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Dos camponeses à alta nobreza, dos homens comuns aos ricos, do espaço público à ala VIP. A "camarotização" existe desde sempre, mas desta vez demonstra não somente quem tem mais poder como também divide o ser humano em dois tipos de pessoas totalmente diferentes, cuja divisão acontece pela diferença entre as classes sociais e status, resultando no estranhamento do convívio da mesma espécie. Antes, era comum que alguém que tivesse dinheiro pagasse por algo melhor. Já hoje, com a crescente intensificação do fenômeno histórico que chamamos de “camarotização”, a ideia é mais do que pagar por algo bom, é pagar para exibir seu status aos mais pobres, estabelecendo um tipo de “hierarquia” social já conhecida por seus privilégios: o sistema de castas. À medida que a acentuação capitalista visa nesse fenômeno, a escada vertical que separa os ricos e pobres se estende mais ainda, de forma a deixar cada vez mais difícil a visibilidade do seu topo de alcance. Quem está no camarote não quer ser qualquer um, pois a área privilegiada é cara justamente para apenas aqueles que têm condição terem acessos a um lugar que se sintam especiais, diferentes e superiores, uma espécie de “panelinha da elite”. Atualmente, é raro de se encontrar lugares onde seres humanos de diferentes condições financeiras tenham alguma relação social. A segregação das classes, além de derrubar alguns ideais igualitários democráticos, prejudica essa relação, tanto física como virtual já que também há o estímulo massivo de redes sociais potencializadoras das ideias do poder do consumo e da ostentação, ocorrendo o sentimento de inveja e fracasso entre a sociedade.

Dos camponeses à alta nobreza

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Dos camponeses à alta nobreza, dos homens comuns aos ricos, do espaço público à ala VIP. A "camarotização" existe desde sempre, mas desta vez demonstra não somente quem tem mais poder como também divide o ser humano em dois tipos de pessoas totalmente diferentes, cuja divisão acontece pela diferença entre as classes sociais e status, resultando no estranhamento do convívio da mesma espécie.

Antes, era comum que alguém que tivesse dinheiro pagasse por algo melhor. Já hoje, com a crescente intensificação do fenômeno histórico que chamamos de “camarotização”, a ideia é mais do que pagar por algo bom, é pagar para exibir seu status aos mais pobres, estabelecendo um tipo de “hierarquia” social já conhecida por seus privilégios: o sistema de castas.

À medida que a acentuação capitalista visa nesse fenômeno, a escada vertical que separa os ricos e pobres se estende mais ainda, de forma a deixar cada vez mais difícil a visibilidade do seu topo de alcance. Quem está no camarote não quer ser qualquer um, pois a área privilegiada é cara justamente para apenas aqueles que têm condição terem acessos a um lugar que se sintam especiais, diferentes e superiores, uma espécie de “panelinha da elite”.

Atualmente, é raro de se encontrar lugares onde seres humanos de diferentes condições financeiras tenham alguma relação social. A segregação das classes, além de derrubar alguns ideais igualitários democráticos, prejudica essa relação, tanto física como virtual já que também há o estímulo massivo de redes sociais potencializadoras das ideias do poder do consumo e da ostentação, ocorrendo o sentimento de inveja e fracasso entre a sociedade.

Gloria Kalil, em sua coluna, diz: “Daqui a pouco, os moradores e antigos frequentadores só vão poder entrar no pedaço se estiverem com um vestido de marca (...)”.