Estudos Sobre Escritrios

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  • 8/16/2019 Estudos Sobre Escritrios

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    Estudos em escritórios 1

    O projeto de escritórios deve enfatizar o design, a qualidade, o preço ou

    o conceito?

    Publicada originalmente em PROJETO DESIGNEdição 268 Junho 2002

    Renata Semin

    Prefiro tratar o bom projeto de escritório como conceito, e isso engloba acompreensão da questão apresentada pelo cliente, o conhecimento daempresa, de sua estrutura organizacional, de sua estrutura física. Hoje,trabalhamos em um meio que compra o serviço de especificação e não o deconceituação, e, no entanto, a especificação é apenas uma das etapas dodesenvolvimento do projeto. Como quem compra especificação não é quem

    tem poder de decisão estratégica, essa confusão acaba transformando nossosprojetos em mercadorias.

    Roberto Loeb Concordo inteiramente. O conceito é o ponto de partida, e a matéria-primainicial para sua formulação é o programa. Claro que o desenho também éfundamental, é um componente da construção conceito-programa-design. Masquando o programa é obscuro, o escritório que vai elaborar esse conceito se vê

    diante de um investimento não programado. E o programa não implica apenasáreas, salas ou departamentos, mas também a definição clara de objetivos,como a empresa é vista e como ela se vê no mercado. E todos nós sabemosque preço é um elemento que acaba destruindo todo o trabalho preliminar deconceito, de design etc.Às vezes o cliente está encantado com a idéia, mas não quer pagar por isso.Outras vezes, ele não quer inovar, porque é possível fazer projetos muito maisinteressantes e baratos se o conceito for aceito. Faltam norma e oestabelecimento de regras aceitas por ambas as partes. Seria produtivo dar

    cursos ou seminários nas escolas de administração, porque esses são osnossos contratantes na área de interiores. E um fator de obstrução muito sérioé o prazo, hoje cada vez mais reduzidos tanto para quem fornece mobiliáriocomo para quem projeta.

    Carlos Maurício Duque

    O ergonomista chega na empresa quando o projeto já está implantado e emuso, e na maioria das vezes os usuários não estão sendo atendidos em suasnecessidades básicas de conforto e de utilização dos equipamentos,principalmente do computador, pela inadequação dos conceitos utilizados na

    concepção daquele ambiente. A resposta do usuário é extremamenteinsatisfatória na usabilidade da sua estação de trabalho e no contexto como umtodo do ambiente.

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    Estudos em escritórios 2

    O conceito de qualidade hoje é o de satisfação do cliente. Mas, em meu pontode vista, o cliente não é quem está me contratando, e sim o usuário final doproduto. Então, deve-se ouvir também a voz do usuário, e não só a de quemestá contratando. Seria conveniente rever esses conceitos para entrar umpouco mais na questão do usuário, do espaço de trabalho, senão todo oempenho que os arquitetos têm ao conceber seus ambientes começa a ir porágua abaixo.

    Francisco Javier Manubens

    Tivemos no banco Itaú uma experiência bastante interessante. Organizamosum workshop com todos os envolvidos no processo, desde o usuário atéarquitetos e pessoal de marketing. Quando o grupo de trabalho definia oconceito, o resultado era surpreendente. Todos trabalhavam em cima desse

    conceito com uma cumplicidade tal que, quando o produto chegava ao usuário,era aceito. Isso porque o usuário se sente participante da solução final. Nãoque com isso ele não vá reclamar, mas melhora bastante a aceitação e até oatendimento de necessidades. A vantagem do workshop é promover essainteratividade. 

    Renata Semin

    É interessante envolver a área de marketing, porque a compreensão desseprograma é a compreensão da identidade quase cultural dessa empresa, de

    como ela se comporta internamente e como quer se apresentar. QuandoManubens diz que eles se sentem participantes, é uma atitude cooperativa doleigo. Imagino que muitas vezes eles se sentem insatisfeitos, mas o nível deexigência é muito equivocado.Os usuários se cercam de artefatos de ergomania, e não de ergonomia. Ar-condicionado saudável e iluminação também fazem parte de um conjuntoestético e funcional. Não adianta só um móvel na altura 72 cm ou 74 cm ou umtampo de 65 cm ou 72 cm. A norma é muito básica, então pode ser tudo. Todosos fabricantes atendem a norma, do contrário, não poderiam participar deconcorrência pública do grande comprador que é o Estado. Acho que a variávelestá no desenho e no conjunto de elementos que compõem o desenho desseespaço.