8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 1/145
P E N S R Y R E S I S T I RU S O C I O L O G Í C R Í T I C D E S P U É S D E F O U C U L T
RO BE RT CAS T E LG U I L L E R M O R E N G Ú E L E S
J A C Q U E S D O N Z E L O T
FERNANDO ÁLVAREZ-URÍA
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 2/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 3/145
CONSORCIO DEL CIRCULO DE BELLAS ARTES
C o m u n i d a d d e M a d r i dCONSEJERÍA DE CULTUFRA Y DEPORTES
Dirección General de Prom oción Cultural
IIICajíaJL ien
F U N D A C I O N C O A M
I ERUK
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 4/145
L os ensayo s que com po nen este volumen son Ira nsc ripcio ncs rcvisailas
de cuatro de las confererlcias pronunciadas dentro del ciclo «Pensar y
'lab ar es , que se c(-lclir(i en el C írculo de B ellas A rtes en tn ' el 3 y el zi He
ma rzo de -4004 y con tó con la colaho ración de la K mhajada de L Vancia y
el Colegio de Doctores y L icen ciad o s en C ien cias Col II leas y Sociología.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 5/145
P e n s a r y r e s i s t i rL a s o c i o l o g í a c r í t i c a d e s p u é s d e F o u c a u l t
R O B E R T G A S T E L
G U I L L E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
J A C Q U E S D O N Z E L O T
F E R N A N D O Á I - V A R E Z - U R Í A
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 6/145
CÍKcuLO DE B E L L A S A H T E S
PresidenteJUAN MICLU;I, ÍÍEIÍNÁNDKZ LV.ÓN
Director]viAN B A B J A H f s e r v a d d s l o i l o s l o s d i - r c c h o s . No c s t üx - r n i i t i d o r c [ ) n ) ( l u ( i r . ; i l t n a c ( ' t i ; H - ( ' n sis-
c i n a , s (le r e c u p e r a c i t ' m de la i n f o r m a• i o n ni I r a n s m i t i r n i n g u n a | ) a rl c de e s l ai n b l i e a e i ó n . c ' u a l ( { i n e r a que sea el i n í ' i l i o' ni [) l( a (i (i e l e e l r ó n i c o , n i e e á n i c o . t o l o' o p i a , g r a h a e i ó n . t ' l r . - , sin el p e r m i s oi n ' v i e d,. |,,s l i l u l a r ( ' s de los d e r e e h o s d(-
a j i r o p i r d a d n i l e l e e l u a l .
A r c a d , . | ; d j , : i o n y I ' r i .d u
A u d i „ „ , s u a l e s d < d C H A
í ) i s< - r i u fíe c o / r e e i i i r r
E S T U I M O J O A I ^ U Í N (¡Al l a i c o
I m p i e s i i i i i
l ) l N l M | . E > : s , ) m ; s S . I , .
" • ' * ' i l t C C I ,0 IIK H r l . l A S A l IT K . S . 200(1
A l c a l á . 4 ^ . L ; 8 O Í 4 M a d r i d
' l e l é l o n o i j e ( 1 0 5 4 0 0
w w u ' . e i r - e u l o l i e l l a s a r i e s . e o m
(C ) H olii '.K ' l. O s T K l , . ( i u i l . l . r B M O
í í r ^ i i u i a .K s, J A C y ii K S l )o N /. i. :i ,i >a v
l'l '.llNANIKI ÁíVAH].:/, U R Í A , . ^ O O Í
l ' e | i . L e j r a l : M • . 4 4 ü 3 200(1
ISBN,04-864,8 70-4
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 7/145
Pensar y resistirLa sociología crítica después de Foucault
ROBERT GASTEL
GUILLERMO RENDUELES OLMEDO
JACQUES DONZELOT
FERNANDO ALVAREZ-URÍ A
T r a d u c c i o n e s de Marisa Pérez Colina
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 8/145
C R I T I C A S O C I A L
R A D IC A L IS M O O R E F O R M IS M O PO L Í T IC O
Robert G astel
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 9/145
P o d e m o s c o n s i d e r a r a MícheJ Foucault como paradigm a dej
pensam iento cr í t ico radical . Para él pensar es , en efecto,
impugnar globalmente y sin concesiones la organización de la
sociedad. Foucault critica la sociedad no con la intención de
mejorarla, sino para cuestiona r las relaciones de pod er qu e la
estructuran. E n ese sentido, cabría es tablecer una analogía
profunda entre la posición de Michel Foucault y la de Pierre
B o u r d i e u . E s c i e r t o q u e F o u c a u l t y B o u r d i e u c o n s t r u y e r o n
sis tem as de pensam iento m uy diferentes , pero atr ibuyen lam i s m a i m p o r t a n c i a a l a c o m p r e n s i ó n d e l a s r e l a c i o n e s d e
d o m i n i o —lo q u e F o u c a u l t l l a m a « p o d e r » y B o u r d i e u « v i o
lencia s im bólica»- , que son om nipresentes . Para el los pen
sar es resistir, no resignarse a este orden de cosas que refleja
una injusticia inmensa. Por lo tanto, pensar es también que
rer cambiar el orden social de forma radical. Para ellos, la
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 10/145
1 0 R O B E R T C A S T E L
c o n t r a p a r t i d a d e l p e n s a m i e n t o c r i t i c o r a d i c a l s e r i a l a p r á c t i
c a p o l í t i c a r e v o l u c i o n a r i a . S i n e m b a r g o , e s t a c o n c l u s i ó n n o
s e s i g u e n e c e s a r i a m e n t e d e s u s p r e m i s a s . C r e o , d e a c u e r d o
c o n F o u c a u l t y B o u r d i e u , q u e el t r a b a j o i n t e l e c t u a l i m p l i c a
u n a d i m e n s i ó n p r o f u n d a m e n t e c r í t i c a ( p j e c o n s i s t e e n g r a n
m e d i d a e n i n t e n t a r p o n e r al d e s c u b i e r t o la s r e l a c i o n e s d e
p o d e r q u e e s t r u c t u r a n la v i d a s o c i a l , y d e l as q u e a m e n u d o n o
s o m o s c o n s c i e n t e s d e F o rm a e s p o n t á n e a , y q u e , p o r l o t a n t o ,
e l t r a b a j o d e l p e n s a m i e n t o ( U ) n s i s t c e n l a d e n u n c i a d e e s t a sr e l a c i o n e s d e p o d e r y , p o r e n d e , e n l a r e s i s t e n c i a . N o o h s
t a n t e , e s t a i n c o n f o r m i d a d p u e d e l le v a r t a m b i é n a l d ( 's e o d e
m e j o r a r e l o r d e n s o c i a l d el m u n d o , al d e s e o d ( ; r e f o r m a ri o a
f a l t a d e p o d e r c a m b i a r l o d e f o r m a d e f i n i t i v a .
A c o n t i n u a c i ó n m e g u s t a rí a r e c u p e r a r p a r c i a l m e n l e el v ie jo
d e i ) a t e e n t r e r e f o r m a o r t ív o l u c i ó n d o s f o r m a s d e c r í t ic a q u e
a t r a v i e s a n la h i s t o r i a d e l s o c i a l i s m o - p a r a i n t e n t a r a ct ua l i za r
lo c o n s i d e r a n d o l a s o p c i o n e s p o lí t ic a s a c t u a l e s . C o m e n z a r é
p o r l a p o s i c i ó n c r i t i c a m á s r a d i c a l , ta l y c o m o p u e d e s e r i l u s
t r a d a p o r F o u e a u l t o B o u r d i e u . p a ra p a s a r d e s p u é s a e x p l i c a r
l o s m o t i v o s p o r l o s c u a l e s e s ta f o rm a e x t r e m a e s d i f í c i l m e n l e
d e f e n d i b l e e n l a a c t u a l i d a d d e b i d o a s u f al ta d e r e a l i s m o . L oq u e v oy p l a n t e a r , e n t o n c e s , e s o t r a p o s i c i ó n c r it ic a o d e r e s i s
t e n c i a q u e , s i n d u d a , e s p r e c i s o a t r e v e r s e a c a l i f ic a r d e r e f o r
m i s t a . H a y q u e a n a l i z a r l a s p o s i b i l i d a d e s d e c a m b i o s o c i a l
p r o f u n d o d e l m o d e l o d o m i n a n t e a p a r t i r d e l a r e a l i d a d e x i s
t e n t e y n o d e n u e s t r o s a n h e l o s o d e s i t u a c i o n e s p a s a d a s . E s t o y
c o n v e n c i d o d e q u e e s t e d e b a t e e n t r a ñ a u n e n v i t e i m p o r t a n t e
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 11/145
C R I T I C A S O C I A L . R A D I C A L I S M O O R E F O R M I S M O P O L I T IC O 11
en el contexto politico actual j que, por lo tanto, m erece la
pena pararse a analizar es ta cuest ión aunque no es tem os de
acuerdo e incluso aunque estem os en total desacuerdo, por
que es una m anera de som eter a discusión algunas de las
opciones políticas fundamentales que se nos presentan en la
actualidad.
L A POSICIÓN R A I ) K ; A I .
Comenzaré por la posición más radical que ilustraré sirvién
dome simultáneamente de Foucaulty Bourdieu a fin de dejar
claro que se trata de una postura relativamente general, más
allá de la especificidad de cada uno de estos autores. He esco
gido a Foucaulty a Bourdieu porque he tenido el privilegio de
conocerlos bien, lo que quizá me haya perm itido co m pre nd er
cier tas cosas , incluidos algunos puntos de desacuerdo. E n
todo caso, he de com enzar expresando m i adm iración por
ambos en lo relativo a la potencia de su pensamiento critico y
a su carácter profundamente subversivo. No es éste el lugar
adecuado para exam inar detal ladam ente sus anális is , pero
recuerdo, por ejemplo, el impacto de la Historia de la locura ode Kigiíarj castigar en la psiquiatría y ene) sistema penal.
F oucault intentó denodadam ente ir m ás al lá de las aparien
cias y de las racionalizaciones de las relaciones de do m in a
ción. N o estaba realm ente interesado en una reform a del
s i s t e m a p s i q u i á t r i c o o d e l s i s t e m a p e n i t e n c i a r i o , s i n o q u e
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 12/145
1 2 R O B E R T C A S T E L
veía detrás de las transformaciones modernas de estas insti
tuciones nuevas m anifestaciones de unas relaciones es truc
turales de poder que se m ante nían esencialm ente intactas .
Bourdíeu fue desarroJlando su pensamiento de forma cada vez
más sistemática hasta abarcar prácticamente todos los secto
res de la experiencia social en su afán p or po ne r de man ifiesto
las relaciones de dominación. En este proceso sus posiciones
políticas se fueron haciendo cada vez más radicales, hasta elpu nto de que al final de su vida se conv irtió en la figura em bl e
mática de una ultraizquierda que rechazaba cualquier conce
sión al sistema . E Q esta última etapa, ponía al mismo nivel a la
derecha conservadora y a gobierno socialista francés, e inclu
so cabría pregu ntarse si no era más d uro co n esa izquierda, a la
que reprochaba una especie de traición o, en todo caso, de
r e n u n c i a a las exigencias déla lucha política.
E sta relación en tre extrem a radicalidad teórica y extrem a
radicalidad política plantea problemas conceptuales y prácti
cos de gran calado. A mi juicio, es importante preguntarse si
de la critica radical del mundo se sigue automáticamente la
necesidad de cam biarlo por com pleto m ediante un procesorevolucionario. Esto no es evidente, e incluso cab ria defender
la postura contraria: si es cierto, de acuerdo con Foucault, que
el po de r está en todas par tes o que , como decía B ourdíeu, el
dom inio de la violencia s im bólica im pregna cada vez m ás
todos los ám bitos de la experiencia social, ¿en qué pod ríam os
apoyarnos para cam biar fundam entalm ente el m u ndo?
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 13/145
C R ÍT I C A S O C IA L . R A D IC A L I S M O O R E F O R M I S M O P O L ÍT IC O 1 3
La com paración con Marx, otro pensador de la radicalidad,
p u e d e r e s u l t a r e s c l a r e c e d o r a . T a m b i é n M a r x p r o p u s o u n a
critica feroz de la sociedad capitalista y, en sus famosas Tesis
sobre Feuerhach, sosttivo que no basta con pe ns ar el mu nd o de
lorma critica, sino que es necesario transform arlo. M arx d is-
| ) o n í a d e u n a p o d e r o s a h e r r a m i e n t a p a r a d e f e n d e r s u p o s i
ción: la existencia de un proletariado que no tenia nada que
perder salvo sus cadenas. Quizá Marx se equivocara un poco,
pero esto no es relevante para la cuestión que nos ocupa.T ampoco se equivocó tan to, ade m ás, ya que casi la mitad del
planeta fue revolucionad a co n arreglo a esta lógica. A la critica
radical del filósofo Karl Marx se asociaba la subversión radi
cal de las relaciones sociales m ediante las revoluciones de
t i p o b o l c h e v i q u e . ¿ D ó n d e e s t á h o y e s e e l e m e n t o m e d i a d o r
en tre un a cr i t ica radical y una subv ersión social radical?
¿ Q u i é n e s p o d r í a n d e s e m p e ñ a r el p a p e l t r a n s f o r m a d o r d el
proletariado del siglo xix? ¿En qué puede apoyarse en nues
tros dias una revolución radical?
Es preciso ser lo más claro posible, aun a riesgo de que esto
nos lleve a constataciones que no sean de nu estro agrado . Me
parece obvio que de la critica teórica no se puede deducird i r e c t a m e n t e u n a t r a n s f o r m a c i ó n p o l i t i c a p r á c t i c a ; p a r a
transformar el mundo debe haber fuerzas sociales que reco
jan la critica. Hoy existen corr iente s que se opo ne n a la heg e-
m onia de las relaciones de dom inación com o, por ejem plo,
los mo vimien tos alterglobalización o distintos pa rtidos o s in
dicatos contestatarios. Hay, por lo tanto, fuerzas sociales pre-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 14/145
1 4 R O B E R T C A S T E L
paradas para la resistencia, pero es más que improbable que
esas fuerzas tenga n la fuerza, valga a red un da nc ia, suficien te
para abolir por com pleto las relaciones de dom inación. E s
necesario preguntarse si existen otras formas de resistencia
m á s l i m i t a d a s , p u n t u a l e s y r e f o r m i s t a s , m e n o s h e r o i c a s y
radicales , que puedan conectar con el pensam iento cr í t ico.
No lo planteo como un rep roch e a Foueault o a B ourdieu po r
que pienso que .su radicalidad es un elemento crucial de suaportac ión a la co m pre nsió n de las relacio nes de do m inio
instaladas en los pliegues de la existencia social. Pero si la
subversión radical de la sociedad es imposible, podernos
intentar traducir ese potencial crítico en términos de refor
ma. De hecho,yo deliniria el reformismo como el compromi
so entre un pensamiento crítico con respecto al orden social y
la necesidad de aceptar ciertas eonstriceiones de este orden.
Se trata, por consiguiente, de resi.stir para mejorar el orden
de cosas existente a falta de poder cambiarlo de forma radical.
l l'ÜSICIÓÍN Kl-l'OKMISrA
A hora trataré de explicilar un poco en qué pod ría con sis t ir
un refo rm ism o de este tipo e n la actual idad. E stoy convencí -
do de que un reformismo decidido (cuyas características tra
taré de cxplicitar más adelante) representa hoy una postura
política maximalista de resistencia frente a las relaciones de
dom inación. Pero, antes de nada, es indispensable recordar
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 15/145
C R Í T IC A S O C IA L . R A D IC A L I S M O O R E F O R M I S M O P O L ÍT IC O 1 5
11 lio, históricamente, el ref 'ormismo es una variante decimo
nónica del social ism o revolucionario, un social ism o que se
| i retende razonable o m oderado, que se opone a la lucha de
clasesy que no propugna la completa eliminación del merca
do ni que los t rabajadores obtengan, m ediante la dictadura
del proletar iado, un dom inio absoluto. D e hecho, es to es lo
( |ue su hermano y enemigo, el socialismo revolucionario, le
l e p r o c h a h a s t a e l p u n t o d e a c u s a r l e a m e n u d o d e t r a i c i ó n .
Sin embargo, el reformismo no acepta el mercado ni las relaciones de dominación tal y como son. Se basa en una crítica
del capital ismo y de la heg em on ía del m ercad o, al qu e qu ier e
I inponer unos l ím ite sy unas contrapart idas que beneficien a
los trabajadores.
l ' . l reformismo quiere con,sti-uir un compromiso social, es
decir, un equilibrio -más o menos cojo, más o menos inesta
ble, com o todos los co m pro m isos - entre, por una parte, cier-
los intereses del mercado, ciertas exigencias necesarias para
[iroducir riqueza de forma eficazy, por otra parte, los intere
ses de aquellos que contribuyen a producir estas riquezas, es
decir, los trabajadoríís, dando a estos últimos com pen sacio nes
iTi términos de seguridad y protección. El trabajo no debe seruna mereaneia pura, como lo es desde una lógica estrictamen
te capitalista, sino que debe estar vinculado a ciertos derechos.
l „sto supon e, frente a los princ ipios del l iberalismo, una p re
sencia fuerte del Estado social, la única institución que puede
garantizarlas regulaciones jurídicas necesarias para d om esti
car el merca do e imp edi r que actúe a su antojo en su b úsq ue da
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 16/145
1 6 R O B E R T C A S T E L
i l im itada del beneficio. E l m ercado debe quedar enm arcado
por unas regulaciones no m ercanti les que son, de hecho, lo
q u e d e n o m i n a m o s lo social, es decir , un conjunto coherente
de contrapartidas frente a la hegem onía del me rcado, que tie
nen fuerza de ley y están garantizadas por el Estado.
A hora bien , ésta es la opción que bajo distintas formas y a tr a
vés de un largo proceso que ha durado al menos un siglo ha
term inado por t r iunfar en los pr incipales países de E uropaoccidental (algo más tarde en España y Portugal, debido a las
respectivas dictaduras de Franco y Salazar). En la mayor parte
de estos países no se produjo ninguna revolución, pese a que
muchos la creyeron inminente en ciertos momentos y su cau
sa gozó de a mp lias sim pa tías. No ob.stante, se llevaron a cabo
reformas profundasy, en particular, se produjo una transfor
mación sustancial de las condiciones de los trabajadores que
podem os i lustrar a través de una rápida com paración en tre el
estado de la condición proletaria a comienzos del siglo xix y
de la condición asalariada hacia la década de 1970. Huelga
extenderse sobre las descripciones del paupcr 'ismo del siglo
XIX, una situación ve rd ad er am en te esp anto sa en la que las
masas obreras no sólo se hallaban en la miseria sino tambiénsum ida s en la desmo ralizac ión y el de spre cio y vivían en un
estado de inseguridad social perm anente, al l ím ite de la
supervivencia. U n s iglo m ás tarde, los t rabajadores habían
c o n q u i s t a d o u n a c o n d i c i ó n e s t a b l e , a s e n t a d a s o b r e u n o s
derechos que aseguraban a los asalar iados las condiciones
básicas de la independencia social. Se alcanzó una ciudadanía
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 17/145
C R ÍT IC A S O C I A L . R A D I C A L I S M O O R E F O R M IS M O P O L ÍT IC O 1 7
social que vino a completar la ciudadanía política adquirida
durante el periodo revolucionario. G racias a es tos derechos
sociales, los trabajadores, que hasta el momento habían sido
c i u d a d a n o s d e s e g u n d a , p a s a r o n a s e r m i e m b r o s d e p l e n o
derecho de la sociedad moderna.
Si he desarrollado esta breve y, de hecho, nada original revi
sión histórica es con la intención de corregir una imagen muy
extendida del reformismo que a mi juicio no hace justicia a suI mporta ncia nial. El rel'ormism o ha sido d esprec iado y comba -
I ido p o r la extrema izquierda como encarnación de la renuncia
a la revolución ente ndid a como resistencia heroica y radical al
capitalismo. Los partidos marxistas se esforzaron por presen
tarla opción reformista de los partidos socialdemócratas com o
equivalente a las posiciones de la derecha: eran los «social-
traidorcs» vendidos al capital ism o. E ste confl icto ha tenido
consecuencias políticas gi'aves. Por ejemplo, en el momento en
el que Hitler se instaló en el po der en A lemania, los com un is
tas y los socialdemócratas invirtieron mucha más energía en
despedazarse entre si que en combatir al fascismo.
E n m i opinión, es ta im agen del reform ism o com o encarnación de la traición de clase basada en sus carencias con res
pecto al ideal revolucion ario no es justa. A unq ue es cierto q ue
el reformismo no es la revolución —en la medida en que no
renu ncia a la pro pie dad priv ada y rechaza la colectivización de
los medios de producción permanece en el marco del capita
lismo—, no lo es menos que ha inventado una forma de pro-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 18/145
1 8 R O B E R T C A S T E L
piedad social que, en el fondo, ha procurado un equivalente
d e la p r o p i e d a d a l o s n o p r o p i e t a r i o s : u n o s d e r e c h o s , u n a s
protecciones frente a los riesgos sociales.
Es preciso recordar que, antes, la protección frente a las vici
situdes de la existencia social—la enfe rm ed ad, los acc iden tes,
la pobreza de solem nid ad , la veje/.— dep end ía en ter am en te de
la propiedad privada. Por ejemplo, el drama social del obrero
anciano que nopodia seguir I raba jando y term inab a mu riendo en el hospicio ha sido superado por el derecho a la jubila
ción. Es cierto que la jubilación no proporciona la opulencia,
pero al menos ofrece unas condiciones mínimas para la inde-
pendencjy social. Y lo mismo cabría decir de otros derechos
sociales que consti tuyen lo que he propuesto denom inar la
«propiedad social», una .suerte de homólogo de la propiedad
privada que garantiza la seguridad social, en el s(mtido fuerte
del tér m ino , a los no prop ietarios.
El reformismo, esa relativa aceptación del capitalismo, pese a
su carácter no revolucionario c incluso a su posible papel en
la obstaculización de las experiencias revolucionarias —en la
medida en que ha fomentado la estabilización de una claseobrei'a que ahora tiene mucho más que perder que esas c a d e
nas de las que hablaba M ar x - ha gime rado, sin em bar go, un
cambio cualitativo en la condición de los trabajadores. No se
trata de m ejoras m arginales . E s cier to que la subordinación
de la relación salarial continúa, que el asalariado sigue traba
jando para otros, e incluso q ue a m enu do se le explota. Pero el
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 19/145
C R Í T IC A S O C IA L . R A D IC A L I S M O O R E F O R M I S M O P O L IT IC O 1 9
asalar iado tam bién trabaja para él , porque una parte de su
salario, lo que se deaomina salario indirecto, se le devuelve
mediante la Financiación de sus protecciones.
Kl t rabajo ha s ido, al m en os en par te, de sm erc an ti l iza do .
Todavía nos movemos en el marco del capitalismo, pero ya no
se trata del capitalismo salvaje ni de la hegemonía total del
mercado. El ret'ormismo es una forma de resistencia al capi-
lalismo que se apoya en partidos de izquierda y sindicatos(]ue, mal que le pese a la fraseología revolucionaria, han con
tribuido de l'orma decisiva a la construcción de las pro tec cio
nes socíiales. Este Teformism(5 se fundamenta en la crítica del
capitalismo, en la denu ncia de la explotación de las re lacion es
hegem ónicas de dom inación y de pode r. E n consecuencia, no
me parece incompatible con un régimen de pensamiento crí
tico como el que he comenzado ilustrando a través de Michel
Foucaulty Pierre Bourdieu.
No es mi intención calil ' icara Foucaultya Bourdieu de refor
m i s t a s . A m b o s h a b r í a n r e c h a za d o e n é r g i c a m e n t e e s t a e t i
queta y, de he ch o, B ourdieu se opuso de forma e xplícita al
reformísm o al final de su vida. No se trata de reu bíc ar la po stura exacta de F oucault y de B ourd ieu con re spe cto a esta
cuestión, s ino de pen sar la relación entre pen sam iento cr í t i
co y resiste nc ia social y dis cu tir la tesis plan tea da , esto es , cpie
el pensamiento critico puede llevar no sólo a una, sino a dos
formas de resistencia social: a una resistencia revolucionaría
y a una resistencia reformista.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 20/145
2 0 R O B E R T C A S T E L
He sugerido que ambas formas de lucha han coexistido en a
his toria del m ovim iento o brero y el pen sam ien to social de s
de el siglo XIX, pero es necesario ir más allá y pregiintarse
q u é r e l a c i ó n m a n t i e n e n h o y . E n e s t e s e n t i d o , h a y q u e d a r
cuenta de dos nuevos factores . E n pr im er higar , cabe m en
cionar el descrédito relativo de la opción revolucionaria. Me
parece irrefutable que la po.sibilidad de la revolución se ha
d i f u m i n a d o p r o g r e s i v a m e n t e d e s d e l a d é c a d a d e 1 9 6 0 . N o
digo que haya desaparecido por completo, ni que sea imposible que resurja un dia más o menos lejano. Pero si me atre
vo a afirmar con toda franqueza que en la actualidad no es
posible fundam entar una práctica polí t ica sobre la idea de
que la revolución va a tener lugar en un plazo de tiempo pre
vis ible, habida cuenta de que, com o ya he m encionado, no
hay una fuerza social global que pueda sostenerla, como
p u d o s e r . o s e p e n s ó q u e p o d i a h a b e r s i d o , e l p r o l e t a r i a d o
del siglo XIX. F's cierto que boy existen fuerzas (-ontestatarias
que un dia pueden llegar a cuajai ' en un movimiento más
am plio, es im portante tenerlo en cuenta. Pero, para bien o
para m al, en es te m om ento la revolución pertenece m ás al
mundo de las esperanzas que al de los proyectos políticos. En
otras palabras, la actitud de una ullraizquierda revolucionar i a ( r e p r e s e n t a d a e n F r a n c i a p o r d e t e r m i n a d a s c o r r i e n t e s
de] íT otskism o) no me parece una posición poli t ica propia
mente dicha, en el sentido de que no ofrece un programa con
objetivos políticos realizables en la coyuntura actual de los
países de Europa occidental.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 21/145
C R Í T IC A S O C IA L . R A D IC A L I S M O O R E F O R M I S M O P O L ÍT IC O 2 1
E xis te un segundo elem ento, de reciente aparición en nues
tra historia, que es más curioso y m eno s reconocido y que, sin
em bargo, m e parece extrem adam ente im portante; el de sarro
llo de un rel 'ormismo de derechas en Franciay creo que tam
b i é n , a l m e n o s d u r a n t e e l g o b i e r n o A z n a r, e n E s p a ñ a . D e
hecho, en F rancia la m ayoría actual t iene continuam ente la
palabra reforma en la boca: reforma del sistema de jubila
ción, de la seguridad social, del sistema sanita rio, del d erec ho
al ti 'abajo.. . Hay una verdadera política reformista concertada que, se manificí.sta de form a sist em áti ca y cuyas hu ell as
encontramos cada día en la prensa. Se trata de un fenómeno
soj'pj'endente - y éste es sin duda el motivo por el que aún no
ha sido .suficientemente señalado—y que a mí juicio resulta
más fácil de comprender cuando constatamos que, en el fon
d o , al rel 'ormismo de izquierdas le ha dado bastante buenos
residtados la con.strucción de todo este sistema de garantias
sociales, de esta propiedad social, con un papel central del
E stado social o el E s tado del bienestar que culm ina hacia
mediados de la década de 1970.
A part ir de esa fecha se observa una especie de inversión,
cada vez más acusada, de esa tendencia. Desde una perspectiva liberal se denuncia el coste excesivo de las conquistas
sociales, que estaría acarreando unos impuestos obligatorios
c o n t r a p r o d u c e n t e s p a r a l a b u e n a m a r c h a d e l a e c o n o m í a , e
incluso, y es to es aún m ás grave, com ienza a im ponerse la
idea de que sería preciso revisar las regulaciones impuestas
por el E s tado a los contratos jur ídicos que obstaculizan el
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 22/145
2 2 R O B E R T C A S T E L
l ibre desarrollo del m ercado y de que el papel central de
regulador debería pasar del Estado y el derecho a la empresa
y el mercado. Esto se hace evidente en Francia en la década de
1 9 8 0 , c u a n d o l a s r e g u l a c i o n e s e s t a t a l e s c o m i e n z a n a p e r c i
birse com o obstáculos al l ibre desarrollo de una dinám ica
económ ica abocada a m overse en un m arco cada vez m ás
mundializado a la búsqueda de la máxima eompetitividad. El
Estado ya no es la instancia que debe mover el t imón de la
econom ia; ahora es ta responsabil idad recae m ás bien sobrela empresa que, convertida en la única fuente de creación de
riqueza social, debe imponer sus exigencias de rentabilidad.
Las reform as sociales dom esticaban en alguna m edida el
m ercado y hum anizaban los electos del desarrollo eco nóm i
co. En cambio, el objetivo del actual relormismo de derechas
es l iberar el m ercado, un proyecto que va abriéndose paso
m ediante diversas peripecias , tan sólo obstaculizado por
algunas res is tencias , m ás bien t ím idas, por parte de los
gobiernos social is tas . E n F rancia se es ta desarrollando una
gran ofensiva de un relormismo de derechas cuya punta de
lanza es el ME,DEF, el sindicato de la patronal. De hecho, la
principal consigna del M E DE F es muy significativa-. «A ba ndonar el dereehopara volver al contrato», es decir , pasar de
los im perativos jur ídicos a las convenciones negociadas lo
m a , s d i r e c t a m e n t e p o s i b l e m e d i a n t e i n t e r a c c i o n e s c o n l o s
agentes sociales en el seno de las empresas.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 23/145
CRÍ T I CA S O CI A L RA DI CA L I S MO O RE FO RMIS MO P O L ÍT I CO 2 3
P O R UN R K Í -O R M IS M O D E IZ Q U IE R D A S
E stas ofensivas cogieron a contrapié al pensam iento de
izquierdas. No todo el m undo está obligado al oa r las virtudes
de la em presay los vicios del E s tado, pero cualquiera puede
com prender que es im posible conservar intactas algunas de
las estmc turas del E stado social que apa recieron en el perio do
de desarrollo del capitalismo industrial. L a mu tación actual del
capital ismo —la movilidad y la indIvidualización de las tareasen el trabajo y de las trayec torias profesionales— se adecúa m al
a las formas colectivas de organización sobre las que reposa
ban las regulaciones del derecho al trabajo y de la protección
social. D icho de otro m odo , hay que reform ar el dere cho social
y el derecho al trabajo para hacer frente al desafío de dar segu
ridad al creciente n úm ero de situaciones nuevas que no están
ya cubier tas por los s is tem as clásicos de prote cción . A hora
bien, ¿qué es lo que dis t ingue el reform ism o de izquierdas
de un reformismo de derechas? En mi opinión, el criterio de
dem arcación es el papel político que se otorgue al dere cho y al
E stado en tanto que instituciones que garantizan las cond icio
ne s nece sarias pa ra el ejercicio de una ciudad anía social.
El reformismo de derechas desmantela los derechos sociales
a la vez que refuerza las prerrogativas de u n E stado ge nd arm e
cuya única estrategia para restablecer la seguridad se basa en
la represión de la delincuencia. Sin embargo, hoy los funda
m entos de la dem ocracia quedan debil i tados sobre todo por
una serie de reformas que incrementan la inseguridad social
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 24/145
2 4 R O B E R T C A S T E L
hacie ndo que un n úm ero cada vez mayor de individuos vea su
futuro amen azado p or la precaried ad y, en casos extrem os, la
ruina. C i to tan solo una m edida de es te t ipo que m e parece
especialmente escandalosa: la reforma del subsidio de desem
pleo que entró en vigor en F rancia el i de enero del -¿004, y
q u e c o l o c a p r e m a t u r a m e n t e a 1 8 0 . 0 0 0 p a r a d o s e n l a s i t u a
ción que se ha denominado «punto final de los derechos». El
sentido politico de una reforma como ésta, aunque se realice
con el visto bueno de algunos sindicatos, resulta inequívoco.Las reform as de inspiración l iberal sust i tuyen los s is tem as
generales de cobertura de los riesgos por prestaciones direc
tamente dirigidas a sectores cuya falta de recursos deja en una
posición de dependencia.
Por el contrario, el objetivo de un verdadero reformismo de
izquierdas debería ser asegurar, más allá de la mera supervi
vencia, lo que se podría denom inar una «seguridad social
m inim a garantizada», entendida en el m ism o sentido en el
que se habla de un salario mínimo garantizado, es decir, el
derech o a ser curado cuando se está enferm o, el derec ho a un
hogar en el que protegerse, el derecho a prestaciones en caso
del cese dé la actividad laboral, derech o a la educ ación y a un af o r m a c i ó n p e r m a n e n t e . . . E s t a s m e d i d a s c o n s t i t u y e n u n a
condición ineludible para form ar parte de pleno derecho de
una sociedad que se pretende desarrollada. U na sociedad
únicamente puede ser democrática si sus miembros gozan no
sólo de una ciudadanía política sino tam bién de una ciudada -
nia social basada e n una serie de derec hos fund am entales.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 25/145
C R Í T IC A S O C IA L . R A D IC A L IS M O O R E F O R M I S M O PO H T IC O 2 5
E l relorm ism o de izquierdas se enfrenta a un e norm e re to. E l
relo rm ism o de de recha s se apoya - d e ahí su popularidad— en
dinám icas económ icas y tecnológicas que ponen en tela de
juicio las protecciones adquir idas: m ovil idad, f lexibil idad,
m utaciones en la producción. . . E l reform ism o de izquierdas
en la actualidad no pasa por la negación de estas exigencias,
sino por su integración en un contexto de derechos que com
batan sus efectos destiTictores de la cohesión social. Es nece
sario compatibilizar el nuevo escenario económico que se haimpuesto en la fase actual del capitalismo con el derecho a la
protección de todos aquellos que, al igual que las empresas,
son agentes de la producción de las riquezas. Se precisa, por
tanto, un tipo de pacto social cuya base ya no pueden ser las
formas de organización del trabajo que apoyan los sindicatos
y partido s políticos repres enta ntes de los intereses de catego
rías sociales hom og éne as. Ésla es la razón p or la que la ela bo
r a c i ó n d e e s t e n u e v o c o m p r o m i s o s o c i a l p a s a t a m b i é n p o r
una renovación de la imaginación sociológica y de la v oluntad
p o l í ti c a . C o n c r e t a m e n t e , e s p r e c i s o p r o b a r q u e el c a r á c t e r
íncondi( ujnal de un derecho no se confunde con la uniformi
dad de su puesta e n práctica, y que las regulaciones jurídica s
y l a s i n t e r v e n c i o n e s d e l E s t a d o s o c i a l t a m b i é n s e p u e d e nhacer flexibles en un mundo marcado por la movilidad y por
la individualización.
En último término se trata de hacer operativo un modelo de
sociedad moderna y solidaría en la que nadie quedaría excluí-
d o , pues todo el m undo dispondría de los recursos necesa-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 26/145
2 6 R O B E R T C A S T E L
rios para ser, si no igual, al menos semejante a los demás. La
opción del relorm ism o de derechas, en cam bio, desem boca
en una form ación social dividida entre los ganadores y los
p e r d e d o r e s d e l a s t r a n s f o r m a c i o n e s s o c i a l e s e n c u r s o . E n
cuanto a los partidarios ultraizquierdistas de) antirrel 'ormis-
m o , se les puede responder que el m ercado es una real idad
que no pide nuestra autorización para existir, y que su conde
n a m o r a l r e s u l t a r l a m á s c o n v i n c e n t e s i d e s e m b o c a s e e n u n
program a polí t ico verosím d. Hoy en día, el relorm ism o deizquierdas audaz representa la posición maximalista de una
izquierda creíble, decidida a poner en m archa un proyecto
político que desarrolle las protecciones sociales. Un progra
ma de esta naturaleza contiene el germen de utopía necesario
para mantener la esperanza de contribuir a mejorar el curso
del m undo.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 27/145
COLOQUIO
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 28/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 29/145
PÚBLICO: En esta tensión que ha plantead o entre critica política j
reformism.o político, ¿qué momentos o qué obras de Pierre Bour
dieu le parecen más interesantes o más prácticas para pensar una
nueva, teoría y una, nueva praxis política en el siglo xxi?
RoBEBT C A S T E L : L a s j d c a s p o l í t i c a s d e B o u r d i e u c a m b i a r o n
profundamente a lo largo de su vida, se fueron haciendo cada
vez m ás radicales . Por ejem plo, en el periodo de m ayo de
1968, época en la que llegué a conocerlo muy bien, B ourdieue ra r e f o r m i s t a , e i n c l u s o u n r e f o r m i s t a b a s t a n t e m o d e r a d o
que detestaba como la peste a los izquierdistas, a los maoístas
de entonces, a los que reprochaba su ethos de clase, su incom
prensión de la clase obrera, etc. El hecho de que al final de su
vida Bourdieu se er igiera en una f igura em blem ática de la
extrema izquierda se debe a una evolución que, ami juicio, no
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 30/145
3 0 R O B E R T C A S T E L
está correlacionada con el desarrollo de su pensamiento teó
rico, y que consistió en una profundización en el análisis de
las relaciones de dom inación : comenzó por la educación para
pasar luego al ámbito artístico. Fue anexionando -j no lo digo
en sentido peyorativo, ya que Bourdieu ha sido un gran pen
sador— casi todo s los sectore s de la vida social, para m os tra r
esa suerte de om nipresencia latente de las relaciones de
dominación, de la violencia simbólica.
En mi opinión, no hay ningún libro de Bourdieu que sea pre
ciso leer en particular, lo más recomendable es leer toda su
obra. E n todo caso, sus enseñanzas pueden l levarnos a una
doble conclusión. La prim era con sistn ía en d ecir—perdonen
la familiaridad de la expresión— «¡mierda, si las relaciones
de dominación están en todas partes, no nos queda otra que
resignarnos ». Esta seria una conclusión posible, pero no es
la lectura de Bourdieu, que nunca dejó de rebelarse ni se con
formó con el orden de cosas existente. No obstante, Bourdieu
no l legó a plantear , quizá porque es im posible hacerlo, la
r e l a c i ó n e n t r e p e n s a m i e n l o r a d i c a l y c a m b i o r a d i c a l . A m i
juicio, posiciones teóricas como la de Bourdieu o la de Fou-
cault no nos l levan necesariam ente a un t ipo de respuesta.Podemos estar insatisfechos con estas relaciones de domina
ción, podemos querer cambiarlas, pero esto pertenece más al
orden de la voluntad que al de la teoría. El análisis teórico
puede llevar tan to a esa rebe ldía que an im o la vida de B our
dieu com o a un fatal ism o del t ipo «bueno, el m undo es tan
com plicado que poco podem os hacer».
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 31/145
31
P: En prmer lugar y pese a estarde acuerdo con la tesis básica de
que no existe ninguna alternativa revolucionaria con viabilidad
política, me parece central dejar constancia de una importante
fragilidad del reformismo. M e refiero al m odo en que se limita a
aplicar tratamien tos paliativos insuficientes a muchos de los
efectos derivados del imponente progreso del capitalismo neolibe
ral. Por otro lado, usted ha hecho referencia a los cambios que
sería necesario realizar en el mundo del trabajo a fin de propiciar
un clima de relación social que permita afrontar el problema dela alienación. En este .ienlido. los ciudadanos tenem os un cierto
sentimiento de orfandad, carecemos de herramientas para
afrontar estas nuevas dimensiones de la alienación más allá de
una gestión política m ás o m enos honrada, eficaz o paliativa. Lo
que pido es una sugerencia relativa a lo que se ha denom inado
la ruptura, del lazo social —lo que usted ha definido en algún
mom,ento como «individualismo negativo»—, sobre cómo abor
dar estos problemas de fragmentación de los lazos sociales. Ade
más, me gistaría, saber hasta qué punto considera importante la
relación del ciudadano con las nuevas formas de los medios de
comun icación social.
R C : Esloy de acuerdo en que el reformism o no es la pa na cea yque es preciso discutir es ta noción de una form a exigente
desd e el punto d e vista teóric o. E n mi exposición no fie hecfio
m ás que un prim er esbozo dirigido a dis t inguir un reform is
m o de derechas de un reform ism o de izquierdas . Pero ser ia
nec esario p rofundiza r en el análisis y calificar de forma m ás
precisa el significado del reformismo de izquierdas. De for-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 32/145
3 2 R O B E R T C A S T E L
ma provisional, yo tiendo a insi stir en la noci on de dere ch os
fuertes , de protecciones que no pertenecen al orden de la
asistencia a las perso nas que se enc uen tran en situación deli
cada —aunque esa ayuda también sea imprescindible—, sino
que afectan al conjunto de los ciudad anos. ¿Q ué vinculo p ue
de existir entre los miembros de estas sociedades de indivi
duos que son las sociedades m odernas? S ería necesario que
com part iera n un m ínim o de recursos y de derech os capaces
d e g e n e r a r e n t r e e l l o s r e l a c i o n e s d e i n t e r d e p e n d e n c i a , d em odo que no hubiera excluidos de la sociedad y se pudiera
constituir, por retomar el término de un pensador de la Tcr
cera República francesa, una sociedad de sem ejantes . U na
sociedad de semejantes no es una sociedad de iguales, ya que
las condicione s sociales no son estrictam ente iguales e inte r
cambiables, sino una sociedad en la que cada uno di,spone de
un m ínim o de recursos y de dere cho s que lo hacen sem ejante
a los demás. Semejante significa que no pertenecemos a pla
netas distintos, que hay intercambio; no se trata de una reci
procidad total, porque no vivimos en una sociedad ideal, pero
sí en una en laque nadie pueda estar dominado deforma uni
lateral. Y es to depende, en gran m edida, de la m ediación de
los derecho s y de las prote ccion es.
P: No entiendo bien el concepto del reformismo de derechas. Usted
lo aplica a la política de los partidos de derechas como el que
gobierna ahora en Francia pero, en mi op inión, esto no es refor-
mismo sino contrarreforma . Yen lo relativo a l reformismo radical
como práctica, política por la que usted aboga, me gustaría que
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 33/145
33
especificara, por un lado, en qué se diferencia del reformismo de
los TreintaAños Gloriosos 6945'~'975), es decir, del reformismo
ligado a los derechos en la esfera del trabajo y ala ciudadanía
social y, por otro, en qué medida le parece que este reformismo
pueda ser válido en las sociedades actuales.
R C : En lo que respecta al primer punto, es sólo una cuestión
term inológica. S i al leer en la prensa noticias relacionadas
con la reforma del derecho del trabajo, la reforma de la seguridad social, la reforma de los seguros de enfermedad o la
reform a del régim en de la U nedic, us ted pref iere hablar de
contrarreforma, yo no veo ningún inconveniente. La cuestión
es que se trata de un asunto importante, además de relativa
mente nuevo: la derecha comenzó a adoptar estrategias refor
mistas hace unos veinte años. E,sto enlaza con su segunda
pregunta: es cierto que haria falta redefinir una política de
protección adaptada a la transformación del capitalismo que
estamos viviendo, que ha mina do las protecc iones y los de re
chos anteriore s fundados en la existencia de grandes colecti
vos. Parece necesario un nuevo compromiso social entre las
exigencias de un mercado cuya importancia social no deja de
crecer —realidad que no podemos ignorar ni hacer desaparecer a golpe d e va rita mágica— y las exig encias de s eg urid ad y
protección de quienes también hacen que el mercado funcio
n e, es decir, los trabaja dore s. E sto resulta hoy m ás difícil po r
que el merca do actual es m ás mó vil. A sí que la cu est ión es:
¿cómo asociar nuevos derechos a situaciones más individua
lizadas y volátiles? Hasta aho ra, el derech o lab oral y las pr o -
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 34/145
3 4 R O B E R T C A S T E L
t e c c i o n e s s o c i a l e s h a n e s t a d o e n g r a n m e d i d a l i g a d a s a l
e m p l e o e s t a b l e . S e s i e n t a o n o n o s t a l g i a d e l o s t i e m p o s p a s a
d o s , l a r e a l i d a d a c t u a l e s m u y d i s t i n t a : s e h a g e n e r a l i z a d o e l
e m p l e o fra gm e nta rio , e l t r a b a j a d o r a l t e r n a t i e m p o s d e t r a b a
j o y d e p a r o , p a s a d e u n e m p l e o a o t r o , , . ¿ E s p o s i b l e q u e e s t e
t r a b a j a d o r m ó v i l a d q u i e r a e l e s t a t u s d e l e m p l e o e s t a b l e , c o n
s e g u i r q u e c o n s e r v e s u s d e r e c h o s i n c l u s o e n l o s t i e m p o s
i n t e r m i t e n t e s e n t r e d o s e m p l e o s ? ¿ T r a n s f e r i r , e n d e f i n it i v a ,
l o s d e r e c h o s l i g a d o s a l e s t a t u s d e l e m p l e o a l a p e r s o n a d e l t r ab a j a d o r ? U s ta p r o p u e s t a , a m i j u i c i o m u y s( ;d u c t< ) r a, n o (;s
m í a , s i n o d e u n j u r i s t a d e l t r a b a j o c u y o n o m b r e e s A l a in
S u p i o t . E s e v i d e n t e q u e , p o r d e s g r a c i a , s e t r a t a d e a l g o m á s
f á c i l d e d e c i r q u e d e h a c e r , p o r q u e e s t a b l e c e r e s t o s n u e v o s
derechos, pensar cómo se van a ¿tdrninistrar y a financiar.
s u s c i t a u n m o n t ó n d e p r o b l e m a s . N o o b s t a n t e , é s t e e s e l t i p o
d e o b j e t i v o s q u e e s p r e c i s o p r o p o n e r s e s i c i - e e m o s e n l a n e c ( ;
s i d a d d e u n a a m p l i a c i ó n d e d e r e c h o s . S e t r a t a d e e l a b o r a r
n u e v o s d e r e c h o s t e n i e n d o e n c u e n t a d e t e r m i n a d a s t r a n s f o r
m a c i o n e s i r r e v e r s i b l e s . E n v e / d e r e c o r t a r , d e s h a c e r y , e n
ú l t i m o e x t r e m o , e l i m i n a r l o s d e r e c h o s e x i s t e n t e s - q u e e s l o
q u e p r e t e n d e el r e l ' o r m i s m o d e d e r e c h a s - , ha y q u e i n t e n t a r
d e s a r r o l l a r l o s m a n t e n i e n d o s u f u e r z a e n e s t a s n u e v a s s i t u a c i o n e s d e m ó v i l i d a d . E s t o p o d r ía s e r p a r t e d e u n p r o g r a m a d e
r e l ' o r m i s m o d e i z q u i e r d a s . U n p r o g r a m a q u e a ú n n o e s t á , l o
r e c o n o z c o , m á s q u e f r á g i l m e n t e e s b o z a d o , l o c u a l n o i m p i d e
i n t e n t a r p e n s a r l o , e l a b o r a r l o y d e s a r r o l l a r l o .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 35/145
V I E J O S Y N UE V O S L O C O S
¿ R E N E G A R D E F O U C A U L T ?
G u i l l e r m o R e n d u e l e s O l m e d o
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 36/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 37/145
L A I Z Q I J I H R D A P S I Q U I Á T R I C A
A fína les de los años sesenta del siglo xx, tan to los eslóga nes
políticos relacionados con la reformia psiquiátrica como los
escritos teóricos que se oponian al encierro de la locura y al
secuestro psicológico de la int im idad sacaron a la luz un
puñado de sencil las verdades que la academ ia se esforzaba
por ocultar t ras una m uralla de tecnicism os: la infeHcidadgeneralizada que habitualm ente se et iqueta com o enferm e
d a d m e n t a l n o p r o c e d e d e a l t e r a c i o n e s b i o q u í m i c a s n i d e
o s c u r o s d r a m a s e d i p i c o s , s i n o d e f e n ó m e n o s m u c h o m á s
m undanos, com o la norm alización forzada de la fam ilia, la
venta de la vida como tiempo de trabajo o esa obligación de
g o z a r d e n o m i n a d a « o c i o » .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 38/145
3 8 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
A s i , en una revista paradigmática del izquierdismo italiano de
principios de los años setenta se leia: «La locura se presenta
ya com o una parte del program a de vida burgués: el la es de
hech o el corolario de la pasividad y del ser ex traño a si m ism o
constitutivos de esa alienación generalizada llamada norma
lid ad » . La im p osibil ida d de curar esa dem encia cotidiana,
de vivir una vida no dañada s in cam bios revolucionarios ,
obligaba a utilizar la praxis política como única terapia posi
b l e . F r e n t e a l i n t e r m i n a b l e a n á l i s i s d e l o i n c o n s c i e n t e , e lnuevo proyecto cr i t ico pretendía rom per con la l 'a lsa con
ciencia y el mundo de los fetiches mercantiles.
M i c h e l F o u c a u l t n o s e n s e ñ ó e n t o n c e s a p e n s a r d e s d e e l
l i m i t e . P a r a e n t e n d e r l a e n f e r m e d a d m e n t a l d e o t r o m o d o
era necesario prescindir de la psiquiatría, la sociología o la
h i s t o r i a , e s t o e s , d e l o s p s e u d o s a b e r e s q u e h a s t a e n t o n c e s
h a b í a n f al se a do e l p a r de c o n c e p t o s d e m e n c i a - n o r m a l i d a d .
L o s t e x to s f o u c a u l ti a n o s s o b r e la l o c u r a - u n a « i n t r u s i ó n »
que mu chos especialistas recibiero n con abierta hostilidad -
revelaron una tradición de violencia sobre los en ferm osy de
d i s c i p l i n a d e l o s s a n o s q u e e m p a r e n t a b a a l o s p s i q u i a t r a s
con los agentes del orden y alejaba su práctica de la medicina científica.
1 P. A . R üvatti , «P ara un an ál isi s fent)meriológico del niarxi.sm o»,/ lu.t / l ii í ,
núm. 116. marzíi de 1970, pp. 6o- Bi.
2 Cf . M. Morey. « í n í r o d u c c i ó n » a M . F o u c a ul t, Un diálogo sobre el poder,
M adrid, A lianza, 2001 , p. 15.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 39/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S . ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 3 9
Siguiendo su estela, las perspectivas psiquiátricas antiinstitu
cionales trataron de mostrar que el manicomio y las familias
psicotizantes no sólo no c-uraban la locura sino que, más bien,
lap rod uc ian . La antipsiquiatria resultaba inte resa nte po rque
trascendia el contexto as i lar e indagaba en los m ecanism os
que generan p aranoias o catatonias como conductas de sup er
vivencia individual en el ambiente enloquecedor de las insti
tuciones totales y las familias cismógenas. Los antipsiquiatras
ana lizaro n el man ico m io —y, en esp ecia l, la form a en quetransform aba la enferm edad m ental en su doble inst i tucio
nal - para mo strar la conexión de sus pro ced im ien tos con el
tipo de dist:iplina que rige el taller o la escuela, cuya función no
es tanto incrementar la eficacia de la producción o la adquisi
c i ó n d e c o n o c i m i e n t o s c u a n t o l a m e r a s u m i s i ó n a l p o d e r .
A l m ism o t iem po , los m ov im ientos libertar ios recup eraron la
tradición de la izquierda freudiana que, desde los t iem pos
heroicos del Inst i tuto de Investigaciones S ociológicas de
F rankfurt , había introducido en la agenda polí t ica radical
asuntos como la sobrerrepresión, la obligación de produciry
consumir inutilidades, la política libídínal o la personalidad
autoritaria (un proceso en el que, desde luego, des em peñ ó unpapel destacado la recepción masiva de la obra de Marcuse ).
3 ce . P. R a.s;ig]ia, <<\_.í\ cníermeiind y su doble». en AA.W.. ¿Pí^iijiíiatría o
ídeoloj^a de la locura '• B ar celo n a. A n ag r am a. 1 9 7^ .
4 C r . W. M a r c us e . El hombre unidiinenüonai, B arcelona, S eix B arra . 1969 y,
s o b r e lo d o . « El en v ejecim ien to d el p s ico an ál is is » . enSexualid^adrrepre-
úón, B u en o s A ir es . C ar lo s Pér ez E d i to r. 1 9 6 9 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 40/145
4 0 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
S i n i r m á s le j o s, R . D . L a i n g y D a vid C o p p e r r e n o v a r o n l a
izquierda psicoanalítica inc orpora ndo elem entos sartrea nos a
la critica de la razón familiar. Descubrieron un universo regi
do por paradojas pragmáticas ~el doble vinculo era la más
popular— que e n las familias d isfuncio nales falsifican la ex pe
riencia real y los conflictos de pod er en tre sus miem bro s, sus
tituyéndolos por una versión oficial de la historia familiar en
virtud de la cual se interpreta como locura toda conducta des-
obediente. De este modo, propusieron una comprensión délapsicosis como una pseudoen fermeda d fabricada socialm ente,
un punto de vista que engranaba a la perfección con una
visión neorromántica, muy de la época, del loco como héroe
contracultural.
En última instancia, el imaginario critico del momento man
tenía que las es tructuras económ icas y la disciplina laboral
propiciaban la m ism a sum isión a la autoridad gerencial que
las paradojas p ragm áticas que op erab an en la legitimación del
ord en familiar. La metáfora del loco como resi sten te- m árti r a
la familia patriarcal reverberaba en el prestigio que alcanzó el
nuevo perturbado fabril: el huelguista salvaje, el vago, el
absentis ta, el saboteadory, en general , e l obrero carente dehabitus p r o l e t a r i o ' . E m b r i a g a r s e c o n m a r i h u a n a , p e r d e r e l
tiempo en el trabajo o robar en el superm ercado se convirtie
ro n —para escán dalo de los sindicatos— en actos de resiste ncia .
5 Ci'. P. V i rn o , Virtuosismo y revolución. Madrid, Traficantes de Sueño.s, '40o3.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 41/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 4 1
L A C O N T R A R R E V O L U C I Ó N
El resultado de las luchas antiinstitucionales que marcaroala
agenda radical de los años setenta se puede resum ir en un
logro —la destrucc ión de los m anicom ios— y un a de rrota : el
radical fracaso del proyecto de despsiquiatrización de las
malarias urbanas.
E n E spaña, la pesada herencia de la psiquiatr ía f ranquis taque et ique tó com o en ferm os irrec up erab les —y, po r tan to,
condenados al encierro de por vida—auna enorm e cantidad
de pacientes , explica la disposición de los psiquiatras de
izquierdas a aceptar cargos de confianza en la ad m inistra ció n
democrática como vía para acabar con Jos manicomios. Bue
n a p a r t e d e lo s m i e m b r o s d e la C o o r d i n a d o r a P s i q u i á t r i c a
—una organización antifranquista— pasaron rápidamente a la
A s o c i a ci ó n E s p a ñ o la d e N e u r o p s i q u i a tr i a — u n a a s o c i a c i ó n
profesional convencional— desde la que hicieron carrera
como funcionarios de confianza de las nuevas ad m inistr aci o
nes que deseaban dar una imagen de modernidad ' . A cambio
del cierre de los m anicom ios, los terapeutas posfranquis tas
asum ieron el com prom iso im plíci to de crear un espacio depsiquiatr ía co m un itar ia dond e se aparentase repa rar e inclu
so prev enir los nuevos malestares que prod uce n el m ercad o y
6 He anali/.ado este .T suntu en G. R end uele s, « D e la C oo rdin ado ra P.sitjuiá-
tr ie a a la A soe ia e ión R ypañola de P siquia tr ía: de c onsp ir a do r e s a bur ó c r a
t a s » , en On^enesyfiindomentos de la psiquiatría en Españ a. M a d r i d , E L A ,
1997.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 42/145
4 2 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
la individuac ión. A si, hoy es habitual ab ord ar com o si se tra
tara de problemas psicjuiátricos las repercusiones subjetivas
de cuestiones sociales tan poco homoge;neas en sus causas y
en su fenomenología como el racismo, la pobreza, la quiebra
de la Familia tradicional, el dolor íntimo o el malestar laboral.
Las más que razonables prisas por acabar con los manicomios
im pid iero n a la izquierda psiquiátrica percib ir las contradic
clones que entrañaba el papel de gerenles del orden íntimo.En realidad, al igual que ocurrió en otros ámbitos de la Iran
sición española, estas nuevas políticas psiquiátricas tuvieron
más de continuidad que de niptura con el franquismo. Basta
ec ha ru n vistazo a los pri m ero s e scritos de Vallejo N ájera para
c o m p r e n d e r q u e e l p r o y e c t o h i g i e n i s t a d e i n t e i T e n c i ó n e n
todos los ámbitos sociales í 'ue uno de los pilares del Estado
franquista. Al menos en sus orígenes, el proyecto nacional
sindicalista aceptaba de buena gana los consejos psiquiál ricos
para armonizarámbitos tan diversos como la fábrica, la l'ami
lia o el m un icip io.
El fracaso en España de los intentos de transformación pro
funda del campó psiquiátrico engrana con la derrota de lapsiquiatría crítica mundial, cuya acta de defunción fue la
aceyjtación del DSM III como criterio de diagnósti( o hege-
m ó n i c o . A principios de la década de lósanos setenta, la psi
quiatr ía aún se encontraba dividida en diversas «escuelas
na cio nale s» y tradic ione s teóricas. Por ejem plo, existía una
escuela francesa de psiquiatría cuyo manu al c anónico - el Tra-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 43/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U UT ? 4 3
tado de psiquiatría de Hen ri E y- organizába las enfe rm eda des
m e n t a l e s e n t o r n o a u n t i p o de p s i c o s i s l l a m a d a s « a t a q u e s
delirantes» negadas por el res to de escuelas . G eneralm ente
se aceptaba que esta atomización reflejaba el auténtico nivel
de acientif icidad de la disciplina. A spirar a una unif icación
paradigm ática s in haber l legado a un acuerdo acerca de las
estructuras psicológicas que explicaban las conductas anor
males parecía tan absurdo como postular una patología m éd i
ca sin un ac uerdo p revio sob re la fisiología hu m an a.
Esta diversidad acabó de un modo peculiar en 1980, cuando la
A merican Psychiatric A sociation (A PA ) publicó la tercera ed i
ción de su Diagnostic and S tatistical M anual (DSM 110 que se
impjuso en todo el mun do - E sp añ a incluida— sin ap ena s di s
cusión. Se trata de una guía pragmática para la práctica psi
quiátrica que se aulodefine como «una clasificación ateórica
y basada en la evidencia». A f in de evitar las disputas entre
escuelas psiquiátricas, el DSM 111 eliminó las categorías diag
n ó s t i c a s q u e e x i g í a n p r o n u n c i a r s e e n t r e d i s t i n t o s m o d e l o s
(como las neurosis) o estaban socialmente mal vistas (como
las peiversiones) e introdujo aquellos malestares cuya gestión
se dem andaba socialm ente (com o los s índrom es dependientes de la cultura). A dem ás, vetaba ex plícitame nte la discu sión
sob re el sen tido o las causas de la enfe rm eda d m en tal. L a idea
es, poco más o m eno s, que del m ism o m odo que en el caso de
un delir io febri l resultar ía erróneo analizar los contenidos
mentales del paciente en vez de emplear fármacos para bajar
su temperatura, tampoco en el caso de una fobia o de un ata-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 44/145
4 4 G U IL L E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
que de angustia es aceptable dete ners e a inte rpre tar los mo ti
vos del enfermo en lugar de tratar sus síntomas.
E n general, e l D S M 111 es extrem ad am ente inclusivo. A dife
rencia de la psiquiatría clásica, que se había esforzado por
separarlas enferm edades m entales de las form as anorm ales
de vivir , adm ite cualquier m alestar com o tras torno m ental ,
esto es, acepta las quejas de los pacientes en estado bruto, sin
interpretación. Precisam ente, las únicas categorías que el iminó fueron aquellas que precisaban de una elaboración del
sentido del s íntom a com o, por ejem plo, las neurosis (por
supuesto los pacientes neu rasténicos s iguen acudiendo a las
con,sultas médicas, pero ahora se les trata con interminables
cócteles farmacológicos). Como muestra de la capacidad del
DSM III para transformar en síndrome psiquiátrico cualquier
m alestar hum ano cabe ci tar la ocurrencia de Ivan G oldberg
q u e, con la intenc ión de burlarse de las nuevas enferm edad es
que inventaba la APA, creó una página web en la que afirma
b a l a a p a r i c i ó n d e u n « d e s o r d e n d e a d i c c i ó n a I n t e r n e t » .
Para su estupefacción, en apenas dos meses surgió un impor
tante m ovim iento de presión que prom ovía la inclusión del
mal uso de los chats entre los trastornos por abuso.
Desde un punto de vista metodológico, el proceso que permi
tió a psiq uia tras y psicólogos hasta en ton ces feroz men te divi -
didos en escuelas homogeneizar sus clasificaciones debería
ocu par un lug ar destac ado en la historia de la ciencia o, tal vez,
del fraude eientífico. En efecto, el DSM 111 constituye un cam-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 45/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 4 5
bio paradigm ático absolutam ente excepcional , en la m edida
en que no surgió de un descubrim iento científ ico o de una
revolución teórica, s ino de un proceso de votaciones y con
sensos políticos en los congresos psiquiátricos no rteam erica
n o s: todo un escándalo para la ciencia norm al . Por ejemp lo,
los grupos de presión feministas de la APA consiguieron el i
minar de la clasificación el trastorno sádico autodestructivo de
la personalidad, pues temían su posible utilización como dis
culpa legal del maltrato dom éstico. T ras som eter a refe rén du mel tra.storno en cuestión, la APA lo declaró inex istente y d es
apareció del Eje 11 del DS M IV. D e igual modo, se etiqu etaron
com o enferm edades m entales problem as directam ente poli -
ticos. E s el caso del l lamado «tra stor no p or estrés po strau m á-
tico», que se aceptó como enfermedad a causa de la presión
directa de los ex comba tientes de V ietnam que quería n cobrar
subs idios sin ser diagnü,sticados de histeria de disociación .
E sta laxitud epis tem ológica alcanza cotas m onum entales en
el caso de los t ras tornos borderline. S e t rata de una nueva
categoría que se inventa el DSM 111 para recoger todos aque
l l o s t r a s t o r n o s q u e n o e n c u e n t r a n a c o m o d o e n n i n g ú n o t r o
lugar, es decir, que no son ni psicóticos ni neuróticos y quevaría n en un m ism o individuo a lo largo de su vida (d ep re
s i o n e s , p s i c o s i s , d r o g a d i c c i o n e s . . . ) . B á s i c a m e n t e , c u a n d o
no se sabe lo que le pasa a un paciente, se le diagnostica un
7 l i n a r e c o n s l n i c c i ó n a p a s i o n a n t e y p o r m e n o r i z a d a d e l a r e v o l u c i ó n d e ]
D S M III ap ar ece en S . A. Kirk y H . K u tch in s . The selling of DSM. The Rheto-
lie of.Science in Psychiatry. N ueva York, A ldine de G ruyter , 1992.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 46/145
4 6 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
t ras torno de personalidad borderline. A lo largo de más de un
siglo la psicopatologia se esforzó por desarrollar criterios de
identificación nítidos para la esquizofrenia, que se conside
raba la enfermedad psiquiátrica modelo: la distancia respec
to a la esquizofrenia establecía la graved ad, el pro nó stic o o el
tratam iento de cualquier enferm o. L os delir ios o las pseu do -
alucinaciones que aparecían exclusivam ente en es ta enfer
medad eran una especie de monstruos psíquicos que no eran
en sentido es tr icto t ras tornos de la percepción o del juiciosino que se daban específicamente en los brotes psicóticos,
del m ism o m odo que hay algunas horm onas específ icas del
embarazo. Por eso, la descripción que hace el DSM 111 de los
trastornos borderline —característicos de pacientes que están
un poco delirantes o casi alucinados— suena tan absurda
como si un ginecólogo dijera que una paciente está un poco
embarazada y le prescribiera un tratamiento a base de múl
tiples psicofármacos de acción contradictoria (neurolépticos
y antidepresivos) al iñados eon extravagantes psicoterapias
ba sad as e n el yoga y la filosofía dialé ctica .
E n r e a l i d a d , e l D S M 111 e s u n i n s t r u m e n t o a d m i n i s t r a t i v o ,
una clasif icación grem ial que intentaba equüibrar los inter e s e s d e l a i n d u s t r i a p s i c o t e r a p é u t i c a e l u d i e n d o d e n o
d a d a m e n t e c u a l q u i e r c o n f l i c t o c i e n t í f i c o . R o b e r t S p i t z e r
—principal impulsor del DSM 111— nunca ha ocultado que su
propósito de superar el «desastre del D S M II» era de orden
práctico. De un lado, la diversidad paradigmática que carac
ter izaba la psiquiatr ía im pedía la actuación judicial o las
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 47/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 4 7
sep^indas opiniones. De otro, cuando se iniciaron los traba
j o s p r e p a r a t o r i o s p a r a e d i t a r e l D S M 111 - u n g r u p o d e 5 5 0
psiquiatras evaluaron unas 13.000 historias clínicas—la ins
t i tución psiquiátr ica es taba s iendo atacada desde varios
IVenles: El inilo de ía enfermedad menial, de T. Szasz, se babia
conv ertido en un éxito de venta s; E . G olT man, autor de Inter
nados, había s ido nom brado presidente de la asociación de
s o c i ó lo g o s a m e r i c a n o s . . . A u n q u e ta i vez la m a y o r a f r e n t a
fuera la publicación enScience de una investigación en la queu n a d o c e n a d e s i m u l a d o r e s h a b í a n s i d o d i a g n o s t i c a d o s d e
e s q u i z o f r e n i a e i n g r e s a d o s e n p s i q u i á t r i c o s ( a l g u n o s p s i
q u i a t r a s o b s e r v a r o n q u e d i c h o s e n f e r m o s o c a s i o n a l m e n t e
tom aban notas pero creyeron que se t rataba de un «síntom a. . . N I I
psicotico») .
Por eso es im portante entender que el D S M 111 es la cabez.a
visible de una auténtica contrarrevolución psiquiátrica y no
un m ero m ovim iento teórico de retorno al m odelo fenom e-
nológieo clásico al que se había opu esto la an tipsíq uiatr ía. E l
D S M II I redefine las categorías de norm al y anorm al, se
adentra en nuevos campos sociales —el trabajo, la al im enta
ción, los vicios . . . "y propone un autentico régim en polí t ico-t e r a p é u t i c o q í i e n o b u s c a m e j o r a r l a s c o n d i c i o n e s d e v i d a
ciudadanas s ino reparar su salud m ental . E n úl t im a instan
cia, el sorprendente éxito del D S M 111 t iene que ver con la
8 D . L . R o y en h an . « O n B ( nn g s an e in in s an e p lac e» , Science. 179. núm. 9,
en ero 1973. pp. -^50-^ 58.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 48/145
4 8 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
nueva función de la psiquiatría como proveedora de sentido
en un contexto de individuos postm odernos que f lotan a la
deriva por los restos de una socieda d destruida por el m erc a
d o . D el. m ism o m odo que cabía ver una con exió n e nt re la
lógica as i lar y la disciplina social , exis te un im portante
com unicación pragm ática y conceptual entre algunas de las
n u e v a s c a t e g o r í a s p s i q u i á t r i c a s y e l r é g i m e n e c o n ó m i c o y
político de las sociedades contemporáneas. Al margen de sus
distintas ofensas al sentido común, los esfuerzos de la posm odernidad psiquiátr ica por desandar el cam ino cr i t ico que
F oucault desbrozó arrojan luz sot)re dim ensiones sociales
que trascienden el marco clínico.
El.MOBBlNGYlA P S IQ lllA T R I /A C I ÓN PO S Í M O D E R M A
E l t iem po de luchas autogestionarias de los años setenta
p a r e c e y a e x t r a ñ a m e n t e r e m o t o . L a p r e c a r i e d a d l a b o r a l h a
fragmentado los antiguos grupos natu rales, los ha convertido
en una m ult i tud dom inada por la angustia, el nihi l ism o, el
cinismo y la puerifidad y carente de amparo frente a las
negras torm entas de la his tor ia. T ras la desaparición de lastradiciones proletarias y sus refugios asociados —fa fábrica, el
barrio, el sindicato— domina el temor a perder el trabajo, al
divorcio, a la obso lescen cia de fas hab ifidade s faborafes, a fa
sofe dad . . . L a euftura obre ra afentaba forma s de sabotaje
benévolo de fa prod ucc ión y fa disciplinafafioral que ay uda
b a n a s o b r e v i v i r a l m e d i o a m b i e n t e faboraf, fos hábitos de
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 49/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 4 9
microrresístencia que iban desde hacerse el tonto en el a pr en
dizaje a ralentizar el r itmo de trabajo. Hoy, en cambio, nos
enfrentamos desnudos de cualquier cobertura colectiva a los
engranajes de la econo mía.
E n este contexto, la psiquiatr ía y la psicología ofrecen un
am plio repertorio de falsas prom esas de cobijo frente a los
sentimientos que produce la continua exposición al mercado.
El centro de salud mental, como las antiguas iglesias, pareceun e spacio ajeno a la razón ec onó mica , e n el que se escuch a el
corazón de cada individuo y se le proporcionan bálsam os
contra el dolor mundano.
La fe con ¡a que se han asumido los ofrecimientos de felici
d a d p s i c o t e r a p é u t i c a — unida a u n e s t a d o d e i n d e f e n s i ó n
a p r e n d i d a ( e s e s e n t i m i e n t o d e i n e f i c a c i a c o n d u c t u a l , d e
que cualquier acción de resistencia al mercado es inútil)—,
c o n s t i t u y e u n a s p e c t o c r u c i a l d e l a c o n t r a r r e v o l u c i ó n p s i
quiátr ica. Hem os pasado de la desconfianza m oderna de la
psiquiatría —aquel «lo mío no es de psiquiatra»—, a la exi
g e n c i a p o s t m o d e r n a d e u n t e r a p e u t a d e c a b e c e r a . C a d a v e z
m á s p e r s o n a s r e n u n c i a n a s u a u t o n o m í a c r ít ic a y p i d e n u n aorientación psicológica para «elegir» sus vidas . E l ps iquia
t r a m o d e r n o t u t e l a b a e l d e s o r d e n y , a s í , e s t a b a e m p a r e n
t a d o c o n e l p o l i c í a ( d e h e c h o , e n F r a n c i a l a p s i q u i a t r í a
p u b l i c a d e p e n d í a a d m i n i s t r a t i v a m e n t e d e l a p r e f a c t u r a d e
p o l i c í a ) . E l p s i q u i a t r a p o s t m o d e r n o — q u e i n t e r p r e t a l a
subjet ividad com o un capital que exige un cálculo de bue-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 50/145
5 0 G U I L LE R M O R E N D U E L E S O L M E D O
ñas o m alas inversiones afectivas—, es pr im o herm ano del
g e r e n t e d e e m p r e s a .
N o resulta sencil lo cuanti l ' icar la población psiquiatr izada
pero su crecim iento en los úl t im os años ha s ido enorm e. E n
California la normalidad ideal -o sea, no haber recibido tra
tam ien to psiípiiátrico— parece m ás infrecuen te que la n or m a
lidad estadís t ica. E n A sturias cada año recib en tr ata m ien to
psiquiátrico en centros públicos 50.000 personas, once vecesmás que hace veinte años a pesar de la drástica disminución
de la población. Dado que el número de psicosis depresivas o
esquizofrenias no ha variado, la base de esta epidemia es la
dem anda de respuesta m édica al sufr im iento cotidiano. La
extensión de esta lógica al mundo del trabajo está haciendo
aparecer docenas de nuevos s índrom es —de la adicción al tra
bajo a las les iones por la turnicidad- que no son m ás que
expresiones técnicas de malestares laborales. El trastorno que
mejor refleja cómo la psiquiatría ha sustituido a la ideología
de clase como fuente de sentido de la nueva subjetividad
obrera es un recién llegado al DSM IV: el mobbing.
El acoso laboral o mobbing es un fenóm eno de am ilanam ientoen el centro de trabajo. E l trabajador, hasta entonc es adap ta
do y fiel ala empresa, comienza a ser perseguido por un jefe
que lo hum illa, le dedica a tareas inútiles y term ina provocán
d o l e u n « t r a s t o r n o m e n t a l » q u e s e c a r a c t e r i z a p o r u n s í n
drom e de angustia que poster iorm ente evoluciona hacia un
estado depresivo.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 51/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 5 1
E videntem ente, el tal ler , la obra o incluso la of icina nunca
fueron un balneario: el nacim iento de la conciencia obrera
está int im am en te l igado al ho rro r ante los r i tm os de trabajo,
a la perce pc ión de las sim ilitudes en tre el en cie rro fabril y el
carcelar io. C om o señalaron F oucault o G audem ar, la rebel
día de las masas ociosas o peligrosas contra el mundo de la
produ cción y los inten tos por l im itar la m edia nte es trategias
disciplinarias, marcaron el humus colectivo en el que germi
naro n las relaciones indu striales del siglo xx.
A u n q u e e l « r e s e n t i d o » s ig u e s i e n d o u n a f ig u ra t e m i d a p o r
e l i m a g i n a r i o p a t r o n a l , l a d e s r e g u l a c i ó n p o s t f o r d i s t a h a
c a m b i a d o la s t o r n a s r a d i c a l m e n t e . L a i n e s t a b i l i d a d l a b o r a l
ha dado al traste con los ma rcos colectivos que pro po rcio na n
sentido a cada jornada de trabajo individual . La fat iga y la
explotación se interpretan ahora como vivencias privadas en
las que el empresario desempeña el papel de un sádico cuyo
objet ivo principal es host igar a su em pleado. U na de las
fuentes de esta tergiversación es, evidentemente, el contra
to individual que personaliza la relación con el capataz y, asi,
obliga a verlo no com o un calculador racional qu e pr ete nd e
s a c a r e l m á x i m o p r o v e c h o d e s u e m p l e a d o , s i n o c o m o u nacosador: la única f igura del m undo económ ico que actúa
por vocación. Se trata de una especie de superación psiquiá
tr ica de las descripciones m odernas del m al t ípicas de Han
nah A rend t o F rantz F ann on que subrayaban su trivialidad, la
ausencia de un agente sádico en su génesis . E n cam bio, en
un inñuyente l ibro, Hir igoyen describe al acosador laboral
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 52/145
5 2 G U IL L E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
com o un parano ide que proyecta sus necesidades pers ecu to
rias en las figuras cercanas de su entorno laboral para gozar
de su sadism o inconscienle ' .
Por eso en el corazón del nuevo fantasma que recorre Europa
no hay un mundo nuevo smo una enfermedad del alma bau
tizada con los nombres de hossín,^' o m,ohbin¡ry que en la litera
tura especializada se considera el tema de investigación más
importante de los últimos años (según algunas fuentes, lostrastornos por acoso laboral afectan al 8% de los trabajadores
de la U nión E uropea ) . El entusiasm o por el estudio del inoh-
hinfr es com part ido por una desocupada burocracia s indical
que intenta sobrevivir com o tecnocracia especial izada en
seguridad en el trabajo.
Uno podría extrañarse de que esta epidemia afecte sólo a los
paíse s ricos (pa ra p en sa r en mohhing" está n los m illo ne s de
niño s esclavos). Pero, por supu esto, todo es mucho más sen ci
llo. E l niohbíng es una fábula perversa, una caricatura de las
quejas obreras tradicionales, el relato psiíjuiatrizado y ajeno a
cualquier contexto colectivo de la fatiga o el estrés que produce
el trabajo. En un manual sobre acoso laboral editado por elPrincipado de A sturias se describen los siguientes «s ín tom as »
de esta peculiar enfermedad: «ataques verbales», «desacredi -
tación profesional», «ais lam iento social», «sobrecarga de
9 M . - F. t í i r ig o y i 'n . Hl acoso moral ( lí el Uuhajo, Rnirviomi, í^aid(í,s 1999-
10 M . B arón D uque . *L a es]) iral tlel inobbirL^>>. Papeles del Colegio de Pswóío
gas. núrn. 84. 2oo.'i, pp. 71 - H'¿.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 53/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 5
t r a b a j o » , « e n c o m e n d a r t a r e a s r u t i n a r i a s p o r e n c i m a o por
debajo de sus p o s i b i l i d a d e s » , « a s i g n a c i ó n de objet ivos o
proyectos inalcanzables», «violencia f ís ica: gr i tos , am ena
zas, invasión de la vida privada». No hace falta ser experto en
psicopatología para com prender que es ta «sintom atología»
no es una recreación de las vejaciones dejustine sino que más
b i e n d e s c r i b e las rut in as que casi cualquier t rab ajad or ha
sufrido a lo largo de su vida laboral. La idea de que este sufri
m iento resulta excepcional y d e b e s e r e n t e n d i d o c o m o u n ainterrelación paranoide, presupo ne dem agógicam ente que la
situación laboral habitual es un edén aconflietivo de relacio
nes empáticasy armonía entre jefes y subordinado s.
Los NIIKVOS líNCIlíRROS
Cabría pensar que, por mucho que se pueda lamentar la pali
n o d i a de la psiq uia tría crítica que se ha generalizado en las
dos últimas décadas, es obligado congratulai-se por el triunfo
de las reform as que acabaron con los m anico m io s y la am e
naza del encierro psiquiátr ico. E s cier to que hubo un corto
p e r i o d o en el q u e , p o r p r i m e r a vez en la h i s t o r i a , l o s p s i q u i a t r a s no c o n t a r o n con i n s t r u m e n t o s de coerción legal
para t ratar contra su voluntad a lo s e n f e r m o s « c a r e n t e s de
conciencia de su enferm edad m en tal ». S alvo el ingreso ho s
pitalario por ordcQ judicial y basado en cr i ter ios de pe ligro
s i d a d , los t r a t a m i e n t o s p s i q u i á t r i c o s se r e g í a n por las
m i s m a s p a u t a s l e g a l e s d e v o l u n t a r i e d a d y c o n s e n t i m i e n t o
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 54/145
5 4 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
inform ado que el res to de actos m édicos, de m odo que el
enferm o podía rechazar la asistencia psiq uiátrica si la consi
deraba abusiva o no toleraba los efectos secundarios de los
fármacos. Ese tiempo se ha acabado.
E n la úl t im a década del pasado s iglo se ha producido una
lenta pero pert inaz contrarreform a legal prom ovida por las
asociaciones de familiares de enfermos psiquiátricos que ya
habían logrado la imposición de unidades cerradas y ataduras (perdón, sujeciones mecánicas). Con este secuestro de la
v o l u n t a d y l o s i n t e r e s e s d e l o s p a c i e n t e s p s i q u i á t r i c o s , s e
remplaza el trabajo comunicativo de convencer a una perso-
na de que necesi ta t ratam iento p or una im posición autori ta
r ia. La exageración del r iesgo de violencia por parte del
p a c i e n t e d e s c o m p e n s a d o y e l v i c t i m i s m o f a m i l i a r s e h a n
a l i a d o c o n u n o s e q u i p o s p s i q u i á t r i c o s m a s i f i c a d o s y u n a
judicatura inexp erta e n la tutela de las liberta des y proclive a
las soluciones autori tar ias . S i se com parase el tanto por
ciento de enfermos inmovilizados en las unidades de agudos
con las antiguas contenciones en m anicom ios nos l levaría
m o s u n a d o l o r o s a s o r p r e s a : e l m i e d o a l a s d e n u n c i a s p o r
negligencia en caso de fuga, hace que cualquier paciente conun remoto riesgo de agresividad pase atado a .su cama buena
parte de su ingreso.
A f in d e m o s t r a r h a s t a q u é p u n t o e s re g r e s i v o e s te m o v i
m iento m erece la pena recordar la his tor ia de una paciente
cuyo caso se convirtió en la primera mitad del siglo xx en un
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 55/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 5 5
clásico del an ális is ex istenc ial , E llen W est re ci bi ó el alta
m é d i c a e n u n s a n a t o r i o t r a s s e r e x a m i n a d a p o r t r e s d e l o s
más famosos psiquiatras de la época que no le daban ningu
na esperanza de curación de su esquizofrenia (hoy segura
m ente ser ia diagnosticada de tras torno de al im entac ión o de
trastorno l im ite) . E l m edico que la t rataba es taba convenci
do de que l levaría a cabo un suicidio que tenia largam ente
m edita do . E l esposo de la paciente conocía los planes suici
das y, ante la ausencia de remedio para el sufrimiento de sumu jer, no se oponía a ellos. E fectivamente, al poco tiem po la
paciente se suicidó en su casa de una forma tranquila y llena
de poéticos cerem oniales de despedida. E l caso se com entó
ampliamente en las publicaciones de la época. En realidad se
trata de un caso de eutanasia psíquica: una enferm a decide
que no qu iere llevar una vida de pacien te crónica y sus m éd i
cos y familiares resp etan ese deseo .
Con la actual legislación, los psiquiatras que dieron de alta a
la paciente serian procesados por negligencia. Hoy el encar
nizamiento terapéutico con un enfermo terminal suscita una
am plia repu gna ncia social. E n camibio, no se acepta el rechazo
del tratamiento por parte de pacientes psiqu iátricos qu e .suspiran de alivio si un cáncer interrumpe su calvario psicótico.
Prevenir el suicidio con interm inables e inúti les encierros ,
a l i m e n t a r c o n s o n d a s a p a c i e n t e s a n o r é x i c a s o c o n d e n a r a
11 L . B i ns w a ng e i' , « E l ca so de E U c n W c s t » e n R . May etal.. Existencia. Nueva
dimen.ú()n en psiquuitria y psicología. M ad r id , C r ed o s , 1 9 6 4 , p p . 2 8 8 - 4 . 3 4 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 56/145
5 6 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
t r a t a m i e n t o s n e u r o l é p t i c o s o b l i g a t o r i o s d e p o r v id a p a r e c e
u n a p r á c t i c a c o r r e c t a e n e l c a s o d e l p a c i e n t e p s í q u i c o a l q u e s e
n i e g a c u a l q u i e r a u t o n o m í a y c uy a v o l u n t a d d e n o t r a t a r s e o
i n c l u s o d e m o r i r s i e m p r e s e e n t i e n d e c o m o s i n t o m a d e l a
e n f e r m e d a d .
L a s d i m e n s i o n e s m á s c o e r c i t i v a s d e l a p s i q u i a t r i z a c i ó n g e n e
r a l i z a d a p o s t m o d e r n a i l u m i n a n u n a d e l a s e s t r a t e g i a s c e n t r a
l e s d e la g o b e r n a b i l i d a d c o n t e m p o r á n e a : el f o m e n t o d e ld e s e o d e t u t e l a . D e h e c h o , c i e r t a s c a t e g o r í a s p s i c o l ó g i c a s h a n
d e s e m p a ñ a d o u n p a p e l c e n t r a l e n e l g i r o r e p r e s i v o q u e h a n
e x p e r i m e n t a d o l as s o c i e d a d e s o c c i d e n t a l e s e n l o s ú l t i m o s
a ñ o s (la ú l t i m a r e f o r m a d e l c ó d i g o p e n a l e s p a ñ o l h a m u l t i p l i
c a d o p o r c i n c o e l n ú m e r o d e p r e s o s r e i n c i d e n t e s : h a y q u e
r e m o n t a r s e a la p o s g u e r r a p a r a e n c o n t r a r u n n ú m e r o d e
r e c l u s o s c o m p a r a b l e ) . E n 1 9 7 0, e n p l e n a e u f o r ia r e f o r m i s t a ,
F o u c a u l t e s c r i b í a l o s i g u i e n t e r e s p e c t o a l p l a n i n g l é s p a r a
c e r r a r l o s m a n i c o m i o s :
E l hecho de que la sociedad Cüpital is ta se deshaga de sus
vivo.s mediante el encierro l 'rcnle a las socialistas que lo
hacen por el exilio o la muerte, ofrece pocas dilerencias enla m edid a qu e am bas d eb en re frena r los i legal ismo s. Si una
sociedad capi tal is ta como G ran Bretaña declara que no
habrá más encierro, aJ menos para los locos, me planteo s i
esto significa que la otra mitad del encierro, la prisión, des
apare cerá o ,si po r el con trario ocupará el espacio vacío d eja
d o p o r el m a n i c o m i o . ¿ N o es ta h a c i e n d o G r a n B r e t a ñ a lo
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 57/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 5 7
contrario de la Unión Soviética cuando generaliza el mani
comio y hace que este cumpla la función de la prisió n? ¿No
sé vera obligada G ran B retaña a extender la función de las
prisiones incluso si las mejora?
Como es sabido, Foucault fue uno de los principales respon
sables de que la izquierda radical europea enterrara la tes is
del lumpemproletariado como enemigo del pueblo y se plan
tea ra la cárcel como un problema a resolver. Para Foucaultexfs t ia una evidente continuidad entre los disposit ivos que
regulan el encierro de los locosy de los presos c om une s. D es
de su punto de vis ta, es tos úl t im os no padecerían una m era
pérdida de libertad sino que estarían sometidos a u n c om ple
jo sistema punitivo que combina las humdlaciones del cuer
po -fr ió, m ala com ida, hac ina m ien to - con la violencia de un
poder pastoral que trata de disciplinar ,sus almas. La moder
nización de la prisión creó una red de agentes cuya misión es
rehabilitar a cada preso en particular para que acepte el dis
curso dominante. Este nuevo complejo penitenciario se orga
niza en torno a categorías psiquiátricas: del juez al carcelero,
todos ejercen de psicólogos. Ya no es el delito lo que se juzga,
sino la biografía del infractor. Lo que decide el destino de lospresos es el cam bio psíquico que ha producido el encierro
reha bll i tad or co nstatado a t ravés de inform es psieosociales
que ab ren o cierran las pue rtas de la cárcel.
i'¿ M . F o u ca u lt , « M e sa r e d o n d a » , en Estrategias depoder, B ar celo n a. Paid ó s ,
i 9 9 9 , p . r 4 i .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 58/145
5 8 G U IL L E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
En la base de estas prácticas penales está una rupestre teoría
del yo sucesivo que divide a la población carcelaria en dos
grupos . E l pr im ero s igue ir rem isiblem ente un ido a su iden
tidad personal criminal. El segundo está listo para el cambio
de identidad y ha aprendido el credo que abre las puertas de
las pr i s io ne s: «M e he rehab il i tado en la cárcel , ya no soy el
m ism o que delin qu ió» . La f icción de un yo discon tinuo es un
elem ento im po rtan te e n el proceso de sustitución de las leyes
que trataban de res taurar la just icia actuando directam entesobre el cueipo de los delincuentes por un orden omnipoten
te , un poder suave pero inexorable y sostenido que actúa
sobre toda la sociedad a t ravés de un continuo de agencias
sociales. Jueces, psicólogos de empresa, asistentes sociales,
sociólogos, abogados, policías , funcionarios de pr is toaes ,
jefes de recursos humanos y, por supuesto, psicólogos y psi
quiatras, todos colaboran en un poder de coerción muy difu -
m ina do a lo largo de todo el cuerpo social.
Precisamente los movimientos anticarcelarios de hoy —muy
impopulares— son uno de los últimos reductos de la critica
antiinstitucional que subyacía a la lógica antipsiquiátrica. El
propio Foucault nos recuerda que «existieron sociedades sincárceles, y no hace mucho tiempo.. . Si consulta los textos de
los pr im eros penalis tas del s iglo xtx podrá com probar que
i3 Una teoría muy sofisticada de yo sucesivo aparece en los escriios de jon
E lster , en pa rtic ula r en E^oaom-ics (B arce lona . G edisa, 1997) y Psicología
política ( Bar celo n a. G ed is a. 1 9 9 B) . H e cr i t icad o es te m o d elo d e la id en t i
d a d p e r s o n a l e n G . R c n d u e l e s , Egolatría, O v i ed o . K R K . 2 0 0 5 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 59/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 5 9
comenzaban siempre su capitulo sobre las cárceles diciendo
"la pri sió n es un a pena nueva que era desconocida todavía en
el s iglo pasado"» ' ' ' . E s im portante señalar la novedad que
supuso hace dos siglos la aparición del encierro como forma
de castigo y rehabilitación, porq ue ayuda a po ne r en en tre di
cho el escep ticism o q ue suscita la posibilidad de su final. E l
primer efecto de la integración en un sistema punitivo es la
natural ización y la invis ibi l idad de la conducta represiva.
Pero tal vez quepa desarrollar una cultura antipunitiva consciente de su carácter minoritario y basada en la «reparación
del daño, el dialogo, la responsabilidad solidaria y c[ue busque
la paz so ci al » ' ' . R econozco ab ier tam ente que la cita suena a
retórica utopista, pero no está ni mucho menos claro que la
dis topía del encaicelam iento generalizado sea un a al ternati
va más sensata.
L A LOCURA D E I . P O R V K N I R
El n uevo terr itor io de la locura es a la vez exten so y trivial. D e
u n l a d o , i n c l u y e c u a l q u i e r c o n d u c t a h u m a n a q u e i m p l i q u e
sufr im iento propio o ajeno: las ciencias de la m ente se hanconvertido en bálsamos de Fierabrás que pretenden aliviar el
d o l o r d e c u a l q u i e r d e s g r a c i a , m i e n t r a s n u e v o s s í n d r o m e s ,
14 M . F o u c au l t, « P r i s i o n e s y m o t i n e s e n la s p r i s i o n e s » , enE.^trategias de
poder, up. c t t . . p . 166.
15 C i tado e n A A . V V .. «P r op ue s ta s a l te r n a t iv a s» . P a nóptic o, núr a . 1 , a o oi , p .
] o 6 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 60/145
6 0 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
com o el «trasto rno por angustia general izada», nos convier
ten a todos en firmes candidatos al tratamiento psiquiátrico.
De otro lado, se priva a esas quejas del poder explicativo que
la psiquiatría clásica atribuía a la locura: antes, los trastornos
mentales tenían asociado un rico universo discursivo que, en
ocasiones —es el caso de H old erb n o Van Gogh—, se ad entrab a
de lleno en el terreno de la genialidad.
Este contexto epi.stemológico ha dado pie a estrategias terapéuticas cuya escandalosa desmesura genera dilemas éticos
que la literatura especiaüzada soslaya sin miramientos. Así, la
pretensión de que se puede modiücar farmacológicamente el
hum or depresivo obliga a plantearse en qué m om ento es
conveniente «c ur ar » el duelo de una m adre por la m u erte de
su hijo. En última instancia, se trata de un nuevo intento de
sustituirla virtud de laprxidencia por recetas pcsudocicntifi
cas que pre ten de n resolverlas irreductibles aporías delibera
tivas de la conducta humana no sujeta a leyes. Evidentemente,
esta im postura t iene una larga his tor ia que se rem onta al
me nos a la i lustración sofística ate nie nse y que resurgió con
fuerza en las cortes del B arroco, cuand o el precep tista de co n
ducta sustituyó al antiguo maestro moral en un mundo socialtornadizo que obligaba al individuo a organizar su vida como
una sucesión de movimientos tácticos y enm ascaram ientos .
] 6 M ar av all h a s u b r ay a d o el p ap e l (if G r aeián en es le p r o ce,s o : J . A n to n io
M aravall./líiíi^^iO ,sr7no(í( 77io,s. M ad rid . S ocie dad de E studio.sy Pul)liea('io
nes. 1966.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 61/145
V I E J O S Y N U E V O S L O C O S. ¿R E N E G A R D E F O U C A U L T ? 6 1
La psiquiatría ha heredado esta l 'uncíón de guía individual en
una sociedad de riesgos en la que hay que ren un cia r a la co n
tinuidad vital con la que se hila el tejido social para acudir allídonde ordene esa catástrofe l lam ada econom ía. E n es ta
sociedad líquida el campo psiquiátrico se ofrece como la ver
sión profesional del mundo familiar arrasado por el mercado.
En el consultorio, el individuo atribulado encontrará (eso sí,
pagando) los vínculos serenos, el afecto incondicional , la
escuítha empática y el consejo sabio que antaño recibía de¡úgúnphrónimos.
T ípicam ente el int im ism o individualis ta que dom ínala ideo-
logia psicológica elude una situación central de la vida huma
na que apenas Maclntyre se ha ocupado de subrayar: en algún
m om ento la calamidad no s alcanzará y serem os de pen dien tes
de los dem ás ' . L as calles de M adrid prop orc iona n un ejem
plo patético: miles de ancianos pasea n aco m paña dos de jóve
nes inm igrantes que les ofrecen cuidados y conversación
m ercenaria. E l los serán quienes cierren sus ojos cuando
m uera n, si previam ente no los engulle el asilo. Pero, antes del
final, deberán afrontar las crisis vitales en soledad o en
m odesta y pasajera com pañía, lejos ya de aquellos gruposnaturales cuyas narraciones colectivas permitían sobrellevar
las adve rsidades. L as inteiv enc ione s cada vez má s frecuentes
de los psicólogos en todo tipo de desastres dejan patente la
falsa prom esa del consuelo profesional . Los terapeutas que
17 A . Miíclnijre, Animales racionóles y dependientes, B ar celo n a. Paid ó s , 2 0 0 1 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 62/145
6 2 G U I LL E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
afirman que poseen técnicas para al iviar el dolor que causa el
fallecimiento de un familiar simplemente mienten. Ese dolor
sólo lo experim eotany. a ser posible, lo com parten quienest a m b i é n c o m p a r t i e r o n s u v i d a y , p o r t a n t o , p i e r d e n c o n s u
m uerte. N o se puede n i se debe m ante ner la fantasia dem agó
gica, propagada por ideólogos com o C uid de ns, de que es
posible vivir instalado en el egoísmo emo cional y el m aqu ia
velismo social porque cuando la desventura nos alcance dis
p o n d r e m o s d e a y u d a p r o f e s i o n a l . E s p r e c i s o , a l m e n o s ,arrumbar las ilusiones y asumir la tristeza de este porveni r.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 63/145
COLOQUIO
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 64/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 65/145
PÚBLICO: ¿No choca la posición sociológica y constructivista de
Foucault con los descubrimientos biológicos recientes acerca de los
neurotransmisores o los genes de la depresión? Por ejemplo, se ha
probado que una mala distribución de la serotonina produce
depresión...
CuTi.LEBMO RE NDUE LE S: E n m i opinión, son discursos que ni
siquiera se rozan. Creo recordar que en algún capitulo de La
historia de la locura se menciona la búsqueda de la «piedra dela locura», de la organicidad de los t ras tornos m entales . La
reflexión de Foucault no es favorable ni desfavorable al origen
genético de la locura, no habla de las causas biológicas de la
enferm edad s ino de su tratam iento, de cóm o nuestra socie
dad gestiona las anom alías, con indepe nde ncia de qué sea eso
a lo que llamamos esquizofrenia o depresión. Por ejemplo, en
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 66/145
6 6 G U IL L E R M O R E N D U E L E S O L M E D O
l a E d a d M e d i a l o s l o c o s i n l e r a c c i o n a b a n c o n e l r e s t o d e l a
g e n t e : c o n v i v í a n e n s u s c i u d a d e s , i n l e i v e r u a n e n l o s e a r n a v a
l e s . . . C u a n d o s e c a n s a b a n d e e l l o s l o s m e t í a n e n la stullífe.ra
n o c í s , p o r q u e d e c í a n q u e e l a i r e d e l o s r í o s l e s r e s u l t a b a m u y
b e n e f i c i o s o , y l o s r e c i b í a n e n o t r a c i u d a d . Er\ a l g u n a s é p o c a s
la r a z ó n y la s i n r a z ó n h a n c o n v i v i d o m e j o r ( ]u e e n o t r a s . F o u -
e a u l t p o n e a l d e s c u b i e r t o e l t i p o d e p o d e r q u e o c u l t a n l o s
m o d e l o s p s i q u i á t r i c o s . E l c o n t r o l d e l o s l o c o s c r e a u n a s e r i e
d e e s t r u e t u i ' a s q u e n o s h a c e n s i e r v o s a t o d o s . D e a l g ú n m o d o ,e l e n c i e r r o d e l o s l o c o s h a s e i v i d o d e ( e n s a y o d e c i ( - r l a s f o r m a s
d e p o d e r p a n ó p t i c o y p a . s t o r a l .
E n c u a n t o a l o d e s i s e h a d e m o s t r a d o o n o ( p i e l a s e r o t o n i
n a p u e d e p r o d u c i r d e p r e s i ó n , m e p a r e c e u n t e m a , c u a n d o
m e n o s , p e l i g r o s o . M á s d e u n a v e z h e h a b l a d o a c e i ' c a d e l l i b r o
d e r e s u l t a d o s s o b r e e l t r a t a m i e n t o d e l a l o c u r a d e l l l o s p i l a l
P s i q u i á t r i c o d e G i e m p o z u e l o s . E n é l s e d e s c r i b e c o m o u n
g r a n l o g r o q u e , e n i r e l o s a ñ o s c i n c u e n t a y s e s e n l a , c r e y e n d o
h a b e r e n c o n t r a d o l o s c i r c u i t o s d e l a l o c u r a , s e h i c i e r a n a l r e
d e d o r d e s e s e n t a l o b o t o m í a s a e n f e r m a s d e a l l í. F 'o uc au lt
e s t a r í a e n c o n t r a , n o d e l a b ú s q u e d a b i o l ó g i c a d e l o r i g e n d e l a
l o c u r a — l o c u a l s e r í a a b s u r d o s i n o d e la p r e c i p i t a c i ó n e n e lu s o d e u n o s t r a t a m i e n t o s q u e , s i n e s t a r p r o b a d o s . S<Í a p l i c a n
e n f u n c i ó n d e la i d e o l o g í a d o m i n a n t e o d ( ' l os i n l e r e s c s d e l o s
lobbies f a r m a c é u t i c o s .
P : ha subrayado, creo que acerladainenle. el conlrasle enlre la
situación actixoí r el ambienle favorable a la transformación, de
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 67/145
67
los hospitales psiquiátricos de los años sesenta. ¿Por qué se ha
abandonado la lucha por abolir las instituciones totales y crear
otras más democráticas? ¿Por qué las cárceles ya no preocupan a
la gente?
G R: C reo que se ha dado un doble proceso. Por un lado ha
tr iunfado la idea del panóptico vacio, una extraña dis topía
que se caracteriza por la percepción, absolutamente falsa, de
que en el centro del panóptico no hay nad ie, nin gú n he rm an ovigilante, de que el poder es una cosa difusa y la pobreza un
estado fluido del que se sale y se entra. Ni siquiera nos ha
que dad o el discurso w eberiano acerca de la administraciÓQ .
L o q u e a h o r a l l a m a m o s capitalismo líquido c o n s i s t e b á s i c a
m ente en la aceptación de que es im posible la res is tencia
frontal en el mundo del trabajo.
E sta difum ínación de la percepción del poder t iene que ver
c o n s u c o m p r e n s i ó n e n t é r m i n o s i n t i m i s t a s . S i e l p r i m e r
gran éxito del capitalismo fue la trasformación de los hom
bres en fuerza de trabajo, el segundo ha sido la creación de
form as de individualización tan radicales que nos hacen
pensar que el capital ism o no exis te: com o señaló Marx, lasestructuras de explotación sólo son perceptibles desde una
óptica colectiva. La idea de comunidad en unos casos se ha
roto y en otro s se ha exacerbado hasta co nvertirse en las típi
cas hipertrofias nacionalis tas . C reo que habria que intentar
recre ar las rede s de reciprocidad , pe ro desde muy abajo y con
suma parsimonia. Existe una necesidad urgente de introducir
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 68/145
GUILLERMO RENDUELES OLMEDO
de nuevo noc iones tan sencillas como la idea de bie n com ún,
votar, por e j e m p l o , no en función de « m i s » i n t e r e se s , si n o
de alguna clase de «nosotros». Se trata, en definitiva, devol
ver a ser sensib les a una cierta idea de com unidad .
E n c u a n t o a la abolición de l os m a n i c o m i o s , en mi o p i n i ó n
fue algo que se hizo de m a n e r a m u y v o l u n t a r i s ta . L a o p i n i ó n
pública más bien mostró un fuerte rechazo a es tas t ransfor
maciones. Los vecinos de los lugares donde colocabas un pisop r o t e g i d o o c r e a b a s una c o m u n i d a d t e r a p é u t i c a no solían
m o s t r a r u n a g r a n s o l i d a r i d a d , más bien al contrar io, sol ían
opone rse tajantem ente a la presen cia de enferm o s m e ntales .
L o que q u i e r o d e c i r es que en n i n g ú n c a s o p u e d e p e n s a r s e
q u e a q u e l l a s t r a n s f o r m a c i o n e s f u e r o n el r e s u l t a d o de un
m ovim iento espontáneo, requir ieron un i n te n s o c o m p r o m i
so por p a r t e de dis t intos grupos de liberación. Por ejemplo,
fue m uy im portante el trabajo de la A s o c ia c ió n E s p a ñ o la de
Neuropsjquiatría, cuyo presidente, Mariano Hernández, está
aquí presente ypuede hablar de es to m ucho m ejor quejo. . .
M A R I A N O H E R N Á N D E Z : S Í , probablemente sea cierto que el
voluntarismo jugó un papel muy imp ortan te. De todos mo dos,no hay que olvidar la particula r s ituación política, social y cul
tural que vivía el país . La exis tencia del m a nico m io se había
convertido en un escándalo, una caricatura de la negación y el
absoluto avasallam iento de d e r e c h o s h u m a n o s que padecía
buena parle de la población. Probablem ente ese elem ento de
disparate encendió los ánim os transform adores de las ins t í -
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 69/145
COLOQUIO 5 9
tuciones totales que, a su vez, eng ranaro n bien con un discu r
so de crítica social. No obstante, es cierto que estos procesos
han tenido un dudoso calado en el tejido social. Los cambios
q u e s e h a n p r o d u c i d o d e s p u é s h a n p u e s t o e n t e l a d e j u i c i o
m uchas de las pretensiones que m anejábam os, com o el fun
damento de la salud mental comunitaria. La búsqueda de una
alternativa a las inst i tuciones por parte de la psiquiatr ía
com unitar ia choca con una real idad en la que la com unidad
p a r e c e h a b e r s e e v a p o r a d o . D e h e c h o , l a p s i q u i a t r í a p a r e c ededicarse en buena medida a ofrecer sucedáneos de respues
tas com unitaria s. E l tejido social vive en la irresp ons abilid ad
po r lo que toca a las con dicion es de vida de las pe rso na s que
padece n una enferm edad m en tal o que, sencil lam en te, viven
en una s con diciones p recarias. Por otro lado, es cierto que las
fórmulas de reconstrucción social de la vida de las personas
afectadas por una enferm edad m ental grave, esas ar tesanías
de reconstrucción, es tán s iendo poco exitosas . Las posibil i
dades reales de que las personas con tras tornos severos
logren llevar una vida gratay digna son casi anecdóticas.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 70/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 71/145
C O M U N I D A D C Í V I C A Y M A G I S T R A T U R A S O C I A L :
D O S R E S P U E S T A S A L A C R I S I S U R B A N A
J a c q u e s D o n z e l o t
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 72/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 73/145
Michel Foucault ha sido el autor más importante para mi, el
m ás decis ivo, aunque no pueda presentarm e com o discípulo
suyo. Mi relación con F oucault se podria i lustrar m ediante
una im agen procedente de la navegación espacial : las naves
que se envían a planetas m uy lejanos se acercan prim ero a
otros astros para tomar impulso, lo que implica un alejamien
to inicial de su objetivo. Del mismo modo, para aprovechar la
fuerza de impulso de algunos autores es preciso perder el
m iedo a sentirse fuertem ente atraído por el los y, al m ism otiempo, no estar demasiado interesado por eí poder que ejer
cen sobre los que giran a su alrededor, esto es, sus discípulos
satelizados incapaces de escapar de su influencia o avanzar
por sí mismos. Por lo tanto, no soy un discípulo de Foucault,
algo que también le debo a él, que nunca me invitó a serlo.
Deleuze decía, a propósito de alguien cuyo nombre no revela-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 74/145
7 4 JACQUES DONZELOT
r é , « s i t i e n e d i s c í p u l o s q u e s e fa stid ie , s e lo t i e n e m e r e c i d o » .
A s í , p u e s , s i h e u t i l i z a d o a F o u c a u l t e s p o r q u e m e h e s e n l i d o
l l a m a d o , i n f l u e n c i a d o , a t r a í d o p o r é l . Y lo h e u t il i z a d o c o m o
l ' u e r z a d e p r o p u l s i ó n p a r a u n } ) r i : r o e r l i b r o q u e m á s a d e l a n t e
m e o f r e c i ó un nuevo i m p u J s o . . . y asi hasta e l Ihuil. cuando
c a d a v e z q u e d a n m e n o s l ' u e r z a s y u n o s e p i e r d e f u e r a d e l s i s
t e m a s o l a r , d e l s i s t e m a i l u m i n a d o p o r l a s i d e a s , c u a n d o y a n o
s e t i e n e n a d a m á s q u e d e c i r , c u a n d o s e a l c a n z a l a i n v i s i b i l i
d a d . I l a c e r s í í i m p t u - c e p t i h l c : é s l e ( i r a , p r c í ' i s a r n e n i e , e l s u e ñ od e D e l e u z c . P e r o l o q u e m i ; g u s t a r l a h a c e r a e o n t i m . i a c i ó n e s
r e c u p e r a r a l g u n a i d e a s d e u n o b i e t o a ú n r e l a t i v a m e n t e p e r
c e p t i b l e - m i ú l t i m o l i b r o , l'hire sociél.e. bi, pulitique de la v ílle
auxElals-Unisel,enFranee quí; i n t e r [ ) e l a a M i c h e l F o u c a u l l d e
f o r m a d i r e c t a y e n e l q u e c o m p a r o l a s r e s p u e s t a s c s t a d o u n i
d e n s e y f r a n ce s a a la c r i s i s u r b a n a i n t e n t a n d o d e m o s t r a r (pjtí
s e s i t ú a n e n p o s i c i o n e s d i a m e t r ' a l m e n t c o p u c ^ s l a s .
A c o n t i n u a c i ó n t r a t a r é d e e x p o n e r d e u n a m a n e r a l o l a l m e t ú e
e s q u e m á t i c a e l s i g n i f i c a d o d e e s t a o p o s i c i ó n t a n t o e n l o r e l a
t i v o a s u s c a u s a s c o m o a l o s r e t o s ( p ie p l a n t e a e n (• a c t u a l c o n -
t e x t o d e g l o b a l i z a c i ó n e c o n ó m i c a , c o n e l o b j e t o d e s a c a r
c o n c l u s i o n e s r e l a t i v a s a l a r e f o r m a d e l a s p o l í t i c a s d e i n t e g r a
c i ó n s o c i a l e n e l marco europeo. Dado q u e e n España apenas
p a d e c e e s t o s p r o b l e m a s a l o s q u e m e v o y a r e l e r i r , t e n g o q u e
c o m e n z a r p o r d e f i n i r lo q u e h e d e n o m i n a d o « c r i s i s u r b a n a » .
P a s a r é a m o s t r a r , e n s e g u n d o l u g a r , q u e e x f s t e u n a p o s i b i l i d a d
d e c o m p a r a c i ó n , u n o s p u n t o s c o m u n e s e n t ^ e l a c r i s i s u r b a n a
e s t a d o u n i d e n s e y l a e u r o p e a ; e n i e r i - e r l u g a r , t r a t a r é d e e a r a c -
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 75/145
C O M U N I D A D C Í V I C A Y M A G I S T R A T U R A S O C I A L 75
ter izar am bas respuestas a la cris is y, por úl t im o, i n t e n t a r é
explicar qué provecho cabría sacar de esta comparación.
L A CRISIS URBANA
E n prim er lugar , ¿por qué hablar de cr is is urbana en vez de
hablar de crisis social? La expresión «crisis social» está aso
ciada a la idea de c o n f l i c t o , p r i n c i p a l m e n t e en el espaciolaboral, de modo que la ciudad queda relegada a un segundo
plano. La noción de «cuestión social» rem ite esencialm ente
al fordismo, una forma de organización del trabajo articulada
en torno a las grandes fábricas y desde la que aprendim os a
leer la ciudad . A lgunos sociólogos urba no s de la década de
i 9 6 0 d e c í a n q u e la ciudad éra la proyec ción espacial de las
relaciones sociales. La ciudad se pensab a desde la emp resa y,
así, se analizaba principalmente como la forma de distribuir
en torno a la l'ábrica a ob rero s, em plead os y cua dros a fin de
o b t e n e r la m ayor explotación posible. En e s t e s e n t i d o , el
tema de la ciudad sólo era derivado, secundario.
Y esto ha sido a sí ha sta el te rc er cua rto del siglo xx. Po r esocreo que es prel 'er ible usar el térm ino «cris is urbana» para
hablar de los prob lem as de la sociedad, ya que perm ite de s
c r i b i r u n f e n ó m e n o r a d i c a l m e n t e n u e v o : la s u s t i t u c i ó n del
conll icto por una nueva lógica de la separación. Ya no hay
enfrentamientos sociales de importancia. Los conflictos han
dejado de m arcar la vida social y ha n sido reem plazad os p ro -
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 76/145
7 6 J A C Q U E S D O N Z E L O T
gresiva y lentam ente por la ruptura. T anto en F rancia com o en
Inglaterra es ta t ransform ación se produce com o consecuen
cia de un do ble m ovim iento.
En primer lugar, existe un proceso de deportación a las peri
ferias de las ciudades de los marginados de la sociedad, los
excluidos, los descalificados que viven en eso que en Francia
se llama «espacios de relegación». Este movimiento se com
plementa con la huida de estos lugares de aquellos a quienesles resulta posible, a fin de evitar cualquier promiscuidad con
esta parte de la sociedad formada por minorías étnicas turbu
len tas qxie se cons ide ran perjudiciales para la seguridad de la
gen te y, sob re tod o, para la escolarización de los hijos. D e este
modo, las clases medias e incluso las ciases populares con un
salario medio se alejan de estas zonas urbanas. El resultado es
una separación, una barrera invisible, un espacio intercalado
que se percib e c laram ente cuando se atraviesa.
La segunda forma de separación quizá se haya comenzado a
notar en Madrid: tiene lugar en el centro de la ciudad, un cen
tro demasiado caro para las clases medias, gentñficado y cada
vez m ás habitado por hiperejecutivos y m iem bros de profesiones intelectuales superiores, a quienes conviene la proxi
midad de los centros de decisión y el acceso a los prin cipa les
servicios de las em pre sas —que se en cu ent ran en los ce ntros
1 N eologismo proc ede nte del verbo inglésgentñfy que designa el proceso de
renovación o mejora de una casa o un barr io para adecuarlo a los gustos de
las clases acom oda das (N . de la T .) .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 77/145
C O M U N ID A D C ÍV IC A Y M A G IS T R A T U R A S O C I A L 77
d e l as g r a n d e s c i u d a d e s - y a t o d o u n u r b a n i s m o d e c a l id a d .
Porque la ciudad es, qué duda cabe, el producto más deseable
sobre la faz de la tierra. Parece normal, en consecuencia, que
los más privilegiados por el proceso de globalización disfruten
de lo mejor. M ientras tanto , las clases me días qu e no e stán a
la altura de los precio s de la vivienda son len tam en te de po rta
das hacia las perifer ias urbanas. D ebido a e s t a r u p t u r a , las
clases m edias y las clases pop ulares , lo que en F rancia de no
m i n a m o s « p o b l a c i ó n de souche»'. esto es, los blanc os, estáncada vez más tenta do s de votar a las opciones extrem as; e xtre
m a derecha, com o los l e p e n i s t a s , p e r o t a m b i é n e x t r e m a
izquierda, como los s e g u i d o r e s de A r l e tt e L a g ui ll é y otros
izquierdistas radicales, movidos por una especie de despecho,
por el sen tim iento de haber sido olvidados.
Las dos categorías de población que rodean las clases medias
—por un lado, los que re pre sen tan la globalización desde aba
jo procedentes de los países pobresy, por otro, los que repre
sentan la globalización desd e arriba y se desplazan a los países
más ricos— viven un proceso de despolitización, porque los
pará m etros con los que valoran su nivel de vida no pe rte ne
cen al lugar en el que habita n. U na perso na originaria de M alíque se ha ido a vivir a Francia juzga lo que gana en F r a n c i a
según lo que hubiera ganado en M alí. U n investigador—o un
hiperejecutivo—valora su salar io com parándolo con el que
podria pe rcibir e n E E U U . A si pues, es ta gente no se rem ite a
2, Franceses autóctonos (N. de la t .)-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 78/145
7 8 J A C Q U E S D O N Z E L O T
la sociedad de pertenencia a la hora de estimar su valor en el
m undo, lo que vale en com paración con los dem ás. E n es te
sentido, para esa clase media cada vez más extensa, olvidada y
c r i s p a d a , e s e s e g m e n t o a t r a p a d o e n t r e a m b a s d i m e n s i o n e s
de la globalización, ya no se trata de construir lo social. El
p r o b l e m a c o n s i s t e m á s b i e n en hacer sociedad, es decir, en
hacer que es tas t res partes com pongan un todo para que la
ciudad deje de ser un conjunto envías de disociación y se
convierta en una llave del mundo. Es lo menos que se puedeped i r en la época de la global ización. E n este se nt id o, la cues
tión que planteo quizá se adelante un poco a su época, sobre
todo esp ero o, m ejor dicho , creo—en el caso de E spaña .
F K A N C I A Y E S T A D O S U N IDOS
La segunda cuestión es si esta crisis urbana es similar a la de
Estados Unidos, el pais de los guetos, el territorio de ese
nuído de vida suburbano que se es tá im poniendo en buena
parte del mundo. La mayoria de los estadounidenses viven en
las afueras, en lo que en l 'Vancia se conoce como «áreas
periurbanas». S in em bargo, al m enos por ¡o que loca a laintensidad de los prob lem as, no se pued e hablar de sim ilitud
e n t r e l a s i t u a c i ó n e s t a d o u n i d e n s e y l a e u r o p e a . P e n s e m o s ,
por ejemplo, en el número de muertos que se produjeron en
las revueltas afroamericanas de la década de i 9 6 0 . Si se com
para con los disturbios en las periferias francesas, el resulta
do es (fue en Francia ha habido tantos coches quemados como
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 79/145
C O M U N I D A D C ÍV IC A Y M A G I S TR A T U R A S O C I A L 7 9
negros muertos en Estados Unidos, lo que da una idea de la
desproporción en la intensidad de los problemas.
En cambio, no existe ninguna diferencia en lo relativo a la
naturaleza d e la población que crea problem as en estas revuel
tas. E n Francia se ha intentad o fingir durante bastan te tiempo
que sólo había problem as sociales . E s decir , los es tadouni
denses lenian problem as raciales debido a su racism o, pero
los franceses, como no somos racistas, sólo tem am os pro ble mas sociales que sabíamos resolver mediante el estado social.
Muchos sociólogos han insistido en ello, mientras en la tele
visión ¡que extraño - sólo veíamos rostros m agre bies en las
revueltas. Para leferirse a ellos se usaban eufemismos como
<<los franceses procíxlentes de la inmigración reciente». En
Francia no se podía llamar magrebí aun magrebi, ni negro a
un negro, ni árabe a un árabe. Hasta que llegó un momento en
el que los árabes se cansaron de que no se les llamara ára bes y
de(]ue nose les respetara como a tales y se pusieron un velo en
el rostro para que se les reconociese. Esto causó graves pro
b l e m a s y se hizo una ley para prohibirlo. Pero no estamos del
todo satisfechos con esta ley, no nos sentimos a gusto con el
velo. Estamos muy i ncóm odos porque ahora hem os eom pren -dido que tenemos un problema étnico. Se trata de las «mino
rías visibles», que es un concepto creado porun magrebí, el
único magrebí que dirige una empresa en Francia.
Así pues, parece que pese a no ser racistas —algo que habria
que com probar- s i que tenem os un problem a racial . E xis te,
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 80/145
8 0 J A C Q U E S D O N Z E L O T
p o r lo tanto , un a homología en tre E stados U nidos y Francia, o
entre Estados Unidos y los países europeos en general (quizá
en España aún esto no sea exactamente igual, pero todo llega
rá) . La misma trilogía, la misma tripartición que se está pro
duciendo en las ciudades europeas, la encontram os en las
c i u d a d e s d e E s t a d o s U n i d o s . H a y u n n o t a b l e p a r a l e l i s m o
entre los downtowns y nuestro París que se arislocratiza y se
p o n e p o r l a s n u b e s , e n t r e n u e s t r a s á r e a s p e r i u r b a n a s y l o s
suburbios estadounidenses, entre los guetos negros o latinosde E stados U nidos y nuestra ciudades de relegación, en las
que encontram os, s i nos atrevem os a verla, casi la m ism a
concentración de minorías étnicas. En definitiva, esta tripar
tición existe y tiene un sentido.- nos muestra en qué se con
vierte una sociedad en el marco de la globalización. En este
marco, una sociedad se siente en cierto modo asfixiada, ame
nazada, y se pone a la defensiva al sentirse descstabílizada
tanto por arriba como por abajo, por lo que llega desde abajo
y lo que se va desde arr iba. E xis te un sentim iento de gran
intranquil idad. De tal forma que aunque las desigualdades no
aumenten, la gente tiene la certidumbre de que sí lo hacen. Y
t ienen razón, porque aunque no lo hagan en térm inos de
ingresos, lo hacen en términos de distancia social.
I A S R F S PU E S IA S A I A C K I S IS
S i me decidí por F rancia a la hora de comparar la situación de
las ciudades estado unide nses y europeas fue, en bu ena m ed i-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 81/145
C O M U N I D A D C Í V IC A Y M A G IS T R A T U R A S O C I A L 8 1
da, porque Francia y E stados U nidos son las dos nacion es del
m u ndo que m ás presum en de defender un discurso de alcan
ce universal . Merecía la pena com parar las posturas de las
n a c i o n e s c o n m a y o r e s p r e t e n s i o n e s d e a b a n d e r a r d i s c u r s o s
universalistas en el momento en el que la historia del mundo
se unifica, en la época de la globalización.
S i com param os las polí t icas em prendidas en F rancia y E sta
dos Unidos para afrontar esta crisis urbana, encontramos unsistema de respuesta bien conocido: en Francia una respuesta
social y en E stados U nidos una respuesta com unitar is ta.
C om unitar ís ta —un térm ino que en F rancia se inte rpr eta de
forma peyorativa, como una monstruosa regresión—, en el
sentido de que se estaría reenv iando a la gente a sus c om un i
dades de pertenencia étnica para la resolución de sus proble
m as sociales : problem as laborales , de seguridad, etc. Los
franceses consideran que esta respuesta comunitarista esta
dounidense guarda relación con una forma regresiva de per
tenencia social e identidad, es decir , e l que es negro tendrá
problemas de negro y, por lo tanto, ha de irse a resolverlos con
los negros. E n cam bio, en F rancia se es tar ía buscando una
solución social, esto es, una respuesta por parte de un Estadoque protegerla a los individuos y, adem ás, los ema ncipa ría de
la opresión de su pertenencia de origen, los liberaría de sus
agregaciones étnicas caracterizadas por el retraso y el oscu
rantism o. E sto explícala vis ión m aniquea y t ranquil izadora
que se tiene en Francia en lo relativo a las respuestas legítimas
a la crisis urbana. Tranquilizadora porque una vez que se ha
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 82/145
8 2 JACQUES DONZELOT
erigido a los Estados Unidos en el diablo -que es lo que repre
senta para I rán, por ejem plo- y una vez que F rancia es con
vertida, no tanto en el Dios bondadoso, pero si en su sustituto
—la R epública - la cuestión queda rápida y l'ácilmente zanjada.
Precisaré, antes de continuar , que pese a los grandes servi
cios prestados en el pasado, no me gusta Estados Unidos, en
el sentido de que es un pais donde no hay seguridad soeial y
d o n d e i n g r e s a d e m a s i a d a g e n t e e n p r i s i ó n , u n p a i s q u eencab eza g'uerras por causas t 'recu en tem ent( ' po co clara s y
nada desinteresadas. No ob.stante, me gustaría ir más allá de
esta visión maniquea de la relación de la sociedad estadou
nidense con los emigrantes, los excluidosy los pobres. No se
trata tam poco de bosquejar un cuadro inverso de la s i tua
ción, pero s í de hacer hinc ap ié en lo que A nne W yvekens,
C a t h e r i n e M év el y y o m i s m o p u d i m o s o b s e r v a r d u r a n t e l a
realización de una ser ie de encuestas real izadas en cier to
nú m ero de ciudade s de E stados U nidos. Yo partía más bien
de prejuicios muy negativos con respecto a la política de
Estados Unidos en este ámbito, pero volví de allí con un sen
t im iento un poco dis t into y, sobre lodo, con la capacidad
p a r a d i s t a n c i a r m e d e n u e s t r a s c e r t i d u m i ) r e s e u r o p e a s e nesta materia. En efecto, en Estados U nidos se juega la baza de
la com unidad s in convert ir la en un f in, usándola com o
m edio . El individuo no está al servicio de la comu nidad , sino
que la comunidad pasa a ser un medio en manos del indivi
d u o , una herram ienta de crecim iento del poder colectivo e
individual, del poder de desarrollar la movilidad.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 83/145
C O M U N ID A D C ÍV IC A Y M A G I ST R A T U R A S O C I A L 8 3
En cambio, cuando Francia apuesta por lo social y lleva a cabo
-desde hace ya m ás de veinte años— una estrategia l lam ada
«poli tica ur ba na », lo hace de una m an era encam inada a re s
taura r la autoridad del E stado y de las instituc ion es sobre los
individuos y las minorías visibles que viven en las periferias,
en los baiT ios de viviendas sociales , y no dir igida a p erm itir
les salir de ellas, a atravesar sus barreras. Es cierto que en
Estados Unidos se llama comunidad a cualquier cosa, que éste
es un concepto difuso que puede designar cualquier forma depertenencia —un grupo de jugadores de poker , un grupo de
lesbianas, de negros—y, en este sentido, Estados Unidos no
es más que una comunidad de comunidades. Pero en lo que
respecta a las políticas que se han desarrollado en materia de
exclusión, en relación a los guetos, a la cuestión de las mino
rías étnicas, el concepto de comunidad que se maneja es el de
una com unidad cívica or ientada civicam ente. S e t rata de
otorgar a la comunidad la fuerza politica necesaria para que
los individuos adquiei'an confianza en sí mismos. En Francia,
s in em bargo —y e.sto es lo que pretendo demostrar—, el con
cepto que se utiliza es más bien el de m,agistratura social. U ti
lizo (;l concep to de m agistratu ra en el sentido de auto ridad : lo
social estaría en realidad al servicio de la autoridad y no alservicio de la em ancipa ción. Hay un sistem a de institucio nes
3 D onzc lol usa Ui rxpi't'sj(')ii «cites d habitat social». h ar r io s q u e t ien e n u n a
g r an eo n cen lr ació n t ie ilLM {Hahiiationá /.oyerM oderé), ea de cir , y.onas de
viviendas de proleceiíin social otorgadas por los ayuntamientos y lo s s er -
vi( ' ios sociales eon un gran porcenlaje de población de origen extranjero
( N . d e l a T , ) .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 84/145
8 4 J A C Q U E S D O N Z E L O T
( j u e . t e m e r o s a s d e t o d o l o q u e l e s p e r t u r b a , o p t a n p o r i n t e n
t a r d i s c i p l i n a r a l a g e n t e : a e s t o l o l l a m a n política de ciuda
danía, p e r o s e t r a t a , s o b r e t o d o , d e u n a p o l í ti c a d e a u t o r i d a d
q u e t r a t a d e s u b s u m i r e l t e j i d o s o c i a l .
ESPACIO IIHIW^O V VÍNCULO S O < ; I A I .
L o s e s t a d o u n i d e n s e s a p e n a s t i e n e n p o l í l i e a s c e n t r a d a s e n e le s p a c i o u r b a n o . H a n r e n u n c i a d o a p r e o c u p a r s e p o r e s ta
c u e s t i ó n d e b i d o a d i s t i n l a s r a z o n e s , e n i r íí o t r a s , d e i n d o l e
p r e s u p u e s t a r i a : s e I r a la d e u n [ )r o b l e m a c a r o y al C o n g r e s o
n o l e r e s u l t a s e n c i l l o o b t e n e r d i r r e r o p a r a r e h a b i l i t a r l o s
g u e t o s y t r a n s f o r m a r l o s e n a q u e l l a s c i u d a d e s m o d e l o s o ñ a
d a s p o r L y n d o n J o h n s o n ( ; n l a d é c a d a d e i 9 6 0 . P e r o , i n c l u s o
e n a q u e l la é p o c a , s i s e s o ñ a b a c o n e n r i q u c c e r y r e c o n s i r u i r
l o s g u e t o s e r a c o n la i d e a d e ( ju e la g e n t e p u d i e r a a t r a v e s a r
s u s b a r r e r a s y s a l i r d e e l l o s . R l o b j e t i v o d i : la g u e r r a c o n t r a l a
p o b r e z a e r a s e n t a r l a b a s e p a r a l u e h a r c o n t r a l a s d i s c r i m i n a
e i o n e s r a c i a l e s , d e h e c h o , l a Civil /?i«/i.[,s/leí se votó práctica
m e n t e a l m i s m o t i e m p o q u e l a s l e y e s o r i e n t a d a s a l u c h a r
c o n t r a l a p o b i e z a . L a ¡ ¡ o l í t i c a e s t a d o u n i d e n s e e n t o r n o a l o sg u e t o s s e b a s a b a e n p o n e r e n m a r c h a a la g e n l e p a r a q u e
. s u p e r ar a n l a s b a r r e r a s q u e b l o q u e a b a n s u s v i d a s . « B a r r e
r a s » e s u n a p a l a b r a r e c u r r e n t e e n s u l e n g u a j e p o l í t i c o : s e
h a b l a d e l a n e c e s i d a d d e a t r a v e s a r l a s b a r r e r a s , d e p e r m i l i r
q u e l a g e n t e s a l g a y s e u n a a l mamslreaní, a la c o r r i e n t e
d o m i n a n t e , q u e s e v a y a a o t r o s l u g a r e s .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 85/145
COMUNIDAD CÍVICA Y MAGISTRATURA SOCIAL 8 5
Por lo que toca al vinculo social, a la relación de pertenencia,
l o s e s t a d o u n i d e n s e s a p u e s t a n p o r l a r e c o n s t r u c c i ó n d e l a
comunidad. En la década de 1970, la imagen de la comunidad
n e g ra e s la d e u na c o m u n i d a d d e s h e c h a , h u n d i d a . R e c o n s
truirla significa hacer de ella una fuerza política propia. El
objet ivo es hacer que es tos barr ios que se han quedado al
margen de la ciudad —disenfranchised—, d e s c o n e c t a d o s d e
ella, y que ha n p erd ido su vigor vuelvan a ad qu irir u na fuerza
y u n p o d e r p r o p i o s .
El esquema utilizado es el de las corporaciones de desarrollo
comunitario, una fórmula de vida asociativa—de asociaciones
sin ánim o de lucro cuyo objet ivo princ ipal es re co ns tru ir
tanto la vida social como la vida política en estos espacios; y
rehacerlas como se construye un poder. Volvemos a Foucault:
en estas iniciativas se entiende el poder como algo que hay
que con stniir . El poder pertenece al ámb ito del hac er y no del
ten er. El pode rea rece de limites : no es algo que se pos ee, algo
limitado que sólo se puede mantener o perder, sino algo que
s i e m p r e e s p o s i b l e c o n s t r u i r , q u e s i e m p r e s e p u e d e u s a r
com o contrapoder f rente al poder es tablecido. E s te es el
m odelo que ha perm itido a sucesivas oleadas de em igrantesh a c e r s e u n h u e c o e n l a s o c i e d a d e s t a d o u n i d e n s e ; n o h a n
arrebatado el poder a otros, sino que han co nstruido un p ode r
propio que les ha dado fuerza dentro de lo ya existente. Se
trata de una conce pción del pode r que rem ite a lo il imitado y
lo construido, un poder que se debe elaborar e im plica un
trabajo cuyo objetivo es hacerse más fuertes, lo que se deno-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 86/145
8 6 J A C Q U E S D O N Z E L O T
m i n a empowerment, esto es, el aumento de la capacidad de
poder del colectivo y de los individuos. Para construir estas
comunidades positivas, los estadounidenses han jugado con
la facultad de conferir a estas asociaciones, a estas corpora
ciones de desarrollo com unitar io, una l ibertad relal iva de
de cisi ón , de p lani ficación de .sus e.spacios de relega ción .
En Francia, en cambio, se vive una situación curiosa. Desde el
úl t im o tercio del s iglo xx, la tendencia caracter ís t icam enteeuropea a conl ' iar al Estado la producción de sociedad se ha
debilitado a causa del abandono de la industria de masas en
favor de una organización postfordista de la producción, que
recurre más a las motivaciones de los individuos que a la
docilidad mecánica. Se lia pasado de los dispositivos d e s t i n a
dos a dom esticar las conductas a las disposi,ciones de los indi
viduos con el f in de favorecer las conductas positivas. Cada
vez somos más consc ientes de los limites del neo solidarism o
con el que Europa ha intentado proporcionar una respuesta a
la crisis urbana. La minoría pobre estima insuficientes estas
políticas dirigidas masa restaurar la autoridad de las institu
c i o n e s q u e a r e s o l v e r l o s p r o b l e m a s q u e plantea la integra
ción de e.stas pob lacion es qu e viven en los llama dos «b ar rio ss e n s i b l e s » .
¿E n qué m edida el m odelo norteam ericano puede ayudarnos
a encontrar una salida a esta crisis? Desde sus inicios, Esta
dos Unidos fue una nación de emigrantes que ha sabido ela-
borar un discurso sobre el arte de formar una sociedad a
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 87/145
C O M U N ID A D C Í V IC A Y M A G I S TR A T U R A S O C IA L 8 7
p a r t i r d e e l e m e n t o s d i v e r s o s s i n r e c u r r i r a u n a a u t o r i d a d
tran sce nd en te y lejana que garantice la protecc ión de los ciu
d a d a n o s . L o s n o r t e a m e r i c a n o s t i e n d e n m á s a c o n f i a r e n l a
gente que a desconfiar de ella y buscan en esta confianza
mutua los resortes para la confianza en uno mismo con el fin
de abrirse camino en el seno de la sociedad.
E n E uropa tam bién exis ten toda una ser ie de barreras —por
usar el vocabulario estadounidense— que obstaculizan la llegada efectiva al m erca do de trab ajo . C uand o la dificultad de
encontrar un empleo aumenta para los jóvenes de los barrios
periféricos de las ciudades, cuando estudiar no palia esta difi
cultad, ¿no es lógico que estos jóvenes se sientan rechazados
y desa rrolíen cierta violencia hacia las institucio nes enc arga
das de servirles de pue nte hacia la sociedad? ¿C ómo d estruí r
esas barreras? Una respuesta habitual es el discurso de la dis
cr im inación posit iva o afjirmative action sobre la que se está
produciendo un gran debate en Francia: ¿seria preciso acor
dar un trato especial, un trato de favor, con el peligro que
conlleva de reforzar el sentim iento de las pequeñas clases
m edia s francesas, d e la población de souche, de ser los olvida
dos de la política? Porqu e esta gente pu ede pe nsa r: si se da untrato de favor a los m agrebies para que tengan un em pleo,
m ientras m i hi jo, que aprobó el haccalauréat hace cinco
a ñ o s , todavía no tiene trabajo. . . , entonces, voto a la extrema
4 E xam en ( |u c s an c io n a el ap r o b ad o de lo s es tu d io s s ec u n d a r io s y q u e lo s
alumnos delxm superar si ( fuiereit cursar estudios superiores (N. de la T.) .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 88/145
8 8 J A C Q U E S D O N Z E L O T
derecha. E s evidente que se t rata de un problem a dif íci l de
resolver tanto técnica como politicamente. Pero lo que no es
aceptable es no hacer nada, que es lo que está ocurriendo en
Francia. Se podría, por ejemplo, exigir que las ciudades die
ran trabajo a los jóvenes de sus barrios -sin hablar específi
cam ente de m agrebíes- , que todas las em presas con fondos
públicos tuvieran que contratar a un porcentaje determ inado
de jóvenes, que estuvieran obligadas a asum ir unos com pro
misos de formación y de contratación con respecto a los jóvenes de sus barr ios . . . S in duda es im posible disociar la
cuestión de la igualdad del problem a del acceso al em pleo.
P er o , a su vez, la preocup ación po r la equidad es inseparable
del interés por dar confianza a quienes en pr incipio t ienen
m e n o r e s p o s i b i l i d a d e s d e s a l i r a d e l a n t e . L o m i s m o o c u r r e
con la revalorización déla confianza como fuente de poder de
la gente. Estas dos preocupaciones forman parte de una cul
tura de la confianza que nos es ajena, pero que debem os
inco rpo rar si que rem os qu e la cohesión social no se aleje cada
vez más de la idea de progreso para terminar convirtiéndose
en la imagen misma de la reacción.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 89/145
COLOQUIO
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 90/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 91/145
PÚBLICO: Tengo la impresión de que su análisis tiene impo rtantes
carencias. En especial, olwia que la sociedad globalizada sigue
siendo piramidal. El capitalismo está cada vez en menos mano s,
las multinacionales imponen sus políticas y cada vez mand an
má.s las industrias a.rm.amentísticas. que acaparan los recursos de
investigación. ¿ Cóm.o ha cemos para salir de este i m p a s s e ? Creo
que ha. eludido un an álisis profundo de por qué las cosas no pue -
den continuar asi. En efecto, o bien se detraen recursos de las cla
ses m.edias para, estas otras capas desfavorecidas o bien hahría quecuestionar la cúpula de la pirámide, las multinacionales explota
doras de recursos, co ntaminadoras del medioambiente, principa
les inversoras de las industrias arm.am,entísticas, etc.
P: Me ha llamado la atención el concepto de comunidad cívica
como un dispositivo que facilita el franqueo de las barreras y per-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 92/145
9 2 J A C Q U E S D O N Z E L O T
mite al individuo avanzar. A mi juicio, no es m ás que una forma
de neutralización dirigida a proporcionar a estos desfavorecidos el
ensimismamiento necesario para no vermds allá. El concepto de
confianza en uno mismo y en los demás que ha funcionado hasta
hace poco, según sus propias palabras, y que ha. podido ser útil en
algún momento, finalmente se ha. demostrado com o una expre
sión del infantilismo estadounidense, jimi pura ficción social.
JACQUES DONZEI.OT: He de d( cir que no me soff)rende el lonode ambas intervenciones. La reacción Jiabilual cuando hablo
de estas cuestiones es negar sin más el problema, sefialarque
la dificubad planteada no es tal porque existen soluciones
para atajarla, soluciones como el Estado social o la lucha eon
tra el gran capitah F^videntemente están ustedes en su dere
cho. No es mi inten ción ado ctrinarles o am ericanizarles. S ólo
pre tend ía an ima rles a reflexionar, decirles que qui/á sus cer
tezas sean muy cómodas para sus cabezas, pero que son poco
útiles para su historia.
P: Eslor de acuerdo en que el prohlejna. fundamental en los barrios
marginales es la falta de Irahajo, ya no estamos en la, época, en que
las fábricas de automóviles podían absorber una, mano de obra. si.ncualificación. Simplem.enle me gustaría recordarle que hay que
echarle un. poco de im.aginación y voluntad polilica, a la, cosa. Por
muy cri,lico que haya que ser con la trayectoria d el partido socia
lista francés, es de fusticia reconocer que hizo una cosa m uy positi
va: crear trescientos mil empleos que respondían a, necesidades de
la sociedad. Hizo emerger toda, una serie d e necesidades que no
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 93/145
C O L O Q U I O 9 3
estaban cubiertas en muchos ámbitos r que fueron financiada s, si
mal no recuerdo, a, la vez por el E stado y por mu chas asociaciones,
que en Francia, constituyen un tejido bastante vivo, aíg'o que, por
cierto, no ha salido a relucir en la comparación entre los modelos
de sociedad francés y estadoun idense.
J D : A SU juicio, el único logro clel partido socialista ÍT\e crear
350.000 empleos para jóvenes. Estos empleos estaban desti
nados a jóve nes d e clase me dia —pues se ped ía el baccalauréaty, prelerentem ente, el bac+s;'—. que debían ejercer de media-
doi'es entre los jóvenes conflictivos de los barrios desfavore
cidos y las instituciones. Con respecto a la utilidad precisa de
estos em pleos, quienes los han desem peñado los han consi
derad o un fracaso en el 8 0 % de los casos. N o es que sea inú til
crear empleo en estos ámbitos, no es que esas necesidade s no
existieran, sino que es extremadamente difícil crear empleos
si n com petencias profesionales, sin m erm ar las prerrogativas
de (úras profesiones. Por ejemplo, había agentes locales de
mediación social que trabajaban en autobuses en los que via
jaban muchos jóvenes y se produ cían altercad os. Pero a estos
jóvenes del bac+2, ¿qué se les podía pedir y con qué poder
contaban?, ¿qué prerrogativas tenían? Ninguna, es decir, lasm ism as que cualqu ier ciud ada no. C uando alguien .subía al
autob ús s in bi l lete y arm an do follón t en ían que de cir le:
«Señor, ¿tendría usted la amabilidad de enseñar su billete al
r ¡ij\ Franfíia, los t'.slüdi().s s up er io re s -se eo in p oQ en d e t r es cielos . El p r im er
cielo co n s is te en d o s añ o s d e es tu d io s g en er ales q u e co i id u een al Ü EU C .
d ip lo m a d e es tu d io s u n iv er s i tar io s g en er ales o h ac + 2 (N . d e laT . ) .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 94/145
9 4 J A C Q U E S D O N Z E L O T
cond uctoi '?». E s decir, se convertían en revisores de autobús.
Pero los revisores t ienen que aprobar un exam en de oposi
ción, forman parte de un cuerpo y pertenecen a un si ndicatoque se opone a que sus competencias pasen a manos de estos
¡ovencitos. Por eso muchas veces estos trabajos han caido en
el ridiculo más absoluto.
E n el m a rco de nue stra invest igación , A nne W yvekens y yo
asis t im os a algunas reuniones de es tos jóvenes, que solíanesperar en un local a que alguien viniera a decirles lo que
t e n í a n q u e h a c e r . M i e n t r a s e s p e r a b a n d a b a n p a t a d a s a l a s
paredes y. en general, mo.straban un gran malestar a causa de
una profesión que no lo era realmente, ¡se parecía tanto al de
los jóvenes con los que tenía n q ue m ediar Por lo tan to, no
creo que la solución consis ta en decir abracadabra y crear
em pleo s in m ás. Para hacer posible que exis tan em pleos de
este tipo hace falta, al m eno s, un p rincip io de realidad. A que
lla gestión fue un fracaso. A sí, pu es , si es lo únic o bu en o q ue
a su juieio hizo la izquierda...
P; A mí si me han parecido interesantes muchos de los análisis
esbozados. Sobre todo en lo que se refiere a la, transposición entre laépoca d e los dispositivos que re^oiíon los cuerpos y la de las dispo ••
siciones que reblan las mentes. Mis dudas tienen que ver con el
e m p o w e r m e n t . Entiendo que hay una- visión d,el e m p o w e r m e n t
que puede ser liberadora tanto en un sentido colectivo corno indi
vidual, pero también m e parece que en todas las tentativas que en
la actualidad se han emprendido en este terreno, lo que realmente
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 95/145
9 5
se está potenciado se limita a la esfera del individuo. Se intenta
crear un individuo más potente, pero tamM én m ás atomizado,
más independiente en el sentido de separado de los dem ás, de las
redes sociales existentes. No sé hasta qué punto la utilización del
empow erment por parte de los grupos discriminados com o forma
de contestación o como forma de acceso al m ercado de trabajo
podría, significar a la larga la. aceptación de ese mercado y de esas
reglas de funcionamiento, es decir, podría llevar a dejar de cues
tionar las desigualdades de base. En el caso d e las mujeres, podríalleva.m,os a ser m ás fuertes, con capacidades individuales mucho
más potentes, pero también a dejar deponer en tela de juicio las
reglas en las que estamos viviendo.
P; Aunque yo también estoy bastante de acuerdo eon lo que ha
e:r;f)uesto Jacques Donzelot. hay una cuestión relativa a la globaliza-
cióny la nueva economía, que me plantea algunos problemas. Creo
que el nuevo modelo sigue coexistiendo con el antiguo. En España,
por ejemplo, el acceso a l trabajo todavía sigue dependiendo mucho
más de las alianzas sociales —de la recomendación, como se suele
deci,r—. que de las capacidades o el empowerment. Es más, tengo la
sensación de que induso la «nueva economía» ha empezado a
conocer sus límites. Por ejemplo, hasta ahora las multinacionalesintentaban, im plantarse en Ch ina, pero cada vez les resulta má s
difícil porque los chinos ya ha.n decidido que van a cobrar más de lo
que solían por los m.ismos trabajos. Así que no sé en qué medida está
claro que vaya a tríunfar esa sociedad red donde la presencia física,
el saber hahlar bien o el saber presentarse adecuadamente se ha
vuelto casi tan importante como el tener conocimientos específicos.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 96/145
9 6 JACQUES DONZELOT
P: Hace algiin tiempo, en una entrevista publicada en Esprit ,
señaíaba que sus análisis actuales de la acción social se basan, en
cierta medida, en un ca.m,bio en su concepción del poder. ¿Qué
cambio es ese? ¿En qué medida le ha ayu dado a imaginar esta
nueva a.rt.iculación de un poder colectivo que se detrae del Estadoy
permite a la comunidad convertirse en un agente social, en un
poder efectivo?
jD : Esloy totalmente de aeuerdo en que, por lo que toca alempowerment, el desafío es comprender que su signilicaeión
fuerte es, sobre todo, colectiva. Limitado a la esfera indivi
dual, el empowerment sólo nos llevaría a una política de
adaptabilidad de la gente, a una racionalización del indivi
dualism o. Lo que voy a decir va a de sen cad en ar una vez más el
prurito an tiamerií 'ano, pero lo cierto es que lo más imp actan
te para mi, lo que le lia dado significación a la herramienta del
empowerment, es observar su sentido concreto elemental, es
decir, político. Me refiero a la inscripción en el censo electo
ral, al hecho de conseguir que la gente se apunte en el censo
electoraly se reúna para comprobarlo. En Francia, en el mar
co de la polit ica urba na -qu e conozco muy bie n po rq ue llevo
participando en ella desde hace veinte año.s—, ningún funcionario, ningom jefe de proyecto ha asumido nunca la labor de
sugerir a la gente que se inscriba en el censo electoral para
explicar los cambios necesarios en el barrio, la falta de servi
cios, etc. Nunca. En Francia la ciudadanía es un deber indivi
dual y no un po de r colectivo. S in emb argo, en E stados U nidos
me han dado una lección de democracia en este sen tido. Por -
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 97/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 98/145
9 8 J A C Q U E S D O N Z E LO T
A s í, p u e s , l a s o c i e d a d r e d m e p u e d e r e s u l t a r t a m b i é n u n p o c o
d e s a g r a d a b l e p o r q u e h a c e e l j u e g o a l g r a n c a p i t a l , e s c i e r t o ,
p e r o e l g r a n c l e r o l a i c o , d e p o s i t a r i o e x c l u s i v o d e l i n t e r é s
g e n e r a l , t a m p o c o m e o f r e c e l a s m a y o r e s g a r a n t í a s . P o r q u e
ú n i c a m e n t e h a b l a p a r a é l y sc)li) s e m u e v e p o r l o s d e m á s i n la
m e d i d a e n q u e e l l o n o s e a n o c i v o p a r a s u s e n t i m i e n t o d e
i m p o r t a n c i a e x c l u s i v a , d e s u p e r i o r i d a d s o b r e l o s d e m á s .
P o r s u p u e s t o , e s c : i e r l o ( | u e h a y g e n t e q u e c o n s i g u e t r a b a j o sg r a c i a s a s u s r e l a c i o n e s s o c i a l e s . P e r o c r e o ( j u e e l o b j e t i v o
d e b e r í a s e r p r o c u r a r q u e l o s p o b i e s t u v i e r a n e s a s m i s m ; i , s v e n
t a j a s d e la s ( ju e d i s f r u t a n q u i e n e s [ ) o s e e n u n c a p i t a l s o c i a l o
r e l a c i o n a l , e s t o e s . q u e l o s p o b r e s p u d i e r a n d i s p o n e r d e u n s i s
t e m a d e v í n c u l o s i n t e r n o y e x t e r n o . E n m i o p i n i ó n , la c o m u n í
dad cívica consiste precusa miente en esto, en hacer que la gente
e s t a b l e z c a e n t r e sí u n o s v í n c u l o s f u e r t e s y g e n e r e (U )n e l e x t e -
r i o r u n o s v í n c u l o s d é b i l e s . E s t o s ú l t i m o s s e r í a n l a s c o n e x i o n e s
c o n o t r a s r e d e s y , p o r l o t a n t o , l a p o s i b i l i d a d d e a c c e d e r á u n
e m p l e o , e t c . Y, c o m o e s d e s o b r a c o n o c i d o , la h) (;r za d e e s o s
l a z o s d é b i l e s , e s d e c i r , d e l o s l a z o s c o n e l e x t e r i o r , d e p e n d e r á
d e l a f u e r z a d e l a s a l i a n z a s ¡ r u e r n a s : d e a h í e l i n t e r é s f u n d a
m e n t a l d e i m p o r t a r e s e c o n c e p t o d e c o m u n i d a d c í v i c a .
E n lo r e l a t i v o a la r e l a c i ó n c o n e l p o d e r t a l y c o m o , a m i j u i c i o ,
h a e v o l u c i o n a d o , m i i d e a e s q u e , e n e l f o n d o , t o d a l a l u c h a
e m p r e n d i d a p o r F o u c a u l t e n t o r n o a l e o n e e [ ) t o d e l p o d e r c o n
s i s t í a e n d e s g a j a r s u m a t e r i a l i d a d , e n d e m o s t r a r q u e n o e x i s t e
e l p o d e r a b s t r a c t o d e l g r a n c a p i t a l , d e l E s t a d o o d e l c a p i t a l i s
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 99/145
9 9
m o m o n o p o l í s t i c o d e E s t a d o , s i n o q u e s i e m p r e h a y u n a
d i m e n s i ó n c o n c r e t a , i n m e d i a t a , m a t e r i a l d e l m i s m o . E n m i
opinión, lo que ha ocurrido es que el dispositivo de poder tal y
como Foucault lo desarrolló en Vigilar y castigar, es taba dem a
siado exclusivamente asociado a la idea de disciplina y domi
nación, de inserción de la gente en una jerarquia. Al no ver
una salida política positiva al análisis del poder de Foucault,
m e vi obligado a ligarlo a un análisis del pod er m ás próximo al
de Hannah A rendt, que entendía el pod er com o una asociación parala acción, un poder del orden del hacer, de lo que se
construye; un poder sin limites.
En mi opinión, este punto de vista ofrece una alternativa a las
posiciones exclusivamente pesimistas cuya fuerza se basa en
la denuncia. S e t rata de ir m ás al lá del ar te sem piterno de
gustarse m ed ian te la denu ncia . Yo ya tengo s ese nta año s y
empiezo a estar cansado de este narcisismo. Me gustaría pre
senciar un reencantam iento con lo poli t ico. Porque se ha
producido un desencanto respecto al concepto de lo político
que Max W eber teorizó, ese producto del E s tado racional-
legal, con su burocracia y su disciplina asociada, que ha con-
verlido lo político en u n asunto adm inistrativo.
Pero si volviéramos a empezar, si cambiáramos esa idea del
pod er, si pe nsá ram os q ue el pod er no es sólo eso, sino que es
una constnicción voluntaria. . . Si dejáramos por una sola vez
de lado todos los análisis que se basan en la lógica de la
denuncia, o del t ipo «es que hay gente que se aprovecha de
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 100/145
1 0 0 J A C Q U E S D O N Z E LO T
SUS r e l a c i o n e s s o c i a l e s p a r a e n c o n t r a r t r a b a j o » , c u a n d o lo
que hace falta es que los que no tienen relaciones sociales
a p r e n d a n a e s t a b l e c e r l a s , a c o n s t r u i r s e u n c a p i t a l s o c i a l . . .
Puede que la política se reduzca a esto, a una política urb an a
positiva, una comunidad cívica. Los ricos disfrutan de una
comunidad, cívica o no, de un capital social o como lo quera
m o s d e n o m i n a r . E n t o n c e s , ¿ p o r q u é l o s p o b r e s n o p u e d e n
aprender a producir esa riqueza? En cierto modo, esto sería el
c o m u n i s m o . . .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 101/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 102/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 103/145
A J 'inales de los año s ochen ta del siglo xix en A lem ania , y más
(X)ncretamente a partir de la publicación de la obra de Ferdi
nand Tónnies titulada Comunidad y sociedad. El Comunismo •/
el socialismo com.o formas de vida social (1887). se produjo
en tre los científicos sociales alema nes u n vivo debate so bre la
naturaleza de la Modernidad y, más concretamente, sobre el
lugar que ocupan los individuos en la sociedad, es decir,
sobre cómo cada sociedad conforma un modo de ser sujeto.
En este debate participaron grandes sociólogos como GeorgS im m el, W erner S om bart , M ax W eber o E m ile D urkheim . E n
térm inos generales podríam os decir que los sociólogos se
dividieron entre los apologistas del comunitarismo—Ton ales
y S o m b a r t - y l os d e f e n s o r e s d e l i n d i v id u a l i sm o m o d e r n o
-S im m el y W eber- . E ntre am bas posiciones se encontraba el
solidarism o de D urkheim y su escuela.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 104/145
1 0 4 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
No voy a analizar este trasce nde ntal de bate ni a tom ar partido en
él, pero sí quiero subrayar (jue retomo de G eorg S immel el co n
cepto de «socied ad de los indiv iduo s», del que él mism o se sir
vió en este contexto para caracterizar las formas de vida prop ias
de las grandes metrópolis en los paises ind ustrializados. La tesis
de S immel es que mod ernidad equivale a proceso de individua
lización, de m odo qu e una vez que el individuo rompe con las
cadenas oxidadas de los gremios, con la ubicación social por
nacimiento y con las iglesias, entra en lid con el resto de losindividuos de su sociedad en una incesante lucha por )a dil'eren -
da ci ón social, es decir, se prod uce en todos los órd ene s de la
vida una afanosa búsqu eda de singularidad. F enóm enos como la
moda y la atracción que ejercen las grandes metrópolis, e nt an lo
que espacios de libertad, en cuen tran en este proceso de indivi
dualización su razón de ser. E n un ensayo publicado po r vez pri -
mera en 1917 titulado Cuestiones fundamentales de sociologin.
individuo y sociedad, escribía Simmel: «El individuo se busca a
sí mismo como si aún n o se poseyera, y sin embargo está seguro
de tener en su yo el único punto firme. Dada la inaudita amplia
ción del horizonte teórico y práctico es más que comprensible
que busque con una insistencia creciente dicho punto, pero ya
no lo puede encontrar en ninguna instancia exterior al alma» .
] C f. G e o r g S i m m e [ . Cucíitiones fundame.ntaíes de socLolo^ía, B a r c e l o n a .
Gedisa, 200-^, p. i3-.^. Véa. s e lam h icn G eo r g S in in iel . La ley individual r
otros e cTítos, B arc elon a, PaidÓH, '2.003. E l l ib r o d e T o n n i e s h a s i do tr a d u t: i-
d o a l e s p a ñ o l : F e r d i n a n d T o i i n i e s , Comunidad y asociación, B a r c e l o n a ,
Pen ín s u la, 1 9 79 . H em o s in ten tad o an alizar el d e b a tee n tr eT o n n ie s y S im
m e l e n F e r n a n d o A l v a r e ^ - U r í a y l u l i a V a re J a , Sociolo^a, Capilalisnw j
Democracia, M a d r i d . M o r a t a , 2 0 0 4 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 105/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 0 5
S i m m e l d i s t i n g u e e n t r e u n i n d i v i d u a l i s m o d e l a i g u a l d a d ( e l
s o c i a l i s m o ) y u n i n d i v i d u a l i s m o d e l a d i f e r e n c i a ( p o r e j e m
p l o , e l e l i t i s m o n i e t z s c h e a n o ) q u e h a o p t a d o p o r e l i d e a l c l á
s i c o y r e n a c e n t i s t a d e d e s a r r o l l o d e l y o , y o b s e r v a q u e u n o d e
l o s o b s t á c u l o s p a r a l o g r a r l a r e a l i z a c i ó n d e l a d e m o c r a c i a
p o l í ti c a e s la a r m o n i z a c i ó n d e a m b o s i d e a l e s . A ñ o s m á s t a r d e ,
e n 1 9 8 9 , N o r b e r t E l i a s e s c r i b i ó t a m b i é n u n e n s a y o t i t u l a d o
« L a s o c i e d a d d e l o s i n d i v i d u o s » , c o n t e m p o r á n e o d e Elproce-
so de la civilización, e n e l q u e t r a t a b a d e r o m p e r l a d i c o t o m í ai n d i v i d u o - s o c i e d a d p a r a m o s t r a r q u e
mediante el estudio del proceso de la c ivi l ización se ha
puesto de manif iesto con bastante clar idad en qué medida
lodo el m odelado, así como k cord'iguración del ser h um an o
part icular , dependen del devenir his tór ico de los modelos
sociales , de las estructuras de las relaciones humanas. Los
propios hrotes de individual ización como, por ejemplo, e l
brote de individualización del R enacim iento, no son c on se
c u e n c i a d e u n a r e p e n t i n a m u t a c i ó n e n e l i n t e r i o r d e l o s
seres humanos s ingulares, ni de una generación accidental
de muchas personas muy dotadas, s ino que son fenómenos
s o c i a l e s , c o n s e c u e n c i a d e u n q u e b r a n t a m i e n t o d e a g r u p a ciones anterio res, o de una transform ación en la posición de
los ar t is tas- a r tesano s; en suma, consecuencia de un cam bio
específico de la estructu ra de las relaciones hu m an as » .
•2. Gf, Norbert Elias, La sociedad de los individuos, Barcelona, Península.
1990, p. 39.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 106/145
1 0 6 F E R N A N D O Á L V A R E Z -U R Í A
T a n t o G e o r g S i m m e l c o m o N o r b e r t E l i a s r e c o n o c e n e l a v a n c e
d e l p r o c e s o d e i n d i v i d u a l i z a c i ó n e n l a m o d e r n i d a d , p e r o a l a
ve/, t r a t a n d e e s c l a r e c e r l as c o n d i c i o n e s s o c i a l e s q u e h i t - i e r o n
p o s i b l e e l n a c i m i e n t o d e u n a sociedad de los individuos. S u s
a n á l i s i s s o c i o l ó g i c o s e s t á n a l s e r v i c i o d e l a l i b e r t a d , t r a t a n d e
o b j e t i v a r la s f u e r z a s q u e « s u j e t a n » a l o s s u j e t o s , a u n q u e e n e l
c a s o d e S i m m e l e l t e l ó n d e l ' o n d o e s e l c o m u n i t a r i s m o c o m u -
n i s t a y la R e v o l u c i ó n r u s a , m i e n t r a s q u e en el d e E l ia s e s la
i r r e s i s t i b l e a s c e n s i ó n d e l n a c i o n a l s o c i a l i s m o .
E n m i o p i n i ó n , e n la s d i s c u s i o n e s d e lo s « s o c i ó l o g o s m o d e r
n o s » s o b r e la d i a l é ct i c a e n t r e c o m u n i d a d y s o c i e d a d , o en los
a n á l i s i s d e G e o r g S i m m e l y N o r b e r t El ¡ as s o b r e la s o c i e d a d d e
l o s i n d i v i d u o s , s e e s t a b a g e s t a n d o u n p r o c e s o q u e v a m á s a l l á
d e l i n d i v i d u a l i s m o y q u e h e d e n o m i n a d o « p s i c o l o g i z a e i ó n d e l
y o » . La noción de psicologización dt^ l yo no alude lanío al indi
v i d u o a u t ó n o m o , p r e t e n d i d a m e n t e ú n i c o y s e g u r o de. s u s i n g u
l a r i d a d , o a l i n d i v i d u o c o n p r o b l e m a s m e n t a l e s q u e a c u d e a l a
c o n s u l t a d e u n t e r a p e u t a , c u a n t o a u n p r o c e s o d e a p e r t u r a e n e l
i n t e r i o r d e l a s u b j e t i v i d a d d e u n a e s p e c i e d e s u b s u c d o , d e u n
alma e n t e n d i d a c o m o l ' u e n t e y r a í z d e t o d a s l a s c o s a s , u n p r i n
c i p i o v i t a l i n m a t e r i a l s u s c e p t i b l e d e s e r e x p l o r a d o y a n a l i z a d oc o m o si s e t r a t a r a d e u n o c é a n o p r o í ' u n d ü y d e s c o n o c i d o , u n a
e s p e c i e d e Ierra ignota, ( ju e e s p o s i b l e r e c o r r e r y c a i l o g r a l ' i a r , u n
m u n d o í n t i m o ( p e m e r e c e la p e n a e x p l o r a r c o n s i s t e m a i c id a d ,
h a s t a e l p u n t o d e c o n v e r t i r l a e x i s t e n c i a d e l i n d i v i d u o e n u n a
e s p e c i e d e i n t e r m i n a b l e i n m e r s i ó n e n l a s p r o f u n d i d a d e s d e l y o
p s i c o l ó g i c o . Y a n o s e t r a t a d e l homo clausus, d e la p r e f e r e n c i a
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 107/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 0 7
po r el yo frente al nosotros, ni tampoco del sujeto ens im ism ado ,
orgulloso de su autosuficiencia, sino del individuo que con
vierte el yo en un perím e tro am urallado porque, consciente o
inconscientemente, considera que en su interior se esconde un
tesoro cuyo hallazgo d ará se ntid o a la existencia.
Han transcurr ido justam ente cien años desde que M ax W eber
caracter izó la personalidad capital is ta en térm inos de una
irracional atracción por la acumulación de dine ro. M e pareceque se podría avanzar la hipótesis de que la psicologización
del yo, la formación de una personalidad psicologizada, es la
otra cara de un capitalismo voraz que hace de los seres huma
nos cosas, mercanc ías que se compran y se ve nd en en el m er
cado de traba jo. En este sentido, ia psicologización seria una
réplica a la m ercanti l ización de los seres hu m an os , ac tuaría
como resi.stencia frente al proceso capitalista de cosificación
de los individuos. E n la medida e n que las profu ndid ades del
yo ofrecen refugio frente a un mundo hostil, el conocimiento
psicológico se convierte en un program a existencia prio rita
rio. En este proceso, el sujeto psicologizado no sólo renuncia
a \as pompa s y va nidades del m undo, s ino que se adentra en
una dinámica de ruptura con la sociedad que lo su,stenta yaba ndo na el espacio político que A ristótele s des crib ía co mo
em inentem ente hum ano. E n es te sentido hay una relación de
complementariedad entre la búsqueda de la maximización de
la ganancia en el m ercado y los inten tos de optimizar nue stro
potencial hum ano en el recóndito m undo de la m ism idad. E s
p r e c i s o , p o r t a n t o , n o d e s v i n c u l a r e l d e t e r i o r o d e l m u n d o
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 108/145
1 0 8 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
laboral y la cr is is de la polí t ica dem ocrática de la om nipre-
s e n c í a e n n u e s t r a s s o c i e d a d e s d e l m u n d o e m o c i o n a l . E n
ambos casos nos encontramos ante un ciclo infernal, ante un
tonel de Danaidas, que se retroalimenta, como en un circuito
cerrado, de la propia frustración.
Creo que, al menos en parte, se podría caracterizar el siglo xx
europeo com o la época en la que un núm ero im portante de
ciudadanos de am bos sexos y diferentes generaciones hanrenunciado a la política, entendida como actividad e.specífica-
mente humana cuyo objetivo es la emancipación social, para
perseg uir con de nue do el espejismo de un yo ple no , es decir,
para quedar prendidos en las redes de hipsicologización del^'o.
¿C óm o y por qué se produjo es ta especie de peregrinación
interior hacía unyo psicológico, saturado de valores míticos,
convertido en irresistible canto de sirena para poetas, escri
t o r e s , i n t e l e c t u a l e s , p r o f e s i o n a l e s , s u j et o s a n g u s t i a d o s y
corazones soli tar ios? N o es sencil lo, y m enos aún en tan
b r e v e e s p a c i o , p r o p o r c i o n a r u n a r e s p u e s t a c o n v i n c e n t e ,
pero al m enos creo que es fact ible recurr ir a la sociología
his tórica, al anális is his tór ico de nuestras sociedades y der m e s t r a s f o r m a s d e c o n o c i m i e n t o , p a r a i n t e n t a r a v a n z a r
algunas líneas de reflexión que con tribuyan al m en os a hacer
explícita esta problematizacíón.
El proceso de psícologizacíón hunde sus raíces en el proceso
de individualización, o s i se pref iere, en el individualism o
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 109/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 0 9
posesivo propio del homo oeconomicus. A l m e n o s d e sd e D u r -
k h e i m s a b e m o s q u e e l i n d i v i d u o , e n t e n d i d o c o m o r e a l i d a d
autónoma separada del mundo, es una ficción, que un sujetono es nada desvinculado del mundo social en el que nació ven
el que creció. La sociedad nos ha dado la lengua, la cultura, los
al im entos que nos perm iten subsis t ir y los hogares que nos
p r o t e g e n d e l a s i n c l e m e n c i a s d e l t i e m p o . T o d o s f o r m a m o s
parte de un patr im onio colectivo por m uy orgullosos que
estem os de nuestra s ingular idad. S in em bargo, sobre la f icción del yo autosuficiente creció de forma rizomática la fic
ción de un yo psicológico dotado de un inagotable espacio
ínti m o. Para dar cuenta de la formación de este espacio en la
historia occidental me voy a referir a tres líneas de fuerza, a
tres vectores, en ¡os que m e voy a detener brevernente.-
1. La form ación, en un terre no a bonado por la m edic ina
m e n t a l , d e u n a cultura psicológica que abrió en lo m ás
hondo y recóndito del sujeto una via de acceso ala psico
logía profunda en el int erio r de un yo total.
2. El desarrollo de un imaginario del viaje. La formacióny
el desa rrollo de una imag en de marca del lejano O riente
que perm itió a jóve nes de am bos sexos de dife rente sgeneraciones romper, en nombre de una nueva vida bella
y nóm ada, las raíces que los ataban al depredadory pro
saico mundo occidental.
3. E n fin, la fragmen tación del espacio social y la crisis de
la política -provocada en buena medida por la apología de
la guerra y de la violencia ejercida en n om br e de la lucha
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 110/145
110 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
de clases o de la guerra de razas— que destruyó el espacio
p ú b l i c o h a s t a f i n a l m e n t e m i n a r l a s b a s e s de la cultura
política democrática.
A l m e n o s e s t o s t r e s v e c t o r e s , q u e c o n f l u y e n y se refuerzan
entre sí a lo largo de la historia del siglo xx, se e n c u e n t r a n en
la base de la í ' o r m a c i ó n y el desa rrollo del espejism o del yo
convertido en el espacio privilegiado de la emancipación per
sonal, un sueño de libertad constando al margen del nosotros.es decir, al margen del espacioy del tiempo social.
ViENA, l l^ DESICLO
Disponemos en la actualidad de rmmerosos análisis que han
puesto de m an il 'íes to cóm o en la V iena de fin de siglo todo
un conjunto de pintores , arquitectos , ps iquiatras , periodis
ta s y o t r o s p r o f e s i o n a l e s , e s p e c i a l m e n t e de origen judio,
sufr ieron en su c arne la experienc ia de una identidad herida
y b u s c a r o n en su pro pio in ter io r los resorte s de apoyo para
proteger su identidad social amenazada. La psicologización
del yo fue el resultado de procesos sociales complejos, perotam bién de la formación de círculos artísticos e intelectuales
q u e c o m p a r t i e r o n e x p e r i e n c i a s , d e s a r r o l l a r o n s e n s i b i l i d a
d es en i n t e r a c c i ó n y o p t a r o n p o r t a n t e a r s o l u c i o n e s c o m u
n e s , entre ellas la brisqueda en el propio yo de la respuesta al
malestar de vivir.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 111/145
V I A J E A L I N T E R I O R D E L YO 111
La m odernidad vienesa surgió com o un m ovim iento social
p a r a t e r m i n a r p o r c o n v e r t i r s e e n u n a c o n t r a c u l t u r a . G o m o
señaló Joachim Riedl, es el producto de una genei-ación dejóvenes inmigra ntes judios que se habían reunido inopi nada -
mente en el centro del Imperio. En el marco de un antisemi-
lismo Tero/, -promovido, entre otros, por el cristiano-social
C a r i h u e g c r , e n p a r t i c u l a r d e s d e s u n o m b r a m i e n t o c o m o
alcalde de Viena I ras su triunfo electoral en 1897— «sólo había
un camino ( |ue los judíos ilustrados que crecieron en lametrópoli en torno al cambio de siglo podían recorrer: tenían
qw. construir su propia cultura frente a la cultura dominante.
E's erróneo llamar vanguardia a estos pensadores que volvían
la espalda e invertían el rumbo, porque nadie los seguía allí
don de iban » . Po rsu parte. C ari S chorske se refiere al nac i
miento en la Viena finisecular de una cultura psicológica que
rompe los lazos con la historia y tiend e a «tr an sfo rm ar el an á
lisis objetivo del mundo en el cultivo subjetivo de los senti
m ientos personales»; el colapso del l iberal ism o austr íaco
«transform ó la herencia es tét ica en una cultura de nervios
s e n s i b l e s , d e s a s o s e g a d o h e d o n i s m o , y a n g u s t i a a m e n u d o
tajante» . Schorske nos habla de las apelaciones a una exis
tencia dionísiaca por parte del dram aturgo A rth ur S chnitzler.También se detiene en la formación en i8()7 del grupo La
Secesión capitaneado por el pintor Gustav Klimt: «En su sece
sionista voyaj^e ínterieur. en el que los mitos griegos le sírvie-
' Gf. joa ch itn líicdL Viena m¡ainer^ei\ud. M adrid. A naya, 1995, p- 77-
4 C l'. C ari \í. Schorslít : . Viena t'in-de Sicde. B arcelona, G ustavo G ilí, 1981,
i . . : i .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 112/145
112 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
r o n a m e n u d o d e p i l o t o i c o n o g r á f i c o , K l im t a b r i ó n u e v o s
m u n d o s de e x p e r i e n c i a p s i c o l ó g i c a » . T a m b i é n s e r e f ie r e a
o t r o s p i n t o r e s c o m o O s k a r K o k o s c h k a y a m ú s i c o s c o m o
S c h o e n b e r g . s i n o l v i d a r , e n l ' i n , a F r e u d , e l c r e a d o r d e l p s i
c o a n á l i s i s p a r a q u i e n « t o d a p o l i ti c a es s u s c e p t i b l e d e s e r
r e d u c i d a a l c o n f l i c to p r i m a r i o e n t r e p a d r e e h i j o » '.
E l s o c i ó l o g o M i c h a e l P oU a k i n s i s t i ó e n q u e t o d a u n a g e n e r a
c i ó n d e i n t e l e c t u a l e s y p r o f e s i o n a l e s j u d í o s c o m p a r t i e r o n lae x p e r i e n c i a d e u n a identidad herida e n e l i n t e r i o r d e u n
I m p e r i o e n f r a g m e n t a c i ó n s i n p o s i b i l i d a d d e r e c l a m a r u n
t e r r i t o r i o p r o p i o . F r e n t e al s i o n i s m o y lo s n a c i c m a l i s m o s
f a n a t i z a d o s , b u e n a p a r t e d e l o s i n t e l e c t u a l e s j u d i o s v i e n e s e s
b u s c a r o n u n l e n g u a je d e p r o t e c c i ó n y d e e x p r e s i ó n , i n t e n t a
r o n d e s a r r o l l a r v í n c u l o s e n t r e la e x p l o r a c i ó n p s i c o ló g i c a y la
i n d a g a c i ó n e s t é t i c a , f o r j a r o n , e n f i n , u n a c o n t r a e u l t u r a m á s
p r ó x i m a a l m a l d i t i s m o d e l a b o h e m i a p a r i s i n a q u e a u n i d e a l
p o l i t i c o d e t r a n s f o n n a c i ó n s o c i a l . L a p r e n s a , l os c a f é s , lo s
c o n c i e r t o s , l o s t e a t r o s y s a l a s d e e x p o s i c i o n e s l e s s i r v i e r o n
p a r a e x t e n d e r d e n s a s r e d e s y c o n s t r u i r u n e s t i l o d e v id a c e n
t r a d o e n e l c u l t i v o d e l y o . E l p o l e m i s t a , s a t i r i s t a , y p a n f k i t i s t a
K a r l K r a u s s e l a m e n t a b a d e e l l o :
5 CA . Cdy\ t í . S ch u r s k r , VU iia Fui df Su'dc. op. cil.. pp. '49'4 y '^oti. *< P,1 (üli
po (le ÍTeud - es cf ib c S eh o r s k e- n o (ÍS Hex. sino un p(;nsíi(i()i-en pos de su
id en tid ad y del stgn itieaí io de ésla . R e.solvietiito la política en eatí^gorías
pHÍ(;ológieas pel"S<ínales feslablei^e el ord(;n personal, pero no iú púl)lieo»
(p . 'Aio). Véase tanit) ién Cari Setioi 'ske. << Polities and Patrieidí; iii Freud"s
Interpretation of Dream >i». The American liistnricní R eview, n u m . 7 8 ( 1 ) ,
i 9 7 ? . p p . 3 i ; 8 3 4 7 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 113/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 113
V iena es el te r r e n o i ntelectual de esos poetas que rec ibie ron
desde la cuna el dest ino l leno de bondad de «las lol i tas».
Son lan autosuficicntes que esperan poder l levar una vida
a r t í s t i c a a b s o l u t a m e n t e a l i m e n t a d a p o r a l g u n a s i m p r e s i o
nes vienesas. E l movimiento moderno que viene del N orte ,
desde hace una decena de años, no ha producido aquí más
que algunas I ransformaciones puramente técnicas. N uestro
art:c joven no ha sufrido en sus con tenid os las influen cias de
un nuevo e^stilo suscepliblc de inlegrar entre sus temas losfiroblemas .sociales. En contrapartida nuestra joven li tera
tura busca su salvación alejándose de las luchas intelectua-I I • '>
l(^sac nuestro tiempo .
C u a n d o e n 1 89 8 La Secesión, l i d e r a d a p o r í Q i m t , i n a u g u r ó s u
p r i m e r a e x p o s i c i ó n u n c r i t i c o d e a r t e s a l u d a b a a s í a l a n u e v a
v a n g u a r d i a a r t í s t i c a :
Un arte psicológico, esto es lo que es la Secesión, esto es lo
que en realidad quiere ser. La Secesión ha roto con las for
m a s c o n v e n c i o n a l e s : e n lu g ar d e r e c u r r i r a l « a m b i e n t e »
d e lo « b e l l o » y d e lo « g r a n d e » , ta l y c o m o lo e n s e ñ a e l
Señor Profesor , ha optado por el ambiente, lo bel lo y logrande tal y corno los encontró el ar t is ta en s í mismo. ¡E n
esto radica su juve ntud , su fuerza, su im po rtan cia C om o
todo arte, el de la Secesión es personal e individual. En sus
p r e s u p u e s t o s e s s u m a m e n t e a r i s t o c r á t i c o [..A pero en sus
ó C itado por M ichael Pollak, Vienne ¡()oo, París. G allimard, 1993. p. 124.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 114/145
11 4 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
efectos es de m oc rát ic o pues se dir ig e a tod os los que se
s i e n t e n d e s a m p a r a d o s y l le v a n s o b r e s u s h o m b r o s la p e s a
da carga déla vida cotidiana' .
T o d o l o q u e s a b e m o s s o b r e l a s r e u n i o n e s p s i c o l ó g i c a s d e l o s
m i é r c o l e s , q u e s e i n i c i a r o n e n t o r n o a F r e u d e n 1 90 :? , a s i
c o m o l a s p r o p i a s A c t a s d e la S o c i e d a d P s i c o a n a l í t i c a d e V i e -
n a , p o n e n d e m a n i f i e s t o l o s f u e r t e s v í n c u l o s q u e e x i s t í a n
e n t r e l o s m i e m b r o s d e l c i r c u l o d e F r e u d , b u e n o s c o n o e e d or e s d e l a p s i c o p a t o l o g í a d e s u t i e m p o , c o n l a p o e s í a , l a í ' i l o -
s o f í a , e l a r t e y l a l i b e r a c i ó n s e x u a l . S t e f a n Z w e i g , t a m b i é n é l
j u d í o v i e n e s , a l a b a e n L a curación por el espíritu e l v a l o r q u e
d e m u e s t r a F r e u d al e n f r e n t a r s e a l m o r a l i s m o d e u n a s o c i e
d a d p u r i t a n a p a r a a d e n t r a r s e c o n a r r o j o e n e l e s c a b r o s o
m u n d o d e la s e x u a l i d a d : « E n s u p r i m e r a v a n c e h a c i a lo d e s
c o n o c i d o , e s t e m é d i c o s o l i t a r i o , n o s o s p e c h a t o d a v í a t o d o l o
q u e v a a e n c o n t r a r e n e l f o n d o d e e s a s t i n i e b l a s . S ó l o a d i v i
n a e l a b i s m o , y la p r o f u n d i d a d a t r a e s i e m p r e m a g n é t i c a
m e n t e a l e s p í r i t u c r e a d o r » . F r e u d , s i g u i e n d o l a s e n d a d e s u
m a e s t r o p a r i s i n o C h a r c o t , p e r o c o n e l e s p í r i t u d e lo s a r t i s
t a s , t r a t ó de e n f r e n t a r s e a l os d e m o n i o s q u e t o r t u r a n l as
a l m a s y , a s í , a b r i ó p a r a l a p s i c o l o g í a p r o f u n d a e l n u e v o c o n t i n e n t e d e l a s n e u r o s i s . L a c l a v e d e l o s m a l e s t a r e s d e l a e x i s
t e n c i a s e e n c u e n t r a e n n u e s t r o i n t e r i o r . S i n e m b a r g o . F r e u d
hÍ7,o a lg o m á s : « P r o f u n d i z ó e n la c o n c e p c i ó n d e l m u n d o d e
t o d a u n a g e n e r a c i ó n , l e e n s e ñ ó e l c a m i n o q u e c o n d u c e a l
7 C itado por M ichael Pollak. Vifnm'. ii)oo, op. cit., p.14,0.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 115/145
V I A J E A L I N T E R I O R D E L YO 1 15
conocim iento de s í m ism o, la senda peligrosa hacia la pro
fundid ad de su Yo» .
La estética pu ra de los artistas viene ses no e staba m uy lejos de
la econom ía pura de C ari M enger, el fundado r de la escuela
psicológica de econom ía, ni del m onism o m enta l defendido
por el f ísico vienes E rnst M ach, pero sobre todo en co ntró un a
sólida base en la psicología analítica, e n la cultura psicológica
promovida por el psicoanálisis. En su análisis de la relacióne n t r e S i g m u n d F r e u d y K a r l K r a u s s , E d w a r d T í m m s s u b r a y a
la compleja trama de las redes sociales del campo intelectual
y artí ,stico vie nes , así com o la transve rsalid ad del círculo de
Freudy sus conexiones con libreros, pintores, míisicos, críti
cos de arte y m ilitantes socia ldem ócra tas^
A costum brados a explicar los prob lem as sociales a par t ir de
e s c e n a s p r i m a r í a s d e l a i n f a n c i a , h a b i t u a d o s a d e f e n d e r e l
d o g m a d e l a p r i m a c í a d e u n i n c o n s c i e n t e a h i s t ó r i c o y a s o
cial, algunos psicoanalistas se resisten con fuerza a aceptar
que el psicoanálisis pueda ser objeto de una historia intelec
tual. C onvertido en el prin cip io de los pr in cip io s, goza para
ellos de extraterr i tor ial idad social . S in em bargo, todo pare-
8 C r . S tef an Z weig , La curación por el espíritu, B u e n os A i r e s . E s pa sa C a l pe .
1954, p . i S i , V é a se ta m b i é n H e r m a n N i m b e r g y E r n s t F e d e r n ( c o m p . ) . L a s
reuniones de los miércoles. Actas de la sociedad psicoanalüica de V iena, B u e
n o s A ir es . N u ev a V is io n . 1 9 8 0 .
9 E d w ar d T i m m s , Karl Krauss. Apocalyptic Satirist. Culture and Catastrophe in
Habsbur^ Vienna. L o n d r es . Y ale U n iv er s ity Pr es s . 1 9 8 9 . p p . 8 - 9 .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 116/145
116 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
ce indicar que el psicoanálisis encontró en la Viena de Fin de
siglo un favorable caldo de cultivo, lo que no es óbice para
q u e, a su vez, el psicoanálisis haya sido una fuente de cohe
sióny de racionalización que satisfizo las demandas de pro
tesis del yo de los artistas e intelectuales que sufrieron en su
carne y, sobre todo, en su alma, la experiencia de una iden
tidad herida.
La formación del psicoanálisis no se puede d( svincular de lahistoria de la medicina mental, en la que se inserta como un
eslabón más. Desde que la ley francesa de i838 sancionó el
m anicom io com o inst i tución privi legiada de tratam iento y
confinam iento de la locura, el per im etro de las enferm eda
des mentales no había cesado de crecer. Kreud contribuyó al
nacim iento del nuevo im perio de la psicología profunda
pero para el lo, com o observó Michel F oucault , tuvo que
tran sfer ir al ps icoanalis ta y al terapeuta, en el marco de una
sociedad puritana y de una relación contractual, los poderes
taumatúrgicos de los que gozaban en el manicomio los vie
jos al i en is ta s . N o sóU } de scu brió las t inie bla s d(d in co ns
ciente del que, com o señaló Zweig, parten a m odo d(;
r e l á m p a g o s l a s d e c i s i o n e s e s e n c i a l e s , s i n o q u e c r e ó t a m bién un m anual de instrucciones para adentrase en las pro
f u n d i d a d e s d e e s e m u n d o o s c u r o , n u m i n o s o , e n d o n d e
mora una fuerza irracional que guarda en su interior la savia
de la vida. Muy pronto el pr im er grupo de iniciados en el
psicoanális is creció y se ram ificó hasta convert irse en una
iglesia. T ras int rod uc ir sti escalpelo en las profu ndid ades de
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 117/145
V I A J E A L INTERIOR DEL YO 117
l a p s i c o lo g í a d e l i n d i v i d u o , F r e u d a c o m e t i ó - e s p e c i a l m e n t e
a p a r t i r d e i g i S , t r a s la p u b l i c a c i ó n d e Totem j'tabú- l a a r d u a
t a r e a d e p r o y e c t a r s o b r e e l m u n d o s o c ia l e l m o d e l o p s i c o a -
n a l i t i c o .
V I A I I Í A O R I I Í N T I Í
E n e l s i g l o XIX. e n p a r a l e l o c o n la e x t e n s i ó n d e la d o m i n a c i ó n c a p i t a l i s l a d e l a s p o t e n c i a s o c c i d e n t a l e s s o b r e e l r e s t o
d e l m u n d o , s u r g i ó e sa r e p r e s e n t a c i ó n d e la a l t e r i d a d q u e
c o n o c e m o s c o m o o r i e n t a l i s m o . « E n v í s p e r a s d e la P r i m e r a
G u e r r a M u n d i a l — e s c ri be E d w a r d W . S a i d - E u r o p a h a b í a
í,oU>nv/,ado <i\ othexiVa y c i n c o p o r c i e n t o d e \ a T i e r r a . D e c i r
s i m p l e m e n t e q u e e l o r i e n t a l i s m o m o d e r n o h a s i d o u n o d e
l o s a s p e c t o s d e l i m p e r i a l i s m o y d e l c o l o n i a l i s m o e s d e c i r
a l go i r r e f u t a b l e » . L o s r e l a t o s d e v ia je s a O r i e n t e , c o m o l o s
d e N e rv a l o L a m a r t i n e , p r o l i f e r a r o n a m e d i d a q u e a v a n z a b a
l a c o l o n i z a c i ó n , a l i g u a l q u e o c u r r i ó c o n l a s n o v e l a s d e i n s
p i r a c i ó n o r i e n t a l i s t a , como Salambó d e F l a u b e r t , p e r o t a m
b i é n s u r g i e r o n m i s i o n e s p a r a c o n v e r t i r a l o s i n f i e l e s , a s í
c o r n o u n o r - i e n t a l i s m o a c a d é m i c o a c o m p a ñ a d o d e m u s e o s yc e n t r o s d e e s t u d i o s o r i e n t a l e s . M i s i o n e r o s , v i a j e ro s y o f í-
10 Rn una (:;HM;I (it F reud a Fcren czi del i de mayo 1913 decía: «E sc rib o en
(^sle momenlo d Tóícjri co n la im p r es ió n d e q u e s er á m i m as im p o r tan te ,
m i m ejo r , y p o s ib lem en te m i ú l t im o b u en tr a b a jo » .
11 hl(]ward W . S aid . Orientaílsino, M adrid, D ebate, ^0 02, p. i73-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 118/145
1 18 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
ciales de los ejérci tos de las potencias coloniales escr ibie
ron las pr im eras m onografías antropológicas . E l exotism o,
la fascinación por el otro, coexis t ió con las denuncias con
t r a e l i m p e r i a l i s m o , y n o f a l t a r o n e s c r i t o r e s , c o m o J o s e p h
C onrad, que de nun ciaro n las m atanzas de nativos y el pi l la
je de m aterias pr im as real izado por las com pañías europeas
en los nuevos terr i tor io s colon iales . O tros autora s , com o el
novelis ta Robert Louis S tevenson o el pintor Paul G auguin,
o p t a r o n p o r e m b a r c a r s e c o n r u m b o a l o s m a r e t j d e s u r e nbusca de paraísos perdidos.
Cuando los movimientos socialistas irrumpían con fuerza en
la escena social europea, una oleada de idealismo, pero tam-
bién de espiritismo, esoterismo e irracionaiismo , invadía is
e s c e n a i n t e l e c t u a l . N i e t z sc h e , a p r o x i m á n d o s e a la n e g r a
noche de la locura, golpeaba con su martillo sobre el viejo
m u n d o m o r a l , y u n a n u e v a é ti ca p a c i fi s ta , c o m u n i t a r i s t a ,
l i b e r t a r i a , d e s a r r o l l a d a p o r p e q u e ñ o s g r u p o s d e s o ñ a d o r e s
de ambos sexos, trataba de tomar el relevo. El culto al cuerpo
bello, la liberación sexual, la mística de la salud, el higienís-
mo y la eugenesia surgieron como la otra cara de la lucha
contra los degenerados. E l viejo m undo, s in em bargo, sal tóhecho añicos con el es tal l ido de la Prim era G uerra Mundial
que hizo desaparecer de un plum azo el Im p erio ai is tro- hú n-
g ar o . E l ideal de pureza se vio desm entido por nías de diez
m i l l o n e s d e c a d á v e r e s y p o r r e g i o n e s d e v a s t a d a s . S t e f a n
Z wieg, erigién dose en la voz de toda un a ge nerac ión, levantó
acta de cómo el desgarro de Europa a causa de la guerra y el
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 119/145
V I A J E A L I N T E R I O R D E L YO 11 9
e m p u j e d e l t o t a l i t a r i s m o p r o v o c a ro n u n a c o n m o c i ó n a n í m i
c a s i n p r e c e d e n t e s :
C a d a u n o d e n o s o t r o s , h a s t a e l m á s p e q u e ñ o e i n s i g n i f i
cante, ha vis to su más ínt ima existencia sacudida por unas
convulsiones volcánicas — casi ininterrumpidas— que han
h e c h o t e m b l a r n u e s t r a t i e r r a e u r o p e a ; y e n m e d i o d e e s a
m u l t i t u d i n f i n i t a , n o p u e d o a t r i b u i r m e m á s p r o t a g o n i s m o
q u e e l d e h a b e r m e e n c o n t r a d o - c o m o a u s t r i a c o , j u d í o ,escr i tor , humanista y pacif is ta — p r e c i s a m e n t e a l l í d o n d e
l o s s e í s m o s h a n c a u s a d o d a ñ o s m á s d e v a s t a d o r e s . T r e s
veces me han arrebatado la casa y la existencia, me han
separado de mi vida anterior y de mi pasado, y con dram^á-
t ica vehemencia me han arrojado al vacio, en ese «no se a
dónde i r» que ya me resul ta tan famil iar . Pero no me que
jo: e s p r e c i s a m e n t e e l a p a t r i d a e l q u e s e c o n v i e r t e e n u n
hombre l ibre, l ibre en un sent ido nuevo; sólo aquel que a
nad a está l igado a nad a deb e revere ncia .
L a p r i m e r a g u e r r a e u r o p e a e s ta l ló a l i m e n t a d a p o r u n c a p i t a
l i s m o v o r a z d i s p u e s t o a s o m e t e r e l p l a n e t a a s u s d i c t a d o s y
a l e n t a d o a s u v e z p o r f a n a t i s m o s n a c i o n a l i s t a s . L a l i b e r t a dd e l a p a t r i d a , a l a q u e s e a f e r r a b a Z w e i g c o m o s i s e t r a t a s e d e
u n p a s a p o r t e p a r a l a v i d a , n o e r a lo s u f i c i e n t e m e n t e c o n s i s
t e n t e p a r a v e r t e b r a r u n a v i d a l i b e r a d a d e l a s g a r r a s d e l a a n o -
1^ CF . S tefan Z weig. El mundo de ayer. Memorias de un europeo. B a r c e lo n a . E l
A cantilado , '¿OO ' , pp . 9 -1 0.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 120/145
1 2 0 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
m i a . Z w e i g s e s u i c i d ó e n P e t r ó p o l i s , e n B r a s i l , i n v a d i d o p o r
l a e x p e r i e n c i a d e u n e x i l i o q u e a b a t i ó l o s m e c a n i s m o s d e
d e f e n s a d e l y o c o m o s i s e t r a t a r a d e u n c a s t i l l o d e n a i p e s . N o
f u e u n a e x c e p c i ó n e n t r e l o s h o m b r e s y m u j e r e s d e s u g e n e
r a c i ó n . O t r o s m u c h o s t r a t a r o n d e a l e ja r s e d e u n O c c i d e n t e
d e s g a r r a d o p o r e l d o l o r y b u s c a r o n la f e l i c i d a d e n la s a l t a s
c i m a s d e la e s p i r i t u a l i d a d a l a s q u e s e a s c e n d í a m e d i a n t e l a
m e d i t a c i ó n i n t e r i o r . P a r a e j e r c i t a r s e e n e s t e n u e v o a r t e d e
v i v i r n o d u d a r o n e n e m p r e n d e r s u v ia je a O r i e n t e . M e v oy ar e f e r i r t a n s ó l o a la e x p e r i e n c i a d e d o s e s c r i t o r e s m u y i n f l u
y e n t e s : el e s c r i t o r a l e m á n H e r m a n n H e s s e y el n o v e l i s t a
i n g l é s S o m e r s e t M a u g h a m .
H e r m a n H e s s e , h i jo de m i s i o n e r o s , e m p r e n d i ó e n 1911 s u
v i a j e a l a I n d i a p e r o , c o m o a m u c h o s p a c i f i s t a s d e s u g e n e r a
c i ó n , e l e s t a l l i d o d e la g u e r r a l e p r o d u j o u n a g r a n c o n m o c i ó n
y r e c u r r i ó a l p s i c o a n á l i s i s p a r a t r a t a r d e p r o y e c t a r l u z e n s u
i n t e r i o r . G o m o é l m i s m o r e l a t a e n s u s m e m o r i a s , s u n o v e l a
Dem ian. Historia de la juventud de Emil Sinclair, p u b l i c a d a e n
1 9 1 9 , s u r g i ó a p a r t i r d e e s a g r a n t r a n s f o r m a c i ó n :
L as cosas que vem os -dijo P istorius con voz apagada - sonlas mismas cosas que l levamos en nosotros. N o hay más
real idad que la que tenemos dentro. Por eso la mayoría de
los seres humanos vive tan irrealmente; porque cree que las
imágenes exteriores son la realidad y n o p e r m i t e n a s u p r o
pio mundo interior manií'eslar.se. Se puede ser muy feliz así,
desde luego. Pero cuando se conoce lo otro, ya no se puede
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 121/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 21
elegir e l camino de la mayoría . Sinclair , e l camino de la
mayoría es fácil, el nue stro es difícil. C am inem os ' .
M a s t a r d e , e n i g ^ S , v io l a lu z S h i d d / i a r ta . l i b r o d e c a b e c e r a d e
l a s g e n e r a c i o n e s p o s t e r i o r e s q u e , t r a s l a S e g u n d a G u e r r a
M u n d i a l , t a m b i é n p e r e g r i n a r o n a la I n d i a b u s c a n d o l a v e r d a d
s o b r e s u p r o p i o y o . H e s s e , p r e m i o N o b e l d e l i t e r a t u r a , s e
c o n v i r t i ó e n u n o d e l o s p a d r e s d e l a n u e v a d o c t r i n a :
M uchas cosas aprendió S iddharíha con ios sam anas. A pren -
dióa recorrer muchos caminos para alejarse del Yo. R ecorr ió
el camino de la despersortalización a través del dolor, del
sufrimiento voluntario y de la superación del dolor, el ham
bre, ]a sed y el cansancio. Recorrió el camino de la d e s p e r s o
nal ización a t ravés de la med itación, vaciando su m en te de
cualquier t ipo de representación sensorial . A prendió a reco -
L Í C A . H er m an H es s e, Deinlan. Histoña de la¡uventiid d e Emil Sinclair. M ad r id ,
A lianza, 1986, pp. 14,0 141, así com o He rm an n Hes se, Obstinación. E s m -
í(),s autobiográficos, M ad r id , A l ian za. 1 98 7 , en d o n d e es cr ib e textu alm en te
lo s ig u ien te: << \i\ p s ico an ál is is h a s id o , ju n to co n las d o etr in as as iát icas
(Buda, Vedas y Lao Ts e) u n eam in o d e cu r ació n y e x p a n s i ó n » ; « C o n s i d e
r a m o s e l p s i c o a n á l i s i s n o s ó l o e ó m o m é t o d o d e e u r a c i ó n . s i n o t a m b i é n
como elemenlo fundamental de la 'nueva doctr ina' , del desíarroilo de unan u e v a t a s e d e l a h u m a n i d a d , e n l a q u e n o s e n c o n t r a m o s » ; « E l h o m b r e
(fue ha encontrado el valor de ser él mismo, y ha oído la voz de su propio
d es l in o , n o t ien e y a el m as m ín im o in ter és en la p o l í t ica, y a s ea m o n ár
q u ica o d em o cr át ica, r ev o lu c io n ar ia o co n s er v ad o r a. Le p r e o cu p an o tr as
{•osas. S u " sen t id o p r o f u n d o ' , co m o el p r o f u n d o , g r an d io s o y d iv in o s e n t i
do propio de cada brizna de hierba, está dir igido hacía su propio desarro
l l o y n a d a m á s . ' E g o í s m o ' s i s e q u i e r e ¡ M a s e s t e e g o í s m o e s t o t a l m e n t e
d is t in to d el d es p r eciab le eg o ís m o d el u s u r er o o d el an s io s o d e p o d e r ' . » .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 122/145
1 2 2 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
Tier estos y otros sen der os. M il veces aba ndo nó su Yo, p e r -
maneeiendo horas y días en el N o- Yo. Pero aunque esos
eaminos lo alejaran del Yo, al f inal volvían a reconducirlo
siempre al m ismo pun to de part ida. Por más que S iddhartha
huyera una y mil veces de su propio Yo, por más que se
sumiera en la nada y fuera animal o piedra, e l retorno era
i n e v i t a b l e . . . , e i n e l u d i b l e l a b o r a d e l r e e n c u e n t r o c o n s i g o
m ism o, bajo los rayos del sol o a la luz de la luna, a la so m bra
o bajo la lluvia. Y era nuevamente un Yo-Siddhartha-, y volvíaa sentir la tortura del ciclo impuesto.
L ...] La verd ad es que nada en el m un do ha ocupad o tanto
m i s p e n s a m i e n t o s c o m o e s t e Y o m í o , e s t e e n i g m a q u e
supone estar vivo y ser una persona separada de todas las
o t r a s , a i s l a d a : e l h e c h o d e s e r S i d d h a r t h a : y s i n e m b a r g o ,
¡ n a d a h a y e n e l m u n d o q u e c o n o z c a m e n o s q u e a m í m i s
m o, a S idd ha rtha [ .. .I ¡O h pe ns ó al t iem po (^ue res pir a-
b a p r o f u n d a m e n t e — , y a n o p e r m i t i r é q u e s e m e e s c a p e
S iddhartha Ya no volveré a ocupar mis p ensa m iento s y mi
v i da c o n la b ú s q u e d a d e l A t m á n o c o n i n d a g a c i o n e s s o b r e
e l s u f r i m i e n t o d e l m u n d o . N o p i e n s o v o l v e r a m a t a r m e y
fragme ntarme para buscar un mister io detrás de las ruina s.
Ya no m e in stru irán el Yoga-V eda ni el A tharva-V eda. ni losa s c e t a s , n i n i n g u n a o t r a d o c t r i n a . Q u i e r o a p r e n d e r d e m i
m i s m o , s e r m i p r o p i o d i s c í p u l o , c o n o c e r m e y p e n e t r a r e n
ese enigm a l lamado S iddhartha .
14, Hermann Hesse. Siddhartha. B arcelona, Plaza y Janes, K^S-^, pp. '^6 -ivy
pp. 58-60.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 123/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 2 3
E n 1 9 4 4 S o m e r s e t M a u g h a m p u b l i c ó l a n o v e l a The Razors's
Edge, cuyo protagonista, Lariy, tras regresar horrorizado de la
guerra, emprende un viaje a la India que transforma radicalm ente su exis tencia. Hesse y Maugham son tan sólo una
m u e s t r a r e p r e s e n t a t i v a d e u n g r a n n ú m e r o d e e s c r i t o r e s
occidentales que con virtieron el viaje a O riente en una e xp e
riencia iniciática. E n esa mism a época, otros escritores como
R om ain R olland —autor de El alma encantada y El viaje inte
rior— ahondaba a en el yo como medio para luchar contra losfantasmas del mal.
La India era entonces, no lo olvidemos, una sociedad de cas
tas, es decir , una de las com unidades m ás jerarquizadas del
planeta. Y, sin embargo, el ima ginario de este viaje a las fue n
tes del verdadero conocimiento se extendió por Europa como
un reguero de pólvora ha,sta constituirse en uno de los prin
cipales signos de identidad de la contracultura. No me voy a
dete ne r ahora en m ostrar cómo se pasó de este imaginario del
viaje a los trópic os y a la Ind ia, a las enseñ anz as del brujo D on
Juan, la apologia del peyote y las drogas, la canción protesta,
el haz el am or y no la guerra y lo pe rso na l es po litico. T an sólo
quiero subrayar que el im aginario del viaje, tanto inter iorcom o exter ior , contr ibuyó a la destrucción de las raíces de
una subjetividad mediada por el espacio social y politico que
condujo a toda una generación al sexo, drogas y rock and roll
y, lo que es peor, al viaje a través de la locura. Inestables,
d e p r i m i d o s , d e s e s t a b i l i z a d o s , a b u r r i d o s , c a n s a d o s d e v i v i r
prec isam ente cuando com enzaban a vivir, hast iado s, en f in.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 124/145
124 FER NANDO ÁLVARE Z-UR ÍA
de un viaje sin retorno, jóvenes idealistas de sucesivas gene
raciones que se mantenían en flotación en el espacio social,
sucu m biero n a consecuencia de los zarpazos que recibierondel alcoholy de las drogas, pero o tros muchos term ina ron por
acudir a la ayuda protectora de las psicoterapias.
l 'R AG MENT ACIÓN D E l, E SPACIO SOCIAL, Y P OLÍTICO
C uand o la cultura de la Viena de tin de siglo brillaba con fuer
za, en la aristocrática ciudad de Turin, que sirvió de refugio al
viejo Nietzsche, los profesores Villredo Pareto, Gaetano Mos
ca y Robert Michels aler taban en sus escri los del «peligro
social is ta» y af irm aban con pasión la im posibil idad de la
democracia. Siempre ha habidoy habrá, afirmaban, minorías
gobernantes y mayorías gobernadas. I. ,a historia de la humanid ad es la historia de la rotación de las elites.
De la mano del marxismo y el darwinismo social, la fuerza, la
violencia, la lucha de clases y la lucha de razas, invadieron la
escena social. En vano los promotores y defensores del Esta
do social trataron de sustituir la fuerza por la negociacióndem ocrática, las pis tolas perlas papeletas electorales . U na
especie de fiebre nacionalista, combinada con la fiebre capi
talista, parecía conducir fatalmente a las naciones a la ane
xión de nuevos territorios para ampliar su espacio vital y
acrecentar aún m ás los beneficios de las em presas , lo que
gene ró expolios y guerras coloniales que condu jeron al esta-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 125/145
V I A J E A L IN T E R I O R D E L YO 1 2 5
Uido de la Primera Gran Guerra Europea que, a su vez. frag
m entó aún m ás E uropa.
La antro po iog ia no fue ajena a la ex pa nsió n colo nial, p ero
también recibió una considerable impronta de la romantiza-
ción de los t rópicos. La Prim era G uerra M undial so rpren dió
al joven antropólogo Bronis law Malinowski real izando un
trabajo de campo en las Islas Trobriand, es decir, en los tan
soñados m ares del sur . C uando Malinowski real izaba suinmersión en el campo de estudio, la disciplina estaba domi
nada por la antropología evolucionista inglesa de Sir James
Erazer. El evolucionismo admitía la existencia de un tronco
(íomún com par üd o por toda la hum anida d p ero , a la vez, ju s
tificaba los protectorados de los pueblos civilizados sobre los
salvajes en razón de su m ayor desarrollo. Malinowski, s in
embargo, no provenia de esta escuela antropológica sino de la
tradición romántica y nacionalista centroeuropea que relega
ba la historia en aras del holismo cultural, en la medida en
que presuponía en su objeto de estudio una identidad nacio
nal que se remontaba a los orígenes de los tiempos. A juicio
de Ernest Gellner la clave de la revolución teórica que provo
có Malinowski en las ciencias sociales tiene que ver con elmodo en que aplicó este modelo de antropología populista al
mundo social de los salvajes, convirtiendo la nueva ciencia
a n t r o p o l ó g i c a e n « u n e x t e r m i n a d o r d e la h i s t o r i a » '. L o s
efectos de la nueva antropología fueron en orm es. L a hu m an i-
in¡ Cf. Enie.st Gellner. Ixn^uajer .soíedarí. M adrid . S íntesis, 20 02 . p. 224.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 126/145
1 2 6 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
dad, que desde el descubrim iento del género hum ano habia
p e r m a n e c i d o s i m b ó l i c a m e n t e u n i d a , s e f r a g m e n t ó e n u n
archipiélago de culturas autónomas , y la unive rsalid ad de los
valores se rompió en aras del nuevo relativismo cultural.
Pero la conmoción que causó ia nueva antropología funciona-
lista, refrendada por la prestigiosa London School of Econo
m i c s , no term inó aquí . A Malinowski ie interesaba m ucho el
psicoanális is de F reud y queria com probar s i sus teoríassobre el complejo de Edipo eran tan universales como Freud
habia sostenido en Totem y tabú/ '. Primero en forma de artí
culos, y pos ter iorm ente en el libro Sexo y represión en la socie
dad primitwa, lanzó u n ataqu e contra la cre en cia de los
psicoanalistas en\iri coTrip\e)o universal «independiente del
t i p o d e c u l t u r a » ' . D i ch o e n o t r o s t é r m i n o s , y d e u n m o d o
16 Freud en 1913, como se pone de muniñesto en un texto t i tulado «El inle-
rés por el ps ico an áli sis », aún creía en la ley de H aeckel: «E n los úlll inos
años los autores psicoanalíticos han reparado en que ia tesis ' la i)ntogéne
sis es una repetición de la ["ilogénesis* tiene que ser también aplicable a la
vida animica, lo cual dio naí- imiento a una nueva ampliación del interés
p s ico an al í t ico | . . . | . La co m p ar ació n d e la in f an cia d el in d iv id u o h u m an o
co n la h is to r ia tem p r an a d e lo s p u eb lo s y a s e h a r ev elad o f ecu n d a en
m u ch o s s en t id o s , a p es ar d e q u e es te t r ab ajo ap en as s e en cu en tr a en s u sin icio s . En él , e l m o d o d e p en s ar p s ico an al i t ico s e co m p o r la co m o u n
nuevo instrumento de investigación. El aplicar sus premisas a la psicolo
g ía d e lo s p u eb lo s p er m ite tan to p lan tear n u ev o s p r o b lem as co m o v er b ajo
u n a lu z d if er en te lo s y a elab o r ad o s a f in d e s o lu cio n ar lo s » . C f . S ig m u n d
F r e u d , « E l i n t e r é s p o r e l p s i c o a n á l i s i s » , e n O b r a s completas, vol. xiii ,
B u e n os A i r e s, A m o r r o r t u , i 9 9 7 P - 187.
17 Cf. Bronislaw Malinowski, Sexo Y represión en la sociedad primitiva, B u e n o s
A i r e s . Nueva Visión, 1974. p. 150.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 127/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 2 7
excesivamente esquem ático, mie ntras que M alinowski subo r
dinaba el complejo a la cultura, Freud y sus seguidores expli
caban el nacim iento de la cultura a part ir del com plejo. E l
debate fue largo y agrio hasta el punto de que los psicoanalis
tas env iaron al antrop ólog o y analis ta G eza R oheim a los
m ares del sur para refrendar sus tes is de la pr im acia del
inconsciente sobre la variedad de formas culturales. Al mis
mo tiem po , en el inter ior de la sociedad psicoanalitica, habia
estallado un vivo debate sobre el complejo de Edipo. El resultado de este fuego cruzado entre antropólogos, psicoanalistas
y psicoanalistas especializados en el psicoanálisis infantil, fue
que la relación entre ma dre e hijo paso a ser la diada prim ige
nia de la orga niza ción social .
L os efectos de la revolución m alinowskiana no se limita ron a
la extensión de la buena nueva del relat ivism o cultural , ni
tam poco a la m iniaturización de lo social que prom ovió la
plana mayor del psicoanálisis para salvar la universalidad del
com plejo de E dipo. E n efecto, conviene no olvidar el peso
conjunto de la antropología funcionalista y del psicoanálisis
en la form ación del funcionalism o de T alcott Parsons. Par
sons entró en contacto con el funcionalism o de Malinowskidurante su estancia en la London School of Economics, pero
tam bié n se sintió fascinado por la obra de Pareto tras pa rtici-
18 D e la h u m a n i d a d u n i d a e n u n t r o n c o c o m ú n h e m o s p a s a d o a l « p e c h o
h u e n o » y al « p e c h o m a l o » i n c o r p o r a d o a l o s f a n t a s m a s i n f a n t i l e s , e s
d e c i r, al m u n d o i n t e r n o d e l n i ñ o « l l e n o d e m o n s t r u o s y d e d e m o n i o s »
o b s er v ad o p o r M elan io Klein .
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 128/145
1 2 8 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
p a r e n e l s e m i n a r i o o r g a n i z a d o p o r L a w r e n c e J o s e p h H e n
derson, en la Universidad de Harvard, a comienzo.s de los
año s treinta. E l funcionalismo nor team erica no l'ue la escuela
sociológica hegem ónica tra s la S egimda G uerra M undial. E ste
tipo de sociología ahistórica privilegió los sistemas, los esta
tus y los roles sobre los procesos y, de hecho, se convirtió en
u n i m p o r t a n t e o b s t á c u l o e p i s t e m o l ó g i c o q u e i m p i d i ó a l a
sociología responder a las preocupaciones de los ciudadanos
y, más concretamente, a la demanda social de un análisis delpresente que sirviese de base a la proyección histórica hacia
un m undo m ejor .
A la vez que la sociología se burocra tizaba , el ps ico an álisis
psicologizado, inl 'antilizado, tanto en su versión ortodoxa
com o heterodoxa, se abría al m undo de las psicoterapias .
A rt is tas , esc r i tore s , intelec tuales , se reco staron sob re el
terrible diván, m ien tras que millones de jóvenes occidentales
experimentaban el néctar de las mil flores de ágiles técnicas
adaptadas a los deseos de maximizar su yo. F rente a los pro
grama s de crecim iento del yo, los partid os po líticos, co nver
tidos en grandes maquinarias electorales, y la propia acción
política institucional, se percibieron como instancias manipuladoras ajenas a los intereses personales. La vieja fobia al
E s t a d o , p r o p i c i a d a p o r S p e n c e r , B a k u n i n , N i et z sc h e y l os
anarq uistas, pasó a formar par te de la contracultura y c o n t r i
buyó a la deslegitimación de la vida política que se movia al
margen del cultivo interior.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 129/145
V I A J E A L IN T E R IO R D E L YO 1 2 9
Fuera del yo no hay salvación. El yo es la nueva Iglesia, el
soporte de una nueva religión secular. En el siglo xx el yo se
convirtió en un estilo de pensar y en un estilo de vivir. Los
ho rro res de la guerra, la brutalidad de los camp os de co nce n
tració n, tanto los de la A lem an ia nazi com o los de la R usia
soviét ica, la i r res is t ible ascensión de los nacionalism os, de
los fascism os y de los total i tar ism o s, crearon u na atm ó sfera
irresp irable de la que era preciso huir. E l viaje fue pe rcibid o
por alm as sensibles com o un m odo de dis tanciarse de esaatmósfera sofocante, pero la identificación del mundo social
y p o l í t i c o c o m o u n m u n d o q u e g e n e r a c o n t i n u a s g u e r r a s y
am enazas favoreció tam bién la bi isqueda del yo com o un
refugio en un mundo despiadado. El narcisismo creció tanto
al am paro de la barbarie com o en el hum us de las rut inas
burocráticas.
E l . M E R C A D O D E L A S E M O C IO N E S
A si pu es, al proceso d e individualización se añad ió el proc eso
de psicologización. A la f ragm e ntación social prop ia de un a
sociedad de los individuos se sum ó una nueva dim en sión , unespacio interior al individuo que aparece como la clave, el
ámbito de resolución de todos los problemas, cuando en rea
lidad no es sino una falsa huida hacia delante. La t r a n s f o r m a
ción de los problemas sociales en conflictos psicológicos
viene acom pañada de una plétora de falsas sal idas a es tos
dilemas que cortocircuitan la búsqueda de soluciones reales.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 130/145
1 3 0 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
T r a s e l a u g e d e l n e o l i b e r a l i s m o q u e h a a c o m p a ñ a d o el
d e r r u m b e d e l s o c i a l i s m o r e a l , e l homo oecorwmicuf; v u e l v e a
o c u p a r u n l u g a r d e p r i v i l e g i o e n l a e s c e n a s o c i a l . L a e n o r m e
f u er za d e l a l i b r e c o n c u r r e n c i a e n l o s m e r c a d o s g l o b a l i z a d o s
y la d e s i n v e r s i ó n d e l E s t a d o e n la e s c e n a p ú b l i c a , a s í c o m o la
p r i v a t i z a c i ó n d e b i e n e s d e p r o p i e d a d s o c i a l q u e c o n t r i b u i a n
a c o n f o r m a r u n e s p a c i o p i i b l i c o , h a n f a v o r e c i d o la l i b e r t a d
d e m o v i m i e n t o s d e l a s e m p r e s a s q u e h a c e n r e c a e r s o b r e l o a
t r a b a j a d o r e s l a s t e n s i o n e s p r o p i a s d e lo s m e r c a d o s f le x i b l es .L o s m e r c a d o s d e t r a b a j o , s o m e t i d o s a v a i v e n e s i r n j) r e d ee i
b l e s , p r e c i s a n d e u n a fu e r za d e t r a b a j o c a d a v e z m á s d ú c t U y
m a l e a b l e , p o l i v a l e n t e , q u e s e a d a p t e c o n r a p i d f - z a l o s e m b a
t e s d e l m e r c a d o . A su v e z , e l e m p u j e d e la s o c i e d a d d e s e r v i -
c t o s c o n f i e r e u n p r o í a g o n i s m o h a s t a a h o r a descvnocido a la
p r e s e n t a c i ó n y r e p r e s e n t a c i ó n d e l y o . E l t r a b a j o n o só l o
e s c a s e a s i n o q u e a l a v e z s e f r a g m e n t a . S e p r o d u c e a s i l o q u e
R i c h a r d S e n n e t t h a d e n o m i n a d o l a corrosión del. carácter, e s
d e c i r , la i m p o s i b i l i d a d d e c o n s t r u i r p a r a u n o m i s m o y e n
r e l a c i ó n c o n l o s d e m á s , u n a b i o g r a f í a , u n p r o y e c t o v it al y
p r o f e s i o n a l ' .
V i v i m o s l i e m p o s r e c i o s , e s p e c i a l m e n t e p r o c l i v e s a l o s l a n at i s m o s d e t o d o t i p o q u e c o n s t i t u y e n u n r e c u r s o p a t o l ó g i c o a
l a s c r i s i s d e i d e n t i d a d . N o s e n c o n t r a m o s r o d e a d o s d e e x a l t a -
J 9 Cí . Hicliiii d S e nn cK , Lacíirnisuin del carávier. La s ciia.scaí.encías personales
del írahajei en el nuevo aifnUiUsm n. B arcelon a, A ruigrarna. '400 0. V í'a.sc tarn
bien (C hristopher ha.sch, l>a euUura del narcif^ismo, l5ar(-(> ona. A nd ré s
B eho. ]< <)<).
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 131/145
V I A J E A L IN T E R I O R D E L YO 1 31
c l o n e s i d e n t i t a r i a s q u e a n t e p o n e n l o s p a r t i c u l a r i s m o s ( l a
nación, la raza, la religión, el sexo) sobre un derecho univer
sal de hum anidad. Los cantos de s irena para ret irarse delm undo suenan con fuerza, pero tam biénla necesidad de pró
t e s i s d e s u s t e n t a c i ó n q u e p e r m i t a n m a n t e n e r s e e n p i e . S e
explica asi el recurso incesante a las psicoterapias y otras téc
nicas de vertebración del yo. E l gr i to pr im ario, el yoga, la
m editación trascendental , las técnicas de relajación, el
budism o zen, el coloquio int im o con los extraterrestres , elrecurso a los horóscopos, a la astrología o a la nigromancia,
la terapia de vidas pasadas, junto con otras infusiones y con
fusiones del alma, están a la orden del día, lo que indica que
no nos sentim os du eños de nu estras propias vidas . Perdidos
en ¡a incert idurnbre y en la soledad, aum enta s in cesar la
demanda de ayuda de los expertos, tanto los profesionaliza
dos como los asilvestrados. En el mercado de las emocionescrecen las ofertas para rob ustec er el yo y pro po rcio na rle una
m ayor plast icidad. E l recurso a los consum os psicológicos
engrana bien con los avances del neoliberalismo y el capita
l i s m o d e c o n s u m o , p u e s p r e s u p o n e u n s u j e t o q u e r e n u n c i a
voluntar iam ente a intervenir com o ciudadano en el espacio
público, un sujeto no político o antipolítico que acepta la servidumbre al orden instituido.
E n t i e m p o s d e m a l e s t a r e s p r o l i f e r a n l o s « e s p e c i a l i s t a s e n
t i » , l o s t e r a p e u t a s e s p o n t á n e o s q u e a f i r m a n q u e « e r e s t ú
q u i e n c o n s t r u y e l a r e a l i d a d » . E l p r e c i o a p a g a r p o r l o s
delir ios de om nipotencia son la f rustración y la depresión.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 132/145
1 3 2 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R ÍA
es decir , un nueva vuelta de tuerca para el retorno de lo
m i s m o " .
¿Es posible romper este ciclo, esta espiral infernal que mueve
como una n oria el me rcado del yo? E s dilicil que quiene s ha n
hecho del yo psicológico un negocio esté n dispu estos a reco
nocer que tan sólo actúan movidos por el afán de lucro. Tam
poco resulta sencil lo para quienes no cuentan con soportes
relaciónales salir po r sí mism os d e la angustia y de la soleda d.La precarización del mercado laboral produce heridas mate
r iales y s im bó licas dif íci les de res ta ña r . L os pro blem as y el
sufrimiento son consustanciales a la condición hum ana, pe ro
de term ina da s instituc iones y una organización social injusta
'^oLii exist(^ricia en t l ('uri'i't'iilurn pr(.)l'(ísion;ii (ir, psicólogos y psiquiiitnis de
u n a as ig n atu r a q u e se ( len o n ¡ in a « p s iq u ia l r ia s o c ial» o « [ ¡ s ico lo g ía
s o cial» h a s í^ r v id o en r eal id ad p ar a leg i t im ar la cr een cia d e q u e p u ed e
existir una psicología o una psiquialr ia ( 'xclusivarrK'nlc «psicológicas».
Sin embargo, lanío la [)siquialr ía comunitaria como la psicología crít ica
h an cu es t io n ad o la exis ten cia i le u n s u jeto exclu s iv an u u ile « p s ico h ig i
CO». S( í enfrentan así a todo un nier"( 'a( lo en expansión, (¡onio muesl ra
cito tan sólo los titulares de una revista d< divulgación qui^ se denomina
Psicuto^ía práctica- « V e n c e t u s m i í n l o s p r o f u n d o s . T r a n s f ó r m a l o s e n
co r aje » . « T u n eces id ad d e car iñ o ¿es eq u i l ib r ad a o exc es iv a ?» , « ¿f'' .r est)uena en la cama? Conoce tu persíjnalidad erótii^a», «Potencia tu sabí
d u r ía e m o c i o n a l » , « ¿ R s t a s s a t is f e c h o co n tu i m a g e n ? » (C f. Psicolo^a
práctica, núm 58, febrero, - .^oo^). Sobre el (-aráctcr funcional de la psieo-
logización en relación con cl sistema neoliberal véase «}l( jino psyeholo-
g ieu s . E n tr ev is ta a R o b er t C as tcl r eal izad a p o r D an iel F - Y ied m an n» , en
Rem,íita de laAsociacion Espaíiola de Neuropsiqíüatiiam nú m 18. julio- scft
t iem b r e d e 1 9 8 6 , p p . 4 5 4 -46'^. as i co m o el b r i l lan te l ib r o d e G u il ler m o
R e n d u e l e s , Egolatría, O viedo , KR K, 14005.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 133/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 134/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 135/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 136/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 137/145
PÚBLICO: ¿//a/ algún aspecto de la psicologizacíón del yo que
encuentre positivo ?
F E RNANDO Á LVAE E Z-URÍA: Tal y como está constituida hoy la
psicología creo que no. E n cier to m odo habría que em pezar
por construir una psicología social. Creo que el hecho de que
la psicología social esté separa da de las otras ram as d e la d is
ciplina es negativo, porque se crea la f icción de que puede
haber una psicología no social. Entiendo que el éxito públicode la psicología deriva en buena medida de la psicologizacíón
de problem as sociales. Si alguien está en paro, la re spo nsa bi
lidad no recae sobre la precarización del mercado de trabajo
sino sobre esa persona, a la que culpamos de no saber hacer
bien su curriculum o de no saber vend erse bie n. E n efecto, u n
p a r a d o p u e d e e s t a r s u f r i e n d o u n a d e p r e s i ó n , p e r o e s b i e n
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 138/145
1 3 8 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
posible que su depresión esté relacionada con el funciona
m iento del m ercado de trabajo. E n el ám bito escolar , s i un
niño fracasa se le aplica siempre un tratamiento psicológico,
sin tener en cuenta que existe la posibilidad de que la institu
ción funcione mal.
P: Su planteamiento me resalta hisloiicamsnte problemático. A lo
largo de este siglo se han producido numerosos cambios que ha n
favorecido el resurgir de lo social en el ámhito de ía medicina. Porejemplo, después d e la. Segunda G uerra, Mundial, en Inglaterra, se
creó el Sistema N acional de Salud, un modelo que ha marcado los
modelos sanitarios de muchos otros países.
FAU: Por supuesto, no pretendo que la psicoiogiz.ación haya
afectado po r igual a todos los grupo s sociales. B asil B ernstein,
sociólogo de la educación británico, ha explicado que esa cul
tura psicológica ha calado, sobre todo, en las nuevas clases
medias. También es cierto que tras la derrota del fascismo
surgieron Estados sociales potentes. De todos modos, tengo la
impresión de que el proceso de psicologización ha arraigado
de tal forma que todos estam os ya algo inm erso s en esta e spe
cie de mundo del yo. Voy a poner un ejemplo que me pareceilustrativo: C om pen dium era hace un os años—cerró en aooo—
la librería alternativa más famosa de Londres. En el sótano se
encontraban los libros de ciencias sociales y las revistas polí
ticas. La planta principal estaba ocupada por las secciones de
piedras preciosas, nigromancia, conócete a t i mismo, bruje
ría, meditació n tra scen den tal y yoga; es decir, todo el espectro
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 139/145
139
de lo parapsicoló gico. C ada vez que voy a la antigua D illons,
que era una buena librería de ciencias sociales, veo cómo dís-
núnuye el número de libros de sociología, mientras aumenta
el de publicaciones relacionadas con los estudios culturales.
Los problemas de identidad están adquiriendo un cariz obse
sivo, como demuestra la política española, por lo que parece
centrada obsesivamente en problemas de identidad española,
catalana, vasca. . . Debe haber cientos de libros sobre España:
la realidad de España, las dos Españas, las catorce Españas. . .¿T iene esto algún interés? L a popularidad de estas c uestiones
tiene que ver con la idea de que vivimos en un m un do desp ia
dado en el que debemos aferramos a nuestra identidad.
P: Has planteado la psicologización como un proceso que parte de
unas elites pero que afecta sobre todo a las clases medias. Sin
embargo, mi experiencia laboral en un servicio de salud mental
de un barrio obrero me hace pensar que se trata de un fenómeno
más global.
F A U : E s cierto, R ecuerdo que hace años propu se a m is alum
nos del inst i tuto que se inventaran una his tor ia en la que
estuviera pre sente el psicoanálisis, antes siquiera de h aberleshablado de él. Todos ellos contaban una historia en la que una
perso na tenía u n traum a que se desbloqueaba al recordar. L as
películas de Hitchcock formab an ya parte de su mun do cultu
r al . Me resultó sorprendente que eso se diese en un colegio
de la perifer ia de Madrid. E sos códigos indican que puede
hablarse de la existencia de una cultura psicológica. No obs-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 140/145
1 4 0 F E R N A N D O Á L V A R E Z - U R Í A
tan te, creo que las avanzadillas de esos códigos son las n uevas
clases m edias , que t ienen una gran inf luencia m ediát ica. E l
espacio de la televisión, de la prensa, de la moda o el diseño
determina los estilos de vida. No podemos decir que se trate
de una fracción cualquiera de la sociedad; está marcando una
dinám ica social. A hí radica básicam ente el peligro, ya que de
lo contrario estaríamos hablando de un hecho banal.
P: Lo que ha definido lapsicología hasta ahora es el enfoque de kiscuestiones desde una perspectiva exclusivamente individual.
¿Cabe imag inar una psicología alternativa?
FAU: Guando en el siglo xix se abre el primer manicomio en
España (el de Santa Isabel, en Leganés) se hace una encuesta
para averiguar el número de enfermos menlalesy salen unos
siete mil en toda España. Hoy en día se habla de que más del
cincuenta por ciento de los españoles necesitan recibir trata
miento psiquiátrico o psicológico al menos una vez a lo largo
de su vida. S e ha producido un crecimien to exponencial. Q ui
zás haya habido un interés por parte de los psicólogos por
extender su radio de acción, eso ocurre en todas las profesio
n es, pero los procesos de individualización también han servido de caldo de cultivo de estos malestares. Desde el
m om ento en que F reud com ienza a hablar de neurosis , los
m anicom ios em pezaron a no dar a basto. C ada vez que se
detecta un malestar entran en juego la psicología y la psiquia
tr ía , con independencia del or igen del m ism o. E l sociólogo
estadou nidense C harles L am ert hizo un estudio m uy inte re-
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 141/145
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 142/145
totalmente angustiado. Es como si esa libertad absoluta, en el
sentido de no relacional, condujera a la muerte.
Mara decía que «la esencia humana es el conjunto de las rela
cione s soc ial es ». Q uizás la subjetividad no se agote en lo
social, per o un sujeto red ucido a la m ismidad es un sinsentido
Cfue sólo se puede pro du cir en u n tipo de sociedad que repo sa
en la ficción de que la fuerza de trabajo es una mercancía, una
cosa. El idealismo trascendental es la otra cara del materialis
mo vulgar.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 143/145
Í N D I C E
C ritica social. R adicalismo o reform ismo político 7
C oloquio con R obert C astel 27
Viejos y nuevos locos. ¿R eneg ar de F oucault? 85
C oloquio con G uillerm o R endueles O lm edo 63
C om unidad cívica y ma gistratura social:
dos i 'cspuestas a la crisis urb an a 71
C oloquio con J acques D onzelot 89
Viaje al interior del yo. La psicologizacióndel yo en la soc ieda d de los ind ivid uo s 101
C oloquio con F ernan do A lvarez-U ría 185
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 144/145
MICHEL FOUCAULT revolucionó las ciencias sociales j elpensamiento polí t ico al abrir espacios de ref lexiónacerca de las redes de poder y las instituciones totales
diseminadas por nuestras sociedades. Pero desde sum u e r t e , e n 1 9 8 4 , s e h a n p r o d u c i d o i m p o r t a n t e s c a m bios sociales e institucionales que obligan a prolongarsus aná lisis: el o rd en po lítico inte rna cio na l surgido de laS e g u n d a G u e r r a M u n d i a l s e h a d e s p l o m a d o y l o s p r o yectos nacionales de protección social están en crisis acausa de los procesos de globalización económica. En
este contexto, los ensayos que componen este volumenc o n t i n ú a n l a l a b o r d e F o u c a u l t m e d i a n t e c u a t r o i n m e r siones en áreas turbulentas de las ciencias sociales contemporáneas: la relación entre la sociología crítica y lacr ít ica social, las m etam orfosis p ostm od ern as de la con cepción de la enfermedad mental , las nuevas formas deconflicto ur ba no y la sociología de la identida d pe rso na l.
8/12/2019 Castel, R. y Otros - Pensar y Resistir. La Sociología Crítica Después de Foucault
http://slidepdf.com/reader/full/castel-r-y-otros-pensar-y-resistir-la-sociologia-critica-despues-de 145/145