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Operao, manuteno e
monitoramento de estaes
de tratamento de gua
Guia do profissional em treinamento
Nvel 1A
bastec
imento
deg
ua
Guia do profissional em treinamento
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Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA
Realizao Ncleo Regional Nordeste NURENE
Instituies integrantes do NURENEUniversidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal doCear | Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade
do Ministrio da Sade ISecretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades
Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS
Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA
- Ministrio das Cidades;
- Ministrio da Cincia e Tecnologia;
- Ministrio do Meio Ambiente;
- Ministrio da Educao;
- Ministrio da Integrao Nacional;
- Ministrio da Sade;
- Banco Nacional de Desenvolvimento
Econmico Social (BNDES);
- Caixa Econmica Federal (CAIXA).
Parceiros do NURENE
- ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear
- Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear
- Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba- CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE
- CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE
- Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia
- Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento
- Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
- EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA
- Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento
- Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa
- Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza
- Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife
- Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador
- SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA
- SANEAR Autarquia de Saneamento do Recife
- SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco
- SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia
- SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza- SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano
- SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente
- SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco
- SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear
- SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco
- SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa
- SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba
- UECE Universidade Estadual do Cear
- UFMA Universidade Federal do Maranho
- UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco
- UPE Universidade de Pernambuco
- Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC
- Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES
- Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH
- Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP
- Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE
- Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE
- Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET
- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA
- Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE
- Federao Nacional dos Urbanitrios FNU
- Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS
- Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras
FORPROEX
- Frum Nacional Lixo e Cidadania L&P
- Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA
- Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM
- Organizao Pan-Americana de Sade OPAS
- Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL
- Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil
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Operao, manuteno e
monitoramento de estaes
de tratamento de gua
Guia do profissional em treinamento Nvel1
Abastecimentodegua
Guia do profissional em treinamento
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Coordenao Geral do NURENE
Prof. Dr. Viviana Maria Zanta
Profissionais que participaram da elaborao deste guia
Ana Carolina L. S. Mendes de Meneses | Carmem Lcia M. Gadelha
Joo Paulo Neto | Wamberto Raimundo da Silva Jnior | Taysa Tamara Viana Machado
Central de Produo de Material Didtico
Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva | Danilo Gonalves dos Santos Sobrinho
Patrcia Campos Borja | Silvio Antonio Pacheco Filho
Vivien Luciane Viaro
Projeto Grfico
Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi I Silvio Pacheco
Impresso
Fast Design
permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.
AXX Abastecimento de gua: Operao, manuteno e monitoramento de estaes de tratamentode gua: guia do profissional em treinamento: nvel 1 / Secretaria Nacional de SaneamentoAmbiental (org). Salvador: ReCESA, 2008. 112 p.
Nota: Realizao do NURENE Ncleo Regional Nordeste; coordenao de Viviana MariaZanta, Jos Fernando Thom Juc, Heber Pimentel Gomes e Marco Aurlio Holanda de
Castro.
1. gua e sade pblica. 2. O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem,Coleta e Preservao de Amostras, Interpretao de Resultados 3. Manuteno ecalibragem de equipamentos. Procedimentos Analticos: cor, turbidez, pH, cloro residual,alumnio e fluoretos 4. Abastecimento de gua - Aspectos ambientais. Noes Bsicas deTratamento de gua. 5. Medio de Vazo e Dosagem de Produtos Qumicos. 6.Operao de ETAs de filtrao lenta, filtrao direta, flotofiltrao, clarificao porcontato (filtro russo) e tratamento convencional. 7. Manuteno Preventiva e Corretivade Equipamentos 8. Equipamento de Proteo Individual e Coletiva, Manuseio eArmazenamento de Produtos Qumicos.
CDD XXX.X
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Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA
A criao do Ministrio das CidadesMinistrio das CidadesMinistrio das CidadesMinistrio das Cidades no
Governo do Presidente Luiz Incio Lula daSilva, em 2003, permitiu que os imensos
desafios urbanos passassem a ser
encarados como poltica de Estado. Nesse
contexto, a Secretaria Nacional deSecretaria Nacional deSecretaria Nacional deSecretaria Nacional de
Saneamento AmbientalSaneamento AmbientalSaneamento AmbientalSaneamento Ambiental (SNSA) inaugurou
um paradigma que inscreve o saneamento
como poltica pblica, com dimenso
urbana e ambiental, promotora de
desenvolvimento e reduo das
desigualdades sociais. Uma concepo desaneamento em que a tcnica e a
tecnologia so colocadas a favor da
prestao de um servio pblico e
essencial.
A misso da SNSA ganhou maior relevncia
e efetividade com a agenda do saneamento
para o quadrinio 2007-2010, haja vista a
deciso do Governo Federal de destinar,
dos recursos reservados ao Programa de
Acelerao do Crescimento (PAC), 40bilhes de reais para investimentos em
saneamento.
Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes
de capacitao como um dos instrumentos
estratgicos para a modificao de
paradigmas, o alcance de melhorias de
desempenho e da qualidade na prestao
dos servios e a integrao de polticas
setoriais. O projeto de estruturao da
Rede de Capacitao e ExtensoRede de Capacitao e ExtensoRede de Capacitao e ExtensoRede de Capacitao e Extenso
Tecnolgica em Saneamento AmbientalTecnolgica em Saneamento AmbientalTecnolgica em Saneamento AmbientalTecnolgica em Saneamento Ambiental
ReCESAReCESAReCESAReCESA constitui importante iniciativa
nessa direo.
A ReCESA tem o propsito de reunir um
conjunto de instituies e entidades como objetivo de coordenar o
desenvolvimento de propostas
pedaggicas e de material didtico, bem
como promover aes de intercmbio e
de extenso tecnolgica que levem em
considerao as peculiaridades regionais
e as diferentes polticas, tcnicas e
tecnologias visando capacitar
profissionais para a operao,
manuteno e gesto dos sistemas eservios de saneamento. Para a
estruturao da ReCESA foram formados
Ncleos Regionais e um Comit Gestor,
em nvel nacional.
Por fim, cabe destacar que este projeto
tem sido bastante desafiador para todos
ns: um grupo predominantemente
formado por profissionais da rea de
engenharia que compreendeu a
necessidade de agregar outros olhares esaberes, ainda que para isso tenha sido
necessrio "contornar todos os meandros
do rio, antes de chegar ao seu curso
principal".
Comit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESA
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NURENENURENENURENENURENE Os GuiasOs GuiasOs GuiasOs Guias
O Ncleo Regional Nordeste (NURENE)
tem por objetivo o desenvolvimento de
atividades de capacitao de
profissionais da rea de saneamento, em
quatro estados da regio Nordeste do
Brasil: Bahia, Cear, Paraba e
Pernambuco.
O NURENE coordenado pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA),
tendo como instituies co-executoras aUniversidade Federal do Cear (UFC), a
Universidade Federal da Paraba (UFPB) e
a Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE).
O NURENE espera que suas atividades
possam contribuir para a alterao do
quadro sanitrio do Nordeste e,
consequentemente, para a melhoria da
qualidade de vida da populao dessa
regio marcada pela desigualdade social.
Coordenadores Institucionais doCoordenadores Institucionais doCoordenadores Institucionais doCoordenadores Institucionais do
NURENENURENENURENENURENE
A coletnea de materiais didticos
produzidos pelo NURENE composta
de 19 guias que sero utilizados nas
Oficinas de Capacitao para
profissionais que atuam na rea de
saneamento. Quatro guias tratam de
temas transversais, quatro abordam o
manejo das guas pluviais, trs esto
relacionados aos sistemas de
abastecimento de gua, trs so sobre
esgotamento sanitrio e cinco versam
sobre o manejo dos resduos slidos e
limpeza pblica.
O pblico alvo do NURENE envolve
profissionais que atuam na rea dos
servios de saneamento e que possuem
um grau de escolaridade que varia do
semi-alfabetizado ao terceiro grau.
Os guias representam um esforo do
NURENE no sentido de abordar as
temticas de saneamento segundo uma
proposta pedaggica pautada no
reconhecimento das prticas atuais e
em uma reflexo crtica sobre essas
aes para a produo de uma nova
prtica capaz de contribuir para a
promoo de um saneamento de
qualidade para todos.
Equipe da Central de Produo deEquipe da Central de Produo deEquipe da Central de Produo deEquipe da Central de Produo de
Material DidticoMaterial DidticoMaterial DidticoMaterial Didtico CPMDCPMDCPMDCPMD
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Apresentao daApresentao daApresentao daApresentao da rearearearea temticatemticatemticatemtica
Abastecimento de guaAbastecimento de guaAbastecimento de guaAbastecimento de gua
Um dos desafios que se apresenta hoje para o saneamento a
adoo de tecnologias e prticas para o uso racional dos
recursos hdricos e controle de perdas em sistemas de
abastecimento. Em termos qualitativos, exige-se a
preservao dos mananciais e o controle da qualidade da gua
para consumo humano. O atendimento a esses requisitos
proporcionar uma maior eficincia e eficcia dos sistemas de
abastecimento de gua, garantindo, conseqentemente, o
direito social gua.
Conselho Editorial de Abastecimento de gua
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA
SUMARIO
gua e Sade Pblica.............................................................................................................................
Problemas de sade decorrentes da m qualidade da gua para consumo humano .
A Situao Atual do Abastecimento de gua ...........................................................................
Princpios e Objetivos do Padro de Potabilidade ..................................................................
O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem, Coleta e Preservao de
Amostras, Interpretao de Resultados .........................................................................................
Plano de Amostragem .....................................................................................................................
Coleta de Amostras ..........................................................................................................................
Anlise Laboratorial .........................................................................................................................
Controle de Qualidade Analtica...................................................................................................
Processamento de dados e Interpretao dos Resultados...................................................
Manuteno e calibragem de equipamentos. Procedimentos Analticos: cor, turbidez,
pH, cloro residual, alumnio e fluoretos ........................................................................................
Noes Bsicas de Tratamento de gua........................................................................................
Medio de Vazo e Dosagem de Produtos Qumicos ..............................................................
Operao de ETAs de filtrao lenta, filtrao direta, flotofiltrao, clarificao por
contato (filtro russo) e tratamento convencional........................................................................
Manuteno Preventiva e Corretiva de Equipamentos ..............................................................
Equipamento de Proteo Individual e Coletiva, Manuseio e Armazenamento de
Produtos Qumicos ...............................................................................................................................
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA
gua e Sade Pblicagua e Sade Pblicagua e Sade Pblicagua e Sade Pblica
O papel essencial da gua para a sobrevivncia humana e para o
desenvolvimento das sociedades de conhecimento geral, ou seja, a gua
tem influncia direta sobre a sade, a qualidade de vida e o desenvolvimento
do ser humano. Durante toda a histria, o homem buscou locais onde h,
predominantemente, a presena de gua em condies tais que possa ser
usada, no mnimo, para suas necessidades bsicas. Dessa forma, pode-se
inferir que esta fator limitante ou condicionante de todo e qualquer
desenvolvimento econmico e social. O abuso contnuo no aproveitamento
desse recurso natural leva degradao da qualidade da gua, sua
escassez e deteriorao geral do meio ambiente (NIEMCZYNOWICZ, 1992).
medida que a populao e a indstria crescem, a demanda por gua aumenta, tornando seu
suprimento um problema cada vez mais grave. Um estudo realizado por Postel (1993), afirma
que, desde 1950, o uso global de gua mais do que triplicou. Levando-se em conta que a
carncia desse bem uma grave restrio produo de alimentos, ao desenvolvimento
econmico e proteo dos sistemas naturais, algumas medidas tcnicas e econmicas devem
ser tomadas tendo como finalidade: melhorar a eficincia na gesto dos recursos hdricos,
visando reduzir o desperdcio de gua na agricultura, na indstria e nos sistemas pblicos de
abastecimento, bem como promover reduo das cargas poluidoras dos efluentes lanados nos
corpos dgua.
Existem registros sobre a compreenso da associao entre gua de consumo humano e sade,
datados dos tempos mais remotos. Contudo, essa compreenso verifica-se apenas em algumas
poucas situaes e em algumas culturas e tem bases explicativas muito distintas das
atualmente disponveis do conhecimento cientfico moderno. Identificam-se desde cuidados
com a qualidade da gua de consumo, como o relato do ano 2000 a.C, na ndia, recomendando
que a gua impura deve ser purificada, atravs da fervura pelo fogo, pelo aquecimento no sol,
mergulhando um ferro em brasa dentro dela, ou ainda por filtrao em areia ou cascalho, e
ento resfriada (USEPA, 1990). Outras civilizaes tambm se preocupavam com a questo do
saneamento ambiental conforme apresentado na Figura 1.
OB ETIVOS:
Apresentar a
importncia da
qualidade da
gua para
consumo
humano e o
controle do
padro depotabilidade.
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA
FiguraFiguraFiguraFigura 1111. Flagrantes da preocupao de civilizaes antigas com a questo do saneamento ambiental.
O estudo, Alm da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial do Fornecimento de gua
(PNUD, 2006), cita os vrios casos de doenas e mortes que poderiam ser evitadas com o
fornecimento adequado de gua e esgotamento sanitrio. Anualmente, 1,8 milho de crianas
morrem de diarria (o equivalente a 205 crianas por hora), 443 milhes faltam escola por
doenas causadas pelo consumo de gua inadequada e metade da populao dos pases em
desenvolvimento passa por algum problema de sade dessa natureza. A Figura 2 apresenta
alguns flagrantes da situao atual do saneamento em algumas comunidades no Brasil.
Figura.Figura.Figura.Figura. 2222.... Flagrantes da situao atual do saneamento em algumas comunidades no Brasil.
Um grande desafio dos tomadores de deciso atender s necessidades da populao sem
comprometer a possibilidade das futuras geraes terem suas necessidades atendidas. Na
busca desse desenvolvimento sustentvel, o uso da gua de maneira responsvel um dos
principais objetivos da gesto democrtica.
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA
Problemas de sade decorrentes da m qualidade da gua para consumo
humano
A qualidade da gua, por si s (em particular a qualidade microbiolgica da gua), tem uma
grande influncia sobre a sade. Se no for adequada, pode ocasionar surtos de doenas e
causar srias epidemias. Os riscos sade, associados gua, podem ser de curto prazo
(quando resultam da poluio de gua causada por elementos microbiolgicos ou qumicos) ou
de mdio e longo prazos (quando resultam do consumo regular e contnuo, durante meses ou
anos, de gua contaminada com produtos qumicos, como certos metais ou pesticidas).
A importncia sanitria do abastecimento de gua das mais ponderveis. A implantao ou
melhoria dos servios de abastecimento de gua traz como resultado uma rpida e sensvel
melhoria na sade e nas condies de vida de uma comunidade, principalmente, por meio do
controle e preveno de doenas. Constitui o melhor investimento em beneficio da sade
publica.
Dos muitos usos que a gua pode ter, alguns esto intimamente relacionados com a sade
humana, podendo se dar de forma direta ou indireta:
Forma direta gua utilizada como bebida, preparao de alimentos, higiene corporal
ou a que, por razes profissionais ou outras quaisquer, venham a ter contato direto com
a pele ou mucosa do corpo humano.
Forma indireta gua empregada na manuteno da higiene do ambiente e em especial,
dos locais, instalaes e utenslios utilizados no manuseio, preparo e ingesto de
alimentos. Como tambm, gua utilizada na rega de hortalias ou nos criadouros de
moluscos, peixes, camares, mariscos e mexilhes.
Tanto a qualidade quanto a quantidade de gua tm grande importncia na preveno de
doenas, pois sua escassez dificulta a limpeza corporal e do ambiente, permitindo, assim, a
disseminao de enfermidades associadas falta de higiene.
A classificao ambiental das infeces relacionadas com a gua, segundo Cairncross e
Feachem (1990), origina-se da compreenso dos mecanismos de transmisso, que se agrupam
em quatro categorias:
transmisso hdrica: ocorre quando o patognico encontra-se na gua que ingerida
(diarrias e disenterias, febres entricas, poliomielite, hepatite A, leptospirose,
ascaridase e tricurase);
transmisso relacionada com a higiene: identificada como aquela que pode ser
interrompida pela implantao de higiene pessoal e domstica (diarrias e disenterias,
febres entricas, poliomielite, hepatite A, leptospirose, ascaridase e tricurase; Infeces
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da pele e dos olhos, tifo transmitido por pulgas e febre recorrente transmitida por
pulgas);
transmisso baseada na gua: caracterizada quando o patognico desenvolve parte de
seu ciclo vital em um animal aqutico (por penetrao na pele esquistossomose, por
ingesto - difilobotrase e outras infeces por helmintos);
transmisso atravs de um inseto vetor: na qual insetos, que procriam na gua ou cuja
picadura ocorre prximo a ela, so os transmissores (picadura prximo gua - doena
do sono, procriam na gua filariose, malria, arboviroses (febre amarela, dengue e
leishmaniose).
A Situao Atual do Abastecimento de gua
Distribuio de gua no planetaDistribuio de gua no planetaDistribuio de gua no planetaDistribuio de gua no planeta
Embora trs quartos da superfcie terrestre sejam compostas de gua, a maior parte no est
disponvel para consumo humano, pois 97% gua salgada, encontrada nos oceanos e mares e
2% formam geleiras inacessveis (Figura 3).
Apenas 1% de toda a gua doce podendo ser utilizada para consumo do homem e animais. E,
deste total, 97% esto armazenados em fontes subterrneas.
As guas doces superficiais - lagos, rios e barragens - utilizadas para tratamento e distribuio
nos sistemas de tratamento vm sofrendo os efeitos da degradao ambiental que atinge cada
vez mais intensamente os recursos hdricos em todo o mundo.
FiguraFiguraFiguraFigura 3333.... Distribuio de gua no planeta.
Oceanos e
mares 97,3%
2,15%
0,6%
Geleiras
gua Doce
Rios, lagos e barragens(1,5%)
gua subterrnea(98,5%)
Fonte:UNIGUA(20
06)
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA
O Brasil detm 13,8% de toda a gua doce superficial da Terra (UNIGUA, 2006). Deste
percentual, 68,5% est localizada na Regio Norte e apenas 31,5% est distribudo de forma
desigual pelo resto do pas, sendo esta ltima parcela responsvel pelo abastecimento de 92,3%
da populao brasileira (Quadro 1).
Apesar da grande disponibilidade do Brasil, ainda vivemos situaes de carncia na regioNordeste, principalmente, durante os perodos de estiagens prolongados. Esse problema vem
se manifestando em outras partes do Pas devido a falhas de suprimento, a cultura de
desperdcio, superexplorao,alm de fatores climticos.
QuadroQuadroQuadroQuadro 1111.... Distribuio da populao, recursos hdricos e disponibilidade hdrica no Brasil.
RegioPopulao
(hab)(%)
Recursos Hdricos
(%)
Disponibilidade Hdrica
(m/hab.ano)
Norte 12.919.949 7,6 68,5 494.445
Nordeste 47.676.381 28,1 3,3 3.853
Sudeste 72.262.411 42,6 6,0 4.545
Sul 25.071.211 14,8 6,5 14.824
Centro-Oeste 11.611.491 6,8 15,7 64.273Fonte: Adaptado de Maia Neto (1997)
Situao do Abastecimento no BrasilSituao do Abastecimento no BrasilSituao do Abastecimento no BrasilSituao do Abastecimento no Brasil
Para compreender a situao do abastecimento no Brasil necessrio considerar os vrios
aspectos relacionados com o tema, como a populao efetivamente atendida, a quantidade de
gua tratada e distribuda, os tipos de tratamento utilizados, as redes existentes e sua
manuteno, a incidncia de racionamento de gua e as perdas de gua.
A evoluo da prestao dos servios de abastecimento de gua no Brasil, apresentada naFigura 4, demonstra a forte elevao dos ndices de atendimento a partir da dcada de 70 -
com a instituio do PLANASA, poca de grande disponibilidade de recursos.
Figura 4Figura 4Figura 4Figura 4.... Evoluo dos Servios de gua no Brasil (%).
Fonte:IBGE(2004)
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O Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento SNIS, elaborou por meio de
amostragem o ndice de atendimento total de gua distribudo em 5 faixas percentuais,
segundo os estados brasileiros, conforme apresentado na Figura 5. Pode-se observar que So
Paulo, Mato Grosso do Sul e Braslia apresentaram os maiores ndices de atendimento total de
gua. Na contramo dessa realidade est o estado de Rondnia.
Figura 5Figura 5Figura 5Figura 5.... Representao espacial do ndice de atendimento total de gua dos participantes do SNIS em
2004, distribudo por faixas percentuais, segundo os estados brasileiros.
Com relao ao tratamento da gua distribuda, destaca-se que entre 1989 e 2000, o nmero
de estaes de tratamento aumentou no Pas, numa proporo de 83,5%, tendo passado de
2.485 para 4.560, entre unidades de tratamento convencional e no-convencional (Figura 6),
segundo informaes do IBGE (2004).
Fon
te:SNIS(2005)
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FiguraFiguraFiguraFigura 6666.... Evoluo do nmero de estaes de tratamento de gua, segundo as Grandes Regies -
Brasil - 1989/2000.
No Brasil, a maior parte do volume de gua tratada distribuda (75%) sofre o processo
convencional de tratamento, empregado em maiores propores nas Regies Nordeste, Sudeste
e Sul (Figura 7). J na Regio Norte, onde o tratamento convencional menos usado, a
proporo da gua tratada por processos no-convencionais atinge 33,8% do volume
distribudo. A simples desinfeco ocorre em todas as regies, numa proporo em torno de
20% do volume distribudo, com exceo da Regio Sul, onde atinge apenas 9,6% (IBGE, 2004).
,
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,
,
, ,, ,
,, , ,
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,,
FiguraFiguraFiguraFigura 7777.... Proporo do volume de gua tratada distribuda por dia, por tipo de
tratamento utilizado, segundo as Grandes Regies - Brasil - 1989/2000.
Fonte:IBGE(2004)
Fonte:IBGE(2004)
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Princpios e Objetivos do Padro de Potabilidade
At meados do sculo XX, a qualidade da gua para consumo humano era avaliada,
essencialmente, por meio das suas caractersticas organolpticas, tendo como base o senso
comum da exigncia de aparncia lmpida, sabor agradvel ao paladar e ausncia de cheiro. No
entanto, esse tipo de avaliao foi se revelando falvel em termos de proteo de sade pblica
contra microrganismos patognicos e contra substncias qumicas perigosas presentes na
gua. Tornou-se, assim, necessrio estabelecer normas paramtricas que traduzissem, de
forma objetiva, as caractersticas a que deveria apresentar uma gua destinada a consumo
humano.
Na atualidade, a Organizao Mundial de Sade (OMS) a instituio que acompanha e
recomenda os valores mximos permitidos de impurezas na gua, a partir dos estudos
toxicolgicos realizados em todo o mundo e publicados em diferentes revistas e eventoscientficos especializados no tema. Todavia, pases como os Estados Unidos, o Canad, e a
Comunidade Europia, apesar de se basearem tambm nas recomendaes da OMS, estimulam
pesquisas toxicolgicas e bioensaios que, reciprocamente, acabam servindo de referncia tanto
para a OMS como para os demais pases. Todas as normas e legislao de potabilidade no
Brasil seguem, basicamente, os padres recomendados pela Organizao Mundial de Sade no
Guidelines for Drinking-Water Quality(WHO, 2004).
Libnio (2005) enfatiza que no Brasil, somente em 1977, com o advento da Portaria 56 do
Ministrio da Sade (BRASIL, 1977), foi estabelecido o primeiro padro de potabilidade
definindo os limites mximos para as diversas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicasinerentes s guas de consumo humano. At ento, recomendaes do Servio Norte-
Americano de Sade Pblica (United States Public Health Service) constituam o nico balizador
em relao qualidade de gua potvel. Em 1990, o Ministrio da Sade publica a Portaria 36
(BRASIL, 1990), aumentando o nmero de parmetros e tornando alguns limites mais
restritivos.
Voc sabia!Voc sabia!Voc sabia!Voc sabia!
As pesquisas toxicolgicaspesquisas toxicolgicaspesquisas toxicolgicaspesquisas toxicolgicas estudam os efeitos nocivos produzidos por
agente qumico ou mistura complexa sobre os organismos vivos,objetivando manter e aumentar a segurana sade humana.
BioensaiosBioensaiosBioensaiosBioensaios so experimentos in sito ou em laboratrio que investigam o
papel de substncias qumicas em um contexto biolgico, ecolgico e/ouevolutivo.
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Aps um amplo processo de reviso da Portaria 36, foi publicada em dezembro de 2000, a
Portaria 1.469 (BRASIL, 2000). J em 2004 essa Portaria foi revogada, passando a vigorar a
Portaria 518 (BRASIL, 2004), mantendo-se inalterados o nmero de parmetros e os valores
mximos permissveis de cada um deles. Houve adequaes no que concerne ao tratamento
por filtrao de gua, captada em manancial superficial e distribuda por meio de canalizao e
instituda a obrigao do monitoramento de cianobactrias e cianotoxinas.
Alm dos 22 parmetros inseridos na Portaria 518/2004, que no constavam na Portaria 36,
foram includos alguns pesticidas e mantidos alguns agrotxicos-organoclorados no mais
comercializados no Brasil Aldrin, Endrin e Dieldrin, mas de alta persistncia no solo e, por
conseguinte, nas guas. Esses, freqentemente, se manifestam em monitoramento em bacias
hidrogrficas nas quais h atividade agrcola.
A Portaria 518/2004 estabeleceu tambm, os procedimentos e responsabilidades relativos aocontrole e vigilncia da qualidade da gua para consumo humano. Questes importantes foram
contempladas, implicando em significativo avano, tanto em termos da abrangncia da
legislao, definio mais clara de papis dos diversos rgos envolvidos, como do respeito ao
prprio padro de potabilidade. Por fim, pode ser destacado a insero das cianobactrias,
poca, de forma indita em relao aos padres internacionais.
Para se assegurar a potabilidade da gua para consumo humano nos termos definidos pela
Portaria 518/2004 essencial que a concepo, o projeto, a construo e, sobretudo, a
operao das unidades do sistema de abastecimento de gua sejam realizadas com a
preocupao de reduzir riscos sade.
A Portaria 518/2004 define que o fornecimento de gua s populaes pode ser realizado por
dois diferentes tipos de instalaes:
sistemasistemasistemasistema de abastecimento de gua para consumo humanode abastecimento de gua para consumo humanode abastecimento de gua para consumo humanode abastecimento de gua para consumo humano instalao composta por
conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinado produo e
distribuio canalizada de gua potvel para populaes, sob a responsabilidade do
poder pblico, mesmo que administrada em regime de concesso ou permisso.
Voc Sabia!Voc Sabia!Voc Sabia!Voc Sabia!
Cianobactrias, cianofceas ou algas azuisCianobactrias, cianofceas ou algas azuisCianobactrias, cianofceas ou algas azuisCianobactrias, cianofceas ou algas azuis so microorganismos procariticos
autotrficos, capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial,
especialmente naqueles com elevados nveis de nutrientes (nitrognio e
fsforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos sade (BRASIL,
2004).
Atualmente, a remoo de cianobactrias e suas toxinas um dos maioresdesafios do tratamento da gua.
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soluo alternativa de abastecimento de gua para consumo humanosoluo alternativa de abastecimento de gua para consumo humanosoluo alternativa de abastecimento de gua para consumo humanosoluo alternativa de abastecimento de gua para consumo humano toda
modalidade de abastecimento coletivo de gua distinta do sistema de abastecimento
de gua, incluindo, entre outras, fonte, poo comunitrio, distribuio por veculo
transportador, instalaes condominiais horizontal e vertical.
Deve ser lembrado tambm que, se a gua captada estiver poluda por determinadas
substncias, no ser possvel torn-la potvel pelos processos de tratamento de gua
usualmente utilizados em sistemas de abastecimento de gua.
Recentemente, foi publicado o Decreto Presidencial N. 5.440 (BRASIL, 2005), estabelecendo
definies e procedimentos sobre o controle de qualidade da gua de sistemas de
abastecimento, determinando a divulgao de informao ao consumidor sobre a qualidade da
gua para consumo humano. Dentre os mecanismos do Decreto Presidencial, destacam-se:
disponibilizao de relatrios anuais, por parte das prestadoras dos servios, sobre a qualidade
da gua para consumo humano, com ampla divulgao nacional e disponibilizao de
informaes mensais nas contas de gua. Essas devero trazer esclarecimentos quanto ao
significado dos parmetros neles mencionados, em linguagem acessvel ao consumidor (Anexo
- Art. 6 Decreto Presidencial n 5.440/05). De acordo com o Artigo 5, o relatrio anual deve
conter tambm particularidades prprias do manancial ou do sistema de abastecimento, como
presena de algas com potencial txico, ocorrncia de flor natural no aqfero subterrneo,
ocorrncia sistemtica de agrotxico no manancial, intermitncia, dentre outras, e as aes
corretivas e preventivas que esto sendo adotadas para sua regularizao.
Voc Sabia!
O manancialmanancialmanancialmanancial uma das partes mais importantes de um
sistema de abastecimento de gua, pois, de sua escolha
criteriosa depende as condies de abastecimento de gua,
no que se refere tanto quantidade como qualidade da
gua a ser disponibilizada populao.
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O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem,O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem,O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem,O Laboratrio no Contexto da ETA: Pontos de Amostragem,
Coleta e Preservao de Amostras, Interpretao deColeta e Preservao de Amostras, Interpretao deColeta e Preservao de Amostras, Interpretao deColeta e Preservao de Amostras, Interpretao de
ResultadosResultadosResultadosResultados
Os prestadores de servios de abastecimento de gua tm que assegurar o
controle de qualidade da gua destinada ao consumo humano, de modo que
esta atenda aos padres de potabilidade constantes na Portaria n 518/04,
do Ministrio da Sade.
A referida Portaria define este controle como sendo um conjunto de
atividades exercidas de forma contnua pelos responsveis pela operao desistema ou soluo alternativa de abastecimento, destinadas a verificar se a
gua fornecida populao potvel.
O controle permite ao titular do servio, alm da verificao da potabilidade
da gua, a definio de aes operacionais e gerenciais que adqem sua
qualidade ao padro exigido pela legislao vigente. Destacam-se como aes a padronizao
na operao dos equipamentos, sistemas e processos do tratamento adotado, assim como
atitudes diante de anormalidades previsveis, o que no exclui a adoo de estratgias
operacionais de acordo com o bom senso do operador em casos no previstos.
Assim, o controle de qualidade da gua do sistema de abastecimento, inclusive da ETA (Estao
de Tratamento de gua), compreende as atividades de: planejamento da amostragem; coleta de
amostras; anlise laboratorial; controle de qualidade analtica; interpretao dos resultados das
anlises e estratgia de informaes.
Neste contexto, um laboratrio situado na ETA de extrema importncia, pois tem como
funes: realizar as anlises dos parmetros necessrios ao controle do processo de
tratamento, avaliar sua eficincia; realizar anlises dos parmetros operacionais do controle de
qualidade da gua do sistema de distribuio (reservatrios e rede).
OB ETIVOS:
Apresentar a
importncia do
laboratrio para
o controle de
qualidade, bem
como,
conhecimentos
sobre
amostragem e
interpretao deresultados.
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Plano de Amostragem
A elaborao de um plano de amostragem para caracterizao da qualidade da gua em
sistemas de abastecimento requer alm da definio dos pontos de coleta, o que inclui aestao de tratamento, a definio das etapas subseqentes tais como: anlises laboratoriais,
interpretao de dados, elaborao de relatrios e tomadas de decises.
Esse plano vai alm da execuo de uma metodologia de coleta, uma vez que as observaes e
dados de campo contribuem para a interpretao dos resultados analticos.
Os prestadores de servios de gua, responsveis pelo controle da qualidade da gua de
sistema ou soluo alternativa de abastecimento de gua, devem elaborar e aprovar, junto
autoridade de sade pblica, o plano de amostragem de cada sistema, respeitando o que estexpresso na Portaria n 518/04, do Ministrio da Sade. Esse deve ser feito de maneira a
abranger os seguintes aspectos:
TCNICO
Definio dos pontos de coleta de amostras.
Definio do nmero e freqncia de amostras.
Seleo dos parmetros a serem analisados.
Conhecimento dos mtodos de anlises utilizados pelo laboratrio.
LOGSTICO
Levantamento do tipo e quantidade de frascos, reagentes e equipamentos para
medies em campo.
Levantamento da infra-estrutura de apoio: viatura, combustvel, etc..
Levantamento do tamanho da equipe para o trabalho de campo, transporte das
amostras, avaliao dos resultados das anlises laboratoriais.
Levantamento de custos financeiros para implantao e desenvolvimento do
plano de amostragem.
Para possibilitar a melhor elaborao do plano de amostragem so necessrias as seguintes
informaes:
Planta baixa do municpio em escala conveniente que possibilite de preferncia
ter uma viso territorial do espao urbano e rural em uma nica prancha.
Planta do sistema de abastecimento de gua (rede de distribuio, delimitao
dos sistemas, zonas de presso, localizao dos reservatrios, etc.).
Populao abastecida por rede de gua.
Populao servida por rede de esgoto.
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Relatrio de inspeo do sistema de abastecimento de gua com informaes do
tipo e qualidade do manancial at a rede de distribuio.
Resultado das anlises de controle de qualidade de gua realizada pelos
laboratrios.
Dados ambientais de vulnerabilidade contaminao (esgotos sanitrios,
resduos slidos, indstrias, reas sujeitas a inundaes, etc.).
Localizao na planta baixa do municpio das instituies que abriguem
populao considerada mais vulnervel, tais como escolas, hospitais e servios
de sade, creches, asilos ou outras que pelo tipo ou porte abasteam grande
quantidade de pessoas, tais como Shopping Center, terminais de passageiros,
locais de realizao de eventos etc.
A no existncia de algumas informaes no implica na impossibilidade da elaborao de um
plano de amostragem, porm poder prejudicar na definio de critrios de risco sade.
Pontos de AmostragemPontos de AmostragemPontos de AmostragemPontos de Amostragem
Segundo a Portaria 518/04, a definio dos pontos de amostragem, para coleta de amostras e
verificaes da qualidade da gua, deve ser feita de modo a se obter informaes
representativas do sistema de abastecimento (reservatrios e rede de distribuio). Essa
representatividade pode ser obtida aliando a distribuio espacial de pontos de coleta de
amostra de gua e as reas de risco do sistema.
Entende-se por distribuio espacial, a localizao de pontos de coleta de amostras de guas
na rede de abastecimento de forma que toda a rea de abrangncia da rede esteja representadade forma eqitativa. Por rea de risco, a escolha de pontos de coleta na rede, prximos a locais
que possam influir na qualidade da gua, que abastecem grandes consumidores, ou
consumidores suscetveis (hospitais, creches, escolas, etc.). Assim pontos crticos e no crticos
do sistema, em endereos fixos e variveis devem ser monitorados.
Em outras palavras, a representatividade da amostragem pode ser obtida, segundo a referida
Portaria, combinando critrios de abrangncia espacial e pontos estratgicos do sistema,
entendidos como aqueles prximos a grande circulao de pessoas (terminais rodovirios,
terminais ferrovirios, etc.) ou edifcios que alberguem grupos populacionais de risco
(hospitais, creches, asilos, etc.), aqueles localizados em trechos vulnerveis do sistema dedistribuio (pontas de rede, pontos de queda de presso, locais afetados por manobras,
sujeitos intermitncia de abastecimento, reservatrios, etc.) e locais com sistemticas
notificaes de agravos sade tendo como possveis causas agentes presentes na gua.
Para satisfazer dois princpios fundamentais - representatividade e abrangncia espacial, o
Quadro 2, apresenta alguns critrios para a definio dos pontos de amostragem para o
monitoramento da qualidade da gua.
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Um plano de amostragem poder contemplar todos ou apenas alguns dos critrios
anteriormente listados, dependendo da situao encontrada no municpio.
De qualquer forma, no local escolhido para a coleta de gua na rede de distribuio deve haver,
necessariamente, uma torneira junto ao cavalete. Caso no exista prefervel escolher outro
ponto para coleta.
Quadro 2.Quadro 2.Quadro 2.Quadro 2. Critrios para definio dos pontos de amostragem no sistema de abastecimento (rede e
reservatrios).
Entrada no sistema de distribuio
Sada de reservatrios de acumulao
Pontos na rede de distribuio (rede nova e antiga):
reas mais densamente povoadas
reas sujeitas presso negativa na rede de distribuio
rea de passivo ambiental
Distribuio
espacial
Zonas altas e zonas baixas
Consumidores representativos e de maior risco. (hospitais, escolas, creches, clubes, etc).Locais de
risco reas prximas a pontos de poluio (indstrias, escolas, creches, clubes, etc)
Tambm, dentro da estao de tratamento, devem existir vrios pontos de amostragem e de
anlise automtica de diversos parmetros da qualidade da gua. Essa anlise permite um
monitoramento constante da eficincia de cada unidade de tratamento, e a verificao do
controle da qualidade da gua produzida, isto , desde o seu estado bruto at concluso do
tratamento. Em geral, os pontos de controle de gua em uma ETA esto localizados na entrada
(gua bruta) e nas unidades de decantao, filtrao e desinfeco. A coleta de gua destes
pontos pode ser feita no prprio laboratrio da ETA, uma vez que existe nas suas instalaes,
uma zona de amostragem, que rene gua destas unidades e onde tm instaladas torneiras em
tubulaes ligadas diretamente a unidades citadas.
O Quadro 3 apresenta sugesto, do Ministrio da Sade (2006), de requisitos de controle na
produo e abastecimento de gua para consumo humano.
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QuadroQuadroQuadroQuadro 3.3.3.3. Requisitos de controle na produo e abastecimento de gua para consumo humano.
ParmetroParmetroParmetroParmetro
guaguaguaguaBrutaBrutaBrutaBruta
(Entrada(Entrada(Entrada(Entradada ETA)da ETA)da ETA)da ETA)
Mistura/Mistura/Mistura/Mistura/CoagulaoCoagulaoCoagulaoCoagulao
FloculaoFloculaoFloculaoFloculao SedimentaoSedimentaoSedimentaoSedimentao FiltraoFiltraoFiltraoFiltraoDesinfecoDesinfecoDesinfecoDesinfeco/ Sada da/ Sada da/ Sada da/ Sada da
EtaEtaEtaEta
Vazo x x x x x xPerda de Carga xpH x x xDosagem de produtosqumicos
x x
Turbidez x x x xCor x xCarbono orgnico total xAlgas e toxinas x xColimetria x xContagem de bactriashetereotrficas
x
Cloro residual xCT xProdutos secundriosda desinfeco x
Fonte: MS (2006) adaptado da WHO (2004).
Parmetros a serem DeterminadosParmetros a serem DeterminadosParmetros a serem DeterminadosParmetros a serem Determinados
O conceito de qualidade da gua encontra-se relacionado ao uso e s caractersticas fsicas,
qumicas e biolgicas apresentadas pela gua que, por sua vez, so determinadas pelas
substncias e microrganismos (parmetros) nela presentes. Assim, o padro de potabilidade da
gua composto por um conjunto de caractersticas (parmetros) que lhe confere qualidade
prpria para o consumo humano.
Rotineiramente, e dependendo dos processos unitrios em uma ETA, os parmetros a serem
analisados devem ser: pH; cloro residual; flor; turbidez; cor e organismos indicadores de
contaminao. Por outro lado, os parmetros de controle de qualidade da gua exigidos pelo
Ministrio da Sade (2006), para avaliar o desempenho dos processos de uma ETA so: pH, cor,
turbidez, carbono orgnico total, algas e toxinas, contagem de bactrias heterotrficas, cloro
residual, coliforme total e colimetria. O Quadro 4 apresenta para os parmetros citados, suas
caractersticas gerais, a origem na gua e fatores de alterao e os inconvenientes.
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Guia d
ParmetroParmetroParmetroParmetro Caractersticas geraisCaractersticas geraisCaractersticas geraisCaractersticas gerais Origem nas guas e fatores de alteraoOrigem nas guas e fatores de alteraoOrigem nas guas e fatores de alteraoOrigem nas guas e fatores de alterao
Alumnio
O alumnio o principal constituinte de um
grande nmero de componentes atmosfricos,
particularmente de poeira derivada de solos e
partculas originadas da combusto de carvoO alumnio pouco solvel em pH entre 5,5 e
6,0, devendo apresentar maiores
concentraes em profundidade, onde o pH
menor e pode ocorrer anaerobiose.
A gua tambm pode apresentar resduos de
alumnio, j que este elemento empregado no
tratamento, na etapa de coagulao e
floculao. Assim, a principal via de exposiohumana no ocupacional pela ingesto de
alimentos e gua. Na gua, o alumnio
complexado e influenciado pelo pH,
temperatura e a presena de fluoretos,
sulfatos, matria orgnica e outros ligantes. O
aumento da concentrao de alumnio est
associado com o perodo de chuvas e,
portanto, com a alta turbidez.
O acmulo de
associado ao a
senil do tipo A
.
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Nmero e Freqncia da AmostragemNmero e Freqncia da AmostragemNmero e Freqncia da AmostragemNmero e Freqncia da Amostragem
As informaes sobre a qualidade de gua referem-se a um perodo, que pode ser horrio,
dirio, semanal, mensal e anual, durante o qual esta qualidade pode vir a variar. Por isso, a
periodicidade da amostragem deve ser estabelecida de forma que as anlises mostrem
variaes, de natureza aleatria ou sistemtica, que ocorrem na qualidade da gua. A
freqncia com que so coletadas as amostras deve ser estabelecida com o objetivo de se obter
informaes necessrias com o menor nmero possvel de amostras, levando em conta o
aspecto custo-benefcio. Os resultados analticos devem reproduzir as variaes, espacial e
temporal, da qualidade da gua amostrada.
No Quadro 5 est apresentada a periodicidade para a coleta de amostras da gua bruta e
tratada e os parmetros que devem ser analisados visando manter os padres de qualidade
determinados pela Portaria 518/04 do Ministrio da Sade.
QuadroQuadroQuadroQuadro 5555. Periodicidade e parmetros de qualidade da gua na ETA.
PeriodicidadePeriodicidadePeriodicidadePeriodicidade ParmetrosParmetrosParmetrosParmetros
De duas em 2 horas cor, pH, turbidez, cloro
De quatro em 4 horas alcalinidade, flor
Uma vez ao dia ferro e alumnio
Uma vez por semana organismos indicadores de contaminao (na gua tratada)
Coleta de Amostras
Para que haja um adequado e eficiente programa de monitoramento da qualidade da gua, um
dos passos mais importantes a coleta de amostras de gua. Essa coleta pode parecer umatarefa relativamente simples. Porm, mais do que mergulhar uma garrafa para retirar um certo
volume de gua, torna-se necessrio obter uma amostra representativa e estabilizada do ponto
amostrado e das condies locais que podem interferir, tanto na interpretao dos dados
quanto nas prprias determinaes laboratoriais.
Assim, tcnicos adequadamente treinados e motivados precisam observar e anotar quaisquer
fatos ou anormalidades que possam interferir nas caractersticas da amostra como: cor, odor,
ou aspecto estranho, presena de algas, leos, corantes, material sobrenadante, peixes ou
outros animais aquticos mortos.
A tcnica a ser adotada para coleta de amostras depende da gua a ser amostrada: gua bruta
(entrada da ETA); gua tratada (sada da ETA); unidades do processo de tratamento
(decantao, filtrao, desinfeco, etc); rede de distribuio; reservatrios setoriais da rede. A
tcnica depende tambm da natureza do exame a ser realizado (fsico, qumico, biolgico) e do
tipo de amostragem (amostra simples ou composta). Independentemente dessas
caractersticas, porm, h os seguintes cuidados a serem tomados:
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a. As amostras no devem incluir partculas grandes, detritos, folhas, ou outro tipo de
material acidental.
b. Para minimizar a contaminao da amostra convm recolh-la com a boca do frasco de
coleta contra corrente.
c. Coletar volume suficiente de amostra para eventual necessidade de se repetir anlise no
laboratrio.
d. Fazer todas as determinaes de campo em alquotas de amostras separadas das que
sero enviadas ao laboratrio, evitando-se, assim, o risco de contaminao.
e. Empregar somente os frascos recomendados para cada tipo de determinao. Verificar
tambm a limpeza dos frascos e demais materiais de coleta (baldes, garrafas, pipetas
etc.).
f. A parte interna dos frascos e do material de coleta, assim como tampas, no podem ser
tocadas com a mo ou ficar expostos ao p, fumaa e outras impurezas (gasolina, leo, e
fumaa de exausto de veculos podem ser grandes fontes de contaminao de amostra).
Recomenda-se, portanto, que os coletores usem luvas plsticas (cirrgicas e no
coloridas) e no fumem durante a coleta das amostras.g. Imediatamente aps a coleta e preservao das amostras, coloc-las ao abrigo da luz
solar.
h. As amostras que exigem refrigerao para sua preservao devem ser acondicionadas em
caixa de isopor com gelo. Observar que as amostras para anlise de oxignio dissolvido
OD, no devem ser mantidas sob refrigerao.
i. Manter o registro de todas as informaes de campo, preenchendo uma ficha de coleta
por amostra, ou conjunto de amostras da mesma caracterstica contendo os seguintes
dados: nmero da amostra; identificao do ponto de coleta; data e hora da coleta; tipo
de amostra (gua bruta, tratada, etc); medidas de campo como pH, temperatura ar/gua
etc; eventuais observaes de campo; condies meteorolgicas nas ltimas 24 horas;
indicao dos parmetros a serem analisados; nome do responsvel pela coleta;
equipamento utilizado (nome, tamanho, malha, capacidade, volume etc).
Preservao de AmostrasPreservao de AmostrasPreservao de AmostrasPreservao de Amostras
A confiabilidade e a interpretao adequada dos resultados analticos, depende da correta
execuo dos procedimentos. O simples fato de abstrair uma amostra do seu local de origem e
coloc-la em contato com as paredes de recipientes e, portanto, sujeitando-a a um novo
ambiente fsico, pode ser suficiente para romper este equilbrio natural e conferir mudanas na
sua composio. O intervalo de tempo entre a coleta das amostras e a realizao das anlises
tambm pode comprometer sobremaneira sua composio inicial, especialmente no caso desubstncias que se encontram em pequenas concentraes. Por isto preciso adotar mtodos
especficos para preservao e armazenamento de amostras para evitar contaminao e/ou
perda de constituintes a serem examinados.
Independente da natureza da amostra, a estabilidade completa para cada constituinte nela
presente nunca pode ser obtida. No melhor dos casos, as tcnicas de preservao e a seleo
adequada dos frascos de armazenamento apenas retardam as alteraes qumicas e biolgicas
que, inevitavelmente, acontecero aps separar-se a amostra das suas condies originais.
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As tcnicas de preservao de amostras mais empregadas so:
Adio qumicaAdio qumicaAdio qumicaAdio qumica - o mtodo mais conveniente, contudo tal procedimento no vivel
para preservar amostras destinadas a todos os tipos de anlises. Neste mtodo o
preservante adicionado prvia ou imediatamente aps a tomada da amostra,
provocando a estabilizao dos constituintes de interesse, por perodos mais longos de
tempo.
CongelamentoCongelamentoCongelamentoCongelamento - aceitvel para algumas anlises, mas no como tcnica de
preservao geral. Os componentes slidos (filtrveis e no filtrveis) da amostra
alteram-se com o congelamento e posterior retorno temperatura ambiente. Para
algumas determinaes biolgicas e microbiolgicas esta prtica inadequada.
RefrigeraoRefrigeraoRefrigeraoRefrigerao ---- utilizada para preservao de vrios parmetros, constitui uma tcnica
comum em trabalho de campo. Embora a refrigerao no mantenha completa
integridade para todos os parmetros, interfere de modo insignificante na maioria das
determinaes laboratoriais. Ela sempre utilizada na preservao de amostras
microbiolgicas e algumas determinaes qumicas e biolgicas.
A metodologia de preservao das amostras de gua, por parmetro e o prazo mximo
recomendado entre coleta e incio das anlises est descrita no Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (1995).
Os frascos mais utilizados no armazenamento de amostras so os de plstico, vidro
borossilicato e do tipo descartvel; sendo esses ltimos empregados quando o custo da
limpeza torna-se muito oneroso. No existe, portanto, um padro universal de frascos,
havendo a necessidade de escolher o material de acordo com sua estabilidade, facilidade detransporte, custo, resistncia esterilizao etc. Porm, em geral, o tipo de frasco a ser
utilizado depende da natureza da amostra a ser coletada e dos parmetros a serem
investigados, por exemplo, anlise biolgica, microbiolgica, fsico-qumica, biocidas etc.
Dessa forma, existem normas que discriminam o tipo de frasco a ser utilizado de acordo com o
parmetro a ser analisado.
A limpeza de frascos e tampas de suma importncia para impedir a introduo de
contaminantes nas amostras. So necessrios cuidados especiais para evitar a utilizao de
materiais de limpeza cuja frmula contenha as substncias que se quer determinar na amostra
de gua. Os exemplos mais comuns deste tipo de interferncia so: o uso de sabes contendofosfato, quando se quer determinar este constituinte na amostra coletada; a descontaminao
utilizando soluo de cido ntrico quando se deseja analisar ons nitrato. Nesses casos o uso
de frascos descartveis inertes previne tal tipo de contaminao.
No caso de requerer-se anlise de micronutrientes, como os sais dissolvidos de nitrognio e
fsforo, a descontaminao dos frascos de coleta com uma soluo de cido clordrico a 5%
pode ser suficiente.
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Anlise Laboratorial
A caracterizao da gua, que corresponde quantificao das impurezas de natureza fsica,
qumica e biolgicas, feita por meio de anlise laboratorial utilizando-se mtodos
instrumentais ou analticos.
Para manter um elevado nvel de qualidade e obter resultados confiveis, os laboratrios de
anlises de gua devem dispor de:
Equipe de pessoal especializado com conhecimentos em qumica e microbiologia, assim
como em anlises ambientais e informtica.
Mtodos instrumentais devidamente validados, cada vez mais sofisticados e que
permitem cumprir as exigncias da legislao em vigor, respeitando o limite de
deteco, preciso e exatido.
Infra-estrutura e equipamentos adequados aos diferentes tipos de anlises realizadas.
Atualizao permanente de novas tcnicas analticas e de equipamentos, cada vez mais
sensveis e precisos, que permitam a quantificao de uma vasta gama de compostos
txicos.
Mtodos analticos utilizados para o monitoramento dos parmetros de qualidade da
gua em conformidades com as normas nacionais ou na falta destas com as
estabelecidas pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater, de
autoria da American Public Health Association (APHA), da American Water Works
Association (AWWA) e da Water Environment Federation (WEF) ou de normas publicadas
pela International Standartization Organization (ISO).
Em conformidade com as normas nacionais e o Standard Methods, os procedimentos analticos
para a determinao de parmetros de qualidade esto detalhados no item MANUTENO E
CALIBRAGEM DE EQUIPAMENTOS.
Controle de Qualidade Analtica
O controle de qualidade de uma anlise laboratorial essencial para garantir a confiabilidade
da informao. Os resultados analticos sero considerados restritos se no houver um
programa definido de controle de qualidade analtico (CARUSO, 1998).
Os critrios de avaliao da qualidade dos dados de uma anlise laboratorial levam em conta os
diversos erros que podem ocorrer. O erro associado ao processo amostral estabelece-se
quando no h representatividade ou o preparo da amostra no foi adequado, principalmente
na etapa de homogeneizao que essencial para garantir a repetibilidade (MARMO, 1997).
Os erros associados metodologia podem ser de trs tipos. O primeiro so os grosseiros, que
levam a resultados distantes do valor real, como no caso do uso de reagente inadequado. O
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segundo tipo so os acidentais que fazem parte intrnseca do processo de quantificao, mas
deve-se considerar que por meio dos nveis de exatido e preciso possvel determinar o
intervalo de confiana dentro do qual o resultado considerado vlido. O terceiro tipo de erro
so os sistemticos, que produzem resultados com valores prximos, portanto com preciso,
mas distantes do real, e por isso com baixa exatido.
Todos os tipos de erros citados podem ser eliminados quase que totalmente por meio de uma
correta atividade organizacional voltada para a qualidade e confiabilidade dos dados analticos,
que segundo Marmo (1997), possvel adotando-se o Sistema de Qualidade Laboratorial.
De acordo com Pdua e Ferreira (2006), importante que os laboratrios responsveis pela
anlise de gua possuam um programa de controle de qualidade formalizado que abranja: a
qualificao e a capacitao peridica dos recursos humanos; a manuteno preventiva e a
calibrao peridica de equipamentos, conforme recomendaes legais ou do fabricante; a
verificao da qualidade dos reagentes utilizados nas anlises; a existncia de documentao
detalhada dos procedimentos de rotina do laboratrio, tais como regras de segurana,
protocolos descritivos dos mtodos utilizados nas anlises, instrues de coleta e
armazenamento de amostras, calibrao dos instrumentos (incluindo as vidrarias e
equipamentos como balanas), preparo e armazenamento de reagentes.
Processamento de dados e Interpretao dos Resultados
Os dados de qualidade da gua bruta (na entrada da ETA) e daqueles da unidade de uma ETA,
analisados no laboratrio, devem ser processados adequadamente, interpretados e verificados
quanto sua consistncia, organizando-se um banco de dados.
Para a interpretao dos dados de qualidade da gua bruta podem ser realizados: tratamentos
estatsticos; determinaes de tendncias ao longo do tempo; correlaes causa-efeito entre
dados de qualidade da gua e ambientais (geologia, hidrologia, ocupao do solo, inventrio
das fontes poluentes, climatologia). A apresentao dos resultados geralmente em forma de
grficos e/ou planilhas.
O acompanhamento da qualidade da gua bruta ao longo do tempo gera um grande nmero de
dados analticos que precisam ser transformados em um formato sinttico. Esse deve descrever
e representar, de forma compreensvel e significativa, o estado atual e as tendncias da
qualidade da gua para que possam ser utilizadas como informaes gerenciais e como
ferramenta na tomada de decises relativas ao manancial abastecedor e a ETA. Assim, a
apresentao dos resultados tambm pode ser feita em forma de um ndice. O IQA (ndice de
qualidade da gua) , ento, uma forma de agregao de valores individuais de uma srie de
parmetros de qualidade da gua em um formato sinttico.
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Manuteno e calibragem de equipamentos. ProcedimentosManuteno e calibragem de equipamentos. ProcedimentosManuteno e calibragem de equipamentos. ProcedimentosManuteno e calibragem de equipamentos. Procedimentos
Analticos: cor, turbidez, pH, cloro residual, alumnio eAnalticos: cor, turbidez, pH, cloro residual, alumnio eAnalticos: cor, turbidez, pH, cloro residual, alumnio eAnalticos: cor, turbidez, pH, cloro residual, alumnio e
fluoretosfluoretosfluoretosfluoretos
A garantia de eficincia na operacionalizao de ETAs e conseqentemente a
qualidade do produto final depende dentre outros processos, o da realizao
de procedimentos analticos de rotina. Se por ventura, a qualidade da gua
na ETA, temporariamente se torna insatisfatria, os resultados dos testes doindcios do problema e permitem uma ao corretiva imediata.
Neste captulo sero abordadas noes bsicas de manuteno e calibragem
de equipamentos utilizados em Estaes de Tratamento de gua - ETAs,
como tambm os procedimentos analticos de rotina para a determinao
dos parmetros cor, turbidez, pH, cloro residual e fluoretos.
Cabe destacar que todas as anlises devem ser realizadas com o mximo de
rigor tcnico e cientifico, para que haja confiabilidade nos resultados.
Ademais, indispensvel o uso de EPIs (Equipamentos de Proteo
Individual) apropriados, bem como observar as Boas Prticas de
Laboratrio, na utilizao desses equipamentos, fazer a devida calibragem e manutenoatravs dos respectivos manuais (SABESP, 2006).
Manuteno, Calibragem de Equipamentos e Procedimentos Analticos
CorCorCorCor
O procedimento analtico para determinao da cor pode ser realizado pelo mtodo
colorimtrico comparativo, ou pelo mtodo colorimtrico de leitura direta
(espectrofotomtrico).
Pelo mtodo colorimtrico de leitura direta necessrio ter um fotocolormetro digital (Figura
8). Nesse caso, utiliza-se o fotocolormetro digital converte em sinal eltrico a medida da
diferena entre a luz incidente nesta amostra e transmitida ao detetor, promovendo a leitura
direta em UC (Unidades de Cor). A faixa de trabalho vai de 1,0 a 500,0 unidades de Cor (uC),
podendo a amostra ser diluda caso seja necessrio. Nesse mtodo utiliza-se soluo padro de
500, 100, 10 e 5 UC. A execuo da anlise conforme SABESP (2006) segue as seguintes etapas:
OB ETIVOS:
Demonstrar a
necessidade de
manuteno e
calibragem dos
equipamentos.
Apresentar as
formas de
realizao de
anlises de cor,
turbidez, pH,
cloro residual e
fluoreto
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Ligar o equipamento e aguardar 10 minutos para sua estabilizao;
Ajustar o colormetro utilizando os padres de 10,0; 100e 500 UC.
Para amostras refrigeradas, aguardar que a mesma atinja temperatura prxima da
ambiente;
Verificar se o pH da amostra encontra-se entre 4 e 10. Se estiver fora dessa faixa,
ajust-lo para, aproximadamente, 7,0 com cido sulfrico (H2SO4) ou hidrxido de sdio
(NaOH) em concentraes tais que o volume final no exceda em 3 % do inicial.
Homogeneizar a amostra, e introduzi-la na cubeta at a marca de nvel;
Enxugar a cubeta com papel absorvente macio;
Introduzir a cubeta no aparelho fazendo coincidir a marca da cubeta com a marca
existente no aparelho;
Fazer a leitura de cor.
FiguraFiguraFiguraFigura 8.8.8.8. Fotocolormetro microprocessado digital para anlise de Cor.
No mtodo colorimtrico comparativo, utiliza-se um colormetro que pode ser comparador com
prisma ou comparador visual (Figura 9), alm de provetas e cubetas. As amostras devem estar
temperatura ambiente. Em seguida deve-se colocar gua desmineralizada at a marca, em uma
das cubetas do colormetro, tamp-la com o plug e coloc-la no lado indicado (esquerdo) no
equipamento. Da mesma forma, deve-se colocar a amostra at a marca, em outra cubeta do
colormetro, tamp-la com o plug e coloc-la no lado indicado (direito) no equipamento.
recomendado proceder lavagem da cubeta a qual foi utilizada amostra, com gua
desmineralizada, e usar papel higinico macio para limpar as cubetas. Ligar a lmpada e girar o
disco at coincidncia de cor. Se a cor ultrapassar a escala do colormetro, ento se faz
necessrio diluir a amostra o mnimo possvel, com gua desmineralizada em proporo
conhecida, at que a cor esteja dentro dos limites do disco. Quando necessrio, fazer a diluio
das amostras, neste caso o resultado final da cor aparente obtido por intermdio da Equao
1.
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B
VA)uC(Cor = (1)
Onde: A = Cor estimada na amostra diluda;
V = Volume de amostras usados na diluio (mL);
B = Volume total de amostra diluda (mL).
Periodicamente, necessrio limpar os orifcios coloridos do disco comparador com uma haste
flexvel de algodo embebida em benzina.
FiguraFiguraFiguraFigura 9.9.9.9. Equipamentos para a determinao da cor aparente. a) Comparador colormetro com prisma; b)
Colormetro visual.
Na determinao da cor, a turbidez da amostra influencia, absorvendo tambm parte dos raios
luminosos. Para obteno da cor real ou verdadeira h a necessidade de se eliminar
previamente a turbidez atravs de centrifugao, sedimentao ou filtrao. Uma vez que
determinamos cor aparente no feita a eliminao da turbidez.
TurbidezTurbidezTurbidezTurbidez
A determinao da turbidez utiliza o mtodo nefelomtrico. O mtodo nefelomtrico mais
indicado que o mtodo de comparao visual por sua preciso, sensibilidade e aplicabilidade
sobre uma larga faixa de turbidez. Baseia-se na comparao da luz dispersa por materiais
diversos em suspenso contidos em uma amostra, com um padro de suspenso nas mesmas
condies. Quanto maior a intensidade da luz espalhada maior ser a turbidez da amostra
analisada.
O turbidmetro o aparelho utilizado para a leitura direta (Figura 10). constitudo de um
nefelmetro, sendo a turbidez expressa em unidades nefelomtricas de turbidez (NTU -
Nephelometric Turbidity Unit). O nefelmetro consiste em uma fonte de luz, para iluminar a
amostra e um detector fotoeltrico com um dispositivo para indicar a intensidade da luz
espalhada em um ngulo reto ao caminho da luz incidente. A faixa de trabalho depende do
aparelho utilizado, podendo chegar at 10.000 NTU, por exemplo.
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FiguraFiguraFiguraFigura 10.10.10.10. Turbidmetro digital com os padres de calibrao ao lado.
O procedimento analtico segue os seguintes passos:
Ligar o aparelho 30 minutos antes da realizao das anlises, para aquecimento.
Deixar as amostras a temperatura ambiente.
Calibrar o aparelho utilizando para isso os padres que se no vierem prontos na compra
do aparelho, devem ser preparados a partir da soluo estoque de formazina.
Homogeneizar a amostra, agitando moderadamente para que no ocorra a formao de
bolhas de ar.
Enxaguar a cubeta com a amostra e enxug-la com papel absorvente neutro macio.
Colocar amostra na cubeta at a marca.
Fechar a cubeta.
Introduzir a cubeta no aparelho respeitando o alinhamento e efetuar a leitura na escala
adequada em NTU. Os aparelhos digitais possuem recurso de troca automtica de escala.
Fazer a leitura de turbidez.
Como interferncias na determinao da turbidez tm-se: a presena de detritos e materiais
grosseiros em suspenso que se depositam rapidamente, obtendo resultados mais baixos; a
cor real que interfere negativamente devido sua propriedade de absorver luz; as bolhas de ar,
que por ventura sejam formadas, podem ser eliminadas vertendo cuidadosamente o lquido na
cubeta, e sujeiras na cubeta, provocaro resultados super estimados.
PPPPHHHH ---- potencial hidrogeninicopotencial hidrogeninicopotencial hidrogeninicopotencial hidrogeninico
O pH de uma amostra de gua pode ser determinado colocando-se uma gota da amostra em
um pedao de papel indicador. Existem dois tipos de papel indicador, o Tornassol ou Litmus e
o Universal. O tipo de papel indicador a ser utilizado depende do tipo de soluo a ser
analisada e do grau de preciso que se deseja com a medida.
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O papel de Tornassol utilizado quando se quer determinar, simplesmente, se a soluo
cida ou bsica. J o papel Universal d uma indicao do valor aproximado da pH da amostra
que est sendo analisada. O indicador ir mudar de cor quando umedecido, e o pH ser lido
comparando-se a cor final do indicador com uma carta de cores, geralmente contida naembalagem do prprio indicador (Figura 11).
FiguraFiguraFiguraFigura 11.11.11.11. Papel indicador de pH. a) Papel Tornassol ou Litmus; b) Papel Universal.
Interpretao do resultado:
pH menor que 7: indica que a gua cida;
pH igual 7: indica que a gua neutra;
pH maior que 7: indica que a gua bsica.
Pelo mtodo eletromtrico o pH determinado por meio de um equipamento denominado pH-
metro (Figura 12) com eletrodo especfico e solues tampes (pH 4.0; pH 7.0 e pH 10,0). O
mtodo baseia-se na determinao da atividade hidrogeninica de uma amostra utilizando-se
um sensor on seletivo (eletrodo) em conjunto com um medidor de atividade inica (pH-metro).
O sensor em contato com a amostra mede a diferena de potencial causada pela atividade de
ons hidrognio presente na amostra e no sensor e envia ao pH-metro sob a forma de sinal
eltrico que o converte em leitura direta de valor de pH.
O procedimento segue as etapas abaixo:
Checar o aparelho com soluo tampo de pH conhecido.
Antes de comear as leituras, e entre uma amostra e outra, deve-se lavar o
eletrodo e a sonda, com gua desmineralizada e enxugar com papel
absorvente.
Colocar em um becker a amostra, mergulhar os eletrodos e aguardar
estabilizao.
Ligar o boto de pH e realizar a leitura.
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Os resultados de ensaios de pH no laudo de anlises devem conter apenas uma casa decimal.
Como tambm deve constar no laudo de resultados o valor da temperatura da amostra no
momento em que foi realizada a anlise de pH.
FiguraFiguraFiguraFigura 12.12.12.12. Medidores de pH. a) pH-metro de bancada; b) pH-metro porttil.
A freqncia de calibraes do pH-metro depende da freqncia de medies e da qualidade
do instrumental. Quando o instrumento estvel e as medies so freqentes, as
padronizaes so menos freqentes. No caso de as medies serem feitas ocasionalmente,
deve-se padronizar o instrumento antes do uso. Cada instrumento vem, normalmente,
acompanhado das instrues de calibrao e uso.
A manuteno dos eletrodos, assim como foi visto na calibrao e uso, tambm deve seguir as
instrues que acompanham o equipamento.
A faixa de medio vai de 0 a 14 unidades de pH. Pode ser considerada como uma faixa segura
para os resultados com pH entre 2 e 12.
Cloro ResidualCloro ResidualCloro ResidualCloro Residual
A determinao da concentrao (mg L-1
) de cloro residual livre pode ser efetuada por meio devisualizao colorimtrica (disco comparador), comumente usado, mtodo iodomtrico (para
determinao em concentrao maiores que 1 mgCl2 L-1), mtodo da titulao amperomtrica
(para baixas concentraes de cloro residual 10 a 200 g Cl2 L-1)ou por espectrofotometria.
O mtodo colorimtrico basea-se na oxidao da N, N - dietil p - fenilendiamina (DPD) em
presena de cloro (Cl2), cido hipocloroso (HCLO) e ons hipoclorito (OCl-), resultando um
produto de reao vermelho - violeta.
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Aparelhagem utilizada:
Comparador Calorimtrico;
Cubetas de vidro ou de acrlico.
Reagentes:
Cpsulas de DPD para cloro residual livre.
Tcnica:
Encher a cubeta com a amostra de gua at a marca de 5,0 ml.
Coloc-la na abertura do lado esquerdo do aparelho.
Encher outra cubeta com a amostra a ser testada at a marca de 5,0 ml.
Adicionar uma cpsula do reagente DPD na segunda amostra e homogeneizar.
Colocar a cubeta no compartimento localizado direita do aparelho.
Aps trs minutos, e no mais que seis minutos, proceder a leitura.
Ao fazer a leitura, posicionar o comparador contra uma fonte de luz, rotacionando o disco do
aparelho at que se obtenha a mesma tonalidade nos dois tubos.
O resultado expresso em mg L-1de cloro residual livre.
AlumnioAlumnioAlumnioAlumnio
Os procedimentos analticos e metodologias para determinao de alumnio varia de acordocom a disponibilidade de equipamentos e com os objetivos a serem alcanados. Nesta seo,
ser abordado apenas a metodologia que utiliza o Espectrofotmetro de UV-visvel (Figura 13),
deixando claro que outros mtodos podero ser utilizados, a saber: fotmetros e o mtodo
colorimtrico comparativo (baixa preciso).
FiguraFiguraFiguraFigura 13.13.13.13. Espectrofotmetro de UV visvel
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O principio do mtodo baseia-se na reao entre a Eriocromocianina R e o alumnio em meio
tamponado com pH de 6,0, produzindo um complexo avermelhado para rosa, que apresenta
mxima absorbncia a 535nm. A intensidade da cor depende da concentrao de alumnio,
tempo de reao, temperatura, pH, alcalinidade e concentrao de outros ons existentes na
amostra. Os limites de deteco do mtodo so de 0,02 a 0,20 mg L-1. As amostras
devero ser coletadas em frasco plstico e a anlise de alumnio deve ser realizada no mesmo
dia ou at 24 horas aps a coleta. No procedimento analtico as amostras devem estar em
temperatura ambiente. Em toda nova anlise e/ou troca da soluo de Eriocromocianina-R
deve-se traar uma nova curva de calibrao. Para isso deve ser preparada uma soluo padro
de trabalho e a partir da padres com valores de concentraes conhecidas; e em seguida
efetuar a leitura dos padres seguindo a instruo especfica para cada tipo de equipamento.
Em seguida, faz-se as leituras das amostras, que devem ser homogeneizadas antes de cada
leitura.
Para a determinao de alumnio, as amostras devero ter sua cor, flor e turbidez previamentedeterminadas; caso seja necessrio filtrar a amostra, no usar papel de filtro ou algodo, pois o
alumnio dissolvido poder ser removido da amostra.
FluoretosFluoretosFluoretosFluoretos
Para determinao de ons fluoreto (F-) em gua os mtodos mais satisfatrios so o de
eletrodo e o colorimtrico. O mtodo do eletrodo conveniente utilizado para concentraes
de fluoreto entre 01 e 10 mg L-1, dessa forma, o eletrodo mede concentraes de fluoreto, livre
da interferncia de outros fatores.
Equipamento necessrio para anlise de fluoretos: medidor potenciomtrico com eletrodo
especfico para fluoreto e de referncia ou eletrodo combinado para fluoreto. Para calibrar o
equipamento, primeiro os padres devem estar temperatura ambiente e em concentraes
conhecidas. Enxaguar os eletrodos e o compensador de temperatura com gua desmineralizada
e secar com papel de filtro; calibrar o equipamento, efetuando a medio dos padres e
registrando seu valor.
Para a conservao dos equipamentos recomenda-se realizar semanalmente a manuteno do
eletrodo de referncia e troca da soluo interna do mesmo; e se for eletrodo combinado,
seguir as instrues conforme manual do equipamento ou substituir o eletrodo, quando
necessrio.
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Cuidados GeraisCuidados GeraisCuidados GeraisCuidados Gerais
- Devem-se inspecionar semanalmente os eletrodos para detectar possveis defeitos
mecnicos, arranhes, trincas ou acumulao de cristais e depsitos na juno da membrana.
- Se a leitura se tornar lenta, efetuar procedimento de limpeza e manuteno especfica para
cada tipo de eletrodo; contudo, se a limpeza for excessiva, pode diminuir o rendimento do
eletrodo e tambm sua vida til.
- No friccionar o corpo dos eletrodos. A transferncia de carga esttica poder resultar numa
resposta lenta e errada.
- Sempre manter a agitao lenta e uniforme, para obter uma medio representativa e
melhorar o tempo de resposta do eletrodo. Usar um agitador magntico com controle de
velocidade e que tenha, preferencialmente, uma proteo entre o fundo do recipiente da
amostra e a placa agitadora, para impedir a transferncia trmica.
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A escolha de determinada tecnologia de tratamento deve, finalmente, conduzir ao menor custo
sem, contudo, deixar de lado a segurana na produo de gua potvel. A Figura 14 ilustra, por
meio de um organograma, os diferentes aspectos relacionados ao tratamento da gua.
Segundo Di Bernardo (1993), as tecnologias de tratamento evoluram consideravelmente a
ponto de se afirmar que, qualquer gua pode ser tratada e destinada ao consumo humano,
embora os custos e riscos envolvidos possam ser extremamente elevados.
FiguraFiguraFiguraFigura 14.14.14.14. Organograma dos aspectos relacionados ao tratamento de gua
PROCESSOS E OPERAES UNITRIAS
As tecnologias de tratamento podem adotar, conforme as caractersticas da gua bruta, a
combinao das etapas de clarificao, desinfeco, fluoretao e controle de corroso, nas
quais processos e operaes unitrias podem se inserir. O objetivo de cada etapa :
Clarificao - remover os slidos em suspenso e dissolvidos presentes na gua.
Desinfeco - eliminar os microrganismos que provocam doenas.
Fluoretao - prevenir a crie dentria.
Controle de corroso - proteger tubulaes e rgos acessrios da rede de distribuio.
Fonte:Parsekian(1998)
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Os principais processos que podem ocorrer durante a clarificao so: coagulao; floculao;
sedimentao e filtrao. Quando todos os processos citados so previstos em uma instalao
de tratamento, alm da desinfeco, tem-se o denominado tratamento clssico, convencional
ou completo. A Figura 15 apresenta o fluxograma do processo convencional de tratamento de
gua.
Quando as caractersticas da gua permitirem, apenas a desinfeco faz-se necessria para sua
adequao aos padres de potabilidade. Isto geralmente ocorre quando a fonte de captao de
gua so mananciais subterrneos profundos (lenol artesiano). Para gua superficial suas
caractersticas, em termo de qualidade, tornam-se o principal fator na definio da tecnologia
de tratamento a ser empregada (LIBNO, 2005). Usualmente, nesse caso, os padres de
potabilidade podem ser atendidos pelos processos de clarificao e de desinfeco.
A etapa de fluoretao prevista objetivando atender a legislao federal (Portaria n 6.35/75,
do Ministrio da Sade), que recomenda o uso deste produto nas guas de abastecimento. J ocontrole de corroso feito baseado na preocupao econmica de preservar a integridade das
instalaes.
FiguraFiguraFiguraFigura 15.15.15.15. Fluxograma do processo convencional de tratamento de gua.
Voc Sabia!
Nas Operaes UnitriasOperaes UnitriasOperaes UnitriasOperaes Unitrias de tratamento de gua predominam
a aplicao de foras fsicas (peneiramento, mistura,
floculao, sedimentao, flotao, filtrao e transferncia
gasosa).
Nos Processos UnitriosProcessos UnitriosProcessos UnitriosProcessos Unitrios a remoo de contaminantes
realizada pela adio de espcies qumicas ou por reaes
Fonte:BibliotecaDidticad
eTecnologiasAmbientais
-UNICAMP
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Ainda em funo das impurezas presentes nas guas naturais, outros processos diferentes dos
anteriormente descritos podem se mostrar necessrios. Vrios desses processos so
complexos, apresentando custo elevado e uma operao especializada. O Quadro 6 apresenta,
de uma forma ampla, os principais processos de tratamento, com os respectivos objetivos.
QuadroQuadroQuadroQuadro 6.6.6.6. Processos de tratamento da gua e respectivos objetivos.
ProcessosProcessosProcessosProcessos
+ Freqente+ Freqente+ Freqente+ Freqente ---- FreqenteFreqenteFreqenteFreqenteObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos
Clarificao - Remoo de turbidez, de microrganismos e de metais pesados.
Desinfeco - Remoo de microrganismos patognicos.
Fluoretao - Proteo da crie dentria infantil.
Controle de
corroso e/ou
de incrustao
Acondicionar a gua, de maneira a evitar feitos corrosivos ou
incrustrantes no sistema de abastecimento e nas instalaes
domiciliares.
- Abrandamento Reduo da dureza, remoo de alguns contaminantes inorgnicos.
- AdsoroRemoo de contaminantes orgnicos e inorgnicos, controle desabor e odor.