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    OrdoTempli

    OrdemSoberana e Militar do Templo deJerusalm Universal

    Prioratus Ibericus

    Estudos I

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    OrdoTempli

    OrdemSoberana e Militar do Templo deJerusalm Universal

    Prioratus Ibericus

    Estudos I

    O Livro da Ordem de Cavalaria

    Ramon Llull

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    Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolimitani Universalis

    (c) 1994 / 2013 - Magisterial Council / Prioratus Ibericus / Luis de Matos

    "Estudos I - O Livro da Ordem de Cavalaria"

    Ramon Llull (1232-1316)Trad.: Ricardo da COSTA (c)[email protected]: Rui Vieira da Cunha (IHGB)1 Edio - Abril 2013Akademia Templria de Sintraakademia.osmthu.org

    Reservados todos os direitos. proibida a reproduo total ou parcial desta publicao.Destina-se exclusivamente a uso privado.

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    O Livro da Ordem de Cavalaria

    Ramon Llull

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    ndice

    Inicia o Prlogo 9

    I.Do Comeo de Cavalaria 13

    II.Do Ofcio Que Pertence ao Cavaleiro 17

    III.Do Exame do Escudeiro que Deseja Entrar na Ordemde Cavalaria 27

    IV.Da Maneira Segundo a Qual o Escudeiro Deve Recebera Cavalaria 33

    V.Do Significado Que Existe Nas Armas de Cavaleiro 37

    VI.Dos Costumes Que Pertencem ao Cavaleiro 43

    VII.Da Honra Que Deve ser Feita ao Cavaleiro 51

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    Deus honrado, glorioso, que sois cumprimento de todosos bens, por vossa graa e vossa bno comea este livro

    que da Ordem de Cavalaria.

    Inicia o Prlogo1

    Por significao dos VII planetas, que so corpos celestiais e governam e ordenamos corpos terrenais, dividimos este Livro de cavalaria em VII partes, parademonstrar que os cavaleiros tem honra e senhorio sobre o povo para o ordenar edefender.

    A primeira parte do comeo de cavalaria; a segunda, do ofcio de cavalaria; aterceira, do exame que convm que seja feito ao escudeiro com vontade de entrarna ordem de cavalaria; a quarta, da maneira segundo a qual deve ser armado ocavaleiro; a quinta, do que significam as armas do cavaleiro; a sexta dos costumesque pertencem ao cavaleiro; a stima, da honra que se convm ser feita aocavaleiro.

    2

    Em uma terra aconteceu que um sbio cavaleiro que longamente havia mantido a

    ordem de cavalaria na nobreza e fora de sua alta coragem, e a quem a sabedoria eventura o haviam mantido na honra da cavalaria em guerras e em torneios, emassaltos e em batalhas, elegeu a vida ermit quando viu que seus dias eram breves ea natureza o impedia, pela velhice, de usar as armas. Ento, desamparou suasherdades e herdou-as a seus infantes, e em um bosque grande, abundante de guase rvores frutuosas, fez sua habitao e fugiu do mundo para que oenfraquecimento de seu corpo, no qual chegara pela velhice, no lhe desonrassenaquelas coisas que, com sabedoria e ventura ao longo do tempo o haviam honradotanto. E, por isso, o cavaleiro cogitou na morte, relembrando a passagem deste

    sculo ao outro, e entendeu a sentena perdurvel a qual havia de vir.

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    Em um belo prado havia uma rvore muito grande, toda carregada de frutos, ondeo cavaleiro vivia naquela floresta. Debaixo daquela rvore havia uma fonte muitobela e clara, da qual eram abundantes o prado e as rvores que ali eram ao redor. E

    o cavaleiro havia em seu costume, todos os dias, de vir quele lugar adorar econtemplar e pregar a Deus, a qual fazia graas e mercs da grande honra que Lhehavia feito todos os tempos de sua vida neste mundo.

    4

    Em aquele tempo, na entrada do grande inverno, aconteceu que um grande reimuito nobre e de bons e bem abundantes costumes, mandou haver cortes. E pelagrande fama que tinha nas terras de suas cortes, um escudeiro de assalto, s,cavalgando em seu palafrm, dirigia-se corte para ser armado novo cavaleiro; e

    pelo esforo que havia suportado em sua cavalgada, enquanto ia em seu palafrm,adormeceu; e naquela hora, o cavaleiro que na floresta fazia sua penitncia chegou fonte para contemplar a Deus e menosprezar a vaidade daquele mundo, segundoque cada um dos dias havia se acostumado.

    5

    Enquanto o escudeiro cavalgava assim, seu palafrm saiu do caminho e meteu-sepelo bosque, e andou to vontade pelo bosque, at que chegou na fonte onde ocavaleiro estava em orao. O cavaleiro, que viu chegar o escudeiro, deixou sua

    orao e assentou-se no belo prado, sombra da rvore, e comeou a ler em umlivro que tinha em sua falda. O palafrm, quando foi fonte, bebeu da gua; e oescudeiro, que sentiu em sua dormncia que seu palafrm no se movia, despertoue viu diante de si o cavaleiro, que era muito velho e tinha grande barba e longoscabelos e rotas vestes por seu uso; e pela penitncia que fazia, era magro e plido, epelas lgrimas que vertia, seus olhos eram humildes, tudo dando uma aparncia devida muito santa.

    Muito se maravilharam um do outro, pois o cavaleiro havia longamente estado emseu eremitrio, no qual no havia visto nenhum homem depois de haver

    desamparado o mundo e deixado de portar armas; e o escudeiro se maravilhoufortemente como tinha chegado naquele lugar.

    6

    O escudeiro desceu de seu palafrm saudando agradavelmente o cavaleiro, e ocavaleiro o acolheu o mais belamente que pde, e sentaram-se na bela erva, um aolado do outro. O cavaleiro, que percebeu que o escudeiro no queria primeiramentefalar porque lhe queria dar honra, falou primeiramente e disse:

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    Belo amigo, qual a vossa coragem, onde ides e por que vieste aqui?

    Senhor disse o escudeiro fama por longnquas terras que um rei muitosbio mandou haver cortes, e far a si mesmo cavaleiro e logo armar cavaleirosoutros bares estrangeiros e privados. E por isso, eu vou quela corte para ser novo

    cavaleiro; e meu palafrm, enquanto dormia pelo trabalho que tive nas grandesjornadas, conduziu-me neste lugar.

    7

    Quando o cavaleiro ouviu falar de cavalaria e relembrou a ordem de cavalaria e oque pertencente ao cavaleiro, verteu um suspiro e entrou em consideraeslembrando a honraria no qual a cavalaria o havia mantido tanto tempo. Enquantoo cavaleiro assim cogitava, o escudeiro perguntou ao cavaleiro quais eram suasconsideraes. O cavaleiro disse:

    Belo filho, meus pensamentos so sobre a ordem de cavalaria e do grande deverque do cavaleiro manter a alta honra de cavalaria.

    8

    O escudeiro rogou ao cavaleiro que lhe dissesse o que era a ordem de cavalaria, ede que maneira o homem pode melhor honr-la e conservar a honra que Deus lhehavia dado.

    Como, filho? disse o cavaleiro e tu no sabes qual a regra e a ordem dacavalaria? E como tu podes aspirar cavalaria se no tem sapincia da ordem decavalaria? Pois nenhum cavaleiro pode manter a ordem que no sabe, nem podeamar sua ordem, nem o que pertence sua ordem, se no sabe a ordem decavalaria, nem sabe conhecer as faltas que so contra sua ordem. Nem nenhumcavaleiro deve ser cavaleiro se no sabe a ordem de cavalaria, porque desonradocavaleiro que faz cavaleiro e no sabe lhe mostrar os costumes que pertencem aocavaleiro.

    9

    Enquanto o cavaleiro dizia aquelas palavras e repreendia o escudeiro que desejavacavalaria, o escudeiro perguntou ao cavaleiro:

    Senhor, se a vs aprouver dizer-me em que consiste a ordem de cavalaria, assimsentirei coragem de aprender a ordem e seguir a regra e a ordem de cavalaria.

    Belo amigo disse o cavaleiro a regra e a ordem de cavalaria esto nestelivro que leio algumas vezes para que me faa relembrar a graa e a merc que

    Deus me fez neste mundo; porque eu honrei e mantive a ordem de cavalaria com

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    todo meu poder; porque assim como a cavalaria d tudo que pertence ao cavaleiro,assim o cavaleiro deve empenhar todas as suas foras para honrar a cavalaria.

    10

    O cavaleiro entregou o livro ao escudeiro; e quando o escudeiro acabou de o ler,entendeu que o cavaleiro um eleito entre mil homens para haver o mais nobreofcio de todos, e tendo ento entendido a regra e ordem de cavalaria, pensouconsigo um pouco e disse:

    Ah, senhor Deus! Bendito sejais Vs, que me haveis conduzido em lugar e emtempo para que eu tenha conhecimento de cavalaria, a qual foi longo tempodesejada sem que soubesse a nobreza de sua ordem nem a honra em que Deus pstodos aqueles que so da ordem da cavalaria.

    11Amvel filho disse o cavaleiro eu estou perto da morte e meus dias no somuitos, ora, como este livro foi feito para retornar a devoo e a lealdade e oordenamento que o cavaleiro deve haver em ter sua ordem, por isso, belo filho,portai este livro corte onde ides e mostrai-o a todos aqueles que desejam ser novoscavaleiros; guardai-o e apreciai-o se amais a ordem de cavalaria. E quando foresarmado novo cavaleiro, retornai a este lugar e dizei-me quais so aqueles que foramfeitos novos cavaleiros e no foram to obedientes doutrina da cavalaria.

    12O cavaleiro deu sua bno ao escudeiro, e o escudeiro pegou o livro e muitodevotadamente se despediu do cavaleiro, e subiu em seu palafrm e se foi para acorte muito alegremente. E sbia e ordenadamente deu e apresentou aquele livro aomuito nobre rei e toda a grande corte, e permitiu que todo cavaleiro que quisesseentrar na ordem de cavalaria o pudesse trasladar, para que de vez em quando olesse e recordasse a ordem de cavalaria.

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    I.

    Do Comeo de Cavalaria1

    Faltou caridade, lealdade, justia e verdade no mundo; comeou inimizade,deslealdade, injria, falsidade; e por isso surgiu erro e turvamento no povo deDeus, que foi criado para que Deus fosse amado, conhecido, honrado, servido etemido pelo homem.

    2

    No comeo, como veio ao mundo menosprezo de justia devido mngua decaridade, conveio que a justia retornasse sua honra pelo temor. E por isso, detodo o povo foram feitos milenaristas e de cada mil foi eleito e escolhido umhomem, mais amvel, mais sbio, mais leal e mais forte, e com mais nobrecoragem, com mais ensinamentos e de bons modos que todos os outros.

    3

    Buscou-se em todas as bestas qual era a mais bela besta e a mais veloz, e a que

    pudesse sustentar maior trabalho, e qual era a mais conveniente para servir aohomem; e porque o cavalo a mais nobre besta e a mais conveniente a servir ao

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    homem, por isso, de todas as bestas, o homem elegeu o cavalo, que foi doado aohomem que foi dos mil homens eleito; e por isso aquele homem tem o nome decavaleiro.

    4

    Ajustada a mais nobre besta ao mais nobre homem, seguidamente conveio que ohomem elegesse e escolhesse de todas as armas, aquelas armas que so mais nobrese mais convenientes para o combate e para defender o homem das feridas e damorte, e aquelas armas o homem doou e apropriou ao cavaleiro.

    5

    Quem quer entrar na ordem de cavalaria lhe convm meditar e pensar no nobrecomeo de cavalaria e convm que a nobreza de sua coragem e seus bons modos

    concordem e convenham ao comeo da cavalaria, pois, se assim no o faz,contrrio seria ordem de cavalaria e a seus princpios. E por isso, no se convmque a ordem de cavalaria receba seus inimigos em suas honras, nem aqueles queso contrrios a seus princpios

    6

    Amor e temor so convenientes contra desamor e menosprezo; e por isso, convmque o cavaleiro, por nobreza de coragem e de bons costumes e pela honra to alta eto grande na qual lhe foi feita por eleio, e pelo cavalo e pelas armas, seja amado

    e temido pelas gentes, e que pelo amor retornassem a caridade e ensinamento, epelo temor retornassem a verdade e a justia.

    7

    O homem, enquanto possui sensatez e entendimento e de mais forte natureza quea fmea, pode ser melhor que a mulher, porque se no fosse to poderoso e bomcomo a fmea, seguir-se-ia que bondade e fora de natureza fosse contrria bondade de corao e boas obras. Logo, assim como o homem por sua natureza mais aparelhado a haver nobre coragem e ser bom que a fmea, assim o homem mais aparelhado a ser vil que a mulher; pois, se assim no fosse, no seria dignoque tivesse maior nobreza de corao e maior mrito de ser bom que a fmea.

    8

    Guarda, escudeiro, que fars se abraares a ordem de cavalaria; porque se scavaleiro, tu recebes a honra e a servido que se convm aos amigos de cavalaria.Porque quanto mais nobres princpios tens, mais obrigado a ser bom e agradar aDeus e s gentes; e se s vil, tu sers o maior inimigo de cavalaria, e mais contrrioa seus princpios e sua honra.

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    To alta e nobre a ordem do cavaleiro que no bastou ordem que o homem afizesse das mais nobres pessoas; nem que o homem lhe doasse as bestas maisnobres nem lhe desse as mais honradas armas, antes conveio ao homem que se

    fizessem senhores das gentes aqueles homens que so da ordem da cavalaria.

    E porque no senhorio h tanto de nobreza, e na servido tanto de submisso, se tu,que abraas a ordem de cavalaria, fores vil e malvado, poder pensar qual injriafazes a todos seus submetidos e a todos companheiros que so bons, porque pelavileza em que ests, deverias ser sdito, e pela nobreza dos cavaleiros que so bons,s indigno de ser chamado cavaleiro.

    10

    Eleio, nem cavalo, nem armas, nem senhoria no bastam alta honra quepertence ao cavaleiro; antes convm que o homem lhe d escudeiro e palafreneiroque o sirvam e que cuidem das bestas. E convm que as gentes arem e cavem etraguem o mal para que a terra lhe d os frutos de que viva o cavaleiro e suasbestas; e que o cavaleiro cavalgue e senhoreie e haja bem-aventurana daquelascoisas em que seus homens so maltratados e sofrem malefcios.

    11

    Cincia e doutrina tm os clrigos para poder a sapincia e querer amar, conhecer e

    honrar a Deus e suas obras, e para dar doutrina s suas gentes e bom exemplo emamar e honrar a Deus; e para que sejam ordenados nestas coisas, aprendem e estoem escolas. Logo, assim como os clrigos, por honesta vida e por bom exemplo epor cincia, tm ordem e ofcio de inclinar as gentes devoo e boa vida, assimos cavaleiros, por nobreza de coragem e por fora das armas mantm a ordem decavalaria, tm a ordem em que esto para que inclinem as gentes ao temor, peloqual temem fazer falta uns homens contra outros.

    12

    A cincia e a escola da ordem de cavalaria que cavaleiro faa ensinar a seu filhocavalgar em sua juventude; pois, se o infante em sua juventude no aprender acavalgar no poder aprender em sua velhice. E ao filho do cavaleiro convm queenquanto escudeiro, saiba cuidar do cavalo. E ao filho de cavaleiro convm queantes seja sdito que senhor, e que saiba servir ao senhor, pois de outra maneirano conheceria a nobreza de seu senhorio quando fosse cavaleiro. E por isso ocavaleiro deve submeter seu filho a outro cavaleiro para que aprenda a cortar e a seguarnecer e as outras coisas que pertencem honra da cavalaria.

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    Quem ama a ordem de cavalaria convm que, assim como aquele que deseja sercarpinteiro tem mestre que seja carpinteiro e aquele que deseja ser sapateiroconvm que tenha mestre que seja sapateiro, assim quem deseja ser cavaleiro

    convm que tenha mestre que seja cavaleiro, porque coisa inconveniente queescudeiro aprenda a ordem de cavalaria de outro homem, mas de homem que sejacavaleiro, como seria coisa inconveniente se o carpinteiro ensinasse ao homem quedesejasse ser sapateiro.

    14

    Assim como os juristas e os mdicos e os clrigos nas cincias e livros, ouvem alio e aprendem seu ofcio por doutrina de letras, to honrada e alta a ordem decavalaria que no to somente basta que ao escudeiro seja ensinada a ordem de

    cavalaria para cuidar do cavalo nem para servir senhor nem para ir com ele aosfeitos de armas nem para outras coisas semelhantes a estas; como ainda seria coisaconveniente que o homem da ordem de cavalaria fizesse escola, e que fosse cinciaescrita em livros e que fosse arte ensinada, assim como so ensinadas as altascincias; e que os infantes filhos dos cavaleiros, em seus princpios, queaprendessem a cincia que pertence cavalaria, e depois que fossem escudeiros eque andassem pelas terras com os cavaleiros.

    15

    Se faltas no houvesse em clrigos nem em cavaleiros, apenas faria faltas em outrasgentes; porque, pelos clrigos todo homem teria amor e devoo a Deus, e peloscavaleiros todos temeriam injuriar seu prximo. Ora, se os clrigos tm mestre edoutrina e esto em escolas para serem bons, e se h tantas cincias em doutrina eem letras, injria muito grande feita ordem de cavalaria porque no assimuma cincia ensinada pelas letras e que no seja feita escola como so nas outrascincias. Logo, por isso, aquele que compe este livro suplica ao nobre rei e todasua corte que est reunida para a honra de cavalaria, que seja satisfeita e restituda ahonrada ordem de cavalaria, que agradvel a Deus.

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    II.

    Do Ofcio Que Pertence ao Cavaleiro1

    Ofcio de cavaleiro o fim e a inteno pelos quais foi principiada a ordem decavalaria. Logo, se o cavaleiro no cumpre com o ofcio de cavalaria contrrio sua ordem e aos princpios de cavalaria acima ditos; pela qual contrariedade no verdadeiro cavaleiro, mesmo sendo chamado cavaleiro, e esse tal cavaleiro maisvil que o tecelo e o trompeteiro que seguem seu ofcio.

    2

    Ofcio de cavaleiro manter e defender a santa f catlica pela qual Deus, o Pai,enviou seu Filho para encarnar na virgem gloriosa Nossa Senhora Santa Maria, e

    para a f ser honrada e multiplicada sofreu neste mundo muitos trabalhos e muitasafrontas e grande morte. Da que, assim como nosso senhor Deus elegeu clrigospara manter a Santa F com escrituras e com provaes necessrias, pregandoaquela aos infiis com to grande caridade que at a morte foi por eles desejada,assim o Deus da glria elegeu cavaleiros que por fora das armas venam esubmetam os infiis que cada dia pugnam em destruir a Santa Igreja. Por isso, Deushonrou neste mundo e no outro tais cavaleiros que so mantenedores e defensoresdo ofcio de Deus e da f pela qual nos havemos de salvar.

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    Cavaleiro que tem f e no usa da f e contrrio queles que mantm a f, assimcomo entendimento de homem a quem Deus tem dado a razo e usa de desrazo ede ignorncia. Ocorre que, quem tem f e contrrio f quer ser salvo justamente

    por isso ao qual contra, e por isso sua vontade concorda com a descrena que contrria f e salvao, pela qual descrena o homem condenado a trabalhosque no tm fim.

    4

    Muitos so os ofcios que Deus tm dado neste mundo para ser servido peloshomens; mas todos os mais nobres, os mais honrados, os mais prximos dos ofciosque existem neste mundo so ofcio de clrigo e ofcio de cavaleiro; e por isso, amaior amizade que deveria existir neste mundo deveria ser entre clrigo e cavaleiro.

    Logo, assim como o clrigo no segue a ordem de clerezia quando contra aordem de cavalaria, assim, cavaleiro no mantm ordem de cavalaria quando contrrio e desobediente aos clrigos, que so obrigados a amar e a manter a ordemde cavalaria.

    5

    Uma ordem no consiste to somente nos homens que amam sua ordem, seno queconsiste neles quando amam outras ordens. Por isso, amar uma ordem e desamaroutra ordem no manter a ordem, porque nenhuma ordem Deus fez contrria a

    outra ordem. Logo, assim como algum homem religioso que amasse tanto suaordem que fosse inimigo de outra, ordem no seguiria, assim cavaleiro no temofcio de cavaleiro quando ama tanto sua ordem que menospreza e desama outraordem. Porque, se cavaleiro tivesse a ordem de cavalaria desamando e destruindooutra ordem, seguir-se-ia que Deus e ordem fossem contrrios, a qual contrariedade impossvel.

    6

    Tanto nobre coisa o ofcio de cavaleiro que cada cavaleiro deveria ser senhor e

    regedor de terra; mas, para os cavaleiros, que so muitos, no bastam as terras. E,para significar que um s Deus senhor de todas as coisas, o imperador deve sercavaleiro e senhor de todos os cavaleiros; mas, porque o imperador no poderia porsi manter e reger todos os cavaleiros, convm que tenha abaixo de si reis que sejamcavaleiros, para que o ajudem a manter a ordem de cavalaria. E os reis devemhaver abaixo de si condes, condores, varvesores, e assim os outros graus decavalaria; e debaixo destes graus devem estar os cavaleiros de um escudo, os quaissejam governados e possudos pelos graus de cavalaria acima ditos.

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    Para demonstrar o excelente senhorio, sabedoria e poder de nosso senhor Deus,que uno e pode e sabe reger e governar tudo o quanto , incoveniente coisa seriaque um cavaleiro pudesse por si s manter e reger todas as gentes deste mundo;

    porque se o fizesse, no seriam to bem significados o senhorio, o poder, asabedoria de Nosso Senhor Deus. Por isso, Deus quis que, para reger todas asgentes deste mundo, haja mister muitos oficiais que sejam cavaleiros; da que o reiou o prncipe que fizer procuradores, vegueres , bailios, de outros homens que nosejam cavaleiros o faz contra o ofcio de cavalaria, dado que seja mais convenienteque o cavaleiro, segundo dignidade de seu ofcio, senhoreie o povo do que outroshomens. Pois, pela honra de seu ofcio, lhe deve esse feito mais de honra que aoutro homem que no seja to honrado no ofcio; e pela honra em que se encontrapela sua ordem, tem nobreza de corao, e pela nobreza de coragem, se inclina

    mais tarde maldade e ao engano e a feitos vis, que outro homem.8

    Ofcio de cavaleiro manter e defender o senhor terreno, pois o rei, nem o prncipe,nem nenhum outro baro sem ajuda poderia manter justia em suas gentes; logo, seum povo ou algum homem contra o mandamento do rei ou do prncipe, convmque os cavaleiros ajudem a seu senhor, que um homem sozinho, assim comoqualquer outro homem. Logo, o cavaleiro malvado que antes ajuda o povo que aseu senhor, ou que quer ser senhor e quer despossuir seu senhor, no segue o ofcio

    pelo qual chamado cavaleiro.9

    Pelos cavaleiros deve ser mantida justia, porque, assim como os juzes tm ofciode julgar, assim os cavaleiros tm ofcio de manter justia. E se cavaleiro e letraspudessem convir to fortemente que cavaleiro por cincia bastasse para ser juiz [...]como de cavaleiro; porque aquele por quem justia pode ser melhor mantida mais conveniente para ser juiz que outro homem, com o que o cavaleiro conveniente a ser juiz-cavaleiro.

    10

    Cavalgar, justar, lanar a tvola, andar com armas, torneios, fazer tvolasredondas, esgrimir, caar cervos, ursos, javalis, lees, e as outras coisas semelhantesa estas que so ofcio de cavaleiro; pois por todas essas coisas se acostumam oscavaleiros a feitos de armas e a manter a ordem de cavalaria. Ora, menosprezar ocostume e a usana disso pelo qual o cavaleiro mais preparado a usar de seu ofcio menosprezar a ordem de cavalaria.

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    Assim com todos estes usos acima ditos pertencem ao cavaleiro quanto ao corpo,assim justia, sabedoria, caridade, lealdade, verdade, humildade, fortaleza,esperana, esperteza e as outras virtudes semelhantes a estas pertencem ao cavaleiro

    quanto alma. E, por isso, o cavaleiro que usa destas coisas que pertencem ordem de cavalaria quanto ao corpo, e no usa quanto alma daquelas virtudesque pertencem cavalaria, no amigo da ordem de cavalaria, porque se o fosse,seguir-se-ia que o corpo e a cavalaria juntos fossem contrrios alma e suasvirtudes, e isso no verdade.

    12

    Ofcio de cavaleiro manter terra; porque pelo pavor que as gentes tm doscavaleiros, duvidam em destruir as terras, e por temor dos cavaleiros, duvidam os

    reis e os prncipes vir uns contra os outros. Mas o malvado cavaleiro que no ajudaa seu senhor terrenal, natural, contra outro prncipe cavaleiro sem ofcio, e assim com f sem obra, e assim com descrena, que contra a f. Logo, se esse talcavaleiro seguisse a ordem e seu ofcio de cavalaria, cavalaria e sua ordem seriaminjuriosas ao cavaleiro que combate at a morte por justia e pelo seu senhor, parao manter e o defender.

    13

    Nenhum ofcio h que seja feito que no possa ser desfeito; porque se o que feito

    no pudesse ser desfeito nem destrudo, s o que feito seria semelhante a Deus,que no feito nem pode ser destrudo. Logo, como o ofcio de cavalaria feito eordenado por Deus e se mantm por aqueles que amam a ordem de cavalaria e queesto na ordem de cavalaria, por isso, o malvado cavaleiro que se vai da ordem decavalaria desama o ofcio da cavalaria, desfaz em si mesmo a cavalaria.

    14

    Rei ou prncipe que desfaz em si mesmo ordem de cavaleiro no to somentedesfaz cavaleiro em si mesmo como tambm aos cavaleiros que lhe so submetidos;

    os quais, pelo mau exemplo de seu senhor e para que sejam amados por ele eseguirem seus malvados ensinamentos, fazem o que no pertence cavalaria nem sua ordem. E por isso, os malvados prncipes no tanto smente so contrrios emsi mesmo ordem de cavalaria, que tambm o so em seus submetidos, nos quaisse desfaz a ordem de cavalaria. Logo, se expulsar um cavaleiro da ordem decavalaria grande malvadez, muito e grande vileza de corao, quanto mais o quem muitos cavaleiros expulsa da ordem de cavalaria!

    15

    Ah, como grande a fora de coragem no cavaleiro que vence e apodera muitosmalvados cavaleiros! O qual cavaleiro prncipe ou alto baro que ama tanto a

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    ordem de cavalaria que, para muitos malvados homens que so chamadoscavaleiros e que cada dia lhe aconselhem que faa maldades, faltas e enganos paradestruir em si mesmo a cavalaria, e o bem-aventurado prncipe, s com a nobrezade seu corao e com a ajuda que lhe faz a cavalaria e sua ordem destri e vencetodos os inimigos da cavalaria.

    16

    Se cavalaria fosse em fora corporal mais que em fora de coragem, seguir-se-ia quea ordem de cavalaria concordaria mais fortemente com o corpo que com a alma, ese ento fosse, o corpo teria maior nobreza que a alma. Logo, como nobreza decoragem no pode ser vencida nem apoderada por um homem nem por todos oshomens que so, e um corpo ser vencido por outro e preso, o malvado cavaleiroque tem mais fortemente a fora do corpo quando foge da batalha e desampara seusenhor, que pela maldade e a fraqueza de sua coragem, no usa do ofcio decavaleiro nem servidor nem obediente honrada ordem de cavalaria, que foiiniciada pela nobreza de coragem.

    17

    Se a menor nobreza de coragem fosse melhor conveniente com a ordem decavalaria que a maior, concordar-se-iam fraqueza e covardia com cavalaria contraardor e fora de coragem; e se isto fosse assim, fraqueza e covardia seriam ofcio decavaleiro, e ardor e fora desordenariam a ordem de cavalaria. Logo, como isto sejao contrrio, por isto, se tu, cavaleiro, queres e amas muito a cavalaria, te convmesforar para que, quanto mais fortemente tiver faltas de companheiros e de armase de mantimentos, ajas ardorosamente e com coragem e esperana contra aquelesque so contrrios cavalaria. E se tu morres para manter a cavalaria, ento tu tensa cavalaria naquilo que mais pode amar e servir e ter, porque cavalaria em nenhumlugar est to agradavelmente como em nobreza de coragem; e nenhum homemno pode mais amar nem honrar nem ter cavalaria que aquele que morre pelahonra e a ordem de cavalaria.

    18

    Cavalaria e ardor no se convm sem sabedoria e sentido, porque se o fizessem,loucura e ignorncia seriam convenientes ordem de cavalaria; e se isto fosseassim, sabedoria e sentido, que so contrrios a loucura e ignorncia, seriamcontrrios ordem, e isso impossvel, pela qual impossibilidade significado a ti,cavaleiro que tens grande amor ordem de cavalaria, que assim como cavaleiro,por nobreza de coragem, te faz haver ardor e te faz menosprezar os perigos, paraque a cavalaria possas honrar; assim ordem de cavalaria convm que se faaamar sabedoria e sentido, e que busquem honrar a ordem de cavalaria contra odesordenamento e o falecimento que existem naqueles que cuidam seguir a honra

    da cavalaria pela loucura e pela mngua de entendimento.

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    Ofcio de cavaleiro manter vivas, rfos, homens despossudos; porque assimcomo costume e razo que os maiores ajudem a defender os menores, e osmenores achem refgio nos maiores, assim, costume da ordem de cavalaria que,

    por isso porque grande e honrada e poderosa, v em socorro e ajuda a aqueles quelhe so debaixo em honra e em fora. Logo, se isto assim, se forar vivas quetem mister de ajuda, e deserdar rfos, que tem mister de protetor, e roubar edestruir os homens mesquinhos e despossudos, a quem o homem deve empenhar,se concorda com a ordem de cavalaria, maldade e engano e crueldade e falta seconvm ordem e nobreza e honra; e se isto assim, ento cavaleiro e suaordem so contrrios aos princpios da ordem de cavalaria.

    20

    Se Deus deu olhos ao mesteiral para que veja obrar, ao homem pecador deu olhospara que possa chorar seus pecados, e se ao cavaleiro deu o corao para que sejacmara onde esteja a nobreza de sua coragem, ao cavaleiro que tem na fora e emsua honra deu corao para que nele tenha piedade de merc para ajudar e salvar eguardar aqueles que levam os olhos a chorar e os coraes com esperana aoscavaleiros, que os ajudem e os defendam e os protejam de suas necessidades. Logo,cavaleiro que no tenha olhos para que veja os despossudos, nem corao parapensar suas necessidades, no verdadeiro cavaleiro nem est na ordem decavalaria, porque to alta coisa e nobre a cavalaria, que todos aqueles que so

    obcecados e tem vil coragem expulsa de sua ordem e de seu benefcio.21

    Se cavalaria, que to honrado ofcio, fosse ofcio de roubar e de destruir os pobrese os despossudos, e de enganar e de forar as vivas e as outras fmeas, bemgrande e bem nobre ofcio seria ajudar e manter rfos e vivas e pobres. Logo, se oque maldade e engano fosse na ordem de cavalaria que to honrada, e pormaldade e por falsidade e traio e crueldade cavalaria se mantm em sua honra,muito mais fortemente sobre cavalaria seria honrada ordem que fizesse honra pela

    lealdade e cortesia e liberalidade e piedade!22

    Ofcio de cavaleiro haver castelo e cavalo para guardar os caminhos e paradefender os lavradores. Ofcio de cavaleiro ter vilas, cidades, para manter em justaharmonia as suas gentes e para congregar e ajustar carpinteiros em um lugar,ferreiros, sapateiros, drapeiros, mercadores, e outros ofcios que pertencem aoordenamento deste mundo, e que so necessrios a conservar o corpo a suasnecessidades. Logo, se os cavaleiros para manter seu ofcio so to bem alojados

    que so senhores de castelos e vilas e cidades, se destruir vilas, castelos, cremarcidades, cortar as rvores, as plantas, e matar o bestirio e roubar os caminhos fosse

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    ofcio e ordem de cavaleiro, obrar e edificar castelos, fortes, vilas, cidades, defenderlavradores ter atalaias para manter os caminhos seguros, e as outras coisassemelhantes a estas seria desordenamento da cavalaria; e se isto fosse assim, arazo pela qual a cavalaria constituda seria uma nica mesma coisa com o seudesordenamento e seu contrrio.

    23

    Traidores, ladres, salteadores devem estar sob o encalo dos cavaleiros, porqueassim como o machado feito para destruir as rvores, assim cavaleiro tem seuofcio para destruir os maus homens. Logo, se cavaleiro salteador, ladro, traidor,e os salteadores, traidores e ladres devem ser mortos pelos cavaleiros, e presos, seo cavaleiro que ladro ou traidor ou salteador quer usar de seu ofcio e usa emoutro de seu ofcio, mate e prenda a si mesmo; e se em si mesmo no for usar deseu ofcio, e usa em outro de seu ofcio, com ordem de cavalaria se convm melhorem outro que em si mesmo. No coisa lcita que nenhum homem mate a simesmo, e por isso cavaleiro que seja ladro, traidor e salteador deve ser destrudo emorto por outro cavaleiro. E cavaleiro que sofre e mantenha cavaleiro traidor,salteador, ladro, no usa de seu ofcio; porque se usasse de seu ofcio, contra seuofcio faria se os homens ladres, traidores que no so cavaleiros matasse edestrusse.

    24

    Se tu, cavaleiro, tem dor ou algum mal em uma mo, aquele mal mais prximo estda outra mo que de mim ou outro homem; logo, cavaleiro que seja traidor eladro e salteador mais prximo est seu vcio e sua falta a ti, que s cavaleiro, quea mim, que no sou cavaleiro. Logo, se o teu mal te d mais trabalho que o meu,porque escusas e mantns cavaleiro um inimigo da honra de cavalaria? E porqueblasfemas os homens que no so cavaleiros pelas faltas que fazem?

    25

    Cavaleiro ladro maior latrocnio faz alta honra de cavalaria quando se retira delaou quando ela retira o seu nome, que quando rouba dinheiro ou outras coisas;

    porque roubar honra dar vileza e m fama quela coisa que digna de ser louvadae honrada; e como honra e honradez valem mais que dinheiro, que ouro e prata,por isso maior falta envilecer a cavalaria que roubar dinheiro e outras coisas queno so a cavalaria. E se isto no fosse assim, seguir-se-ia que dinheiro e as coisasque o homem rouba seriam melhores que o homem, ou que era maior latrocnioroubar um dinheiro do que roubar muitos dinheiros.

    26

    Se homem traidor que mata seu senhor ou dorme com sua mulher ou se entrega seu

    castelo cavaleiro, que coisa o homem que morre para honrar e defender seusenhor? E se o cavaleiro traidor objeto da blandcia de seu senhor, qual falta

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    poder fazer para que seja punido ou repreendido? E se o senhor no mantm ahonra de cavalaria contra seu cavaleiro traidor, quem a manter? E o senhor queno destri seu traidor, qual coisa destruiria, e por que senhor e homem e coisanula?

    27

    Se ofcio de cavaleiro reptar ou combater o traidor, e se ofcio de cavaleiro traidor esconder-se e combater o leal cavaleiro, que coisa ofcio de cavaleiro? E secoragem to malvada como a coragem do cavaleiro traidor cuida vencer coragemdo cavaleiro leal, a alta coragem do cavaleiro que combate pela lealdade, que coisacuida vencer e sobrar? E se o cavaleiro amigo de cavalaria e de lealdade vencido,qual o pecado feito e onde foi parar a honra de cavalaria?

    28

    Se roubar fosse ofcio de cavaleiro, dar seria contrrio ordem de cavalaria; e sedar fosse conveniente a algum ofcio, quanto de valor seria aquele homem quetivesse o ofcio de dar! E se dar as coisas roubadas conviesse com a honra decavalaria, restituir, com quem conviriam? E se tirar o que Deus d deve possuir ocavaleiro, que coisa que o cavaleiro no deve possuir?

    29

    Pouco sabe de encomendar quem ao lobo faminto encomenda suas ovelhas, e

    quem sua mulher bela encomenda ao cavaleiro jovem traidor, e quem seu fortecastelo encomenda ao cavaleiro avaro e salteador. E se um tal homem sabia poucode encomendar suas coisas, quem aquele que seus bens sabe encomendar, e qual aquele que suas encomendas sabe reter e guardar?

    30

    Tem visto algum cavaleiro que seu castelo no queira recuperar? E visto umcavaleiro que no queira sua mulher guardar de cavaleiro traidor? E visto algumcavaleiro salteador que no roube escondido? E se nenhum destes cavaleiros tem

    visto, regra nem ordem os poder retornar ordem de cavalaria.31

    Ter reluzente seu arns e bem cuidado seu cavalo ofcio de cavaleiro. E se jogarsuas armas e seu cavalo ofcio de cavaleiro, donde, ofcio de cavaleiro o que eo que no ; logo, se isto assim, donde ofcio de cavaleiro e no ; logo, comoser e no ser so contrrios, e destruir seu arns no cavalaria, e donde, cavalariasem armas qual coisa ? E por qual razo s nominado cavaleiro?

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    mandamento de lei que o homem no seja perjuro. Logo, se fazer falsamenteuma sagrao no contra a ordem de cavalaria, Deus, que fez o mandamento, ecavalaria, so contrrios; e se o so, onde est a honra de cavalaria, e qual coisa

    seu ofcio? E se Deus e cavalaria so convenientes, convm que jurar falsamenteno se d naqueles que mantm a cavalaria. E se fazer voto e prometer a Deus ejurar em vo no se d no cavaleiro, o que seu e em que est a cavalaria?

    33

    Se justia e luxria se convm, cavalaria, que se convm com justia, se convmcom luxria. E se cavalaria e luxria se convm, castidade, que o contrrio daluxria, contra a honra de cavalaria; e se isto assim, seria verdade que cavaleirosquisessem honrar a cavalaria para manter a luxria. E se justia e luxria so

    contrrios, e cavalaria para manter justia, ento cavaleiro luxurioso e cavalariaso contrrios, e se o so, na cavalaria deveria ser esquivado mais fortemente ovcio da lxria, o que no ; e se fosse punido o vcio da luxria segundo deveria,de nenhuma ordem no seriam expulsos tantos homens como da ordem decavalaria.

    34

    Se justia e humildade fossem contrrias, cavalaria, que concorda com justia, seriacontra a humildade e concordar-se-ia com orgulho. E se cavaleiro orgulhoso

    mantm ofcio de cavalaria, outra cavalaria foi aquela que comeou pela justia epara manter os homens humildes contra os orgulhosos injustos. E se isto assim, oscavaleiros que so destes tempos no esto na ordem na qual eram os outroscavaleiros que foram primeiros; e se estes cavaleiros que agora esto tm a regra eusam o ofcio do qual usavam os primeiros, orgulho nem maldade existem nestescavaleiros que vemos orgulhosos e injuriosos; e se o que parece que seja orgulho einjria nada , ento, humildade e justia em que esto e onde esto e o que so?

    35

    Se justia e paz fossem contrrias, cavalaria, que concorda com justia, seriacontrria paz; e se o , ento estes cavaleiros que so inimigos da paz e amamguerras e trabalhos so cavaleiros, e aqueles que pacificam as gentes e fogem detrabalhos so injuriosos e so contra cavalaria. Logo, se isto assim, e os cavaleirosque agora esto usam do ofcio de cavalaria se so injuriosos e guerreiros eamadores do mal e de trabalhos, pergunto qual coisa eram os primeiros cavaleiros,que se concordavam com justia e com paz, pacificando os homens pela justia epela fora das armas? Pois assim como nos tempos primeiros era ofcio de cavaleiropacificar os homens pela fora das armas, e se os cavaleiros guerreiros injuriosos,

    que esto nestes tempos em que estamos, no esto na ordem de cavalaria nem

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    possuem ofcio de cavaleiro, onde est cavalaria, e quais e quantos so aqueles queesto em sua ordem?

    36

    Muitas maneiras so porque cavaleiro pode e deve usar do ofcio da cavalaria, ecomo ns temos de tratar de outras coisas, por isso ns passamos o maisabreviadamente possvel, e mormente como o fizemos a pedido de um cortsescudeiro, leal, verdadeiro, que por longo tempo tm seguido a regra de cavaleiro,temos feito este livro abreviadamente, porque em breve tempo deve ser armadonovo cavaleiro.

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    III.

    Do Exame do Escudeiro que Deseja

    Entrar na Ordem de Cavalaria1

    Ao examinar o escudeiro convm que o examinador seja cavaleiro amante daordem de cavalaria, porque alguns cavaleiros so que amam maior nmero decavaleiros que sejam bons; e porque cavalaria no observa multido de nmero eama nobreza de coragem e de bons modos, por isso, se o examinador ama maismultido de cavaleiros que nobreza de cavalaria, incoveniente que seja

    examinador, e seria mister que fosse examinado e repreendido da injria que faz alta honra de cavalaria.

    2

    No princpio, convm perguntar ao escudeiro que deseja ser cavaleiro se ama eteme a Deus, porque sem amar e temer a Deus nenhum homem digno de entrarna ordem de cavalaria, e o temor faz vacilar ante as faltas pelas quais cavalariaadquire desonra. Logo, quando sucede que o escudeiro que no ama nem tem Deus feito cavaleiro, se o escudeiro adquire honra por receber cavalaria, cavalaria

    recebe desonra no escudeiro que no a recebe honrando Deus, que tem honrado a

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    cavalaria. E como receber honra e dar desonra no se convm, por isso escudeirosem amor e temor no digno de ser cavaleiro.

    3

    Assim como cavaleiro sem cavalo no se convm com o ofcio de cavalaria, assimescudeiro sem nobreza de coragem no se convm com ordem de cavalaria; porquenobreza de coragem foi o comeo da cavalaria e vileza de coragem a destruioda ordem de cavaleiro. Logo, se escudeiro com vileza de coragem deseja sercavaleiro, ento deseja destruir a ordem que demanda; e se contra a ordem,porque demanda a ordem? E o cavaleiro que faz escudeiro com vileza de coragem,porque desfaz sua ordem?

    4

    No demandes boca nobreza de coragem, porque toda hora no diz verdade.Nem a demandes a honradas vestimentas, porque sob um honrado manto est umvil corao e fraco, onde est maldade e engano; nem nobreza de coragemdemandes ao cavalo, porque no te poder responder; nem demandes nobreza decorao s guarnies nem ao arns, porque dentro das grandes guarnies podeestar traidor corao e malvado. Logo, se desejas encontrar nobreza de coragemdemanda f, esperana caridade, justia, fortaleza, lealdade, e s outras virtudes,porque naquelas est nobreza de coragem, e por aquelas o nobre corao docavaleiro se defende da maldade e do engano e dos inimigos da cavalaria.

    5

    Idade conveniente se convm ao novo cavaleiro. E se muito jovem o escudeiroque deseja ser cavaleiro, no pode haver aprendido os ensinamentos que pertencemao escudeiro antes que seja cavaleiro; e no poder tambm relembrar o queprometeu honra de cavalaria, se na infncia feito novo cavaleiro. E se oescudeiro velho e tem debilidade de corpo e deseja ser cavaleiro, antes que fossevelho fez injria cavalaria, que mantida pelos fortes combatentes e aviltadapelos fracos, despossudos, vencidos, fugitivos.

    6

    Assim como no meio est a medida da virtude e seu contrrio est nos doisextremos, que so vcio, assim cavalaria est na idade que convm ao cavaleiro,porque se no o fosse, seguir-se-ia que contrariedade haveria entre meio e cavalaria,e se houvesse, virtude e cavalaria seriam contrrias. E se o so, tu escudeiro, quedemasiadamente demoras e tardas a ser cavaleiro, porque desejas entrar na ordemde cavalaria?

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    Se por beleza de feies e pelo grande corpo acorde com ruivos cabelos e peloespelho na bolsa, escudeiro deve ser armado cavaleiro o belo filho de campons ouda bela fmea poder ser cavaleiro, e se o fazes, desonras a antigidade da honrada

    linhagem e a menosprezas, e a nobreza que Deus deu mais ao homem que mulherrebaixas em vileza. E por tal menosprezo e desonra aviltas e rebaixas a ordem decavalaria.

    8

    Linhagem e cavalaria se convm e se concordam, porque linhagem no mais quecontinuada honra anci, e cavalaria ordem e regra que se mantm desde ocomeo dos tempos em que foi iniciada, que adentrou at os tempos em queestamos. Logo, porque linhagem e cavalaria se convm, se fazes cavaleiro homem

    que no seja de linhagem, tu fazes ser contrrio linhagem e cavalaria naquilo quefazes; e por isso, aquele que faz cavaleiro contra linhagem e cavalaria, e se o cavaleiro, que isso em que est a cavalaria?

    9

    Se tu tens tanto poder na ordem de cavalaria que a podes meter quem no lheconvm, necessariamente convm que tu ajas de tanto poder que busques tirar daordem de cavalaria aquele que por linhagem conveniente para ser cavaleiro. E secavalaria tem tanta virtude que tu no lhe possa tirar sua honra nem aqueles que

    por linhagem lhe convm, ento tu no podes haver poder para fazer cavaleirohomem vil de linhagem.

    10

    A respeito da natureza corporal, to honrada a natureza nas rvores e nas bestasquanto nos homens; mas, pela nobreza da alma racional, que participa to somentedo corpo do homem, por isso, a natureza tem maior virtude no corpo humano doque no corpo das bestas. Por isso, a ordem de cavalaria consente que, pelos muitosnobres costumes e pelos muitos nobres feitos e pela nobreza do prncipe possa ter a

    cavalaria algum homem de nova honrada linhagem. E se isso no fosse assim,seguir-se-ia que, cavalaria fosse mais conveniente natureza do corpo do que virtude da alma, e isso no verdade, uma vez que a nobreza de coragem queconvm cavalaria, convm melhor com a alma do que com o corpo.

    11

    Segundo o exame do escudeiro que dever ser cavaleiro, convm que se perguntesobre seus ensinamentos e seus costumes, porque se malvados ensinamentos emalvados costumes expulsam da ordem de cavalaria os malvados cavaleiros,

    quanto menos coisa conveniente que malvado escudeiro seja cavaleiro, e queentre na ordem de onde deveria sair por feitos vis e por desagradveis costumes!

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    Se cavalaria se convm to fortemente com valor que todos os amigos de desonraso expulsos de sua ordem, se a cavalaria no recebesse aqueles que tm valor e aamam e a mantm, seguir-se-ia que a cavalaria poderia ser destruda por vileza, e

    no poderia refazer-se em nobreza. E como isso no verdade, por isso tu,cavaleiro que examinas o escudeiro, s mais fortemente obrigado a enxergar valor enobreza no escudeiro que em nenhuma outra coisa.

    13

    Deveis saber por qual inteno o escudeiro tem vontade de ser cavaleiro; porque sequer cavalaria para ser rico ou para senhorear ou para ser honrado, sem fazer honra cavalaria nem honra aos honrados que a cavalaria d honorificncia e honra,amando a cavalaria ama sua desonra, pela qual desonra s indigno que pela

    cavalaria haja riqueza, nem bem-estar nem honorificncia. Assim como inteno sedesmente aos clrigos que so eleitos prelados por simonia, assim malvadoescudeiro desmente sua vontade e sua inteno quando deseja ser cavaleiro contra aordem de cavalaria; e se clrigo em tudo quanto faz contra a prelazia, se h em sisimonia, escudeiro em tudo quanto faz contra a ordem de cavalaria, se com falsainteno possui o ofcio de cavalaria.

    14

    Ao escudeiro que deseja cavalaria convm saber a grande carga de cavalaria e os

    grandes perigos que so destinados a aqueles que desejam manter a cavalaria;porque o cavaleiro deve mais hesitar a censura das gentes do que a morte, evergonha deve dar maior paixo a sua coragem do que a fome, sede, calor, frio ououtra paixo e trabalho a seu corpo. E por isso todos estes perigos devem sermostrados e denunciados ao escudeiro antes que seja armado cavaleiro.

    15

    Cavalaria no pode ser mantida sem o arns que pertence ao cavaleiro, nem sem oshonrados feitos e as grandes despesas que convm ao ofcio de cavalaria. E por isso,

    escudeiro sem armas e que no possua tanta riqueza que possa manter cavalariano deve ser cavaleiro, porque por falta de riqueza falha o arns, e porenfraquecimento do arns e despesas, malvado cavaleiro torna-se roubador, traidor,ladro, mentiroso, falso, e de outros vcios que so contrrios ordem de cavalaria.

    16

    Homem aleijado ou gordo e grande, ou que possua outro vcio em seu corpo peloqual no possa fazer uso do ofcio de cavaleiro no deve estar na ordem decavalaria; porque vileza da ordem de cavalaria se recebe homem que seja

    debilitado, corrompido e incapaz de portar arns. E to nobre e alta a cavalaria

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    em sua honorificncia que nem riqueza, nem nobreza de corao, nem de linhagemno bastam ao escudeiro que seja mutilado em algum membro.

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    Interrogado e investigado deve ser o escudeiro que demanda cavalaria se fezmaldade ou engano que seja contra a ordem de cavalaria; porque tal falta poderhaver feito, e tanto pode crescer falta que fez, que no digno que a cavalaria oreceba em sua ordem, nem que lhe faa companheiro daqueles que mantm ahonra de cavalaria.

    18

    Se o escudeiro tem vanglria do que faz, no parece que seja bom para cavaleiro,porque vanglria vcio que destri os mritos e as recompensas dos bons feitos

    que so dados pela cavalaria. Nem o escudeiro adulador no se convm com oofcio de cavaleiro, porque adulador tem inteno corrompida, pela qual corrupodestri e mutila a vontade e a lealdade que convm coragem do cavaleiro.

    19

    Orgulhoso escudeiro, mal ensinado, sujo em suas palavras e em suas vestimentas,com cruel corao, avaro, mentiroso, desleal, preguioso, irascvel e luxurioso,embriagado, gluto, perjuro, ou que possua outros vcios semelhantes a estes no conveniente ordem de cavalaria. Logo, se cavalaria pudesse receber aqueles que

    so contra sua ordem, seguir-se-ia que ordem e desordenao seriam uma mesmacoisa; logo, como cavalaria seja pura ordenao de valor, por isso deve serexaminado todo escudeiro antes que seja cavaleiro.

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    IV.

    Da Maneira Segundo a Qual o

    Escudeiro Deve Receber a Cavalaria1

    No princpio, quando o escudeiro deve entrar na ordem de cavalaria, convm quese confesse das faltas que fez contra Deus, o qual vai servir na ordem de cavalaria; ese sem pecado, deve receber o corpo de Jesus Cristo segundo o que se convm.

    2

    Para fazer cavaleiro, convm uma festa das honradas do ano, para que pela honrada festa se ajustem muitos homens naquele dia e naquele lugar onde o escudeirodeve ser feito cavaleiro: e que todos orem a Deus pelo escudeiro, que Deus lhe dgraa e bno pela qual seja leal ordem de cavalaria.

    3

    O escudeiro deve jejuar na viglia da festa, por honra do santo da festa. E deve vir aIgreja orar a Deus na noite antes do dia que deve ser feito cavaleiro; deve velar eestar em preces e em contemplao e ouvir palavras de Deus e da ordem de

    cavalaria; e se escuta jograis que cantam e falam de putarias e pecados, no comeo

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    Os sete sacramentos da santa Igreja so estes: batismo, confirmao, o sacrifcio doaltar, a penitncia que o homem faz de seus pecados, as ordens que o bispo fazquando faz presbteros e diconos e subdiconos, matrimnio, uno. Por estes

    sete sacramentos nos havemos de salvar. E a honrar e a cumprir estes setesacramentos obrigado o sacramento da cavalaria; e por isso, pertence a todocavaleiro que saiba quais coisas seu ofcio obrigado.

    8

    De todas estas coisas ditas acima deve pregar o presbtero, e das outras coisas quepertencem cavalaria. E o escudeiro que deseja ser cavaleiro deve orar a Deus quelhe d graa e a bno com que possa ser, por todo o tempo de sua vida, seuservidor.

    9

    Quando o presbtero tiver feito o que pertence a seu ofcio, ento convm que oprncipe ou alto baro que deseja fazer cavaleiro o escudeiro que demandacavalaria possua virtude e ordem de cavalaria em si mesmo, para tal que possa, pelagraa de Deus, dar virtude e ordem de cavalaria ao escudeiro que deseja ordem evirtude de cavalaria. E se o cavaleiro no ordenado nem virtuoso em si mesmo,no pode dar o que no tem, e de pior condio que as plantas, que tm virtudede dar a umas e outras sua natureza, e isso mesmo se segue com as bestas e as aves.

    10

    Esse tal cavaleiro malvado que desordenadamente deseja fazer e multiplicar aordem, injria faz cavalaria e ao escudeiro; e disso por que ele deveria serdesfeito, deseja fazer o que no convm que seja feito. E pela falta desse talcavaleiro acontece algumas vezes que o escudeiro que recebe cavalaria no toajudado pela graa de Deus nem pela virtude de cavalaria; onde, por isso, todoescudeiro que desse tal cavaleiro recebe cavalaria louco.

    11O escudeiro, diante do altar, deve ajoelhar-se, e que levante seus olhos a Deus,corporais e espirituais, e suas mos a Deus. E o cavaleiro deve cingir-lhe a espada,para significar castidade e justia; e, como significado de caridade deve beijar seuescudeiro e dar-lhe uma bofetada para que se lembre disso que prometeu e dogrande cargo a que se obriga e da grande honra que recebe pela ordem de cavalaria.

    12

    Depois que o cavaleiro espiritual e o cavaleiro terrenal tiverem cumprido seu ofcio

    em fazer novo cavaleiro, o cavaleiro novo deve cavalgar e deve mostrar-se sgentes, para que todos saibam que ele cavaleiro e que se obrigou a manter e a

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    defender a honra de cavalaria; porque quanto mais gentes saibam de sua cavalaria,maior refreamento ter o novo cavaleiro a fazer novas faltas que sejam contra suaordem.

    13

    Naquele dia deve ser feita grande festa de oferecimento, de convites, justas, e dasoutras coisas que se convm festa de cavalaria. E o senhor que faz cavaleiro devedar ao novo cavaleiro e aos outros novos cavaleiros; e o cavaleiro novo deve dar,naquele dia, porque quem recebe to grande dom como a ordem de cavalaria, suaordem desmente se no d segundo deve dar. Todas estas coisas e muitas outrasque seriam longas de contar pertencem ao fato de dar cavalaria.

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    V.

    Do Significado Que Existe Nas

    Armas de Cavaleiro1

    Tudo que o presbtero veste para cantar na missa tem algum significado que seconvm ao seu ofcio; e porque ofcio de clrigo e ofcio de cavaleiro se convm,por isso ordem de cavalaria requer que tudo o que mister ao cavaleiro usar de seu

    ofcio tenha alguma significao, pela qual seja significada a nobreza da ordem decavalaria.

    2

    Ao cavaleiro dada a espada, que feita semelhana da cruz, para significar queassim como nosso Senhor Jesus Cristo venceu a morte na cruz na qual tnhamoscado pelo pecado de nosso pai Ado, assim o cavaleiro deve vencer e destruir osinimigos da cruz com a espada. E porque a espada cortante em cada parte, ecavalaria para manter a justia, e justia dar a cada um o seu direito, por isso a

    espada do cavaleiro significa que o cavaleiro com a espada mantm a cavalaria e ajustia.

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    3

    A lana dada ao cavaleiro para significar a verdade, porque verdade coisadireita e no se torce; e verdade vai diante da falsidade. E o ferro da lana significaa fora que a verdade tem sobre a falsidade; e o pendo significa que a verdade se

    demonstra a todos, e no h poder de falsidade nem de engano; e verdade a baseda esperana, e assim das outras coisas que so significadas de verdade pela lanado cavaleiro.

    4

    Chapu de ferro dado ao cavaleiro para significar vergonha, porque cavaleiro semvergonha no pode ser obediente ordem de cavalaria. Logo, assim como avergonha faz o homem ser vergonhoso, e faz o homem ter seus olhos na terra,assim o chapu defende o homem das coisas altas e o mira terra, e o meio que

    est entre as coisas baixas e as coisas altas. E assim como o chapu defende acabea que o mais alto e o principal membro que existe no homem, assim avergonha defende o cavaleiro, que , aps o ofcio de clrigo, o mais alto ofcio queexiste, que no se inclina a vis feitos, nem a nobreza de sua coragem no devedescer maldade nem ao engano nem a nenhum mau ensinamento.

    5

    Cota de malha significa castelo e muro contra vcios e faltas; porque assim comocastelo e muro esto contidos em volta para que homem no possa entrar, assim

    cota de malha encerrada por todas as partes e tampada para que d significado nobre coragem de cavaleiro para que no possa entrar nela traio nem orgulhonem deslealdade nem nenhum outro vcio.

    6

    Calas de ferro so dadas a cavaleiro para manter seguros seus ps e suas pernas,para significar que cavaleiro deve manter seguros os caminhos com ferro, isto ,com espada e com lana, com maa e com as outras armas.

    7Esporas so dadas a cavaleiro para significar diligncia e esperteza e nsia com quepossa manter honrada sua ordem; porque assim como com as esporas esporeia ocavaleiro seu cavalo para que se cuide e que corra o mais velozmente que possa,assim diligncia faz cuidar as coisas que convm ser, e esperteza faz o homemguardar de ser surpreendido, e nsia faz procurar o arns e a despesa que mister honra de cavalaria.

    8

    Gorjeira dada ao cavaleiro como significado de obedincia; porque cavaleiro queno obediente a seu senhor nem ordem de cavalaria, desonra seu senhor e vai-se

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    coisas tenha debaixo de si, e que antes seja em tudo o que se convm honra decavalaria que outro homem.

    14

    Ao cavalo dado freio e s mos do cavaleiro so dados reinos, significar quecavaleiro, pelo freio, refreie sua boca de parlar feias palavras e falsas, refreie suasmos, que no d tanto que haja de querer, nem seja to ardente que de seu ardorexpulse a sensatez. E pelos reinos, entenda que ele se deixe conduzir at qualquerparte a ordem de cavalaria o deseje empregar e enviar; e quando for mister, alarguesuas mos e faa despesa e d segundo o que se convm sua honra, e sejaardoroso e no hesite seus inimigos, e quando hesitar de ferir, deixe fraqueza decoragem. E se disso o cavaleiro faz o contrrio, seu cavalo, que besta e que nopossui razo, segue melhor a regra e o ofcio de cavalaria que o cavaleiro.

    15

    Testeira dada ao cavalo para significar que todo cavaleiro no deve fazer dearmas sem razo; porque assim como a cabea do cavaleiro vai primeiro, diante docavaleiro, assim o cavaleiro deve levar diante a razo em tudo o que faz; porqueobra que seja sem razo possui tanta vileza em si que no deve existir diante decavaleiro. Logo, assim como a testeira guarda e defende a cabea do cavaleiro,assim razo guarda e defende cavaleiro de blasfmia e de vergonha.

    16

    Guarnies do cavalo defendem cavalo; e pelas guarnies feito o significado queo cavaleiro deve guardar e custodiar seus bens e suas riquezas, para tal que possabastar ao ofcio de cavalaria. Porque assim como o cavalo no poderia serdefendido de golpes e de feridas sem guarnies, assim cavaleiro sem estes benstemporais no poderia manter a honra de cavalaria nem poderia ser defendido demalvados pensamentos, porque pobreza faz homem cogitar enganos e traies.

    17

    Perponte d significado ao cavaleiro dos grandes trabalhos os quais lhe convmsofrer para honrar a ordem de cavalaria. Porque assim como o perponte est porcima de outras guarnies e est ao sol e chuva e ao vento, e recebe antes osgolpes que a loriga e por todas as partes combatido e ferido, assim cavaleiro eleito para maiores trabalhos que outro homem; porque todos os homens que estoabaixo de sua nobreza e abaixo de sua guarda ho de recorrer a cavaleiro, ecavaleiro deve a todos defender; e antes deve cavaleiro ser ferido e chagado e mortoque os homens que lhe esto encomendados. Logo, como isso assim, dondegrande a carga de cavalaria; logo, por isso so os prncipes e os altos bares emto grande trabalho postos a reger e a defender suas terras e seu povo.

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    Sinal no escudo e na sela e no perponte dado ao cavaleiro para ser louvado dosardores que faz e dos golpes que d na batalha; e se traidor e fraco e reincidente,lhe dado o sinal para que seja difamado e repreendido. E porque sinal dado a

    cavaleiro para que seja conhecido se amigo ou inimigo de cavalaria, por isso cadacavaleiro deve honrar seu sinal, para que se guarde da difamao, que expulsacavaleiro da ordem de cavalaria.

    19

    Bandeira dada ao rei e ao prncipe e ao senhor de cavaleiros para significar que oscavaleiros devem manter a honra do senhor e de sua herdade; porque na honra doreino e do principado e na honra de seu senhor so honrados pelas gentes; e nadesonra da terra onde esto e do senhor de quem so, os cavaleiros so mais

    difamados que outros homens. Porque assim como pela honra devem ser maislouvados, porque corao a honra mais est neles que em outros homens, assim nadesonra devem ser mais difamados que outros homens, porque corao pela suafraqueza ou traio so mais fortemente deserdados reis e prncipes e altos bares, eso perdidos mais reinos e condados e outras terras que pela fraqueza e traio denovos outros homens que no sejam cavaleiros.

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    VI.

    Dos Costumes Que Pertencem ao

    Cavaleiro1

    Se a nobreza de coragem elegeu o cavaleiro sobre os homens que lhe esto abaixo

    em servido, nobreza de costumes e de bons ensinamentos se convm ao cavaleiro,porque nobreza de coragem no pode subir na alta honra de cavalaria sem eleiode virtudes e de bons costumes. Logo, como isso assim, ento necessariamente seconvm que cavaleiro convenha com bons costumes e bons ensinamentos.

    2

    Todo cavaleiro deve saber as sete virtudes que so raiz e princpio de todos os bonscostumes e so vias e carreiras da celestial glria perdurvel. Das quais sete virtudesso as trs teologais e as quatro cardeais. As teologais so f, esperana, caridade.

    As cardeais so justia, prudncia, fortaleza, temperana.

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    3

    Cavaleiro sem f no pode ser bem acostumado porque, pela f v o homemespiritualmente a Deus e suas obras crendo nas coisas invisveis. E pela f o homemtem esperana, caridade, lealdade, e o homem servidor da verdade. E pela

    fraqueza de f, o homem descr em Deus e suas obras e nas coisas verdadeirasinvisveis, s quais o homem sem f no pode entender nem saber.

    4

    Pela f que existe nos cavaleiros bem acostumados, vo os cavaleiros Terra Santade Ultramar em peregrinao e fazem armas contra os inimigos da cruz, e somrtires quando morrem para exaltar a santa f catlica. E pela f defendem osclrigos dos malvados homens que por fraqueza de f os menosprezam, e osroubam, e os desertam tanto quanto podem.

    5

    Esperana virtude que se convm muito fortemente ao ofcio de cavaleiro porque,pela esperana relembram de Deus na batalha, em Suas coitas e em Suasatribulaes; e pela esperana que tm em Deus recebem socorro e ajuda de Deus,que vence a batalha por razo da maior esperana e confiana que os cavaleirostm no poder de Deus do que em suas foras e em suas armas. Com a esperanafortalece-se e retorna a coragem ao cavaleiro; e a esperana faz suportar trabalhos, efaz aventurar os cavaleiros nos perigos em que se metem; e a esperana os faz

    suportar fome e sede nos castelos e nas cidades que defendem quando soassediados. E se no houvesse esperana, cavaleiro no teria como usar o ofcio decavalaria.

    6

    Cavaleiro sem caridade no pode ser sem crueldade e m vontade; e porquecrueldade e m vontade no se convm com o ofcio de cavalaria, por isso caridadese convm ao cavaleiro. Porque se cavaleiro no tem caridade para com Deus e seuprximo, com que amar a Deus e com que ter piedade dos homens despossudos

    e com que far merc dos homens vencidos que demandam merc? E se caridadeno h no cavaleiro, como poder ser cavaleiro na ordem de cavalaria? Caridade virtude que ajusta uma virtude com outra e separa um vcio do outro; e caridade amor do qual pode ter todo cavaleiro e todo homem tanto quanto dele haja misterpara manter seu ofcio. E caridade torna mais fcil a grande carga de cavalaria, eassim como o cavalo sem patas no poderia suportar a carga do cavaleiro, assimnenhum cavaleiro sem caridade no pode sustentar o grande cargo que uma nobrecoragem de cavaleiro sustenta para honrar a cavalaria.

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    Luxria e fortaleza combatem uma contra a outra. Logo, as armas com que luxriacombate fortaleza so juventude, belas feies, muito comer e beber, ornadasvestimentas, ocasio propcia, falsidade, traio, injria, menosprezo de Deus e do

    Paraso, e pouco temor das infernais penas e com as outras armas semelhantes aestas. Fortaleza combate a luxria relembrando Deus e seus mandamentos, eentendendo Deus e os bens e os males que pode dar, e amando a Deus porque digno de ser amado e temido, honrado, obedecido; e fortaleza combate luxria comnobreza de coragem, que no se deseja submeter a malvados e a sujos pensamentos,nem deseja descer de sua alta honra para estar na blasfmia das gentes. Logo, comoo cavaleiro dito cavaleiro para combater os vcios com fora de coragem,cavaleiro sem fortaleza no possui corao de cavaleiro nem tem as armas com asquais cavaleiro deve combater.

    12

    Avareza vcio que desce sobre a coragem para a submeter s coisas vis; logo, pelafalta de nobre coragem que no defende o nobre corao de cavaleiro contra aavareza, so os cavaleiros cobiosos e avaros, e pela cobia fazem injrias e coisastortas e fazem-se submetidos e cativos daqueles bens que Deus Lhes temsubmetidos. Fortaleza tem tal costume que no ajuda nenhum inimigo seu, e se ohomem no lhe demanda ajuda, no deseja ajudar o homem; porque to nobre afora de coragem e alta coisa em si mesma, e tanta honra lhe convm ser feita, que

    nas correrias e nos trabalhos deve ser apelada e ajuda lhe deve ser demandada.Logo, quando o cavaleiro tentado pela avareza a inclinar sua nobre coragem alguma maldade, deslealdade, traio, ento deve recorrer fortaleza, a qual noencontrar fraqueza nem covardia nem enfraquecimento nem falta de socorro eajuda. E porque com fortaleza o nobre corao pode ser forte e pode vencer todosos vcios, avaro cavaleiro, diabo, por que no s nobre, forte de coragem, por talque no seja submetido pela avareza a vis obras e a vis pensamentos? Porque seavareza e cavalaria se conviessem, usurrio, por que no s cavaleiro?

    13

    Acdia vcio pelo qual o homem amante do mal e inimigo do bem; logo, este ovcio pelo qual o homem melhor pode ver sinais no homem de danao que poroutro vcio, e pelo contrrio da acdia, melhor pode o homem conhecer sinais dasalvao que por outra virtude. Logo, quem deseja vencer e superar a acdiaconvm que haja fortaleza em seu corao pela qual vena a natureza do corpo quepela corrupo e o pecado de Ado aparelhada ao mal. O homem que possuiacdia todas as vezes que faz o bem naquilo encontra desagrado, e quando ohomem faz dano, tem desagrado quando o dano no maior; e por isso, talhomem, do bem e do mal dos outros homens, tem trabalho e mal. Logo, uma vez

    que desprazer d paixo e trabalho pessoa, se tu, cavaleiro, desejas vencer este

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    vcio, convm pregar fortaleza que fortalea tua coragem contra acdia, a qual afortaleza vence, relembrando que Deus, se faz bem a um homem ou a muitos, portudo isso no se segue que no possa fazer bem a tu, uma vez que no lhe d tudoquanto existe nem a tu no tira nada teu.

    14

    Soberba vcio de desigualdade, porque homem orgulhoso no deseja haver parnem igual e por isso ama estar s. E porque humildade e fortaleza so duas virtudese amam igualdade e so contra o orgulho, se tu, cavaleiro orgulhoso, desejas vencerteu orgulho, ajusta em tua coragem humildade e fortaleza; porque humildade semfortaleza no forte contra orgulho, porque na humildade onde no existefortaleza, fora no existe, e orgulho sem fora pode ser vencido. Quando estiveresguarnecido com todas as armas sobre teu grande cavalo sers orgulhoso? No, se afora da humildade te faz relembrar a razo pela qual cavaleiro, e se s orgulhoso,no ters fora em tua coragem para vencer e expulsar (de tua coragem) ospensamentos orgulhosos. Se fores derrubado de teu cavalo e estiveres preso evencido, sers to orgulhoso como eras? No, porque fora corporal ter vencido esuperado o orgulho na coragem do cavaleiro, no obstante que nobreza de coragemno seja coisa corporal, quanto mais fortaleza e humildade, que so coisasespirituais, devem expulsar o orgulho de nobre coragem, que nobreza espiritual!

    15

    Invdia inveja desagradvel justia, caridade, largueza, que se convm comordem de cavalaria. Logo, quando o cavaleiro possui fraca coragem, no podesustentar nem seguir ordem de cavalaria. Por falta de fortaleza, que no est nacoragem do cavaleiro, a inveja expulsa de sua coragem justia, caridade, largueza; epor isso, o cavaleiro invejoso de haver outros bens e preguioso para ganharsemelhantes bens pela fora das armas, e por isso diz mal daquelas coisas quegostaria de possuir daqueles que as possuem. Logo, por isso, inveja lhe faz cogitarcomo pudesse fazer enganos e faltas.

    16

    Ira turvamento na coragem, de relembrar e entender a vontade; e peloturvamento, a relembrana se converte em esquecimento, e o entendimento emignorncia, e a vontade em irritao. Logo, como lembrar e entender, vontade iluminao pela qual cavaleiro busca seguir as carreiras de cavalaria, que ira eturvamento do esprito desejam expulsar de sua coragem, convm que recorra fora de coragem, caridade, abstinncia, pacincia, que so refreamento da ira ealvio dos trabalhos que a ira d. Tanto quando a ira maior, tanto maior a foraque vem ira com caridade, abstinncia, pacincia; e onde a fora maior, menor a ira e maior a caridade, abstinncia, pacincia; e pela minoridade da ira e pela

    maioridade das virtudes acima ditas, m vontade, impacincia, e os outros vciosso menores, e onde menores so os vcios e maiores so as virtudes, maior

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    justia, sabedoria; e pela maioridade da justia, sabedoria, maior a ordem decavalaria.

    Havemos dito a maneira segundo a qual fortaleza est na coragem do cavaleirocontra os sete pecados mortais. Agora diremos da temperana.

    17

    Temperana virtude que est no meio de dois vcios: um vcio pecado peloexcesso de grandeza, o outro pecado por pouco excesso de quantidade. E por isso,entre muito e pouco convm estar a temperana, em to conveniente quantidadeque seja virtude; porque se no fosse virtude, entre muito e pouco no haveria meiotermo, e isso no verdade. Cavaleiro bem acostumado deve ser temperado emardor e em comer, e em beber, e em parlar, que se convm com mentir, e em vestir,que h feito amizade com vanglria, e em ser esbanjador, e em todas as outras

    coisas semelhantes a estas. E sem temperana no poderia manter a honra decavalaria, nem a poderia fazer estar no meio, que virtude por seu corpo no estarnas extremidades.

    18

    Usana de cavaleiro deve ser ouvir missa e sermo e adorar e pregar e temer aDeus; porque, por tal costume, cavaleiro cogita na morte e na vileza deste mundo edemanda a Deus a celestial glria e teme as infernais penas, e por isso, usa dasvirtudes e dos costumes que pertencem ordem de cavalaria. Mas cavaleiro que

    disso faz contrrio e cr em augrios e pressgios, faz contra Deus, e possui maiorf e esperana no vento de sua cabea e nas obras que fazem as aves e nospressgios, que em Deus e Suas obras. E por isso, tal cavaleiro no agradvel aDeus nem mantm a ordem de cavalaria.

    19

    O carpinteiro nem o sapateiro nem os outros mesteirais no poderiam usar de seusofcios sem a arte e a maneira que pertence a seu ofcio. Logo, como Deus temdado razo e discrio a cavaleiro para que saiba usar de feitos de armas quando

    mantm a regra e a arte de cavalaria, e o cavaleiro deixa sua discrio e seuentendimento e razo lhe significa e lhe demonstra e expulsa nobreza de suacoragem e segue augrios e pressgios, ento assim como o homem louco queno usa de razo e faz aventura o que faz. E por isso, tal cavaleiro contra Deuse, segundo a razo, deve ser vencido e superado pelo seu inimigo que usa contra elede razo e de discrio e da esperana que possui em Deus. E se isto no fosseassim, seguir-se-ia que augrios e pressgios e alma sem razo se conviessemmelhor ordem de cavalaria que Deus, discrio, f, esperana e nobreza decoragem, e isso impossvel.

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    Assim como o juiz segue seu ofcio quando julga segundo testemunhas, assimcavaleiro faz seu ofcio quando usa de razo e de discrio, que lhe sotestemunhas disso que deve fazer em feitos de armas. E assim como o juiz daria

    falsa sentena se no julgasse segundo testemunhos e julgasse por augrios epressgios, assim cavaleiro faz contra o que de seu ofcio quando desmente o quea razo e discrio lhe demonstra, e cr s o que as aves fazem por suasnecessidades e por seu corpo vo voando aventura pelo ar. Logo, como isto assim, donde por isso cavaleiro deve seguir a razo e a discrio e o significado queas armas significam, segundo o que acima havemos dito; e do que s que se faz aaventura, no deve fazer necessidade nem costume.

    21

    Ao cavaleiro se convm que seja amador do bem comum, porque para comunidadede gentes foi eleita cavalaria, e bem comum maior e mais necessrio que o bemespecial. E ao cavaleiro se convm belamente parlar e belamente vestir e haver beloarns e ter grande albergue, porque todas estas coisas so necessrias para honrarcavalaria. Ensinamento e cavalaria se convm, porque vilania e ligeiras palavrasso contra a cavalaria. Privana de bons homens, lealdade, verdade, ardor,verdadeira largueza, honestidade, humildade, piedade e as outras coisassemelhantes a estas pertencem ao cavaleiro, porque assim como homem deveconhecer a Deus toda nobreza, assim cavaleiro deve homem comparar tudo seu

    como cavalaria recebe honra por aqueles que esto em sua ordem.22

    Pelo costume e bons modos que cavaleiro faz a seu cavalo no to mantida ahonra da cavalaria como no costume e nos bons modos que cavaleiro faz em simesmo e em seu filho; porque cavalaria no est no cavalo nem nas armas, antesest no cavaleiro. Logo, por isso, cavaleiro que acostuma bem seu cavalo eacostuma a si mesmo e seu filho a malvados modos, faria de si mesmo e de seufilho, se faz-lo pudesse, besta, e faria de seu cavalo, cavaleiro.

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    VII.

    Da Honra Que Deve ser Feita ao

    Cavaleiro1

    Deus tem honrado cavaleiro e o povo tem honrado cavaleiro segundo recontadoneste livro. E cavalaria honrado ofcio e muito necessrio ao regimento domundo. E por isso, cavaleiro, por todas estas razes e por muitas outras, deve ser

    honrado pelas gentes.

    2

    Se rei e prncipe e senhor de terra devem ser cavaleiros, porque sem que no tivessea honra que pertence a cavaleiro no merece ser prncipe nem senhor de terra,donde os cavaleiros devem ser honrados pelos reis e pelos altos bares, porqueassim como os cavaleiros fazem estar honrados os reis e os altos senhores sobre osoutros homens, assim os reis e os bares devem ter honrados os cavaleiros sobre osoutros homens.

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    Cavalaria e franqueza se convm; e a franqueza e a senhoria do rei ou do prncipese convm, porque o cavaleiro convm ser franco para que o rei e o prncipe sejasenhor. E como isto assim, por isso convm que a honra do rei ou de qualquer

    que seja seu senhor, se convenha com a honra do cavaleiro, em tal maneira que osenhor de terra seja senhor e o cavaleiro seja honrado.

    4

    honra de cavaleiro se convm que seja amado, porque bom; e que seja temido,porque forte; e que seja louvado, porque de bons feitos; e que seja pregador,porque privado e conselheiro do senhor. Logo, menosprezar cavaleiro porquecorpo daquela mesma natureza da qual o homem , menosprezar todas as coisasacima ditas, pelas quais cavaleiro deve ser honrado.

    5

    Senhor que em sua corte e em seu conselho e em sua tvola faz honra a cavaleiro,faz honra a si mesmo na batalha. E senhor que de sbio cavaleiro faz mensageiro,encomenda sua honra nobreza de coragem. E senhor que multiplica honra emcavaleiro que seja seu servidor, multiplica sua honra mesma. E senhor que ajuda emantm cavaleiro, ordena seu ofcio e mantm seu senhorio. E senhor que privado com cavaleiro, possui amizade com cavalaria.

    6Demandar mulher de cavaleiro e inclin-la maldade no honra de cavaleiro.Nem mulher de cavaleiro que tem filho de vilo no honra cavaleiro e destri aantigidade da linhagem de cavaleiro, nem cavaleiro que por desonestidade possuafilho de vil fmea no honra linhagem nem cavalaria. Logo, como isso assim,donde linhagem em dona e em cavaleiro, por virtude do matrimnio, se convmcom a honra da cavalaria, e o contrrio a destruio de cavalaria.

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    Se os homens que no so cavaleiros so obrigados a honrar cavaleiro, quanto maiscavaleiro obrigado a honrar a si mesmo e seu par cavaleiro! E se cavaleiro obrigado a honrar seu corpo e ser bem montado e gentilmente vestido e adereado,e de boas pessoas servido, quanto mais deve honrar sua nobre coragem pela qual cavaleiro! A qual nobre coragem desonrada quando cavaleiro a mete vis emalvados pensamentos, e enganos e traies, e expulsa de sua coragem ospensamentos nobres que pertencem nobreza de coragem.

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    Cavaleiro que desonra a si mesmo e a seu par cavaleiro no deve ser digno dehonra e de honraria, porque se o fosse, injria seria feita a cavaleiro que cavalaria

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    tem honrada em si mesmo e em outro. Logo, como cavalaria e est no cavaleiro,quem pode tanto honrar ou desonrar cavalaria como cavaleiro?

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    Muitas so as honrarias, os honramentos que pertencem ser feitos a cavaleiro; equanto maiores so, mais encarregado cavaleiro a honrar cavalaria. E porque nshavemos a parlar do livro que da ordem de clerezia, por isso parlamos tobrevemente do Livro da Ordem de Cavalaria, o qual findo glria e bno deNosso Senhor Deus.

    Nota sobre a traduo:

    Traduzido do original catalo por Ricardo da Costa e publicado com autorizaodo autor da traduo.

    Ricardo da Costa (Ricardo Luiz Silveira da Costa, 16 de diciembre de 1962 - ) um destacadomedievalista brasileiro. Dedica-se ao estudo da Idade Mdia europea adoptando os temas e

    objectivos da Nova Histria (Nouvelle Histoire).

    Escreveu extensamente sobre uma grande variedade de temas e traduziu numerosos

    documentos do filsofo catalo Ramon Llull (1232-1316). Professor da UniversidadeFederal do Esprito Santo, em Vitria, Brasil.

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    Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolimitani Universalis

    A Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolimitani Universalis (OSMTHU), ou seja, aOrdem Soberena e Militar do Templo de Jerusalm Universal, um ramo da Ordem doTemplo despertada por Fabre-Palapran no sculo XIX. No reclama nenhuma ligaohistrica Ordem do Templo medieval. , no entanto, inspirada pelo mesmo esprito deservio e Cavalaria. A Ordem prope aos seus membros o estudo da histria do Templo e dasantigas Tradies de Cavalaria atravs do despertar das artes, lendas, rituais, celebraes eensinamentos espirituais dos passado de modo a poder conduzir uma vida de realizao e pazinterior no presente.

    O Priorado Geral da Ibria (Prioratus Ibericus) o Priorado Geral que organiza as estruturaslocais da Ordem nos territrios da Pennsula Ibrica e territrios administrados por Portugal eEspanha (incluindo as Ilhas Canrias, Madeira, etc.).

    www.osmthu.org

    Akademia Templria de SintraA Akademia Templria de Sintra uma associao que promove o estudo e adivulgao das fontes histricas e tradicionais da Cavalaria Espiritual,incluindo histria, lendas, gestas, arte, msica e todo o tipo de estudos que

    ajudam a conhecer e apreciar a Cavalaria nos seus diversos matizes.

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