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II...II Kátia Isabel Xavier Valdrez Orientadora: Doutora Susana Silva Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de Medicina da Universidade

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II

Kátia Isabel Xavier Valdrez

Orientadora:

Doutora Susana Silva

Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto

Coorientadora:

Dra. Teresa Coelho

Unidade Clínica de Paramiloidose, Centro Hospitalar do Porto

Uso de Diagnóstico Genético Pré-Implantação na Polineuropatia

Amiloidótica Familiar: Perspetiva dos Portadores

Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Saúde Pública apresentada à

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e ao Instituto de Ciências

Biomédicas Abel Salazar.

Porto, 2013

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III

Esta dissertação tem como base dois manuscritos, nos quais colaborei ativamente na

operacionalização das hipóteses e na recolha, análise e interpretação dos dados e fui

responsável pela redação da sua primeira versão:

1. Valdrez K, Alves E, Coelho T, Silva S. Prevalência do uso de Diagnóstico Genético Pré-

Implantação na Unidade Clínica de Paramiloidose. [a submeter]

2. Valdrez K, Silva S, Coelho T, Alves E. Awareness and motives for use and disuse

preimplantation genetic diagnosis in carriers with familial amyloid polyneuropathy. [To be

submitted]

Este trabalho foi financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores

de Competitividade – COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para

a Ciência e Tecnologia, no âmbito do projeto FCOMP-01-0124-FEDER-014453 (Ref.ª FCT

PTDC/CS-ECS/110220/2009), Saúde, governação e responsabilidade na investigação em

embriões: as decisões dos casais em torno dos destinos dos embriões, sediado no Instituto

de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

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IV

AGRADECIMENTOS

Para que este trabalho fosse possível foi necessária a intervenção de várias pessoas.

Uma palavra de agradecimento à Doutora Susana Silva pela sua orientação, dedicação e

incentivo ao longo do trabalho.

À Dra. Teresa Coelho pela coorientação e pelo fornecimento de material de apoio.

À Doutora Elisabete Alves pelo apoio prestado.

Aos meus colegas de trabalho, pela essencial colaboração no recrutamento dos

participantes e na recolha de dados.

A todos os portadores que aceitaram participar neste estudo, sem os quais este trabalho

não se realizaria.

Muito obrigada!

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V

ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................................... 1

ABSTRACT ................................................................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

1.1. Polineuropatia Amiloidótica Familiar ............................................................... 5

1.1.1. Etiologia e diagnóstico ................................................................................. 5

1.1.2. Tratamento .................................................................................................. 6

1.1.3. Prognóstico .................................................................................................. 7

1.1.4. Breve história ............................................................................................... 9

1.2. Diagnóstico Genético Pré-Implantação ......................................................... 10

1.2.1. Procedimentos médicos e aplicação na PAF ......................................... 10

1.2.2. Questões éticas e sociais ...................................................................... 12

1.2.3. Processo de decisão dos potenciais utilizadores ................................... 14

2. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 16

3. MÉTODOS .............................................................................................................................. 17

4. CAPÍTULO 1............................................................................................................................ 20

5. CAPÍTULO 2............................................................................................................................ 36

6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 58

ANEXOS ...................................................................................................................................... 63

Anexo 1 - Questionário ............................................................................................................ 64

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VI

LISTA DAS FIGURAS

Figura 1. Dimensões do processo de decisão de casais quanto à utilização do DGPI.............. 15

LISTA DAS TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1. Características dos participantes, de acordo com a utilização do DGPI (n=111) ...... 34

Tabela 2. Fatores associados à utilização do DGPI por portadores de PAF (n=107) ................ 35

Capítulo 2

Table 1. Characteristics of participants, according to awareness about PGD ............................ 53

Table 2. Main factors associated with PGD awareness among Portuguese FAP carriers ......... 54

Table 3. Reasons for use PGD in Portuguese FAP carriers, according to socio-demographic,

reproductive, obstetrical and clinical characteristics (n=188)...................................................... 55

Table 4. Reasons for disuse PGD in Portuguese FAP carriers, according to socio-demographic,

gynaecological, obstetrical and clinical characteristics (n=179) ................................................. 56

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VII

LISTA DAS ABREVIATURAS

CHP – Cento Hospitalar do Porto

CNPMA – Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida

DGPI – Diagnóstico Genético Pré-Implantação

DPN – Diagnóstico Pré-Natal

FISH – Fluorescence in situ hybridization

HSA – Hospital de Santo António

ICSI – Injeção intracitoplasmática de espermatozoides

IVG – Interrupção voluntária da gravidez

PAF – Polineuropatia Amiloidótica Familiar

PCR – Polymerase chain reaction

PMA – Procriação Medicamente Assistida

TTR – Transtirretina

UCP – Unidade Clínica de Paramiloidose

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1

RESUMO

Portugal regista o maior foco mundial de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), uma

doença hereditária de transmissão autossómica dominante cuja transmissão pode ser

evitada através do Diagnóstico Genético Pré-implantação (DGPI). O primeiro protocolo que

contempla a aplicação do DGPI à PAF foi publicado em 2001, mas não existem, no melhor

do nosso conhecimento, dados sobre a prevalência do uso de DGPI por portadores de PAF

e os fatores que lhe estão associados. Adicionalmente, não há qualquer estudo sobre as

fontes de informação através das quais estes portadores obtêm conhecimento sobre o DGPI

nem sobre as razões que podem justificar a utilização ou não desta técnica. Assim, este

estudo pretende determinar a prevalência da utilização de DGPI nos portadores de PAF

acompanhados na Unidade Clínica de Paramiloidose (UCP) do Centro Hospitalar do Porto e

identificar os fatores associados; avaliar a proporção de portadores que já ouviram falar do

DGPI e identificar os principais fatores associados; e analisar as razões reportadas pelos

portadores de PAF para usar ou não usar DGPI.

Entre janeiro e maio de 2013, recrutou-se sistematicamente uma amostra representativa de

266 portadores de PAF entre os 18 e os 55 anos, acompanhados na UCP. Com base num

questionário autoadministrado recolheram-se dados sociodemográficos e informações sobre

a história reprodutiva e obstétrica, o conhecimento e uso do DGPI, e a perceção das razões

subjacentes à utilização ou não desta técnica. O ano do diagnóstico individual e familiar da

PAF foi obtido na base de dados da UCP. Para comparação de proporções foi utilizado o

teste de qui-quadrado. Odds ratios (OR) e os respetivos intervalos de confiança de 95% (IC

95%) foram estimados através de regressão logística multivariada.

Dos 111 portadores com diagnóstico familiar prévio da doença, que referiram ter tentado

engravidar alguma vez depois de 2001, a prevalência de uso de DGPI foi de 20,7% (IC 95%:

13,6-29,5). Os portadores que recorreram, pelo menos uma vez, ao DGPI eram

significativamente mais escolarizados (>12º ano: 73,9% vs. 38,6%, p=0,003), possuíam

rendimentos familiares mais elevados (>1000 €/mês: 72,7% vs. 33,7%, p=0,001) e

percecionavam-se mais frequentemente como pertencendo à classe alta/média alta (27,3%

vs.10,3%; p=0,039) do que aqueles que nunca recorreram ao DGPI. Inversamente,

portadores com diagnóstico individual posterior a 2001 (39,1% vs. 65,9%, p=0,019) e com

filhos nascidos após 2001 (65,2% vs. 90,9%, p=0,002) revelaram-se menos propensos a

utilizar o DGPI. Após ajuste, apenas as associações descritas para o rendimento do

agregado familiar (OR=11,87; IC 95% 2,87-49,15), o ano de diagnóstico individual

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2

(OR=0,15; IC95% 0,04-0,57) e a existência de filhos nascidos após 2001 (OR=0,07; IC95%

0,02-0,32) se mantiveram estatisticamente significativas.

Três quartos da totalidade dos inquiridos referiram ter ouvido falar do DGPI (75,4%, IC 95%

69,6-80,5), sendo este conhecimento mais frequente entre aqueles com rendimento mensal

superior a 1000€ (OR=2,18; IC 95% 1,14-4,14). Portadores com idade superior a 34 anos

(OR=0,51; IC 95% 0,26-1,01), com filhos (OR=0,35; IC 95% 0,16-0,76) e com diagnóstico

individual de PAF após 2001 (OR=0,40; IC 95% 0,20-0,80) referiram menos frequentemente

conhecer o DGPI. Entre os portadores que reportaram já ter ouvido falar do DGPI, os

profissionais de saúde constituíram a principal fonte de informação (40,4%), seguida pela

família e amigos (29,5%) e pela Associação Portuguesa da Paramiloidose (20,2%). Quase

metade destes portadores (48,9%) referiu como principal razão para usar a técnica evitar a

dor e o sofrimento dos filhos, e 39,4% o facto de poder cuidar de filhos saudáveis.

Portadores mais escolarizados, com rendimentos mais elevados e do sexo masculino

consideraram a prevenção do sofrimento dos filhos o principal motivo para usar DGPI,

enquanto portadores do sexo feminino, solteiros, e com baixos níveis de escolaridade e

rendimento referiram mais frequentemente poder cuidar de filhos saudáveis. As principais

razões para não usar DGPI foram os custos financeiros (29,6%), desconfiar da técnica

(29,1%) e o tempo para engravidar (17,3%). Os custos financeiros foram referidos,

principalmente, por portadores mais jovens, solteiros, mais escolarizados e sem filhos,

enquanto os mais velhos, menos escolarizados e que nunca utilizaram DGPI salientaram,

com maior frequência, a desconfiança na técnica.

Em conclusão, um quinto dos portadores de PAF referiu ter recorrido ao DGPI. O

rendimento familiar mais elevado, assim como um diagnóstico individual e ter filhos antes de

2001 foram os fatores associados à utilização desta técnica. Três quartos já tinham ouvido

falar da técnica, os quais invocaram os custos financeiros, a desconfiança e o tempo para

engravidar como os principais motivos que podem justificar a não utilização de DGPI. Este

estudo salienta a necessidade de investir na disseminação de informação precisa e

consistente sobre o DGPI entre os portadores de PAF, com um maior foco naqueles com

mais de 35 anos, menos escolarizados e com rendimentos mais baixos, promovendo uma

maior confiança na técnica. Adicionalmente, melhorar a acessibilidade ao DGPI no caso da

PAF poderia contribuir para evitar a disseminação da doença.

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3

ABSTRACT

Portugal has the largest global focus of Familial Amyloid Polyneuropathy (FAP), a hereditary

autosomal dominant disease whose transmission can be prevented through Preimplantation

Genetic Diagnosis (PGD). The first protocol that includes the application of PGD for FAP was

published in 2001, but, to the best of our knowledge, there is no data available on the

prevalence of the use of PGD by Portuguese FAP carriers and its associated factors.

Additionally, there are no studies about the sources of information used by these carriers to

obtain knowledge about PGD nor about their reasons for using or disusing this technique.

Thus, this study aims to determine the prevalence of the use of PGD in FAP carriers followed

in Unidade Clínica de Paramiloidose (UCP) – Centro Hospitalar do Porto and to identify the

associated factors; to assess the proportion of carriers who have heard of PGD and to

identify the associated main factors; and to analyze the reasons reported by the FAP carriers

to use or not to use PGD.

Between January and May 2013, a representative sample of 266 Portuguese FAP carriers,

aged between 18 and 55 years and followed at UCP, was systematically recruited. Data on

sociodemographic characteristics, reproductive and obstetric history, awareness and use of

PGD, and reasons underlying the use and disuse of this technique were collected through a

self-administered questionnaire. Information on the date of individual diagnosis was retrieved

from clinical records. Proportions were compared using the chi-square test. Odds ratios (OR)

and respective confidence intervals of 95% (95%CI) were estimated using multivariate

logistic regression.

Among the 111 carriers with previous familial diagnosis, who reported having ever tried to

get pregnant after 2001, the prevalence of PGD use was 20.7% (95%CI: 13.6-29.5). Those

who have resorted at least once to PGD were significantly more educated (>12 years: 73.9%

vs. 38.6%, p=0.003), had higher household incomes (>1000 €/month: 72.7% vs. 33.7%,

p=0.001), and more often considered themselves as belonging to the upper/middle-upper

class (27.3% vs.10.3%, p=0.039) than those who never used PGD. Inversely, carriers with

individual diagnosis after 2001 (39.1% vs. 65.9%, p=0.019) and with children born after 2001

(65.2% vs. 90.9%, p=0.002) were less likely to use PGD. After adjustment, only the

associations described for household income (OR=11.87; 95%CI 2.87-49.15), the year of

individual diagnosis (OR=0.15; 95%CI 0.04-0.57) and having children born after 2001

(OR=0.07; 95%CI 0.02-0.32) remained statistically significant.

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4

Three quarters of the participants reported to have ever heard about PGD (75.4%, 95%CI

69.6-80.5). Such awareness was higher among those with a household monthly income

above 1000€ (OR=2.18; 95%CI 1.14-4.14). Carriers aged above 34 years old (OR=0.51;

95%CI 0.26-1.01), with children (OR=0.35; 95%CI 0.16-0.76) and with an individual

diagnosis of FAP after 2001 (OR=0.40; 95%CI 0.20-0.80) were less likely to be aware of

PGD. Among those who stated having heard of PGD, health professionals constituted the

main source of information (40.4%), followed by family and friends (29.5%) and the

Portuguese Association of Amyloidosis (20.2 %). Almost half of these carriers (48.9%)

reported as the main reason for use PGD to avoid the future suffering by their offspring, and

39.4% referred the importance of raising a health child of their own. Carriers more educated,

with higher household income and male were more likely to consider the avoidance of

offspring future suffering as the main reason to use PGD, while female carriers and those

who were single, with low education and low income reported more frequently the ability to

raise a child. The main reasons for disuse PGD were the financial costs (29.6%), technical

distrust (29.1%) and the time to get pregnant (17.3%). Financial costs were mainly

highlighted by younger carriers, single, more educated and childless, while older, less

educated and who have never used PGD were more prone to point out technical distrust.

In conclusion, a fifth of FAP carriers reported having used PGD. Higher household income,

as well as an individual diagnosis and having children prior to 2001 were the factors

associated with the use of this technique. Three-quarters had heard of the PGD, who justified

its non-use mainly with the financial costs, mistrust and time to get pregnant. This study

emphasizes the need to invest in the dissemination of accurate and consistent information

about PGD among FAP carriers, focusing on those with more than 35 years, less educated,

and poorer, promoting greater confidence in the technique. Additionally, improving

accessibility to PGD in the case of FAP can help to prevent the spread of disease.

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5

1. INTRODUÇÃO

1.1. Polineuropatia Amiloidótica Familiar

1.1.1. Etiologia e diagnóstico

A Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) tipo I ou tipo Português, ou Paramiloidose, é

uma doença hereditária de transmissão autossómica dominante, ou seja, a probabilidade de

transmitir a doença à descendência é de 50%. Esta doença resulta de uma mutação pontual

ocorrida no segmento do cromossoma 18 que codifica a proteína de transporte, a

transtirretina (TTR). Em Portugal, a mutação na esmagadora maioria dos casos é a

TTRVal30Met, com substituição de um aminoácido valina por um aminoácido metionina na

posição 30 (1). A maioria dos doentes com amiloidose por TTR são heterozigotos - têm um

alelo normal e um outro alelo mutado (2). O fígado sintetiza cerca de 90% da TTR e é o

órgão responsável pela produção do percursor proteico dos depósitos amiloides nos nervos

periféricos, vasos, coração e rins. O epitélio pigmentar da retina e os plexos coroideus no

cérebro são responsáveis pela síntese extra-hepática da TTR, o que explica a deposição de

amiloide no vítreo e nas leptomeninges. A hipófise e o pâncreas são outros locais de

síntese de TTR, ainda que em quantidades ínfimas (3).

A principal característica da PAF consiste na deposição em vários órgãos, particularmente

nos nervos periféricos, de uma substância altamente insolúvel – a amiloide, que provoca a

degenerescência das fibras nervosas, levando ao aparecimento de um quadro clínico de

polineuropatia mista, progressiva e fatal. A PAF é vulgarmente conhecida como a “doença

dos pezinhos”, por se manifestar como uma neuropatia sensitiva, motora e autonómica

progressiva e ascendente, ou seja, parte das zonas mais distais dos nervos somáticos e

vegetativos e origina a perda de sensibilidade nos membros inferiores, atingindo,

progressivamente, o tronco e os membros superiores.

A idade em que os primeiros sintomas da PAF se manifestam é variável, quer entre famílias,

quer entre familiares. No conjunto dos doentes observados no Hospital de Santo António

(HSA), Porto, entre 1938 e 2004, estima-se que a sua ocorrência aconteça, em média, aos

32 anos, com um intervalo de variação entre os 17 e os 82 anos, registando-se sintomas

antes dos 40 anos em cerca de 80% dos casos; nos portadores oriundos da Póvoa de

Varzim e de Vila do Conde, os sintomas manifestam-se mais precocemente, por

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6

comparação com outros locais onde a prevalência da doença é mais baixa (3). Nos doentes

portugueses, o início mais precoce das manifestações de PAF associa-se à transmissão

materna, sendo os filhos varões de mulheres portadoras aqueles que adoecem mais cedo.

Existe ainda uma associação entre os casos de expressão tardia e de portadores

assintomáticos na população portuguesa, justificada pelo facto de a penetrância do gene

nessas famílias ser incompleta, dificultando o diagnóstico do primeiro doente (4).

A PAF pode ser diagnosticada através de Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI) (5),

no caso de embriões in vitro, por Diagnóstico Pré-Natal (DPN) ou com base em exames

laboratoriais que utilizam a técnica de análise do ácido desoxirribonucleico (teste genético,

preditivo ou pré-sintomático) ou por biópsia de tecido para detetar a presença da substância

amilóide (realizada em órgãos como o nervo, coração, rim, fígado, ou retirado da mucosa

rectal ou das glândulas salivares minor). O teste genético faculta informação sobre a saúde

futura de um indivíduo assintomático, o qual poderá permanecer nesse estado durante um

período de tempo indeterminável (6). Em Portugal, a aplicação deste teste na PAF só pode

acontecer em adultos que o consintam, sendo legalmente proibida em menores de idade por

se tratar de uma doença de início habitual na vida adulta e sem prevenção ou cura

comprovadamente eficaz (7).

1.1.2. Tratamento

A PAF é uma doença crónica e incapacitante que partilha problemas e necessidades com

outras doenças neurológicas crónicas (8), de entre os quais se destaca a ausência de

tratamentos dirigidos à causa da doença e o impacto relevante em termos socioeconómicos

e de morbilidade, uma vez que se trata de doenças progressivas e sem cura. Apesar do

desenvolvimento da terapêutica sintomática e, sobretudo, da terapêutica modificadora da

história natural da PAF ao longo dos últimos anos (9), ilustrado pelos transplantes hepáticos

e pela disponibilidade de novos medicamentos (10), permanece o debate em torno do

tratamento no âmbito da PAF.

Como a maioria da TTR é produzida no fígado, a substituição deste órgão elimina a

principal fonte de produção da proteína mutante - neste caso, usa-se a transplantação

hepática como modalidade terapêutica para a PAF. Este procedimento iniciou-se em 1990

na Suécia, após aplicações bem-sucedidas noutras doenças do foro metabólico, como a

hipercolesterolémia familiar e a hiperoxalose primária. A sua utilização em Portugal

aconteceu dois anos mais tarde, em 1992, primeiro nos Hospitais da Universidade de

Coimbra e no Hospital Curry Cabral e, depois, no Hospital de Santo António (HSA) (11). O

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7

transplante hepático trava a evolução da doença, mas os sintomas permanecem depois da

cirurgia (10), devendo, por isso, ser realizado quando surgem os primeiros sinais e sintomas

da doença; na realidade quando são transplantados os doentes apresentam já um conjunto

considerável de défices neurológicos e de problemas autonómicos, atendendo ao tempo de

preparação para o transplante e à permanência mais ou menos longa em lista de espera

(10).

Neste contexto, procura-se melhorar e prolongar a qualidade de vida dos doentes, tratando

os sintomas que vão apresentando e/ou ensinando-os a adaptar as rotinas diárias à

doença. Como o quadro clínico da PAF tende a ser estereotipado (12), é possível prevenir

algumas das suas complicações mais graves, desde que o doente seja vigiado com

regularidade. Para tal, importa ensinar aos doentes uma dieta alimentar adaptada ao

emagrecimento e às queixas digestivas; como evitar as feridas e as queimaduras e prevenir

o agravamento da bexiga neurogénea e as infeções urinárias; alternativas para manter a

atividade física; estratégias de combate à hipotensão ortostática; e como proteger os olhos

e tratar a dor nevrálgica (10).

O Tafamidis (Vyndaqel®, Pfizer) é o primeiro fármaco para a PAF e está disponível nas

farmácias hospitalares do HSA e do Hospital Santa Maria, em Lisboa, desde julho de 2012.

Os resultados do ensaio clínico demonstraram que este retarda a progressão da doença,

verificando-se um atraso significativo na lesão neurológica periférica, tendo sido bem

tolerado ao longo de 18 meses; este fármaco poderá ser uma alternativa de tratamento no

estadio inicial da doença, desde que prescrito após os primeiros sinais e sintomas da

mesma (13).

1.1.3. Prognóstico

A evolução da PAF é classificada segundo o nível de comprometimento da marcha. No

estadio I, o doente é independente na marcha, mas a perda de força muscular, as

alterações na sensibilidade à dor e à temperatura, a atrofia dos pés e o emagrecimento

contribuem para uma maior lentidão. No estadio II, a marcha depende de ortóteses (talas

posteriores) e, principalmente, de apoio uni ou bilateral como canadianas, causando

dificuldades na realização de atividades quotidianas e laborais. O estadio III caracteriza-se

pela deambulação em cadeira de rodas ou mesmo pelo alectuamento com múltiplas

infeções, alterações cardíacas, úlceras de pressão e incontinência de esfíncteres,

aumentando o grau de dependência e incapacidade dos doentes. (2).

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Esta doença multi-sistémica manifesta-se de várias formas, nomeadamente:

Perturbações de sensibilidade nas extremidades inferiores, sobretudo no hálux,

começando por alterações na sensibilidade térmica, seguida pela sensibilidade à dor

e, por último, pela táctil e vibratória. À medida que a patologia progride, as zonas de

hipostesia vão-se estendendo à raiz dos membros e ao tronco, as parestesias

intensificam-se e as extremidades ficam completamente anestesiadas.

Perturbações musculares e de mobilidade, que aparecem 1 a 2 anos depois das

perturbações sensitivas e têm o mesmo carácter ascendente. A paralisia dos

músculos extensores do hálux e, posteriormente, dos restantes dedos dos pés,

condiciona a marcha dos doentes, doravante designada de marcha em steppage

(queda do pé obrigando ao levantamento exagerado do joelho e flexão excessiva da

coxa sobre a bacia).

Alterações progressivas e sistemáticas nos reflexos osteotendinosos, desde o

aquiliano e o rotuliano até aos reflexos da flexão dos dedos das mãos, observando-

se uma arreflexia generalizada na fase terminal da doença.

Perturbações gastrointestinais, que ocorrem muito tempo antes dos outros sintomas,

em particular: digestão lenta com a sensação de estômago distendido; obstipação e

diarreia graves e persistentes (eventualmente acompanhadas de distúrbios do

esfíncter); náuseas matinais, vómitos pós-prandiais e disfagia; má absorção dos

alimentos, que pode relacionar-se com um tempo de retenção intestinal prolongado,

com hiperproliferação bacteriana no intestino delgado e alterações na reabsorção

dos ácidos biliares; retenção gástrica marcada, com refluxo gastroesofágico

geralmente pouco sintomático. Estas perturbações provocam distúrbios profundos

na nutrição e no metabolismo, gerando uma perda de peso constante e progressiva.

Lesões tróficas, como o surgimento de úlceras perfurantes plantares nas áreas de

alteração da sensibilidade e a osteólise e a perda dos metatársicos e falanges,

favorecidas pelos traumatismos frequentes, atrofia muscular e infeções cutâneas.

Alterações oculares, mais frequentemente ao nível das pupilas, em que a resposta à

luz é lenta ou inexistente.

Impotência sexual, progressivamente acompanhada de azoospermia ou

desaparecimento da libido.

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Alterações glandulares, em particular a nível das glândulas salivares e lacrimais, com

diminuição da produção de saliva e lágrimas, boca seca e xeroftalmia.

Alterações vesicais, com sintomas de disfunção da bexiga que limitam a vida social

dos doentes nos estadios avançados pela necessidade de cateterização vesical

permanente e incontinência urinária.

Alterações cardiovasculares, como as perturbações da condução em particular o

bloqueio auriculoventricular. A infiltração do sistema de condução cardíaco por

amiloide complica-se com o desenvolvimento de disritmias, síncope e morte súbita.

As alterações ecocardiográficas mais frequentemente encontradas foram de um

padrão granular brilhante nas paredes ventriculares, no pericárdio, nas válvulas e na

raiz da aorta; a perturbação do relaxamento do ventrículo esquerdo mostra ser uma

alteração precoce e o aumento da espessura da parede ventricular só é observada

nas fases mais adiantadas da doença (2, 12).

Atendendo às dificuldades motoras e perturbações esfincterianas que a PAF causa na fase

terminal, atingindo ainda o aparelho gastrintestinal, o Estado proporciona aos doentes o

acesso gratuito, e a título devolutivo, do material clínico de apoio e a comparticipação total

de medicamentos, além de garantir o acesso a uma pensão de invalidez no âmbito do

regime geral da Segurança Social, desde que os portadores estejam recenseados na

Unidade Clínica de Paramiloidose (UCP) e sofram de uma incapacidade funcional igual ou

superior a 70% (14, 15).

1.1.4. Breve história

A caracterização da PAF data de 1939 (16) e deve-se ao trabalho de investigação pioneiro

do médico neurologista Dr. Corino de Andrade (HSA), autor das primeiras publicações sobre

esta doença (2). Em 1976, a PAF foi considerada um problema de saúde pública em

Portugal, atendendo ao número de portadores (431 casos registados) e à gravidade das

suas manifestações incapacitantes (17).

Pensa-se que a mutação original possa ter ocorrido na Póvoa de Varzim e em Vila do

Conde há vários séculos. A sua propagação tem sido justificada com base nas viagens de

pescadores ao longo da costa portuguesa, em particular para Matosinhos, Esposende,

Viana do Castelo e Figueira da Foz, e nas ligações comerciais e agrícolas, nos casos de

Barcelos e Braga. A propagação da PAF na Serra da Estrela dever-se-á, essencialmente, ao

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10

facto de os portadores terem usado as termas em Unhais da Serra para aliviar o que

consideravam ser manifestações de reumatismo (18).

De acordo com o mapeamento mais recente dos portadores de PAF em Portugal, levado a

cabo em março de 2011 pela UCP, HSA, Centro Hospitalar do Porto (CHP), estima-se a

existência de 1657 casos de PAF neste país*. Destes, 54% são mulheres, 38,6% têm entre

36 e 45 anos e 26,8% são assintomáticos. Os municípios com maior prevalência da doença

são Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Braga e Barcelos.

Apesar de Portugal registar o maior foco mundial de PAF (4), esta doença não se

circunscreve aos limites do território nacional. Portugueses e Suecos partilham a mutação

no gene da Paramiloidose, o que tem sido explicado pela eventual emigração do gene

mutado de Portugal para a Suécia através das rotas comerciais do sal, realizadas entre o

Continente e o Mar Báltico. As transações comerciais realizadas por via marítima, sobretudo

a partir do século XV, terão sido o veículo através do qual a PAF chegou a países como

Espanha (ilha de Maiorca), Itália, Grécia, Chipre, Irlanda, Estados Unidos da América, Brasil

e Japão (19).

1.2. Diagnóstico Genético Pré-Implantação

1.2.1. Procedimentos médicos e aplicação na PAF†

O DGPI consiste no estudo genético de células de embriões obtidos por fecundação in vitro,

ao 3º ou ao 5º dia de desenvolvimento, antes da transferência para o útero (20, 21). No caso

da PAF, esta técnica permite detetar a presença ou ausência da respetiva mutação genética

em embriões concebidos com gâmetas de mulheres ou homens com diagnóstico da

patologia, transferindo-se para o útero materno apenas os embriões que não herdaram a

alteração genética específica.

* Este levantamento baseou-se em informações recolhidas junto das seguintes instituições: Unidade

Clínica de Paramiloidose do HSA e Hospital de Santa Maria, em Lisboa; Unidades de Transplantação Hepática do Porto, Coimbra e Lisboa; clínicos responsáveis pelas consultas organizadas de PAF nos distritos com maior incidência da doença; e associação e núcleos de doentes. † Um agradecimento à Prof. Doutora Filipa Carvalho pela revisão do conteúdo relativo aos

procedimentos médicos e técnicos.

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11

A realização de DGPI enquadra-se num conjunto de procedimentos técnicos executados em

diversas fases (20), nomeadamente:

Indução da ovulação; controlo e monitorização dos folículos; desencadeamento da

ovulação; punção e colheita dos ovócitos;

Colheita e preparação laboratorial do esperma;

Fertilização através de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) (22);

Colheita de 2 células dos embriões através de biópsia para estudo genético (23, 24);

Estudo da patologia genética em causa através da polymerase chain reaction (PCR)

(5) ou da fluorescence in situ hybridization (FISH) (25), sendo a primeira mais

utilizada no diagnóstico de doenças monogénicas e a segunda na deteção de

anomalias cromossómicas;

Transferência de embriões sem patologia para o útero;

Diagnóstico de gravidez através de uma análise ao sangue (βhCG) cerca de 12 dias

após a transferência embrionária.

O DGPI está disponível em Portugal desde 1997 (26) e o primeiro protocolo que contempla

a sua aplicação à PAF foi publicado em 2001 (5). A PAF é reconhecida pelo Conselho

Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) como uma das doenças graves

elegíveis para DGPI desde Dezembro de 2012 (27), reunindo todos os requisitos

estabelecidos por este organismo para tal classificação, a saber: a PAF causa sofrimento

significativo e/ou morte prematura; a causalidade genética está estabelecida; existe uma

relação clara entre a presença da alteração genética a pesquisar e a existência (ou risco

elevado) de doença nos indivíduos portadores; há a possibilidade técnica de identificação da

alteração genética nos embriões ou ovócitos; a fiabilidade do diagnóstico genético é superior

a 90%; e o risco de transmissão da doença genética à descendência é significativamente

superior ao verificado na população geral (28).

Em Portugal, a realização do DGPI tem de ser precedida por uma consulta de

aconselhamento genético, conduzida por um profissional da especialidade de genética

médica, e a sua execução é obrigatoriamente consentida pelos dois elementos do casal

(28). A sua aplicação deve ser orientada por um médico especialista, em articulação com

uma equipa multidisciplinar que inclua especialistas em medicina da reprodução,

embriologistas, médicos geneticistas, citogeneticistas e geneticistas moleculares (29). Com

financiamento público, podem atualmente beneficiar do DGPI casais cujo elemento feminino

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12

não ultrapasse os 40 anos e não tenham mais de um filho em comum no momento de

realização da técnica (30). O preço definido pela Portaria n.º 67/2011 (31) para um

tratamento com recurso a ICSI é de 2.613€ (30), valor mais baixo do que é praticado, por

exemplo, num centro privado que estabelece o montante de 4.200€ para um ciclo completo

de ICSI, acrescendo 450€ para o DGPI através de biópsia embrionária (32).

De acordo com as informações disponibilizadas nos relatórios anuais do Programa

European IVF Monitoring, coordenado pela Sociedade Europeia de Reprodução Humana e

Embriologia, durante 2002 foram reportados 12 casos de DGPI no nosso país (33) e em

2009 este número cifrou-se em 107 tratamentos (34). Ainda que o CNPMA tenha publicado,

em fevereiro de 2013, orientações sobre o DGPI que contemplam a inclusão de informações

sobre o número de tratamentos realizados e respetivas indicações, assim como os

resultados do DPN confirmatório, quando realizado, nos próximos relatórios anuais

elaborados pelos Centros de Procriação Medicamente Assistida (28), neste momento não

existe um registo nacional de dados sobre o uso de DGPI por portadores de PAF. No melhor

do nosso conhecimento, os únicos dados divulgados publicamente dizem respeito a uma

comunicação oral apresentada pela Prof. Doutora Filipa Carvalho (Departamento de

Genética, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) no European Advanced

Postgraduate Course on Transthyretin Amyloidosis, realizado em maio de 2013 no CHP. Os

resultados apresentados mostraram que, entre 1999 e maio de 2013, 62 homens e 36

mulheres portadores de PAF realizaram DGPI no Departamento de Genética da Faculdade

de Medicina do Porto; num total de 186 ciclos de DGPI (136 ciclos com transferência de

embriões e 50 ciclos sem transferência), confirmaram-se 40 gravidezes clínicas (28

gravidezes únicas, 7 gravidezes múltiplas, 3 em curso e 2 abortos), das quais nasceram 43

crianças.

1.2.2. Questões éticas e sociais

O debate em torno das questões éticas e sociais suscitadas pela utilização do DGPI para

evitar a transmissão de uma doença grave tem-se focalizado nos seguintes temas:

O efeito dominó ou de “ladeira escorregadia”, apontando para a ameaça de formas

de eugenismo que poderão resultar das tentativas de “melhoramento” genético (35), receio

que tem sido objeto de regulamentação específica pelo estabelecimento de limites quanto

aos usos aceitáveis do DGPI (36).

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13

O estatuto do embrião, discutindo-se a legitimidade da destruição de embriões

portadores de doenças graves, assim como a existência de embriões criopreservados não

portadores de anomalia genética (36, 37). As principais questões relacionadas com os

embriões criopreservados dizem respeito ao período de tempo socialmente tolerado para os

manter nesse estado e a quem cabe a responsabilidade de definir os seus destinos

aceitáveis (38). Adicionalmente, se a implementação dos embriões criopreservados no útero

da mulher que lhes deu origem para uma nova tentativa de gestação se assume como a

escolha menos problemática, destinos como a destruição física, a doação a outro casal ou a

utilização para investigação científica são mais controversos (20, 39).

Os custos financeiros e físicos e o desgaste psicológico e emocional, em particular

para a mulher (20, 40, 41). Realça-se, sobretudo, a impossibilidade desta técnica garantir

uma gravidez e/ou o nascimento de uma criança “saudável” (42), assim como as

complicações eventualmente associadas aos procedimentos técnicos e ao uso de fármacos

durante o tratamento, como por exemplo a gravidez múltipla e eventual parto prematuro,

síndrome da hiperestimulação ovárica, a doença inflamatória pélvica e complicações

anestésicas (43, 44). Equacionam-se, ainda, os efeitos da ocorrência de erros de

diagnóstico, que se estima acontecerem em 2% dos casos de distúrbios de um único gene

para doenças recessivas e em 11% para as doenças dominantes (45, 46), na medida em

que podem dar origem ao nascimento de uma criança portadora da doença quando tal

desfecho não era o esperado (20).

Compreensão das eventuais repercussões que o uso desta técnica pode ter na

saúde e bem-estar das crianças (41, 43). É escassa a evidência produzida neste domínio e

os estudos existentes tendem a concentrar-se na análise da possibilidade do aumento de

malformações congénitas e realçam a gravidez múltipla como o fator de maior risco para a

criança (20, 44). Desconhecem-se as eventuais perturbações de desenvolvimento nos

embriões transferidos para o útero após biópsia para recolha de blastómeros (20).

A necessidade de assegurar a privacidade, confidencialidade e segurança do

armazenamento sistemático de dados genéticos (43, 47), e de proteção dos dados pessoais

(48), sobretudo num contexto em que o conhecimento acerca do resultado do teste genético

envolve simultaneamente indivíduos, casais e famílias (49) .

A procura transfronteiriça de cuidados médicos, situação que potencia desigualdades

no acesso a técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) (50) e baralha as

fronteiras entre os critérios públicos e privados de financiamento e de regulação e

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14

problematiza a identificação das instituições que terão legitimidade para decidir, regular e

financiar tais tecnologias (51).

1.2.3. Processo de decisão dos potenciais utilizadores

Numa revisão sistemática recente identificaram-se três dimensões que influenciam o

processo de decisão de casais em torno da utilização ou não do DGPI – as avaliações

cognitivas, as respostas emocionais e as apreciações morais, sintetizando-se na Figura 1 os

fatores que estão associados a cada uma destas dimensões (52). A partir da identificação

da sua condição de risco, os casais refletem sobre as diferentes opções reprodutivas e

tomam uma decisão – aceitar ou recusar o uso de DGPI, existindo utilizadores que oscilam

entre estas decisões ao longo das suas trajetórias reprodutivas (53).

Os casais deparam-se frequentemente com informações complexas e incertas sobre as

taxas relativamente baixas de sucesso e os riscos envolvidos nos procedimentos médicos, a

curto e longo prazo, ponderando a respetiva avaliação em articulação com os custos

financeiros e o tempo de espera estimado para concretizar uma gravidez com recurso ao

DGPI (54, 55). Também as emoções associadas à dor e ao sofrimento e os significados

atribuídos à felicidade desempenham um papel importante neste processo de tomada de

decisão (56), assim como as atitudes e representações sociais sobre o estatuto do embrião

e a aceitabilidade moral do uso de técnicas que visam prevenir a doença (57). A decisão dos

potenciais utilizadores é ainda influenciada por fatores como a idade dos mesmos, o tempo

necessário para organizar, programar e participar nas consultas e exames médicos e as

sessões de educação com enfermeiros e de aconselhamento com geneticistas e psicólogos

(58).

Figura 1. Dimensões do processo de decisão de casais quanto à utilização do DGPI (52)

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15

As principais razões para usar DGPI incluem evitar quer a dor e o sofrimento dos filhos, quer

uma possível interrupção voluntária da gravidez (IVG) (26, 59, 60), a alegria e felicidade que

é poder cuidar dos seus filhos saudáveis (61), a possibilidade de ter gémeos (55) e a

pressão para usar uma técnica que está disponível e na qual confiam (58, 62). Os principais

motivos para não recorrer ao DGPI referem-se aos elevados custos financeiros (54, 55), à

possibilidade de ter um diagnóstico errado (46), desconfiar do sucesso da técnica, em

particular da possibilidade de causar danos futuros na criança (61), poder ter gémeos (55),

ter que esperar muito tempo para engravidar (57), poder reforçar a discriminação e

estigmatização de portadores (61), poder ter embriões excedentários (57) e acreditar que

não se deve manipular e/ou destruir embriões (61).

Ainda que seja possível identificar as principais razões que influenciam a decisão quanto à

utilização de DGPI, escasseia evidência sobre a forma como os potenciais utilizadores

processam a informação e avaliam o risco neste contexto. A gestação múltipla, por exemplo,

é perspetivada como um risco a evitar por alguns utilizadores, mas outros entendem-na

como um benefício associado à utilização de técnicas de PMA (63). A literatura tem também

mostrado que esta decisão nem sempre é influenciada pelo desejo de evitar uma IVG (56).

Adicionalmente, há casais que decidem recorrer ao DGPI, independentemente das

respetivas preocupações quanto à possibilidade desta técnica promover a estigmatização,

intolerância e discriminação de determinados cidadãos (64, 65).

Estes resultados, aparentemente contraditórios, evidenciam a complexidade, dinamismo e

interatividade do processo de decisão quanto à utilização do DGPI e a heterogeneidade dos

significados atribuídos pelos potenciais utilizadores ao risco genético nas suas trajetórias

reprodutivas, sendo fundamental a compreensão destes processos para sustentar

intervenções que visem evitar a transmissão da doença (53).

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2. OBJETIVOS

A PAF é uma doença hereditária de transmissão autossómica dominante, cujo maior foco

mundial é Portugal (66). A sua transmissão pode ser evitada se os portadores decidirem não

ter filhos biológicos; se optarem pela IVG no caso de o DPN confirmar que o feto é afetado

pela doença; ou se recorrerem ao DGPI, método de diagnóstico embrionário que permite

detetar a PAF em embriões antes de estes serem transferidos para o útero. Atendendo à

importância da parentalização da identidade, em particular na sociedade portuguesa (67), e

aos custos emocionais e de saúde implicados na IVG (68), aos portadores de PAF é

proporcionada a possibilidade de utilizar o DGPI quando, e se, pretenderem concretizar o

desejo de serem pais‡.

O primeiro protocolo que contempla a aplicação do DGPI à PAF foi publicado em 2001 (5),

mas neste momento não existem, no melhor do nosso conhecimento, dados sobre a

prevalência do uso de DGPI por portadores de PAF e os fatores que lhe estão associados.

Adicionalmente, não há qualquer estudo sobre as fontes de informação através das quais os

portadores obtêm conhecimento sobre o DGPI nem sobre as razões que podem justificar a

utilização ou não do DGPI na perspetiva dos portadores desta patologia. Assim, este estudo

tem como objetivo determinar a prevalência da utilização de DGPI em portadores de PAF, e

identificar os fatores associados e os motivos da utilização ou não desta técnica.

Pretende-se, especificamente:

1. Determinar a prevalência da utilização de DGPI nos portadores de PAF acompanhados

na UCP (HSA, CHP), e identificar os fatores que lhe estão associados.

2. Avaliar a proporção de portadores que já ouviram falar do DGPI e identificar os principais

fatores que lhe estão associados.

3. Analisar as razões reportadas pelos portadores de PAF para usar ou não usar DGPI.

‡ Freitas A. Gravidez com teste que evita transmissão da doença dos pezinhos.2003. Available from: http://www.paramiloidose.com/sm20.15567/pag4935.html.

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3. MÉTODOS

Este estudo foi realizado na UCP (HSA, CHP), após aprovação pela Comissão de Ética do

CHP. Em março de 2011, esta Unidade procedeu a um levantamento do número de

portadores de PAF em Portugal, com base em informações recolhidas junto das seguintes

instituições e profissionais de saúde: UCP do HSA e Hospital de Santa Maria de Lisboa;

Unidades de Transplantação Hepática do Porto, Coimbra e Lisboa; clínicos responsáveis

pelas consultas organizadas de PAF nos distritos com maior incidência da doença; e

associação e núcleos de doentes. De acordo com estes dados, estima-se a existência de

1657 casos de PAF no nosso país, 64% (n=1055) dos quais são acompanhados na UCP.

Todos os portadores seguidos na UCP com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos

foram considerados elegíveis para participar no presente estudo. Em dezembro de 2012,

encontravam-se nesta condição 913 indivíduos. Para garantir um nível de significância de

5% e um poder estatístico de 95%, 271 portadores de PAF foram consecutivamente

convidados a integrar o estudo entre janeiro e maio de 2013. Uma amostra representativa

de 266 portadores foi recrutada, o que corresponde a uma proporção de participação de

98,2%. Apenas 5 portadores recusaram participar, alegando indisponibilidade de tempo

para preencher o questionário.

Os portadores foram recrutados nos dias em que se deslocavam à UCP para efetuar

consultas de rotina previamente agendadas em várias especialidades (neurologia,

nefrologia, psiquiatria e oftalmologia, entre outras). Durante o período do estudo foram

destacados dois profissionais de saúde desta Unidade para convidar os portadores elegíveis

a integrar o estudo, de acordo com o funcionamento normal e a disponibilidade do serviço,

assegurando desta forma o recrutamento diário, consecutivo e sistemático dos participantes.

Estes profissionais entregavam um folheto explicativo do projeto a cada portador elegível,

solicitando a respetiva colaboração e esclarecendo qualquer dúvida. Todos os participantes

foram devidamente informados dos objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais

riscos e do eventual desconforto inerentes à sua colaboração, assim como sobre a

confidencialidade dos dados, tendo assinado uma declaração de consentimento informado

autorizando o preenchimento do questionário nesse mesmo dia.

Com base num questionário autoadministrado construído pela equipa de investigação

(anexo 1), recolheram-se dados demográficos e socioeconómicos dos participantes,

informações sobre a respetiva história reprodutiva e obstétrica e sobre o uso e perceções

acerca do DGPI, incluindo a identificação das fontes de informação e dos motivos para usar

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ou não usar esta técnica. Incluiu-se nesta dissertação o sexo, a idade (categorizada em <35

e ≥35 anos), o estatuto marital (categorizado em solteiro vs. outros), o grau de escolaridade

(categorizado em ≤12º ano e >12º ano), o rendimento mensal do agregado familiar

(categorizado em ≤1000 € e >1000 €), a classe social subjetiva (baixa/média baixa vs.

alta/média alta), a existência de filhos biológicos nascidos depois de 31 de dezembro de

2001, a existência de filhos e o uso de DPN. Todos os participantes que reportaram ter

tentado engravidar depois de 31 de dezembro de 2001 foram considerados como “ter

tentado alguma vez engravidar depois de 2001”. O uso de DGPI foi considerado positivo

quando os participantes referiram a sua utilização em pelo menos uma das tentativas para

engravidar. O ano do diagnóstico individual e familiar da PAF foi obtido na base de dados da

UCP.

A todos os participantes foi perguntado se já tinham ouvido falar do DGPI e os que

responderam afirmativamente identificaram a principal fonte de informação onde obtiveram

conhecimento sobre a técnica, dentre as seguintes opções de resposta: família, amigos ou

colegas; Associação Portuguesa de Paramiloidose; profissionais de saúde; televisão, rádio,

internet; enciclopédias, revistas e livros de saúde; jornais e revistas “generalistas”; folhetos e

cartazes; professores; e nenhuma.

Os participantes que referiram já ter ouvido falar do DGPI reportaram ainda a principal razão

para portadores de PAF o usarem ou não usarem, tendo as categorias de resposta

apresentadas sido definidas de acordo com os resultados descritos numa revisão

sistemática publicada recentemente sobre as dimensões cognitivas, emocionais e morais

envolvidas no processo de decisão de casais em torno da utilização ou não do DGPI (52).

As principais razões para usar DGPI incluíam a possibilidade de ter gémeos, poder cuidar

dos seus filhos saudáveis, evitar a dor e o sofrimento dos filhos, evitar uma possível IVG,

pressão para usar uma técnica que está disponível e confiar no sucesso da técnica. As

razões para não usar o DGPI eram desconfiar da técnica (“possibilidade de ter um

diagnóstico errado”, “desconfiar do sucesso desta técnica” ou “possibilidade de causar

danos futuros na criança”), a possibilidade de ter gémeos, os custos financeiros (“ser uma

técnica muito cara”), ter que esperar muito tempo para engravidar, poder reforçar a

discriminação e estigmatização de portadores, poder ter embriões excedentários e acreditar

que não se deve manipular embriões. Nestas questões, sobre as razões para usar ou não

usar DGPI, os participantes podiam especificar outros motivos para além dos indicados,

sendo estas respostas posteriormente incluídas nas categorias previamente definidas ou em

novas categorias, quando necessário.

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No estudo que deu origem ao primeiro manuscrito, intitulado Prevalência do uso de

Diagnóstico Genético Pré-Implantação na Unidade Clínica de Paramiloidose, pretendeu-se

determinar a prevalência do uso de DGPI em portadores de PAF acompanhados na UCP

(CHP), e identificar os fatores que lhe estão associados, pelo que a análise se baseou em

111 participantes que referiram ter tentado alguma vez engravidar depois de 2001 (ano em

que foi publicado o primeiro protocolo que contempla a aplicação do DGPI à PAF (5)) e com

diagnóstico familiar da doença, dos quais apenas 107 possuíam informação disponível para

todas as variáveis incluídas no modelo final.

Na análise que culminou com a escrita do segundo manuscrito, intitulado Awareness and

motives for use and disuse preimplantation genetic diagnosis in carriers with familial amyloid

polyneuropathy, visou-se avaliar o conhecimento sobre DGPI e a perceção dos motivos que

justificam a utilização ou não desta técnica por portadores de PAF. Excluíram-se 10 dos 266

participantes sem informação disponível para pelo menos uma das seguintes variáveis:

sexo, idade, estatuto marital, escolaridade, rendimento familiar mensal, estatuto parental, ter

tentado alguma vez engravidar depois de 2001 ou ano de diagnóstico individual. Na

descrição das razões invocadas para usar ou não usar DGPI restringiu-se a análise aos

participantes que referiram já ter ouvido falar do DGPI (n=193) e, entre estes, aos que

responderam à questão sobre os motivos para utilizar (n=188) ou não utilizar a técnica

(n=179).

A análise estatística foi efetuada com recurso ao programa STATA 11.0 (College Station,

TX, 2009). As prevalências são apresentadas com os respetivos intervalos de confiança a

95% (IC 95%). Para comparação de proporções utilizou-se o teste de qui-quadrado. Odds

ratios (OR) brutos e ajustados com os respetivos IC 95% foram estimados por regressão

logística multivariada. Os modelos multivariados foram construídos partindo das variáveis

cuja associação com o outcome era estatisticamente significativa ou que os investigadores

consideraram ser potenciais confundidores da associação. As variáveis que na análise

multivariada não mantinham associação independente com o outcome e não confundiam o

efeito das restantes foram excluídas do modelo final.

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20

4. CAPÍTULO 1

Valdrez K, Alves E, Coelho T, Silva S. Prevalência do uso de Diagnóstico

Genético Pré-Implantação na Unidade Clínica de Paramiloidose. [a submeter]

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Prevalência do uso de Diagnóstico Genético Pré-implantação na Unidade Clínica de Paramiloidose

Prevalence of use of Preimplantation Genetic Diagnosis in Unidade Clínica de Paramiloidose

Kátia Valdrez1, Elisabete

Alves

2, Teresa Coelho

3, Susana Silva

4

1 Técnica de Neurofisiologia na Unidade Clínica de Paramiloidose, Centro Hospitalar do Porto; Departamento de

Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto;

Porto, Portugal.

2 Bolseira de Pós-doutoramento; Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Porto, Portugal.

3 Médica neurologista responsável pela Unidade Clínica de Paramiloidose, Centro Hospitalar do Porto;

Porto, Portugal.

4 Investigadora Auxiliar; Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública,

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Porto,

Portugal.

Este trabalho é financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de Competitividade –

COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do

projeto FCOMP-01-0124-FEDER-014453 (Ref.ª FCT PTDC/CS-ECS/110220/2009).

Contacto da Autora responsável:

Susana Silva

Alameda Prof. Hernâni Monteiro

4200-319 Porto, Portugal

e-mail: [email protected]

Título breve para cabeçalho

Prevalência do uso de DGPI na Paramiloidose

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Prevalência do uso de Diagnóstico Genético Pré-implantação na Unidade Clínica de Paramiloidose

Resumo

Introdução: Portugal regista o maior foco mundial de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), doença cuja

transmissão pode ser evitada pelo Diagnóstico Genético Pré-implantação (DGPI). Pretendemos determinar a

prevalência do uso de DGPI nos portadores de PAF acompanhados na Unidade Clínica de Paramiloidose e

identificar os fatores que lhe estão associados.

Materiais e Métodos: Entre janeiro e maio de 2013, recrutamos sistematicamente uma amostra representativa

de portadores entre os 18 e 55 anos. Através de questionário autoadministrado recolhemos dados

sociodemográficos e informações sobre o uso de DGPI. Para comparação de proporções utilizamos o teste de

qui-quadrado. Odds ratios (OR) brutos e ajustados e os respetivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%)

foram estimados através de regressão logística multivariada. A análise baseia-se em 111 portadores com

diagnóstico familiar prévio da doença, que referiram ter tentado engravidar alguma vez depois de 2001.

Resultados: A prevalência de uso de DGPI foi de 20,7% (IC 95%: 13,6-29,5). Após ajuste, o rendimento

familiar superior a 1000 €/mês (OR=11,87; IC 95% 2,87-49,15), a existência de diagnóstico individual após

2001 (OR=0,15; IC 95% 0,04-0,57) e a existência de filhos após 2001 (OR=0,07; IC 95% 0,02-0,32) revelaram-

se significativamente associados com o uso de DGPI.

Discussão e conclusão: Um quinto dos portadores de PAF referiu ter usado DGPI. O rendimento familiar mais

elevado, assim como um diagnóstico individual e ter filhos antes de 2001 foram os fatores diretamente

associados à utilização desta técnica. Estes resultados salientam a necessidade de promover a acessibilidade ao

DGPI entre os portadores de PAF.

Palavras-chave:

Diagnóstico Genético Pré-implantação; Polineuropatia Amiloidótica Familiar; Testes Genéticos; Procriação

Medicamente Assistida

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Abstract

Introduction: Portugal has the largest global focus of Familial Amyloid Polyneuropathy (FAP), a disease whose

transmission can be prevented through Preimplantation Genetic Diagnosis (PGD). This study aims to determine

the prevalence of the use of PGD in FAP carriers followed in Unidade Clínica de Paramiloidose (UCP) and to

identify the associated factors.

Materials and Methods: Between January and May 2013, a representative sample of Portuguese FAP carriers,

aged between 18 and 55 years, was systematically recruited. Data on sociodemographic characteristics and use

of PGD were collected through a self-administered questionnaire. Proportions were compared using the chi-

square test. Crude and adjusted odds ratios (OR) and the respective confidence intervals of 95% (95% CI) were

estimated using multivariate logistic regression. The analysis is based on 111 carriers with previous familial

diagnosis, who reported having ever tried to get pregnant after 2001.

Results: The prevalence of use of PGD was 20.7% (95% CI: 13.6-29.5). After adjustment, a household income

above 1000€/month (OR=11.87; 95% CI 2.87-49.15), an individual diagnosis after 2001 (OR=0.15; 95% CI

0.04-0.57) and having children born after 2001 (OR=0.07; 95% CI 0.02-0.32) were significantly associated with

the use of PGD.

Discussion and conclusion: A fifth of FAP carriers reported having used PGD. Higher household income, as

well as an individual diagnosis and having children prior to 2001 were the factors directly associated with the

use of this technique. These results emphasize the need to improve accessibility to PGD among FAP carriers.

Keywords: Preimplantation Diagnosis; Amyloid Neuropathies, Familial; Genetic Testing; Assisted Reproductive

Technologies

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Introdução

Portugal regista o maior foco mundial de polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), também conhecida como

paramiloidose ou “doença dos pezinhos”1. Esta doença hereditária de transmissão autossómica dominante (ou

seja, a probabilidade de transmitir a doença à descendência é de 50%) surge habitualmente entre os 25 e os 35

anos e tem um atingimento multi-sistémico, tratando-se de uma doença crónica gradualmente incapacitante. Em

1976, a PAF foi considerada um problema de saúde pública no nosso país, atendendo ao número de portadores

(431 casos registados até 1976) e à gravidade das suas manifestações incapacitantes2.

A sua transmissão pode ser evitada se os portadores decidirem não ter filhos biológicos; se optarem pela

interrupção voluntária da gravidez (IVG) no caso do diagnóstico pré-natal (DPN) confirmar que o feto é afetado

pela doença; ou se recorrerem ao diagnóstico genético pré-implantação (DGPI), método de diagnóstico

embrionário que permite detetar a PAF em embriões antes de estes serem transferidos para o útero. Atendendo à

importância da parentalização da identidade, em particular na sociedade portuguesa3, e aos custos emocionais e

de saúde implicados na IVG4, aos portadores de PAF é proporcionada a possibilidade de utilizar o DGPI quando,

e se, pretenderem concretizar o desejo de serem pais5.

O DGPI está disponível em Portugal desde 19976 e o primeiro protocolo que contempla a sua aplicação à PAF

foi publicado em 20017. Desde Dezembro de 2012 que a PAF é reconhecida pelo Conselho Nacional de

Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) como uma das doenças graves elegíveis para DGPI8, reunindo

todos os requisitos estabelecidos para tal classificação: a PAF causa sofrimento significativo e/ou morte

prematura; a causalidade genética está estabelecida; existe uma relação clara entre a presença da alteração

genética a pesquisar e a existência (ou risco elevado) de doença nos indivíduos portadores; há a possibilidade

técnica de identificação da alteração genética nos embriões ou ovócitos; a fiabilidade do diagnóstico genético é

superior a 90%; e o risco de transmissão da doença genética à descendência é significativamente superior ao

verificado na população geral9.

Ainda que o CNPMA tenha publicado, em Fevereiro de 2013, orientações sobre o DGPI que contemplam a

inclusão de informações sobre o número de tratamentos realizados e respetivas indicações, assim como os

resultados do DPN confirmatório, quando realizado, nos próximos relatórios anuais a elaborar pelos Centros de

Procriação Medicamente Assistida9, neste momento não existe um registo nacional de dados sobre o uso de

DGPI por portadores de PAF. Assim, este estudo tem como objetivo determinar a prevalência do uso de DGPI

nos portadores de Paramiloidose acompanhados na Unidade Clínica de Paramiloidose (Centro Hospitalar do

Porto) e identificar os fatores que lhe estão associados.

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Materiais e Métodos

Realizamos este estudo na Unidade Clínica de Paramiloidose (UCP) do Centro Hospitalar do Porto. Em Março

de 2011, esta Unidade procedeu a um levantamento do número de portadores de PAF em Portugal, com base em

informações recolhidas junto das seguintes instituições e profissionais de saúde: unidades clínicas com

seguimento de portadores de PAF no Porto e Lisboa; unidades de transplantação hepática em Lisboa, Coimbra e

Porto; médicos responsáveis pelas consultas organizadas de PAF nos distritos com maior incidência da doença;

Associação de Paramiloidose; e núcleos de doentes. De acordo com estes dados, estima-se a existência de 1657

casos de PAF no nosso país, 64% (n=1055) dos quais são acompanhados na UCP.

Todos os portadores seguidos na UCP com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos foram considerados

elegíveis para participar no presente estudo. Em Dezembro de 2012, encontravam-se nesta condição 913

indivíduos. Entre Janeiro e Maio de 2013, 271 portadores de PAF foram consecutivamente convidados a integrar

o estudo. Recrutamos sistematicamente uma amostra representativa de 266 portadores, correspondente a uma

proporção de participação de 98,2%. Recusaram participar cinco pessoas, alegando indisponibilidade de tempo

para preencher o questionário.

Os portadores foram recrutados nos dias em que se deslocavam à UCP para efetuar consultas de rotina

previamente agendadas em várias especialidades (neurologia, nefrologia, psiquiatria e oftalmologia, entre

outras). Durante o período do estudo foram destacados dois profissionais de saúde desta Unidade para convidar

os portadores elegíveis a integrar o estudo, de acordo com o funcionamento normal e a disponibilidade do

serviço, assegurando desta forma o recrutamento diário, consecutivo e sistemático dos participantes. Estes

profissionais entregaram um folheto explicativo do projeto a cada portador elegível, solicitando a respetiva

colaboração e esclarecendo qualquer dúvida.

Com base num questionário autoadministrado construído pela equipa de investigação, recolhemos dados

demográficos e socioeconómicos dos participantes, informações sobre a sua história reprodutiva e obstétrica e

sobre o uso e perceções acerca do DGPI (incluindo as fontes de informação e os motivos para usar e não usar

esta técnica). Incluímos neste estudo o sexo, a idade (categorizada em <35 e ≥35 anos), o grau de escolaridade

(categorizado em ≤12º ano e >12º ano), o rendimento mensal líquido do agregado familiar (categorizado em

≤1000 € e >1000 €), a classe social subjetiva (baixa/média baixa vs. alta/média alta), a existência de filhos

biológicos nascidos depois de 31 de Dezembro de 2001 e o uso de diagnóstico pré-natal. Todos os participantes

que reportaram ter tentado engravidar depois de 31 de dezembro de 2001, ano em que foi publicado o primeiro

protocolo que contempla a aplicação do DGPI à PAF10

, foram considerados como “ter tentado alguma vez

engravidar depois de 2001”. O uso de DGPI foi considerado positivo quando os participantes referiram a sua

utilização em pelo menos uma das tentativas para engravidar. O ano do diagnóstico individual e familiar de PAF

foi obtido na base de dados da UCP.

A presente análise baseia-se em 111 participantes com diagnóstico familiar prévio da doença, que referiram ter

tentado alguma vez engravidar depois de 31 de Dezembro de 2001, dos quais 107 possuíam informação

disponível para todas as variáveis incluídas no modelo final.

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A análise estatística foi efetuada com recurso ao programa STATA 11.0 (College Station, TX, 2009). A

prevalência de uso de DGPI é apresentada com o respetivo intervalo de confiança a 95% (IC 95%). Para

comparação de proporções utilizamos o teste de qui-quadrado. Para avaliar os fatores associados ao uso do DGPI

estimámos odds ratios (OR) brutos e ajustados com os respetivos IC 95% por regressão logística. Os modelos

multivariados foram construídos partindo das variáveis cuja associação com o uso do DGPI era estatisticamente

significativa nesta amostra ou que os investigadores consideraram ser potenciais confundidores da associação.

As variáveis que na análise multivariada não mantinham associação independente com a utilização do DGPI e

não confundiam o efeito das restantes foram excluídas do modelo final.

O protocolo de estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar do Porto. Todos os

participantes foram devidamente informados dos objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e do

eventual desconforto inerentes à sua colaboração, assim como sobre a confidencialidade dos dados, tendo

assinado uma declaração de consentimento informado na altura de preenchimento do questionário.

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Resultados

Dos 111 portadores elegíveis para DGPI, ou seja, que referiram ter tentado alguma vez engravidar depois de 31

de Dezembro de 2001 e com diagnóstico familiar da doença, a prevalência de uso de DGPI foi de 20,7% (IC

95% 13,6-29,5). Os portadores que recorreram ao DGPI eram significativamente mais escolarizados (>12º ano:

73,9% vs. 38,6%; p=0,003), possuíam rendimentos familiares mais elevados (>1000 €/mês: 72,7% vs. 33,7%;

p=0,001) e percecionavam-se mais frequentemente como pertencendo a uma classe social mais elevada

(alta/média alta: 27,3% vs.10,3%; p=0,039) do que aqueles que nunca recorreram ao DGPI. Portadores com

diagnóstico individual posterior a 2001 (39,1% vs. 65,9%, p=0,019) e com filhos nascidos após 2001 (65,2% vs.

90,9%, p=0,002) revelaram-se menos propensos a utilizar o DGPI (Tabela 1).

Na tabela 2 apresentamos os principais fatores associados à utilização do DPGI por portadores de PAF. Após

ajuste para a idade, sexo e todas variáveis significativamente associadas com a utilização do DGPI, apenas as

associações descritas para o rendimento do agregado familiar, o ano do diagnóstico individual e a existência de

filhos nascidos após 2001 se mantiveram estatisticamente significativas. Assim, os efeitos descritos para a

escolaridade e a classe social subjetiva parecem ser explicados pelo efeito do rendimento. Portadores com

diagnóstico individual de PAF após 2001 (OR=0,15; IC 95% 0,04-0,57) e com filhos nascidos após esse ano

(OR=0,07; IC 95% 0,02-0,32) revelaram uma prevalência de uso significativamente menor do que aqueles com

diagnóstico individual e filhos nascidos antes de 2001, respetivamente. O rendimento familiar associou-se

diretamente ao uso do DGPI por portadores de PAF (OR=11,87; IC 95% 2,87-49,15).

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Discussão

Este estudo é, no melhor do nosso conhecimento, o primeiro a avaliar a prevalência de uso de DGPI por

portadores de PAF em Portugal. Os nossos resultados mostraram que um quinto dos portadores de PAF referiu

ter recorrido ao DGPI, e que o rendimento familiar mais elevado, assim como um diagnóstico individual e ter

filhos antes de 2001 foram os fatores diretamente associados à utilização desta técnica.

Os únicos dados divulgados publicamente sobre esta questão foram apresentados, oralmente, pela Prof. Doutora

Filipa Carvalho (Departamento de Genética, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) no European

Advanced Postgraduate Course on Transthyretin Amyloidosis, realizado em Maio de 2013 no Centro Hospitalar

do Porto, e mostraram que, entre 1999 e Maio de 2013, 62 homens e 36 mulheres portadores de PAF realizaram

DGPI na instituição onde trabalha, a única a proporcionar tal serviço no setor público; num total de 186 ciclos de

DGPI (136 ciclos com transferência de embriões e 50 ciclos sem transferência), confirmaram-se 40 gravidezes

clínicas (28 gravidezes únicas, 7 gravidezes múltiplas, 3 em curso e 2 abortos), das quais nasceram 43 crianças.

Trata-se, assim, de 98 portadores que usaram DGPI nesta unidade, num contexto em que se estima a existência,

em Março de 2011, de 1657 portadores de PAF em Portugal, 64% (n=1055) dos quais são acompanhados na

UCP. Os nossos resultados sobre a prevalência de uso de DGPI na UCP estão em aparente alinhamento com

estes dados, se considerarmos que a nossa análise se foca em portadores com idades compreendidas entre os 18 e

os 55 anos, em Dezembro de 2012 (n=913), e que recorreram a DGPI, quer nesta instituição pública, quer em

centros de Procriação Medicamente Assistida (PMA) privados.

É necessário interpretar estes achados tendo em conta que a melhoria da acessibilidade às técnicas de PMA é um

dos objetivos estabelecidos pela OMS para este milénio11-13

, propósito que tem sido visível em diversas iniciativas

do Governo Português, desde a publicação da primeira lei que regula a utilização destas técnicas em 2006 até à

estandardização dos respetivos custos e avaliação da qualidade nos anos subsequentes14, 15

. Por exemplo, a realização

do DGPI tem de ser precedida por uma consulta de aconselhamento genético, conduzida por um profissional da

especialidade de genética médica, e a sua execução é obrigatoriamente consentida pelos dois elementos do

casal9. Adicionalmente, a sua aplicação deve ser orientada por um médico especialista, em articulação com uma

equipa multidisciplinar que inclua especialistas em medicina da reprodução, embriologistas, médicos

geneticistas, citogeneticistas e geneticistas moleculares16

.

Os resultados apresentados neste estudo devem ainda ser interpretados à luz do contexto sociocultural, político e

económico que enquadra o acesso a estas técnicas, e em particular ao DGPI. O Estado proporciona aos doentes o

acesso gratuito, e a título devolutivo, do material clínico de apoio e a comparticipação total de medicamentos,

desde que os portadores estejam recenseados na UCP e sofram de uma incapacidade funcional igual ou superior

a 70%17, 18

. No entanto, o atual financiamento público de DGPI apenas inclui casais cujo elemento feminino não

ultrapasse os 40 anos e não tenham mais de um filho em comum no momento de realização da técnica19

, e estes

tratamentos não são cobertos por seguros de saúde privados. O preço definido pela Portaria n.º 67/2011 para um

tratamento com recurso a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é de 2.613€20

, valor mais baixo

do que é praticado, por exemplo, num centro privado que estabelece o montante de 4.200€ para um ciclo

completo de ICSI, acrescendo 450€ para o DGPI através de biópsia embrionária21

. Neste contexto, estes fatores

poderão explicar a utilização mais frequente de DGPI por portadores com um rendimento familiar mais elevado.

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Esta conclusão é suportada pelos resultados evidenciados numa revisão sistemática recente sobre os fatores que

influenciam o processo de decisão de casais em torno da utilização ou não do DGPI22

, que salienta a importância

da avaliação cognitiva dos casais em torno dos custos financeiros evolvidos na realização de DGPI. Esta

avaliação é, no entanto, ponderada em articulação com fatores que não foram avaliados no âmbito deste estudo,

nomeadamente o tempo de espera estimado para concretizar uma gravidez e as informações complexas e incertas

sobre as taxas relativamente baixas de sucesso e a perceção dos riscos envolvidos nos procedimentos médicos, a

curto e longo prazo23, 24

. Também as respostas emocionais associadas à dor e ao sofrimento e os significados

atribuídos à felicidade desempenham um papel importante neste processo de tomada de decisão25

, assim como as

atitudes e representações sociais sobre o estatuto do embrião e a aceitabilidade moral do uso de técnicas que

visam prevenir a doença26, 27

. A decisão dos potenciais utilizadores é ainda influenciada por fatores como o

tempo necessário para organizar, programar e participar nas consultas e exames médicos e as sessões de

educação com profissionais de saúde e de aconselhamento com geneticistas e psicólogos28

.

Assim, a identificação dos principais fatores que influenciam a decisão quanto à utilização de DGPI evidencia a

complexidade, dinamismo e interatividade do processamento de informação neste processo, assim como a

heterogeneidade dos significados atribuídos pelos potenciais utilizadores ao risco genético nas suas trajetórias

reprodutivas29

. Estes elementos são fundamentais para explicar o facto de um diagnóstico individual e ter filhos

antes de 2001 surgirem como fatores associados à utilização de DGPI por portadores de PAF. Tais portadores

poderão ter identificado a sua condição de risco ou terem estado envolvidos em trajetórias ativas de

parentalidade há mais tempo, beneficiando, por isso, de mais oportunidades para conhecer a técnica e para

refletir sobre as diferentes opções reprodutivas à medida que têm mais consciência das consequências da doença.

É de realçar que todos os portadores com diagnóstico individual posterior a 2001 tinham um diagnóstico familiar

da doença quando tentaram engravidar, o que poderá revelar uma tentativa mais ou menos explícita de não

querer conhecer os resultados do diagnóstico individual antes de conceber uma criança ou a perceção da PAF

como uma herança familiar a preservar30

. Por outro lado, a não utilização de DGPI pode estar associada a

preocupações quanto ao estatuto do embrião e à possibilidade desta técnica promover a estigmatização,

intolerância e discriminação dos portadores26, 27, 31

.

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Conclusões

A baixa prevalência de uso de DGPI por portadores de PAF salienta a necessidade de compreender de que forma

os portadores processam a informação e avaliam o risco no contexto do DGPI, para sustentar intervenções que

visem aumentar a adesão a esta técnica. Ao mesmo tempo, a utilização menos frequente de DGPI por portadores

com um rendimento familiar mais baixo evidencia a importância de melhorar a acessibilidade ao DGPI no caso

da PAF, com o intuito de evitar a disseminação da doença e diminuir desigualdades em saúde.

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Conflito de Interesses:

Os autores declaram que não houve conflito de interesses na realização deste trabalho.

Agradecimentos:

Os autores gostariam de agradecer a todos os portadores de PAF que integraram o estudo pela essencial

colaboração e a todos os profissionais de saúde da Unidade Clínica de Paramiloidose que participaram na

recolha de dados pelo tempo disponibilizado e profissionalismo revelado.

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Tabela 1. Características dos participantes, de acordo com a utilização do DGPI (n=111)

Utilizadores Não utilizadores

n=23 n=88

n(%) n(%) p

Sexo

Masculino 9 (39,1) 34 (38,6)

Feminino 14 (60,9) 54 (61,4) 0,965

Idade (anos)

<35 11 (47,8) 44 (50,6)

≥35 12 (52,2) 43 (49,4) 0,815

Grau de escolaridade

≤12ºano 6 (26,1) 54 (61,4)

>12ºano 17 (73,9) 34 (38,6) 0,003

Rendimento agregado (€/mês)

≤1000 6 (27,3) 57 (66,3)

>1000 16 (72,7) 29 (33,7) 0,001

Classe social subjetiva

Baixa/média baixa 16 (72,7) 78 (89,7)

Alta/média alta 6 (27,3) 9 (10,3) 0,039

Diagnóstico individual (ano)

≤2001 14 (60,9) 30 (34,1)

>2001 9 (39,1) 58 (65,9) 0,019

Filhos nascidos após 31/12/2001

Não 8 (34,8) 8 (9,1)

Sim 15 (65,2) 80 (90,9) 0,002

Diagnóstico Pré-Natal (DPN)

Não 14 (77,8) 70 (80,5)

Sim 4 (24,2) 17 (19,5) 0,796

NOTA: O total pode não perfazer 111 devido a missings. A variável DPN não perfaz 111

porque há 6 participantes que tentaram engravidar, mas sempre sem sucesso e, por isso, não

foram confrontados com tal opção.

Page 42: II...II Kátia Isabel Xavier Valdrez Orientadora: Doutora Susana Silva Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de Medicina da Universidade

35

Tabela 2. Fatores associados à utilização do DGPI por portadores de PAF (n=107)

OR bruto

(IC 95%)

OR ajustado*

(IC 95%)

Diagnóstico individual (ano)

≤2001 1 1

>2001 0,36 (0,14-0,94) 0,15 (0,04-0,57)

Filhos nascidos após 31/12/2001

Não 1 1

Sim 0,18 (0,06-0,56) 0,07 (0,02-0,32)

Rendimento agregado (€/mês)

≤1000 1 1

>1000 5,15 (1,82-14,57) 11,87 (2,87-49,15)

IC – intervalo de confiança; OR – Odds ratio.

* Ajustado para a idade, sexo e todas as variáveis da tabela.

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36

5. CAPÍTULO 2

Valdrez K, Silva S, Coelho T, Alves E. Awareness and motives for use and

disuse preimplantation genetic diagnosis in carriers with familial amyloid

polyneuropathy. [To be submitted]

Page 44: II...II Kátia Isabel Xavier Valdrez Orientadora: Doutora Susana Silva Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de Medicina da Universidade

37

Awareness and motives for use and disuse preimplantation genetic diagnosis in

carriers with familial amyloid polyneuropathy

Kátia Valdrez1,2, Susana Silva1,3, Teresa Coelho2, Elisabete Alves1,3

1 Department of Clinical Epidemiology, Predictive Medicine and Public Health, University

of Porto Medical School, Porto, Portugal;

2 Unidade Clínica de Paramiloidose, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal;

3 Institute of Public Health – University of Porto (ISPUP), Porto, Portugal.

Correspondence:

Elisabete Alves

Institute of Public Health – University of Porto (ISPUP)

Rua das Taipas nº 135

4050-600 Porto, Portugal

Telephone: +351 222 061 820

Fax: +351 222 061 821

e-mail: [email protected]

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38

Abstract

Objective: To assess awareness of preimplantation genetic diagnosis (PGD) and to

identify the reasons surrounding its use and disuse by familial amyloid polyneuropathy

(FAP) carriers.

Methods: Between January and May 2013, a self-administered questionnaire was

apply to a representative sample of Portuguese FAP carriers, aged between 18 and 55

years and followed at the North surveillance unit. Odds ratios (OR) and respective 95%

confidence intervals (95%CI) were estimated using multivariate logistic regression.

Results: Those who reported to be aware of PGD (75.4%) were younger (age≥35

years: OR=0.51; 95%CI 0.26-1.01), had higher household income (>1000€/month:

OR=2.18; 95%CI 1.14-4.14), and were less likely to have children (OR=0.35; 95%CI

0.16-0.76) and to have an individual diagnosis after 2001 (OR=0.40; 95%CI 0.20-0.80).

The main reasons for use PGD were to avoid offspring suffering (48.9%), more

frequently reported by men, more educated and richer, and the ability to raise a healthy

child (39.4%). The main reasons for disuse PGD were financial costs (29.6%), distrust

(29.1%) and the time to get pregnant (17.3%).

Conclusion: These results reveal the importance of cognitive dimensions at the

expense of psychosocial factors.

Practice implications: To disseminate accurate information about PGD among these

patients, and to improve accessibility to PGD.

Keywords:

Preimplantation Genetic Diagnosis; Familial Amyloid Polyneuropathy; Portugal;

Awareness; Decision Making.

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39

1. Introduction

Familial amyloid polyneuropathy (FAP) is a hereditary autosomal dominant

disease, whose largest focus in the world is Northern Portugal (1). A reproductive

testing option, the Preimplantation Genetic Diagnosis (PGD), has been available to

Portuguese-type FAP (type I) carriers since 2001 (2), seeking to prevent the

transmission of disease to their future children. The first nationwide dataset monitoring

use of PGD by Portuguese government is expected to be operational during 2013 (3).

Thus, data about the number of PGD treatment cycles performed in 2013 according to

the condition that justifies its application will be available in 2014.

While this emerging dataset will provide valuable information about population-

based trends to clinicians, researchers and policy makers, the understanding of the

FAP carriers’ decision-making processes surrounding PGD use or disuse is essential

to select the relevant information to be provided in the context of patient counseling

and informed consent (4-7), as well as to the implementation of patient-friendly

treatments(8, 9). However, to the best of our knowledge, there are no studies about

how these genetically at-risk carriers become aware of their reproductive options and

make real-world decisions surrounding PGD use.

A recent systematic review of empirical studies examining decision making in

PGD from the perspective of couples or individual partners at high genetic risk indicate

the existence of three interrelated and dynamic dimensions in these processes:

cognitive appraisals about success rates, procedural risks, human risks and safety,

financial costs, and amount of time necessary to complete the PGD procedure;

emotional responses to pain, suffering, joy and happiness; and moral judgments

regarding the status of the embryo, the technological imperative, disease and disability

prevention, social significance, and the underlying application for PGD (4). Although

such conceptual framework has provided insights, focused research is needed to

assess its robustness, as well as the relationships between the dimensions, taking into

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40

account different cultural, economic and political contexts that influence access and

quality of care in reproductive medicine (10, 11), and, in particular, real-world decisions

surrounding PGD use (5).

Therefore, this study aims to assess awareness of PGD and to identify the

reasons surrounding its use and disuse by Portuguese FAP carriers.

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41

2. Methods

Between January and May 2013, all Portuguese FAP type I carriers, aged

between 18 and 55 years and followed at the Unidade Clínica de Paramiloidose, were

consecutively invited to participate in this observational cross-sectional study. This

Unit, located in the Centro Hospitalar do Porto, follows approximately 64% (n=1055) of

all Portuguese PAF carriers, with 913 aged between 18 and 55 years. Participants

were invited by two health professionals responsible for the first contact with carriers,

before attending a medical appointment of several specialties in the Unit. Overall, a

representative sample of 266 carriers (98.2%) accepted to participate in the study.

Refusals (n=5) were mainly justified by lack of time to fulfill the questionnaire.

Data on demographic and socioeconomic characteristics, reproductive and

obstetric history, awareness of PGD, information sources and reasons underlying the

use and disuse of this technique were collected through a self-administered

questionnaire. Marital status was categorized as single and others, including married

participants, in cohabitation, divorced and widow. Parental status was defined by the

existence of offspring’s, biologic or adopted. All the participants who reported trying to

conceive after the 31st December 2001 were considered as trying to conceive after

2001, the year of the first published protocol that includes the application of PGD for

Portuguese-type FAP (type I) (2). Those who reported to use PGD at least once were

classified as having used this technique.

All participants were asked if they have ever heard about DGP and those who

answered yes were asked to report the main reason for use and disuse the technique,

and the main source of information (categorized as family and friends; Portuguese

Association of Amyloidosis; health professionals; TV, radio, internet; books and

journals; newspapers and magazines; leaflets and handout materials; teachers; other).

The reasons for use and disuse PGD were categorized according with the results

described by a recent systematic review that synthetized cognitive, emotional and

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42

moral dimensions of couples’ decision making in PGD (4). The main reasons for use

considered were the possibility of having twins, may raise a healthy child of their one,

to avoid future suffering by their offspring, to avoid prenatal diagnosis, the pressure to

use the technique and technical trust. Similarly, the main reasons for disuse included

technical distrust (potential for embryo misdiagnosis or undiagnosis, low success rate

of PGD or uncertainty about the long-term consequences of PGD), the possibility of

having twins, the financial costs, having to wait a long period of time to get pregnant,

the reinforcement of PAF carriers’ discrimination and stigmatization, the existence of

surplus embryos, and the belief that embryos should not be manipulated. Both the

questions, regarding the use and disuse of PGD, allowed the participants to select

other reasons and to specify which. These open answers were, afterwards,

reorganized within the previous categories or included in a new category, if necessary.

The clinical records were reviewed by health professionals in order to retrieve

information on the personal date of FAP individual diagnosis.

After exclusion of the participants who presented at least one missing values on

sex, age, marital status, educational level, household monthly income, parental status,

pregnancy planning after 2001 or year of individual diagnosis, 256 FAP carriers were

included in our analysis. When presenting the reasons for use or disuse of PGD we

restrict our analysis to the participants who reported to have heard about PGD (n=193)

and, among those, to the ones with no missing data on reasons for use (n=188) or

reasons for disuse (n=179) the technique.

Statistical analysis was performed using Stata 11.0 (College Station, TX, 2009).

Sample characteristics are presented as counts and proportions and were compared

using the chi-square test. The prevalence of PGD awareness is presented with 95%

confidence intervals (95%CI). Crude and adjusted odds ratios (OR) and 95%CI were

estimated by unconditional binary logistic regression models to assess the association

between socio-demographic, reproductive and clinical characteristics of the

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43

participants, and awareness of PGD. Main reasons for use and disuse of PGD are

presented as counts and proportions.

The study protocol was approved by the Ethics Committee of Centro Hospitalar

do Porto and written informed consent was obtained from all the participants.

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44

3. Results

Overall, more than three quarters of the Portuguese FAP carriers reported to

have ever heard about PGD (75.4%; 95%CI 69.6-80.5). The characteristics of the

study participants according with awareness about PGD are summarized in Table 1.

Younger FAP carriers (<35 vs. ≥35 years: 81.1% vs. 70.1%; p=0.041), more educated

(>12 vs. ≤12 years: 88.2% vs. 72.2%; p=0.017) and with higher household monthly

income (>1000 vs. ≤1000 €/month: 82.7% vs. 69.9%; p=0.018) were more likely to

report to be aware of PGD, as well as those without offspring (87.0% vs. 68.9%;

p=0.001).

Table 2 presents the main factors associated with the awareness of PGD

among Portuguese FAP carriers. After adjustment, awareness of PGD among

Portuguese PAF carriers was 2-times higher among those with a household monthly

income above 1000€ (OR=2.18; 95%CI 1.14-4.14). Additionally, carriers who reported

to be aware of PGD were less likely to be aged above 34 years old (OR=0.51; 95%CI

0.26-1.01), to have children (OR=0.35; 95%CI 0.16-0.76) and to have an individual

diagnosis of PAF after 2001 (OR=0.40; 95%CI 0.20-0.80). In the final model, the effect

of education was explained by income and, therefore, this variable was not included.

Among those who stated to be aware of PGD, health professionals constituted

the principal source of information (40.4%), followed by family and friends (29.5%), the

Portuguese Association of Amyloidosis (20.2%) and the media (9.8%).

When asked about the main reason for use PGD, almost half (48.9%; 95% CI

41.6-56.3) reported the importance of avoiding future suffering by their offspring (Table

3). Moreover, 39.4% (95%CI 32.3-46.7) referred as the most important motive for use

the technique to be able to raise a health child of their own, 5.3% (95%CI 2.6-9.6) to

avoid prenatal diagnosis, 4.3% (95%CI 1.9-8.2) technical trust and 2.1% (95%CI 0.6-

5.4) other reasons, such as the pressure to use the technique and the possibility of

have twins. Overall, men reported more frequently as the main reason for use PGD to

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45

avoid future suffering of offspring, while women highlighted the ability to raise a health

child. Portuguese FAP carriers with educational level above 12 years and a household

income above 1000€/month were more likely to consider the avoidance of offspring

future suffering as the principal reason to use PGD, while those who were single, with

lower education and lower income referred more frequently reasons associated with

the ability to raise a child.

The main reasons reported for disuse PGD among Portuguese FAP carriers

were financial costs (29.6%; 95% CI 23.0-36.9), followed by technical distrust (29.1%;

95%CI 22.5-36.3) and the time to get pregnant (17.3%; 95%CI 12.1-23.7) (Table 4).

Almost 15% (13.4%; 95%CI 8.8-19.3) reported other reasons, including the possibility

of having twins, the reinforcement of discrimination and stigmatization, the belief that

embryos should not be manipulated and the existence of surplus embryos. Additionally,

10.6% (95%CI 6.5-16.1) stated that there is no reason for disuse PGD. Financial costs

were mainly highlighted by younger carriers, single, more educated and childless, while

those aged 35 years or more, with education below 13 years and who had never used

PGD were more prone to point out technical distrust. Older participants, more

educated, with higher income, who tried to conceive after 2001, had a FAP individual

diagnosis before 2002 and who had used PGD at least one time reported more

frequently the time to get pregnant as the main reason for disuse. Among those who

stated that there is no reason for disuse PGD, a higher proportion had the individual

diagnosis of the disease after 2001.

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46

4. Discussion and conclusion

4.1. Discussion

This study indicates gaps in awareness of PGD among Portuguese FAP

carriers and shows the importance of cognitive dimensions, in particular financial costs,

distrust (potential for embryo misdiagnosis or undiagnosis, low success rate of PGD or

uncertainty about the long-term consequences of PGD) and time to get pregnant, at the

expense of psychosocial and moral factors in the assessment of the reasons

underlying disuse of PGD. Additionally, motives for using PGD reveal gender and

socioeconomic inequalities, in the sense that women, less educated and poorer FAP

carriers reported more frequently the ability to raise a healthy child as the main reason

to use PGD, while men, more educated and richer were more likely to highlight the

avoidance of offspring suffering. It is noteworthy that 10.6% of the respondents stated

that there is no reason for disuse PGD, revealing a tendency for reconfiguring an

informed consent decision on the moral duty to use PGD so that elimination of the

disease may be achieved.

These results should be analyzed within the socioeconomic and political context

that frames the access to and the quality of care of reproductive medicine in Portugal

(12), in particular of PGD, as well as on characteristics of FAP-type I in terms of genetic

epidemiology (13), treatment (14) and prognosis (15). In fact, after acknowledging their

genetically at-risk status, carriers must become aware of the wide range of

reproductive options and their respective legal framework while moving toward a

decision about PGD use (16).

During these processes, the provision of accurate information by health

professionals, but also by family, friends and the Portuguese Association of

Amyloidosis is essential for raising awareness of and confidence on PGD among

Portuguese FAP carriers. An additional strategy for empowering individuals and

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47

communities to improve awareness and health outcomes has been the investment on

health literacy (17-18), as recognized in national political agendas of several countries,

including Portugal (19).

Since 2006, Portugal has implemented several initiatives to scale up access to

treatments and improve affordability of assisted reproductive technologies, but

management of access to these techniques still mirrors inequalities based on sexual

orientation, age, marital status and income: treatments are only available for

heterosexual couples who are married or involved in a stable conjugal relationship, with

only one child together; and there are also restrictions for women who are over 40, in

the case of public funded treatments, in a context where there is no private insurance

coverage for PGD (12, 20). The high costs of private treatments, about 4500€ per

cycle, as well as the restriction up to a total of three cycles covered by the Portuguese

public health system, also create obstacles for low income couples. These factors may

explain the election of the financial costs as the main reason for disuse PGD, and why

Portuguese PAF carriers with higher household income are more aware of such

reproductive option.

The relevance that the amount of time necessary to complete the PGD

procedure until pregnancy acquires as a reason for disuse PGD is understandable in a

context where the first symptoms of the disease usually develop before 40 years of age

(21), followed by strong manifestations of physical impairments (22). Thus, postpone

procreation would increase the burden both for carriers and future children.

Qualitative research that examines the decision-making process surrounding

PGD use among Portuguese FAP carriers, and the comparison with other late onset

neurodegenerative disorders, would add a more complete and deeper understanding of

family planning. Such future work would contribute to improve genetic and reproductive

education and counseling of families and caregivers.

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48

4.2. Conclusion

Overall, three-quarters of the Portuguese FAP carriers reported to be aware of

PGD. Those, were younger, had higher household income, and were less likely to have

children and to have an individual diagnosis after 2001. The main reasons for use PGD

were to avoid offspring suffering, more frequently reported by men, more educated and

richer, and the ability to raise a healthy child. The main reasons for disuse PGD were to

the financial costs, mistrust and time to get pregnant. These results reveal the

importance of cognitive dimensions at the expense of psychosocial and moral factors.

4.3. Practice Implications

This study emphasizes the need to invest in the dissemination of accurate and

consistent information about PGD into healthcare to improve informed decision making

processes surrounding PGD use among Portuguese FAP carriers. Therefore, effective

educational interventions should focus on the poorer, older, and less educated carriers,

in order to promote greater confidence in the technique. Taking into account the

carriers’ opinion about financial costs and the level of trust in PGD as two key aspects

in understanding the options for disusing this technique, the corresponding decision-

making process should be framed in the public coverage of the treatments and in the

public understanding of science and technology.

Key recommendations from the present study include improving accessibility to

PGD, providing information and raising awareness of patients, health personnel and

policy makers.

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49

Acknowledgments

The authors thank the carriers who participated in this study and the staff of the

Unidade Clínica de Paramiloidose for the collaboration and support. This study was

partly supported by FEDER funding from the Operational Programme Factors of

Competitiveness – COMPETE and by national funding from the FCT - Foundation for

Science and Technology (Portuguese Ministry of Education and Science) within the

project “Health, governance and accountability in embryo research: couples’ decisions

about the fates of embryos” (FCOMP-01-0124-FEDER-014453).

Conflict of interest

The authors report no conflicts of interest.

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50

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Table 1. Characteristics of participants, according to awareness about PGD

Aware Not aware n=193 n=63

n(%) n(%) p

Sex Male 78 (75.0) 26 (25.0) Female 115 (75.7) 37 (24.3) 0.904

Age (years) <35 99 (81.1) 23 (18.9) ≥35 94 (70.1) 40 (29.9) 0.041

Marital status Single 54 (81.8) 12 (18.2) Other 139 (73.2) 51 (26.8) 0.159

Educational level ≤12 years 148 (72.2) 57 (27.8) >12 years 45 (88.2) 6 (11.8) 0.017

Household income (€/month) ≤1000 102 (69.9) 44 (30.1) >1000 91 (82.7) 19 (17.3) 0.018

Parental status Children 113 (68.9) 51 (31.1) No children 80 (87.0) 12 (13.0) 0.001

Trying to conceive after 2001 Yes 85 (75.9) 27 (24.1) No 108 (75.0) 36 (25.0) 0.869

Individual diagnosis (year) ≤2001 69 (82.1) 15 (17.9) >2001 124 (72.1) 48 (27.9) 0.080

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Table 2. Main factors associated with PGD awareness among Portuguese FAP carriers

PGD awareness

Crude OR (95%CI)

Adjusted OR*

(95%CI)

Sex Male 1 1 Female 1.04 (0.58-1.85) 1.29 (0.69-2.43)

Age (years) <35 1 1 ≥35 0.55 (0.30-0.98) 0.51 (0.26-1.01)

Household income (€/month) ≤1000 1 1 >1000 2.07 (1.13-3.79) 2.18 (1.14-4.14)

Parental status No children 1 1 Children 0.33 (0.17-0.66) 0.35 (0.16-0.76)

Individual diagnosis (year) ≤2001 1 1 >2001 0.56 (0.29-1.08) 0.40 (0.20-0.80)

* Adjusted for all the variables in the table OR = Odds ratios

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Table 3. Reasons for use PGD in Portuguese FAP carriers, according to socio-demographic, reproductive, obstetrical and clinical

characteristics (n=188)

Avoid offspring future suffering

Raising a healthy child of their one

Avoid prenatal diagnosis

Technical trust

Other

n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)

Overall 92 (48.9) 74 (39.4) 10 (5.3) 8 (4.3) 4 (2.1)

Sex Male 43 (55.8) 25 (32.5) 4 (5.2) 3 (3.9) 2 (2.6) Female 49 (44.1) 49 (44.1) 6 (5.4) 5 (4.5) 2 (1.8)

Age (years) <35 46 (47.4) 38 (39.2) 7 (7.2) 5 (5.2) 1 (1.0) ≥35 46 (50.6) 36 (39.6) 3 (3.3) 3 (3.3) 3 (3.3)

Marital status Single 24 (46.2) 24 (46.2) 3 (5.8) 1 (1.9) 0 Other 68 (50.0) 50 (36.8) 7 (5.2) 7 (5.2) 4 (2.9)

Educational level ≤12 years 67 (45.9) 65 (44.5) 7 (4.8) 5 (3.4) 2 (1.4) >12 years 25 (59.5) 9 (21.4) 3 (7.1) 3 (7.1) 2 (4.8)

Household income (€/month) ≤1000 48 (47.1) 44 (43.1) 4 (3.9) 4 (3.9) 2 (2.0) >1000 44 (51.2) 30 (34.9) 6 (7.0) 4 (4.7) 2 (2.3)

Parental status Children 53 (47.8) 46 (41.4) 6 (5.4) 3 (2.7) 3 (2.7) No children 39 (50.7) 28 (36.4) 4 (5.2) 5 (6.5) 1 (1.3)

Trying to conceive after 2001 Yes 41 (50.0) 30 (36.6) 7 (8.5) 4 (4.9) 0 No 51 (48.1) 44 (41.5) 3 (2.8) 4 (3.8) 4 (3.8)

Individual diagnosis (year) ≤2001 31 (45.6) 28 (41.2) 4 (5.9) 4 (5.9) 1 (1.5) >2001 61 (50.8) 46 (38.3) 6 (5.0) 4 (3.3) 3 (2.5)

PGD Yes 11 (52.4) 7 (33.3) 2 (4.8) 2 (9.5) 0 No 81 (48.5) 67 (40.1) 9 (5.4) 6 (3.6) 4 (2.4)

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Table 4. Reasons for disuse PGD in Portuguese FAP carriers, according to socio-demographic, gynaecological, obstetrical and clinical

characteristics (n=179)

Financial costs Technical distrust Time to get pregnant Other There is no reason

n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)

Overall 53 (29.6) 52 (29.1) 31 (17.3) 24 (13.4) 19 (10.6)

Sex Male 20 (27.4) 23 (31.5) 11 (15.1) 9 (12.3) 10 (13.7) Female 33 (31.1) 29 (27.4) 20 (18.9) 15 (14.2) 9 (8.5)

Age (years) <35 34 (36.2) 23 (24.5) 14 (14.9) 13 (13.8) 10 (10.6) ≥35 19 (22.4) 29 (34.1) 17 (20.0) 11 (12.9) 9 (10.6)

Marital status Single 19 (36.5) 11 (21.2) 8 (15.4) 8 (15.4) 6 (11.5) Other 34 (26.8) 41 (32.3) 23 (18.1) 16 (12.6) 13 (10.2)

Educational level ≤12 years 35 (25.6) 46 (33.6) 21 (15.3) 19 (13.9) 16 (11.7) >12 years 18 (42.9) 6 (14.3) 10 (23.8) 5 (11.9) 3 (7.1)

Household income (€/month) ≤1000 28 (29.5) 30 (31.6) 13 (13.7) 14 (14.7) 10 (10.5) >1000 25 (29.8) 22 (26.2) 18 (21.4) 10 (11.9) 9 (10.7)

Parental status Children 25 (24.5) 33 (32.4) 20 (19.6) 13 (12.8) 11 (10.8) No children 28 (36.4) 19 (24.7) 11 (14.3) 11 (14.3) 8 (10.4)

Trying to conceive after 2001 Yes 24 (30.8) 20 (25.6) 17 (21.8) 10 (12.8) 7 (9.0) No 29 (28.7) 32 (31.7) 14 (13.9) 14 (13.9) 12 (11.9)

Individual diagnosis (year) ≤2001 18 (28.6) 18 (28.6) 15 (23.8) 8 (12.7) 4 (6.4) >2001 35 (30.2) 34 (29.3) 16 (13.8) 16 (13.8) 15 (12.9)

PGD Yes 6 (30.0) 2 (10.0) 7 (35.0) 3 (15.0) 2 (10.0) No 47 (29.6) 50 (31.5) 24 (15.1) 21 (13.2) 17 (10.7)

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6. CONCLUSÃO

Um quinto dos portadores de PAF entrevistados referiu ter recorrido ao DGPI. O rendimento

familiar mais elevado, assim como um diagnóstico individual e ter filhos antes de 2001 foram

os fatores associados à utilização desta técnica.

Três quartos dos participantes já tinham ouvido falar do DGPI, sendo este conhecimento

mais frequente entre aqueles com rendimentos mensais mais elevados. Portadores com

idade superior a 34 anos, com filhos e com diagnóstico de PAF após 2001 referiram com

menos frequência conhecer o DGPI.

Entre os portadores que reportaram conhecer o DGPI, as principais razões invocadas para

usar esta técnica incluíram evitar a dor e o sofrimento dos filhos e o facto de poder cuidar

filhos saudáveis. Portadores mais escolarizados, com rendimentos mais elevados e do sexo

masculino consideraram a prevenção do sofrimento dos filhos o principal motivo para usar

DGPI, mas os portadores do sexo feminino, solteiros, e com baixos níveis de escolaridade e

rendimento referiram mais frequentemente poder cuidar de filhos saudáveis. Os custos

financeiros, desconfiar da técnica e o tempo de espera para engravidar foram os principais

motivos escolhidos para justificar a não utilização de DGPI. Os custos financeiros foram

referidos mais frequentemente por portadores mais jovens, solteiros, mais escolarizados e

sem filhos, enquanto os mais velhos, menos escolarizados e que nunca utilizaram DGPI

salientaram a desconfiança na técnica.

Este estudo salienta a necessidade de investir na disseminação de informação precisa e

consistente sobre o DGPI entre os portadores de PAF, com um maior foco naqueles com

mais de 35 anos, menos escolarizados e com rendimentos mais baixos, promovendo uma

maior confiança na técnica. Ainda que a recente estandardização das aplicações do DGPI

no nosso país traduzam uma preocupação com a qualidade, segurança, confiança, eficácia

e eficiência das práticas clínicas e laboratoriais desenvolvidas neste domínio, importa

produzir normas de orientação relativas à disseminação de informação sobre o DGPI entre

os potenciais utilizadores.

Adicionalmente, melhorar a acessibilidade ao DGPI no caso da PAF pode contribuir para

evitar a disseminação da doença.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Questionário

Data de preenchimento: |___|___| / |___|___| / |_2_|_0_|_1_|_3_|

QUESTIONÁRIO

DETERMINANTES SOCIAIS DO USO DE DIAGNÓSTICO GENÉTICO PRÉ-

IMPLANTAÇÃO POR PORTADORES DE PARAMILOIDOSE

Com este estudo pretende-se conhecer as experiências e opiniões de

portadores de Paramiloidose quanto à utilização do Diagnóstico Genético Pré-

Implantação (DGPI). Na primeira parte colocam-se questões sobre a sua

condição de saúde e história reprodutiva.

Depois questiona-se o que pensa sobre o DGPI. A última parte inclui questões

de caracterização individual, apenas para fins estatísticos.

Muito obrigada pela sua colaboração e pelo tempo que irá disponibilizar a

responder a este questionário.

A. CONDIÇÃO DE SAÚDE E HISTÓRIA REPRODUTIVA

1. De uma forma geral, diria que a sua vida no dia-a-dia é:

Muito saudável

Bastante saudável

Pouco saudável

Nada saudável

2. Em que ano foi diagnosticada, pela primeira vez, a Paramiloidose na sua família

(pai/mãe/tios/irmãos, etc.)? |___|___|___|___|

3. Em que ano lhe foi diagnosticada a Paramiloidose? |___|___|___|___|

4. MULHER: Quantas vezes já esteve grávida? |___|___| (se nunca esteve grávida, avance

para a questão 7, após responder à alínea 4.1 e 4.2)

HOMEM: Quantas vezes engravidou uma senhora? |___|___| (se nunca engravidou,

avance para a questão 7, após responder à alínea 4.1 e 4.2)

4.1. Tentou engravidar depois de 1/1/2002?

ID:

Não Sim

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4.2. Tentou engravidar depois do diagnóstico de Paramiloidose na sua família?

Não Sim

5. Qual o resultado obstétrico dessa/s gravidez/es?

Nado vivo

Abortamento espontâneo

Interrupção voluntária da gravidez

Outro resultado

1ª gravidez

2ª gravidez

3ª gravidez

4ª gravidez

5ª gravidez

6ª gravidez

Outras

6. Já recorreu ao diagnóstico pré-natal (método de diagnóstico que permite detetar a

Paramiloidose no feto durante os primeiros meses de gravidez)?

Não (passar para a questão 7)

Sim, em todas as gravidezes (passar para a questão 7)

Sim, em algumas gravidezes

6.1. Em qual/quais das gravidezes recorreu ao diagnóstico pré-natal?

1ª gravidez 4ª gravidez

2ª gravidez 5ª gravidez

3ª gravidez 6ª gravidez ou mais

7. Tem filhos? Sim

Não Porquê? ___________________________________________

____________________________________ (ir para questão 11)

8. Quantos filhos tem? |___|___|

8.1. Quantos foram concebidos por procriação medicamente assistida? |___|___|

8.2. Quantos são adotados? |___|___|

9. Qual a data de nascimento dos seus filhos?

DIA MÊS ANO

1º filho |___|___| |___|___| |___|___|___|___|

2º filho |___|___| |___|___| |___|___|___|___|

3º filho |___|___| |___|___| |___|___|___|___|

4º filho |___|___| |___|___| |___|___|___|___|

5º filho |___|___| |___|___| |___|___|___|___|

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10. Algum dos seus filhos tem um diagnóstico de Paramiloidose?

Não (passar para a questão 11)

Sim

10.1. Se sim, qual/quais?

1º filho 4º filho

2º filho 5º filho

3º filho

B. PERCEÇÕES SOBRE O DIAGNÓSTICO GENÉTICO PRÉ-IMPLANTAÇÃO (DGPI)

11. Já ouviu falar do DGPI (método de diagnóstico embrionário que permite detetar a

Paramiloidose em embriões antes de estes serem transferidos para o útero)?

Não (passar para a questão 18)

Sim

12. Assinale as três principais fontes onde obteve informações sobre o DGPI:

1ª Fonte 2ª Fonte 3ª Fonte

Família, amigos ou colegas

Associação Portuguesa de Paramiloidose

Profissionais de saúde

Televisão, rádio, internet

Enciclopédias, revistas e livros de saúde

Jornais e revistas “generalistas”

Folhetos e cartazes

Professores

Nenhuma

13. Na sua opinião, o uso de DGPI por portadores de Paramiloidose é aceitável, por vezes

aceitável ou inaceitável?

Aceitável Por vezes aceitável Inaceitável

13.1.Porquê?__________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

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14. Já recorreu ao Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI)?

Não (passar para a questão 16)

Sim, sempre que tentei engravidar (passar para a questão 15)

Sim, em algumas vezes que tentei engravidar

14.1. Em qual/quais da/s tentativa/s de gravidez/es recorreu ao DGPI?

1ª tentativa 4ª tentativa

2ª tentativa 5ª tentativa

3ª tentativa 6ª ou mais

15. Onde realizou esse(s) tratamento(s)?

Hospital público

Hospital/Clínica privado(a)

16. Na sua opinião, quais as três principais razões que podem levar um portador de

Paramiloidose a usar o DGPI?

1ª Razão 2ª Razão 3ª Razão

Poder ter gémeos

Poder cuidar dos seus filhos saudáveis

Evitar a dor e o sofrimento dos filhos

Evitar uma possível interrupção voluntária da gravidez

Pressão para usar uma técnica que está disponível

Confiar no sucesso desta técnica

Outra. Qual? ____________________________________

17. Na sua opinião, quais as três principais razões que podem levar um portador de

Paramiloidose a não usar o DGPI?

1ª Razão 2ª Razão 3ª Razão

Possibilidade de ter um diagnóstico errado

Desconfiar do sucesso desta técnica

Poder ter gémeos

Possibilidade de causar danos futuros na criança

Ser uma técnica muito cara

Ter que esperar muito tempo para engravidar

Pode reforçar a discriminação e estigmatização de

portadores

Poder ter embriões excedentários

Acreditar que não se deve manipular embriões

Outra. Qual?___________________________________

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C. CARACTERIZAÇÃO INDIVIDUAL

18. Sexo:

Masculino Feminino

19. Qual a sua data de nascimento? |___|___| / |___|___| / |___|___|___|___|

20. De onde é natural?

Portugal Outro país Qual? _____________________________

21. Onde reside atualmente?

Distrito _____________________________________

Concelho _____________________________________

22. Qual é o seu estatuto marital?

Solteiro/a

Casado/a

União de facto

Viúvo/a

Divorciado/a ou separado/a

23. Qual o grau de escolaridade mais elevado que completou?

Nenhum e não sabe ler, nem escrever

Nenhum, mas sabe ler e escrever

1º ciclo do ensino básico (4º ano)

2º ciclo do ensino básico (6º ano)

3º ciclo do ensino básico (9º ano)

Ensino secundário (12º ano)

Bacharelato

Licenciatura

Mestrado

Doutoramento

24. Qual a sua situação profissional atual?

Empregado/a

Trabalhador/a familiar não remunerado

Desempregado/a

Estudante/ em formação profissional

Reformado/a ou pré-reformado/a

Doméstica

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25. Qual é/foi a sua profissão principal? (por favor, descreva o que faz/fazia com pormenor)

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

26. Algumas pessoas consideram que a sociedade portuguesa está dividida em classes

sociais. Das seguintes classes, em qual delas é que o Sr./Sra. se incluiria?

Baixa

Média baixa

Média alta

Alta

27. Diga-me, por favor, qual dos seguintes escalões corresponde ao rendimento mensal total

líquido de todas as pessoas que vivem na sua casa (o rendimento total depois de deduzidas as

contribuições para a segurança social e outros impostos)?

≤ 500 €

501-1000 €

1001-1500 €

1501-2000 €

2001-2500 €

> 2500 €

28. Qual é a sua religião?

Católica

Protestante

Outra cristã

Não cristã

Nenhuma religião

29. Com que frequência participa em eventos religiosos?

Várias vezes por semana

Uma vez por semana

Duas ou três vezes por mês

Várias vezes por ano

Uma vez por ano

Nunca