Paradigmáticas e Colóquios Acadêmicos. No ano de 2002

ocorreram apresentações nos Seminário Monográfico e nos Grupos de Trabalhos, chamados de

CTAs. No ano de 2008 o evento foi o Pré-Congresso do Congresso da Intercom e não houve

apresentação de trabalhos em Grupos de Pesquisa. O evento foi organizado como um

seminário, com mesas temáticas com convidados. Em 2004 os GTs não foram nomeados. Em

2007 o GT3 Turística passa a ser chamado de Folkcomunicação Turística e Religiosa, unindo os

GTs 3 e 6. Em 2009 aparece como Folkcomunicação Política, Turística e Religiosa.

Diante da diversidade de temáticas e a falta de apresentações em grupos de trabalho ocorrida

no ano de 2008, não é possível verificar uma tendência para um grupo específico, mas observar

que a média de apresentações anuais tem se mantido. Exceção ao evento de 2010, que pode

ser justificado por ter sido realizado em Ilhéus, Bahia, localidade de com custos muitos elevado

para o deslocamento dos pesquisadores, especialmente estudantes.

Dentre os temas mais debatidas nos vários trabalhos apresentados podem ser destacadas:

manifestações da cultura (festas populares, religiosas etc e pesquisas realizadas em vários

estados), Teoria e Metodologia; folclore, cultura erudita e cultura de massa; Manifestações

espontâneas da Folkcomunicação; Folkcomunicação Turística e Intermediações folk-midiáticas

na Comunicação Social (Jornal, Rádio, TV, Publicidade/Propaganda, Cinema). O Grupo tem

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definido como palavras-chave: Folclore; Folkcomunicação; Cultura brasileira, Folkcomunicação e

Turismo; Culturas Locais e Regionais.

Dos 371 trabalhos apresentados, 234 (63%) foram apresentações individuais e 137 (37%) em

grupo. Como nas outras entidades, as apresentações individuais predominam, embora ocorra

uma quantidade significativa de apresentações em grupo.

Outro dado que deve ser destacado é com referência a titulação dos participantes. Levando em

consideração aqueles que informaram titulação, 35% são estudantes de pós-graduação,

mestrandos, mestres, especialistas e profissionais da comunicação. São 8% de doutores, mas

grande parte dos trabalhos apresentados, ou autores não informaram a titulação, permitindo

assim somente aproximações.

Outro espaço de divulgação das pesquisas realizadas no âmbito do tema Folkcomunicação é o

NP Folkcomunicação, na Intercom. O NP tem como ementa104 básica o estudo do "processo de

intercâmbio de informações e manifestações de opiniões, idéias e atitudes da massa, através de

agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore" (Luiz Beltrão). Os objetivos buscam

estudar a interface que une a Comunicação e a cultura popular (folclore); oferecer condições

para uma reflexão permanente e aprofundada da cultura popular brasileira e seus impactos na

mídia (impressa, televisiva e radiofônica); possibilitar a troca de experiências entre teoria e

prática, bem como o diálogo interdisciplinar dos pesquisadores que atuam na área de

Folkcomunicação. Explora as seguintes interfaces explícitas: teoria e metodologia; folclore,

cultura erudita e cultura de massa; manifestações espontâneas da Folkcomunicação;

intermediações folk-midiáticas na publicidade, nas relações públicas; religiosas; na literatura; nas

telenovelas; no cinema e no turismo.

Também o grupo está representado mo GT 8 da ALAIC (Asociación Latinoamericana de

Investigadores de la Comunicación). Os encontros da ALAIC ocorrem a cada dois anos e a maior

participação na área da Folkcomunicação estão em contribuições da Argentina, Bolívia e Brasil.

É praticamente inexpressivo os trabalhos de outros países, especialmente os oriundos da

Europa e dos Estados Unidos. Dentre os temas mais representativos estão pesquisas que

evidenciam a cultura do país, especialmente as ligadas a música e a dança. É necessário

mencionar a grande dificuldade em realizar pesquisas conjuntas entre os vários países 104 Material disponível no site: www.intercom.org.br , pesquisado em março de 2011.

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participantes dos encontros, quer por problemas de financiamento, quer pelas dificuldades

lingüísticas. Então em sua grande maioria, as pesquisas são apresentadas de forma individual.

Embora com espaço garantido não somente nas Conferências da Folkcomunicação, como nos

espaços do NP da Intercom e da Alaic, o que foi observado nos dados é a baixa participação dos

alunos da graduação em pesquisas que tratam da temática. Neste sentido há necessidade que

as universidades, através de seus professores, estimulem as investigações utilizando as teorias

Folkcomunicacionais, visando ampliar o leque de conhecimento e participação dos estudantes

na área.

Embora a Rede conte com site105, grande parte da produção está disponibilizada na

Enciclopédia Digital do Pensamento Comunicacional Latino-Americano (ENCIPECOL-AL)106, de

acesso gratuito e desenvolvida pela Cátedra Unesco de Comunicação. Comunicação.

Há muitos outros espaços que realizaram atividades buscando possibilitar que as pesquisas na

área de Folkcomunicação possam ser compartilhadas com a comunidade de pesquisadores na

área, dentre as quais citamos o DVD Ver & Entender Folkcomunicação, elaborado pelo professor

Dr. José Aronchi; o Jornal O Berro, publicado pela Unicap (Universidade Católica de

Pernambuco), editado pelo jornalista Ricardo Mello e o Fórum on-line “Os processos

Folkcomunicacionais e sua apropriação pela mídia”, pelo Centro Universitário Univates (RS), sob

a coordenação da profa. Elizete Kreutz.

A variedade de ações mostra algumas evidências sobre como a disciplina da Folkcomunicação

tem evoluído e ampliado o número de pesquisadores que vem realizando investigações nesse

campo de estudos e disponibilizado os resultados para a comunidade.

Com referência as temáticas folkcomunicacionais observamos que estas estão representadas,

embora haja uma variedade de temas que merecem ser investigados e de desafios ainda por

serem superados, como por exemplo: outros processos Folk, re-leituras da obra fundadora de

Luiz Beltrão e as análises que permeiam outros suportes (mídias ou outras formas de

expressões populares), como a pesquisa do professor José Marques de Melo, que estudou as

representações da cultura popular na Internet.

105 Site da Rede Folkcom: http://www.redefolkcom.org/. 106 Material disponível no site: www.metodista.br/unesco/encipecom, pesquisado em março de 2011.

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A produção, nos vários eventos analisados, tem se mantido constante. Mas a região Sudeste

ainda concentra a maioria dos estudos na área Folkcomunicação, o mesmo ocorrendo com os

eventos nesse campo do conhecimento. É necessário estimular a ampliação desse espaço

geográfico, de forma a permitir que outras locais realizem investigação e possam ter acesso aos

resultados das pesquisas já realizadas.

A análise aponta para uma grande diversidade de temáticas trabalhadas, as quais incluem a

cultura popular, a relação entre cultura popular e mídia, manifestações musicais e folclóricas etc.

Grande parte dos trabalhos apresentados nos vários eventos resulta da participação do autor na

festa ou na atividade estudada e esses são disponibilizados em forma de narrativa ou ensaio. A

pesquisa de campo (participativa), seguida pela bibliográfica responde por grande parte das

investigações realizadas, como também a observação participante representa uma das formas

mais utilizada para o levantamento de campo.

7) História da Mídia

Rede Alcar107: Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, fundada em 2001,

congrega estudiosos da história da mídia.

Com o título inicial de BRASIL. IMPRENSA, 200 ANOS – Rede Alfredo de Carvalho, o professor

José Marques de Melo, Titular da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento

Regional lança o desafio de comemorar os 200 anos da imprensa realizando uma pesquisa

nacional. A proposta teve início no ano de 2001, quando ficou estabelecida que a meta central

era “Desenvolver ações públicas destinadas a comemorar os 200 anos de implantação da

imprensa no Brasil, preservando sua memória e contribuindo para o seu avanço no novo século.

Para tanto, será constituída a Rede Alfredo de Carvalho, a ser integrada por entidades que

atuam no ensino, pesquisa, fomento, profissionalização, produção e outros setores vinculados a

esse campo da atividade intelectual” (CÁTEDRA UNESCO, 2011).

107 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no Capítulo 11, o texto “ALCAR: a história de um “pragmatismo utópico”, da professora Dra. Marialva Carlos Barbosa, traça um panorama geral da entidade.

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Como iniciativa da Cátedra Unesco de Comunicação, parceria da Revista Imprensa, patrocínio

oficial do Ministério da Cultura, cooperação institucional do Instituto Histórico e Geográfico

Brasileiro, Associação Brasileira de Imprensa, contou com a participação acadêmica do Núcleo

de Pesquisa em Jornalismo da Intercom, Núcleo de Pesquisa em História da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas,

apoio estratégico da Fundação Assis Chateaubriand, Fundação Roberto Marinho, Fundação

Victor Civita entre outras instituições, que nas diversas modalidades foram aderindo ao estudo.

Esse foi o grupo que aceitou imediatamente o desafio e mesmo antes da consolidação da Rede

e da realização do primeiro evento, o número de adesões havia sido ampliado de forma bastante

significativa, como pode ser verificado no site oficial da Rede108.

Chamada posteriormente de Rede Alcar, a idéia central era desenvolver programas integrados

em 4 frentes. A primeira, Estudos: visava o desenvolvimento de “pesquisas pelas universidades,

sob a égide das sociedades científicas e das associações profissionais, com a finalidade de

refazer, atualizar e aprofundar o trajeto percorrido por Alfredo de Carvalho no início do século

XX”. A segunda, Cursos, “(...) destinado a reintroduzir e aperfeiçoar o estudo da História da

Imprensa Brasileira nas universidades brasileiras, contribuindo para formar novas gerações de

jornalistas e historiadores capazes de assimilar as lições do passado, aplicá-las no presente e

projetá-las no futuro”. A terceira meta, Eventos, visava o desenvolvimento de uma série de “(...)

seminários, simpósios, colóquios, mesas redondas e outras iniciativas destinadas a fortalecer a

identidade da imprensa brasileira, ao mesmo tempo contribuindo para alicerçar as ações da

Rede Alfredo de Carvalho junto à opinião pública”. Finalmente, Publicação, último desafio,

objetivava “(...) a reedição de coleções, livros raros e outras peças emblemáticas,

potencializando os recursos das tecnologias digitais e contribuindo para a difusão do

conhecimento estocado sobre a memória da imprensa brasileira. Trata-se de socializar

documentos de interesse públicos, úteis à formação cívica das novas gerações” (CÁTEDRA

UNESCO, 2011).

Para estimular o grupo inicial o professor Dr. José Marques de Melo realiza um inventário

preliminar chamado de Efemérides da Imprensa Brasileira, 2001-2008, onde traz as principais

comemorações da imprensa no período. A título de documentação optamos por disponibilizar os

dados, permitindo o acesso de todos. O quadro abaixo demonstra essas datas, separadas por

ano. 108 Página da Rede Alfredo de Carvalho, disponível em: http://paginas.ufrgs.br/alcar, acesso em março de 2011.

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Quadro 16

Inventário Preliminar sobre as Efemérides da Imprensa Brasileira - 2001 a 2008

2001 200 anos do ingresso de Hipólito José da Costa no mundo da imprensa 190 anos da imprensa na Bahia (Tipografia de Silva Serva, 13/5/1811) 180 anos do primeiro jornal de Pernambuco (Aurora Pernambucana) 180 anos do primeiro jornal maranhense (O conciliador do Maranhão)

170 anos do primeiro jornal de Santa Catarina (O Catarinense, 11/8/1831) 170 anos da imprensa em Alagoas (Iris Alagoense, 1831)

150 anos do primeiro jornal do Amazonas (Cinco de Setembro, 3/5/1851) 120 anos do nascimento do líder sindical Edgar Leuenroth

110 anos da fundação do Jornal do Brasil (Rio de Janeiro, 9/4/1891) 100 anos da morte do historiador José Higino Duarte Pereira

90 anos do nascimento do historiador Nelson Werneck Sodré (27/4/1911) 80 anos do nascimento de Freitas Nobre (historiador e sindicalista)

80 anos da fundação do jornal Folha de S. Paulo (19/2/1921) 70 anos da fundação do Jornal dos Sports (Rio de Janeiro, 13/3/1931)

60 anos de fundação da AIP (Associação da Imprensa de Pernambuco) 50 anos de fundação do jornal O Dia, 1/2/1951 (Teresina, Piauí) 50 anos de fundação do jornal O Dia, 5/6/1951 (Rio de Janeiro)

50 anos de fundação do jornal O Progresso (C. Grande, MS, 21/4/1951) 50 anos de fundação do jornal O Estado do Paraná (17/7/1951)

2002 180 anos do primeiro jornal do Pará (O Paraense)

170 anos do primeiro jornal de Sergipe (Recopilador Sergipano) 170 anos do primeiro jornal potiguar (O Ntalense)

140 anos do nascimento de Julio Mesquita 140 anos da imprensa em Blumenau, SC (20/12/1822)

110 anos do nascimento de Assis Chateaubriand (5/10/1892) 110 anos do nascimento de Julio Mesquita Filho (14/12/1892) 100 anos do nascimento do editor José Olympio (10/12/1902) 90 anos da fundação do jornal A Tarde (Salvador, 15/10/1912)

90 anos do nascimento de Samuel Wainer (16/1/1912) 90 anos do nascimento de Anibal Fernandes (jornalista pernambucano)

90 anos do nascimento do repórter Edmar Morel 90 anos do nascimento do cronista Nelson Rodrigues (23/8/1912) 90 anos do nascimento do empresário Octávio Frias ( 5/8/1912)

90 anos de fundação do jornal Diário do Povo (Ribeirão Preto 20/2/1912) 80 anos do nascimento do escritor Dias Gomes (19/10/1922)

50 anos de fundação do jornal Correio do Estado (C. Grande, 7/2/1952) 50 anos de fundação do jornal Vale Paraibano (S. J. Campos 6/1/1952)

2003 180 anos do primeiro jornal de Minas Gerais (Compilador Mineiro, 13/10/1823)

120 anos do nascimento de José Carlos Macedo Soares - 6/10/1883 (fundador do Diário Carioca)

110 anos do nascimento do crítico Alceu de Amoroso Lima (11/12/1893) 100 anos do nascimento do historiador Luiz do Nascimento

100 anos da morte de Rangel Pestana (fundador, A Província de S. Paulo) 100 anos de fundação do Correio do Sul (Sorocaba, SP, 12/6/1903)

90 anos do nascimento do cronista e repórter Rubem Braga (12/1/1913) 80 anos da morte de Pereira da Costa, 1851-1923

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(Historiador da Imprensa Pernambucana) 80 anos da publicação do livro O Problema da Imprensa (Barbosa Lima Sobrinho)

80 anos do nascimento de Sergio Porto (Stasnilaw Ponte Preta) 80 anos do nascimento de Claudio Abramo - 6/4/1923 (jornalista paulistano)

70 anos da morte do jornalista Rui Barbosa (1/3/1923) 70anos de fundação do jornal A Notícia (Joinville, SC, 24/2/1923)

60 anos da morte de Cásper Líbero 50 nos da fundação do jornal Correio da Paraíba

(J. Pessoa, 5/8/1953)

2004 230 anos do nascimento de Hipólito da Costa,

patrono do jornalismo brasileiro (13/8/1774) 180 anos do primeiro jornal cearense (Diário do Governo do Ceará)

150 anos do primeiro jornal paranaense (Desenove de Dezembro, 1/4/1854) 120 anos de fundação do Diário Popular (jornal paulistano, 8/11/1884)

120 anos do nascimento do jornalista pernambucano Mário Melo 120 anos do nascimento de Herbert Moses (presidente da ABI)

110 anos do jornal A Tribuna (Santos, SP, 26/3/1894) 100 anos do nascimento do empresário Roberto Marinho (3/12/1904) 90 anos do nascimento do jornalista Pompeu de Souza (22/3/1914)

90 anos do nascimento do jornalista Carlos Lacerda (30/4/1914) 80 anos do nascimento do cartunista Péricles (O Cruzeiro, 14/8/1924)

80 anos do nascimento do historiador Marcello de Ipanema 70 anos da morte do crítico Medeiros e Albuquerque ( 9/6/1934)

70 anos da fundação do jornal Gazeta de Alagoas (Maceió, 25/2/1934) 60 anos do nascimento do cartunista Henfil (Henrique de Souza Filho, 5/12/1944) 50 anos da morte de Costa Rego (primeiro Catedrático de Jornalismo do Brasil)

50 anos da morte de Roquette Pinto, 18/10/1954

2005 180 anos da fundação do Diário de Pernambuco, 7/11/1825

(o mais antigo jornal em circulação na América Latina) 150 anos da fundação do jornal O Estado de S. Paulo (4/1/1865)

140 anos do nascimento do jornalista Alcindo Guanabara ( 19/7/1865) 110 anos do nascimento do humorista Barão de Itararé (Fernando Aparecido Torelly)

100 anos da morte de José do Patrocínio (jornalista da abolição) 100 anos do nascimento da jornalista Adalgisa Neri (29/10/1905)

100 anos da fundação de o O Tico Tico (primeira revista infantil brasileira) 90 anos do nascimento do jornalista gaúcho Alberto André ( 2/12/11915)

90 anos do nascimento do escritor Antonio Houaiss (15/10/1915) 90 anos de fundação do jornal O Estado (Florianópolis, 13/5/1915)

80 anos da fundação do jornal O Globo (19/7/1928) 80 anos do nascimento da novelista Janet Clair

80 anos do nascimento do editor Enio Silveira (25/4/1925) 70 anos de fundação da ARI - Associação Riograndense de Imprensa,

cujo primeiro Presidente foi Érico Veríssimo (6/6/1935) 60 anos da publicação do livro de Hélio Viana – Contribuições à História da Imprensa Brasileira

2006 300 anos da proibição da primeira tipografia em Pernambuco (8/7/1706)

180 anos do primeiro jornal paraibano (Gazeta da Paraíba do Norte) 170 anos do nascimento do jornalista Quintino Bocaiúva ( 4/12/1836)

130 anos do nascimento do jornalista Irineu Marinho (19/6/1876) 130 anos de fundação do jornal a Província do Pará (25/3/1876)

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100 anos de fundação do jornal paulistano A Gazeta (16/5/1906) 100 anos do nascimento do jornalista Danton Jobim (8/3/1906)

100 anos do nascimento do jornalista Celso Kelly (6/6/1906) 90 anos do nascimento do jornalista João Calmon (Diários Associados)

90 anos do nascimento do jornalista Walter Ramos Poyares 90 anos do nascimento do crítico P. Emilio Salles Gomes (17/12/1916)

90 anos do nascimento do animador Chacrinha (20/1/1916) 80 anos da morte de Alfredo de Carvalho, 1870-1916 (historiador da imprensa brasileira)

70 anos da publicação do Diccionário de Termos Gráficos, de Arthur Arezio da Fonseca (Salvador, 1936)

60 anos da publicação de O livro, jornal e a tipografia no Brasil (Rizzini) 50 anos de fundação do jornal O Liberal (Belém, Pará, 15/11/1956)

50 anos de fundação do jornal A Crítica (Manaus, 4/5/1946) 50 anos do Prêmio Esso de Jornalismo

2007 260 anos da instalação da primeira tipografia do Rio de Janeiro

(Antonio Isidoro da Fonseca) 190 anos do nascimento da primeira jornalista brasileira, Violante Barros (1/12/1817)

180 anos do primeiro jornal paulista (O Farol Paulistano, 6/7/1827) 180 anos da fundação do Jornal do Commércio (Rio de Janeiro)

170 anos do nascimento do jornalista Evaristo da Veiga (12/5/1837) 160 anos do primeiro jornal capixaba (O Correio de Vitória, 15/1/1847)

100 anos do nascimento do empresário Victor Civita (9/12/1907) 90 anos do nascimento do repórter David Nasser

80 anos de fundação do jornal Correio Popular (Campinas, SP, 4/9/1927) 90 anos do nascimento do jornalista Antonio Callado 60 anos do nascimento do jornalista Vladimir Herzog

50 anos da fundação da imprensa em Brasília (Revista de Brasília, 1957) 50 anos de fundação do Diário de Mogi (SP, 13/12/1957)

2008 210 anos do nascimento do jornalista Líbero Badaró

200 anos da Imprensa Oficial (criação da Imprensa Régia) 200 anos da fundação do Correio Braziliense e Gazeta do Rio de Janeiro

180 anos do primeiro jornal gaúcho (O Constitucional Riograndense) 130 anos de fundação do jornal O Fluminense (Niterói, 8/5/1878)

110 anos do nascimento do historiador Carlos Rizzini 100 anos da fundação da ABI - Associação Brasileira de Imprensa 100 anos de fundação do jornal O Norte (João Pessoa, 7/5/1908)

100 anos do nascimento de Auricelio Penteado, fundador do IBOPE 100 anos do nascimento do historiador Hélio Vianna

90 anos do nascimento do jornalista e professor Luiz Beltrão (8/8/1918) 90 anos do nascimento do jornalista Joel Silveira 80 anos do jornal O Povo (Fortaleza, 7/2/1928)

80 anos de fundação do jornal Estado de Minas (BH, 7/3/1928) 80 anos do jornal a Gazeta (Vitória, 11/9/1928)

70 anos do jornal Correio do Triângulo (MG, 7/2/1938) 70 anos de fundação do jornal O Popular (Goiânia, 3/4/1938)

50 anos de fundação do jornal Diário do Rio Doce (Gov. Val., 30/3/`958) 50 anos de fundação do Diário do Grande ABC (SP, 9/5/1958)

Fonte: Cátedra Unesco, Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano, 2011

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Para possibilitar a série de atividades definidas pelo grupo, várias ações foram realizadas, como

o primeiro encontro que ocorreu no mês de junho de 2003, no Rio de Janeiro. O evento teve

como tema central Mídia Brasileira: 2 Séculos de História. Os trabalhos aceitos no evento

visavam estimular não somente professores e pesquisadores, mas estudantes dos programas de

pós-graduação e da graduação, além de trabalhos no campo da Memória (Profissionais e

Empresários). Também foram definidos 6 grupos de pesquisa: GT1 – História da Mídia Impressa

(Jornal, Revista, Livro), GT2 – História da Mídia Sonora (Rádio, Disco), GT3 – História da Mídia

Visual (Fotografia, HQ, Cartazes), GT4 – História da Mídia Audiovisual (Cinema, Televisão), GT5

– História da Mídia Digital (Web e NTCs) e GT6 – História da Mídia Persuasiva (Publicidade,

RP). Como é possível observar os grupos buscaram abarcar os múltiplos estudos, nas mais

diversificadas mídias e profissões.

O quadro abaixo mostra os vários eventos, a partir do ano 2003 até 2011. Em 2010 o evento não

foi realizado, pois passaram a ser bi-anuais.

Quadro 17

Eventos realizados pela Rede Alcar.

Ano Evento Temática Data Local Organização e Apoio

2003

1º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Mídia Brasileira: dois séculos de história

1º a 3 de junho de 2003

Rio de Janeiro - RJ

Organizado pela ABI, ABL, ABECOM,

INTERCOM, UERJ e UniCarioca, apoio

cultural da Prefeitura da Cidade do Rio de

Janeiro

2004

2º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

História do ensino de Jornalismo e das

profissões midiáticas no Brasil

15 a 17 de abril de 2004

Florianópolis - Santa Catarina

UFSC

2005

3º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Preservando a memória da Imprensa

e construindo a história da mídia no Brasil

14 a 16 de abril de 2005

Novo Hamburgo – Rio Grande

do Sul

Centro Universitário Feevale

2006

4º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Imprensa 200 Anos - Memória Maranhão

30 de maio a 2 de junho de

2006 São Luís/MA

AMI, Faculdade São Luís, UNICEUMA e

UFMA

2007

5º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Mídia, Indústria e Sociedade: desafios

historiográficos brasileiros

31 de maio a 02 de junho

de 2007 São Paulo/SP Facasper

2008 6º Encontro Nacional da

200 anos de mídia no Brasil - Historiografia e

13 a 16 de Niterói/RJ UFF

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Rede Alfredo de Carvalho

Tendências maio de 2008

2009

7º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Mídia Alternativa e alternativas midiáticas

19 a 21 de agosto de

2009

Fortaleza - Ceará

UniFor

2011

8º Encontro Nacional da

Rede Alfredo de Carvalho

Público e mídia: perspectivas históricas

28 a 30 de abril de 2011

Guarapuava - Paraná

Universidade Estadual do Centro-Oeste -

UNICENTRO

Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Como pode ser observado o evento foi realizado em diversas localidades e tem contado com

apoio de várias instituições e centros de pesquisa. Também tem privilegiado temáticas

diversificadas.

Durante o evento de 2009 ficou estabelecida a criação de uma Associação de Pesquisa, sem

fins lucrativos, sendo eleita sua primeira diretoria, que está a cargo dos pesquisadores:

Presidente: Marialva Barbosa; Vice-presidente: Maria Berenice da Costa Machado; Diretora

Científica: Valquiria Aparecida Passos Kneipp; Diretora de Projetos: Ana Regina Barros Rego

Leal e Diretora Administrativa: Karina Woitowicz. Também ficou instituído que os trabalhos

seriam apresentados em grupos temáticos, assim formados: História do Jornalismo, História da

Publicidade e da Comunicação Institucional, História da Mídia Digital, História da Mídia Impressa,

História da Mídia Sonora, História da Mídia Audiovisual e Visual, História da Mídia Alternativa e

Historiografia da Mídia.

O selo originalmente utilizado em todas as edições e nas publicações foi desenvolvido pela

Cátedra Unesco de Comunicação.

Durante os eventos foram apresentados diversos trabalhos, divididos em grupos de pesquisa. A

tabela abaixo mostra como foi essa distribuição.

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Tabela 36 Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar,

no período 2003 a 2009

NÚMERO DE TRABALHO GT/NP

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Totais

TOTAL 64 119 182 183 157 333 215 1253

GT Mídia Audiovisual 13 10 16 11 18 42 52 162

GT Mídia Impressa 21 17 20 21 10 33 34 156

GT Mídia Sonora 5 24 30 21 24 37 32 173

GT Mídia Visual 8 7 7 4 4 23 0 53

GT Mídia Persuasiva 17 0 0 0 0 0 32 49

GT História do Jornalismo - 29 38 65 44 72 36 284

GT Publicidade e Propaganda - 14 19 17 19 37 0 106

GT Mídia Digital - 5 13 8 11 28 16 81

GT Relações Públicas - 8 12 8 4 15 - 47

GT Mídia Educativa - 5 - - - - - 5

GT Mídia Alternativa - - 10 15 11 27 7 70

GT Midialogia - - 17 13 12 19 6 67 Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Vale reforçar que o primeiro evento ocorreu em 2003 e a partir de 2009 a atividade passou a ser

realizada a cada dois anos, sendo o próximo em 2011. Também, no CD dos anais de 2006 o GT

de Jornalismo possui apenas 6 trabalhos, sendo destes 4 repetidos. Para possibilitar as análises

os valores aqui mencionados foram retirados dos trabalhos divulgados na programação do

evento.

É interessante observar o número crescente de pesquisas apresentadas. Em 2008, ano do

Bicentenário da Imprensa, a quantidade de pesquisas foi ampliada, chegando quase a dobrar se

comparada com o ano anterior.

Em 7 anos o número de trabalhos de 2009 foi quase três vezes e meia a quantidade

apresentada em 2003. História do Jornalismo é o Grupo mais expressivo, com 23% do total

apresentando. Isso se justifica, pois a História da Imprensa e do Jornalismo se complementam e

se integram quando visualizamos a trajetória da Imprensa Nacional.

O GT de Midialogia visa estudar os produtores dessa história. O Grupo de Pesquisa sobre Mídia

Educativa parou de existir, demonstrando que não há muitos pesquisadores nessa temática.

Com referência a modalidade de apresentação, a tabela abaixo mostra os dados,

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Tabela 37

Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar, por modalidade Individual (I) ou Grupo (G),

no período 2003 a 2009

Totais GT/NP

I G T

TOTAL 955 198 1253

GT Mídia Audiovisual 124 38 162

GT Mídia Impressa 129 27 156

GT Mídia Sonora 129 44 173

GT Mídia Visual 40 13 53

GT Mídia Persuasiva 33 16 49

GT História do Jornalismo 228 56 284

GT Publicidade e Propaganda 68 38 106

GT Mídia Digital 61 20 81

GT Relações Públicas 27 20 47

GT Mídia Educativa 3 2 5

GT Mídia Alternativa 58 12 70

GT Midialogia 55 12 67 Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Como ocorreu com a grande maioria das instituições já analisadas, a maior representatividade

das investigações acontece no âmbito individual, se constituindo 76% (955) de todos os

trabalhos apresentados. E isso pode ser observado em todos os grupos, durante todos os

eventos realizados.

Isso tem demonstrando que a área da Comunicação produz de forma isolada, onde os

pesquisadores, muitas vezes, ilhados em suas instituições desenvolvem seus trabalhos. Como

relatado anteriormente, também é pouco expressivo a participação de alunos de graduação, ou

mesmo orientandos (mestrado e/ou doutorado) em projetos conjuntos com seus orientadores.

Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentam suas pesquisas, a tabela abaixo

sintetiza a distribuição,

Tabela 38

Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar, por titulação, no período 2003 a 2009

Totais

GP/NP

Doutor Outros Não

Informado Geral

TOTAL 420 1090 190 1700

GT Mídia Audiovisual 48 122 41 211

GT Mídia Impressa 41 111 23 175

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GT Mídia Sonora 60 164 19 243

GT Mídia Visual 14 45 7 66

GT Mídia Persuasiva 24 38 10 72

GT História do Jornalismo 71 255 41 367

GT Publicidade e Propaganda

48 122 13 183

GT Mídia Digital 22 88 8 118

GT Relações Públicas 24 45 4 73

GT Mídia Educativa 1 1 5 7

GT Mídia Alternativa 29 68 3 100

GT Midialogia 38 31 16 85

Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os doutores representaram no período 25% do total de pesquisadores. Enquanto outros, que

engloba mestres, mestrandos, doutorandos, especialistas e profissionais, apontam o percentual

de 64%, evidenciando que é um campo de pesquisas em grande ebulição. Isso pode ser

observado em quase todos os grupos de pesquisa, com exceção de Midialogia, onde os totais

estão muito próximos. Talvez por permear histórias de vida, onde é possível encontrar perfis dos

mais variados produtores e pesquisadores, pode ser considerada uma área de confronto, onde

os mais experientes encontram maior espaço de ação.

Além das contribuições através da pesquisa a Rede tem os Núcleos Regionais que vem

realizando eventos nas diversas regiões do Brasil. O Núcleo o Sul é o mais antigo e já realizou

três eventos regionais. Não tem definido o Núcleo do Centro-Oeste. O quadro abaixo mostra

esses dados. É importante reforçar que em cada uma dessas atividades também são

apresentados trabalhos, divididos em grupos de pesquisa, que não foram objeto de análise

dessa investigação.

Quadro 18

Atividades realizadas pelos Núcleos Regionais da Rede Alcar

Região Estado Ano

Norte Tocantins 2010

Nordeste Rio Grande do Norte 2010

Centro-Oeste - -

Sudeste Rio de Janeiro 2010

São Paulo 2010

Sul Paraná / Santa

Catarina 2010

Rio Grande do Sul 2007, 2008 e

2010

Fonte: Dados dos autores, março de 2011

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Foi instituído em 2010 o Prêmio José Marques de Melo de estímulo à Memória da Mídia.

Destinado aos trabalhos científicos em nível de graduação (Iniciação Científica ou Trabalhos de

Conclusão de Curso), que tenham sido apresentados em um dos grupos durante o evento

nacional. O Prêmio conta com o apoio da Globo Universidade.

Também é necessário mencionar que toda a memória dos eventos realizados pela Rede é

disponibilizada em CDRom e distribuídos durante os encontros aos participantes.

No período de 2001 a 2008 foi distribuído de forma online o Jornal da Rede Alfredo de Carvalho,

editado pela Cátedra Unesco, tendo como editores responsáveis, os professores doutores: José

Marques de Melo (UNESCO/UMESP) e Francisco Karam (FENAJ/UFSC), a Edição digital –

professora Dra. Maria Cristina Gobbi (Unesco), Estagiários: Alexandre Tamanaha e Patrícia

Basilio (Universidade Metodista) e o Sítio digital: professor Clovis Geyer, Ana Paula de Souza

(UFSC) e André Faust (UFSC). O material está disponibilizado no site da Cátedra Unesco109.

Além das contribuições anteriores, a Rede Alcar tem editado diversas publicações, dentre as

quais destacamos os livros impressos, conforme quadro abaixo,

Quadro 19

Livros publicados com o selo da Rede Alcar

Título Organizador Editora Ano

Impressos

Propaganda, História e Modernidade

QUEIROZ, Adolpho Degaspari 2005

Sotaques Regionais da Propaganda

QUEIROZ, Adolpho; GONZALES, Lucilene

Arte & Ciência 2006

109 O Material está disponível no site: www.metodista.br/unesco/redealcar, acesso em março de 2011.

Page 159: RELATÓRIO FINAL TEMA 1 ESTADO DO CONHECIMENTO · 3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia . Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio

História, Memória e Reflexões sobre a

Propaganda no Brasil

MACHADO, Maria Berenice; QUEIROZ Adolpho; ARAUJO, Denise Castilhos de

Feevale 2008

Publicidade & Propaganda: 200 anos de história no

Brasil

MACHADO, Maria Berenice

Feevale

2009

Recortes da mídia alternativa: histórias &

memórias da comunicação no Brasil

WOITOWICZ, Karina Janz

UEPG 2009

E-books

História das relações públicas: fragmentos da memória de uma área

MOURA, Cláudia Peixoto de

EDIPUCRS 2008

Memórias da Comunicação: encontros da ALCAR RS

MOURA, Cláudia Peixoto de; MACHADO,

Maria Berenice EDIPUCRS 2010

E o rádio? Novos horizontes midiáticos

FERRARETTO, Luiz Artur; KLÖCKNER,

Luciano EDIPUCRS 2010

Memória, Espaço e Mídia

QUEIROZ, Adolpho; SCHAUN, Angela

UMESP/Mackenzie

2010

Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os dados acima disponibilizados evidenciam parte significativa das contribuições da Rede Alcar

para a Memória da Imprensa no país. Porém há muitas outras ações, produzidas nos âmbitos

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das universidades, por pesquisadores integrantes da Rede que podem e devem ser utilizadas

como uma fonte substanciosa sobre a história da imprensa no país.

8) Jornalismo

Para análise dos dados referentes ao jornalismo foram escolhidas duas instituições:

a) SBPJor: Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, fundada em 2003,

congrega aproximadamente 300 associados.

Foi durante o I Congresso Luso-Brasileiro de Estudos de Jornalismo, ocorrido na cidade do

Porto, em Portugal, no mês de abril de 2003, que iniciativas mais concretas para a criação da

inicial Sociedade Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), começaram a ser

realizadas. Antes, porém, um grupo muito aguerrido de pesquisadores na área realizou uma

série de levantamentos de dados sobre a atuação e o crescimento das pesquisas na região. Os

dados foram coletados de instituições que atuam no campo do jornalismo, como a Intercom,

Compós, Universidade de São Paulo, Faculdades Cásper Líbero, Universidade de Brasília,

Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Universidade Federal da Bahia, grupos de pesquisa do CNPq, dentre outras instituições.

Durante o Fórum de Professores de Jornalismo, ocorrido em Natal, no mesmo ano, quando da

apresentação da proposta a mesma recebeu adesão. Posteriormente, ainda no ano de 2003,

mais precisamente em junho, durante o Congresso da Compós, na cidade do Recife, em junho

deste ano, “o grupo de pesquisadores reunidos em torno do GT de Jornalismo decidiu definir um

Comitê Científico, formado pelos professores Alfredo Vizeu (UFPE), Claudia Lago (USP),

Eduardo Meditsch (UFSC), Elias Machado (UFBa), Luiz Gonzaga Motta, (UnB) José Luiz

Proença (USP), Márcia Benetti Machado, (UFRGS), Victor Gentilli (UFES) e Zélia Adighirni,

(UNB)”. O grupo recebeu como primeira atividade a preparação do I Encontro Nacional dos

Pesquisadores em Jornalismo (Carta de Brasília, 2003, web).

No I Encontro Nacional dos Pesquisadores em Jornalismo, realizado em Brasília, no mês de

novembro de 2003, a entidade foi formalmente constituída é um grupo de 94 pesquisadores

sócios fundadores aprovaram o estatuto da SBPJor, onde foi eleita a primeira diretoria. Também

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a palavra Sociedade do nome foi substituída por Associação, passando a instituição a chamar-se

Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo.

O objetivo central da entidade é “agregar estudiosos de uma área específica do conhecimento e

tem como propósito atuar em conjunto com todas as demais associações científicas ou

acadêmicas ou profissionais já existentes, como Intercom, Compós, Fórum Nacional de

Professores de Jornalismo, Federação Nacional de Jornalistas, International Communication

Association, International Association for Mass Communication Research, Sociedad Ibero-

americana de Periodistas en Internet e ALAIC”. Também foi definida como meta a criação de

uma rede nacional de pesquisadores em jornalismo.

Várias ações vêm sendo realizadas pela entidade desde então. Na parte de divulgação, por

exemplo, destaque para a revista científica em inglês para exposição das pesquisas realizadas,

principalmente, em nossa região, a Brazilian Journalism Research e o SBPJor Notícias, Jornal

mensal distribuído aos sócios e assinantes.

Um dos marcos da instituição foi o desenvolvimento da Bibliografia On-line de Jornalismo, onde

estão disponibilizadas mais de 90 indicações bibliográficas sobre o campo do Jornalismo.

Dirigida para estudantes de graduação e pós-graduação, além de professores e profissionais e

tem acesso gratuito na página da entidade110. A consulta aos dados pode ser por autor, título,

editora, resumo e palavras-chave.

Também tem realizado anualmente o encontro da SBPJor e a Journalism Brazil Conference,

congresso internacional bi-anual em cooperação com o Grupo de Estudos em Jornalismo da

International Communication Association (ICA).

Atualmente com mais de 300 associados nacionais e internacionais, a instituição tem buscado

sua internacionalização, com representatividade em países como: Estados Unidos, França e

Portugal. Também mantém cooperação com agências de fomento como CNPq e CAPES, com

Governos Estaduais, empresas, entre outros. Desde o ano de 2006, como forma de

reconhecimento a qualidade do trabalho acadêmico realizado nas universidades ou nos

centros/institutos de pesquisa, foi instituído o Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em

110 Os dados podem ser consultados na página: http://www.sbpjor.org.br/sbpjor/?page_id=142, acesso em abril de 2011.

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Jornalismo. O Prêmio é tem quatro categorias em jornalismo: Iniciação Científica: destinado a

pesquisa em iniciação científica; Mestrado: dissertação de mestrado; Doutorado: tese de

doutorado e Sênior: Premiará o pesquisador pela sua trajetória e pela contribuição para

consolidar o jornalismo como área científica.

Com quatro juntas diretivas já eleitas (gestões: 2003-2005; 2005-2007; 2007-2009; 2009-2011) e

atual diretoria é integrada por: Presidente: Carlos Eduardo Franciscato (UFS); Vice-Presidente:

Beatriz Becker (UFRJ), Diretora Científica: Cláudia Quadros (UTP), Diretora Administrativa:

Kenia Maia (UFRN) e Diretora Editorial: Tattiana Teixeira (UFSC).

Traçado esse panorama mais amplo, é importante reforçar que essa pesquisa fez uma análise

preliminar dos trabalhos apresentados durante os encontros da Instituição no Brasil, no período

de 2003 a 2010. Informações mais detalhadas sobre a história da entidade estão disponíveis no

volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado

pelo IPEA, no capítulo 6, o texto “SBPJOR: Uma conquista dos pesquisadores em Jornalismo”,

do professor Dr. Elias Machado, que traz um panorama geral da entidade111.

A entidade já realizou 8 encontros anuais, nas mais diversas localidades. O quadro abaixo

mostra as características de cada um.

Quadro 20 Eventos realizados pela SBPJor, no período de 2003 a 2010

Ano Evento Temática Data Local Organização e Apoio

2003 I Encontro Nacional dos Pesquisadores

em Jornalismo -

28 e 29 de novembro de 2003

Brasília - DF

Promovido pela UnB (Universidade de Brasília), com

o apoio da UFPE (Universidade Federal de

Pernambuco), USP (Universidade de São Paulo), UFBA (Universidade Federal

da Bahia), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UFRGS

(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UFES

(Universidade Federal do Espírito Santo)

2004

II Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

A pesquisa em jornalismo no Brasil

26 e 27/11 de 2004

Salvador - BA

UFBA Patrocínio: Petrobrás

(Universidade Federal da Bahia)

111 O acesso gratuito aos três volumes da Coleção Panorama da Comunicação pode ser feito pelo site: http://www.socicom.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=37&Itemid=55.

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2005

III Encontro Nacional dos

Pesquisadores em Jornalismo

Novas Tendências da Pesquisa em

Jornalismo (conferência de

abertura)

27 a 29 de novembro de 2005

Florianópolis - SC

UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)

2006

4º Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

A pesquisa em Jornalismo e o

interesse público

05 a 07 de novembro de 2006

Porto Alegre - RS

UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

2007

5º Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

Metodologias de Pesquisa em Jornalismo

15 a 17 de novembro de 2007

Aracaju - SE UFS (Universidade Federal de

Sergipe)

2008

6º Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

A construção do campo do

jornalismo no Brasil

19 a 21 de novembro de 2008

São Bernardo do Campo - SP

UMESP (Universidade Metodista de São Paulo)

2009

7º Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

A pesquisa em jornalismo em um

mundo em transformação

25 a 27 de novembro de 2009

São Paulo - SP

ECA – USP (Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo)

2010

8º Encontro Nacional de

Pesquisadores em Jornalismo

Desafios da pesquisa em jornalismo:

interdisciplinaridade e

transdisciplinaridade

8 e 10 de novembro de 2010

São Luís - Maranhão

UFMA (Universidade Federal do Maranhão)

Fonte: Dados dos autores, março de 2011

Foram contempladas as Regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste, Sul. Somente a região

Norte ainda não sediou um encontro da Entidade.

Com referência aos trabalhos apresentados é importante relatar que a entidade não tem grupos

temáticos ou de pesquisa, como a maioria das associações já pesquisadas, mas os encontros

estão organizados em torno de duas modalidades: Comunicações Coordenadas e

Comunicações Individuais112. Assim, a tabela abaixo evidencia a lista de trabalhos apresentados

durante os eventos,

112 Foi a partir do encontro de 2004 que foram adotadas as duas modalidades para apresentação de trabalhos: Comunicações Coordenadas, apresentadas por um sócio pleno, com três a cinco participantes de, ao menos três instituições diferentes e, Comunicações Individuais, para pesquisadores isolados. Também neste ano a aprovação dos trabalhos passou pelo parecer anônimo de ao menos dois membros do Conselho Científico, no caso das Comunicações Coordenadas e, de dois sócios plenos, no caso das Comunicações Individuais.

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Tabela 39 Total de trabalhos apresentados na SBPJor, no período de 2003 a 2010

GT / NP Número de trabalhos

Tipo de apresentação

Total 969 Comunicações Coordenadas = 298

Comunicações Individuais = 517 2003 61 Não havia separação

2004 93 Não havia separação

2005 129 Comunicações Coordenadas = 43

Comunicações Individuais = 86

2006 113 Comunicações Coordenadas = 34

Comunicações Individuais = 79

2007 114 Comunicações Coordenadas = 36

Comunicações Individuais = 78

2008 152 Comunicações Coordenadas = 68

Comunicações Individuais = 84

2009 158 Comunicações Coordenadas = 67

Comunicações Individuais = 91

2010 149 Comunicações Coordenadas = 50

Comunicações Individuais = 99 Fonte: Dados dos autores, março de 2011

Alguns dados devem ser ressaltados. Em todos os anos a quantidade de trabalhos em

Comunicações Individuais superou o número de Comunicações Coordenadas. Foram 298 (37%)

Comunicações Coordenadas e 517 (63%) Comunicações Individuais, perfazendo o total de 815

trabalhos.

A quantidade de doutores que apresentam trabalhos nos eventos supera a casa dos 43%,

demonstrando que é um campo de estudos ativo nas instituições sede que abrigam os

pesquisadores. Embora seja importante mencionar que há uma significativa participação de

mestrandos, mestres, doutorandos e profissionais, evidenciando um campo fértil de estudos.

É significativa a quantidade de trabalhos apresentados com um único autor, quer nas

Comunicações Coordenadas ou nas Comunicações Individuais (que não significam

necessariamente trabalhos de um único autor), representando mais de 78% de todas as

apresentações durante o período. Esse dado é muito semelhante ao que vem acontecendo em

outras instituições analisadas por essa pesquisa.

A SBPJor tem conseguido boa representatividade em número de estados representados,

especialmente do Nordeste, Sudeste, Sul, sendo a região Sudeste a mais representativa.

Também há participação de pesquisadores do exterior, não só nas mesas Coordenadas como

nas conferências de abertura do evento, deste os quais podem ser citados: Nelson Traquina, de

Portugal; Thomas Hanitszch, da Alemanha e Javier Diaz Noci, do Pais Basco, na Espanha,

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Denis Ruellan, da Universidade de Rennes, Silvio Waisbord, da School of Media and Public

Affairs da George Washington University.

A entidade é uma das únicas que divulga em sua página o número de trabalhos enviados e os

aceitos, disponibilizando estatísticas de crescimento, permitindo estudos mais pormenorizados

de sua atuação no campo do Jornalismo.

Tem recebido apoio das principais agências de fomento: Capes, CNPq, Fapesp, Imprensa Oficial

e atualmente da Globo Universidade, além das instituições sede onde são realizados os eventos.

Também tem realizado eventos internacionais, como: I Journalism Brazil Conference 2006,

realizada em Porto Alegre (RS), em novembro de 2006. Teve como tema central, “Thinking

Journalism across national boundaries” (Pensando Jornalismo além das Fronteiras Nacionais) e

o V Congreso Iberoamericano de Periodismo en Internet, realizado em novembro de 2004, em

Salvador, na Faculdade de Comunicação da UFBA, organizado pela Sociedad Iberoamericana

de Acadêmicos, Investigadores y Profesionales del Periodismo en Internet, com o apoio da

SBPJor. Durante o V Iberoamericano foram apresentados 28 trabalhos de pesquisa, reunindo

especialistas de 20 instituições diferentes. “Um total de 95 pesquisadores se inscreveram no

evento e mais de 200 participantes registraram a sua presença ao longo dos dois dias de

congresso” (SBPJOR, 2006, web).

Como o foco central da SBPJor são as pesquisas que primam pelo jornalismo, em uma análise

mais detalhada dos trabalhos apresentados, no período de 2003 a 2010 foram selecionadas as

palavras-chave referenciadas pelos pesquisadores. Por exemplo, a palavra Jornalismo foi

mencionada 344 vezes e se tratarmos das especificidades como jornalismo - all news,

alternativo, ambiental, esfera pública, cidadão, científico, on line, digital, Cultual, político, ele foi

citada mais 252 vezes. Isso evidencia a centralidade das propostas apresentadas. O quadro

abaixo mostra

Também outras palavras como: Telejornalismo - telejornal, local, regional, popular, internacional

– (84), Televisão - brasileira, pública, digital, internacional – (47); Discurso (61), Discurso

jornalístico (14); Internet (51), Webjornalismo – audiovisual, colaborativo e participativo - (35),

Tecnologias – digitais, móveis – (28), Convergência – linguagens, digital, midiáticas – (24),

Ciberjornalismo (14), Blog – coorporativo, blogosfera, jornalístico - (20); Rádio - radiojornalismo,

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rádio nos locais, Emissoras – (50); Comunicação (47); Métodos – metodologia (35), Pesquisa

(09), Pesquisa aplicada em Comunicação, em Jornalismo, Experimental – (11); Linguagem (20),

Linguagem Jornalística – (9), entre tantas outras.

Trabalhar com palavras-chave é uma tarefa muito ampla, que demandaria um tempo além

daquele que dispúnhamos para a realização da pesquisa, mas se trata de um arsenal rico de

informaçção, que merece ser trabalhado, não somente na SBPJor, mas nas outras instituições

que integraram essa pesquisa. Quem sabe esse possa ser o desafio de continuidade dessa

investigação.

b) FNPJ: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, fundado em 2004, congrega

professores dos cursos de jornalismo de todo o país.

A proposta de criação do Fórum nasceu durante o Seminário de Atualização para Professores de

Jornalismo, ocorrido na Unicamp, em 1994. No mesmo ano a proposta foi apresentada do

Congresso Nacional da Intercom, ocorrido em Piracicaba, cuja moção foi aceita pelos

participantes e ficou definido que seria realizado no ano seguinte o primeiro evento.

I Encontro Nacional de Professores de Jornalismo foi uma atividade conjunta com o Congresso

da Intercom de 1995, ocorrido em Aracajú, Sergipe. A partir desse encontro histórico, várias

ações vêm sendo realizadas. Porém, somente no mês de abril de 2004, durante o VII Fórum

Nacional de Professores de Jornalismo, realizado na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina,

que foi aprovado o Estatuto, com a fundação e a instituição da entidade com personalidade

jurídica, além da eleição e posse da nova diretoria.

O FNPJ tem “como objetivo reunir professores e profissionais da área de jornalismo para

debater e encaminhar propostas sobre questões inerentes à formação do jornalista profissional.

Qualidade da formação, diretrizes curriculares, laboratórios, teoria e técnica do jornalismo,

pesquisa, desenvolvimento de novas habilidades e tecnologias, ética e legislação, mercado de

trabalho são as principais questões que envolvem a formação jornalística e para as quais os

participantes do Fórum buscam o desenvolvimento e a melhoria” (FNPJ, 2011, web).

Atualmente a diretoria executiva está assim constituída: Presidente: Sérgio Luiz Gadini

(UEPG/PR); Vice-presidente: Mirna Tonus (UFU/MG). Secretaria-Geral: Ricardo Mello

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(UNICAP/PE); Segundo Secretário: Edson Spenthof (UFG/GO). Tesoureira: Sílvio Melatti

(IELUSC/SC); Segunda-Tesouraria: Sandra Freitas (PUC/MG). Diretoria Científica: Socorro

Veloso (UFRN/RN); Vice-diretoria Científica: Marcelo Bronosky (UEPG/PR). Diretor Editorial e de

Comunicação: Paulo Roberto Botão (UNIMEP/SP); Vice-diretor Editorial e de Comunicação:

Demétrio de Azeredo Soster (UNISC/RS). Diretor de Relações Institucionais: Gerson Martins

(UFMS/MS); Vice-diretor de Relações Institucionais: Juliano Carvalho (UNESP/SP).

Também integram a Diretoria executiva, as Regionais, representando todas as cinco regiões do

país. Norte I: Cynthia Mara (TO), Norte II: Lucas Milhomens (UFAM/AM). Nordeste I: Mônica

Celestino (FSBA/BA), Nordeste II: Fernando Firmino da Silva (UEPB/PB). Sudeste I: Erivam de

Oliveira (UFV/MG), Sudeste II: Lenize Cardoso (Mackenzie/ FiamFaam). Sul I: Tomás Barreiros

(FACINTER/PR), Sul II: Jorge Arlan Pereira (UnoChapecó/SC). Centro-Oeste I: Samuel Lima

(UnB/DF), Centro-Oeste II: Álvaro Fernando Ferreira Marinho (FIAVEC/MT).

Uma das ações do Fórum elaborado conjuntamente pela Associação Brasileira de Escolas de

Comunicação (ABECOM), Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em

Comunicação (COMPÓS), Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOS),

Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e Sociedade Brasileira de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) é o documento que define as Bases de um

Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da Formação em Jornalismo. Desde abril de 2002,

o Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo também passou a ser signatário deste

Programa (FNPJ, 2011, web).

O site113 da Instituição está passando por uma reformulação, mas no espaço podem ser

encontradas informações sobre diversas atividades realizadas pela entidade, além de notícias,

links, documentos e outros dados. Também no volume II da Coleção Panorama da Comunicação

e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 6, o texto “Fórum Nacional de

Professores de Jornalismo- FNPJ”, escrito pelos professores Drs. Gerson Luiz Martins e Carmen

Pereira traçando um panorama geral da entidade. O quadro abaixo demonstra os vários

encontros da entidade, disponibilizando algumas outras informações,

113 Pode ser encontrado no endereço: www.fnpj.org.br.

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Quadro 21 Eventos realizados pela FNPJ, no período de 2001 a 2010

Ano Evento Temática Data Local Organização e

Apoio

2001 4º ENPJ Informação não localizada Informação não

localizada Campo

Grande - MT Informação não

localizada

2002 5º ENPJ Informação não localizada 28 a 30 de abril

de 2002 Porto Alegre -

RS

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

2003 6º ENPJ

A Vocação publica do jornalismo

Prof. Dr. Rosenthal Calmon Alves

1-4 de maio de 2003

Natal - RN

Universidade Potiguar

(informação não confirmada por

falta de dados na entidade)

2004 7º ENPJ

Conferência de Abertura Tema: Os desafios do

ensino de jornalismo na transição tecnológica

Conferencista: Prof. Dr. Nelson Traquina

(Universidade Nova de Lisboa)

18 a 20 de abril de 2004

Florianópolis - SC

Universidade Federal de Santa

Catarina

2005 8º ENPJ Formação e

Responsabilidade 21 a 23 de abril

de 2005 Maceió

Universidade Federal de Alagoas

2006 9º ENPJ Novas Tendências no Ensino de Jornalismo

28 a 30 de abril de 2006

Campos dos Goytacazes -

RJ

Centro Universitário

UNIFLU

2007 10º ENPJ

Os 60 anos de ensino de jornalismo no Brasil e suas

implicações sociais, profissionais e institucionais

27 a 30 de abril de 2007

Goiânia - Goiás

Universidade Federal de Goiás

2008 11° ENPJ Perfil e condições para o exercício da docência em

Jornalismo

18 a 21 de abril de 2008

São Paulo - SP

Universidade Presbiteriana

Mackenzie

2009 12º ENPJ

O ensino de jornalismo nas universidades: impactos na

prática profissional e conquistas para a

sociedade

17 a 19 de abril de 2009

Belo Horizonte -

MG

Pitágoras, Una e Uni-BH

2010 13º ENPJ

Ensino de Jornalismo: Novas Diretrizes e Novos

Cenários Jurídicos, Profissionais, Tecnológicos

e Econômicos

21 e 23 de abril de 2010

Recife - PE Universidade Católica de

Pernambuco

Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Utilizando os mesmo critérios de análise das outras instituições, através da coleta dos dados nas

pesquisas apresentadas durante os eventos nacionais, infelizmente nem todos os dados estão

ainda disponibilizados no site, conforme demonstrado na tabela abaixo.

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Tabela 40

Total de trabalhos apresentados na FNPJ, no período de 2001 a 2010114

Atividade Realizada 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais

Total 5 56 30 61 27 35 37 72 69 37 429

Atividades de Extensão - 11 4 14 10 6 2 7 1 1 56

Ensino de Ética e Teorias do Jornalismo

- - - - - - 5 7 7 9 28

Pesquisa na Graduação 5 17 5 14 - 7 3 12 12 1 76 Produção Laboratorial:

Eletrônicos - - 4 10 4 7 9 14 16 13 77

Produção Laboratorial: Impressos

- - 10 10 4 9 6 11 10 4 64

Projetos Pedagógicos e Metodologias de Ensino

- 28 7 13 9 6 12 21 23 9 128

Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os dados demonstram a participação dos professores em todas as atividades, mas é

interessante observar que parte representativa das pesquisas, 128 no total (30%), estão

centradas nas experiências dos Projetos Pedagógicos e nas Metodologias de Ensino,

demonstrando as constantes mudanças e adaptações que a área vem protagonizando. A

Produção Laboratorial e a Pesquisa na Graduação, também representativas, demonstram dois

pontos nevrálgicos do ensino de Jornalismo. Por um lado os projetos que trabalham com as

práticas jornalísticas. Na outra ponta o estímulo a pesquisa como forma de aliar o conhecimento

teórico e a práxis, um dos desafios enfrentados em quase todos os cursos de jornalismo do

Brasil.

Esses três pontos demonstram a necessidade de espaços como o FNPJ para propiciar aos

professores a discussão e submeter aos pares não só os acertos e erros, mas pontos que

devem ser compartilhados, com a troca de informações e de experiências, nas diversas regiões

do país, de forma que cada vez mais seja possível oferecer um ensino de qualidade.

Quanto a modalidade de apresentação, o que dados demonstraram que os professores

disponibilizam as experiências pessoais, realizadas em suas instituições de ensino. A tabela

abaixo demonstra a distribuição.

114 É necessário reforçar que há uma aparente confusão com referência aos dados disponibilizados sobre os fóruns e os encontros nacionais. Muitas vezes, as informações aparecem conflitantes, inclusive no próprio site da instituição. Por essa razão optamos por acolher os dados do site, como informações oficiais das atividades realizadas pela entidade.

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Tabela 41 Total de trabalhos apresentados na FNPJ, por modalidades,

no período de 2001 a 2010 TOTAIS

Atividade Realizada Individual Grupo Total

Totais 308 121 429

Atividades de Extensão 41 15 56

Ensino de Ética e Teorias do Jornalismo 27 1 28

Pesquisa na graduação 56 20 76

Produção Laboratorial: Eletrônicos 46 31 77

Produção Laboratorial: Impressos 47 17 64

Projetos Pedagógicos e Metodologias de Ensino 91 37 128 Fonte: Dados dos autores, março de 2011

As pesquisas apresentadas de forma individual ficam evidentes na tabela e em todas as

atividades do evento. Como em outras instituições analisadas por essa investigação, as

indagações e os resultados apontados na área da Comunicação continuam sendo produzidos

em espaços únicos, em cuja idéia de grupos de pesquisa é pouco utilizada, pelo menos no que

se refere aos trabalhos apresentados nos congressos científicos.

Com relação a titulação dos participantes, grande parte são de estudantes de pós-graduação ou

especialistas que ministram disciplinas nos cursos de comunicação, representando 70% do total

das titulações informadas. Porém, é necessário mencionar que há diversos professores que não

mencionam as titulações e as instituições de origem nas pesquisas apresentadas.

Mas o que foi observado nos vários dados analisados, resultados das experiências docentes em

várias regiões do país é que há uma diversidade de ações, temas, problemas, experiências,

dificuldade quer de ordem da infra-estrutura das instituições ou de apoio para as atividades a

serem realizadas, mas que em linhas gerais todos buscam a qualidade do ensino do jornalismo.

10) Outras informações

Finalmente, com referência as duas últimas entidades elencadas pela Socicom como parte

integrante dessa pesquisa, que tratam de: Semiótica - ABES115: Associação Brasileira de

Semiótica, fundada em 1972, congrega estudiosos dessa temática e Divulgação Científica -

ABJC: Associação Brasileira de Jornalismo Científico, fundada em 1977, congrega

115 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 7, o texto “ABES, recriação e percurso de uma associação”, escrito pela professora Dr. Ana Claudia Mei Alves de Oliveira, evidencia um panorama geral da entidade.

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pesquisadores em torno de temas ligados a CT&I, infelizmente, nos dois casos, não foi possível

encontrar dados disponibilizados nos sites das entidades.

No caso da ABES não há um espaço na web que reúna o material das atividades realizadas pela

instituição. Não há um site da instituição.

Na ABJC, o site está em construção, inclusive há um projeto que objetiva a recuperação da

memória da entidade, cuja chamada de contribuições está disponível na web, conforme lay-out

da página baixo disponibilizado.

Nos dois casos, também, o contato com os presidentes das entidades foi infrutífero, talvez pela

falta de dados atualizados que pudessem fornecer os atuais endereços desses pesquisadores.

Fonte: http://www.abjc.org.br, acesso em abril de 011

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A segmentação da Comunicação

Sistematizar os dados das doze instituições escolhidas para compor o panorama segmentado do

campo da Comunicação foi um grande desafio. Não só pelo tempo, mas pela grande quantidade

e variedade de informações e por parte significativa do material estar disperso, em vários

espaços, desde a internet, nas páginas das entidades; anais de eventos, livros publicados,

cadernos de resumos, dos múltiplos eventos realizados.

Também, uma das etapas mais difíceis foi a seleção daquilo que deveria ser disponibilizado de

cada instituição, em meio a uma diversidade de materiais, dados e produções. Não poderíamos

cometer o erro da omissão ou mesmo evidenciar dados que talvez não fossem tão relevantes

para aquilo que deveria ser empreendido nesta investigação.

Como toda pesquisa tem uma dose bastante elevada de escolhas do pesquisador, essa não

fugiu a regra. Assim, acreditamos que parte substanciosa das produções está disponibilizada

nas tabelas e textos.

Para esboçar uma primeira análise sobre a segmentação da Comunicação não poderíamos

deixar de ouvir os presidentes das instituições que integraram a pesquisa. Assim, nos meses de

dezembro de 2010 a abril de 2011 enviamos para todos os doze presidentes um breve

questionário, com 4 questões, objetivando uma avaliação sobre as contribuições da entidade e

as perspectivas de futuro desenhadas por cada um dos campos de estudos e pesquisas que

compõem a grande área da Comunicação no Brasil.

Nem todos responderam. Mas aqueles que contribuíram traçaram um panorama específico dos

desafios e batalhas, mas principalmente, descortinaram um cenário plural no que tange as ações

que ainda precisam ser realizadas. Neste sentido, não editamos as respostas, as quais estão

disponibilizadas na íntegra, abaixo.

Professor Dr. Antonio Carlos Hohlfeldt - Presidente da Intercom (Sociedade Brasileira de

Estudos Interdisciplinares da Comunicação)

1. PESQUISA - Como o senhor define os atuais espaço e papel do Campo da

Comunicação no Brasil?

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ANTONIO HOHLFELDT - O Campo da Comunicação no Brasil é crescente, pelo simples fato de

que os processos e as tecnologias comunicacionais crescem constantemente no país.

Lembremos que há menos de vinte anos praticamente não se falava em internet no Brasil. Hoje,

registra-se um crescimento exponencial, com o Brasil liderando movimentos de redes sociais

como Orkut e Facebook. Por outro lado, o país vem avançando fortemente no campo de

tecnologias digitais. Ora, a adoção de tais tecnologias tem sido conduzida pelo Governo Federal,

a quem compete o encaminhamento de tais questões, praticamente à revelia da população e até

mesmo dos segmentos universitários especializados. Foi uma dura luta chegar-se a um encontro

nacional como o ocorrido em 2009, mas depois disso, o Governo nunca mais tocou no assunto.

O modelo de digitalização da televisão foi decidido entre quatro portas. O modelo de rádio digital

da mesma maneira. Não se adotou todas as possibilidades da tecnologia, o que, de fato, poderia

democratizar o acesso às mídias, e conseqüentemente, à informação. Mais, que poderia

democratizar o acesso às mídias para garantir a mais livre expressão, conforme se encontra na

Constituição Federal. Por conseqüência, o campo cresce, os problemas avultam, mas a

população fica marginalizada, como sempre esteve, aliás, das chamadas políticas públicas

vinculadas ao campo, o que faz com que tenhamos essa contradição dicotômica: as pessoas

aprendem a usar apenas parcialmente, elas não chegam a compreender ou se conscientizar

plenamente de tudo o que tais tecnologias possibilitam à cidadania. E isso porque as autoridades

a quem compete tal papel de alerta ou mesmo de possibilitar tal potencialização se negam a

fazê-lo e se omitem em relação às suas responsabilidades. Assim, pois, o campo se torna

enorme para as grandes empresas, quase sempre multinacionais, e bastante restrito para a

maioria absoluta da população, com raríssimas exceções.

2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Sociedade Brasileira

de Estudos Interdisciplinares da Comunicação se fazem relevantes?

ANTONIO HOHLFELDT - A INTERCOM tem promovido, constantemente, a cada congresso

anual, e mais recentemente em seus congressos regionais, debates variados, de maneira a

chamar a atenção, ao menos dos profissionais, pesquisadores e estudantes do campo, para os

temas emergentes em torno do campo. Mais que isso, mais recentemente, a INTERCOM vem

buscando articular as diferentes entidades para a busca de políticas comuns frente ao Governo,

no sentido de se pautar a discussão dos mesmos. Isso foi possibilitado com a criação da

SOCICOM e, logo após, com a aproximação da mesma ao IPEA, por exemplo. Projetos variados

têm buscado abrir esse tipo de debate, publicando-se obras e, mais recentemente, buscando-se

divulgar tais debates através da internet.

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3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm

sendo constatadas nos encontros da Intercom?

ANTONIO HOHLFELDT - Todos os temas e demandas que surgem no seio da sociedade

brasileira se apresentam nos debates dos congressos anual e regionais da Intercom, pelo

simples fato de que a entidade não é um conjunto abstrato, mas muito concreto de

representação e de relação entre pesquisadores e a sociedade brasileira. Assim, aquilo que está

na pauta do dia da sociedade acaba aparecendo nos nossos congressos, porque os integrantes

desses congressos se preocupam com tais temas e tratam de debatê-los, aproveitando tais

encontros. Eu diria que a democratização dos meios de comunicação tem sido a constante da

entidade: quando a INTERCOM surgiu, estávamos em plena ditadura. Ao lado da UCBC, e

depois praticamente liderando o processo, a INTERCOM manteve os debates em torno da

democratização sempre presentes. Mais adiante, já no processo de “abertura”, partimos para a

discussão da propriedade dos meios; as relações entre as mídias e a cidadania; a presença do

Governo em face das empresas privadas que dominam a novas tecnologias. Propusemos

debates em torno do papel e do significado das novas tecnologias, de suas reflexões nas

relações internacionais – especialmente se elas democratizavam tais relações ou não – e hoje

em dia continuamos debatendo sempre aquilo que está mais presente no debate nacional.

Lembro que quando organizei, com a Profa. Dra. Maria Cristina Gobbi, o primeiro volume com

textos dos ganhadores do Prêmio Luiz Beltrão, comentei – e escrevi, no prefácio do volume –

que a simples leitura daqueles textos evidenciava a evolução sofrida pelo pensamento

comunicacional brasileiro. Ali se podia verificar o quanto a Intercom estivera atualizada em

relação aos debates nacionais e o quanto ela abrira caminhos, antecipara perspectivas e se

mantivera na liça dos grandes debates.

4. PESQUISA - Quais as metas da Intercom com referência à sua contribuição ao futuro da

área da Comunicação no Brasil?

ANTONIO HOHLFELDT – A INTERCOM tem um duplo compromisso com a democracia: a

democracia interna, na relação entre seus associados e participantes, e uma relação

democrática com as demais entidades congêneres. Mais que isso, a Intercom está sempre

pronta para dialogar com instituições continentais e internacionais, de modo a chamar a atenção

para o que se produz, se pensa e se discute em torno da Comunicação Social no Brasil, assim

como mostrar o imenso campo de estudos e de produção em que se constitui nosso país. Temos

procurado ampliar uma aproximação institucional com entidades congêneres européias ou norte-

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americanas, através de integrantes de nossas diretorias. Temos proposto versões em inglês de

trabalhos de nossos diretores/pesquisadores no sentido de divulgar o que chamamos de

pensamento comunicacional brasileiro. Essa foi uma constante introduzida pelo Prof. Dr.

Marques de Melo desde a fundação da entidade, com seus colegas de iniciativa, e que tem sido

mantida por todas as demais diretorias. Há um compromisso, enfim, da Intercom, com a

democracia na própria sociedade brasileira. E ela passa, evidentemente, pelo contexto da

Comunicação Social, que atravessa e permeia toda a sociedade. Eu diria, pois, em síntese, que

a grande meta da Intercom é ser fiel a si mesma, na medida em que, olhando para trás, seja

capaz de compreender seu papel no presente e apostar em novas contribuições para o futuro,

bem como escreveu Hipólito José da Costa, a propósito de seu papel, enquanto animador do

jornal Correio Braziliense. Para isso, entre muitas outras iniciativas, preocupamo-nos com a

guarda da memória do campo, apostando alto na reorganização e dinamização do PORTCOM,

por exemplo, que é um repositório de estudos em torno da comunicação social, produzidos a

partir da INTERCOM, ao longo de décadas, e que pode ser amplamente acessado por todo e

qualquer interessado. Acho que essa é uma das principais contribuições que a entidade pode

dar à área da comunicação em nosso país, na medida em que, conhecer o passado, é evitar que

se realize um presente apenas repetitivo, sem apostar nas conquistas possíveis do futuro.

Professora Dra. Maria Dora Genis Mourão - Presidente da SOCINE (Sociedade Brasileira

de Estudos de Cinema e Audiovisual)

1. PESQUISA - Como a senhora define os atuais espaço e papel da área de Estudos de

Cinema e Audiovisual no Campo da Comunicação no Brasil?

DORA MOURÃO - A área de estudos de cinema e audiovisual vem ocupando um espaço cada

vez mais importante no âmbito do ensino e da pesquisa, seja por ser considerada estratégica do

ponto de vista cultural e político, seja pelo fato do mundo hoje se mover em torno do audiovisual,

o que lhe confere um lugar relevante. Os avanços tecnológicos e as implicações

socioeconômicas resultantes desse avanço vieram se somar à diversidade de enfoques de

pesquisa que conforma a área, ampliando seu espectro de ação. Para dar conta da abrangência

das experiências e práticas do cinema e audiovisual é fundamental ter o domínio do campo

conceitual específico. A área não se caracteriza somente pela reflexão sobre os suportes ou as

técnicas, mas vai muito além ao se constituir como uma área que integra dois campos, o das

artes e o das comunicações. A partir da instituição pelo MEC das "Diretrizes Curriculares

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nacionais do Curso de Graduação de Cinema e Audiovisual" ocorrida em junho de 2006, houve

um crescimento significativo de cursos. É importante salientar que as diretrizes orientam tanto os

cursos específicos de cinema e audiovisual, quanto aqueles que são ênfases ou especializações

em cursos de Comunicação Social. Também na Pós-Graduação detectamos um movimento que

vai em direção à criação de Programas específicos.

2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Sociedade Brasileira

de Estudos de Cinema e Audiovisual se fazem relevantes?

DORA MOURÃO - A SOCINE tem um papel fundamental uma vez que é a entidade que

representa os pesquisadores em cinema e audiovisual. Hoje a entidade tem mais de 500

filiados, sendo que vem crescendo a cada ano, portanto a maior parte da pesquisa desenvolvida

na área tem na SOCINE seu centro aglutinador e de divulgação através dos encontros anuais,

nacionais e regionais, e das coletâneas publicadas com trabalhos que são apresentados nos

referidos encontros. Uma revista eletrônica, a REBECA, está em fase de gestação. É importante

salientar que muitos dos pesquisadores são professores universitários e que a totalidade deles

deve estar vinculada a um programa de pós-graduação. Com essas características sua

contribuição é indiscutível.

3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm

sendo constatadas nos encontros da SOCINE?

DORA MOURÃO - O crescimento da SOCINE e sua ampla representatividade exigem uma

reflexão sobre o lugar da área, assim como sua inserção nas políticas públicas de pesquisa e

formação desenvolvidas pelas agências de fomento e órgãos governamentais.

4. PESQUISA - Quais as metas da SOCINE com referência à sua contribuição ao futuro

da área da Comunicação no Brasil?

DORA MOURÃO - Com 15 anos de existência a SOCINE está consolidada, nesse sentido a

manutenção de seu objetivo maior que é o de aglutinar, sistematizar e divulgar os resultados de

pesquisas na área do cinema e audiovisual, contribuirá para o futuro da área da Comunicação no

Brasil.

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Professora Dra. Marialva Carlos Barbosa – Presidente da Rede Alcar (Associação

Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia)

1. PESQUISA - Como a senhora define os atuais espaço e papel da História da Comunicação

no Campo da Comunicação no Brasil?

MARIALVA BARBOSA - Como o campo da comunicação se caracteriza e se define por uma

característica extremamente presentista, há uma certa tendência geral a desvalorização dos

estudos de natureza histórica. Isso se dá, por exemplo, com a retirada de muitos currículos

(quase a totalidade) da disciplina, pelo número mais reduzido (no conjunto da área) das

pesquisas de natureza histórica. Por outro lado, observamos, nos últimos anos, uma mudança

no estatuto da reflexão sobre a história da comunicação no país: passamos de pesquisas

tributárias de uma visão de história linear e orientada, para uma visão que considera

fundamental o caráter interpretativo e sempre provisório das conclusões. Passamos de uma

história que valorizava os grandes nomes, grandes feitos, para uma história que visualiza a

comunicação como processo. E nisso o papel da ALCAR foi decisivo. A complexidade das

discussões nos 8 Congressos nacionais que realizamos (o oitavo vai ser realizado agora em abril

no Paraná) ampliou o escopo das pesquisas e sobretudo deu uma nova dimensão a essas

pesquisas sobre a temática ou melhor a historicidade dos meios de comunicação no Brasil.

2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Rede Alcar se fazem

relevantes?

MARIALVA BARBOSA - A ALCAR tem contribuído não apenas com a ampliação dos espaços

de pesquisa, com a realização dos Congressos Regionais (no ano passado realizamos o

Congresso regional do Sudeste, em SP, do Estado do Rio, em Friburgo – RJ, do Norte, em

Palmas – TO, do Nordeste em Natal, Rio Grande do Norte, do RS, na PUC-RS, totalizando5

Congressos Regionais) e do Congresso Nacional, realizado a cada 2 anos. Este ano o VIII

Congresso será realizado na UNICENTRO, em Guarapuava, PR. Temos feito ações no sentido

do desenvolvimento de pesquisas integradas, como foi a realizada pelo GT de Rádio que traça

um panorama do estado da arte das rádios em 27 regiões metropolitanas de todo o Brasil, e

agora o nosso mais novo projeto é realizar uma pesquisa de grande fôlego sobre o campo

acadêmico da comunicação no Brasil, da formação desse campo a partir de alguns marcos

inflexivos que se localizam nas décadas de 1960/70. Esse é o nosso maior projeto: estamos

reunindo nele mais de 100 pesquisadores que estão trabalhando como pesquisadores

voluntários, em Rede, divididos por regiões e a partir disso vamos mapear os marcos de

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desenvolvimento e da consolidação das pesquisas na área de comunicação no Brasil, a partir de

ações emblemáticas, como por exemplo, a constituição das próprias sociedades científicas na

área de comunicação, das quais a INTERCOM é pioneira.

3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm

sendo constatadas nos encontros da Rede?

MARIALVA BARBOSA - A grande demanda é pela realização de pesquisas integradas. Na área

de história é humanamente impossível realizarmos pequisas de caráter individual: as pesquisas

devem, para serem complexas, envolver redes de pesquisadores. Portanto, se houvesse

financiamento para a realização dessas pesquisas seria mais fácil. Mas enquanto não há os

pesquisadores estão se reunindo e ampliando a possibilidade de pesquisa e sobretudo criando

uma cultura de pesquisa integrada que ainda não há na área de comunicação no Brasil.

4. PESQUISA - Quais as metas da Rede Alcar com referência à sua contribuição ao futuro da

área da Comunicação no Brasil?

MARIALVA BARBOSA - Ter reconhecida a importância das pesquisas históricas na área de

comunicação. E o caminho para isso não é incensar os grandes pesquisadores, mas motivar os

que estão iniciando agora. Por isso criamos o Prêmio José Marques de Melo que irá premiar o

melhor trabalho de GRADUAÇÃO apresentado durante o Congresso Nacional. Queremos trazer

para o campo histórico os jovens pesquisadores. Sem eles não avançaremos e não

consolidaremos o nosso campo. Essa é a nossa principal meta.

A outra meta é complexificar a pesquisa na área de história dos meios, realizando outras

pesquisas integradas e mostrando as razões políticas da importância de uma visão histórica em

relação aos meios de comunicação. Não queremos que a área de comunicação abandone a sua

característica de ultra-atualidade, mas queremos que reconheça a importância da dimensão

histórica em suas pesquisas. Essa é a nossa meta e o nosso sonho.

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Considerações finais e outras etapas a percorrer

O estado do conhecimento na área da comunicação pode ser dividido em duas sub-áreas: as

consolidadas e as emergentes. Neste cenário, o desafio proposto pela SOCICOM e apoiado pelo

IPEA para a realização dessa pesquisa deve ser entendido como um passo importante para o

conhecimento sobre a produção comunicacional de pesquisadores e de instituição nacionais.

Não somente aquelas representadas no âmbito dessa pesquisa, mas para outras tantas que

integram o cenário da comunicação no País. Também deve ser avaliado em sua contribuição

para o campo da comunicação, em seu amplo espectro de possibilidades.

As pesquisas científicas evidenciam escolhas, quer dos objetos, metodologias ou mesmo do

direcionamento das análises realizadas. Também apresentam resultados, que ampliam o leque

das opções, gerando novas reflexões a partir de outros olhares e direcionamentos. As atividades

de investigação servem como elos entre a teoria e a prática, permitindo que se apontem

semelhanças, dicotomias, identifiquem tendências e lacunas, e por fim, seu ferramental mais

precioso é a possibilidade de subsidiarem outras análises.

Neste sentido, a pesquisa ora apresentada, em sua primeira etapa, empreendia por um grupo de

pesquisadores apoiados com bolsa IPEA, buscou sistematizar e analisar informações de um

número expressivo de entidades e de pesquisadores da área da comunicação, nos mais

variados espaços produtivos.

Esse diagnóstico da área, resultado final esperado das várias ações empreendidas, visa, em

parte, diminuir distâncias entre a teoria e a prática, apontando para a possibilidade da criação

coletiva como ação transformadora, fruto do exercício da parceria entre pesquisadores e

instituições, inevitável nas ciências contemporâneas. Outro aspecto que deve ser mencionado é

o desafio da preservação da abordagem interdisciplinar como espaço de convergência,

resultando em trocas que possam atender as dicotomias da área da Comunicação.

Inserida no contexto de inquietude, as experiências resultantes das produções aqui apontadas

poderão superar a fragmentação dos saberes. Desta forma, outra finalidade do resultado final

(na etapa conclusiva dessa investigação) será o de alcançar objetivos mais amplos e resultados

plurais, através da sólida proposta de trabalho conjunto, numa perspectiva integradora não

apenas dos conteúdos, mas e, sobretudo, de pesquisadores e instituições, com suas

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recomendações e saberes. Assim, à ameaça na formação de um campo da Comunicação

autônomo, devido ao uso indiscriminado e desconectado dos múltiplos saberes poderá ser

superada com a sistematização e a reflexão constante dos participantes, para que os diversos

aportes teórico-metodológicos estejam voltados a um objetivo maior: o entrecruzamento das

Ciências, de modo que sejam modificadas e repensadas em função da Comunicação, de um

novo olhar transformador. As argumentações aqui apresentadas possibilitam uma visão

multidisciplinar. Isso representa um avanço no tratamento das investigações, porque pressupõe

a abordagem sob várias perspectivas teórico-metodológicas.

Os resultados oferecem uma prática diferenciada, que poderá dar conta da complexidade e da

dinâmica do campo da Comunicação. Esta prática pode se traduzir pela possibilidade de

descrever e diagnosticar a produção do conhecimento comunicativo, analisando o

desenvolvimento, na última década, dos setores midiáticos; desenhar o panorama da indústria

nacional de informação e comunicação; analisar, mensurar e descrever os setores das

profissões legitimadas e das ocupações emergentes no campo, além de traçar o panorama

nacional da comunicação, evidenciando os perfis socioeconômico, educativo-cultural, entre

outros. Todo esse amplo escopo possibilita a reflexão teórica baseada na construção coletiva

prática de novos conhecimentos, fundamentais para o avanço da Ciência da Comunicação.

Falar do cenário da comunicação é admitir que se trata de uma área que tem vivido

constantemente sob a guarda da transição, mas é sobretudo entender diferenças, administrar

valores, respeitar a diversidade, sobreviver na pluralidade de opiniões sem perder a perspectiva

de que singularidades se apresentam como pontos de confluência entre os saberes, formando o

grande campo da Comunicação.

Tratar de Comunicação é administrar a amplitude das possibilidades, é enxergar a polaridade,

mas é delimitar fronteiras, entender o cenário e os atores que nele encenam diariamente seus

cotidianos.

Juntar esses dois pontos em uma pesquisa é um grande desafio e foi esse que se tentou

superar. Não aparece aqui a idéia do “tudo o que foi possível”. Como todo trabalho humano,

esse também padece de incertezas, falhas e lacunas. Mas buscou descortinar o cenário e

mostrar os atores sociais que cotidianamente, através de ações reais, tentam dirimir as

angústias que permeiam habitualmente suas produções, transformando-as em dados, estudos e

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resultados capazes, muitas vezes, não de definir o caminho certo ou o errado, mas de oferecer a

possibilidade de escolha.

Assim, podemos afiançar que a pesquisa proposta pela SOCICOM e apoiada pelo IPEA permite

que as várias instituições aqui representadas possam transpor fronteiras entre as diferentes

áreas de conhecimento; agregando-se em torno de um ou mais temas e possibilitando a

convergência entre eles, contribuindo para o avanço do conhecimento de forma integradora;

para a formação de recursos humanos com capacidade para enfrentar novos desafios.

O resultado final116 propiciará que grupos produtivos e comprometidos com a pesquisa de

qualidade se associem de forma independente, respeitando as especificidades de cada espectro

do conhecimento comunicativo, que é amplo e não homogêneo; contribuindo para o crescimento

com qualidade da área da Comunicação, nas respeitando as especificidades que cada subárea

oferece.

A base inicial de dados composto pelas subáreas consolidadas: jornalismo, cinema e relações

públicas, retratam a situação de cada entidade em suas propostas de congregar pesquisadores

em termo de eixos claros e específicos, oferecendo a oportunidade de definir indicadores

qualitativos.

Por outro lado e não menos importante, as subáreas emergentes: Cibermídia, Folkcomunicação

e Propaganda Política, possibilitarão (na segunda etapa da pesquisa) o mapeamento das novas

tendências e as singularidades do campo comunicacionais, diante de cenários originais e

amplos, como é o caso do Brasil.

O professor Marques de Melo (1998) garante que precisamos redimensionar o trabalho

científico, "aprofundando a interpretação dos fenômenos já conhecidos; observar

sistematicamente os novos fenômenos, dando-lhes registro crítico-descritivo e cambiar as

análises de fenômenos globais com os casos específicos", dessa maneira será possível o

desenvolvimento de pesquisas calcadas nas próprias necessidades e realidades do país,

considerando sempre os estímulos externos, mas não os priorizando.

116 Segunda etapa, que será disponibilizada e publicada em janeiro de 2011.

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É necessário que a pesquisa em Comunicação possa auxiliar as transformações sociais,

acumulando informações que realmente mostrem o cotidiano, ajudando a construir novos

modelos de produção e distribuição das riquezas de criação e reprodução da cultura do país.

Os resultados aqui apresentados permitem observar que embora em desenvolvimento, a área da

Comunicação ainda tem muito por fazer. Os dados históricos evidenciam as contribuições

empíricas, com múltiplas informações, referências, produções e reflexões. Não se trata de uma

totalidade teórica ou metodológica, tão pouco abarca uma proposta homogênea de análise. Mas

de um conjunto significativo de aproximações, que com bem disse Rivera (1986, p. 76) “pagam

tributo a fontes e modelos bastante diferenciados entre si”, sem perder as características

peculiares de nosso campo de estudos e as especificidades comunicacionais da nossa região.

Se encarregando de relativizar o radicalismo que permeiam muitas teorias e a instilar a

ingenuidade, às vezes tola, de outras.

Os levantamentos e as analises dos dados da Plataforma Lattes, do Portal dos Grupos de

Pesquisa do CNPq, dos resultados da Avaliação da Pós-Graduação da Capes, na leitura atenta

de outras investigações realizadas, no site no IPEA, da Unesco, do CNPq, da Capes entre outros

espaços nos permitiram visualizar um campo amplo de estudos, que ainda padece de uma

delimitação e da definição de fronteiras. Não no sentido de espaços delimitadores, mas que

promovem clareza sobre o que deve ser empreendido e investigado na área da Comunicação.

A quantidade de instituições e indicadores, de fato, se constituiu em um desafio muito grande,

impossível de ser vencido no tempo que tivemos para a realização da pesquisa. Optamos por

traçar o panorama geral, trazendo os dados mais representativos e somando a eles informações

como palavras-chave, titulação de pesquisadores, localização dos eventos etc.

Estamos no século dos desafios tecnológicos. Mais que dispor de ferramentas de apoio é

necessário rever os processos de produção, de forma que eles se tornem cooperativos. Além

disso, a autocriação traz criatividade e a inovação insere definitivamente a Comunicação no

cenário do desenvolvimento.

Muito além das preocupações na esfera econômica, as tecnologias da informação e da

comunicação, aliada aos novos artefatos comunicativos-informacionais (CMS, blogs, VoIP, VoD,

podcasting entre outros) devem ofertar a sociedade a “palavra”. Assim, como bem explicitado por

Alain Ambrosi, Valérie Peugeot e Daniel Pimienta (2005, web),

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(...) a mundialização, tomada no sentido de descompartimentalização das bacias culturais, de circulação dos conhecimentos, não é mais o apanágio de uma elite midiática ou midiatizada, e pode se abrir para aquelas e aqueles para quem até então a expressão tinha sido de fato confiscada. Dentre os monopolizadores das palavras e das falas, encontram-se aqueles que pretendem ter a exclusividade da legitimidade do “dizer”, que assumiram o controle econômico e político do espaço midiático. Os usos alternativos das novas tecnologias da informação, na verdade, interpelam tanto interna quanto externamente esse tradicional “quarto poder”. Eles forçam a redefinição das regras de funcionamento das mídias de massa ao mesmo tempo que seu lugar e seu papel, redefinindo, desta forma, a própria noção de “serviço público” da informação, em particular no campo da radiodifusão.

Para encerrar essa etapa de análise, cabe ressaltar ainda que o processo de legitimação e de

identidade acadêmicas deste campo está diretamente relacionado com a formação de

profissionais competentes para a prática científica, além da efetiva participação desses atores

sociais nos cenários acadêmicos; buscando equilíbrio entre a teoria e a prática profissional e

entre os vários espaços desenhados pela geografia nacional.

A área da Comunicação está cercada por desafios que eclodem em cenários diversificados,

necessitando de consolidação e legitimação. Os espaços nos centros articuladores de pesquisa

oferecem a institucionalização necessária para que se possa intercambiar informações e

contemplar as várias especificidades, quer do campo ou da área. Faz-se necessário e urgente

que olhemos esses ambientes como centros aglutinadores, capazes de promover a discussão

ampla, congregando características plurais e gerando produção de conhecimento hábil para

alterar, substancialmente, as realidades comunicativas no continente latino-americano.

Para que isso seja possível é necessário olhar com atenção as cinco regiões do Brasil,

oferecendo estímulos para o desenvolvimento de programas de pós-graduação, incrementando

a pesquisa, apoiando investigadores para que ancorem nas regiões mais afastadas seu arsenal

de conhecimentos. Só assim será possível formar um quadro de intelectuais críticos e analíticos,

que produzam conhecimento novo em áreas defasadas ou mesmo menos favorecidas, quer pelo

distanciamento ou mesmo pela falta de apoio para o desenvolvimento permanente.

Essas ações permitirão dirimir extensões, evitando o distanciamento que promove a polarização

de mensagens, nem sempre reais sobre as necessidades da nossa região. Deve ocorrer um

acercamento dos meios e suas múltiplas possibilidades,

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