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7/26/2019 Soteriologia - Justo L. Gonzlez
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A obra de Jesus Cristo
Ainda que a pessoa de Cristo tenhaocupado o centro da ateno nosdebates cristolgicos, 0 certo que aobra de Cristo pelo menos toimportante como sua pessoa. De fato,se a pessoa de Jesus Cristo nos
interessa, isso acontece porque nossoal!ador. Como diria "elanchthon, oamigo e sucessor de #utero,$reconhecer os benef%cios de Cristo conhecer a Cristo& ' e,conseq(entemente, o contr)rio tambm
certo, no conhecer os benef%cios deCristo, no o ter por al!ador, noconhec*'lo, por mais que saibamos arespeito de sua pessoa e das di!ersasteorias a respeito dele.
Desde os in%cios do prprio cristianismo,os crentes t*m declarado que JesusCristo o enhor e al!ador, e t*mdi!ersas imagens e met)foras parae+plicar como isso . ssas imagens so
o que os telogos chamam $teorias daredeno&, ou se-a, modos de entendera obra sal!adora de Jesus Cristo.e-amos algumas delas.
a/ Jesus Cristo como pagamento pelopecado
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De todas as teorias ou imagens quetemos de estudar aqui, est) a mais
conhecida, ainda que no se-a a nicanem tampouco a mais antiga. egundoessa teoria, Jesus Cristo !eio para pagarpor nossos pecados, e sua morte nacru1 , com efeito, 0 pagamento poresses pecados. 2or ra13es b!ias, estapostura recebe, 4s !e1es, o nome de$teoria -ur%dica da e+piao&. 5utras!e1es, para contrast)'la com a segundateoria que e+poremos, lhe dado onome de $ob-eti!a&, e di1'se que aquela
outra $sub-eti!a&. Ainda que ha-aautores que descre!am as obras deCristo em termos -ur%dicos e depagamento pelos pecados, suasformula3es cl)ssicas !*m de Anselmode Cantu)ria, no sculo 677.
Anselmo e+p8s sua teoria da e+piaoem um li!ro famoso intitulado $2or queDeus se fe1 humano9: egundoAnselmo, o pecado constitui uma in-riacontra Deus e, portanto, quem peca ;ca
em dbito com Deus por causa dessain-ria.
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media'se segundo a dignidade doofendido, enquanto que o montante de
honra se media segundo a dignidade dequem o oferecia. Assim, por e+emplo,uma le!e in-ria contra um monarca uma falta muito gra!e= mas se umplebeu quer honrar a esse mesmomonarca, isso
lhe ser) muito dif%cil, pois a honra que oplebeu oferece medida em termos desua prpria posio social, e no da dorei. e ento o pecado implica em umad%!ida por parte do pecador humano
que in-uriou o Deus in;nito, essa d%!ida impag)!el, pois a in-ria in;nita, e ohumano no 0 .
> sobre essa base que Anselmo e+plicapor que Deus se fe1 humano. 5 pecado,
como d%!ida humana, teria que serpago por um humano. Como d%!idacontra o Deus in;nito, requeria umpagamento in;nito. #ogo, a nicamaneira de conseguir um pagamento
adequado para a d%!ida contra%da foi ade 0 prprio Deus tornar'se humano, demodo que o pagamento ou $satisfao¶ com a d%!ida fosse, ao mesmotempo, humano e in;nito.
sse modo de entender a obra deCristo, que 0 mais comum tanto entreprotestantes como entre catlicos,
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apresenta algumas !antagens ealgumas des!antagens. Do lado
positi!o, nos d) um sentido claro dagrande1a do nosso pecado, que foi talque o prprio Deus te!e de sofrer porele. 5 pecado acarreta dor ao prprioDeus, e no algo que podemosignorar somente pedindo perdo, ouque podemos desfa1er com boasinten3es ou a3es.
2or outro lado, o aspecto negati!o, essemodo de entender a obra de Cristo nosapresenta um Deus -usticeiro e at
!ingati!o, cu-a dignidade tal que todaofensa tem de ser paga at a ltimagota de sangue. m alguns casos, issochega ao
e+tremo que h) crentes que imaginam
Deus 2ai como -usticeiro e austero,enquanto Deus ?ilho, que se d) na cru1, amoroso e perdoador.
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o $aspecto bom&, que Deus pronunciasobre Jesus. A ressurreio, ainda que
con;rme o !alor do que foi feito nacru1, no parte da obra sal!adora de
Jesus Cristo.
ma antiga !ariante desse modo de !era obra de Cristo, como pagamento pelo
pecado, a;rma que na cru1 Cristo noscomprou, sim= mas no da d%!idacontra%da com Deus, mas do poder deatan)s. egundo essa !iso ' que -)aparece em alguns dos mais antigosautores cristos ' o pecado fe1 com que
a humanidade fosse escra!a deatan)s, que no esta!a disposto aconceder'lhe a liberdade a no ser porum alto preo. sse foi o preo pago por
Jesus na cru1. Bal opinio tem a
!antagem de que no Deus, masatan)s quem requer o sacrif%cio deJesus, e, portanto no tende aestabelecer um contraste entre o 2ai eo ?ilho no que se refere ao seu amorpela humanidade.
m certos elementos da tradio crist,sobretudo durante a 7dade "dia, a!iso de Deus como -usticeiro e!ingati!o se estendeu no s ao 2ai,
mas tambm ao ?ilho. m tais casos,comeou'se a recorrer a intercesso da
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irgem "aria como pessoa am)!el ecapa1 de entender a condio humana.
b/ Jesus Cristo como e+emplo sal!ador
5utro modo de entender a obrasal!adora de Jesus Cristo, que algunst*m proposto como alternati!a apostura anterior, !*'lo como umgrande e+emplo que mediante seuamor e suas demonstra3es demisericrdia nos abre caminho atDeus. egundo essa opinio, Cristo nossal!a porque, !endo'o sofrer por ns, e
!endo nele um amor tal que perdoa ataqueles que o cruci;caram, nos con!idae nos mo!e a amar a Deus. nto,mo!idos por esse amor, dei+amos opecado e seguimos uma !ida -usta esanta.
s !e1es, para distingui'la dainterpretao anterior, lhe dada onome de $sub-eti!a&, e aquela 0 de$ob-eti!a&. 5 primeiro que a prop8s demodo adequado foi Abelardo, que !i!eu
no sculo 677 como Anselmo deCantu)ria. "ais tarde, a partir do sculo676, foi a forma na qual a teologialiberal entendeu normalmente a obrade Cristo ' sobretudo o telogo alemoAlbrecht itschl, que escre!eu uma!asta obra na qual refuta!a a teoria
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$ob-eti!a& e propunha a alternati!a deCristo como e+emplo sal!ador.
ssa doutrina tem a !antagem de nonos apresentar Deus como umsoberano cu-a honra foi ferida
e que requer que lhe se-a pago emsangue e sofrimento. 2elo contr)rio,segundo essa postura a alienao entreDeus e os homens no tanto da partede Deus como da nossa parte. omosns que, por nossos pecados e tal!e1porque tememos a Deus
inde!idamente, nos afastamos de Deusmais e mais. Alm disso, essa doutrinasublinha a dimenso afeti!a de nossospecados e de nossa relao com Deus=enquanto a integrao -ur%dica o redu1todo a d%!idas e pagamentos, essa
outra interpretao o fa1 questo deamor e de ser atra%dos de no!o ao amorde Deus.
Contudo, tambm essa teoria tem osseus pontos fracos. m deles que no
parece considerar o !erdadeiro poder ecar)ter do pecado. Como temos !isto, opecado no se redu1 a uma srie dea3es m)s ou contr)rias 4 !ontade deDeus. 5 pecado um estado, um modode ser, e at uma escra!ido. 2arali!rar'se do pecado, no basta quererli!rar'se, tampouco basta que algum
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nos d* um e+emplo de amor e nosinspire a agir de!idamente.
5utro ponto fraco dessa teoria que, sea obra de Cristo consiste simplesmenteem um bom e+emplo, nada h) queimpea que encontremos uma sal!aosemelhante em qualquer outro e+emplo
que possamos seguir ' como o dealguma pessoa muito santa, um m)rtir,etc. e isso su;ciente para a nossasal!ao, que necessidade h) daencarnao de Deus em Jesus Cristo:
2or ltimo, igual ao caso anterior, essemodo de entender a obra de Cristo seconcentra de tal
modo na cru1, que dif%cil !er quepapel ocupa a ressurreio. parte da
cru1, essa teoria pode !er algum !alorno resto da !ida e dos ensinamentos deJesus, como sinal do caminho quetemos de seguir. "as dif%cil !er aimport@ncia da ressurreio para nossasal!ao, alm de compro!ar que esse
Jesus, cu-os sofrimentos nos inspiram, !erdadeiramente Deus.
c/ Jesus Cristo como !encedor
ssa interpretao da obra de Cristo,
freq(entemente combinada com apr+ima que ha!emos de estudar, aque se encontra, com maior freq(*ncia,
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nos antigos escritores cristos= mas tambm uma interpretao que tem
sido esquecida ou relegada ao segundoplano.
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poderes de atan)s, dos quais se torna!encedor. Como !encedor de atan)s,
Jesus nos li!ra do pecado e de suaescra!ido.
Da mesma forma que a teoria$-ur%dica&, essa interpretao tem o!alor de le!ar muito a srio o pecado e
seu poder. "as, diferentementedaquela, no !* o problema humanoem termos de uma d%!ida que requerpagamento, mas sim em termos deuma escra!ido que requer libertao e!itria sobre 0 opressor. 5 pecado no
algo que possamos nos li!rar pornossos prprios meios, como pareceimplicar a teoria $sub-eti!a&, mas querequer a inter!eno de Deus.
5 outro ponto positi!o em que essa
posio ultrapassa as anteriores quenela toda a !ida de Jesus Cristo, desdesua encarnao at seu retorno emglria, tem import@ncia para nossasal!ao. A encarnao o momento
no qual Deus, em Jesus Cristo, seintrodu1 na humanidade que esta!asu-eita a atan)s, para aqui, entre ns,e por meio de cada passo em sua !ida ecada uma de suas a3es, ir !encendoatan)s. 7sso !isto na histria das
tenta3es e tambm nos milagres deJesus, que so como escaramuas
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contra os poderes do mal. "as !isto,sobretudo, nos tr*s dias
que !o da cru1 at a ressurreio.
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le!antou dentre os mortos, com o qualno s ele se le!antou, mas que, alm
disso, rompeu o poder de atan)s deter su-eitado a humanidade.
A principal des!antagem dessa maneirade !er a obra de Cristo que podetornar'se dif%cil para ns, os modernos,
acostumados como estamos a pensarem um mundo em que no h) maisrealidades do que as que !emos, e aimaginarmos que o
mal no tem mais poder que o que ns
decidimos conceder'lhe.d/ Jesus Cristo como cabea de umano!a humanidade
sse quarto modo de entender a obrade Cristo o !* como 0 fundador de umano!a humanidade, de um no!o corpocu-a cabea ele. ?undamenta'se na!iso que encontramos no
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corpo, ou os brotos a !ideira. Como ocabea de uma no!a humanidade, Jesus
Cristo o comeo de uma no!a criao.Nuem se une a ele participa dessa no!acriao e de sua promessa. Alm disso,esse no!o corpo tem a fora que notinha o primeiro, pois enquanto Ado$foi feito alma !i!ente&, Jesus $esp%rito que d) !ida& GK Co KL.HL/ ' ouse-a, que um tem que receber a !ida,enquanto que o outro a d).
Como dissemos anteriormente, naigre-a antiga, em geral, essa !iso da
obra de Cristo aparece unida emisturada com a que acabamos dedescre!er ' Cristo como !encedor deatan)s e do pecado. 5 modo como a!itria de Cristo se
fa1 efeti!a para ns , precisamente,que ele comeou uma no!ahumanidade, e que nos unindo a ele e aessa no!a humanidade somosparticipantes de sua !itria sobre o
pecado e sobre atan)s.7sso pode ser !isto nos escritos de7rineu de #Fon, que usa o termorecapitulatio para referir' se a obra deCristo. s !e1es nos dif%cil entenderisso, porque para ns ho-e uma$recapitulao& um resumo, umabre!e repetio do que foi dito ou
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escrito. "as, etimologicamente,recapitulatio que di1er $re'
encabeamento& ' em latim, capt $cabea&. > uma pala!ra que seencontra no precisamente fa1endo'sehumano que Jesus !em a ser um dens, e pode, portanto encabear essa
no!a humanidade. Atra!s de toda asua !ida e especialmente de sua morte
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e ressurreio, Jesus desfa1 o que foifeito por Ado.
m !alor adicional dessa !iso quesublinha a solidariedade da raahumana, tanto no pecado como nasal!ao. e a !elha humanidade umcorpo de pecado e perdio cu-a cabea
Ado, a no!a um corpo de santidadee sal!ao cu-a cabea Jesus Cristo.
A principal di;culdade para entender aredeno desse modo se encontra emnosso indi!idualismo moderno, que no
nos permite entender como toda umaquantidade de pessoas indi!iduaispodem ser um s corpo com uma scabea, ou como a ressurreio e!itria dessa cabea podem ser ocomeo da ressurreio e !itria de
todo o corpo.
esumindoP a obra redentora de JesusCristo tem sido interpretada de di!ersasmaneiras ' das quais acabamos deesboar as quatro principais.
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restante da teologia crist, mas que serelacionam com todos os outros
aspectos da f. 7sso pode ser !istoclaramente no caso dos sacramentosGque estudaremos em outro cap%tulo/.m geral, quem sustenta a teoria$-ur%dica& da redeno !* no batismouma Q la!agem dos pecados anteriores,ou at uma
espcie de remisso da d%!ida queha!%amos contra%do por esses pecados.A partir da mesma perspecti!a, acomunho !ista como outro modo de
alcanar esse perdo, quer se-amediante mritos Gcomo quando sepensa que a comunho o sacrif%ciorepetido de Jesus Cristo/ ou mediante oarrependimento Gcomo em boa parte da
tradio protestante mais recente/.Nuando se adota a teoria da !iso$sub-eti!a& da redeno, tende'se a !ernos sacramentos s%mbolos ouad!ert*ncias que nos le!am de no!o areconhecer e !er o que Jesus Cristo fe1
por ns, e a responder em amor earrependimento. Nuando se adota a!iso de Jesus Cristo como !encedor domal, e sobretudo quando 0 !emos,tambm, como Cabea de uma no!ahumanidade, o batismo entendido
como um ato de en+ertar'nos nessecorpo, e na comunho, e no culto em
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geral, como o meio pelo qual nosalimentamos dele e permanecemos
unidos a ele.
R. Dimens3es da sal!ao
a/ A sal!ao e a obra do sal!ador
Atra!s dos sculos, ns, cristos,
temos chamado Jesus Cristo de $nossoal!ador&, quer di1er, quem nos d) asal!ao. "as, muitas !e1es, no nostemos detido para esclarecer o queentendemos por $sal!ao&. Bambmnesse caso, como na obra redentora deCristo, e+istem di!ersas *nfases ouperspecti!as que de!em seresclarecidos.
K/ 5 mais comum !er a sal!aocomo o perdo dos pecados, de talmodo que possamos entrar
no cu.
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$sub-eti!a&, ou se-a, que consiste eminspirar'nos para ser!ir e seguir a Deus,
pensa que isso nos permite amar aDeus de tal modo que possamos entrarno cu.
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Cristo, itoriosa Cabea de uma no!ahumanidade. ntramos na !ida eterna,
no porque temos uma permisso ouum passe, mas porque estamos unidosao enhor da !ida, que em suaressurreio conquistou a prpria morte' ou,como di1iam os antigos, $matou amorte&.
7sso quer di1er que a sal!ao, alm deser a promessa da !ida eterna, tambm o processo pelo qual Deus noslibera do poder do pecado. Cada ato oumomento na !ida, no qual !emos sinais
dessa liberao, tambm um atosal!%;co de Deus. isso certo no sno @mbito do estritamente religioso epessoal, mas tambm no @mbito social,cultural, pol%tico e econ8mico.
epetidamente, no Antigo Bestamentose emprega a pala!ra $sal!ao& noconte+to de uma libertao pol%tica ouuma !itria militar. Assim, por e+emplo,"oiss chama a sa%da do gito de $a
sal!ao do enhor, que ho-e !os far)>+ KH.KR/. Nuando Da!i li!rado damo de aul, ele canta a Deus como $afora da minha sal!ao& GM m MM.R/.anso chama sua !itria sobre os;listeusP $por intermdio de teu ser!o
deste esta grande sal!ao& GJ1 KL.KI/.Bodas essas a3es de Deus, que socomo imagem e promessa de sua
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grande ao sal!adora em Jesus Cristo,so tambm a3es de sal!ao.
R/ m todo caso, importante assinalarque nossa sal!ao no s nossapreocupao, mas
tambm a de Deus.
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sal!ao, Deus no nosso ad!ers)rio,mas nosso aliado.
h/ ma sal!ao integral
e no cap%tulo anterior !imos o enormealcance tanto da criao como dopecado, agora de!emos !er o enormealcance da sal!ao. Como !imos noprincipio, desde o inicio da !ida daigre-a sempre hou!e quem tentassedi!idir a realidade em duas, atribuindoa Deus a origem e o go!erno de s umaparte da realidade. Assim, os gnsticos
a;rma!am que o mundo espiritual obra de Deus= mas no o mundomaterial. Da mesma forma,
a;rma!am que o esp%rito humano di!ino e que o corpo no tem relao
com as ltimas realidades.Com base em tais opini3es, osgnsticos e outros de tend*nciassemelhantes limita!am a sal!ao aoesp%rito, que !oltaria ao reino espiritual,
e declara!am que o corpo no eracapa1 de ser sal!o. Ainda que doutrinassemelhantes tenham e+istido econtinuem e+istindo entre os cristosque se consideram perfeitamenteortodo+os, o fato que, desde datas
muito antigas, a 7gre-a em geral,baseando'se no testemunho das
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scrituras, rechaou tais opini3es, queentre outras coisas produ1iam confuso
quanto ao car)ter de uma !ida santa.
Dissemos que produ1iam confuso, poisse o corpo no est) relacionado com asal!ao, apresentam'se duasalternati!as b!ias, ambas perigosas.
A primeira alternati!a, e a mais comum,conclui que, !isto que o corpo noparticipa da sal!ao e pode at ser umobst)culo a ela, de!emos reprimi'lo ecastig)'lo. Assim, hou!e quem se feriu
com aoites, e quem e+agerou -e-uandoat 0 ponto de pre-udicar a sade. Almdo mais, !isto que 0 corpo no est)relacionado com a sal!ao,
-usti%ic)!el castig)'lo e at destruir ocorpo das outras pessoas a ;m de
alcanar a sal!ao. ?oi esse racioc%nioque foi usado para as torturas da7nquisio. m casos menos e+tremos,h) cristos que debatem se os famintosde!em ser alimentados e os enfermos
curados ainda que no se con!ertam,argumentando que o que temos que
buscar a sal!ao de suas almas, eque a nica ra1o parta aliment)'los oucur)'los procurar que se con!ertam.
A segunda conseq(*ncia contr)ria aessa.
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e 0 corpo no se relaciona com asal!ao, por que no dei+ar que faa o
que dese-e: 2or estranho que parea,hou!e gnsticos que sustentaram taldoutrina at o ponto de praticar alibertinagem. h) cristos que, tal!e1sem chegar a tais e+tremos, baseiam'se no mesmo racioc%nio para -usti;carsuas a3es.
e o ser humano integralmentecriatura de Deus, e Deus o ama em suatotalidade, a sal!ao tem de incluir apessoa toda, corpo e alma. > por isso
que o Credo apostlico a;rma $aressurreio do corpo& ' ou, como se di1no original, $da carne&.
sse car)ter integral da sal!ao podeser !isto na prpria pala!ra que se
emprega no
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ser tradu1ido como= $no e+istenenhum outro nome... pelo que importa
que se-amos curados&.
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sal!ao que nos d) Cristo, o al!ador,mas que so, sim, ind%cios de que o
Deus da sal!ao est) agindoconstantemente atra!s da histria.
De outra perspecti!a, a sal!aocomea para cada um de ns com a$-usti;cao&. A -usti;cao a ao
di!ina que restaura nossa relao como Deus de toda -ustia. em sermos
-ustos, no podemos enfrentar o Deus-usto.
Como que se alcana a -usti;cao:
sse foi um dos principais pontosdebatidos durante a
eforma protestante do sculo 67.Ainda que a questo fosse bem maiscomplicada, pode'se di1er que o ponto
de conSito entre catlicos eprotestantes era que os catlicossustenta!am que uma pessoa teria queser -usta e fa1er obras de -ustia paraque Deus a ti!esse por -usta, enquantoque os protestantes sustenta!am que
Deus nos declara -ustos por suamisericrdia in;nita, e que, portanto,tudo o que necess)rio para a sal!ao essa f que nos permite aceitar odecreto di!ino da -usti;cao.
A formulao cl)ssica dessa doutrinaprotestante 0 que se chama $-ustia
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imputada&, que quer di1er que Deusnos declara -ustos, no porque !e-a
-ustia e retido em ns, mas porquenos atribui a -ustia e a retido de JesusCristo. Da% a famosa frase de #utero,que o crente em Jesus Cristo simul
-ustus et peccator ' simultaneamente-usto e pecador. 5 que nos -usti;ca no a aus*ncia de pecado, mas a graa deDeus que nos declara -ustos.
2or outro lado, essa *nfase na-usti;cao gratuita pode le!ar'nos aesquecer outro aspecto importante da
sal!ao, a santi;cao. > assim que,freq(entemente, escutamos em nossasigre-as que tudo o que temos que fa1erpara sermos sal!os crer em JesusCristo. 7sso tomado ento no sentido
de que basta ha!*'lo aceitado uma !e1,e -) somos sal!os ' o que bem pode sercerto se a sal!ao consiste somentena -usti;cao. "as no de todo certose a sal!ao inclui todo o processo
mediante o qual chegamos a ser o queDeus dese-a que se-amos ' ou se-a, se asanti;cao parte da sal!ao.
Deus nos aceita ainda quando somospecadores, gratuitamente nos declara
-usti;cados. "as o que Deus dese-apara ns ' a sal!ao plena ' quese-amos !erdadeiramente -ustos, que
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se-amos como Deus dese-a, quemediante a obra do sp%rito anto em
ns se-amos santi;cados.
ntre os protestantes em geral, atradio reformada ' quer di1er, a queprocede de Cal!ino ' tem sublinhado asanti;cao mais que a luterana.
Dentro dessa tradio reformada, JooUesleF distinguiu'se por sua *nfase no$a!ano at a perfeio&. egundo ele,a tarefa de todo crente mo!er'se ata perfeio com a a-uda do sp%ritoanto.
7sso deu lugar a um debate entreUesleF e !)rios telogos de seu tempo,sobre se tal perfeio alcan)!elnesta !ida. Ao mesmo tempo em quedeclara!a que, ainda lhe falta!a muito
parta alcan)'la, UesleF insistia em quetal perfeio alcan)!el sim, como umdom especial de Deus, e que necess)rio preg)'la porque, de outromodo, os crentes abandonariam o
caminho da santi;cao.> desse aspecto da tradio UesleFanaque surgem as chamadas $igre-as dasantidade&.
?inalmente, por muito que se adiante
no processo de santi;cao, a sal!aono alcana sua plenitude seno na
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consumao ;nal. >, ento, em meio deuma criao restaurada ' um no!o cu
e
uma no!a terra ' que, !erdadeiramente,chegaremos a ser o que Deus quer quese-amos ' por f%m encontraremos nosso!erdadeiro ser. Como disse 2aulo, nossa
!ida est) escondida com Cristo emDeus, e quando Cristo se re!elar naconsumao dos tempos, ento nstambm seremos re!elados GCl R.R'H/.