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RIO GRANDEDO SUL
INSTITUTO
FEDERAL
2012Curitiba-PR
tica no Setor PblicoElaine Cristina Arantes
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Presidncia da Repblica Federativa do Brasil
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao a Distncia
Catalogao na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paran
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA - PARAN -
EDUCAO A DISTNCIA
Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paran para o Sistema Escola
Tcnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil.
Prof. Irineu Mario ColomboReitor
Prof. Mara Christina Vilas BoasChefe de Gabinete
Prof. Ezequiel WestphalPr-Reitoria de Ensino - PROENS
Prof. Gilmar Jos Ferreira dos SantosPr-Reitoria de Administrao - PROAD
Prof. Paulo Tetuo YamamotoPr-Reitoria de Extenso, Pesquisa eInovao - PROEPI
Neide AlvesPr-Reitoria de Gesto de Pessoas eAssuntosEstudantis - PROGEPE
Prof. Carlos Alberto de vilaPr-Reitoria de Planejamento eDesenvolvimentoInstitucional - PROPLADI
Prof. Jos Carlos CiccarinoDiretor Geral do Cmpus EaD
Prof. Ricardo HerreraDiretor de Planejamento e Administraodo Cmpus EaD
Prof Mrcia Freire Rocha Cordeiro MachadoDiretora de Ensino, Pesquisa e Extenso doCmpus EaD
Prof Cristina Maria AyrozaCoordenadora de Ensino Mdio e Tcnicodo Cmpus EaD
Prof. Marcia Denise Gomes Machado Carlini
Coordenadora do Curso
Adriana Valore de Sousa BelloMayara Machado Gomes FariaFrancklin de S LimaKtia Regina Vasconcelos FerreiraAssistncia Pedaggica
Prof Ester dos Santos OliveiraIdamara Lobo DiasReviso Editorial
Eduardo Artigas AntoniacomiFlvia Terezinha Vianna da SilvaDiagramao
e-Tec/MECProjeto Grfico
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e-Tec Brasil3
Apresentao e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica
Aberta do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007,
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na mo-
dalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Minis-
trio da Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia (SEED)
e de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e escolastcnicas estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da
formao de jovens moradores de regies distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de en-
sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir
o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensinoe o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das
redes pblicas municipais e estaduais.
O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus
servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional
qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz de
promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com auto-
nomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social, familiar,
esportiva, poltica e tica.
Ns acreditamos em voc!
Desejamos sucesso na sua formao profissional!
Ministrio da Educao
Janeiro de 2010
Nosso contato
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Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.
Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o
assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso
utilizada no texto.
Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes
desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em
diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa
realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado.
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Sumrio
Palavra do professor-autor 11
Aula 1 tica e moral 131.1 tica 13
1.2 Moral 14
Aula 2 O que nos leva a discutir a tica 172.1 Cidadania: direito de todos
independente de sua cultura 17
2.2 A evoluo cientfica e os dilemas ticos sociais 182.3 Empenhar-se pela vida um dever tico 19
Aula 3 Os valores, a tica e a lei 213.1 Valores 21
3.2 A tica e a lei 22
Aula 4 Conduta tica 254.1 Conscincia tica 25
4.2 Dilemas 28
4.3 Cidadania 29
Aula 5 Multiculturalidade: a moral presente nas diferentesatitudes, crenas e ideologias das pessoasem diferentes culturas 31
5.1 Contexto cultural 31
5.2 A moral brasileira 32
Aula 6 Valorizao da diversidade 356.1 Promovendo e valorizando a diversidade 35
6.2 Afro-descendentes no Brasil 36
6.3 A poltica de cotas no Brasil 38
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Aula 7 tica profissional 417.1 O que profisso? 41
7.2 Valor social da profisso 43
7.3 As habilidades de um administrador 43
Aula 8 Virtudes necessrias aoexerccio profissional tico 47
8.1 Virtudes profissionais bsicas e complementares 47
Aula 9 tica na liderana 519.1 O que significa ser lder? 51
9.2 Os desafios da liderana 52
Aula 10 Adversidades no ambiente de trabalho e opapel da liderana 55
10.1 A linha que separa a firmeza nacobrana e a agresso moral 55
10.2 Resilincia: suportando presses numambiente de adversidades 56
Aula 11 tica e responsabilidade social 5911.1 O que responsabilidade social e o que isso
tem a ver com tica? 59
11.2 O que so e quais so osstakeholdersde uma organizao? 60
Aula 12 tica presente na cultura organizacional 6312.1 Caractersticas da cultura organizacional 63
12.2 Aes que influenciaram na mudana dacultura organizacional 63
12.3 tica na tomada de deciso com base nacultura organizacional 65
Aula 13 Cdigo de tica organizacional 6713.1 O que um cdigo de tica? 67
13.2 Como se elabora um cdigo de tica parauma organizao 68
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Aula 14 O cdigo de tica do servio pblico 7114.1 O cdigo de tica do servidor pblico 71
Aula 15 tica no Marketing 75
15.1 Gesto tica do composto de marketing (4Ps) 75Aula 16 O servidor pblico e a prestao de
servios ao cidado 8116.1 Caractersticas da prestao de servios q
ue favorecem oportunidades para condutas antiticas 81
16.2 Cidado ou consumidor do governo? 82
Aula 17 Situaes na prestao de servios quepodem gerar a conduta antitica profissional 85
17.1 Fontes que podem gerar a conduta antitica 85
Aula 18 Qualidade na prestao de servios e seu impactosobre a imagem do setor pblico 89
18.1 Evoluo do movimento da qualidade 89
18.2 Os perfis de consumidores de servios 89
Aula 19 A tica e a gesto da reputao no setor pblico 9319.1 Reputao: ativo intangvel 93
19.2 O impacto da conduta tica na reputao e na imagem da marca 95
Aula 20 Nossa contribuio para chegar l! 9920.1 Contribuies individuais, profissionais e
das organizaes privadas e pblicas 99
Referncias 103
Atividades autoinstrutivas 107
Currculo do professor-autor 129
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Palavra do professor-autor
Querido aluno,
Este livro foi escrito com o objetivo de oferecer a voc subsdios para reflexes
sobre a aplicao prtica da tica no cotidiano do setor pblico. Longe de ser uma
discusso filosfica, o contedo deste livro aborda temas que esto presentes em
nossas vidas. Vamos iniciar com uma apresentao conceitual sobre tica, moral,
valores e sua intermediao pela justia, por meio da legislao. A conduta tica
o tema seguinte que nos leva a refletir sobre a maneira como percebemos o
meio em que estamos inseridos e nossa interao com aqueles que nos cercam.
Cada cultura pressupe uma percepo sobre a tica em funo de suas crenas.A diversidade abordada de para permitir a reflexo sobre a importncia da valo-
rizao das diferenas na busca do resultado da equipe. Trataremos das virtudes
necessrias ao profissional seja ele da rea pblica ou privada cuja tica permeia
a tomada de deciso. Procurei associar a prtica tica a temas relacionados ao
ambiente organizacional da gesto pblica como a sua prpria cultura bem como
s lideranas em quem confia a gesto das equipes. Lidar com as adversidades do
dia-a-dia uma habilidade que requer uma forte retido de carter, fundamenta-
da na prtica tica e moral. A imagem de um profissional abordada neste livro,
pois est fortemente associada s suas prticas dirias. Veremos como se constri
um cdigo de tica e conheceremos cdigos de ticas de algumas profisses queinclusive estabelecem sanes legais para seu descumprimento. Conheceremos os
cdigos de tica que orientam a atuao do servidor pblico e refletiremos sobre
os princpios da administrao publica que norteiam sua conduta. Como disse h
pouco, procurei abordar o tema da tica vinculado atividade de diferentes reas
das organizaes, especialmente aquelas cuja gesto se volta para o bem comum,
com foco no cidado. Dentre as reas abordadas neste livro esto: liderana na
gesto; marketing; e prestao de contas. A tica no servio pblico um tema
fundamental para discusso j que tica e poltica, por definio, caminham lado
a lado. Por fim, proponho uma reflexo sobre nossos esforos individuais, profis-
sionais, como tcnicos e gestores na direo de uma conduta tica que permeie oconvvio dos indivduos e a gesto das organizaes.
Desejo a voc uma tima leitura, profundas reflexes e muita discusso com
os colegas!
Prof. Elaine Cristina Arantes
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Aula 1 tica e moral
Nesta primeira aula vamos abordar os conceitos de tica e moral e vamos
nos estender at a compreenso do que amoral e imoral bem como
sobre o que antitico. Veremos nesta aula que tica e moral no tm o
mesmo significado, muito embora a confuso exista.
Desde j, quero deixar muito claro que no h qualquer pretenso de apre-
sentar um trabalho de filosofia, mas oferecer subsdios para que voc possa
observar e analisar os fatos que nos cercam seja na administrao privada
como na pblica.
1.1 ticaObserve o seguinte: em cada um dos papis que voc tem em sua vida (pai,
me, irmo, funcionrio, amigo, etc) voc ouve a expresso voc tem que
fazer isso desse jeito porque o correto ou ento voc precisa se compor-
tar de outra maneira, afinal..... Veja que estes comportamentos esperados
diferem de uma sociedade para outra.
Vamos compreender uma situao em que um determinado papel apresenta
diferentes ticas face s diferentes compreenses da realidade. No Ocidente,os mais velhos muitas vezes dependem dos mais jovens, sua famlia, seus
filhos. No Brasil, temos a Previdncia Social que tambm cuida daqueles que
j trabalharam a vida toda e tm o direito de receber uma aposentadoria.
Este um aspecto que denota nossa preocupao com os idosos. Contudo,
estudos como o de Ucha (2003) do Ncleo de Estudos em Sade Pblica e
Envelhecimento, da Fundao Oswaldo Cruz/Universidade Federal de Minas
Gerais alertam para a marginalizao do idoso e para o fato de que a ve-
lhice no Ocidente situa-se na contracorrente de uma sociedade centrada na
produo, no rendimento, na juventude e no dinamismo.
Fonte: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000300017.
J no Oriente, os mais velhos so venerados o que vai muito alm de sim-
plesmente cuidar deles. J entre os Esquims, os mais idosos ao se perce-
berem improdutivos procuram preservar os recursos para os mais jovens
e se entregam ao sacrifcio ao se enterrarem nos iglus at a asfixia, ou
ento caminhando pela regio gelada do rtico sem qualquer proteo at
congelarem ou serem devorados pelos ursos. Cada sociedade, conforme
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ensina Rios (2011, p.31) tem sua prpria tica, seu prprio jeito de ser, o
conjunto de ethosque confere certas caractersticas quela organizao
especfica.
Figura 1.1: Esquims
Fonte: http://osemprefixe.blogspot.com
O domnio do ethos, segundo Rios (2011, p.32) o da moralidade, do es-
tabelecimento de deveres, a partir da reiterao das aes e da significao
a ela atribuda. O que conclumos? Que a tica de uma sociedade tem sua
fundamentao em aes transmitidas de gerao em gerao e que so
consideradas como morais por aquelas pessoas. Por serem aes comuns a
uma sociedade, so estabelecidos deveres e normas.
Rios (2011, p.94) refora o conceito de tica quando afirma que o respeito
est em seu ncleo e implica necessariamente, reconhecer a presena do
outro indivduo como seu igual, em humanidade.
A tica, para S (2003, p. 15) estuda os fenmenos morais, as morais hist-
ricas, os cdigos de normas que regulam as relaes e as condutas dos agen-
tes sociais, os discursos normativos que identificam, em cada coletividade, o
que certo ou errado fazer.
1.2 MoralA moral o conjunto de regras que uma sociedade estabelece para regular
as relaes entre as pessoas na busca pelo bem comum, pela felicidade, combase na justia. Assim sendo, as relaes para serem morais no podem ser
contrrias ao que a justia estabelece. Rios (2011, p.29) ensina que quando
se qualifica um comportamento como bom ou mau, tem-se em vista um
critrio que definido no espao da moralidade. Esta autora refora ainda
que no espao da moral que aprovamos ou reprovamos comportamentos
e dizemos que esto corretos ou incorretos.
Ethos
Caracterstica comum a umgrupo de indivduos pertencentes
a uma mesma sociedade.
A Declarao dos DireitosHumanos que se encontra nantegra no link: http://www.
onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php, acessadoem 19 abril 11, foi proposta pelaONU Organizao das NaesUnidas e assinada por todos os
Estados Membros garantindoa todos os membros da famliahumana e de seus direitos iguaise inalienveis o fundamento da
liberdade, da justia e
da paz no mundo.
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Veja que a Figura 1.2traz situaes que se encaixam nas definies que Srour
(2003, p.30) apresenta para os termos moral, amoral e imoral. Assista tambm
ao vdeo da entrevista do Prof. Cortella, indicado para voc em Mdias Inte-
gradas. Nesta entrevista, discutem-se estas trs definies. Reflita a respeito.
Figura 1.2: Situaes morais, imorais e amoraisFonte: SROUR, Robert Henry. tica empresarial, a gesto da reputao. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 30.
moral
Positivo
Dirigir comcuidado
Estudar paraa prova
amoral
Neutro
Ter umcarro
Fazer umaprova
imoral
Negativo
Dirigirembriagado
"Colar" naprova
Sobre a relao entre a tica e a moral, veja a seguinte explicao de Rios
(2011, p. 34-35):
A tica se apresenta como uma reflexo crtica sobre a dimenso moral
do comportamento do homem. (...) A moral, em uma determinada
sociedade, indica o comportamento que deve ser considerado bom e
mau. A tica procura o fundamento do valor que norteia o comporta-
mento, partindo da historicidade presente nos valores.
Vamos falar sobre a relao entre moral, tica e poltica. As formas de po-
der ou a imposio da vontade de uma pessoa sobre a outra (e no sobre
a natureza) que se estabelecem em uma polis(cidade) so reguladas pela
tica e os princpios sobre os quais a tica se fundamenta. Esta imposio
se estabelece no domnio da tica que, ao ser praticada por um homem
eleito pelo povo, deve seguir os princpios estabelecidos por aquela socie-
dade que o elegeu.
Resumo
Nesta aula, vimos que tica e moral no so a mesma coisa. As pessoas serelacionam dentro de critrios do que bom e mau isto est no campo da
moralidade. Uma vez estabelecidos estes critrios, so construdas normas
de boa convivncia cuja reflexo crtica feita pela tica, pois o que bom
para alguns pode no ser bom para outros. Com base na justia, a tica
norteia o comportamento das pessoas. Assim, comportamentos antiticos
so punidos pela lei.
Assista ao vdeo com a entrevistaque o Prof. Mario Sergio Cortellaconcedeu a J Soares, em seuPrograma do J e exibida pelaTV Globo. O linkpara que vocpossa acessar esta entrevista: http://www.youtube.com/watch?v=QK5LDsEKuEAe foiacessado em 14 out. 2011.Nesta entrevista, Mario SergioCortella aborda a tica e explicaconceitos como: moralidade;amoralidade e imoralidade quevimos na Figura 1.2 desta aula.
e-Tec BrasilAula 1 tica e moral 15
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Atividades de aprendizagem Agora que falamos sobre as diferenas entre tica, moral, imoralidade,
amoralidade e como a tica se relaciona com a poltica. Observe os acon-
tecimentos na organizao em que voc trabalha, as decises que so
tomadas cotidianamente e leia com ateno as matrias publicadas so-
bre a gesto pblica. Faa a relao com os conceitos vistos nesta aula.
Anotaes
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e-Tec Brasil17
Aula 2 O que nos leva a discutira tica
Os dilemas como voc ver adiante, fazem parte da discusso sobre a
tica. J acompanhamos nos noticirios cidados de diferentes pases lu-
tando pelo seu direito cidadania. Defrontamo-nos diariamente com con-
flitos entre o dever ser previsto pelas normas ticas de nossa sociedade e
o querer ser. Vemos nos noticirios escndalos envolvendo pessoas que
ocupam cargos pblicos violando princpios morais e ticos que devem
ser respeitados. Da mesma maneira, vemos em outras culturas aes le-
galmente institudas, como a punio pelo apedrejamento, por exemplo,
que no condizem com nossa maneira de pensar e agir. A evoluo cien-
tfica tambm nos coloca diante de discusses ticas como no caso daclonagem, das pesquisas com clulas- tronco e dos transgnicos. Nesta
aula, proponho reflexes a respeito destes temas que nos levam tambm
a refletir sobre a tica em nosso cotidiano.
2.1 Cidadania: direito de todosindependente de sua cultura
Figura 2.1: Povo egpcio reunido na praa Tahir gritando: "Salvem a Revoluo".Fonte: http://veja.abril.com.br/
Voc se lembra do episdio ocorrido no Cairo, Egito no incio de 2011 em
que o povo foi s ruas lutar pela democracia em seu pas? Compare as ima-
gens deste movimento com aquelas vistas na Praa da S, em So Paulo nos
anos 80 pelas Diretas J. O povo egpcio, assim como o brasileiro lutava
pelo seu direito cidadania.
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Quando se trata de cidadania, alis, vale lembrar que no falamos apenas
em direitos, mas tambm em deveres do cidado. Se por um lado o cidado
brasileiro tem direito ao ensino pblico, sade, transporte pblicos, gratui-
tos e de qualidade, por outro lado devem tambm cumprir sua obrigao
quanto ao recolhimento de impostos, preservao do patrimnio pblico,
do meio ambiente, etc. Perceba que se trata de uma via de mo dupla! A
cidadania se expressa por meio das relaes entre os indivduos e a cidade
em que exercem seus direitos e deveres.
2.2 A evoluo cientfica e os dilemasticos sociais
No Sculo XVI, ao afirmar que suas observaes indicavam que a Terra no
era o centro do universo, mas sim o Sol e que, alm disso, a Terra girava em
torno do Sol Galileu Galilei contestava as afirmaes de Aristteles feitas noSculo IV a.C. (h 2.400 anos atrs!) e reafirmava a viso heliocntrica de
Coprnico (1473-1543), cujos estudos serviram como base para a Astrono-
mia moderna. Acusado de heresia e condenado morte, Galileu foi obriga-
do a ir at Roma em 1611 para assinar um decreto do Tribunal da Inquisio
se retratando de suas afirmaes. Galileu assinou o documento e segundo
a lenda, teria dito baixinho: Eppur si muove, ou seja, mas ela se move
referindo-se ao movimento da Terra em torno do Sol. Imagine que somente
em 1992, por meio de uma declarao do Papa Joo Paulo II, a Igreja Cat-
lica reconheceu formalmente o erro cometido. Como voc v, dilemas ticos
fazem parte da Histria da Humanidade!
Figura 2.2: Galileu diante do Santo Ofcio Pintura de Joseph-Nicolas Robert--Fleury feita no Sculo XIXFonte: http:/ /eziowk-arte.blogspot.com/
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S (2010 p. 281) refora esta afirmao quando se refere cincia como
um campo onde existem diversos stios de indagaes, cujas dilataes
implicam mutaes de limites e assimilao de enriquecimentos culturais.
A interdisciplinaridade de ramos do conhecimento d origem a novos
campos de pesquisa que, por sua vez, nos trazem grandes descobertas. Veja
por exemplo o caso da Biogentica derivada da unio entre Biologia, Fsica
e Qumica. Quantos questionamentos voc j viu serem feitos sobre a tica
que envolve o resultado de pesquisas com clulas tronco, clonagem e trans-
gnicos, entre outros.
2.2.1 A bioticaO termo biotica foi institudo nos anos 70 do Sculo XX, e teve seu marco
com o nascimento de Louise Brown em 1978, o primeiro beb nascido de
um processo inovador de fertilizao in vitro, em Londres, Inglaterra. A bio-tica, contudo pode ser vista j na descoberta da penicilina em 1928 pelo
ingls Alexander Flemming e na utilizao de equipamentos para respira-
o artificial. Trata-se de um campo de pesquisas e descobertas que aborda
temas especficos como nascer/no nascer, no caso de fetos previamente
diagnosticados com doenas graves e genticas; no caso da clonagem,
entre outros.
A biotica conduz a atuao mdica no sentido de um profissionalismo res-
ponsvel e transparente buscando respostas para os enigmas que frequen-
temente o corpo humano apresenta. O conflito que existe entre a busca porestas respostas e a tica mdica instituda coloca em questo as descobertas
feitas pelas cincias biolgicas.
Como voc j percebeu, a biotica se v diante de confrontos com as dife-
rentes culturas com as quais convive face s condutas ticas nelas adotadas
cujas razes so difceis de serem contestadas.
2.3 Empenhar-se pela vida um dever tico
Em sua obra, S (2010 p. 285) ensina que no basta sentir-se existindo,sendo necessrio fazer da existncia uma oportunidade de ser til, contri-
buindo para a evoluo do cosmos. s vezes me pergunto se a tica no
deveria ser to prpria da conduta do ser humano que no seria preciso
estud-la, ensin-la, promov-la! O que voc pensa a respeito?
Interdisciplinaridade a integrao de dois ou maiscomponentes curriculares naconstruo do conhecimento.Ela busca conciliar os conceitospertencentes s diversasreas do conhecimento afim de promover avanoscomo a produo de novosconhecimentos ou mesmo, novassub-reas. Exemplo de umaconduta interdisciplinar: associar
conhecimentos da medicina coma psicologia para o tratamentode doenas psicossomticas(aquelas que comeam na mentee interferem no corpo).
Voc j ouviu falar da expressoBeb de Proveta? Deve-seao fato da fecundao do vulo
pelo espermatozide ocorrerfora do corpo, em laboratrio,ou seja, in vitro. Os embriesresultantes da fertilizao in vitroso transferidos para o teroaproximadamente 72 horas apsa captao de vulos.
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Mas ao observar as pessoas que nos cercam vemos que a diversidade de cul-
turas, formaes, maneiras de perceber a vida nos levam necessidade de
discutir o tema, bem como estabelecer normas para a boa convivncia e, na
sequncia, punir aqueles que as desobedecem por estarem comprometendo
a harmonia.
A promoo da felicidade individual bem como da felicidade coletiva deve
estar em harmonia com os deveres ticos, segundo S (2011 p. 286). A
busca por este equilbrio obtida com o conhecimento de si e do outro. A
Filosofia oferece caminhos para a interiorizao e a auto-compreenso como
base para o bem estar individual e coletivo.
Saiba mais
O artigo Biotica: contexto histrico, desafios e responsabilidade deautoria de Jos N. Heck da Universidade Federal de Gois nos apresenta
um resumo da evoluo da cincia e os dilemas que enfrenta face aos
conflitos ticos impostos pela medicina tradicional. Leia, reflita e discuta
com seus colegas.
Para voc refletir
O que voc tem feito para buscar o seu bem-estar bem como daqueles
com quem voc convive? Voc vive em harmonia consigo e com as pessoas
que o cercam? O que voc pode fazer para promover esta harmonia, este
bem estar?
ResumoVimos nesta aula que conflitos cotidianos nos levam a refletir sobre a con-
duta tica do ser humano. Alguns dos exemplos vistos nesta aula foram a
luta pelos povos egpcio em 2011 e brasileiro na dcada de 80 buscando a
democracia em seus pases. Vimos que a diferena cultural no interfere na
conduta tica do cidado que alm de direitos tem deveres a cumprir. Abor-
damos os conflitos impostos pela biotica com sua pesquisa pelo avano
cientfico em casos que envolvem a preservao da vida humana.
Anotaes
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Aula 3 Os valores, a tica e a lei
Os valores dos indivduos representam a base de sua conduta, pois estabe-
lecem como vo se comportar e como sero sua relao com aqueles que
o rodeiam. Nesta aula, vamos falar sobre os valores individuais, organiza-
cionais e da vida pblica que esto na base do cumprimento das normas
estabelecidas pela sociedade. Ao desobedecer estas normas, a lei se aplica
buscando garantir a harmonia entre os indivduos. Veremos tambm um
texto que trata este tema em profundidade.
3.1 ValoresNa primeira aula, trouxemos a frase em que Rios (2001, p.35) relaciona tica
e valores: A tica procura o fundamento do valor que norteia o compor-
tamento, partindo da historicidade presente nos valores. O que vem a ser
este valor? Trata-se de um princpio do qual no se abre mo. Luzio (2010,
p.16) ensina que valores so princpios que estabelecem como vamos nos
comportar, como trabalhamos e como fazemos negcios na organizao.
Veja o que ensina Rios (2011, p.94) sobre a relao entre moral, costumes e
valor. Para esta autora, as aes morais tm sua origem nos costumes de cada
sociedade. Esses costumes esto fundados em valores. Ocorre que confundi-mos o que costumeiro com o que bom e nem sempre assim. Reflita sobre
costumes que so cultivados em nossa sociedade com os quais no concorda-
mos. Lembre-se que costumes esto vinculados poca em que vivemos. H
dcadas atrs era inaceitvel que a mulher trabalhasse fora de sua casa, exer-
cendo atividades profissionais e diferentes daquelas voltadas para sua famlia.
Atualmente, voc aceitaria que uma mulher fosse proibida de trabalhar?
Quando falamos em valores organizacionais, observamos que estes tambm
existem face aos costumes cultivados em uma organizao.
No link: http://www.promon.com.br, acessado em 21 out .11,voc encontra os valores daPromon Engenharia. Veja quedentre eles est o bom humor!
Misso, princpios e valores da Universidade Federal do
Paran
So valores Misso
Fomentar, construir e disseminar o conhecimento, contribuindo para a
formao do cidado e desenvolvimento humano sustentvel.
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Princpios
Universidade pblica, gratuita, de qualidade e comprometida socialmente.
Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extenso
Liberdade na construo e autonomia na disseminao do conhecimento.
Respeito a todas as instncias da sociedade organizada.
Valores
Comprometimento com a construo do saber e formao de profis-
sionais competentes e compromissados socialmente.
Ambiente pluralista, onde o debate pblico instrumento da convi-
vncia democrtica.
Preservao e disseminao da cultura brasileira.
Proposio de polticas pblicas. Comprometimento da comunidade universitria com a Instituio.
Gesto participativa, dinmica e transparente comprometida com me-
lhores condies de trabalho e qualidade de vida.
Eficincia, eficcia e efetividade no desenvolvimento das atividades
institucionais.
Isonomia no tratamento dispensado s Unidades da Instituio.
Respeito aos critrios institucionais usados na alocao interna de re-
cursos.
Cultura de planejamento e avaliao contnua da vida universitria.
Fonte: http://www.ufpr.br/portalufpr/a-universidade-institucional/missao-e-valores//
Os valores de uma organizao se fundamentam nos costumes cultivados ao
longo do tempo e expressos cotidianamente na cultura organizacional. Obser-
ve a organizao onde voc trabalha. Quais so seus costumes e seus valores?
3.2 A tica e a leiEm sua obra, S (2010, p.99) faz uma relao entre o cumprimento das
normas estabelecidas pela sociedade e o carter do indivduo, dizendo queaquela pessoa que tem vocao para o bem e educada para o bem
conduzida naturalmente ao cumprimento do dever tico. O autor chama
nossa ateno para a importncia da educao das crianas e dos jovens no
modelo da moral e da tica, voltada para a virtude, pois seus reflexos sobre
o cumprimento do dever tico so percebidos na vida adulta.
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O direito e a tica disciplinam as relaes humanas por meio de normas
que mudam de conformidade com o nvel cultural de cada povo. Enten-
de-se por tica o conjunto de valores, de princpios universais que regem
as relaes das pessoas do ponto de vista do bem e do mal. A tica do
bem pode ser comparada com uma espcie de cimento de sustentao
da sociedade.
Quando existe um sentimento tico igualitrio, a sociedade mantm-
-se harmonizada. Quando esse se rompe, a vida comunitria entra em
crise autodestrutiva. As normas ticas so cumpridas de acordo com aconvico e a liberalidade de cada um, diferentemente das normas ju-
rdicas, so impostas e ningum pode negar que as desconhecem para
isentar-se da pena. Em outras palavras, o direito determina obedincia
lei. Se essa no observada, haver sanes, razo porque deve ser
breve e compreensvel. Apesar disso, certas leis so injustas, porque
privilegiam o interesse do mais forte, convertendo-se em instrumento
de opresso. A propsito, assim expressou-se Slon (poltico grego,
640-560 a.C.): As leis so como teias de aranha; quando algo leve cai
nelas, fica retido, ao passo que se for algo maior, consegue romp-las
e escapar.
O fato que uma lei pode ser moralmente falvel. preciso, pois, que haja
responsabilidade na sua aplicao. Merece repdio todo e qualquer ato
tendente a manipular a norma jurdica com a finalidade de beneficiar al-
gum. Nesse sentido, nada mais perigoso do que a mxima que declara
necessrio consultar o esprito da lei, gerando um caos de opinies. Seria
absurdo se as leis que abominam e punem as condutas criminosas come-
tessem as iguais lesividades.
As naes mais evoludas adquiriram a habilidade de interpretar a lei comequidade e justia, e vo alm da mera literalidade da norma, avanando
para os altos nveis das possibilidades humanas. Nada mais perigoso que
a subservincia letra morta da lei. Sempre que a vida concebida por
um escravismo legalista, a tica torna-se medocre e a balana da Justia
inclina-se para o lado dos privilgios e da arbitrariedade.
Fonte: . Acesso em 14 out. 2011.
Leia o artigo sobre opensamento e a obra deAristteles, em especial ticaa Nicmaco disponvel nolinkhttp://www.webartigos.com/articles/5996/1/Etica-a-Nicomaco/pagina1.html,acessado em 18 abril 2011.
A disciplina das relaes humanas abordada no texto que voc l a seguir.
O foco deste texto est na importncia de a norma jurdica estabelecer o
convvio harmonioso dos indivduos em uma determinada sociedade. Leia e
reflita a respeito.
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Retomaremos mais adiante a questo da aplicao da lei como reguladora
do comportamento dos indivduos em uma determinada sociedade buscan-
do o equilbrio, a harmonia e o bem estar de todos.
ResumoNesta aula vimos que valores so princpios dos quais no abrimos mo,
seja no mbito individual, seja organizacional. Tanto os indivduos como as
organizaes tomam decises com base em princpios como respeito, solida-
riedade, unio e bom humor, por exemplo.
Trouxemos para reflexo a importncia da educao de crianas e jovens na
formao de adultos cujo comportamento virtuoso se reflete no cumprimen-
to do dever tico. Abordamos a atuao da lei quando estes deveres no so
cumpridos.
Atividades de aprendizagem1. E voc, quais so seus valores? J pensou sobre isso? Quais so as atitu-
des, os posicionamentos dos quais voc no abre mo?
2. Pesquise no site da organizao onde voc trabalha e veja se esto de-
clarados os valores dos quais ela no abre mo. Reflita sobre as decises
tomadas na organizao e os valores nos quais ela se baseia. A que con-
cluso voc chega? Justifique sua reposta. Caso a organizao onde voc
trabalha no tenha definidos seus valores, quais voc sugeriria?
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Aula 4 Conduta tica
Nesta aula, vamos discutir a conduta dos indivduos face s decises a
serem tomadas no cotidiano e os dilemas que enfrentam. Partindo do
princpio de que nossa conscincia armazena os princpios que regem
nossa conduta, vamos compreender de que maneira ela influencia-
da positiva ou negativamente pelo nosso comportamento dirio. Alm
disso, importante refletir sobre o impacto do comportamento de um
indivduo sobre aqueles que fazem parte da comunidade em que ele
est inserido. Ao compreender como se d esta influncia, vamos abor-
dar tambm o comportamento da pessoa como cidad, seus direitos,
deveres e a influncia da atuao cidad sobre os demais indivduosdaquela sociedade.
4.1 Conscincia ticaUm determinado grupo precisa de equilbrio entre seus integrantes para
que possam conviver em harmonia, buscando o bem-estar e a felicidade
de todos, bem como daqueles que o cercam. Este equilbrio, conforme
ensina S (2010:127) s se encontra quando a autonomia dos seres se
coordena na finalidade do todo. O motivo pelo qual o grupo existe deve
ser a razo pela qual as pessoas que dele fazem parte tm autonomia paratomar suas decises.
A conduta reta, positiva que busca o bem estar individual e coletivo determi-
na o comportamento tico e o exerccio das virtudes.
O Instituto DNA Brasil e o GIFE Grupo de Institutos, Fundaes e Empresas
promoveu um evento cujas discusses foram descritas resumidamente na
obra Forum DNA Brasil (2006, pg. 196). Neste evento, discutiu-se diversos
temas dentre eles a tica no Brasil. Transcrevo a seguir as palavras d ex-
-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira sobre a conduta tica no setor pblico:
a tica nos negcios diferente da tica na poltica (...), a tica um
fenmeno social: aquilo que se permite na vida das empresas mais
frouxo do que o que se deve permitir no mbito da poltica. Exatamen-
te porque o papel dela controlar a corrupo no sistema. Para con-
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trolar, preciso ter princpios mais rgidos. Quando vemos a corrupo
na altas esferas polticas, est se quebrando a lgica desse contrato.
Falando em princpios, vamos abordar brevemente a questo da boa-f.
Quantas vezes voc j deparou com uma situao em que houve boa f
por parte da pessoa com quem voc estava negociando um automvel,
um imvel, uma troca etc? Lembre-se como foi uma negociao tranquila
e voc saiu satisfeito. E quantas vezes voc j se deparou com situaes
em que a outra parte busca de toda maneira levar vantagem sobre voc,
prejudicando-o, inclusive? Observe que esta busca pela vantagem a qualquer
custo ocorre muitas vezes observando-se a lei. Veja o exemplo de pessoas
que colocam venda carros que no apresentam as condies anunciadas.
Neste sentido, Bessa (2006:14) demonstra que a boa-f transcende as parti-
cularidades formais e os interesses individuais evitando que as formas jurdicassejam utilizadas para viabilizar atitudes nocivas pretendidas pelos contratantes.
A conscincia de cada indivduo a regente de sua conduta. Sabemos que
cada pessoa tem seu bom senso e sua percepo do que a cerca, tendo
portanto, uma conscincia prpria baseada em seus prprios princpios.
Quando que falamos em falta de tica? Quando a conscincia que rege o
indivduo se baseia em princpios que no so aceitos pela comunidade em
que ele est inserido.
Veja o exemplo da ocupao do Complexo do Alemo feita no final de2010 e da Rocinha, um ano depois, em novembro de 2011, no Rio de
Janeiro. Por que as polcias federal, civil e as Foras Armadas invadiram
aquele local, ocupado por traficantes, porque eles no tm tica? Na ver-
dade, eles tm! a tica deste grupo social que entende que as pessoas
que dele fazem parte devem se comportar de uma determinada maneira.
Figura 4.1: Ocupao do Complexo do Alemo emNov/2010Fonte: http://odia.terra.com.br
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A invaso da polcia nestas comunidades aconteceu porque a tica deste
grupo no se baseia nos mesmos princpios de nossa sociedade. Nossa le-
gislao no permite o trfico de drogas porque contraria estes princpios
e, por este motivo, pune seus infratores. Observe ento que as pessoas tm
tica, o problema que nem sempre sua tica est de acordo com aquela
estabelecida pelo grupo ao qual pertence.
Neste sentido, S (2010:127) refora que O sentimento social um im-
perativo na construo dos princpios ticos e estes so incompreensveis
sem aquele. A fora da lei importante como reguladora da forma como
os indivduos se comportam na sociedade, considerando que a conscincia
de um no se baseia necessariamente nos mesmos princpios que a cons-
cincia do outro.
Vamos nos reportar a Srour (2011, p. 21) para a definio de tica comosendo o estudo dos fatos sociais, ou seja, relaes entre agentes histori-
camente definidos. A tica o conhecimento cientfico dos fatos morais.
As escolhas que estes agentes fazem considerando suas avaliaes sobre
o bem e o mal; o mal e o bem (quando se admite que h um mal neces-
srio para que um bem maior seja atingido); o bem e o bem (quando s
possvel beneficiar uma das partes como exemplificado na Figura 4.2); e o
mal e o mal (quando se admite que entre os males, o menor) o que di-
ferencia fatos morais (estudados pela tica) de fatos sociais (do cotidiano).
Figura 4.2: A escolha entre o bem e o bem: o que bompara a gazela no bom para a leoaFonte:
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Temos ento que moral, para Rios (2011, p. 32) um conjunto de normas
e regras destinadas a regular as relaes dos indivduos em uma comunidade
social dada. Estas normas e regras, para Rios (2011, p. 32) se sustentam
nos valores criados pelos sujeitos em suas relaes entre si e com a natureza.
4.2 DilemasO comportamento dos indivduos na sociedade fruto de decises toma-
das a todo instante. Muitas delas relacionam-se a dilemas com os quais
cada um de ns se defronta. Veja o exemplo do dilema que o Rei Salomo
props para as duas mulheres que reclamavam a maternidade de um beb.
Salomo julga sabiamente
Pouco tempo depois, apresentaram-se duas mulheres a Salomo. Uma
disse: Senhor, eu e esta mulher habitvamos na mesma casa. Durantea noite, estando a dormir, sufocou o filho e, aproveitando-se do meu
sono, ps o meu filho adormecido junto de si e colocou aos meus ps o
seu filho que estava morto. De manh, olhando de perto para ele, vi que
no era o meu filho.
A outra mulher interrompeu: No, o meu filho o que est vivo, o teu
morreu. A primeira replicou: No, o teu que morreu. O que est vivo
meu. E continuaram a disputar. Ento o rei disse: Trazei uma espada,
dividi em duas partes o menino que est vivo e dai metade a cada uma!.
Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava vivo suplicou:Senhor, peo-vos que lhes deis a ela o menino vivo e no o mateis!.
A outra, pelo contrrio, dizia: No seja para mim nem para ti, mas divida-
-se. Ento Salomo disse: Dai a primeira o menino vivo porque ela a
verdadeira me. E assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de
Deus assistia ao rei para julgar com retido.
Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php
Diante de um comportamento visivelmente antitico de uma das mulheres,j que as duas no poderiam ser ao mesmo tempo mes de uma criana e,
sem saber a qual delas entreg-la, o rei props cort-la ao meio. Para a me
verdadeira, este foi um grande dilema, pois ela tinha que decidir entre ver
seu filho morto ou v-lo entregue para outra mulher. Perceba que o dilema
ocorre quando qualquer das alternativas que temos no satisfaz ao nosso
desejo. Este foi o caso, neste episdio bblico.
Figura 4.3: O dilema pro-posto pelo Rei SalomoFonte: http://momentoscler.blogspot.
com/
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No toa que recorremos a este personagem bblico quando queremos
falar sobre sabedoria. Voc j ouviu expresses como sabedoria salomni-
ca? Para resolver situaes difceis como esta, preciso realmente de muita
sabedoria! Quais pessoas voc conhece que considera exemplos de sabedoria
na tomada de deciso? No se baseie apenas no mbito profissional, pense
em sua famlia, em seus amigos, em personagens da literatura, entre outros.
4.3 CidadaniaA apresentao do material publicado pelo Ministrio da Educao, intitula-
do tica e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade, coloca
foco na escola como fonte vital de cidadania e refora o compromisso da
formao de um cidado pleno por meio da formao de
estudantes mais crticos e conscientes do seu papel social, inconforma-
dos com a desigualdade, prontos para construir uma sociedade com-
prometida com a tica, a solidariedade e a justia; lanar as sementes
de um pas onde todos sejam iguais na cidadania, completando a Re-
pblica e a abolio.
Rios (2011:95) lembra que o profissional que exerce seu trabalho em uma
organizao tambm desempenha seu papel como cidado na medida em
que compartilha a convivncia numa comunidade e para a qual tem respon-
sabilidades. A cidadania est relacionada solidariedade. Como isso se d?
Aquele que vive em uma cidade solidrio com a gesto do municpio jque, por meio do pagamento dos impostos, promove o funcionamento do
transporte pblico, a via pblica, a sade pblica, a escola pblica etc. A au-
sncia desta receita compromete o fornecimento destes servios. Da mesma
maneira, este mesmo indivduo solidrio na conservao do que pblico
como: as ruas; caladas; telefones pblicos; infraestrutura das escolas, etc.
Esta solidariedade se expressa por meio da cidadania oferecendo ao indiv-
duo o direito utilizao deste patrimnio pblico, pelo qual ele deve zelar
continuamente ao mesmo tempo em que exige dele o cumprimento de suas
obrigaes para com a cidade, o estado ou o pas ao qual pertence.
Cada vez mais se observa que as organizaes esto sendo cobradas pela so-
ciedade para se comprometerem na promoo da cidadania organizacional,
por meio das prticas socialmente responsveis, fornecendo por exemplo
condies favorveis de trabalho, remunerao justa, preservao do meio
ambiente etc.
Leia a matria Lei Secadisponvel no linkhttp://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/
perguntas_respostas/lei_seca/index.shtml, acessada em19 abril 2011, que discuteos motivos para impor umlimite para o teor alcolicono organismo sujeitando seusinfratores s penalidades dalegislao. Nesta matria, vocconhece tambm outros pasesque tambm adotam esteprocedimento.
A matria Hemofilia e o dilematico disponvel no linkhttp://veja.abril.com.br/blog/genetica/arquivo/hemofilia-e-o-dilema-etico/,acessado em 19 abril
2011, um exemplo do estudoda tica voltado para questescientficas e de convvio socialenvolvendo a tica profissionalna rea mdica. Neste caso,um dilema se impe aosmdicos envolvendo um caso depaternidade.
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ResumoNesta aula, vimos que a conscincia tica se estabelece na medida em que a
conduta do indivduo se baseia em princpios retos, justos e de acordo com
os valores da sociedade em que vive. Considerando que a conscincia de
uma pessoa nem sempre se baseia nos mesmos valores que a de outra pes-
soa, falamos da importncia da legislao como reguladora da forma como
os indivduos se comportam na sociedade.
Dilemas so situaes em que nos encontramos em que uma deciso deve
ser tomada, mas nenhuma das alternativas que se apresentam como cami-
nhos para soluo satisfaz nossas expectativas. Observamos tambm que as
decises tomadas pelos cidados devem satisfazer os princpios estabelecidos
pela gesto pblica da coletividade onde vive. Respeito ao bem pblico, paga-
mento de impostos devidos, preservao do meio ambiente so atitudes que
se espera do cidado consciente de seu papel na sociedade da qual faz parte.
A cidadania est relacionada solidariedade do indivduo com a gesto pblica
do local em que reside, trabalha ou por onde passa. Est relacionada ao zelo
do que pblica, de sua manuteno por meio da contribuio dos impostos e
usufruindo do direito de utilizar os servios pblicos, gratuitos e de qualidade.
Atividades de aprendizagem1. No exerccio de sua profisso, voc j se deparou com dilemas ticos?
Qual escolha voc fez e a que voc renunciou? Aps sua deciso, qual foi
sua avaliao: a escolha que fez demonstrou ser a mais acertada?
2. Qual sua opinio sobre a Lei Seca? Voc concorda com o limite imposto pela
legislao? Que relao voc faz entre impor limites e fiscaliz-los? Algumas
pessoas dizem que o limite para o teor alcolico no organismo no precisaria
ser to rgido, bastaria que a fiscalizao fosse mais eficiente. Voc concorda?
3. Depois de ler a matria Hemofilia e o dilema tico, responda: o que
voc faria se fizesse parte da equipe mdica? Contaria a verdade jovem,
filha do homem portador de hemofilia? Reflita e discuta com seus cole-
gas. Considere as opinies contrrias s suas e argumente seus motivos.
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Aula 5 Multiculturalidade: a moral presente nasdiferentes atitudes, crenas e ideologiasdas pessoas em diferentes culturas
J mencionamos anteriormente que a moral est relacionada aos costu-
mes de uma sociedade. Agora, veremos de que maneira as diferentes
culturas influenciam a vida das organizaes que esto presentes em di-
ferentes localidades com costumes diversos promovendo, portanto uma
nova perspectiva da cultura organizacional.
5.1 Contexto cultural
Ao trazermos a tica, a moral, os valores e a cidadania para o contexto or-
ganizacional, observamos que tais questes esto presentes no cotidiano,representadas inclusive nos valores eleitos como sustentao para a tomada
de deciso dos gestores, nas organizaes. As pessoas que trabalham numa
organizao trazem de sua formao familiar complementada por sua ex-
perincia de vida os princpios dos quais no abrem mo. Estes princpios
orientam eticamente um indivduo quando servem como base para a toma-
da de suas decises tanto no mbito pessoal, como no planejamento de sua
carreira profissional.
O desafio da gesto das organizaes, sejam elas pblicas ou privadas est
em combinar as caractersticas individuais dos funcionrios ou servidores, ocontexto cultural em que a organizao se insere e a cultura organizacional.
Isto tudo, considerando-se ainda que o contexto cultural pode ser diferente
mesmo dentro de um pas e, alm disso, diferentes de outros pases.
Moscovici (2008, p.280) refora o fato de que
atitudes e valores, crenas e ideologias predispem as pessoas a perce-
ber e interpretar as situaes; a criar, analisar e avaliar possveis linhas
de ao e solues; a fazer suas opes com tranquilidade e segurana
no respaldo moral da escolha; ou, em caso contrrio, a sofrer conflitosintra e interpessoais, sentimentos de culpa, rejeio e isolamento.
O comportamento das pessoas que trabalham em uma organizao aca-
ba sendo moldado pela cultura organizacional. Guerreiro Ramos citado por
Passos (2004, p. 61) ensina que o ser humano tem pago um preo alto
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pela conduo instrumental das organizaes produtivas resultando na
insegurana, mau uso dos recursos naturais e a falta de gratificao no
trabalho.
O comportamento tico, presente no trabalho de desenvolvimento inter-
pessoal, precisa ser to discutido quanto os aspectos tcnicos em uma or-
ganizao. Esta a razo pela qual unimos estes dois temas, neste livro.
O contrato psicolgico citado por Moscovici (2008, p. 281) feito entre
profissional, sua liderana e a organizao precisa contemplar aspectos re-
lacionados motivao, expectativas, valores declarados versus praticados e
transparncia entre todas as partes.
Ocorre que a moral brasileira diferente da japonesa que por sua vez difere
da chinesa, da americana, e assim por diante. O que permitido aqui proi-
bido l exigindo adaptaes constantes dos planos de ao das organizaesassim como da formao dos profissionais.
5.2 A moral brasileira
Voc se lembra daquela srie exibida pela TV Globo: Voc decide? Em
cada episdio, temas polmicos eram apresentados e causavam discusses
srias entre o pblico telespectador. Em um dos episdios, uma secretria
recebia uma oferta irrecusvel para servir como laranja de uma orga-
nizao fictcia e de uma conta fantasma. A pergunta do episdio era:
Voc abriria mo de seus princpios em nome de uma vida melhor?. Srour(2003, p. 217) traz os resultados obtidos pelo programa de TV: 24,3% afir-
maram que a secretria deveria denunciar o caso polcia; 27,2% sugeri-
ram que ela pedisse demisso e no revelasse nada a ningum. A grande
maioria: 48,5% optaram pela adeso da secretria ao esquema proposto.
Se somarmos os dois primeiros resultados, teremos uma situao de quase
empate entre o sim e o no. Isso nos faz pensar se a deciso em outro
pas teria sido diferente. O que voc acha?
Vivi uma situao que fao questo de compartilhar com voc para que
perceba como as diferentes morais presentes em diferentes culturas causamimpacto sobre a maneira de pensar e viver dos indivduos. Veja s!
Certa vez, morando fora do meu domiclio eleitoral, fui justificar o voto
e levei comigo um casal de amigos suos que estava em visita ao Brasil.
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Eles observaram com ateno a necessidade deste procedimento de justi-
ficativa e se surpreenderam quando eu expliquei sobre as sanes que o
eleitor brasileiro sofre no caso do no cumprimento das suas obrigaes
eleitorais. O casal contou que as eleies em seu pas no seguiam o mes-
mo ritual que o nosso. As pessoas simplesmente se dirigiam aos locais de
votao, faziam suas escolhas e se identificavam digitando seu nmero de
documento. Isso, segundo eles, se passava sem monitoramento de nin-
gum. Eu (na minha santa ingenuidade!) perguntei como eles evitam que
uma pessoa vote no lugar de outra, j que no existe monitoramento al-
gum. A mulher, surpresa, me respondeu com uma pergunta: Mas, quem
faria isso?. Como voc pode perceber caro aluno, at hoje isso no me
saiu da cabea!
Srour (2003, p. 220-221) aponta que influenciado por outras naes latino-
-americanas, o Brasil cultiva uma dupla moral: a moral da integridade e amoral do oportunismo. O autor qualifica de mal-estar moral o sentimen-
to que nos leva indignao face s situaes de imoralidade registradas em
nosso pas. Chama a ateno, contudo, para o fato de que esta indignao
pode ser hipcrita j que a moral do oportunismo permite posturas coe-
rentes com sua lgica.
Para voc refletir
As bases histricas e catlicas brasileiras, conforme ensina Srour (2003:221),
diferentemente do protestantismo baseado no trabalho como fonte de con-
quistas pessoais, no permitem que se legitimem as riquezas. enaltecidaa postura de uma pessoa que enriquece, mas no ostenta o que possui ( o
que se chama: low profile). Postura contrria adotada na Inglaterra onde a
monarquia com suas riquezas ostentadas motivo de orgulho nacional. Este
um bom tema para discusso, no acha?
Resumo
Nesta aula vimos que o gestor tem como desafio a combinao das vrias
caractersticas individuais daqueles que compem sua equipe de trabalho.
O contexto cultural em que a organizao se insere e a cultura organiza-
cional so fatores que exercem influncia sobre o comportamento dos seusprofissionais. Muitas organizaes possuem escritrios, fbricas, filiais em
regies diferentes daquela onde se situa a matriz. Neste caso, a influncia
cultural ainda mais evidente. Cabe ao gestor de uma organizao ter
conhecimento e flexibilidade suficientes para administrar cada situao.
A diversidade cultural no Brasil o ttulo do artigo disponvel nolinkhttp://www.brasilescola.com/brasil/a-diversidade-cultural-no-brasil.htm, acessadoem 24 abril 2011. Neste texto,voc encontra abordadas aspeculiaridades culturais denosso pas presentes emdiversas regies.
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ideologias das pessoas em diferentes culturas 33
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Aula 6 Valorizao da diversidade
Numa organizao, as equipes de trabalho so formadas por pessoas cujas
diferenas precisam ser valorizadas no sentido de promover a integrao
de todos e um ambiente de trabalho favorvel. Nesta aula, vamos abordar
a importncia da atuao tica na valorizao da diversidade dentro de
uma organizao. Vamos conhecer o conceito de diversidade e abordar
com mais detalhes a influncia africana que fortemente percebida em
nosso pas por meio das diferentes expresses culturais.
6.1 Promovendo e valorizando a diversidade
Figura 6.1: MulticulturalidadeFonte: http://culturahomosapiens.blogspot.com/
Observe ao seu redor com quantas pessoas diferentes voc se relaciona.
Diferentes pensamentos, culturas, religies, gnero, maneira de se vestir,
idade, habilidade para lidar com as novas tecnologias etc. Veja como esta
reunio de diferentes percepes valoriza a formao do seu conhecimento.
A partir da discusso sobre temas com seus colegas, principalmente aqueles
que pensam de maneira diferente de voc, possvel acrescentar mais infor-maes quelas que voc j tinha.
Na medida em que voc compreende que este um processo que contri-
bui para seu crescimento pessoal e profissional, fica ainda mais interessante
conviver com pessoas cujas caractersticas so to diferentes das suas! O que
voc pensa sobre isso?
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A valorizao da diversidade um tema to importante em nosso pas que
temos uma Secretaria no Ministrio da Educao cujo objetivo promover
a formao dos cidados brasileiros de maneira a reduzir as desigualdades e
investir no crescimento pessoal e profissional de todos.
H alguns anos, observa-se um movimento muito forte nas organizaes no
sentido de saber conviver e fazer respeitar as diferenas entre as pessoas,
como contraponto padronizao. A legislao brasileira, inclusive estabe-
lece cotas para que as organizaes contratem pessoas com deficincia. As
instituies de ensino tm cotas para o acesso de diferentes etnias.
Em julho de 2004, foi criada a Secretaria de Educao Continuada, Alfa-
betizao, Diversidade e Incluso (Secadi) que faz parte do Ministrio da
Educao. Temas antes tratados em outras Secretarias como alfabetizao
e educao de jovens e adultos, educao do campo, educao ambien-tal, educao em direitos humanos, educao escolar indgena, e diversi-
dade tnico-racial, passam agora a ser foco desta Secretaria cujo objetivo
contribuir para que sejam reduzidas as desigualdades educacionais por
meio da participao dos cidados em polticas pblicas assegurando a
ampliao do acesso educao.
Fonte: .Acesso em 20 out. 2011.
6.2 Afro-descendentes no BrasilTemos em nosso pas uma profunda influncia da cultura africana percebida
nas diferentes expresses culturais brasileiras como: msica, pintura, culin-
ria, religio, entre outros. Esta presena marcante nos leva a abordar o tema
da afro-descendncia neste livro, considerando a importncia de se valorizar
a diversidade no contexto organizacional.
Desde que nosso pas foi descoberto, as relaes entre o Brasil e a frica se
aprofundam cada vez mais e vai muito alm da escravido a que os negros
foram submetidos. Estudos so desenvolvidos nos sentido de compreender
as lutas africanas pela independncia poltica, pelo desenvolvimento e pelamanuteno de sua cultura. Em nosso pas, este interesse ainda mais intenso
face influncia africana em nosso cotidiano. Observa-se que as desigual-
dades raciais existentes no Brasil tm sido objeto de estudos e movimentos
sociais apresentando resultados que indicam melhorias, principalmente na
educao. Por outro lado, vale ressaltar que ainda h srias disparidades em
termos de renda.
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A cidadania empresarial, seja ela do mbito pblico ou privado passa pelo
respeito diversidade, pela promoo do ambiente saudvel de relaciona-
mento de todas as pessoas, independente de seu credo, etnia, gnero, ida-
de, local de nascimento, maneira de pensar, etc. Esta uma preocupao
mundial e tem merecido h alguns anos, a ateno da Administrao P-
blica, conforme veremos a seguir. Nos quadros abaixo, voc observa os re-
sultados apresentados pelo 4 Relatrio Nacional de Acompanhamento dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milnio para a relao entre as etnias, no
que diz respeito educao, em nosso pas.
Na tabela 6.1 voc verifica que o perfil educacional brasileiro demonstra uma
evoluo de 1992 a 2008 em relao participao das etnias no ensino
fundamental, para pessoas entre 7 e 14 anos.
Tabela 6.1: Evoluo do percentual de pessoas no ensino fundamental no Brasilpor etnia
Ano Percentual de pessoas entre 7 e 14 anos
Negros ou pardos Brancos
1992 75,3% 87,5%
2008 94,7% 95,4%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio Nacional de Acompanhamento. BRASLIA: Ipea, 2010. Dispo-nvel em http://www.mds.gov.br/ acessado em 03/05/2011.
J no ensino mdio brasileiro, ou seja para pessoas entre 15 e 17 anos, o
resultado apresentado na tabela 6.2 demonstra disparidades significativas.
Tabela 6.2: Evoluo do percentual de pessoas no ensino mdio no Brasil por etnia
Ano Percentual de pessoas entre 15 e 17 anos
Negros ou pardos Brancos
1992 9,2% 27,1%
2008 42,2% 61%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio Nacional de Acompanhamento. BRASLIA: Ipea, 2010. Dispo-nvel em http://www.mds.gov.br/ acessado em 03/05/2011.
Foi verificado um alto percentual de queda da desigualdade em termos de
analfabetismo conforme mostra a Tabela 6.3.
Tabela 6.3: Queda da desigualdade no analfabetismo por etnia
Ano Percentual
Negros ou pardos Brancos
1992 86,8% 95,6%
2008 97,3% 98,7%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio Nacional de Acompanhamento. BRASLIA: Ipea, 2010. Dispo-nvel em http://www.mds.gov.br/ acessado em 03/05/2011.
e-Tec BrasilAula 6 Valorizao da diversidade 37
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6.3 A poltica de cotas no BrasilQuando se pensa sobre a poltica de cotas em nosso pas, preciso levar em
conta dados que se referem aos afrodescendentes que demonstram, confor-
me pesquisa feita por Kroth e Marchiori Neto (2006) a relao entre a mdia
de anos de estudos, a etnia e a renda mdia mensal do aluno brasileiro.
O resultado desta pesquisa indica que, no Brasil, a mdia de anos de estudo
dos brasileiros brancos de 8,3 anos com uma renda mensal mnimo de
3,9 salrios mnimos enquanto que os negros e pardos tm uma mdia de
6 anos de estudos com cerca de 1,9 salrios mnimos de renda. Quando
se avalia em termos de localizao geogrfica desta populao, os autores
desta pesquisa identificaram que em todo o pas h uma mdia maior para
os brancos tanto de anos de estudos quanto de renda mensal medida por
salrios mnimos.
O relatrio do PNUD (2010, p. 32) aponta no Brasil a introduo do programa
Bolsa Famlia para exemplificar o crescimento do envolvimento do setor
pblico no esforo para reduzir as desigualdades, alocando de recursos para
pessoas cuja renda menos favorecida. Alm deste, outros programas con-
tribuem para reduzir as desigualdades, em nosso pas. Dentre eles esto: Luz
para todos; Alfabetizao de jovens e adultos; Agricultura familiar; e o Prouni.
Figura 6.2: Interior do Museu AfrobrasilFonte: http://www.museuafrobrasil.org.br/
Com o objetivo de preservar e celebrar a cultura, memria e histria do Brasil
do ponto de vista da influncia africana, o Museu Afrobrasil, apresentado na
Imagem 5, est localizado no Parque do Ibirapuera, na Capital de So Paulo
Conhea a legislao existenteem nosso pas bem como
documentos internacionaisvoltados para a valorizao da
diversidade. Acesse o link:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=16761&Itemid=1123,
acessado em 25 out. 2011.
Leia o texto Diversidade:tolerncia, respeito e
valorizao disponvel nolink: http://diversidadedigital.
blogspot.com/2007/05/diversidade-tolerncia-
respeito-e.html, acessadoem 24 abril 2011.
Consulte a pgina da SECADonde voc encontra materiais
muito importantes sobreEducao das Relaes tnico
Raciais e o Ensino de Histria eCultura Afro-Brasileira e Afr icana.Acesse o link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=13788%3Adiversidade-etnico-
racial&catid=194%3Asecad-educacao-
continuada&Itemid=913,acessado em 29 out. 2011.
tica no Setor Pblicoe-Tec Brasil 38
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e apresenta mais de 5 mil obras num espao de 11 mil metros quadrados,
desde 2004. Se voc tiver a oportunidade de ir a So Paulo, recomendo que
faa uma visita a este espao cultural.
ResumoNesta aula, abordamos a relevncia de se tratar com tica o tema da gesto
da diversidade nas organizaes. Nosso pas tem influncias fortes da cultura
africana, o que nos leva necessidade de conhecer e discutir a importncia
da reduo das desigualdades sociais e a promoo da valorizao da cultura
africana como parte integrante de nosso cotidiano. H leis especficas em
nosso pas que garantem o acesso de pessoas com deficincia a inmeros
servios, bem como preserva os direitos da criana, do adolescente e do
idoso alm de punir qualquer tipo de discriminao. A educao inclusiva
um direito do cidado.
Atividades de aprendizagem Reflita sobre a frase A diversidade s tem sentido na troca, no compar-
tilhamento cultural, e no na preservao da diferena como pea de
museu, ou pior, como vitrine para consumo turstico e cultural. Quais
manifestaes de preservao da diferena voc conhece e qual sua
opinio a respeito?
Anotaes
Acesse e linkhttp://www.concursosjuridicos.com.br/assuntolegal/assunto_07.aspconsultado em 03 maio 11 eleia as argumentaes feitassobre o projeto para cotasraciais em concursos pblicos.Discuta com seus colegas arespeito e participe do frumargumentando seuponto de vista.
e-Tec BrasilAula 6 Valorizao da diversidade 39
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e-Tec Brasil41
Aula 7 tica profissional
Nesta aula vamos refletir sobre o valor moral do exerccio da profisso.
Veremos que o valor social da profisso leva o indivduo a se tornar uma
referncia, portanto, tem uma responsabilidade nica. Inicialmente, vere-
mos a origem deste termo: profisso, depois vamos refletir sobre a relao
entre este termo e a tica, a reputao, o respeito ao cdigo de tica e as
penalidades impostas pelo seu descumprimento. Vamos relacionar tam-
bm as habilidades necessrias a um administrador e a prtica tica de sua
profisso, voltada para a gesto organizacional.
7.1 O que profisso?
Fotgrafo Cozinheiro Cantor Guitarrista Informtico
Engenheiro Pintor Cientista Cineasta
Figura 7.1: ProfissoFonte: http://discursoanonimo.blogspot.com/
Voc j pensou sobre o significado desta palavra? S (2010:147) nos en-
sina que sua origem latina: professione. Outra expresso utilizada para
o mesmo significado ofcio que o mesmo autor lembra ser originada
tambm do latim officiuque significa oficina ou lugar onde se atendia ouservia algum.
Vamos guardar este ltimo significado: servir. por meio da profisso que
uma pessoa serve outra, serve sua comunidade qual pertence. Continuan-
do esta reflexo, podemos derivar tambm o seguinte: a profisso tem uma
razo social de existir. Ela deve trazer um benefcio para a sociedade.
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Agora vamos associar este conceito razo de ser deste livro: a tica. Se a
profisso tem um carter social, ento deve estar vinculada aos costumes da
sociedade onde praticada. Deve respeitar seus valores. Seu exerccio deve
ser tico.
Um profissional no pode, no exerccio de seu dever desrespeitar a tica da
sociedade em que atua sob pena de ser punido pela lei que busca o equil-
brio entre os indivduos. Outra penalidade que um profissional pode sofrer
ao desrespeitar a tica imposta pelos prprios colegas de profisso que
no desejam ver sua reputao maculada. Para isso, muitas categorias pro-
fissionais tm um cdigo de tica que deve ser respeitado. Veja com o estes
conceitos se entrelaam e reflita sobre isso!
Agora vamos falar para aquilo que o exerccio de uma profisso representa
para o indivduo. Voc se sente realizado ao exercer a profisso para a qualse preparou? Sei que h dificuldades cotidianas de diversas naturezas: co-
nhecimento, relacionamento, financeiras, entre outras, mas pesando os prs
e os contras em uma balana, qual deles vence?
Na evoluo do pensamento administrativo, temos os ensinamentos do
psiclogo Abraham Maslow que fez uma pesquisa sobre a motivao das
pessoas. Como resultado de suas pesquisas, Maslow criou a Hierarquia das
Necessidades de Maslow ou a pirmide de Maslow. Ele indica que h um
momento na vida de um indivduo em que ele busca ser aceito pelo grupo,
ele busca reconhecimento pelo que faz uma vez que j tem o salrio que de-seja e por fim, busca o status. Este reconhecimento faz com que a pessoa se
sinta gratificada com o trabalho que desenvolve. O indivduo deseja vencer
obstculos e ser reconhecido por isso, ele quer comprovar sua personalida-
de, sua liderana.
Ao ser reconhecido como lder de uma equipe que o respeita e admira, o
indivduo passa a ser uma referncia de comportamento, de moral, de tica.
Que responsabilidade!
Neste livro vamos ainda abordar todos estes temas: coleguismo, reputao,cdigo de tica, comisso de tica, liderana entre outros relacionados ao
exerccio profissional. Voc poder fazer a relao entre todos estes temas e
a tica, refletindo sobre ela. Veja como nosso livro se volta para a prtica da
administrao no contexto da gesto organizacional. Esteja sempre refletin-
do sobre estes temas que apresento, questione, discuta com seus colegas!
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7.2 Valor social da profissoVamos voltar nossa anlise para as profisses que atendem s necessidades
sociais das pessoas como: sade, educao, lazer, habitao, por exemplo.
Falo dos mdicos, dentistas, enfermeiros, advogados, professores, engenhei-
ros, administradores, contadores, agrnomos, etc. Estes profissionais liberais
lidam diretamente com a vida das pessoas, sua formao, seu entretenimen-
to, sua proteo, entre outros. Veja a importncia destas pessoas e como o
exerccio tico de suas profisses pode influenciar nossas vidas positiva ou
negativamente. O servidor pblico, por exemplo, pode dar f pblica para
documentos. Veja o grau de confiabilidade que a sociedade deposita neste
profissional!
Como dissemos anteriormente, se por um lado a sociedade se beneficia do
profissional tico, tambm ele v sua reputao torn-lo uma pessoa digna
de respeito e admirao. Neste sentido, S (2010, p.152) refora: os benef-cios que os profissionais propiciam, cumprindo as responsabilidades de seus
trabalhos, passam a dar-lhes notoriedade, ampliando o grau de satisfao
em relao a eles e quase criando uma obrigao de retribuio moral por
parte dos beneficiados. Voc j observou quantos profissionais liberais: m-
dicos, advogados, por exemplo, chegam a ocupar cargos pblicos? como
se o eleitor se sentisse na obrigao de retribuir a estes profissionais todo o
bem que fizeram durante o exerccio de suas profisses.
7.3 As habilidades de um administradorAo exercer a profisso de administrador, a pessoa requisitada a ocupar
um dos 3 nveis estratgicos de uma organizao: estratgico (alta direo),
ttico (gerncias) ou operacional (todos os demais). Para ocupar estes nveis,
Chiavenato (2003, p. 23) ensina que o profissional deve ter habilidades hu-
manas, tcnicas ou conceituais com mais ou menos nfase.
A Figura 7.2resume estas habilidades. Veja que as habilidades tcnicas so
mais especficas do nvel operacional, composto por todos os funcionrios
que no pertencem nem alta direo, nem gerncia. A gerncia com-
pe o nvel que Chiavenato (2003, p. 23) denomina de intermedirio outtico cujas habilidades tcnicas so exigidas alm de certa viso do neg-
cio, ou seja, habilidades conceituais tambm so desejadas (CHIAVENATO,
2003; RIBEIRO, 2009). J o nvel estratgico precisa ter uma viso ampla do
negcio bem como habilidades humanas bem desenvolvidas e desejvel
que conhea o operacional, mas no em profundidade.
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NveisAdministrativos
Tcnicas
Humanas
Conceituais
Habilidades necessrios
Institucional/
Estratgico
Presidncia e
Diretoria
Intermedirio/
Ttico
Gerncia
Operacional
Demais cargos
Figura 7.2: As habilidades de um administradorFonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introduo Teoria Geral da Administrao: uma viso abrangente da moderna adminis-
trao das organizaes. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
Trouxe esta figura para sua anlise para que voc perceba que todos os n-
veis precisam ter alto nvel de habilidades humanas em profundidade. Inde-
pendente do nvel da organizao em que voc trabalha, o relacionamento
saudvel fundamental para voc e para os resultados do negcio.
O exerccio da profisso com urbanidade e respeito ao prximo fundamen-
tal para que seja cumprido seu valor social bem como para que o profissional
alcance sua plenitude como ser humano.
Para voc refletir
No link http://www.ufrgs.br/bioetica/eticprof.htm, acessado em 24
abril 2011, voc encontra reflexes sobre a tica profissional e suas relaes
sociais, propostas por Rosana Soibelmann Glock e Jos Roberto Goldim.
Neste texto, so discutidos temas como a tica da ao voluntria com uma
perspectiva que vai fazer voc pensar....
ResumoVimos nesta aula que a origem da palavra profisso remonta ao latim e est
muito vinculada ao atendimento s pessoas. Da, podemos inserir o exerccioda profisso num contexto social relevante, especialmente em reas liberais
como o caso daqueles que atuam na sade, educao, lazer etc. O pro-
fissional tambm busca sua prpria satisfao no exerccio de sua profisso
que vai alm do retorno financeiro. Conquistar e manter uma reputao
digna de respeito tambm um desejo de todos aqueles que desempenham
suas profisses eticamente. As habilidades desejadas para um administrador
A tica profissional doorganizador de eventos oartigo escrito por Humberto
Leal que est disponvel no link:http://lealventuracerimonial.blogspot.com/2009/09/etica-
profissional-do-organizador-de.html, acessado em 24 abril
2011. Sugiro que voc naveguepor estesiteque repleto de
artigos voltados para o tema queestudamos neste captulo.
No linkhttp://www.cgu.gov.br/
AreaPrevencaoCorrupcao/Legislacao/EticaIntegridade.aspacessado em 15/08/2011voc conhece os documentos
aprovados pela CGUControladoria-Geral da
Unio voltados para a tica eintegridade nos atos pblicos.
tica no Setor Pblicoe-Tec Brasil 44
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voltam-se para aquilo que operacional, do relacionamento humano ou da
viso do negcio com mais ou menos profundidade face ao nvel hierrquico
do profissional. De toda forma, as habilidades humanas so necessrias seja
para aqueles que ocupam posies estratgicas, tticas ou operacionais.
Anotaes
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e-Tec Brasil47
Aula 8 Virtudes necessrias aoexerccio profissional tico
Vamos abordar nesta aula virtudes que alguns autores indicam como fun-
damentais para o exerccio tico da profisso. Observe como os conte-
dos das aulas se complementam medida em que vamos apresentando
conceitos, discutindo e refletindo a respeito. Virtudes bsicas como o zelo,
honestidade, sigilo e competncia so complementadas pelo coleguismo,
pela tica do profissional em relao aos seus colegas de classe, e pelo
preo justo para o servio prestado.
8.1 Virtudes profissionais bsicas ecomplementares
Vamos tratar aqui das virtudes necessrias para que o exerccio profissional
seja feito com bases morais slidas, dentro dos padres ticos estabeleci-
dos pela sociedade. Como j abordamos anteriormente, as profisses de
carter liberal esto diretamente relacionadas ao trato com as pessoas,
portanto, seu retorno social imediato e a exigncia da prtica moral re-
sultado da expresso virtuosa do profissional.
S (2010, p.197) refora que virtudes bsicas profissionais so aquelas
indispensveis, sem as quais no se consegue a realizao de um exer-ccio tico competente, seja qual for a natureza do servio prestado.
So complementares, segundo o mesmo autor aquelas que completam
o valor da ao do profissional e ampliam as virtudes bsicas, sendo a
transgresso delas infrao e perda da qualidade tica. Vamos utilizar
os ensinamentos deste mesmo autor para conhecer as virtudes bsicas e
complementares.
8.1.1 Virtudes bsicasPara S (2010, p. 197-220), so virtudes bsicas: zelo, honestidade, sigilo e
competncia que o mnimo que um profissional precisa ter para o exercciotico de suas atividades. Vamos discutir um pouco cada uma delas.
Zelo A presteza, a constncia, o cuidado com que se desempenham
as atividades profissionais so prprios de cada pessoa. Se um profissio-
nal se considera inapto para executar determinada tarefa, mais digno
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declinar do convite para assumi-la do que aceit-la mesmo sabendo que
no ter o cuidado necessrio para sua execuo. , portanto antitico
aceitar uma tarefa sabendo que no a executar com o zelo necessrio.
Honestidade A fiel guarda, a confiana e a sinceridade so princpios
fundamentais na prtica honesta da profisso para a qual o indivduo se
prepara e decide se dedicar. Nos noticirios, diariamente vemos exemplos
de pessoas de diferentes classes sociais, profisses, idades sendo con-
frontadas por terem se corrompido. O fato de conviver num ambiente
de corrupo no significa que se deva estar de acordo nem que se deva
praticar atos indignos. Nada justifica a desonestidade.
Sigilo Ainda que no tenha sido solicitada, a necessidade do sigilo
pode ocorrer. Cabe ao profissional o discernimento sobre o que pode e o
que no pode revelar a outra pessoa. Sabemos que profisses decorren-tes das reas do Direito, Medicina, Contabilidade, por exemplo, tm no
sigilo a base da credibilidade do profissional que as exerce.
Competncia O exerccio do conhecimento no desempenho de uma
tarefa essencial numa profisso da mesma maneira que digno de lou-
vor aquele que admite no ter competncia para oferecer servios altura
da expectativa de quem os demanda. Rios (2011:85) associam a compe-
tncia e a tica no contexto das organizaes e valoriza o fato de que mui-
tos profissionais no praticam o que j apontamos neste livro como sendo
walk the talk, ou seja, no colocam em prtica suas prprias palavras.
8.1.2 Virtudes complementaresTratamos aqui de virtudes necessrias no exerccio de uma profisso para
consolidar o relacionamento com clientes, colegas de trabalho, organizaes
de classe e a remunerao. Vamos dar alguns exemplos de cada uma destas
situaes e voc vai observar que em cada uma destas situaes esto pre-
sentes as virtudes bsicas que acabamos de ver.
Consumidores imagine um mdico que atende de maneira negli-
gente um paciente ou ento uma organizao que no oferece aten-dimento ps-venda adequado. Coloque-se no lugar deste paciente e
deste cliente. Qual sua reao? A orientao para aquele que recebe os
servios de um profissional a emisso de uma opinio baseada no seu
conhecimento, sua honestidade e sua competncia. Errar humano,
mas ser negligente antitico. Alm disso, a responsabilidade pessoal
sobre a orientao dada indelegvel.
tica no Setor Pblicoe-Tec Brasil 48
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Colegas gratido um sentimento que deve estar presente em nossas
mentes, em nosso corao e expresso em nossas atitudes. No so novas
as frases: tratar o outro como voc gostaria de ser tratado e ame o
prximo como a ti mesmo. A fraternidade entre as pessoas amigas e
entre os colegas de trabalho desejvel no mbito do respeito ao ser
humano e da tica no relacionamento.
Organizaes de classe as classes s quais pertencemos face s
profisses que escolhemos so formadas de profissionais que, como cada
um de ns, busca o sucesso no desempenho de suas atividades. Buscan-
do criar e manter uma imagem de credibilidade da classe profissional,
so criados cdigos de tica da categoria que orientam para a prtica
virtuosa da profisso.
Remunerao h casos em que o profissional se dedica a causas hu-manitrias ou ento, por uma gentileza, exercendo sua profisso sem re-
munerao. Mesmo nesta situao, possvel que a remunerao exista
e seja feita em forma de alimentao, moradia ou servios, por exemplo.
Os honorrios cobrados pelo profissional devido ao exerccio de tarefas
que demandam a aplicao de seu conhecimento acumulado costumam
seguir uma tabela que os rgos de classe elaboram. Seu objetivo ofe-
recer um balizador justo para a contrapartida do trabalho feito. Profissio-
nais que estipulam para seus servios preos muito abaixo ou muito aci-
ma destas tabelas comprometem a credibilidade e a imagem da prpria
classe profissional. Isto considerado antitico e pode ser punido por lei,em alguns casos.
Para voc refletir
Voc j foi atendido por profissionais que tenham praticado preos abusivos
ou que tenham exercido sua atividade de maneira negligente? Quais foram
as consequncias para este profissional? Voc se dirigiu a algum rgo de
classe para fazer uma reclamao?
Resumo
Nesta aula, vimos que algumas virtudes so fundamentais para o exerc-cio de qualquer profisso. Baseamo-nos em Lopes de S e Terezinha Rios
para abordar temas como zelo, honestidade, sigilo e competncia. Vimos
que cada uma destas virtudes deve ser cultivada diariamente por cada pro-
fissional no exerccio de suas atividades. Complementando estas virtudes,
falamos tambm do valor que um profissional adquire quando atende
seus clientes de maneira tica, praticando as virtudes j vistas nesta aula.
A importncia da tica noambiente de trabalho otema da abordagem que MarioPersona faz sobre o tema queestamos estudando neste livro.Leia com ateno. Encontra-se disponvel no linkhttp://www.mariopersona.com.br/entrevista_acritica_etica.html,acessado em 14 ago. 2011.
e-Tec BrasilAula 8 Virtudes necessrias ao exerccio profissional tico 49
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Tambm o coleguismo entre profissionais da mesma categoria reforando
a credibilidade da imagem coletiva uma virtude desejvel j que contribui
para o fortalecimento das relaes. Por fim, tratamos da cobrana justa da
remunerao devida aos servios prestados.
Anotaes
tica no Setor Pblicoe-Tec Brasil 50
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e-Tec Brasil51
Aula 9 tica na liderana
Nas aulas anteriores falamos do valor social da profisso e o retorno que
seu exerccio tico traz para a organizao, a sociedade e para o prprio
profissional. Na prtica da liderana, o indivduo exerce sua autoridade
e seu poder concedidos pela organizao em que atua. Espera-se que
o uso da autoridade e do poder seja feito com a mesma urbanidade,
humanidade e respeito ao prximo com que a profisso exercida.
desta maneira que o lder conquista o respeito de sua equipe e forma
seguidores ao invs de liderados ou funcionrios ou ainda, pior do que
isso, subordinados. Um lder verdadeiro respeitado e seguido por suas
caractersticas pessoais e profissionais reconhecidas por todos que o cer-cam. Vamos refletir sobre isso?
9.1 O que significa ser lder?Em sua organizao, as equipes de trabalho
so gerenciadas ou lideradas? Vamos ver que
h uma grande diferena entre estes conceitos
e vamos refletir sobre o quanto a liderana ti-
ca inspiradora para as equipes de trabalho.
Voc j observou que a cada nova onda da
Administrao, os gestores se apressam em
ler novos livros, fazer treinamentos, enviar
suas equipes para novas dinmicas de grupo, etc? Tcnicas de Administrao
como a Reengenharia (rever a gesto e os processos desde a estaca zero)
e o Downsizing(reduo buscando uma gesto enxuta) influenciam o modo
como se faz a gesto nas organizaes. A gesto est voltada para tcnicas
adotadas para se atingir os objetivos propostos pela organizao.
A liderana relaciona-se muito mais capacidade que um gestor genuina-mente possui para trazer a equipe consigo, conquistando seu comprome-
timento na busca pelos objetivos que a organizao deseja. A sociedade no
aceita mais resultados obtidos a qualquer preo comprometendo a sade,
o relacionamento e a qualidade de vida das pessoas. Veremos isso na aula
sobre responsabilidade social.
Figura 9.1: LideranaFonte: http://sucesso.powerminas.com/
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Carnegie (2003, p. 32) traz os resultados de uma pesquisa que foi feita pela
Fundao Carnegie para o Desenvolvimento do Ensino e confirmada pelo
Instituto Carnegie de Tecnologia. Esta pesquisa indicou que 15% dos fatores
que levam um indivduo ao sucesso esto relacionados a habilidades tcnicas
e 85% sua competncia em lidar com as pessoas, sua personalidade e
sua capacidade para liderar pessoas.
Reforando o entendimento do conceito de liderana, Drucker (2002,
p. 135) ensina que Em primeiro lugar, liderana no , em si, boa ou de-
sejvel. Liderana um meio. Veja que a Humanidade conheceu lderes
positivos como Gandhi e lderes que causaram o mal e o sofrimento como
nunca se viu.
H uma expresso em ingls: walk the talk utilizada para ensinar que as
pessoas devem fazer o que o que ensinam, o que orientam que os outrosfaam. Certa vez ouvi a seguinte frase que eu nunca me esqueci: que seus
atos reflitam suas palavras. Reflita sobre isso!
Em seu livro, o tcnico da seleo masculi-
na brasileira de vlei, Bernardinho (2006,
p. 82) demonstra que se voc um lder re-
almente duro e exigente, seu prprio sacrif-
cio serve como fonte de motivao, pois de-
monstrar que a equipe no est sozinha.
As vitrias que