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1 Príncipes e Princesas, Sapos e Lagartos Príncipes e Princesas, Sapos e Lagartos Histórias Modernas de Tempos Antigos de Flávio de Souza Adaptação e Direção de Márcio Araújo jan/96 Música Inicial "Histórias" Existem histórias de príncipes encantados Existem histórias de princesas muito belas Existem retratos Amores perdidos Existem cavaleiros e bandidos Existem maus tratos Sabores mordidos Existem os tesouros escondidos Príncipes, princesas Sapos e lagartos Mais de mil surpresas Existem nesses fatos Prólogo (Sábio entra com globo da Terra na mão) Sábio- Você é capaz de ouvir dez histórias num dia só? Dez histórias sem fazer um bolo de todas elas? Pois hoje você vai ouvir dez histórias que se passam no tempo da Guerra dos Mil e Um Anos, em diversos reinos que ficam entre as Terras Baixas e as Terras Geladas. Estes reinos não existem mais; hoje em dia, o pedaço do mundo que eles ocupavam está organizado de uma maneira completamente diferente. Se é pela guerra ou não, isso nem mesmo eu sei. Ator 1- Dez histórias de príncipes e princesas. Ator 2- Dez lendas as avesas. Ator 3- Dez modernas histórias em Tempos Antigos. Ator 4- Dez histórias pra se emocionar, chorar e rir. Ator 5- Algumas das histórias são curtas. Ator 6- Outras... são curtíssimas!!! Ator 7- Os retratos. Sábio- Uma é grande, a de "Miranda e Leo Lorival"! Todos- (suspiram) Ahhhh!!!... Sábio- E está dividida em cinco capítulos, com todas as outras histórias entre ela. Atores- Dez histórias! Ator 2- Sem confusão. Atrizes- Dez Histórias. Ator 4- Pra usar a imaginação! Ator 5- E não perder a atenção.

Teatro Leo Lorival e Miranda

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Teatro sobre a história de Miranda e Leo Lorival, princesa e príncipe que lutam para ficar juntos. Também possui contos no meio da história principal.

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Príncipes e Princesas, Sapos e Lagartos

Príncipes e Princesas,

Sapos e Lagartos

Histórias Modernas de Tempos Antigos

de Flávio de Souza

Adaptação e Direção de Márcio Araújo

jan/96

Música Inicial "Histórias"

Existem histórias de príncipes encantados Existem histórias de princesas muito belas Existem retratos Amores perdidos Existem cavaleiros e bandidos Existem maus tratos Sabores mordidos Existem os tesouros escondidos Príncipes, princesas Sapos e lagartos Mais de mil surpresas Existem nesses fatos Prólogo (Sábio entra com globo da Terra na mão) Sábio- Você é capaz de ouvir dez histórias num dia só? Dez histórias sem fazer um bolo de todas elas? Pois hoje você vai ouvir dez histórias que se passam no tempo da Guerra dos Mil e Um Anos, em diversos reinos que ficam entre as Terras Baixas e as Terras Geladas. Estes reinos não existem mais; hoje em dia, o pedaço do mundo que eles ocupavam está organizado de uma maneira completamente diferente. Se é pela guerra ou não, isso nem mesmo eu sei. Ator 1- Dez histórias de príncipes e princesas. Ator 2- Dez lendas as avesas. Ator 3- Dez modernas histórias em Tempos Antigos. Ator 4- Dez histórias pra se emocionar, chorar e rir. Ator 5- Algumas das histórias são curtas. Ator 6- Outras... são curtíssimas!!! Ator 7- Os retratos. Sábio- Uma é grande, a de "Miranda e Leo Lorival"! Todos- (suspiram) Ahhhh!!!... Sábio- E está dividida em cinco capítulos, com todas as outras histórias entre ela. Atores- Dez histórias! Ator 2- Sem confusão. Atrizes- Dez Histórias. Ator 4- Pra usar a imaginação! Ator 5- E não perder a atenção.

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Ator 3- Ficar sem respiração. Ator 6- Rir de montão. Todos- Dez histórias. Ator 7- Num dia só. Sábio- Vocês aceitam este desafio? 1- Miranda e Leo Lorival Capítulo 1

Vinheta "Léo e Miranda"

O destino manda No amor de Leo e Miranda Narrador- Houve um tempo em que o mundo era dividido em pequenos mundos que não se comunicavam entre si. Esta história se passou num pedaço do mundo que era dividido em pedaços, as Terras, que por sua vez eram divididas em pedacinhos, os Reinos. Nas Terras Médias existiam dois reinos, Velda e Melra, e entre eles ficava o Parque Central, espaço neutro onde os povos dos dois reinos brincavam, passeavam e namoravam. Infelizmente nessa época estava acontecendo a Guerra dos Mil e Um Anos, envolvendo todos os reinos de todas as terras. (Passam soldados de um lado a outro em luta) Narrador- O mais terrível é que muitos reis e rainhas eram contra essa guerra estúpida, mas apesar de governantes, nada podiam fazer para impedir as batalhas, invasões, mortes e destruição. É que os exércitos eram forças independentes e acreditavam que os reinos deviam ser protegidos da invasões invadindo. As populações eram a favor da Guerra, todos achavam lindo os batalhões de soldados marchando (Todos aplaudem soldados) Até que fizessem com eles o que eles achavam normal que fizessem com os outros (Soldados prendem e aterrorizam o povo) Mas este não é o relato da Guerra dos Mil e Um Anos. Esta é a história de MIranda e Leo Lorival! (Vinheta: Leo e Miranda novamente) Narrador- Os pais da princesa Miranda eram muito amigos dos pais do príncipe Leo lorival. Os quatro costumavam jogar cartas todo sábado à noite. Um sábado no castelo de um casal, o outro no castelo do outro. As mães ficaram grávidas na mesma noite e as duas crianças nasceram na mesma madrugada. Tão

felizes ficaram que combinaram de casar a filha de uns com o filhos dos outros.

Música: "Pacto de Reis"

Está combinado, está combinado Minha filha casará com o teu filho Quando eles completarem dezoito anos Se unirão para sempre Esta combinado, está combinado O meu filho casará com tua filha Quando eles completarem dezoito anos Se unirão para sempre E seremos todos muito felizes (3x) E seremos (4x) Todos muito felizes! Rei Percival- E para que os pombinhos não percam o melhor do casamento, que é a descoberta do amor e o namoro, com todos os seus segredos e mistérios, eles não devem se conhecer até completarem dezoito anos. Rei Demétrio- Então é melhor que não nos vejamos mais, até chegar o momento certo para este encontro. Rainhas- Mas e o nosso jogo de cartas? Reis- Ora, continuamos por fax! Todos- Êhhh!!! Todo sábado! Narrador- Então os pais de Miranda não foram mais para o reino de Melra e os pais de Leo lorival não foram mais para o reino de Velda. Acontece que um dia, quando os dois tinham seis anos e se preparavam para ir à escola, eles fugiram de casa e se encontraram no Parque Central. Entre muitas crianças que lá brincavam, quis o destino que Miranda escolhesse o mesmo cantinho do tanque de areia que Leo Lorival escolheu pra brincar. Foi amor à primeira vista. Eles já foram conversando sem precisar se apresentar. Brincaram de fazer túneis para os carrinhos de Leo Lorival e casinha para a boneca de Miranda. Quando estava de tardezinha, os dois já eram como velhos amigos e contavam histórias um para o outro de braços dados, na última brincadeira em que ela era a mãe e ele o pai. Já estava anoitecendo e era hora de se despedir. Miranda- Eu gostei muito de você. Leo Lorival- Eu também gostei de você.

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Miranda- Eu nunca vou deixar de gostar de você. Leo Lorival- Nem eu de você. Miranda- Eu nunca mais vou poder vir brincar aqui. Eu fugi, sabe, minha mãe não deixa. Leo Lorival- Eu também, minha mãe também. Quando eu crescer quero brincar de papai e mamãe com você todo dia, todo dia, todo dia. Miranda- Mas dai a gente vai ter de se casar. Leo Lorival- É mesmo? Miranda- Eu acho que sim. Leo Lorival- Então a gente se casa. Miranda- Você tem que pedir a minha mão. Leo Lorival- É mesmo? Miranda- Eu acho que sim. Leo Lorival- Então eu peço. Miranda- Então eu te dou. Leo Lorival- E aí eu levo sua mão embora? Miranda- Eu acho que você leva tudo... Leo Lorival- É mesmo? Miranda- Eu acho que sim. Leo Lorival- Que bom! Narrador- Então Leo Lorival pegou a mão dela e lutando contra a vergonha deu um beijo em Miranda que sem querer fechou os olhos. E os dois se despediram. Leo Lorival- Eu vou pedir sua mão, vou ganhar você toda e vamos nos casar, promete? Miranda- Prometo. Mesmo que seja difícil! Leo Lorival- Mesmo que demore pra um achar o outro de novo. Miranda- Mesmo que meu pai for inimigo do seu. Os dois- A gente vai se casar!!

Narrador- No dia seguinte, as áulas começaram e, como eles tinham imaginado, ficou impossível fugir para o Parque Central. Nos fins de semana sempre havia um pique-nique, uma festinha, um churrasco. Miranda não se encontrou mais com Leo Lorival. Passaram-se os anos. A menina e o menino cresceram. De vez em quando, os jovens davam uma escapulida até o Parque Central. Eles nunca se encontraram. Mas nunca se esqueceram um do outro, nem da promessa que tinham feito. Então os dois completaram dezessete anos e o presente que os dois ganharam foi o mesmo. (Duas cenas simultâneas. De um lado: Leo Lorival e seus pais, do outro Miranda e os seus.) Os quatro pais- Surpresa!!! Leo e Miranda- Um envelope?? Rainha Milena- Você será tão feliz! Rainha Felícia- Mas tão feliz! Rei Percival- Este documento oficializa seu noivado. Leo e Miranda- Meu noivado?? Rei Demétrio- E casarás dentro de um ano. Leo Lorival- Mas pai... Rei Percival- Uniremos nossos Reinos! Miranda- Mas pai... Rei Demétrio- E serão o Rei e a Rainha! Rainhas- E seremos todos tão felizes! Miranda- Eu já sou noiva, sem saber. Reis- Já. E amanhã será o almoço para que os pombinhos se conheçam. Rainhas- E claro, se apaixonem! Leo Lorival e Miranda- Amanhã! (Miranda desmaia) Leo Lorival- (Nervoso) Isso é ridículo! Eu é que não vou casar com a filha de ninguém. Pais de Miranda- Um médico! Um médico! Pais de Leo Lorival- Você está doente da cabeça?

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Rainha Felícia- Está prometido! (Entra Doutor. Os pais mostram Miranda, ele examina) Rei Demétrio- Você tem que se casar com Miranda! Leo Lorival- Por quê? Pais- Porque está prometido!! Doutor- Ela sofre de um grande mal. Pais de MIranda- Óhhh!!! Doutor- Uma doença chamada Eu-não-vou-me-casar-com-o-filho-dos-amigos-de-vocês. Muitas princesas sofrem desse mal. É muito perigoso!! Rei Percival- Ora, seu charlatão! Fora daqui! Doutor- Mas... Rainha Felícia- Nem mais nem menos. (Miranda acorda) Rainha Felícia- Você tem que se apaixonar por Leo Lorival!! Miranda- Mas por quê? Rei Demétrio- Porque será uma vergonha!! Rei Percival- Porque demos nossas palavras!! Rainhas- Porque seremos tão felizes!! Todos os pais- Porque está prometido e ponto final! Narrador- Na madrugada deste dia, Miranda e Leo Lorival ainda não tinham dormido. Ela olhava pela janela do quarto onde estava trancada e chorava, pois ao longe podia ver o Parque Central da cidade. Leo Lorival, por sua vez, acabava de fazer uma trouxa. Tentou pela última vez abrir a porta trancada do seu quarto. Suspirou, jogou pela janela a corda feita com tiras rasgadas de lençois. e colocou bem à vista um bilhete: Leo Lorival- Adeus. Sinto deixá-los, mas parto em busca de um grande amor. Narrador- Desceu pela corda e fugiu iluminado pela lua, sem saber que a garota que ele deveria conhecer

no outro dia, e com quem queriam que casasse dali a um ano, era exatamente o grande amor de sua vida... 2- O Pequeno Príncipe

Vinheta dos"Retratos" São pequeninas iguais três por quatro Umas histórinhas transformadas em retratos Narrador- Tinha apenas um palmo de altura, isso quando ficou adulto, ao completar oitenta e sete anos. Vestia-se com roupas de bonecas, compradas em lojas de brinquedo, e dormia num ninho de passarinhos, seus grandes amigos. A última vez que o viram em seu reino foi quando partiu para uma viagem de férias de inverno, nas costas de uma andorinha. (Enquanto fala molduras, cada vez menores, formam o retrato do Pequeno Príncipe, ao final ele sai voando "imaginariamente" e todos acenam.) 3- O Dragão Que Era Lagarto Narrador- Existiu, certa vez, no reino da Brondolândia, uma princesa que foi aprisionada numa torre de cristal por um mago. Isso aconteceu com a pobre princesa porque seu pai, o rei Brondo, era muito mal e o mago cansou de ver os camponeses mai tratados. Mas a jovem poderia ser salva se um bravo príncipe matasse o dragão que ficava tomando conta da porta da torre. Princesa- Óh, como sou triste, como sou infeliz!! Já está na hora de me casar e nada de um príncipe aparecer para me tirar daqui. Desse jeito fico para titia. E esse dragão que não vai embora (Pega o binóculo e olha lá pra baixo. Lagarto faz caretas para ela) Estão vendo, ele está! Eu nunca vou me casar! Vou ficar velhinha e sozinha! Buáááá!!! Narrador-Acontece que esse dragão era um lagarto. Por isso que o mago, que não era bobo nem nada, tinha dado um binóculo para princesa. Ampliado pelas lentes, o lagarto ficava parecendo um bicho grande, e sua cara simpática a de um monstro ameaçador. Lagarto- Olá, eu sou o Lagarto que ela pensa que é dragão, mas que não é um dragão, é só um lagarto. E como eu não quero perder meu emprego, fico aqui escondido até a princesa olhar para baixo. Aí eu saio e faço umas caretas pra ela! Narrador- Um dia, a princesa avistou um príncipe que passava a cavalo lá longe. (Entra um príncipe aparentemente corajoso)

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Princesa- Socorro!! (Percebe que não vai ser ouvida. Pega um megafone) Socorro! Gentil príncipe, venha me salvar! Aqui no alto desta torre de cristal! Sou uma bela princesa, sei ler, escrever, cozinhar! Salve-me deste castigo matando o dragão que fica... (Príncipe foje com medo do dragão) Princesa- Ei, volte!!! Sei operar computar Via Internet!!! Que droga! Lagarto- Ufa! Que alívio. Se aparece um príncipe, ou morro ou perco o emprego! Narrador- No outro dia, lá vinha outro principe. (A princesa desanimada não percebe) Outro Principe!! (Ela levanta correndo) Princesa- Socorro! Gentil príncipe! Estou presa aqui! Sou bela, sei ler, escrever e cozinhar! Mate o dragão que eu caso com você! Principe 2- Ok, princesa. Sou o valente príncipe Bota Preta e vou lhe salvar. (Se aproxima do lagarto que se encolhe todo de medo) Principe 2- O quê! Um lagarto?! Pensa que sou aprendiz de caçador? Não. Sou o Grande príncipe Cirino Bota-Preta, guerreiro, valente e garboso! Não tenho tempo a perder com brincadeiras e não gosto que me façam de palhaço! (Sai ofendido) Princesa- Mas... Narrador- No outro dia, mas um principe. Princesa-(mecanicamente) Socorro! estou presa aqui! sou bela, gentil, sei ler e escrever. Salve-me matando essa desgraça de dragão! (Príncipe pensa, hesita e vai ao encontro da torre, não vê dragão nenhum e vai entrando) Lagarto- Psiu! Psiu! Principe 3- Quem me chama? Lagarto- Sou eu! Chegue perto. Eu não posso falar alto senão a princesa me escuta. (Lagarto cochicha sua história) Lagarto-... Senão eu perco meu emprego! Entende?

Principe 3- Coitadinho!! Deixe comigo, companheiro. (Grita) Socorro, que bicho terrível! Um dragão. Não posso com ele, nem com faca ou facão! (Vai embora ascenado ao lagarto) Princesa- Ah, não. De novo não. Estava com bagagem preparada e tudo. Agora eu fiquei triste. Não fiquei brava. Não fiquei fula da vida!!! Fiquei Irada!!! Quer saber: vou eu mesma resolver esta parada. Eu vou matar este dragão. (Desce da torre) Princesa- O que é isso? Eu vou rir! Era só isso! E eu fiquei a minha vida inteira presa aí dentro por causa disso! (fica brava e mete um chute no lagarto. Pega sua mala e sai cantando.) Agora eu estou pronta para arrumar um príncipe. Tia nunca mais! Narrador-Mas logo encontrou algumas princesas que lavavam seus cabelos na beira de um rio. (Música) Princesa- É mesmo? Obrigada. Tchau. (Volta correndo para sua torre) Lagarto- (Desconsolado) Ai... Princesa- Oi seu lagarto. O sr. não está bravo comigo, esta? Lagarto- Ai... Princesa- Eu tenho uma proposta para o Sr. Se eu conseguir me casar, prometo que levo o sr morar no meu castelo. O sr. me ajuda? (O lagarto sorri) Princesa- Então não percamos tempo. Narrador- A princesa comprou uma lente de aumento bem grande para o lagarto ficar atrás e parecer enorme. Contratou um artista de circo para ensinar o seu "dragão" cuspir fogo e colocou placas por toda floresta onde se lia: Princesa- "Atenção! Nesta direção existe uma torre de cristal, guardada por terrivel dragão, onde mora gentil princesa com intenções de se casar!" Narrador- Meia hora depois surgiu um príncipe muito chique. A princesa gritou, e ligou a máquina de fazer

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fumaça para o príncipe não enxergar direito. O príncipe se enfiou fumaça a dentro e deu golpes de espadas no ar e viu aquele imenso dragão) (Lutam e o dragão, claro, finge que morre) Lagarto- Ai, ai, estou ferido! Morro, oh morro, mas satisfeito por ter lutado com tão valente príncipe! (Morre. A princesa desce da torre e se joga nos braços do príncipe) Princesa- Muito obrigada, meu herói! Que grande cavaleiro és tu! Salvaste-me da besta-fera e só me resta casar contigo em troca de tão belo e generoso ato! (Pisca pra platéia) Narrador- E assim, a princesa conseguiu se casar. Pouco tempo depois da lua de mel, o porteiro de seu castelo veio informar: Porteiro- Está lá na porta um pequeno bicho, estranho, verdinho, sorrindo de modo simpático, dizendo ter laços de amizade com vossa majestade... Narrador- E foram todos felizes para sempre. A princesa e o principe. Seus filhinhos, parentes e vizinhos. E o simpático amigo que veio para uma visitinha e nunca mais se foi. Príncipe- Não sei por que, mas tenho a impressão de que te conheço de algum lugar. Princesa- Olha a foto, bem! (Foto de todos) Miranda e Leo Lorival Capítulo 2

(Vinheta: Léo e Miranda) Narrador- Enquanto Miranda chorava debruçada à janela e Leo Lorival percorria as ruas à procura de sua amada, na pizzaria, onde deveria acontecer o noivado, já estava tudo pronto. Rainha Felícia- Vai ser lindo! Rainha Milena- Seremos todos tão felizes! As duas- Agora só falta buscar os pombinhos. Guarda- Majestades. Desculpe interromper a festa. Mas Leo Lorival fugiu da torre. Rei Demétrio- Não pode ser!

Rei Percival- Está prometido! Rainhas- Eles seriam tão felizes! Reis- Todos nós! Todos nós! Os quatro- Precisamos achá-lo! Ele não pode ter ido muito longe! (MIranda muda seu choro de triste para alegre) Narrador- A estas horas Leo Lorival já estava cansado e com dúvidas na cabeça. Leo Lorival- E se ela se esqueceu de mim? E se ela casou com outro príncipe? E se ela se mudou de reino? E se eu não a achar nunca mais? Olho toda moça que passa e em nenhuma reconheço a minha menina. E se ela mudou e eu não a reconhecer? Talvez eu também tenha mudado e ela nem se lembre mais de mim! Ela não é mais uma menina, eu também cresci. Talvez seja loucura esta busca, um sonho impossível, um caso perdido! Narrador- Tentando não deixar o desânimo tomar conta de si, o príncipe Leo Lorival continuou a procurar Miranda, que sorria em sua janela, feliz por estar livre para reencontrar seu grande amor. A tarde chegou e Leo Lorival exausto, sem perceber chegou no Parque Central. Rei Percival- Aí está ele! Rainha Milena- Coitado, parece estar sofrendo! Rainha Felícia- Vamos até lá! Rei Demétrio- Ele não pode fugir de novo! Todos- Leo Lorival! Leo Lorival- Me desculpem. Rei Demétrio- Ok! Suba no meu cavalo e vamos todos buscar Miranda para o noivado finalmente acontecer. (Música: Pacto de Reis) Miranda- Ele voltou! O noivado vai acontecer afinal! Narrador- Como Leo Lorival vinha desconsolado de cabeça baixa, ela não pode ver seu rosto. Se o visse, iria reconhecer seu menino, seu grande amor. Mas ela não viu e se desesperou. Na pressa de uma fuga jogou-se de cima da torre, indo cair no rio que passava por aquele lado do castelo.

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Todos- Olhem! Ahhh!!! (Leo Lorival salva Miranda) Narrador- Destemido como quase todos os príncipes dessa época, Leo Lorival correu, salvou Miranda e conseguiu trazê-la para margem. (Leo Lorival com Miranda no colo não consegue ver seu rosto pois o vestido lhe cobre) Leo Lorival- Uhm, ela não me parece tão mal! Rainha Felícia- Vamos trocar Miranda! Rainha Milena- Rápido, vamos, vamos! Rainhas- E seremos todos tão felizes! Narrador- Porém, quando foi para o salão de festas, não teve tempo de esperar a descida de Miranda, que ainda acabava de se aprontar. O capitão do exército das Terras Médias bateu à porta, entrou e vendo o príncipe anunciou: Capitão- (Berrando) Atenção! Você está convovado a juntar-se ao exército dos reinos de Velda e Melra, que está partindo para lutar nas Guerra dos Mil e Um Anos. Leo Lorival- Impossível! Eu espero minha prometida! Ficaremos noivos esta tarde! Capitão- Você já se casou? Leo Lorival- Não! Capitão- Então você tem que juntar-se a nós e já! A Guerra dos mil e Um Anos não pode esperar por um noivado! Vamos! Narrador- Apesar dos protestos, Leo Lorival foi levado. E no momento em que Miranda descia as escadas para reencontrar seu grande amor, ele partia para lutar na Guerra dos Mil e Um Anos e talvez nunca mais voltar! Apresentador- A vencedora é... Princesa Sivana!! (Vinheta dos Retratos) 4- Princesa Silvana do Reino de Vronka (Vinheta: "Retratos") Narrador- Ganhou o concurso de Miss simpatia em todos os anos de sua vida, mesmo sem se candidatar a esse prêmio, pois tinha o sorriso mais encantador do reino de Vronka e de todos os outros reinos das Terras Quentes. O que pouca gente sabia é que esse sorriso

permanente da princesa Silvana era na verdade um defeito. Ela caiu, quando nenê, entortando seu rosto na queda e, desde então, nunca mais deixou de sorrir, mesmo quando tinha vontade de chorar, o que com o passar dos anos deixou de acontecer. O sorriso que ela via no espelho do banheiro, sempre que ia escovar os dentes, a tornou cada dia mais feliz e a única pessoa que se conhece no mundo que concorda com a frase que diz: Silvana- "Há males que vem para o bem". 5- Dois Beijos Narrador- O primeiro beijo foi dado por um príncipe numa princesa que estava dormindo encantada há cem anos. (Príncipe entra garboso, se prepara para um beijo cinematográfico. Dá o beijo, ela acorda) Princesa- Muito obrigada, querido príncipe. Você por acaso é solteiro? Príncipe- Sim, minha querida princesa. Princesa- Então nós temos que nos casar já! Você me beijou e foi na boca, afinal, não fica bem, não é mesmo? Príncipe- É... Querida princesa. Princesa- Você tem um castelo, é claro! Príncipe- Tenho... princesa. Princesa- E quantos quartos tem seu castelo, posso saber? Príncipe- Trinta e seis. Princesa- Só? Pequeno, hein! Mas não faz mal depois a gente faz umas reformas... Deixa eu pensar quantas amas eu vou ter que contratar... Umas quarenta eu acho que dá! Príncipe- Tantas assim? Princesa- Ora, meu caro, você não espera que eu vá gastar as minhas unhas varrendo, lavando e passando, não é? Príncipe- Mas quarenta amas! Princesa- Ah, eu não quero nem saber. Eu não pedi pra ninguém vir aqui me beijar, e já vou avisando que

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quero umas roupas novas, as minhas devem estar fora de moda, afinal passaram-se cem anos, não é mesmo? E quero uma carruagem de marfim, sapatinhos de cristal e... e... jóias, é claro! Eu quero anéis, pulseiras, colares, tiaras, coroas, cetros, pedras preciosas, semipreciosas, pepitas de ouro e discos de platina! Príncipe- Mas eu não sou o Rei das Arábias! Sou apenas um príncipe... Princesa- Não me venha com desculpas esfarrapadas! Eu estava aqui dormindo e você veio, me beijou e agora vai querer que ande por aí como uma gata borralheira? Não, não e não, e outra vez não e mais uma vez não! Narrador- Tanto a princesa falou que o príncipe se arrependeu de ter ido até lá e beijado. Então teve uma idéia. Esperou a princesa ficar distraída, se jogou sobre ela e deu outro beijo, bem forte. A princesa caiu imediatamente em sono profundo, e dizem que até hoje está lá adormecida. Parece que a notícia se espalhou e os príncipes passam correndo pela frente do castelo onde ela dorme, assobiando e olhando para o outro lado. 6- Sapo dando sopa Narrador- O segundo beijo aconteceu na beira de uma lagoa. Uma linda princesa estava passando por ali quando ouviu um sapo cantando a música de chamar princesas que beijam sapos que são príncipes encantados, em troca de uma pepita de ouro: (sapo canta a música de chamar princesas) Princesa- Pepita de Ouro?!! Eu preciso de uma pepita porque quero comprar um milhão de coisas e uma pepita de ouro vale um milhão de dinheiros. Sapo... Sapinho... Vem cá que eu vou lhe dar um Superbeijo! (Beija e vira sapa! O sapo espantado olha pra ela) Sapa- Ora, não se assuste não. Porque na verdade eu não sou uma princesa, mas sim uma sapa transformada em princesa. Sapo- (Sorri) Não tem problema, porque eu também não sou um príncipe encantado transformado em sapo, mas um sapo mesmo e tinha cantado a música de encantar princesas só para ganhar um beijo. Sapa- Safadinho!! Sapo- Eu gosto de beijo, mas não sei o que fazer com esta pepita de ouro que achei no fundo da lagoa.

Sapos não compram um milhão de coisas. Sapos não tem o que fazer com um milhão de coisas. Sapa- Então né, se você gosta tanto de beijar, eu posso te dar outros beijos, se você quiser beijo de sapa, é claro! Sapo- Eu gosto de beijo de princesa, mas o bom mesmo, o ótimo, é beijo de sapa. Quer casar comigo? Sapa- Sim!! Narrador- Então os dois foram para o fundo do lago abraçadinhos para se beijar, beijar e beijar! Sapo- (Off) Que delíííciaa!!! 7- Princesa Úrsula da Bronislávia Retrato

(Vinheta: "Retratos") Narrador- Quando nenê, a princesa Úrsula não chorava, rugia. Sempre foi forte, foi sempre brava, aos seis anos, já punha o pai e a mãe de castigo quando não ganhava o que queria. Apesar dos conselhos, não estudou e passava os dias fazendo ginástica, praticando esportes, desenvolvendo os músculos. Aos vinte e sete anos cansou-se de ouvir que estava ficando pra tia, que já era tempo de se casar. Úrsula- (Grita) Tia é a Vó!! Narrador- Essa exclamação foi motivo de muita discussão em Bronislávia. Conselheiros- Como isso? Como isso? Conselheiro 1- Se alguém é tia não é avó, concordam? Conselheiro 2- Colega, mas você há de convir que uma avó pode também ser tia. Conselheiro 3- Desde que a tia não seja a mãe da sobrinha, que viu a avó... Úrsula- Ora, sumam daqui! (Conselheiros saem correndo) Úrsula- Tudo bem. Tudo bem. Não é legal viver sozinha. Narrador- Importou vinte odaliscas das Arábias, o que foi considerado um escandalo na época, já que odaliscas gastam pouco em panos mas muito em cosméticos e sandálias de plástico.

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(Entram odaliscas e dançam. Ela vai entrando no meio das odaliscas e música vira um samba de escola-de-samba) Narrador- Não demorou muito para que Úrsula fizesse amizade com uma das odaliscas e hoje elas vivem felizes e contentes no castelo particular que a princesa possui à beira do mar Nacarado. (Retrato da duas juntas) Miranda e Leo Lorival Capítulo 3

(Vinheta: "Leo e Miranda") Narrador- Alguns anos depois, Leo Lorival já não era mais um rapaz, mas um homem. Forte, pelo exercício das batalhas, mas triste. Leo Lorival- Em algum lugar do mundo duas princesas me esperam. Ou não. Uma delas talvez até tenha se esquecido de mim. A outra, quem sabe vive aliviada por não ter se casado com um prometido. A violência da Guerra dos Mil e Um Anos não me deixa dormir direito à noite. A lembrança das mortes, dos gritos, do sofrimento dos soldados perturba meu sono. Narrador- Enquanto isso, em Melra, a rainha Felícia e o Rei Demétrio não podiam agüentar a tristeza. Rainha Felícia- Oh Demétrio, nosso filho, que vimos crescer, está em meio a loucura sangrenta das batalhas. Rei Demétrio- Eu sei, Não consigo dormir, pois assim que deito, imagino meu menino morto ou terrivelmente ferido. (Se abraçam) Rainha- Oh, meu Deus. Essa incerteza está me matando. Nosso filho ainda vive? Rei Demétrio- A única certeza que podemos ter numa guerra, é que ninguém participa de uma sem sofrer. Rainha Felícia- A juventude do nosso filho está estragada para sempre. Rei Demétrio- E nossa felicidade e vida também. Narrador- Tanto sofrimento e a falta de descanço foram demais para seus velhos corações. E os dois morreram deitados de mãos dadas, numa noite sem estrelas. O Rei e a Rainha de Melra desistiram desta vida, e, como se tivessem combinado, foram-se

juntos, causando grande dor a todos que os conheciam. (Rei e Rainha vão juntos, mortos) Narrador- Miranda, ao contrário do que pensava Leo Lorival não sorria aliviada. Miranda- Toda essa tristeza e solidão que vivo. Perdi meu menino, um grande amor e meu príncipe prometido, outro amor. Passo os dias a fazer o mesmo bordado, mas quando está quase pronto, desfaço e recomeço, pois jurei a mim mesma que só vou terminá-lo quando um dos meus príncipes vier salvar-me desta tristeza e solidão. Um dia hei de dar a última volta em meu bordado. Hei de dar a última volta. Narrador- Muitos príncipes pediram a mão de Miranda, mas ela não aceitou. Os exércitos da terras Médias estavam voltando. Leo Lorival- Quanta felicidade. A Guerra acabou e posso voltar e reencontrar tantas pessoas queridas e, acima de tudo, ir atrás do meu grande amor. Narrador- Mal sabia ele que as Terras continuavam sendo invadidas e, poucas horas antes de Leo Lorival chegar, os bárbaros chegaram antes, aprisionaram Miranda, e a rainha Milena e o Rei Percival, foram mortos sem piedade. (Soldados invadem matam os reis e prendem Miranda) Miranda- Socorro!! Soldado- Cale a boca! Ou morre também. Narrador- Miranda foi amarrada e levada junto com outras princesas para serem vendidas como escravas. Leo Lorival chegou e viu seu castelo destruido. Leo Lorival- Meu Deus, o que fizeram com meu castelo. Meus pais mortos, Minha amada princesa e minha princesa prometida devem estar em imenso perigo. Não há tempo a perder. Preciso alcançar os soldados para vingar os mortos e salvar as princesas. (Noutro canto) Miranda- Não podemos deixar que nos levem para as Terras Geladas. Priscila- Mas o que podemos fazer? Miranda- Nós temos que tentar fugir! O pior que pode acontecer não é pior do que o que está por vir!

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Outra Princesa- Ela tem razão. Viver como escrava é pior que morrer! Miranda- Mas o que fazer então? Priscila- Eu tenho uma idéia. Sou uma princesa artista de circo e meu número é feito por pássaros falantes. Vocês estão vendo eles ali, eles me seguiram até aqui. Pedirei para que els gritem que fugimos para o lado de lá. E escapamos para o lado de cá. Princesas- Certo! Leo Lorival- Vamos. Estamos perto. Salvaremos as princesas. Soldado- Cuidado. Eles podem estar por aqui. Pássaros- Fugimos!! Fugimos!! Conseguimos escapar!! Soldados Bárbaros- Elas fugiram, peguem-nas. (Soldados correm em direção a Leo Lorival e outro soldado. Brigam. As princesas escapam e fogem para o outro lado. Leo Lorival derrota os soldados e chega na gaiola, porém as princesas já escaparam. Miranda- Escapamos. Vamos pra longe. Para nunca mais voltar! Leo Lorival- Onde estão as princesas? Droga! Narrador- Mais uma vez, Miranda por pouco não se encontra com Leo Lorival, que vinha para salvá-la. Desesperada, orfã, ela corria sem saber para onde, deixando para tráz seu noivo, seu amado, o menino que tinha crescido mas nunca a esquecido! 8- Princesa Linda Laço de Fita Retrato

(Vinheta dos Retratos) Narrador- Sempre foi linda, vestiu roupas lindas e morou num quarto lindo, de um castelo lindíssimo, no reino de Flax. Passou a vida na janela desse quarto, recebendo visitas de príncipes que vinham de muito longe e de bem perto também para pedi-la em casamento. (Príncipes a pedem em casamento) Princesa- Não. Não e não. Rainha- Mas por que minha filha?

Princesa- Mamãe, linda como sou, nenhum príncipe que apareceu aqui é tão forte, rico ou... lindo para se casar comigo. Narrador- Com o passar dos anos, os príncipes cansaram desse papo furado e desistiram de pedi-la em casamento. Hoje em dia, ela já está bem velhinha, ainda linda, uma linda velhinha. Sozinha, na janela, esperando algum príncipe passar e parar para conversar.

“Vinheta” Num reino encantado Um conto encantado Um ponto aumenta um conto Do tamanho desjado 9- O Sapo Que Foi e Voltou Narrador- Era uma vez um sapo que morava sozinho numa lagoa que parecia rasa, mas era profunda e escura. Narrador 2- Esse sapo não nasceu nessa lagoa porque ele era um príncipe transformado por uma bruxa, que se empregou na casa dos pais dele disfarçada de babá. Narrador- Quando pequeno ele era muito chatinho: Bruxa- Olha o mingalzinho! (O príncipe joga a vazilha de mingau longe) Narrador 2- Todo dia era assim, quando ela trazia o mingau ele jogava longe. Bruxa- Olha o mingalzinho! (A bruxa traz outro mingau. O príncipe joga de novo e dá risada) Narrador- Acontece que um dia a babá Narrador 2- Quer dizer, a bruxa ficou cheia dessa história: Bruxa- Da próxima vez que você jogar seu prato de mingau no chão eu vou te transformar num sapo e você vai ficar morando sozinho numa lagoa que parece ser rasa, mas é profunda e escura! Narrador- O menino... Narrador2- Não, o sapo... Narrador- Quer dizer, o príncipe não acreditou no que ela falou.

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Bruxa- Olha o mingalzinho! (Ele joga o mingau na cara da bruxa) Bruxa- Agora você me deixou brava. Você procurou sarna pra se coçar. (Faz feitiço, canta algo e o transforma em sapo) Narrador- O príncipe virou um sapo e ficou morando naquela lagoa... Sapo, bruxa e Narradores- Que parecevser rasa mas é profunda e escura. Narrador- Isso! Muitos anos depois, ele ainda estava, coaxando, infeliz. Sapo- Ah, quanta coisa deixei de fazer, quanta coisa deixei de ver por não ser mais um príncipe. E quanta coisa ainda deixo de fazer porque me lamento lamento e lamento. Sabe de uma coisa vou dar um mergulho nesta lagoa que parece rasa, mas é... Vocês sabem como é! para ver se acho uma pepitinha de ouro! Narrador 2- E não é que ele achou Narradores- Uma... duas... três! Três pepitas de ouro!! (Ele vai jogando as pepitas para fora do lago) Sapo- Ulalá!!! Estou feito! Agora deixo esta lagoa para sempre! Narrador- Dito e feito. Segurando uma das pepitas e com as outras duas escondidads dentro do bolso. Narrador 2- É, os sapos tem bolso sim, que parecem rasos, mas são profundos e escuros, e lá dentro cabem coisa maiores que os próprios sapos! Narrador- Como é que era mesmo? Ah, segurando uma pepita, com os outras dentro do bolso, o sapo começou a cantar a música mágica de encantar princesas que dão beijos em trocas de pepitas de ouro. (Ele canta. Aparece a princesa) Princesa- Deixe-me ver essa pepita, que eu não sou boba! Uma vez beijei um sapo e depois descobri que a pepita de ouro era uma pedra pintada com tinta dourada! (Examina a pepita) E vou logo avisando. Não quero casar, não. Sou uma princesa independente. Quero comprar um milhão de coisas e viajar por aí.

Sapo- Ótimo, princesa. Eu também quero fazer um milhão de coisas que não fiz ainda. Princesa- Então eu beijo. (Beija. Princesa sai feliz.) Princesa- Tchauzinho!! Principe- Uau!! Vou ver e fazer tudo o que não vi e fiz durante anos. Felicidade ai vou eu! Capitão da Guarda- Pare aí! Você é príncipe? (Toda a guarda o acompanha) Príncipe- Sim. Capitão- Então está convocado a lutar na Guerra dos Mil e Um Anos. Aqui está sua armadura, seu capacete. Sua lança, sua espada e sua sacolinha com um lanchinho e uma garrafa de suco. Suba em seu cavalo. Você tem uma pluma amarela no capacete. Os inimigos têm uma pluma azul. É facil, não é? Quando você encontrar um soldado de pluma azul no capacete, você vai lá e mata! Boa sorte! Narrador- Isso aconteceu tão rápido que o sapo... Narrador 2- Quer dizer, principe. Narrador- Só conseguiu pensar quando já estava a caminho da Guerra dos Mil e Um Anos. Príncipe- Mas o que é isto? Eles querem que eu mate outros saoldados. Eu não quero matar ninguém! E depois, um deles pode conseguir me matar antes! Ah não... Narrador 2- Disfarçado ele foi ficando para trás e escapuliu para a floresta. Narrador- Bateu na porta da primeira casa que achou. Príncipe- Esta casa tem cara de ser de uma bruxa disfarçada de camponesa. Ei tem alguém em casa? Camponês- Pois não. Príncipe- Por favor, estou numa enrascada e se aqui tiver uma bruxa para me transformar num sapo dou esta pepita de ouro. Camponês- Entre por favor. Mulher corra aqui. Este príncipe quer virar um sapo e procura uma bruxa disfarçada de camponesa.

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Bruxa- Pois achou, meu filho. Mas deixe examinar esta pepita. Nunca se sabe se são mesmo pepitas de ouro ou... Principe- ...Pedras pintadas com tinta dourada. Camponês- Ultimamente é moda esta história de disfarçar pedras em pepitas. Narrador 2- Satisfeita com a pepita, a pobre camponesa... Narrador- Quer dizer, a bruxa Narrador 2- Pegou a vassoura, varreu três vezes em volta do sapo... Narrador- Quer dizer, príncipe, cantou uma música encantadora e pronto! O príncipe... Narrador 2- Que era sapo. Narrador- Que era príncipe, se transformou de novo em sapo. Narrador 2- E até hoje ele está lá, sozinho, na lagoa... Todos- Que parece ser rasa mas é profunda e escura. Sapo- Mas a terceira pepita ainda está no meu bolso, à espera de tempos melhores para príncipes que querem ver e fazer o que durante anos não viram nem fizeram! Miranda e Leo Lorival Capítulo 4

“Vinheta de Miranda e Leo Lorival “

Narrador- Miranda foi uma das princesas que não quis voltar para casa onde seus lares e parentes não mais existiam. Ela foi viver com sua amiga Priscila no reino de Armândia, a terra dos artistas de circo. Miranda descobriu, com o tempo, que sabia cantar e passou a viajar com o Pequeno Grande Circo Verdrum, como cantora dramática. As canções que ela interpretava eram sobre amantes que viviam amores impossíveis. E junto aos aplausos que recebia sempre se podia ouvir soluços da platéia emocionada. Alguns anos se passaram. Mais uns e outros mais. E justamente nesta noite, um senhor, um príncipe cavaleiro, estava entre as pessoas que ouviam Miranda cantar. Era Leo Lorival. (Abre-se uma cortininha e vemos Miranda a cantar. Música de Miranda.)

Tema de Miranda

Uma teia me prende ao passado Uma rede balança aqui dentro Eu tenho passado momentos de dor Eu quero inventar um momento melhor Só vendo pra crêr Cadê meu príncipe, cadê? Cadê meu príncipe, cadê? Cadê meu príncipe encantado Amor impossível Quebrado o encanto Meu canto, meu canto Um grito infinito Cavaleiro bonito Me busca, me escuta Estou louca pra saber Cadê meu príncipe, cadê?... (Fecha-se a cortina) Leo Lorival- Durante anos e anos busquei a minha amada e não acredito mais poder encontrá-la. Busquei de reino em reino, castelo em castelo, parque em parque e não consigo encontrar a minha amada Miranda. Mas neste lugar senti algo acontecendo que já aconteceu. Tenho certeza que estou apaixonado por esta cantora. Chega dessa busca inútil. Vou pedir esta cantora em casamento. Lagarto- Não traia seu amor! Não traia seu amor! Leo Lorival- (Pára espantado) O que você quer dizer com isso? Lagarto- A princesa cantante é uma bela mulher, e muito bondosa. Mas eu vejo que em seu coração já moram duas outras princesas. Não será demais meu caro príncipe, três pessoas morando num só coração? Leo Lorival- Desejaria não tê-lo encontrado meu caro, mas o que você disse me parece verdade. Desejo achar minha menina, por amá-la. A noiva prometida, por ser a escolhida de meus pais. E agora uma terceira que me encontou pela voz não seria demais?... Narrador- Então montou em seu cavalo para galopar para longe dali. Já ia dando meia volta, quando viu Miranda sem maquiagem, vindo e sua direção. Miranda- Foi o dia mais triste que já cantei. Priscila- E chorei mais do que nos outros dias.

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Narrador- Como aqueles jogos de cubos que se encaixam um dentro do outro, os três amores de Leo Lorival deram-se as mãos. A menina, a garota e a mulher eram a mesma. Eram ela. Era ela!! (Leo Lorival tira o chapéu para cumprimentar Miranda) Alguém- (Off) Fogo! Fogo! (Miranda corre com Priscila. Música Forte. Leo Lorival grita o nome de Miranda, mas a música abafa sua voz) Voz 1- Cuidado com o dragão! Voz 2- O fogo foi causado pelo dragão! (Miranda tenta salvar seus pertences e dos amigos. A cortina do circo pega fogo. O dragão entra e ataca a Miranda. Leo Lorival luta com dragão. Barulho de tempestade. Miranda e Leo Lorival se vêem) Miranda- Leo Lorival!! Leo Lorival- Miranda!! (Correm a se encontrar, mas o dragão entra no meio deles. Luta entre Leo Lorival e o Dragão. Raios e trovões. O dragão atira Leo Lorival longe que perde sua espada, mas Miranda se arrastando pega a espada de Leo Lorival e joga para ele que corta o Dragão em pedacinhos. Com a morte do dragão voam muitas pepitas de ouro. Leo Lorival e Miranda exaustos levantam-se para encontrar-se. De repente um ciclone toma conta de tudo levando MIranda e todos ali para longe, destruindo o circo e todo reino. Muitos gritos) Narrador- (Preso a alguma coisa) De repente, um ciclone tomou conta de tudo destruindo todo o reino da Armândia. Enquanto o ciclone levava Miranda rumo ao deserto, Leo Lorival era levado para o hospital com ferimentos mortais por todo o corpo! 10- Princesa Nenufar Elfo-Elfa

Vinheta dos Retratos Narrador- Nasceu já bem pálida, de olhos claros e cabelos loiros, qause brancos. Foi se tornando invisível já na infância e viveu o resto de sua vida num castelo mal assombrado, com fantasmas amigos da família. Dizem que é bem bonita, mas é bem difícil de se saber se é verdade. (Mãos, peruca, e vestido, compõe a princesa invisível que se move por manipulação.)

Miranda e Leo Lorival Capítulo 5

(Vinheta) Narrador- Leo Lorival, meses depois já estava curado, dos ferimentos de fora, pelo menos. Os de dentro, os que partiram seu coração em pedaços, nem o tempo poderia curar. Capitão- Por seu ato de bravura, por matar o dragão daremos a você quarenta e sete medalhas de ouro, vinte e quatro de prata e duzentos e cinqüenta e duas de platina. Leo Lorival- Desculpe, não posso aceitar. Agora que já posso andar, não quero perder tempo com mais nada. Parto para o Deserto sem Fim! Capitão- Mas você ainda não tem forças para isso! Leo Lorival- Tenho. Imagens me dão esta força... Os olhos de Miranda brilhando... seu corpo se arrastando pelo chão, as mãos agarrando a espada e lançando em minha direção... Não posso mais parar. Narrador- E assim foi Leo Lorival. O sol ardente e o tempo, é claro, enrugaram-lhe o rosto, o corpo, as mãos. Os anos que vagou pelo deserto o envelheceram, como a todos que vivem no mundo. A Guerra dos Mil e Um Anos estava perto do fim. Os povos descobriram que não sabiam o porquê, nem como a guerra havia começado. Esforçavam-se para fazer acordos de paz. As crianças já podiam novamente brincar no Parque Central e Leo Lorival, velhinho, usando sua espada como bengala, sentou num banco do Parque. Leo Lorival- Os gritos e risadas das crianças me levam pra longe, para o passado, para o começo de tudo. Parece que procurei um sonho a vida toda, mas dentro de mim me parece a única coisa verdadeira que vivi. Onde era mesmo aquele canto do tanque de areia onde vi pela primeira vez aquela menina? Mas quem está sentado exatamente lá, ocupando um lugar que pra mim, é sagrado? (Miranda também velhinha se vira com seu bordado e dá o último ponto) Lelo Lorival- Não pode ser! Narrador- Mas era! Miranda, também castigada pelo tempo, estava lá e terminou o seu bordado. Sentiu que estava na hora. E quem se aproximou dela. Leo Lorival. O menino, o príncipe, o guerreiro, o grande amor de sua vida.

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(Os dois se encontram, não dizem nada, tocam um na face do outro. Lembram da promessa de nunca se esquecerem... cumprida.) (Enquanto Miranda conta seu sonho, um teatro de varas ilustra) Miranda- Eu sonhei várias vezes o mesmo sonho. Eu estava na beira de uma lagoa profunda e escura. Uma bruxa tinha te transformado num sapo e em troca de uma pepita de ouro ela me deu um minuto para te beijar e te transformar num príncipe de novo. mas a lagoa estava cheia de sapos e eu fui beijando, um por um, correndo contra o tempo. Quando só faltava um, e era você, só podia ser, eu me joguei para dar o beijo salvador, mas o tempo tinha terminado e acordei chorando. Mas eu sabia que ia sonhar de novo este sonho. E talvez da próxima vez eu conseguisse adivinhar qual daqueles sapos era você... Na noite passada eu sonhei de novo... e deu tempo! Leo Lorival- Penso em lhe contar algo, mas é tudo tão triste ou sem graça... Que vontade de beijá-la. Mas será? Será que um príncipe velho como eu tem o direito de abraçar e beijar uma princesa num cantinho de um tanque de areia, num parque, sob a luz do sol? Miranda- Tem! E mesmo que o mundo todo ache que não, eu acho que sim! Narrador- Vencendo a vergonha, como a muitos anos atrás, o senhor Leo Lorival pegou as mãos de MIranda e deu-lhe um longo beijo. Sentindo o que uma criança sente ao ser beijada, a senhora Miranda, sem querer fechou os olhos. O amor transbordou de um para o outro. O destino demorou para permitir mas ainda dava tempo, eles sentiam que o que tinha sido verdadeiro ainda vivia dentro deles. De repente, o sol foi coberto por nuvens. Um vento soprou frio, quase gelado. Nada mais podia separá-los a não ser. (Os atores cobrem os dois com um manto) Um cometa passou brilhando e ninguém viu. Miranda e Leo Lorival abraçaram-se mais forte e no mesmo instante, mesmo dia, eles se foram do mundo, assim como tinham vindo. E se existe um céu... Narrador 2- E existe não é? Narrador 3- É só olhar prara cima para vê-lo. Narrador 4- Iluminado pelo sol ou salpicado de estrelas.

Narrador 5- Miranda e Leo Lorival estão lá, de mãos dadas. Narrador 6- Brincando de papai e mamãe. Narrador- Contando Histórias um para o outro e outro para um. Todos- Afinal, histórias é o que não lhes falta para contar.

Música Final

Adaptação Márcio Araújo

R Glória Nogueira Piquini, 65

J. das Belezas - Carapicuíba - SP 06315-170

Fone: 429-4893

Música Inicial

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Príncipes e Princesas, Sapos e Lagartos

"Histórias" Existem histórias de príncipes encantados Existem histórias de princesas muito belas Existem retratos Amores perdidos Existem cavaleiros e bandidos Existem maus tratos Sabores mordidos Existem os tesouros escondidos Príncipes, princesas Sapos e lagartos Mais de mil surpresas Existem nesses fatos

Vinheta "Léo e Miranda"

O destino manda No amor de Leo e Miranda

Música: "Pacto de Reis"

Está combinado, está combinado Minha filha casará com o teu filho Quando eles completarem dezoito anos Se unirão para sempre Esta combinado, está combinado O meu filho casará com tua filha Quando eles completarem dezoito anos Se unirão para sempre E seremos todos muito felizes (3x) E seremos (4x) Todos muito felizes!

Vinheta dos"Retratos" São pequeninas iguais três por quatro Umas histórinhas transformadas em retratos

Tema de Miranda Uma teia me prende ao passado Uma rede balança aqui dentro Eu tenho passado momentos de dor

Eu quero inventar um momento melhor Só vendo pra crêr Cadê meu príncipe, cadê? Cadê meu príncipe, cadê? Cadê meu príncipe encantado Amor impossível Quebrado o encanto Meu canto, meu canto Um grito infinito Cavaleiro bonito Me busca, me escuta Estou louca pra saber Cadê meu príncipe, cadê?...

Um Ponto aumenta um Conto Num reino encantado Um ponto encantado Um ponto aumenta um conto No tamanho desejado